Anda di halaman 1dari 32

repórterdomarão

Prémio GAZETA 2009 do Tâmega e Sousa ao Nordeste

s e t e m b r o ’ 10

p. 6,7
Nº 1243 | 26 ago-30 setembro | Ano 27 | Mensal |Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | 910 536 928 | Edição escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico | 30.000 ex.

Calor adiantou vindimas


Produção no Douro
cresce 40 por cento

Jorge
p. 16,17
Pelicano
um arauto
idas
Filarmónicas rejuvenesc
Crise não dança nas
festas populares

de causas
De câmara na mão, Jorge Pelicano
procura realidades do Portugal profundo,
as mesmas que não chegam ao espaço
p. 4, 28 mediático e ficam na indiferença da
l?
Acidente na A25 evitáve opinião pública. Por isso, ele luta para
GNR quer redução de lhes dar voz, captando as idiossincrasias

velocidade na estrada
das gentes que ficam esquecidas no
meio do progresso. Ganhou notoriedade
com os documentários de intervenção
“Ainda há pastores” (2006) e “Pare,
Escute, Olhe”, em 2009. O último
trabalho relança a questão da ameaça
de encerramento da Linha do Tua, em
Trás-os-Montes. p. 2,3
Documentários sobre a extinção dos pastores e o despovoamento

A militância de Jorge
Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos DR

D
e câmara na mão, Jorge Pelicano procura mais de um mês a chegar a outras salas do país.” Jorge recorda ainda que em
Coimbra o documentário chegou a estar nas sessões das 13:00, 19:30 e meia-noi-
realidades do Portugal profundo, as te, por isso, considera que, em Portugal, o que é nacional “não é tratado da mes-
mesmas que não chegam ao espaço ma forma, sobretudo os documentários, que ainda não têm visibilidade”.
O trabalho de divulgação não é deixado em mãos alheias, ao ponto de chegar
mediático e ficam na indiferença da opinião pública. mesmo a colar cartazes na altura da estreia. “A nossa produtora disse que só afi-
Por isso, ele luta para lhes dar voz, captando as xava em Lisboa. Não percebemos porquê e percorremos universidades, locais de
cultura, quer em Lisboa e Porto, para afixar os cartazes.” Também as apresen-
idiossincrasias das gentes que ficam esquecidas no tações em cineclubes e cineteatros ficam a seu cargo. “Não faz sentido fazer um
meio do progresso. Aos 33 anos, Jorge Pelicano, trabalho se não chegar às pessoas. Já tínhamos desenvolvido uma rede de con-
tactos com o “Ainda há pastores?” [outro dos seus documentários] e regressamos
repórter de imagem, tem ganho notoriedade a esses locais. Sempre que possível estamos presentes para uma conversa/deba-
com os documentários de intervenção que tem te no final da exibição.”
Jorge Pelicano gostava de acreditar que ainda é possível exercer cidadania
assinado. “Pare, Escute, Olhe”, o último trabalho, tendo como arma uma câmara de filmar. Contudo, na questão do Tua, “quatro
chegou às salas de cinema em abril último, dos autarcas dos municípios afetados são do partido do Governo e um da oposi-
ção, curiosamente, esse é o único contra a construção”. “O autarca de Vila Flor,
relançando a questão da ameaça de encerramento tal como aparece no filme, em 1995 era contra e agora a favor”, lembra.
da Linha do Tua, em Trás-os-Montes.
| Transmissão televisiva
Tendo Fontela [Figueira da Foz] como berço e sem ligações familiares ou
poderá estar para breve |
profissionais à região de Trás-os-Montes, estranha-se a motivação de Jorge Pe- Após a entrada do documentário no circuito comercial, Jorge notou alguma
licano em abraçar a causa do Tua. “Nasci à beira mar e por ter sempre o mar ao mobilização por parte da sociedade civil, mas “não tanto” como esperava. A sua
lado, o interior sempre me fascinou. O facto de ter estudado na Guarda aumen- intenção inicial era obrigar o poder político a refletir, mas apenas o Partido Eco-
tou esse sentimento.” logista “Os Verdes”, o Partido Comunista Português e as associações ambienta-
A desativação das linhas férreas no nordeste transmontano, entendida como listas continuam a defender o tema. “Estamos na expectativa da exibição televi-
um indício de que “não há pessoas e as terras ficam abandonadas”, despertou o siva, que chega a milhões de pessoas…”, acrescenta.
interesse do jovem realizador. “Ao aprofundar as razões, soube que em 1992 reti- A transmissão na SIC poderá acontecer já no final do ano. “Quando atin-
raram as automotoras de Bragança pela calada da noite, alegando que era para girmos esse grau de mediatização do assunto, os políticos deviam refletir, mas o
manutenção. Até hoje nunca mais voltaram.” E assim começou o guião do docu- nosso país não é dado a grandes reflexões… Por isso, compete a cada um de nós
mentário que mostra o isolamento causado pelo encerramento da ferrovia. “Para questionar e reivindicar pelo nosso património e identidade única e lutar por uma
muitas pessoas, esta realidade passava ao lado e agradecem o alerta. Outras per- sociedade mais justa e equilibrada.”
guntam o que podem fazer”, revela Jorge Pelicano. Jorge não tem dúvidas de que falta à classe política “visão estratégica a longo
“Pare, Escute, Olhe” levou ao cinema cerca de 400 mil pessoas e fora des- prazo” e um conhecimento das potencialidades do país para aplicar medidas “re-
se circuito terá sido visualizado por cerca de 5 mil. “O filme estreou em duas sa- almente eficazes para estas populações”. “O interior está muito distante do lito-
las em Lisboa e numa do Porto. Apesar de toda a cobertura mediática, demorou ral, a desertificação aumenta a olhos vistos. Certamente que as pessoas não virão
do interior agitam consciências

Pelicano
para o Tua para andar de barco ou ver uma barragem, para isso vão para o Alqueva.”
A motivação primária para realizar um documentário na região era retratar o
despovoamento, um flagelo que pode ser travado de forma “muito simples”. No caso
da linha do Tua era suficiente uma aposta na manutenção e algum investimento
como “colocar uma carruagem aberta, outra para canoas, tornar os apeadeiros vi-
vos, com restaurantes e produtos regionais”. “Numa lógica das regiões organizadas,
seriam muitas as pessoas a visitar o Tua. Até os turistas que vão ao Douro tiravam
mais dois dias para visitar aquela região”, sustenta o realizador.

| Uma luta entre “David e Golias” |


Inaugurada em setembro de 1887, a linha do Tua só é transitável entre Miran-
dela e o Cachão desde o último acidente, em agosto de 2008, que causou uma vítima
mortal. Desde então aguarda-se pela decisão do Governo, que poderá determinar
que parte da via-férrea fica submersa pela barragem de Foz Tua.
Recentemente o Partido Ecologista “Os Verdes” garantiu, em Bragança, que as
condicionantes impostas pela Declaração de Impacto Ambiental ao projeto de cons-
trução da barragem não estão a ser cumpridas pela EDP, ameaçando até a classi-
ficação da UNESCO no Alto Douro Vinhateiro. E Jorge Pelicano não pode deixar
de se sentir desiludido e revoltado. “Vivemos num país da impunidade, má informa-
ção, falta de ativismo das pessoas. O próprio Governo devia fiscalizar essa situação.”
No último mês, um projeto de Daniel Conde, membro do Movimento Cívico pela
Linha do Tua, para a dinamização turística do Vale do Tua a partir da linha ferrovi-
ária arrecadou o 3º prémio no concurso “Acredita Portugal”. Daí que, com mais pro-
priedade, Jorge Pelicano defenda a aplicação de um modelo de desenvolvimento
ferroviário. “Fui à Suíça, uma terra de comboios, unida entre regiões em prol da co-
munidade e do turismo, e por ter presenciado esse modelo de desenvolvimento, con-
sigo vislumbrar esse cenário. Porém, se não houver vontade e esforço político ou se
não entregarem isto a empresas privadas com essa visão, é difícil.”
A ferrovia transmontana poderá vir a ser classificada como monumento nacio-
nal, mas a ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, responsável pela decisão final,
anunciou que isso não vai interferir com a barragem. “Por mais que os movimen-
tos se esforcem e unam, parece uma batalha entre David e Golias”, considera Pelica-
no, depois de sublinhar que o mais importante era assegurar as necessidades bási-
cas das populações.
No seguimento do “Pare, Escute, Olhe”, houve um manifesto pela requalificação
e preservação do património do Vale do Tua que tem cerca de cinco mil assinaturas
e, recentemente, um grupo de cidadãos de Codeçais [Carrazeda de Ansiães] está no
terreno a recolher assinaturas para pedir a reabertura da linha até Bragança.

| Laços para a vida |


Licenciado em Comunicação e Relações Públicas pelo Instituto Politécnico da
Guarda, Jorge Pelicano realizou, em 2006, o documentário “Ainda há pastores”, que
lhe valeu 13 prémios, e “Pare, escute, olhe” (2009), arrecadando 6 prémios. De cada
trabalho fica uma ligação vitalícia com os protagonistas. “São como uma família de
quem sentimos saudades e que visitamos pelo Natal e nas férias. Ainda agora, fo-
mos visitar os pastores da Serra da Estrela e estivemos dois dias na Ribeirinha e em
Vilarinho.” O tempo passado nos locais que retratou serve também para “recarre-
gar energias”. “Estas pessoas abriram-nos as portas, criaram-se laços de amizade e
não podemos ficar muito tempo sem os ver”, confessa o realizador.
Nesses contactos, existe uma natural curiosidade em saber como está a correr a
exibição do documentário pelo país. “Perguntam sempre em que ponto está a linha
do Tua, se a barragem avança, essas curiosidades.”
Desde as filmagens, Jorge Pelicano e Rosa Silva, argumentista e assistente de re-
alização, continuam a notar muita resignação. Afinal, passaram dois anos desde o úl-
timo acidente e “nada foi feito”. “O táxi, que substitui o comboio, só passa de manhã e
à noite pelas aldeias. Para as poucas pessoas que trabalhavam em Mirandela, a vida
ficou mais complicada e a população idosa ficou mais isolada, tem de viver uma ‘vida
de favor’, pedindo boleia, pois não têm dinheiro para andar sempre de táxi.”
Com “Pare, Escute, Olhe” Jorge tem participado em festivais internacionais,
tendo marcado presença na Coreia e foi selecionado para a cidade do México. “A
nossa produtora perspetiva fazer distribuição internacional e até já recebemos con-
tactos nesse sentido”, avança. Quanto a futuros trabalhos, para já, “só temas em vis-
ta”. “Estamos numa fase de ressaca, foram três anos intensos. Vamos começar a
trabalhar nos extras do DVD”, refere.
04 setembro’10

repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I atualidade

A A25 não tem painéis de informação


para avisar os condutores do nevoeiro?
 GNR confirma que os condutores circulavam em velocidade excessiva para as condições de visibilidade naquele local

O
s dois acidentes em cadeia ocorridos O que ninguém tem dúvida é que se tratou de um formar as patrulhas de trânsito da GNR da acentuada
dos piores acidentes rodoviários nas estradas portu- degradação da visibilidade, que, por sua vez, avisa-
há dias na A25, que substituiu o
guesas e só não teve consequências mais graves por- riam os automobilistas que ali circulavam?
fatídico IP5, já foram analisados que a operação de socorro funcionou eficazmente e o Admite-se que uma grande parte deles conduzia
de diversos ângulos, por especialistas das número de viaturas incendiadas ficou aquém do que em velocidade excessiva para as condições meteoro-
mais diversas áreas. O Ministério Público acontece em acidentes deste tipo. O importante, ago- lógicas do momento, mas uma das primeiras funções
ra, é tirar lições do que aconteceu e melhorar a capa- de todos os operadores de trânsito é a prevenção da
e as polícias desenvolvem as necessárias cidade de prever este tipo de sinistralidade, usando sinistralidade.
averiguações, mas não restam dúvidas que para isso a tecnologia disponível. E isso parece que não foi levado a sério...
houve ali velocidade excessiva relativamente Comum em muitas autoestradas do país, os pór- Ainda relativamente ao acidente na A25, é a pró-
às condições climatéricas que afetavam ticos de sinalização não devem servir apenas para in- pria unidade de investigação da GNR que não iliba os
formar a temperatura ambiente ou a distância até um condutores acidentados.
aquela zona do país e particularmente aquela ponto de chegada. A sua função é mais vasta e será Na opinião “pessoal” e “numa primeira análise”,
área da autoestrada. Porém, pouco ou nada porventura a forma mais eficaz de evitar acidentes o comandante da equipa de investigação crê que os
se debateu acerca da falta de sinalização como aquele que ocorreu na A25 e que enlutou o país [dois] acidentes [na A25] terão resultado da conjuga-
– seis mortos até ao momento. ção das condições atmosféricas adversas – marcadas
fornecida aos condutores relativamente à
É a concessionária Ascendi que o revela num co- por chuva e denso nevoeiro – com o comportamento
aproximação/ocorrência de um 'banco de municado, no mesmo documento em que rejeita res- dos condutores, “que continuam a circular à mesma
nevoeiro' ou acerca das baixíssimas condições ponsabilidades do acidente naquela via e garante que velocidade independentemente das condições meteo-
de visibilidade. É a própria concessionária é cedo para tirar conclusões sobre as eventuais pena- rológicas ou da visibilidade”.
lizações relativamente à sinistralidade. Ou seja, tem assim pleno cabimento que o respon-
que informa, em comunicado, que a via está "Foi instalada [na A25] uma rede de telemática ro- sável pela nova unidade rodoviária da GNR defenda
dotada da mais moderna tecnologia. Existe doviária, associada a um centro de controlo de tráfe- uma redução dos limites de velocidade, uma das medi-
ou não essa tecnologia naquele troço da A25? go, com sistemas de videovigilância, painéis de men- das mais eficazes para diminuir a mortalidade nas es-
Estavam desligados os pórticos? As câmaras sagem variável, contagem automática de veículos e tradas [ver notícia na página 28].
estações meteorológicas”. Com menos velocidade nas estradas, vias rápidas
de vigilância não funcionaram ou os seus Com esta panóplia de meios não foi possível avisar e nas autoestradas haverá naturalmente menos des-
operadores não detetaram a aproximação do os condutores da aproximação do nevoeiro [nos pórti- pistes, colisões menos mortíferas, menos atropela-
nevoeiro? cos], aconselhando-os a reduzir a velocidade? Ou in- mentos. Os resultados não tardarão a surgir. J.S.
09 a 22 jun’10 5
pub IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII repórterdomarão
Aveleda arrancou na região de Basto mas o Douro

Calor de agosto a
N
a região do Tâmega e Sousa as vindimas já de boa qualidade, dependendo apenas do clima nas próximas semanas”. Na região o
auge das vindimas será na primeira quinzena de setembro, mas cabe a cada produ-
começaram e se não houver surpresas nas tor “determinar a sua data de vindima de acordo com os dados técnicos de matura-
condições climatéricas deverá confirmar-se a ção das suas vinhas”.
previsão de um aumento de produção e a manutenção da boa
qualidade das uvas. A Comissão de Viticultura da Região dos
| Favaios abriu campanha |
A Adega Cooperativa de Favaios, no concelho de Alijó, Região Demarcada do
Vinhos Verdes (CVRVV) espera uma produção ligeiramente Douro, prevê começar a vindima com uma semana de atraso em relação à vindima de
superior à do ano passado, em cerca de 10 por cento. 2009, “um ano em que a vindima começou muito, muito cedo”. Miguel Ferreira, enólo-
go da Adega de Favaios diz que “este será um ano normal na maturação”. Feitos dia-
riamente, os controles de maturação fazem prever que a vindima começa entre 1 e 8
Na Aveleda – Sociedade Agrícola e Comercial da Quinta da Aveleda, SA, com sede de setembro.
em Penafiel, a vindima começou a 24 de agosto, numa vinha com cerca de 40 hectares, O enólogo da Adega Cooperativa de Favaios adiantou ao RM estar “a contar com
localizada no concelho de Celorico de Basto, onde foram colhidas uvas das castas Fer- uma maturação mais equilibrada que no ano anterior” o que dará origem “a uvas me-
não Pires e Alvarinho. O facto de se tratar de uma zona mais quente e de castas mais lhores. Nesse sentido estou a contar com uma vindima de uma qualidade acima da
precoces levou a que a vindima se tenha iniciado nessa vinha cujos terrenos foram alu- média” no planalto onde se produzem as uvas Moscatel. No entanto, “não se pode
gados pela Aveleda e que está a produzir pelo segundo ano, explicou ao Repórter do extrapolar para outras zonas do Douro porque se trata de um local muito específico,
Marão Manuel Soares, enólogo da Aveleda. com grande altitude e com uma casta muito particular que corresponde a mais de 50
Nos primeiros dias de setembro a azáfama da vindima é diária na zona do Vale do por cento” da produção da Adega de Favaios que em média produz 3,5 milhões de li-
Sousa onde a Aveleda tem duas quintas, em Penafiel e Lousada. No final de agosto, o tros de Moscatel.
controle de maturação das uvas estava a ser feito duas vezes por semana. Mediante a Em termos de quantidade, Miguel Ferreira prevê que ela seja “bem superior à do
evolução da maturação foi determinada uma data de vindima para cada casta. A Ave- ano anterior. Talvez mais 20 a 30 por cento. Temos essa estimativa, se não houver ne-
leda tem uma máquina de vindimar que pode colher até 10 hectares por dia e traba- nhuma surpresa até à colheita, em termos de condições climatéricas desfavoráveis”,
lhar à noite inclusive. referiu. Aludindo ao Moscatel, que é o “maior negócio” da Adega de Favaios o enólo-
Se as condições climatéricas se mantiverem estáveis, haverá um aumento da go diz contar com mais qualidade que no ano anterior. Apesar de se prever mais quan-
quantidade e “uvas de muito boa qualidade”, antevê o enólogo da Aveleda, salientan- tidade. “Acho mesmo que vamos ter mais qualidade, uvas mais aromáticas, o que em
do que se trata de uma perspetiva e não de uma certeza. “De repente pode vir uma parte se deve à maturação muito equilibrada. Ao contrário do que aconteceu em 2009,
chuva que estraga tudo”, acentua Manuel Soares. As previsões da meteorologia são um ano muito estranho, muito seco na altura da maturação, com temperaturas mui-
informação relevante e indicam condições favoráveis até ao final de setembro. Se as- to elevadas que precipitaram um bocado as coisas. Este ano parece haver muito mais
sim for, os níveis de qualidade das uvas vão ser idênticos aos do ano passado. “2009 foi equilíbrio portanto acho que as uvas vão ser de facto melhores mesmo com esse acrés-
um grande ano em termos de qualidade”, lembra o enólogo que prevê para este ano cimo de 30 por cento de produtividade”.
um aumento de produção entre 10 a 15 por cento na produção própria e entre cinco a Os cerca de 550 associados, maioritariamente de Favaios, são responsáveis pela
10 por cento na dos fornecedores. produção e entrega das uvas em bom estado na Adega. Ao longo do ano fazem todas
A produção própria da Aveleda representa cerca de 15 por cento da produção to- as operações na vinha, incluindo os tratamentos, e depois colhem as uvas manualmen-
tal. A Aveleda compra uvas em toda a região dos vinhos verdes, desde Baião, Marco te e entregam-nas na Adega. É feita uma triagem à chegada e as uvas são avaliadas.
de Canaveses e Castelo de Paiva até ao Alto Minho (Ponte de Lima, Monção, Melga- A partir daí são trabalhadas e transformadas em vinho Moscatel.
ço). Muitos produtores da região vendem as suas uvas à Aveleda. O preço pago por Os associados recebem de acordo com a quantidade e qualidade das uvas que en-
quilo depende de vários fatores: da casta, do grau e da data em que as uvas foram co- tregam. Em 2009 as uvas foram pagas a 0,93 euros o quilo, valor que não é “muito nor-
lhidas. Sempre que uma carga de uvas chega à adega da Aveleda é identificada a cas- mal na região”. Trata-se de um preço que é exceção, salienta Miguel Ferreira. O preço
ta, as uvas são pesadas e é medido o grau de maturação. É elaborada uma tabela de pago pelas restantes uvas varia com a qualidade, mas em média foram pagas a cer-
preços e até dezembro os fornecedores recebem o dinheiro. No ano passado a Avele- ca de 0,24 euros o quilo. Além do Moscatel, a Adega de Favaios produz vinho de con-
da pagou por quilo entre 0,30 cêntimos e 1,05 euros (pelas uvas Alvarinho, uma cas- sumo, branco e tinto, feito com as castas tradicionais do Douro, vinho do Porto, espu-
ta mais rara e nobre). O vinho Alvarinho produzido pela Aveleda é “quase todo” para mante e algum rosé do Douro.
exportação. No ano passado 80 por cento da produção foi para os Estados Unidos. O número de associados tem-se mantido estável e nos últimos anos houve um au-
Em 2009 a Aveleda, que é a maior empresa exportadora de vinho verde, produ- mento “significativo” da área produtiva porque muitos associados foram reestrutu-
ziu 14 milhões de garrafas de vinho. Cerca de 54 por cento da produção foi exporta- rando e comprando outras vinhas que ocupam uma área que a Adega calcula em cerca
da. Dos 185 hectares de vinha, 160 localizam-se na região dos vinhos verdes e os res- de 800 hectares. “Dentro do panorama geral do Douro até podemos dizer que temos
tantes na Bairrada. algumas parcelas bastante grandes. Temos associados com minifúndio, mas temos
Em declarações ao RM, Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, adiantou que associados com parcelas acima dos 10 hectares, o que foge um bocado à realidade do
“a evolução do clima e os dados de maturação”permitem “apontar para uma vindima Douro”, disse o enólogo. Paula Costa
também já iniciou o corte das uvas

ntecipa vindimas
A Festa do Douro Aumento da produção
A festa das vindimas já
começou na mais antiga região
sentir, diz também que está acostumado até
porque começou a fazer vindimas aos 12 anos.
Mais nova era Luísa da Conceição quando
começou, aos nove, mas para quem as vindimas
pode chegar aos 40%
demarcado do mundo, o “são divertidas”. “Gosto e adoro”, disparou com
Douro, com as vinhas a serem um sorriso estampado no rosto protegido com
um chapéu de palha.
invadidas aos poucos por Mas, lembrou, antigamente era muito me-
muitas mulheres e homens lhor porque todos cantavam e sabiam as can-
ções de cor.
que vão cortar e carregar as Agora, referiu, “esta mocidade não presta, é
uvas para as adegas e lagares. mais para descanso e para praia, os antigos são
mais para trabalho”.
O Douro fervilha. As vindimas “É o meu trabalho, menina, tenho que gos-
tar. Custa um pouco andar aqui amarrada todo
representam o culminar de o dia a cortar as uvas, mas este ainda é o traba-
um ano inteiro de trabalho lho que mais gosto de fazer na agricultura”, sa-
lientou Maria Lucília. A Região Demarcada do Douro estima um aumento da
que dará origem aos vinhos Francisco Ferreira, a quem cabe a gestão colheita para as cerca de 300 mil pipas nesta vindima,
DOC ou ao famoso Vinho do agrícola e administrativa da propriedade, está mas as atenções estão muito concentradas nas condições
com boas expetativas em relação à vindima des- meteorológicas que poderão condicionar a produção.
Porto. te ano, mas está também muito atento às condi- Já se vindima no Douro. Algumas propriedades come-
ções meteorológicas que poderão condicionar a çaram a cortar as uvas brancas, enquanto as tintas estão
qualidade dos vinhos. um pouco mais atrasadas em termos de amadurecimento.
A Quinta do Vallado, junto ao Peso da Ré- É que, até ao corte das uvas, “está tudo de- Dentro de duas semanas a região demarcada estará em
gua, foi das primeiras a cortar as uvas brancas pendente do tempo que se fizer sentir”. plena vindima.
mas daqui a mais ou menos duas semanas toda "Se tivermos chuva pode ser problemáti- Segundo dados da Associação de Desenvolvimento da
a região demarcada estará em plena vindima. co porque as uvas estão bastante cheias e po- Viticultura Duriense (ADVID), a expetativa de colheita para
Aos muitos trabalhadores juntar-se-ão os dem rebentar, se continuarmos com muito ca- esta vindima possui um intervalo entre as 303 e as 366
turistas que vêm observar ou até participar no lor também podemos ter problemas de stress mil pipas.
corte das uvas ou na pisa a pé nos lagares. hídrico e de maturações muito rápidas e alguns O responsável pela ADVID, Fernando Alves, disse à
No Vallado, o trabalho começa às 07:30 da desequilíbrios”, explicou. agência Lusa que se prevê uma “boa” colheita no Douro,
manhã e prolonga-se até às 17:00 com pausas Depois de cortadas, as uvas são transpor- mas “não extraordinária”.
para o pequeno almoço e almoço. tadas para a nova adega da Quinta do Valla- A confirmarem-se as previsões, o aumento da produção
A equipa de cerca de 20 vindimadores será do, que entra em pleno funcionamento nesta será de cerca de 40 por cento comparativamente com a
depois reforçada quando se começarem a cor- vindima. declarada no ano passado (211 mil pipas) e cerca de 20 a
tar as uvas tintas. Neste grupo juntam-se os Aqui o fruto é despejado num tapete rolan-
25 por cento superior à média de produção do Douro (265
que trabalham no campo durante o ano inteiro mil pipas).
te onde os cachos são escolhidos praticamente à
Fernando Alves referiu ainda que a colheita deverá ron-
mas também estudantes, donas de casa ou ou- mão e depois esmagados, sendo que depois o lí-
dar o intervalo inferior porque o intenso calor que se fez
tros que aproveitam as férias para ganhar mais quido cai por gravidade nas cubas de inox.
sentir neste verão “limitou um pouco o crescimento do
“uns trocos”. A adega representa um investimento de cin- bago para grandes volumes”.
É precisamente isso que está a fazer Hugo co milhões de euros e é composta por dois edi- Quanto à qualidade, o responsável espera um “resulta-
Ferreira, de 33 anos e que trabalha numa firma fícios, cada um com cerca de 1000 metros qua- do final muito bom”.
de produtos para agricultura. drados, onde ficarão instalados o armazém de Isto porque, explicou, verificou-se um "bom abasteci-
Apesar de achar que o trabalho se torna fermentação e a cave de barricas (envelheci- mento de água durante o inverno e primavera que ajuda-
“duro” por causa do intenso calor que se faz mento). Lusa/Texto e fotos ram a planta durante o verão". Já não chove no Douro des-
de 10 de junho.
“Medições feitas há dias revelam que ainda existe uma
razoável disponibilidade hídrica para as plantas e se a
temperatura não for excessivamente alta a videira vai tra-
balhar mais depressa e melhor”, salientou.
Do ponto de vista sanitário, a doença que mais afetou a
vinha este ano foi o oídio, obrigando os produtores a esta-
rem muito atentos e a fazerem vários tratamentos.
No Douro Superior, Francisco Olazabal, da Quinta do
Vale Meão, estima um aumento da produção em mais cer-
ca de 40 por cento comparativamente com o ano passado.
“Choveu muito no inverno e as videiras têm muita água
disponível no subsolo e estão a aguentar bem este mês
muito quente e seco. A qualidade depende muito dos últi-
mos dias antes da vindima”, salientou.
Olazabal referiu que as vindimas no Vale Meão arrancam
esta semana com algumas castas mais precoces.
EPALC ESCOLA PROFISSIONAL

CURSOS PROFISSIONAIS
(Nível III, equivalência ao 12º ano)

 Técnico de Viticultura e Enologia  Técnico de Gestão ➥


 Técnico de Comércio
 Técnico de Gestão do Ambiente  Técnico de Turismo
VO
 Técnico de Higiene NO
e Segurança do Trabalho e Ambiente  Técnico de Termalismo

C U R S O S D E E D U C AÇ ÃO E F O R M AÇ ÃO Faz a
(Nível II, equivalência ao 9º ano)
opção certa.
 Operador de Estações de Tratamento de Águas Inscreve-te n
a
 Empregado / Assistente Comercial EPALC

APOIOS
ESCOLARES  Refeições e
material escolar  Subsídios de
alojamento e transporte

 Escola Profissional António do Lago Cerqueira


Rua da Escola Profissional, 54 - S.Gonçalo
4600-113 Amarante


255 410 950
255 410 959


epalc@mail.telepac.pt
www.epalc.net
Produção editorial da responsabilidade da EPALC

epalc@mail.telepac.pt www.epalc.net

ANTÓNIO DO LAGO CERQUEIRA | AMARANTE


TESTEMUNHOS

CURSO PROFISSIONAL DE
TÉCNICO DE GESTÃO Da esquerda para a direita: Catarina e Elisabete, 2.º Ano do
Curso Profissional Técnico de Gestão

Chamo-me Catarina, tenho 17 anos e sou do Marco de Cana-


O Curso Profissional de Técnico de Gestão surgiu Dado que nenhuma turma deste curso, nesta veses. Estou na Escola Profissional António do Lago Cerqueira
na Escola Profissional António do Lago Cerqueira no escola, concluiu ainda o ciclo de formação, não se a frequentar o curso Técnico de Gestão. Escolhi esta escola
porque já tinha pessoas amigas cá a estudar e falaram-me
ano lectivo de 2008/2009, tendo neste momento consegue quantificar a taxa de empregabilidade.
bem dela, que tinha muitas vantagens para a nossa forma-
duas turmas a frequentar o curso. O mundo muda, Contudo pode-se afirmar que tem sido muito fá-
ção e para o nosso futuro a nível profissional. Decidi escolher
as empresas vêm-se obrigadas a adaptar-se a essas cil o enquadramento destes alunos nas empresas,
o curso de Gestão porque é o que se torna mais vantajoso a
mudanças, e a maioria das escolas, sendo que esta aquando da realização dos seus estágios, e que al- nível de trabalho, e também porque tem a ver com o que eu
não é excepção, tendem a fazer os possíveis para ir guns deles já receberam propostas de emprego, quero seguir. É uma área bastante interessante, que estou a
ao encontro das necessidades das empresas, no que que embora aliciantes, foram recusadas porque os gostar bastante de estudar e aprender mais. Estou cá há 2
diz respeito à formação de técnicos de qualificação alunos ambicionam, em primeiro lugar, a conclusão anos e nesta altura já posso dizer que não me arrependo de
profissional, porque se entende a vantagem com- do seu curso. ter tomado a decisão de ter escolhido esta escola para apostar
petitiva será, no futuro, um imperativo de sobrevi- Convido e desafio, desde já, qualquer jovem que no meu futuro. A forma de ensino é diferente da escola onde
vência. No amanhã, as empresas/organizações ex- queira vir a desenvolver um futuro profissional nesta andava, e desengane-se quem pensa que é mais fácil, porque
celentes serão aquelas que o fizerem de forma mais área a integrar-se nesta escola, porque com toda a o ensino é exigente na mesma, temos é mais probabilidades
de ter um emprego e um futuro melhor. Quem tira um curso
eficiente. Cada vez menos as empresas procuram certeza terá o acolhimento que nos é típico e reco-
profissional também tem a possibilidade de seguir a universi-
recursos humanos com formação de grau superior, nhecido, uma fácil integração na escola que, como
dade. Em relação aos funcionários são todos muito simpáticos
porque isso significa, à partida, salários mais altos a deverá ser da concordância da maioria das pessoas,
e os professores também. Quanto à direcção não tenho nada
pagar, optando por técnicos de qualificação profis- são factores essenciais num arranque de um ano a apontar. Em relação aos estágios, já estagiei duas vezes e não
sional, o que desde já poderá garantir uma elevada lectivo, e principalmente naquela que é uma fase tenho razões para me queixar, as professoras foram sempre
taxa de empregabilidade destes alunos, visto que de transição, em que o futuro começa, de facto, a muito atenciosas e sempre prontas para nos ajudar tal como a
estes terão competências no âmbito da gestão das decidir-se. direcção. Para terminar, acho que quem se inscrever nesta es-
organizações. A Directora de Curso, Sílvia Ribeiro. cola, tal como eu, não se vai arrepender. Catarina – TG01

Chamo-me Elisabete Patrícia Carvalho Ferreira, tenho 17 anos


e sou de Baião, estudo na Escola Profissional António do Lago
Cerqueira desde Setembro de 2008. Escolhi esta escola por-
que na minha região não havia nada que fosse de encontro

DE S aos meus objectivos. No começo das aulas, a integração não

I DA foi fácil por razões particulares, porque optei em ficar a dor-

AC TIV mir aqui no internato, visto que a viagem todos os dias se iria
tornar muito cansativa, e durante o primeiro ano confesso
que estive mesmo para desistir devido à distância da minha
família. Hoje posso dizer que acabei o primeiro ano do curso
com muito esforço, graças aos meus professores que sempre
me apoiaram, tendo sempre sido exemplares comigo. Em
temos de funcionários, são muito simpáticos e prestáveis.
Um facto que esta Escola tem de benéfico, é que não preci-
samos adquirir os livros para as disciplinas, são cedidos pela
Escola. Em termos de estágios, acho que estes são uma mais-
valia para a nossa vida profissional futura, uma vez que vamos
ganhando experiência. Hoje sinto-me orgulhosa por estar a
terminar já o segundo ano do curso e agradeço aos professo-
res por não me terem deixado desistir. Elisabete – TG01
10 setembro’10

repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I tâmega

Cineclube de Amarante
procura público
Arte da
tanoaria
sem
seguidores
no Marco
O Cineclube de Amarante, o único que mantém ati-
vidade regular no interior do distrito do Porto, está a re-
correr às redes sociais na Internet e a um blog para ten- Durante décadas Júlio Mo- vel “andar a trabalhar contra vontade”, conside-
ra o tanoeiro.
tar conquistar público.
“A afluência média por sessão anda atualmente nas
reira foi tanoeiro no Marco de Quando o trabalho começou a faltar optou
por “recordar aquilo que fazia em novo”e dedi-
30 pessoas, mas estamos a promover algumas estraté- Canaveses. Tem “pena” de não cou-se ao artesanato. A primeira exposição que
gias para captar mais público. Criámos um blog, listas
de endereços de correio eletrónico para onde enviamos a ter tido aprendizes e de não fez foi em Valongo. Expunha e trabalhava ao vivo.
nossa programação e aderimos ao Facebook, que é uma No artesanato fez muitas das peças que eram co-
ferramenta fácil de usar”, explicou o presidente do clu- ter chegado a ensinar a arte da muns na sua infância e juventude: pipas, barris,
be, Manuel Carvalho, citado pela Lusa.
“Já temos registadas mais de 200 pessoas. Acredi- tanoaria. O aparecimento das canecos, baldes de dar de comer aos porcos, se-
lhas de lavar a loiça.
to que presentemente o Facebook, onde oferecemos al-
guns bilhetes, será a forma mais eficaz de divulgar a
cubas em inox levou-o a virar- Venceu o prémio de melhor artesão de tanoa-
nossa atividade e esperamos que isso traga mais gen- se para o artesanato e hoje, ria do distrito do Porto e da Câmara do Marco re-
te às sessões, mas ainda é cedo para fazermos um balan- cebeu a medalha de ouro de mérito profissional.
ço”, acrescentou. aos 72 anos, o ofício de traba- Diz que representou “bem” o concelho em feiras
O Cineclube de Amarante tem 15 anos de existência
e vai longe o período em que a sala do Cinema Teixeira lhar a madeira ficou também nacionais e internacionais.
Acabou por deixar de participar nas feiras de
de Pascoaes, no centro da cidade, era pequena para re-
ceber todos os espectadores que pretendiam assistir aos
definitivamente para trás. artesanato. E miniaturas já poucas faz. Tomou a
filmes programados pelo clube. decisão de deixar de vez o artesanato. Os anos pe-
“O meu pai era lavrador e aos 18 anos deixou sam e agora o tempo é para cultivar o quintal e
a lavoura e foi aprender a arte para uma tanoa- para descansar. “Foi o meu modo de vida. Nun-
ria que havia na Livração, ao pé da estação [do ca tive empregados, nunca me apareceu aqui nin-
Politécnico do Porto apoia caminho de ferro]”, conta no início da conversa
Júlio Moreira que lembra o pai como “um gran-
guém para aprender a arte. Agora já é tarde”,
disse ao RM recordando ter sido uma vez abor-

empresários de Paços de artista”.


“Aos 21 anos estava a trabalhar por con-
dado pela Cooperativa Dolmen para dar forma-
ção, ideia que acabou por não se concretizar.
ta dele. Aprendeu lá e depois estabeleceu-se No espaço que foi oficina de tanoaria, ao lado
O Instituto Politécnico do Porto (IPP) vai instalar
em Paços de Ferreira o Centro de Transferência de Tec-
aqui no Marco. O meu pai teve quatro rapazes da casa onde mora, restam algumas máquinas
nologia, que funciona atualmente no Porto, para apoiar e exigiu que todos fossem tanoeiros”. Júlio era e ferramentas como “a máquina de emparelhar
os empresários no desenvolvimento de novos produtos, o mais novo e acabou por seguir a vontade do a madeira e dar o torno. Uma juntava e a outra
anunciou fonte da autarquia local. pai. Trabalhou com um irmão até se estabelecer dava o torno. Esta aqui era de chanfrar os arcos,
“Paços de Ferreira poderá acolher os investigadores por conta própria na freguesia de Rio de Gali- a queda que o arco tem: em cima é mais estreito
que são patrocinados pelo Instituto Politécnico do Porto, nhas em 1977. e por baixo é mais largo”, explica Júlio Moreira.
estabelecendo uma ligação forte com o Centro de Incu- Na arte da fazer barris e pipas, Júlio Morei- A um canto está a pedra que Júlio Moreira usa-
bação de Empresas que já existe na Cidade Tecnológi-
ra trabalhou “até há 15 anos quando começaram va para fazer as peças de artesanato. Pequenas
ca”, lê-se num comunicado do município.
Segundo a fonte, cumpre-se assim um objetivo do a aparecer as cubas em inox e o trabalho come- peças, como os barris de dois e três litros (para
presidente Pedro Pinto, “que sempre pretendeu ver as- çou a faltar. As cubas não dão tanto trabalho, mas guardar aguardente), barris de 150 litros ou vasi-
sociado o ensino superior ao desenvolvimento de meca- a verdade é uma: a madeira conserva melhor o vi- lhas maiores com capacidade para 500 litros (uma
nismos que tornem possível e promovam a participação nho verde do que a cuba. Tinha os meus fregue- pipa) passaram pelas mãos e pelo engenho do ta-
em atividades de caráter técnico, científico e de investi- ses que tinham sete e oito pipas e nunca quise- noeiro. “Fazer as pipas e barris era uma arte pe-
gação”. ram as cubas de inox e o vinho deles era sempre sada, o artesanato era mais à base de habilidade”,
O acordo com o IPP foi celebrado a 1 de setembro,
o primeiro a vender-se. A melhor madeira para o resume Júlio Moreira.
nos paços do concelho, e nele está ainda previsto que no
concelho passem a ser ministrados cursos superiores. vinho verde é o eucalipto porque não é uma ma- E aquele pipo? “Era novo mas o dono deixou-
A formação, nos níveis de licenciatura, pós-gradua- deira ácida, é doce. Porque é que as abelhas estão lhe a borra dentro e estragou-o. Agora vou des-
ção e mestrado, vai realizar-se na futura Cidade Tecno- sempre enfarinhadas na flor do eucalipto? Por- tampá-lo, queimá-lo e voltar a parafiná-lo que é
lógica, que a autarquia descreve como “uma plataforma que é doce”, responde de imediato. para ele voltar a levar vinho em condições”, con-
de ensino global onde, para além da formação profissio- Júlio Moreira trabalhou para "fregueses" do tou o tanoeiro sobre a vasilha ali deixada por um
nal já assegurada pela Profisousa, poderão ser leciona- Marco, Amarante e Baião, “para casas onde ha- amigo. Junto à entrada, um pipo em miniatura
dos cursos superiores em diversas áreas relacionadas
via grandes tonéis”. aguarda que Júlio Moreira o recomponha. “Che-
com as necessidades e características do concelho e da
região". O filho rapaz trabalhou na oficina até ir à tro- gou-me aqui um freguês com ele escangalhado e
Em setembro, vai iniciar-se também em Paços de pa, aos 20 anos. “Ia dar um bom artista. Na al- eu disse-lhe: bebeste a aguardente e como nunca
Ferreira uma pós-graduação em Integração de Sistemas tura fiquei com um bocado de mágoa e de pena mais lhe botaste nada, ele escangalhou-se”, disse
de Gestão (Especialização em Serviço Social). por ele ter saído da arte do pai” mas não é possí- Júlio Moreira em jeito de explicação. Paula Costa
Reaberta loja em Baião
Dolmen relança a comercialização
dos produtos locais
Próximas aberturas em Amarante e Marco de Canaveses
Na reabertura da loja de produtos locais da Cooperativa e a Cooperativa Dolmen ganha uma percentagem sobre as
Dolmen, em Baião, o presidente da Direção da Cooperativa vendas que varia entre os 10 e 15 por cento. Os produtos da
anunciou que vão ser abertos dois centros idênticos em loja são certificados e são fornecidos à Dolmen em condições
Amarante e no Marco de Canaveses. de poderem ser comercializados.
Na reabertura oficial da casa de produtos tradicionais, a 19
Produtos alimentares, vinhos e artesanato dos seis muni- de agosto, o presidente da Direção da Cooperativa, José Luís
cípios da área de abrangência da Dolmen (Amarante, Baião, Carneiro (na foto), afirmou tratar-se de um compromisso que
Marco de Canaveses, Cinfães, Resende e Penafiel) vão ser co- tinha sido assumido. “Temos vindo a cumprir, pouco a pouco,
mercializados na loja situada na rua de Camões, junto à sede no quadro das nossas possibilidades, os compromissos que
da cooperativa, em Baião. assumimos com os nossos associados mas também com o
O espaço vai funcionar em permanência, inclusive ao fim- território que olha para a Dolmen e procura que ela seja um
de-semana, pelo menos até outubro, e nos períodos festivos parceiro ativo de dinamização do desenvolvimento regional”,
de Natal e Páscoa. Os produtos são colocados à consignação referiu.
Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN

José Luís Carneiro re-


cordou que o problema do
“escoamento dos produtos
locais foi um dos motivos
por que muitas pessoas li-
gadas à produção dos pro-
dutos tradicionais abando-
naram essas atividades”.
Desistiram “muitas vezes
por falta de transporte, de
articulação, de trabalho em
rede, de fazer chegar uma
imagem, uma marca, um
produto ao mercado”, sa-
lientou.
O dirigente reafirmou o
“objetivo de continuar a dar passos para afirmar” o Centro de
Estudos do Mundo Rural, recentemente criado e “que vai sis-
tematizar um conjunto de indicadores relativos à produção
das carnes, vinhos, ou artesanato. Será uma base de dados
que sistematiza tudo o que existe no território ligado aos
produtos locais disponível para os atores públicos e priva-
dos”.
“Queremos avançar com dois outros centros desta na-
tureza, um no Marco de Canaveses e outro em Amarante”,
prometeu o responsável da Dolmen.
Em simultâneo, a Cooperativa tenciona “estar presente
nas feiras nacionais e internacionais de promoção e de va-
lorização dos produtos regionais”, promovendo dessa for-
ma o seu escoamento e a economia local.
José Luís Carneiro lembrou que a Dolmen “tem um con-
junto de técnicos preparados não apenas para dar apoio na
elaboração de candidaturas que depois visam ajudar à in-
corporação de valor nesses produtos tradicionais mas tam-
bém vocacionados para se relacionarem com a região que
quer ser um eixo na relação desses produtores tradicionais
com os mercados que hoje procuram os produtos genuí-
nos, ligados à identidade e à nossa memória colectiva”.
A Dolmen vai organizar em breve uma cerimónia pública
de assinatura dos contratos aprovados no âmbito do Pro-
grama Leader nas áreas do turismo, da inovação em mi-
croempresas e de equipamentos sociais de proximidade,
projetos que no total representam um investimento no ter-
ritório de 3,5 milhões de euros e a criação de cerca de 90
postos de trabalho, anunciou José Luís Carneiro.

Cooperativa de Formação, Educação e


Desenvolvimento do Baixo Tâmega, CRL
AMARANTE - BAIÃO - MARCO DE CANAVESES
RESENDE - CINFÃES - PENAFIEL
Telef. 255 521 004 - Fax 255 521 678 dolmen@sapo.pt
14 setembro’10

repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I tâmega

Cercimarante celebra 30 anos


com dois novos investimentos
 Lar residencial para 12 deficientes e um lar para 30 idosos vão arrancar em breve
No ano em que comemora 30 anos, a escolaridade, mas podem aprender uma profissão em correr há um ano é disso exemplo, diz, na expectati-
Cercimarante – Cooperativa para a Educação áreas como a construção civil, informática, mecânica va de que a Cercimarante vai ser, no país, “das pri-
auto, carpintaria ou hortofloricultura. meiras Cercis a ter a certificação de qualidade”.
e Reabilitação de Crianças Inadaptadas
“Os nossos portões estão sempre abertos para eles en-
do Concelho de Amarante, tenciona lançar
o concurso para a construção de um lar
| Começo foi difícil | trarem e saírem e nunca nos fugiu daqui nenhum mi-
údo. É porque eles se sentem muito bem e isso para
residencial para 12 deficientes e de um lar “As coisas são sempre mais delicadas quando é o co- nós é uma alegria tremenda. Tratar deles e ajudar
para 30 idosos. As futuras instalações do meço de qualquer instituição”, avalia hoje Pinto Montei- as famílias é a base da alegria que temos. Toda a gen-
ro. O início, em 1980, “foi um momento um bocado de- te nos procura é porque a Cerci tem alguma catego-
fórum sócio-ocupacional, projeto apresentado
licado porque estávamos todos a aprender. Neste país ria, naturalmente. Se não tivesse as pessoas não nos
via Cooperativa Dolmen, têm assegurado um praticamente nada se fazia em termos de deficiência. Ti- procuravam tanto. Alguma razão há-de haver para
financiamento de 75%. vemos de fazer um esforço tremendo para pôr os profis- que a Cercimarante esteja no pensamento dos pais”.
sionais da Cercimarante a correr o mundo, a aprender”. Fundar a Cercimarante “foi uma mera casuali-
O lar residencial e o lar para idosos, que têm um cus- Por iniciativa da Direção da Cercimarante, os técnicos dade”. António Pinto Monteiro, que então trabalha-
to de 1 milhão e 390 mil euros, têm parte do financia- deslocaram-se a Espanha, à Noruega e Holanda. va na Construtora do Tâmega, ia de férias para S. Pe-
mento assegurado pelo Governo e pelo Fundo Social “Estavam 15 dias a um mês a lidar com os melho- dro de Moel e parou em Aveiro. “Reparei num letreiro
Europeu (FSE). António Pinto Monteiro, presidente res técnicos desses países na área da deficiência” por- a dizer CerciAv, pensando que era um museu. Quando
da Direção da Cercimarante, pensa que primeiro deve- que “em teoria sabiam, mas na prática praticamen- cheguei lá vi uns miúdos a brincar e vi que eram defi-
rá entrar em funcionamento o lar residencial que é uma te nada sabiam”, lembra António Pinto Monteiro. cientes. Explicaram-me que era uma cooperativa de
obra de 390 mil euros, sendo que cerca de 70 por cento “Quando estivemos para perder o setor profissional, há educação especial, apoiada pelo Ministério da Educação,
desse valor será financiado pelo Estado e pelo FSE. No cerca de 21 anos”, foi outro momento complicado na vida que tratava de jovens deficientes e eu fiquei entusias-
caso do lar de idosos, que vai custar um milhão de euros, da Cercimarante. “Havia dificuldade em arranjar um mado com aquilo, vim para o carro a pensar e comen-
a comparticipação das duas entidades é de cerca de 60 terreno grande, mas graças ao entusiasmo e ao falecido tei com a minha mulher”, contou ao Repórter do Marão.
por cento desse valor. presidente da Câmara, dr. Macedo Teixeira, foi possível Durante essas férias aproveitou uma ida a Lisboa
A Câmara de Amarante “prometeu ajudar” e deve- no espaço de cinco ou seis dias arranjar um terreno que e foi ao Ministério da Educação informar-se “de como
rá financiar parte do lar residencial para 12 deficientes, serve razoavelmente os interesses da Cercimarante”. eventualmente poderia formar uma instituição daque-
que vai ficar na Bouça de Pombal, junto à sede, na fre- Atualmente com 52 funcionários efetivos, mais cerca las. Deram-me uma série de dados e disseram-me que
guesia de S. Gonçalo, e do lar para 30 idosos que vai ser de uma dezena a tempo parcial, a Cercimarante dispõe aqui perto havia uma instituição do género, a CerciGui,
construído em Gatão, junto ao setor profissional da Cer- de um edifício dos maiores do país ao nível das Cercis. O que estava a funcionar há dois anos”. Passados alguns
cimarante. presidente da Direção salienta as “boas relações com to- dias de ter regressado de férias foi propositadamen-
Nesse local estão a ser recuperadas as futuras insta- das as câmaras de todos os partidos. Todas, dentro das te a Guimarães. “Começou tudo assim… fiquei entu-
lações do fórum sócio-ocupacional, um serviço para pes- suas possibilidades, nos têm ajudado, mas é indiscutível siasmado. Comecei a mandar cartas para as juntas de
soas com doenças mentais menos graves cujo projeto foi que quem mais tem ajudado, em todos os aspetos, é a freguesia e salvo erro tive resposta de 16 ou 17 juntas.
apresentado através da Dolmen tendo garantido um fi- Câmara de Amarante”. Numa altura de “graves difi- O que dava uma média de 10 deficientes por fregue-
nanciamento de 75%. Na quinta de Vinhais, em Gatão, culdades”, Pinto Monteiro apela à responsabilidade so- sia, número que ainda hoje praticamente se mantém.
essas pessoas poderão desenvolver atividades orienta- cial das autarquias e das populações da região para que A partir daí isso foi tão rápido e evoluiu de tal ma-
das por técnicos e por monitores. Os terrenos da quinta apoiem com donativos a Cercimarante. neira na minha mente que a primeira coisa que fiz foi
pertencem à Câmara de Amarante que os comprou pro- contactar com alguns amigos para lhes explicar que po-
positadamente há 22 anos.
Nos vários setores, a Cercimarante dá apoio a cerca
| Em processo de certificação | deríamos fazer isso com alguma facilidade. O arran-
que foi assim. Tínhamos então um presidente da Câ-
de 180 utentes, “com variadíssimas deficiências”, desde A “qualidade do trabalho realizado, as razoáveis mara, o dr. Amadeu Cerqueira da Silva, que era um
crianças (acompanhadas no Centro de Apoio Familiar e instalações e a preparação dos técnicos”, que procu- homem amigo. Numa bela noite fomos falar com ele.
Aconselhamento Parental), a adultos na casa dos 40 anos, ram manter-se atualizados, são destacados por An- Prometeu-nos que em três ou quatro meses teríamos
que residem nos concelhos de Amarante, Baião, Marco tónio Pinto Monteiro que não hesita na auto-atribui- uma sede onde iríamos ter os primeiros 25 a 30 alu-
de Canaveses, Lousada, Felgueiras, Cinfães e Resende. ção de uma classificação: “neste momento estamos nos. E assim foi…”. Em setembro de 1980 a Cercima-
No setor profissional os jovens tem diferentes níveis de no bom”. O processo de certificação que está a de- rante iniciava a atividade com 25 alunos. Paula Costa
Bandas filarmónicas vão ganhando

Crise não dança nas


Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos Banda de Mateus e P.P.

N
ão há par mais acertado tando que podemos vir a sofrer com a crise, mas para tir daí não há mais nada para ninguém.” No peditó-
já não.” rio à volta do povo, não houve quebras, porque “nas
do que o verão e a Em Deilão, aldeia a 20 quilómetros de Bragança, aldeias, as pessoas trabalham, tem os seus rendimen-
diversão, sobretudo nas os dois grupos abrilhantaram a noite de 15 de agos- tos e não notaram ainda a crise”.
to, uma data muito solicitada. “Já tenho vários dias Também o consumo de álcool não parece ser indi-
festas populares que por estes vendidos para o ano, mas o 15 não o queria vender já, ciador de crise. “Há festas onde chegam a gastar 12 a
dias têm animado a região. Os porque é aquele em que há mais festas”, admite Zé 15 barris de cerveja por noite, em que esgota. Quan-
emigrantes regressam à terra e Ferreira. E como aquilo que “o povo quer é bater o do vimos embora, vemos os copos que ficam no recin-
sapato”, mais de meio milhar de pessoas dançou ma- to. Nem nisso se ressente a crise.”
as aldeias engalanadas honram os drugada dentro. A afluência do público varia em função das locali-
santos padroeiros. Será que a crise dades, mas Zé Ferreira é perentório: “estamos sem-

também dança nestes bailes? | Efeitos colaterais | pre habituados a ter casa cheia”. “Há festas que ago-
ra têm menos, porque a população vai ficando mais
A opção de manter os cachés do ano anterior foi envelhecida e não sai tanto, mas não atribuo isso à cri-
Andam na estrada pelo gosto que têm pela músi- tomada em função da conjuntura económica que se se. Basta ver que se continua a beber e a consumir.”
ca, mas também pelo dinheiro “que dá jeito”. De ter- vive. “Foi umas formas que encontrámos (e se ca- Na roulotte de diversões de Nuno Alexandre, 28
ra em terra, animam as noites de quem, de benga- lhar este ano vai manter-se igual) de tentar fazer com anos, o cenário é um pouco diferente, porque “as pes-
la na mão, se limita a apreciar ou dos mais frenéticos que as pessoas ultrapassem a crise, sem ter que ab- soas ao não terem dinheiro não podem gastar”. “As
que rodopiam ao ritmo da música popular que ofe- dicar da animação. Ao mantermos os preços, estamos festas estão fracas e o negócio está bastante pior. Os
recem. a prejudicar-nos, mas preferimos isso a ficar em casa emigrantes ainda gastam menos que os portugue-
Este ano, os agrupamentos musicais têm menos sem fazer nada”, refere Albino Falcão, um dos funda- ses”, relata o macedense. O preçário não sofreu alte-
espetáculos, mas a quebra não é significativa nem dores do Sindikato. rações: 1 tiro = 1 euro; 6 tiros = 5 euros para levar
desculpada com a crise económica. “Temos menos Para Alfredo Almeida, subir estava “fora de ques- para casa porta-chaves, peluches e outras bugigan-
três ou quatro relativamente ao ano passado, mas tão”, mas “outros colegas tiveram mesmo que baixar gas. A mãe de Nuno, do outro lado da rua, vende ba-
não há grande diferença”, confirma Zé Ferreira, res- o caché porque não há mercado”. Em agosto, contra- lões e brinquedos, despertando a atenção dos garotos
ponsável e vocalista do Sindikato (de Bragança). Até tar o seu grupo pode chegar aos 4 000 euros, depen- que a rodeiam e se afastam de mãos vazias.
ao fim do mês, terão contabilizado 36 atuações duran- dendo das distâncias que têm que percorrer.
te o verão. “Dizem que a crise existe, mas nós ainda
não sentimos isso. Embora haja a concorrência dos
Albino Falcão considera que as festas populares
pouco se ressentem da crise. “A época não foi má,
| O lar & o palco |
preços mais baixos, de bandas que diminuíram o ca- tanto que já temos muitas festas de 2011 agendadas. No intervalo das músicas, a vocalista dos Reno-
ché, nós não o fizemos e estamos a ter as mesmas fes- As pessoas tiveram muito medo. Pensaram na crise vação 3 lá vai apregoando: “por 10 euros, é baratinho,
tas”, acrescenta. e nem sequer fizeram peditórios. Houve alguns que podem levar um CD para casa.” Porém, o responsá-
Também a agenda do Renovação 3 (de Figueira decidiram isso muito tarde e que ainda conseguiram vel pela mesa de som, Vítor Almeida, nota uma dimi-
de Castelo Rodrigo) foi “mais ou menos igual” à de fazer uma festa.” nuição na venda dos trabalhos discográficos. “No ano
outros anos. “Não tivemos mais trabalhos, porque Aníbal Fernandes, o presidente da comissão de passado vendemos bastante, mas este ano, apesar de
há menos dinheiro e as pessoas, às vezes, não podem festas, admite que “se fosse noutros anos” não teria vendermos, não é igual.”
gastar e limitam-se a contratar outros grupos mais grande dificuldade em arranjar patrocínios e até em Em agosto, período em que mais se anda na es-
acessíveis”, diz o responsável, Alfredo Almeida. Des- maior número. “A crise pode não ser acentuada em trada, os elementos dos grupos musicais têm mani-
de o início do ano somam 80 espetáculos. “Vamos no- todas as pessoas, mas o boato espalhou-se e a par- festas dificuldades em conciliar a vida pessoal e fami-
novo fulgor

festas populares
liar com a artística. Há quem tire férias, mas também bém sente as implicações da crise. Em Vila Real, a car a cadência. “Tocar na rua nem sempre é fácil, por-
quem desconte nas horas de sono. É o caso de Vítor Banda de Mateus conta já 200 anos de vida e um his- que nem sempre encontramos estradas de alcatrão,
Almeida, 27 anos, que trabalha numa gráfica em Pi- torial infindável de atuações. A agenda está sempre onde possamos ir concentrados naquilo que estamos
nhel e acompanha há mais de uma década o grupo preenchida “porque é a banda de Mateus”, mas nota- a fazer e temos que ver onde vamos pôr um pé”, rela-
Renovação 3, que já foi do pai, agora do tio. “Às ve- se que “já não é o que era”. “A nível de orçamentos, ta o maestro, Carlos Pereira, 38 anos.
zes durmo duas horas, porque às 9h tenho que estar por uma pequena diferença trocam logo de banda e O reportório procura ser “atraente para quem
no trabalho. Em agosto, tiro alguns dias e quando há às vezes a qualidade não é a mesma coisa”, explica o toca, isto é, musical e tecnicamente interessante, e
bailes durante a semana, peço o dia. Os meus patrões diretor Marco Eiriz, 32 anos. que resulte bem para quem ouve”. “Tenho a perce-
são compreensivos e não tenho grandes problemas.” É frequente as festas ficarem “de um ano para o ção de que os músicos gostam mais de fazer procis-
O descanso também é sacrificado para alimentar outro” pelo mesmo preço. “Subir é muito complicado. sões embora seja uma cadência mais lenta e num ho-
o convívio familiar. “Hoje, eram 8 da manhã quando Não só pela dita crise, mas a concorrência também rário com mais calor”, revela o maestro.
cheguei a casa. Levei o pão para tomarmos o peque- obriga a controlar os valores. Há muitas bandas na A recetividade é até mais do que positiva. “Públi-
no-almoço”, conta Albino Falcão. Em média, dorme 5 nossa zona, só 4 existem no concelho.” co há sempre e até começa a haver um pouco mais
a 6 horas por dia e a expectativa é sempre de conse- Um serviço completo compreende arruada, mis- neste tipo de romarias”, atesta Marco Eiriz.
guir uma noite sem espetáculo para “dormir até tar- sa cantada, procissão e concerto, podendo chegar aos
de, fazer uma sesta e à noite ir tomar café a uma es-
planada”. Aos 42 anos, este professor de português
4 000 euros se a deslocação não implicar sair do dis-
trito vila-realense. “A crise ressente-se sempre, por-
| Herança
justifica com simplicidade tanta abdicação. “Podía-
mos ser caçadores, mas gostamos da música e, acima
que também está na música. As reparações de ins-
trumentos aumentam e o transporte está mais caro”,
geracional |
de tudo, do que fazemos.” afirma Marco Eiriz. A maioria dos elementos da Banda é constituí-
Por volta das 17:00, o camião-palco chega ao re- Com 64 elementos, a Banda toca duas a três vezes da por jovens entre os 14 e os 18 anos, cuja motiva-
cinto. Os técnicos instalam as colunas e alguns habi- por fim de semana nesta época, perfazendo um total ção maior passa pelo espírito de grupo. “É a amiza-
tantes acompanham de perto as operações. As baila- de 20 a 25 serviços por ano. de que se cria, a ligação à música e vem das famílias
rinas e os músicos chegam mais tarde para o check também. Foi um pouco a tradição das gerações que
sound. “Há aqui um trabalho de formiga. Estamos a
amealhar no verão para os encargos que depois va-
| Novos tempos | levou o filho e o neto a seguir a música”, sustenta o
diretor.
mos ter que suportar durante o inverno”, refere Al- As bandas filarmónicas continuam a ter boa acei- Luís Santos, 31 anos, começou a tocar na Ban-
bino Falcão. tação e começam “a encontrar novos espaços”, po- da ainda em miúdo. Hoje, é clarinetista e reconhe-
À meia-noite faz-se silêncio e o fogo de artifício dendo até recuperar o domínio de antigamente. “Em ce a importância desses primeiros passos. “Foi uma
rouba os sorrisos. Depois, retoma-se o baile ao som conversa, as comissões de festa queixam-se que não escola de vida muito importante para a minha for-
do Sindikato: “Canto a Trás-os-Montes onde o povo é há dinheiro e que os conjuntos são muito caros. Se ca- mação.”
feliz… canto a alma transmontana…” lhar vai haver motivos para que as bandas comecem a A ligação à Banda reveste-se agora de “uma res-
fazer os concertos até mais tarde”, avança Marco Ei- ponsabilidade acrescida” para com as gerações mais
| Bandas filarmónicas, riz. Como o orçamento é mais baixo, as comissões de
festa poderão optar por deixar a cargo das bandas fi-
novas. “Há um aspeto sociológico da Banda muito im-
portante que nos ajuda, desde novos, a ter esta noção
uma presença obrigatória | larmónicas a animação das festas.
Devidamente fardados, os músicos alinham-se
de compromisso que é fundamental e ajuda-nos de-
pois a assumir esse conceito numa outra dimensão,
Tradicionalmente, as festas arrancam com uma respeitando uma ordem, dos instrumentos graves quer familiar, quer profissional.”
arruada feita por uma banda filarmónica, que tam- para os agudos e a percussão vai no meio para mar-
A aventura de um jovem que quis atra

Férias ‘low cost’ so


Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos | P.P.

E
ntre umas férias Já o gosto pela bicicleta começou em miúdo e
sedimentou-se com o acompanhar da Volta a Por-
tranquilas, à beira mar, e tugal em Bicicleta. O interesse viria a ganhar maio-
umas férias de aventura res proporções no 12º ano e na Universidade, quan-
do fez da bicicleta o seu meio de transporte diário.
por essas estradas fora, Cláudio “O auge deu-se quando fui de Erasmus para Gent
Costa, 25 anos, não hesitou. Pegou (Bélgica), onde as bicicletas são rainhas e senhoras.
Fiz a minha primeira grande viagem de bicicleta
na sua bicicleta e, durante três entre Amesterdão e Essen, 200 km em dois dias.”
semanas, desafiou-se a percorrer  

Portugal. | Viagem “low cost”


e saudável |
O trajeto foi delineado com o objetivo de arran-
car do Porto e acabar em Lisboa, atravessando o Andar pelo território de bicicleta dá a Cláudio
Douro, o Interior e o Alentejo. “Eram as regiões mais liberdade para conhecer os lugares e contac-
que queria descobrir, com passagem também por tar com as suas populações. A isso acresce o baixo
cidades e vilas históricas com património edifica- custo da jornada, uma vez que opta por acampar e/
do ou natural que valessem a pena visitar, ou ain- ou ficar alojado em casa de amigos. “Também não
da que tivessem festas e romarias às quais pudesse gasto muito dinheiro em refeições, uma vez que
ir”, explica o engenheiro informático. nestas regiões, menos turísticas, os preços não es-
Pedalar pelo Nordeste Transmontano mar- tão tão inflacionados. De vez em quando ainda co-
cou-o, principalmente, pela autenticidade e “espí- zinho.”
rito verdadeiramente generoso” das suas “simpá- Esta viagem serve-lhe como um teste às suas
ticas e genuínas” gentes, algo que “já se vê pouco capacidades físicas e psicológicas. “Às vezes, é pre-
nas cidades de média ou grande dimensão”. Mas na ciso ir buscar motivação para continuar a pedalar
bagagem leva também outras impressões: a gas- sabe-se lá onde”, confessa. E entre o humor e a se-
tronomia é “fantástica, variada e farta”, as festas e riedade, Cláudio diz ter seguido o conselho do Pre-
romarias “bastante tradicionais, com música, far- sidente da República para fazer férias dentro do
turas, locais e emigrados, e todo o folclore caracte- país.
rístico” e as paisagens “belíssimas, na maior parte Cláudio correu a última meia maratona de Lis-
das zonas com pouco impacto da intervenção hu- boa tendo em mente o desejo de “fazer algo fisica-
mana”. “Além disso, não senti receio ou inseguran- mente desafiante no verão” e duas a três vezes por
ça nas ruas. Muitas vezes, deixava a bicicleta en- mês fazia passeios de bicicleta de 30 a 60 km. “No
costada a qualquer lado sem receio de que quando entanto, na altura chave da preparação, isto é, um
lá chegasse, ela tivesse desaparecido”, acrescenta. mês antes da viagem, a atividade física foi zero, o
Por outro lado, arrecadou ainda a sensação des- que depois se notou nos primeiros dias.”
ta região ser, em grande parte, “verdadeiramente As subidas íngremes e/ou extensas, o vento
esquecida, onde as pessoas são forçadas a sair em frontal e o calor intenso são os seus “principais ini-
busca de oportunidades”. “É triste ver o abandono migos”, obrigando-o a empurrar em vez de pedalar.
a que alguns locais são votados e o desleixo e desin- A tarefa torna-se mais complicada ainda com pisos
teresse que há em algumas terras e populações”, em mau estado e com o peso da bicicleta que “além
considera. de exigir maior esforço, às vezes torna-a mais difí-
Na rota de Cláudio inscreve-se a vontade de ex- cil de conduzir”. E não será para menos, tendo em
perimentar as cores, os sons e os sabores que ves- conta que nela transporta roupa e calçado, um es-
tem a geografia portuguesa. “Quero divertir-me, tojo de higiene pessoal, tenda, um kit de cozinha,
conhecer o modo de viver em diferentes zonas, as um livro e um computador, que perfazem um to-
pessoas, a cultura, a gastronomia, a história e as tal de 40 kg.
tradições.” Ao longo do trajeto, há também preocu- Os primeiros dias foram a verdadeira prova de
pações ambientais que não se descuram. “Procuro fogo, não só pelo percurso “acidentado e fisicamen-
reduzir ao mínimo indispensável o impacto no am- te exigente”, mas sobretudo pela falta de treino e
biente, ou seja, tenho sempre o cuidado de deixar habituação do corpo. “Ainda não tive percalços de
os sítios por onde passo como os encontrei.” maior. O pior foi talvez ter-me perdido durante 10
Natural de Vila Nova de Famalicão, Cláudio co- km, ter lesionado um dedo e ter feito algumas bo-
meçou a viajar pela Europa em 2006, tendo conhe- lhas nos pés”, conta.
cido já mais de 20 países. Porém, quando o questio-
navam sobre o que visitar no seu país de origem, as
respostas não fugiam aos lugares comuns. Sugeria | Rotina disciplinada |
Porto, Lisboa, Costa Alentejana, Algarve e ilhas,
mas “algumas só conhecia de ver e ouvir falar”. Depois de o sol raiar, Cláudio desmonta a tenda
Foi assim que percebeu a necessidade de conhecer e arruma tudo antes de tomar o pequeno-almoço
Portugal “antes de conhecer ainda mais do mun- num café (caso não exista algum nas proximidades,
do” e eis que nasce a razão principal desta proeza. ingere “aquelas papas de bebé, que são autênticas
vessar Portugal pelo interior

bre duas rodas


bombas de energia”). tar sítios que me pareçam importantes e tirar foto-
“Aproveito para fazer a higiene básica e reabas- grafias”, relata.
tecer de água na casa de banho. Faço-me à estrada, No declinar do dia, basta uma refeição mais ligei-
com uma paragem a meio da manhã para descansar ra, seguida do relato escrito da viagem. “Depois vou
e comer.” para o bailarico se o houver ou vou diretamente dor-
mir.”
 Só que nem só de alegrias se ruma ao objetivo fi-
| Descanso nas horas nal. “Às vezes, penso que não vale a pena estar a ‘ma-
tar-me’ no pedal, podendo fazer a mesma viagem de
de maior calor | forma mais cómoda ou até mesmo usar as férias para
relaxar e apreciar o ‘dolce far niente’. Nessas alturas
Ao almoço, procura alimentar-se “bem e em encontro motivação no caminho que já deixei para
quantidade” num restaurante recomendado por al- trás, nas paisagens incríveis e nas aventuras que já
guma pessoa da localidade, aproveitando a hora de vivi e, claro, nas palavras de incentivo de conhecidos
maior calor para descansar e aceder à Internet, no- e desconhecidos.”
meadamente para atualizar o blog. Apenas em dois pontos do percurso (Bragança e
“Serve para manter os amigos e interessados a Atenor – Miranda do Douro), o jovem teve uma mo-
par, poderá funcionar como motivação para que mais tivação diferente.
pessoas venham conhecer os locais por onde passo e “Fui ao encontro de dois amigos, mas daqui para
talvez me possa vir a ser útil como portfólio para pro- a frente não tenho mais nenhum «rendez-vous»
jetos futuros.” marcado”, frisou.
Logo que o calor começa a diminuir, volta à estra- E Cláudio mantém a pedalada nestas férias que
da e pedala até à hora de jantar ou quando anoitece, prometem ser inolvidáveis. “Sou eu, a bicicleta e a
com uma paragem a meio da tarde para descansar tralha que nela consigo levar.”
e comer. “Durante o percurso vou procurando visi-
EPAMAC
 TESTEMUNHO DE UMA EX-ALUNA DA EPAMAC
CURSOS DE
ESPECIALIZAÇÃO "O CET ABRE-NOS HORIZONTES E PREPARA-NOS
TECNOLÓGICA:
UMA NOVA PARA SERMOS EMPRESÁRIOS"
OPORTUNIDADE DE
FORMAÇÃO PARA
OS JOVENS QUE Chamo-me Joana Ferreira; te-
nho 19 anos; frequentei a es-
CONCLUÍRAM OU cola primária de Piares Penha
FREQUENTARAM SEM Longa (1º ao 4º ano) e a Escola
E.B. 2/3 de Sande (5º ao 9º ano);
CONCLUIR O 12º ANO sou natural da freguesia de Pa-
A EPAMAC iniciou no ano ços de Gaiolo, mas vivo desde
lectivo 2009/2010 uma oferta pequenina na freguesia de Pe-
formativa inovadora para alu-
nos que concluíram o 12º ano
nha Longa, ambas em Marco de
ou que o frequentaram sem Canaveses; sou Técnica de Tu-
concluir: um Curso de Espe- rismo Ambiental e Rural (Média
cialização Tecnológica (CET
– Nível IV) na área da Ges-
de 18) e actualmente frequen-
tão da Animação Turística em to o Curso de Especialização
Espaço Rural. Este curso, or- Tecnológica (CET) em Gestão de
ganizado em conjunto com
a Escola Superior Agrária de
Animação Turística em Espaço
Ponte de Lima – IPVC – é um Rural (GATER).
veículo, quer para a especia- Foto obtida no Zoo Santo Iná-
lização de alunos em deter-
cio, em Vila Nova de Gaia, local
minadas áreas profissionais
e posterior entrada no mer- de estágio da aluna.
cado de trabalho, quer para
o prosseguimento de estu-
do no ensino superior. Esta é Em que circunstâncias ingressou na Escola de todos, por isso, ao realizar este curso eu ganho mais bases para
uma oferta formativa que traz criar/realizar actividades de animação englobando o Mundo Animal,
Profissional do Marco de Canaveses?
mais oportunidades para os protegendo e preservando o Ambiente e ainda dando a conhecer as
JOANA FERREIRA: Acabei o 9º ano numa escola de ensino
jovens do concelho e conce- dito normal e tive que fazer uma grande escolha: "o que fazer daí Tradições de cada região, uma vez que vale a pena descobrir as "ma-
lhos limítrofes que terminam para a frente?". ravilhas" de cada aldeia.
o ensino secundário sem ex- O meu grande gosto por animais, pelo Ambiente em geral e pe-
pectativas de emprego ou de las tradições de cada região, fizeram-me optar por um curso onde Com a realização do estágio profissional,
ingresso no ensino superior. pudesse contactar de perto com estes. Assim, decidi ir para a Esco- quais são as perspectivas de emprego que
É também uma boa oportuni- la Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Marco se lhe abrem?
dade para aqueles jovens que de Canaveses (EPAMAC), frequentar o Curso de Técnico(a) de Tu- JF: Uma das grandes vantagens deste CET é o facto de ter in-
não conseguiram concluir o rismo Ambiental e Rural (nível III), pois este para além de um cur- cluído um Estágio Profissional de 550 horas numa entidade que re-
12º ano, mas que o frequen- so profissional onde a vertente prática está mais acentuada, tam- alize as actividades que o mesmo inclui. Este pode não ser o nosso
taram. bém dá equivalência ao 12º ano. Uma grande influência, também, foi emprego futuramente, mas é certo que nos abre novos horizontes
No próximo ano lecti- o facto de um dos objectivos da escola ser preparar os seus alunos e ensina-nos a ver o Mundo Laboral atentamente, mais de perto
para o mundo do trabalho que os espera posteriormente, apoiando- e, claro pode mesmo ser uma grande ajuda no impulso necessário
vo (2010/2011) a escola pre-
os na realização de actividades extracurriculares que enriqueçam o para, quem sabe, nos tornarmos empresários no Mundo da Anima-
tende reforçar esta dinâmica seu percurso escolar e lhes mostre o "Mundo Laboral", deixando-os
com a abertura de nova turma ção Turística nos Espaços Rurais que estão cada vez mais a ser es-
aptos a enveredar pelo Mundo do Trabalho. quecidos e abandonados, mas que têm um forte e inegualável po-
do CET em Gestão da Anima-
tencial turístico.
ção Turística em Espaço Rural Razões da escolha do curso de animação
e com a abertura de um ou- Que recordações guarda da sua passagem
turística?
tro CET de Cuidados Veteri- JF: 12º ano concluído é tempo de pensar "mais a sério" no fu- pela EPAMAC?
nários. turo! Continuar a estudar, tentar arranjar emprego eram algumas JF: Ao olhar para trás vejo que a EPAMAC foi uma Casa que
As inscrições já estão opções. Então surgiu a oportunidade de frequentar um CET (Cur- me acolheu a mim e a tantos outros jovens que queriam aprender e
abertas e os interessados po- so de Especialização Tecnológica) em Gestão de Animação Turística crescer. Esta Casa esteve e está sempre de braços abertos para nos
dem solicitar mais informação em Espaço Rural, na EPAMAC - a minha "casa" dos últimos 3 anos apoiar, quer seja em situações escolares, quer em situações pessoais.
através do telefone (255 534 - em parceria com a Escola Superior Agrária de Ponte de Lima. De- Cada momento vivido nas suas instalações está agora testemu-
049) ou do correio electróni- cidida a aprofundar os meus conhecimentos na área que me fascina nhado em fotos e documentos, mas as maiores recordações, estão
co da escola (epamac@gmail. inscrevi-me e fui seleccionada. na minha memória.
com). Podem ainda solicitar o Eu vivo numa aldeia pequena, sempre estive habituada a ter Sei que foi aqui que aprendi muito daquilo que sei hoje, sei que
envio do desdobrável infor- animais e a brincar no campo, daí o meu grande gosto por animais, devo muito a esta escola, sei que foi aqui que fiz muitos amigos mas
mativo para a residência. pela Natureza e pelas Tradições que sempre se fizeram cumprir. sei, que acima de tudo, fui muito bem recebida, acolhida e acompa-
No entanto, hoje em dia estes hábitos estão a cair no esquecimento nhada por esta grande família que é a EPAMAC.
Produção editorial da responsabilidade da EPAMAC
22 setembro’10

repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I tâmega

Tradição familiar nos


Voluntários de Vila Meã
A corporação de Bombeiros Voluntários de
Vila Meã, em Amarante, detém um recorde no
país – é o corpo de bombeiros com mais elemen-
tos da mesma família – 13 no total. São pais, fi-
lhos, irmãos, tios, sobrinhos, primos e cunhados.
Este grupo de homens e mulheres com parentes-
co entre si já representa 10 por cento dos 122 ele-
mentos da corporação.
O primeiro da família a chegar à corporação
foi Albano Silva há já 29 anos. Barbeiro de profis-
são, bombeiro sempre que pode, confessa-se “or-

Uma emissão
gulhoso e até vaidoso” por ter sido aquele que ini-
ciou esta tradição familiar.
Além da restante família, nos Bombeiros Vo-
luntários de Vila Meã tem neste momento o seu
filho mais novo, mas já teve também o mais velho

didática – que agora está ausente “porque escolheu a far-


da da tropa” – e Albano, 48 anos, recorda à Lusa
que na escola, quando lhe perguntavam o que ele
queria ser, respondia sempre e sem hesitações:
 Autocarro NFM vai percorrer as escolas “quero ser bombeiro!”.
“Nós somos todos uma família. Mas quando
Espreitar um mundo de microfones, fios, auscultado- sões pressupõe uma grande capacidade de esforço e de há família chegada há sempre mais vontade de
res, computadores e perceber toda a dinâmica da rádio resistência. “No Algarve, estávamos de manhã em Vila aparecer aqui. Há mais harmonia, mais amizade
é um sonho ao alcance de todos aqueles que se cruzam Nova de Milfontes, à tarde na Zambujeira do Mar. Exige e um convívio diferente”, evidencia o bombeiro.
com o autocarro da NFM. “O conceito de rádio ao vivo deitarmo-nos à uma da manhã e levantar às 4, estarmos Mas se Albano foi o primeiro dos treze a in-
tem esta particularidade de as pessoas poderem olhar, preparados para falar dos assuntos, conhecer as cidades, tegrar a corporação, o último foi o jovem João
ver, sentir e falar elas próprias para a rádio”, diz o dire- pesquisar sobre as suas realidades”, relata o diretor, que Marques, de apenas 15 anos, que conhece bem os
tor, João Vinhas. anima também o programa matinal. bombeiros porque desde muito pequeno ia para o
Com um autocarro de dois andares transformado em As emissões são devidamente planeadas, com con- antigo quartel com a mãe, que era então centra-
estúdio, a NFM vai ao encontro dos seus ouvintes, estrei- vidados agendados e horários alinhados, mas o improvi- lista, para além de ver sempre o seu pai sair para
tando a proximidade. “Podemos estar a emitir para luga- so serve para lidar com muitas situações. “Em Albufei- ajudar os outros.
res diferentes ao mesmo tempo, podemos estar a gravar ra, o presidente só podia estar connosco até às 8h50, mas Apesar de ainda não saber aquilo que quer fa-
e a emitir, podemos andar lá fora com microfones sem depois ficou até às 10h, porque estava a gostar muito”, zer “quando for grande”, o jovem João – apenas
fios e fazer reportagens exteriores. A ideia é transportar exemplifica. há três meses na organização - garante que sem-
a rádio para junto das pessoas.” Bem-disposta e sorridente, Mariana Couto, 30 anos, pre soube que quereria ser bombeiro, opção que
Este mês, o autocarro da NFM vai andar pelas esco- confessa que gosta muito de andar “com a mala às cos- o pai aplaudiu mas que a mãe, de início, receou.
las do país e os alunos do ensino básico vão ter a oportu- tas”. “Sempre gostei deste registo de falar com as pesso-
Gerir o tempo para ir às aulas, trabalhar
nidade de conhecer a rádio por dentro e de se estrearem as que vão na rua, de sentir os sorrisos, as peles, aquela
como auxiliar de ação médica no Hospital de S.
aos microfones. “É sempre um sonho e nós podemos es- vergonha de não querer falar para a rádio. É quase um
tar a emitir num estúdio e no outro a fazer testes com trabalho que não pode ser considerado como tal porque João e ser bombeira é um verdadeiro puzzle para
eles”, refere João Vinhas. Essa será uma forma de fazer é um prazer.” Por isso, garante, não custa acordar todos Marisa Sousa, de 27 anos, que apesar de conhe-
serviço público com os mais pequenos. “Todas as crian- os dias às 5 da manhã ou percorrer o país e estar sema- cer desde sempre os voluntários de Vila Meã é
ças querem trabalhar em televisão, ser atores e, afinal, nas sem ir a casa. “O sentimento de missão cumprida é bombeira há 16 anos.
porque não trabalhar na rádio? Queremos que conheçam tão grande que compensa tudo isso”, conclui. “Sou bombeira por paixão, que se calhar até
o meio rádio”, explica Mariana Couto, animadora do pro- A jovem portuense sente-se orgulhosa por integrar o já nasceu connosco, e sou-o também pelo incen-
grama da manhã. “projeto atrevido” da NFM, porque todos os dias são um tivo dos tios e do resto dos familiares. Tinha que
O autocarro andou em digressão pela costa vicentina desafio. “Acordar num local diferente é fantástico e como vir parar aos bombeiros, sem dúvida”, sublinhou.
e pelo litoral alentejano, registando a visita de um milhar começamos às 6 da manhã, temos a oportunidade de ver
de pessoas só na primeira semana na estrada. “Os portu- o dia nascer e a cidade a ficar em ebulição.”
gueses desconfiam sempre quando olham a primeira vez,
mas a curiosidade leva-os a aproximarem-se para perce-
berem o que é isto. Como nunca viram nada semelhante,
| Uma rádio de palavra |
ficam espantados”, conta João Vinhas. O interesse em co- Na era do digital, em que se perspetivam ameaças
nhecer as vozes que estão do outro lado torna-se secun- ao meio radiofónico, o advento da NFM está no contac-
dário. “Somos completamente abafados pela grandeza do to com as pessoas de viva voz. “Não sabemos fazer uma
autocarro. As pessoas ficam curiosas em saber quem fala, rádio de música. Esta é uma estação que tem de ter pa-
mas é uma coisa de dois segundos. Depois, querem ver a lavras. Precisamos de ter gente e conteúdos. Uma esta-
outra sala, os microfones, os computadores”, revela . ção que tenha apenas música tem de estar mais prepa-
rada para ter como concorrência direta um simples iPod
| Um trabalho prazeroso | ou a Internet, em que cada um faz a sua playlist”, subli-
nha João Vinhas.
À saída, as impressões fazem-se ouvir: “é mesmo bo- Também Mariana Couto defende que a mística da rá-
nito”; “é assim que é a rádio? Nunca imaginei…” E há dio está “em alta e a recuperar”. “Quem pensa que a rá-
também histórias que se propagam na memória destes dio é um meio pobre, sobretudo com a televisão, a Inter-
profissionais. Mariana lembra que, em Portimão, um ou- net, os iPods e tanto acesso à informação, está enganado.
vinte entrou no autocarro, perguntou se podia sentar-se Toda a gente gosta de sentir companhia e nós trazemos a
para ver a emissão e nunca mais se foi embora. “Teve magia da palavra.”
que vir outro colega a pedir para se retirar, porque ele fa- A emitir para Norte, Oeste, Ribatejo, Alentejo e Al-
zia perguntas de 5 em 5 minutos e nós tínhamos que es- garve, na NFM privilegia-se a interação com os ouvintes,
tar mais concentrados.” Já em Armação de Pêra, onde as suas histórias e os seus lugares. “Nenhuma estação
decorria uma feira popular, um senhor viu o autocarro e com características nacionais, como nós aspiramos ter,
entrou para oferecer fichas para os carrosséis. “Pusemo- vai falar com o presidente da câmara de Albufeira a me-
lo a falar na rádio como se estivesse a falar nos microfo- nos que caia uma arriba. Nas estações nacionais ninguém
nes da feira a anunciar mais uma voltinha”, conta João. ouve as temperaturas de Amarante ou Aljezur e devemos
Percorrer milhares de quilómetros para fazer emis- dar atenção a essa realidade”, sustenta o diretor. P.P.
agosto’10 21
actualidade I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarão
Venda das atuais instalações permitará construir esp

Adega do Marco e Cooperati


Paula Costa | pcosta.tamegapress@gmail.com | Fotos | AFEDT e RM

P
ara “juntar sinergias” está vem-se as duas organizações. É muito mais fácil a pessoa portante que isso, deixar tudo equilibrado financeira-
ter um sítio único onde vai tratar de tudo. A Cooperativa mente”.
a ser preparada a fusão está no meio da cidade, com problemas de espaço e de es-
da Cooperativa Agrícola e tacionamento”, lembra o presidente da Direção.
| Associação Florestal
A Adega Cooperativa do Marco é de 1954. “Na al-
da Adega Cooperativa do Marco
de Canaveses. A Direção tenciona
tura era o melhor que havia, hoje está desadequada”,
diz o presidente da Direção. “Pretendemos aproveitar
já tem 400 associados |
vender o imóvel da Adega, em Tuías, o armazém que temos em Tuías, com 600 m2 de área Presidente da Direção da AFEDT desde a fundação
coberta” e instalar lá as três organizações representati- (em 1996), Marramaque Encarnação diz que “o que está
e construir um espaço comum para vas da agricultura e silvicultura. Os associados “já con- neste momento na calha é um projeto um bocado ambi-
os serviços da Cooperativa, da Adega cordaram na generalidade com a ideia” e a decisão do cioso, que dá muito trabalho” porque “os portugueses
que fazer ao património será tomada em assembleia ge- não têm espírito de associativismo desenvolvido, são in-
e da Associação Florestal de Entre ral pelos sócios. Neste momento a Direção está “à es- dividualistas, desconfiam uns dos outros. É um projeto
Douro e Tâmega. pera da avaliação do património” das duas cooperati- que espero levar a cabo para [depois] me ir embora” da
vas “para depois fazermos a fusão e a equivalência das Direção, anunciou.
A saída da Adega e da Cooperativa Agrícola dos es- ações. Fazendo-se a fusão efetiva, todos os sócios ficam A AFEDT começou numa sala cedida pela Adega
paços que ocupam atualmente e a construção de uma donos de tudo. A Adega já teve cerca de 400 sócios. Atu- do Marco (depois mudou para a sede da Junta de Tu-
sede nova para a Associação Florestal de Entre Douro e almente tem cerca de 90. Neste momento na Coopera- ías) e foi criada por proprietários que precisavam de
Tâmega (AFEDT) é um assunto que “já foi discutido em tiva estamos reduzidos a 35 sócios. A nossa ideia é alie- apoio técnico para desenvolver as suas áreas flores-
assembleia e está para avançar”, disse ao Repórter do nar a adega”. tais. A zona de atuação da AFEDT, que tem cerca de
Marão o presidente da Direção das três entidades, Ama- A Direção tem “um cálculo” de que conseguirá “re- 400 associados efetivos, abrange os concelhos de Ama-
deu Marramaque Encarnação (à esq. na imagem). solver o problema com 750 mil euros”, aproveitando a rante, Baião, Marco de Canaveses, Cinfães e Resende.
O objetivo é “juntar tudo o que diga respeito à ati- parte de construção do edifício localizado na estrada É através do contacto direto com os associados, a
vidade agrícola do concelho, ficar tudo no mesmo sítio, para Avessadas e algum equipamento da Adega. Para quem presta “vários serviços para os ajudar a defen-
a parte da compra de produtos e a parte burocrática”. Marramaque Encarnação, o imóvel da Adega (situado der, a gerir e obter melhores rendimentos da sua flo-
Um espaço novo vai permitir “criar condições novas de na zona industrial) “vale à vontade um milhão de euros. resta” que a AFEDT promove o associativismo flo-
acesso, de parqueamento e de qualidade aos utentes” e, Agora, quanto é que vai dar? Depende muito. Já se per- restal, procurando “valorizar a floresta muito além
por outro lado, “juntar sinergias”, defende Marramaque deram algumas oportunidades. Não podemos avançar da madeira em si”. E nesse aspeto, destaca o coorde-
Encarnação que deu ainda conta de que “os serviços de sem a aprovação da assembleia. Prevemos vender aqui- nador técnico, António Neto, “há um atraso que é de
contabilidade e administrativos já trabalham em parce- lo por um preço razoável”, referiu afirmando pretender “décadas” comparando com alguns países nórdicos.
ria. Com o mesmo pessoal e o mesmo equipamento ser- deixar as três organizações “em casa nova e, mais im- A Associação tem quatro equipas de sapadores flores-
aço para acolher também a Associação Florestal

va Agrícola preparam fusão


tais (uma por cada concelho, com exceção de Resende)
e uma equipa de trabalhadores florestais criada através
de um protocolo com o Centro de Emprego (que inclui
25 desempregados de longa duração) a que se juntam
três técnicos e uma administrativa.
“Temos diversos protocolos e com as câmaras mu-
nicipais definimos as áreas prioritárias de intervenção.
Através de silvicultura preventiva, os sapadores têm
como trabalho criar condições para que a floresta fique
mais resistente ao fogo. A atividade principal é a limpe-
za de mato e vegetação em faixas junto aos acessos prin-
cipais a zonas de floresta”. que corresponde à margem direita do rio Tâmega, entre base dos proprietários é um trabalho muito demorado,
Outros trabalhos das equipas de sapadores são as Freixo de Cima e Maureles, abrangendo parte dos con- persistente, continuado. A criação destas ZIF´s é ape-
ações de sensibilização e de vigilância. “Há um ponto de celhos de Amarante e do Marco de Canaveses”, adian- nas o início. Daqui para a frente muito trabalho há para
vigia para onde os vigilantes vão quando o nível de alerta tou António Neto. fazer”, antevê o técnico.
é amarelo ou superior, quando há risco elevado de ocor- “As ZIF pretendem que uma determinada área flo- Numa ZIF há várias valências que podem ser explo-
rer um incêndio. Havendo um incêndio num setor onde restal se desenvolva de uma forma organizada”, expli- radas. É o caso da “produção de mel, o próprio turismo
eles sejam responsáveis passam da vigilância à primei- ca o técnico. “São criadas de maneira a tornar eficaz o é perfeitamente possível, a biomassa, a produção de ma-
ra intervenção. Também apoiam os bombeiros no com- ordenamento e a sustentabilidade dessas áreas flores- deira de qualidade. Se o território estiver devidamente
bate aos incêndios”. tais. Dentro daquele espaço existem centenas de pro- organizado esses investimentos são muito mais seguros.
prietários, centenas ou milhares de parcelas. Em Mon- Muito mais do que se cada um andasse a investir por si
| Ampliar o número das ZIF | tedeiras, verificámos que em 1 000 hectares existem
qualquer coisa como 1 820 prédios rústicos, 726 proprie-
próprio. Se, de uma forma organizada, planearmos me-
lhor as atividades daquele espaço cada um per si tem
A equipa permanente de trabalhadores flores- tários. Mas estamos a falar de uma área só, a serra de melhores condições de estar precavido contra os incên-
tais presta apoio aos associados. Efetua “desde lim- Montedeiras. Se ela for organizada, tiver planos de ges- dios, rentabilizar os investimento e ter mais proveitos no
pezas estratégicas, às plantações, podas e desbastes”. tão, de ordenamento, que dêem as pistas sobre como futuro”, defende António Neto.
As Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) têm merecido gerir melhor aquele espaço temos as condições ótimas A AFEDT está a desenvolver a certificação flores-
“esforços continuados” da AFEDT. Criada em junho, a para rentabilizar os investimentos e melhorar a produti- tal para os associados e nas ZIF, fazendo parte da As-
ZIF de Montedeiras é a primeira no concelho do Mar- vidade dos povoamentos”. sociação de Certificação Florestal do Tâmega, criada
co. Este ano foram criadas as ZIF de Aboim e de Gon- A AFEDT está “a investir nas ZIF” e vai continuar por várias entidades para fazer a certificação flores-
dar, em Amarante. “Estamos a trabalhar numa outra a fazê-lo. “É óbvio que este trabalho de organização de tal na região.
26 setembro’10

repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I opinião

O teste do Orçamento do Estado O CMIN


tem solução
A menos de dois meses da data para Orçamento do Estado (OE) para 2011.
apresentação do Orçamento do Estado Ao lançar esta ameaça na rentrée de
na Assembleia da República, os dois prin- Quarteira, Passos Coelho olvidou que o
cipais partidos iniciam o ano político num compromisso de limitar as deduções fiscais
clima de alguma tensão e trocam entre si em saúde e educação foi assumido perante O Centro Materno-infantil do Norte é um pro-
acusações que deixam os portugueses a a União Europeia aquando da aprovação do blema que se arrasta há pelo menos duas décadas e
pensar numa crise política a breve prazo. PEC II, com o voto favorável do seu parti- que tem sido objecto de sobressaltos e contratem-
Tudo aquilo que o país não precisa. do. Por outro lado, o PSD recusa-se a apon- pos que têm impedido a sua concretização. A histó-
O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, tar prioridades na redução da despesa pú- ria deste projecto é fértil em episódios e discussões
cinco meses depois da sua eleição, come- blica, mostrando-se desde logo incapaz de que não abonam em nada o prestígio de políticos e
ça a sentir a pressão de alguns dos apoian- dar o exemplo nas autarquias que lidera e instituições.
tes mais próximos, ávidos da conquista do no Governo Regional da Madeira. Pelo con- Já chega de problemas de última hora e é mais do
poder. Passos Coelho começou bem, mere- trário, está sempre na primeira linha dos que tempo de colocar um ponto final nas duas estru-
cendo elogios unânimes por viabilizar a se- protestos contra qualquer decisão do Gover- turas ultrapassadas e até perigosas para os utentes
gunda vaga do Programa de Estabilida- José Carlos Pereira no de racionalização dos serviços públicos. que servem o Porto e a Região, o Hospital de D. Ma-
de e Crescimento (PEC) e por dar sinais Gestor O primeiro-ministro e líder do PS, José ria Pia e a Maternidade de Júlio Dinis. A sua substi-
de entendimento com o primeiro-ministro Sócrates, respondeu à letra ao enunciar as tuição por um equipamento moderno, bem equipado,
num momento em que era determinante Portugal surgir fragilidades das posições do PSD, vincando que o PS não associado a um grande hospital central e capaz de res-
aos olhos dos mercados financeiros e da comunidade inter- está disposto a trocar a viabilização do OE pela cedência ponder às exi-
nacional com as principais forças políticas unidas no propó- às propostas do PSD em matéria de revisão constitucional. gências dos nos-
sito de vencer a crise. Sócrates sabe que o tempo joga a seu favor e que não há sos tempos (o
Contudo, o PSD profundo, afastado do poder desde qualquer hipótese de “fechar” a discussão orçamental até 9 CMIN) é uma
2005, sentiu que devia tirar partido de alguns dossiers que de Setembro, data a partir da qual Cavaco Silva fica impe- emergência so-
desgastaram o primeiro-ministro e o Governo e começou a dido de dissolver a Assembleia da República. cial e uma exi-
preparar o assalto ao poder. Não contavam os sociais-de- Creio no entanto que o PS, limitado pela impossibilida- gência de todos
mocratas com o verdadeiro flop em que se transformou o de de diálogo com os partidos à sua esquerda, o que não os que se pre-
seu projecto de revisão constitucional, uma das peças em deve alterar-se nos tempos mais próximos, acabará por pri- ocupam com a
que assentava a estratégia de criar rupturas com o PS. vilegiar um entendimento com o PSD para viabilizar o OE. qualidade de
Esse projecto de revisão constitucional, que hoje anda Os dois partidos centrais do nosso regime devem aos portu- vida na Região.
em bolandas e sem paternidade assumida, acentuava uma gueses um OE rigoroso e exequível para 2011, que dê con- A actual di-
postura liberal e de enfraquecimento do sector público, seja fiança aos mercados e vá de encontro aos compromissos as- vergência entre
na educação, na saúde ou nas políticas sociais, e abria por- sumidos perante a União Europeia. a Câmara Mu-
tas a uma menor rigidez nos despedimentos dos trabalha- Sócrates e Passos Coelho têm aqui um teste à sua ca- nicipal do Por-
dores. Num momento de dificuldades como o que vivemos, pacidade política e à sua condição de estadistas. A recupe- to e o Governo,
este foi um verdadeiro tiro no pé que o PSD tenta agora ração da economia nacional em nada beneficiaria com um que neste mo-
corrigir ao levantar a voz contra as limitações das deduções eventual chumbo do OE, a introdução do regime de duo- Marco António Costa
mento se traduz
fiscais em saúde e educação e em favor de mais cortes na décimos até pelo menos meados do próximo ano e um pré- Vice-Presidente do PSD e da
num impasse
despesa pública, fazendo depender disso a viabilização do anúncio de instabilidade política. regulamentar, C.M. Vila Nova de Gaia
mostra também que uma solução viável e definitiva

As touradas
pode passar por deslocar o projecto do centro da cida-
de e dos inevitáveis problemas de acessos e mobilida-
de, instalando-o noutro local.
A proposta de construir o CMIN no Centro
Falar de touradas é falar de um dos espectáculos mais à Humanidade. Pelo direito dos animais. Contra a tortura Hospitalar de Vila Nova de Gaia, além de ser um
degradantes que eu conheço. No meu entender, as toura- e o sofrimento animal. contributo decisivo para o desbloqueamento de um
das põem em evidência toda a nossa mediocridade, enquan- A nossa querida RTP transmite muitas vezes este tris- impasse político-administrativo sem fim à vista, im-
to seres pensantes. te espectáculo, julgando estar a prestar um serviço públi- pedindo mais um adiamento do início da concretiza-
Não adianta chamar para aqui uma quantidade de ad- co. É um espectáculo que a RTP leva para o ar, ignoran- ção do hospital, responde a todos os requisitos espe-
jectivos para qualificar a chamada "festa bra- do estar a contribuir para o embrutecimento rados e apresenta vantagens importantes.
va". Era chover no molhado. E molhado por da nossa sociedade. Não consigo entender os Ficará junto a um grande e moderno centro
molhado, prefiro o molhado da chuva, que o critérios usados pela televisão do Estado, ao hospitalar central, tem excelentes acessibilidades e
molhado do sangue dos touros nas arenas. fazer a cobertura de uma coisa daquelas não acabará por estar no centro de uma concentração
Há quem compare "aquilo" com o fute- sei quantas vezes em cada verão (não esque- de mais de um milhão de pessoas a Norte e a Sul
bol ou com o cinema, sustentando que é um cendo que o canal 2 tem ao domingo um pro- do Douro e complementando com todas as vanta-
espectáculo como outro qualquer. Há quem grama com o mesmo conteúdo) quando por gens a acção do futuro hospital pediátrico do S. João
diga que "aquilo" é arte, que "aquilo" é cultu- exemplo o teatro, a ópera, o bailado, os con- (O “Joãozinho”). Não é, aliás, por acaso que muitos
ra. Mas nós, os amigos dos animais, sabemos certos, são ostensivamente esquecidos. Es- médicos e especialistas da área, desde a Ordem dos
muito bem o que "aquilo" é. Os aficionados tamos a falar de uma estação televisiva que Médicos até pediatras e obstetras, têm elogiado e
não têm argumento para solidificar tama- recebe milhões dos bolsos dos contribuin- apoiado a proposta de Vila Nova de Gaia.
nho mau gosto, tamanha selvajaria, tama- tes e que devia ser uma âncora de desenvol- Neste momento o que é preciso é ultrapassar
nha aberração. Eles não sabem, não pensam, vimento cultural e intelectual dos portugue- o impasse. Como autarca espero que não seja a
nem sonham, porque são pura e simples- ses. Entre o conhecimento e a brutalidade, luta partidária ou uma eventual marcação de terre-
mente destituídos de algo que é elementar a RTP não sabe o que é melhor para as pes- no por parte de uma proto-candidatura socialista à
num ser humano: sensibilidade. soas. Câmara portuense a dificultar uma solução. Mães
É recorrente os amantes da barbárie vi- Fernando Beça Moreira Mas o mais impressionante é constatar e crianças não têm culpa das divergências dos polí-
rem com aquela conversa de que os anti-tou- Penafiel que localidades que não têm qualquer tradi- ticos ou de artificiais querelas entre instituições e é
radas são capazes de comer carne, ignorando ção nestas coisas se dêem ao luxo de realizar nossa obrigação encontrar as soluções mais adequa-
que não é preciso ser vegetariano para defender os animais esses hediondos espectáculos. Estou a falar concretamente das e eficazes.
sejam eles quais forem e onde estiverem. O importante da minha terra, Penafiel, que foi há cinco ou seis anos, bafe- O que é urgente é uma descomplexada decisão
aqui, e eles continuam a não perceber, é não infligir seja em jada com esta sangrenta festa e de Baião, ainda há dias. São política por parte do Governo, que ponha de lado co-
que circunstâncias forem, dor e sofrimento para nosso di- sociedades culturalmente atrasadas. São sociedades não de res partidárias ou cálculos eleitorais futuros e seja
vertimento. E é isso o que as touradas contêm. tradições, mas de "tardições". capaz de escolher a solução que melhor sirva as po-
Aguardo ansiosamente pela proibição de touradas ou "Há quem goste", costumam ainda dizer, os amantes pulações da Região Norte. E as boas relações entre
de qualquer tortura animal em Portugal, e que essa proibi- dessas histórias horripilantes. Eu pela minha parte, digo a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e o Minis-
ção seja aprovada o mais rapidamente possível. Há já uma que não gosto de touradas, nem gosto de quem gosta delas. tério da Saúde podem ser a garantia de uma solução
petição oficial a circular para recolher o número de assina- Felizmente que gosto de muita, muita gente. rápida e a contento dos interesses regionais.
turas necessárias para levar à Assembleia da República Tiro o meu chapéu a Viana do Castelo, primeira cidade Haja vontade política!
esse tema. Se todos assinarmos estamos a fazer um favor anti tourada deste pobre, pimba e incendiário país.
setembro’10 27
opinião IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII repórterdomarão

Novos desafios A língua é a nossa P(M)átria?


para os jovens Haverá verdades ou regras
Não posso deixar de anotar e acompa-
nhar, com curiosidade, a fantástica aventura
da Câmara Municipal de Amarante quando,
Seria bom pensarmos e aprofundarmos
um maior envolvimento das populações com
as suas vivências tradicionais, expondo-as
absolutas?
em 12 de Março de 2010, formalizou a sua in- mais aos contactos com os consumidores des- Que não há verdades absolutas também o senti na profissão em que a “verdade”
tegração no Projecto Rota do Românico do tes produtos sempre ávidos de experiências era a que eu eventualmente presenciara, ou o que ia sabendo nas variantes de quem a
Vale do Sousa. A congregação de esforços, inovadoras e genuínas e, assim, refundar ca- contava. Existia ainda o sagrado dever de a todos ouvir e por igual respeitar.
do Vale do Sousa e do Baixo Tâmega (1), se- minhos que concretizem experiências enoló- Isto veio a propósito da nota do RM na minha última crónica que, preventivamen-
rão, no futuro, pólos catalisadores de desen- gicas e gastronómicas únicas direccionadas, te, dizia não estar escrita conforme ao recente acordo ortográfico que é, para mim, a
volvimento sustentado, se os seus promoto- ainda subaproveitadas, onde o Município e forma de escrever o que se quer dizer de modo a que se entenda.
res quiserem e souberem, e que, numa visão particulares poderão criar riqueza. Daí lembrar a Escola Primária onde, o professor Pena - “terror ortográfico”- não
mais global, poderão aproveitar o potencial Têm sido importantes as iniciativas ca- tolerava erros ou faltas, nas sabatinas e o que ele cha-
do Douro Vinhateiro, com ligações a rotas te- marárias de divulgação apelativa de produ- mava de «breakfast`s» e «bolos» com que nos aterro-
máticas que se expandem pelo Minho. tos tradicionais mas, no entanto, a convivência rizava após o almoço. Assim lá fui cumprindo religio-
Admiro e valorizo esta sensibilidade inte- com a sua génese é imprescindível para criar samente até ao primeiro embate nos livros técnicos
lectiva de visão prospectiva que pode qualifi- desenvolvimento sustentável (4) de iniciativa que, por escassos, eram mais acessíveis em traduções
car e requalificar recursos humanos, gerar ri- privada, com certeza impulsionado pelas enti- “brasileiras”.
queza e garantir empregabilidade: trata-se, dades públicas. O próprio simbolismo cultural Depois foi a Redacção do JN, grande exemplo de
efectivamente, de uma assunção sócio-eco- imaterial tornado visível a expensas públicas, correcção ortográfica e não só. Desde a preocupação
nómica, de cariz vincadamente cultural, es- e bem, necessita de vivências e experiências de quem escrevia, na dúvida corrigida logo com cole-
sencial para a formação do homem e, particu- locais que, em conjunto com as escolas, po- gas, até aos olhares atentos dos chefes, dos professo-
larmente, constituir-se como um contributo derão ser criadores e irradiadores de cultura. res de português que à tarde vinham dos liceus da ci-
decisivo para a culturização e formação de jo- Da atracção à irradiação vai um passo funda- dade “rever” as provas, e dos maquetistas e gráficos,
vens, transformados por esta via em verda- mental, o de integrar e relacionar fluxos turís- todos garantiam a impoluta grafia.
Passando ao largo tudo o mais até às recentes Armando Miro
deiros agentes culturais dinamizadores das ticos em rotas temáticas conexas com os gran- Jornalista
regiões. des movimentos nacionais e internacionais: manifestações pró e contra o “tal” acordo, dos sensa-
Na minha perspectiva, é necessário apro- o turismo da natureza que aproveita as bele- tos aos vociferantes, baralho-me ainda mais nas po-
veitar esta força, reconhecidamente meri- zas paisagísticas locais e as integra em rotas e sições de pensantes e intelectuais. Vá lá a gente saber o rumo a dar ao apoio ou desa-
tória a nível político, que, aliada à formação percursos contíguos e circundantes; circuitos cordo.
especializada e colocada à mercê dos jovens em espaço rural que potenciam a conciliação Chegou-me em férias aquela nota e, uma das coisas que me ocorreu, foi pensar o
nas escolas locais e regionais (2), será um entre o enológico único e o gastronómico; do que levaria os nacionalistas espanhóis, que alguns nem sequer querem ser, a quererem
sustentáculo de desenvolvimento futuro. É património edificado e artístico material alia- impor a sua língua como primeira opção.
um mundo a despontar que se abre a todos, do a vivências religiosas impares que, integra- Sem dúvida (?) que a nossa língua é a nossa Pátria, como disse Pessoa , ou Mátria
com certeza já com frutifica- das nos grandes movimentos com disse Natália Correia, e sem dúvida também que, em muitos casos, foi uma forma
ção noutros lugares, mas que espirituais seculares, trariam de afirmação de identidade de povos oprimidos, proibidos de usar a própria língua, que
necessita de verdadeiros in- mais visibilidade e riqueza ao dela fizeram bandeira e símbolo de afirmação e luta.
térpretes culturais predispos- nosso burgo. Pensei por que raio os espanhóis não querem falar o castelhano que todos deve-
tos para mobilizar saberes cul- A consumação destas sen- riam entender. Mas se têm uma que é a deles desde o berço, a primeira com que se
turais de fruição estética e de sibilidades, e sempre por ini- exprimiram e até aquela onde às vezes só nela encontram a forma do que querem ex-
elevada apreciação patrimo- ciativa dos poderes públicos primir não era uma verdade? Como é que se traduz uma palavra que, exprimindo um
nial no domínio do edificado e conciliados com os privados, sentimento, só a entende cabalmente quem a sentiu e aprendeu por sentir. Será fácil
artístico, a precisar de um em- transformaria de forma radi- descrever um sentimento? Respeitará a tradução para outras línguas o que disse Ca-
preendedorismo que se mova cal as potencialidades sócio- mões, Pessoa, Agostina, Saramago, Lobo Antunes ou tantos outros?
na área do turismo cultural e económicas da nossa locali- Assisti várias vezes, em Mateus, às traduções de poesia de vários países de línguas
ambiental que se espelha nos dade, contribuindo para o tal que apenas sabia existirem. Quantas vezes, lidos os poemas - em português pelos tra-
monumentos e lugares, na cul- desenvolvimento sustentável, dutores e na materna língua pelos autores - não “entendi” melhor os segundos mesmo
tura contemporânea, no modo Sílvio Macedo a médio e a longo prazo, in- sem saber o que diziam...
de vida de um povo ou região: Professor Colég. S. Gonçalo terferindo positivamente na Sabemos que há línguas, variantes da língua, dialectos, regionalismos, localismos
é a manifestação de pureza ét- qualificação dos recursos hu- e outras coisas mais, nas mais variadas formas de verbalizar, vindo depois a posterior
nica criadora no seu estado mais genuíno. É manos e melhoria da qualidade de vida das necessidade, ou não, de as escrever – a Ortografia. Só em Timor, onde apenas o Tetum
este reconhecimento, aberto ao outro, da sua populações, onde as escolas, com a formação tinha uma recente gramática e ortografia onde ainda mergulhei um pouco (1969/71),
etnicidade, que contribui para expelir etno- de agentes culturais garantiriam um novo havia perto de 30 dialectos, sendo aquele quase comum a todos.
centrismos e se aproxima de vivências de al- empreendedorismo que a todos beneficiaria. Recordo tanmbém, a propósito, ter acompanhado na Galiza os primeiros passos
teridade multiculturais. do galego institucionalizado na pós democracia, e as universitárias guerras composte-
Na era da prevalência da economia so- (1) Parece haver uma nova dinâmica nesta sub-região,
lanas que, alternadamente, justificavam a evolução deles a partir do nosso galaico ou
bre quase todas as actividades humanas, o como atesta a entrevista concedida por José Luís Carneiro, do galês/francês.
produto «turismo cultural»(3), que se espraia presidente da Dólmen, ao jornal «Repórter do Marão» de Tempos depois, numa estadia num hotel da Galiza, ao ver um filme supostamen-
pelas rotas temáticas, no turismo do espaço
Agosto de 2010. O objectivo é a captação de investimentos te legendado em galego já oficial, nada percebi. Julguei tratar-se de um engano e não
para os repartir pelos sectores tradicionais e na dimensão
rural e alojamentos locais, na implementa- turística, contribuindo decisivamente para a criação de ri-
adivinhei que língua era aquela que servia a legenda do filme. De manhã, na recepção,
ção de circuitos, na vivência das actividades queza e para o desenvolvimento integrado do território. perguntei ao empregado (galego) o que teria acontecido. Ele, que também tinha visto
de animação, no turismo de eventos e do pa- (2) A este propósito veja-se o Curso Tecnológico de Tu- o filme, disse-me logo: deixe lá que eu também não percebi nada. Há para aí uns inte-
trimónio material e imaterial, entre outros, e
rismo Cultural e Ambiental, do Colégio de S. Gonçalo e, na lectuais que fizeram um galego novo.
escola Lago Cerqueira, o Curso de Técnico de Turismo, o
potencia desenvolvimento durável com crité- primeiro mais abrangente do que o segundo, este de cariz
Em que ficamos então? Apenas sei que, enquanto puder e me deixarem (e quem
rios de qualidade de vida e da sua melhoria, mais técnico. Contudo, respostas e iniciativas formativas terá autoridade para mandar o contrário), usarei o português que balbuciei no colo,
pode e deve convocar quase todas as pesso- quase gratuitas para os formandos. que depois usei e grafei para me exprimir e comunicar para ser entendido pelos meus
as de uma localidade ou região. Neste con-
(3) No sentido de elucidar os leitores, veja-se o trabalho e não só. Quero continuar a vestir um fato e não um terno, e a expor os factos, onde o
de Xerardo Pereira Perez, «Turismo Cultural: Leituras de
texto, Amarante possui um potencial endóge- Antropologia, UTAD», que valoriza a definição de turismo
“c” não cai por que não é mudo, a dizer e escrever tudo conforme o sei e o sinto.
no próprio, fundamentado na sua localização cultural de Greg Richard(2000)assim: «o modo como os tu- A diversidade também ajuda a entender-nos e fomenta o diálogo. Se o português
geográfica privilegiada de atracção e irradia- ristas consomem a cultura, sendo esta o conjunto das cren- fosse o mesmo em Portugal e no Brasil, nunca teria as tão saborosas e ricas conversas
ção de fluxos turísticos. O Município dever-
ças, ideias, valores e modos de vida de um grupo humano, com aquele empregado que me serviu na praia e não entendeu o pedido. Se ele o fizes-
mas também os artefactos, a tecnologia e os produtos de um
se-á tornar, num futuro próximo, num pólo de grupo humano».
se à primeira teria ficado por ali a conversa e pronto.
atracção centrífugo para usufruir também do (4) O conceito de «Desenvolvimento Sustentável» é, Mas o facto mais recente, catalizador deste escrito, foi quando em minha casa um
potencial de desenvolvimento turístico exó- normalmente, definido como o desenvolvimento que procu- dos operários disse a outro da mesma terra, uma aldeia do Douro Vinhateiro: o meu
geno que emerge consistentemente e acele-
ra satisfazer as necessidades da geração actual, sem com- rapaz, que foi este ano para a primária de (e disse o nome da aldeia ao lado da deles),
prometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem
radamente nas regiões circundantes. as suas próprias necessidades.
já fala à moda dos de lá...
28 setembro’10

repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I tâmega/diversos

Jornadas do PSD Marco Mobiliário de Paços de Ferreira


vão ser realizadas anualmente aguenta a crise
As jornadas de verão, organizadas pela Comissão Política
Concelhia do PSD do Marco de Canaveses, “conseguiram ul-
trapassar as expectativas na adesão popular ” e vão realizar-se
anualmente, anunciou Rui Cunha, líder da Concelhia do PSD.
O evento social-democrata contou com a presença do vice-presi-
dente do PSD, Marco António Costa, que afirmou que a iniciati-
va fará parte do calendário do PSD nacional.
Durante as jornadas, que reuniram dezenas de militantes e

GNR defende redução de


simpatizantes, foram feitas visitas a Alpendorada, ao cais de Bi-
tetos e à cidade romana de Tongobriga, em Freixo (foto), tendo
“como principal objetivo a participação ativa junto da comuni-
dade marcuense abrangendo transversalmente os setores eco-
nómico, cultural e turístico”. velocidade nas estradas O secretário de Estado Adjunto, da Indústria e do Desen-
volvimento, Fernando Medina, desafiou os industriais do mobi-
O responsável pela nova Divisão de Trânsito e Segurança liário de Paços de Ferreira a aproveitarem os “significativos si-
Rodoviária da GNR considera "imprescindível" que os conduto- nais de recuperação económica” em Portugal para investirem.
res reduzam a velocidade com que circulam nas estradas, pois “Portugal enfrentou em 2009 uma recessão severa, mas há
esta é a "grande causa" da sinistralidade em Portugal. hoje sinais de recuperação significativos que muitos, incluindo
Em declarações à agência Lusa, o tenente coronel Carlos o próprio Governo, não esperavam”. Apelou ainda às empresas
Duarte referiu que o objetivo desta nova estrutura da GNR é para “começarem a retomar a dinâmica de investimento para
"melhorar a coordenação em toda a área do trânsito" que envolve depois estarem em melhor posição face à concorrência”.
mais de 2 100 elementos da Guarda em todo o país. O secretário de Estado inaugurou a 35.ª edição da feira de
Segundo disse, a nova estrutura é um órgão técnico e funcio- mobiliário e decoração Capital do Móvel, que encerra dia 5.
nal, destinado a coordenar todo o trânsito sob a alçada da GNR e A organização espera receber mais de 20 mil visitantes, que
que para já conta com 10 militares, todos experientes e "conhece- poderão avaliar a oferta de 250 marcas de mobiliário, distribu-
dores dos problemas" rodoviários. ídas por 100 expositores, em 15 mil metros quadrados de área.
Afastando a ideia de que a criação desta nova estrutura es- O presidente da Associação Empresarial de Paços de Fer-
teja relacionada com os trágicos acidentes na A25 em agosto ou reira (AEPF), Helder Moura, admitiu que “o setor do mobili-
com a extinção da Brigada de Trânsito na GNR, Carlos Duarte ário, tal como os outros setores, sente dificuldades”, mas con-
mostrou-se convicto de uma "fácil articulação" desta Divisão de siderou que “tem conseguido reagir de forma positiva à crise
Trânsito com as outras estruturas já existentes na GNR e apon- internacional”. O responsável associativo estima que se perde-
ÉDITO tou a ação preventiva e também coerciva contra o excesso de ve-
locidade como uma prioridade.
ram cerca de 1 000 postos de trabalho nos últimos dois anos no
concelho de Paços de Ferreira.
"É sabido que a primeira grande causa dos acidentes em
Faz-se público que, nos termos e para os efei-
tos do Art. 19º do Regulamento de Licenças para
Portugal é a velocidade", disse, sublinhando ser "imprescindível
reduzir a velocidade" com que os portugueses circulam nas estra-
CD hip-hop 'Retratos' à venda este mês
Instalações Eléctricas, aprovado pelo Decreto-Lei das, através de campanhas de sensibilização, de medidas coerci- O CD de hip-hop "Retratos" do Poeta de
n.º 26 852, de 30 de Julho de 1936, com redacção vas e da fiscalização com os radares. Rua, nome artístico de Gustavo Carvalho, já
dada pela Portaria n.º 344/89, de 13 de Maio, esta- apresentado em Amarante, deverá ser pos-
rá patente na Secretaria de MUNICÍPIO DE AMA-
RANTE e na DIRECÇÃO REGIONAL DA ECO-
Incêndios fustigam norte to à venda durante este mês. Gustavo Car-
valho, 23 anos, é de Amarante e conta fazer

mas espera-se nova acalmia


NOMIA DO NORTE, Rua Direita do Viso, 120, a divulgação do CD brevemente em Lisboa
4269-002 PORTO, todos os dias úteis, durante as e Porto, mas ainda estão por definir as da-
tas e locais onde vai atuar, adiantou ao RM.
horas de expediente, pelo prazo de quinze dias, a A área ardida no ano de 2010 será a terceira maior dos últi- Na região, o CD vai ser apresentado
contar da publicação deste édito no “Diário da Re- mos 10 anos, logo a seguir aos fatídicos anos de 2003 e 2005. As em bares e discotecas. “Retratos” sucede ao CD “Arquivo da
pública”, o projecto apresentado pela EDP DISTRI- vozes críticas quanto ao atual modelo de combate e prevenção Alma”, ambos lançados em edição de autor.
BUIÇÃO - ENERGIA, SA, DIRECÇÃO DE REDE dos fogos florestais aumentam a cada dia que passa.
E CLIENTES NORTE, para o estabelecimento da Segundo números revelados por uma agência europeia que
LN Mista a 15 KV, LN AMARANTE - BAIÃO (1. contabiliza os fogos florestais, em agosto arderam em Portugal
Troço) - (modificação - substituição vão 16 - 17 de mais de 94 mil hectares (um hectare é igual a um campo de fute- AMARANTE
bol), o que é substancialmente mais do que as autoridades portu-
LN aérea para subterrânea), na(s) freguesia(s) de
guesas têm divulgado.
FELGUEIRAS
S. Gonçalo e Madalena, concelho(s) de Amarante,
Segundo a AFN (Autoridade Florestal Nacional), 71 687
a que se refere o Processo nº. EPU / 11994.
hectares de área ardida foram contabilizados desde o início do Instituto de Línguas
Todas as reclamações contra a aprovação des- ano e até 15 de agosto, inferior aos dados europeus divulgados
te projecto deverão ser presentes na Direcção Re- pelo Serviço Europeu de Fogos Florestais. Personal Teachers (m/f) part-time
gional da Economia do Norte ou na Secretaria da- Este serviço revela que a área ardida deste ano é muito su-
quele Município, dentro do citado prazo. perior a 100 mil hectares, com forte incidência sobre as áreas A – Requirements:
Direcção Regional da Economia do Norte, 05-05-2010 protegidas, locais que deveriam estar mais protegidos. Só os dois  Native English Speakers;
incêndios ocorridos no Gerês e na Estrela consumiram mais de  Professional, communicative, dynamic, motivated,
O DIRECTOR REGIONAL 13 mil hectares. with team spirit and sense of responsability;
(Manuel Humberto Gonçalves Moura) Os últimos dias voltaram a ser fustigados por grandes incên-  Vocation for teaching;
dios, sobretudo no norte, mas aguarda-se que a descida da tem-  Degree and or TOEFL Diploma;
Reporter do Marão, N.1243 - set'2010
peratura volte a trazer alguma acalmia aos bombeiros.  Teaching experience preferred;
B – Requirements:
Jorge Manuel Costa Pinheiro VENDE-SE em AMARANTE  Excellent level of English and Portuguese;
 Professional, communicative, dynamic, motivated,
APARTAMENTO T4 Duplex with team spirit and sense of responsability;
Na Urbanização do Outeiro  Vocation for teaching;
Com 170 m2. Mais um sótão e duas
 Degree and teaching experience preferred
garagens autónomas (total: 230 m2). Duas Please send CV as an attachment
frentes: nascente/poente; 3 quartos, uma
amarante@lancastercollege.pt
suite; 3 WC; Escritório; As melhores vistas
Comércio de todo o tipo de material de escritório sobre o rio e a cidade. Em zona residencial, felgueiras@lancastercollege.pt
c/ bons acessos, a 800 m da A4. Ótimo
Rua Teixeira de Vasconcelos - Amarante preço. Mudança de residência. Particular. Abertas as INSCRIÇÕES
Telef. 255 422 283 * Telem. 917 349 473 T. 919 104 916 para o ano lectivo 2010/2011
setembro’10 29
tâmega / crónica I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarão

Sobrelotação da escola é
o maior constrangimento
António Mota

Julieta e Romeu
 Três novos cursos profissionais neste ano letivo Às vezes demoro o olhar em
todos os cantos desta casa imen-
ca gostei de perfumes baratos,
mandei embora o meu Romeu
sa, que agora me amedronta, no primeiro dia de janeiro, mas
e bem depressa descubro, nes- não me perguntes o ano, que sou
ta solidão quebrada pelo tic-tac incapaz de recordar.
do relógio de parede, que, ao fim Mandei à vida o Romeu no
destes anos todos, tenho uma primeiro dia do ano, e nunca me
mão cheia de nada, e outra de arrependi. Fui o pai e a mãe do
coisa nenhuma, como escreveu a Zezito, pu-lo numa escola de mú-
Irene Lisboa. sica, andou lá uma semana e não
Esta casa ficou muito maior, voltou, andou no judo até ao dia
e insuportavelmente vazia, des- em que partiu um dedo, depois
de que a Lurdes resolveu aban- nunca mais lá voltou, teve expli-
donar o meu filho. A Lurdes cações desde o primeiro ano, en-
tem, e sempre teve, um nariz trou na faculdade de engenharia
muito empinado. Fartei-me de e andou lá oito anos, e não foi ca-
avisar o meu filho: Zezito, ouve o paz de acabar o curso. O Zezito
que diz a tua mãe, que é mais ve- saiu ao pai. Muita conversa, mui-
lha e sabe mais de mulheres do ta pose, muito perfume.
que tu. Zezito, a Lurdes vai fa- Desculpa, não era isso que
A Escola Básica (EB) do 2.º e 3.º ci- evitando por um lado que ficassem expostos a
“perigos reais” e, por outro lado, as reclama- zer-te sofrer. Ela é muito arisca. eu queria contar. O que eu te
clos do Marco de Canaveses inicia Não gosto do olhar dela. O Zezi- queria dizer é que a minha neta,
ções dos pais.
o novo ano letivo (a 13 de setembro) to ria-se, e eu bem percebia que a Ana, durante sete anos, em vez
Em funções há um ano, Alberto Tavares
com três novos cursos de educação e diretor da EB 2,3 e do Agrupamento de Es- ele estava a pensar: a D. Julie- de uma, teve duas mães. Mas a
formação. Este ano a escola vai ter 43 colas do Marco, o maior do concelho, desta- ta está a dizer parvoíces, o que Lurdes nunca gostou de mim.
turmas, num total de cerca de 1 100 ca as obras feitas este ano na escola sede que é que ela sabe acerca da Lur- Um dia, vê lá o topete dela, de-
alunos. A sobrelotação e a falta de es- permitiram “criar espaços funcionais”. Além des? E, além disso, o que é que pois de lhe ter dado tanto, dis-
de gabinetes para a direção, a remodelação ela tem a ver com as minhas es- se-me, aos gritos, que eu era
paço continuam a ser o constrangi-
de espaços que foi feita permitiu criar qua- colhas? Quem vai casar com ela insuportavelmente arrogante,
mento maior. Por razões de segurança tro salas de aulas e uma sala para a educa- sou eu. egoísta e tremendamente pos-
os espaços polidesportivos exteriores ção especial. A cantina, onde havia fugas de E o Zezito lá se casou com sessiva, e que o Zezito era um
precisam de melhoramentos urgentes. gás e o piso estava degradado, foi remodela- a Lurdes, que já estava grávi- triste boneco manipulado por
da. Foi instalado equipamento novo, lavabos e da há seis meses da Ana, a mi- mim. Foi-se embora, levou a Ana
A EB 2,3 do Marco de Canaveses vai ter feita uma casa de banho nova. A sala dos pro- nha neta, que é muito feminina, com ela, e pediu o divórcio. E o
este ano quatro Cursos de Educação e For- fessores passou a ter um espaço de trabalho como a avó. Foi um casamento Zezito foi viver com uma médi-
mação (CEF), que representam um aumen- e uma zona de convívio e nos serviços admi- caríssimo, com centenas de con- ca, que já se divorciou três vezes.
to significativo da oferta formativa alternativa nistrativos foi retirado o balcão, ficando um vidados. Custou-me uma pipa E agora aqui estou muito so-
ao percurso regular. Os cursos de Carpintaria espaço aberto, com atendimento personali- zinha, esperando ansiosamente
de massa. Nesse dia fartei-me
de Limpos, Instalação e Reparação de Com- zado. As obras, pagas pela DREN, fizeram-
de dar beijinhos e abraços a pri- que o telefone toque.
putadores, Apoio familiar e à Comunidade e se porque existe “bom relacionamento insti-
tucional” com a Direcção Regional e com a mas e primos que eu não conhe-
Logística e Armazenagem são de nível II e III
e representam um reforço da via profissionali- sua equipa técnica. Ainda falta equipar os la- cia de lado nenhum. Mas nessa anttoniomotta@gmail.com
zante de que “o concelho precisa muito”, con- boratórios e construir um auditório que “foi altura já eu estava divorciada do
sidera a direção da escola que espera a cola- prometido. Aquando destas obras garanti- meu marido, que tinha um nome
boração da autarquia na cedência de espaços. ram-me que iam fazer o auditório, mas agora que fazia sorrir, ou sonhar. Ele
Das 43 turmas, 39 são do ensino regular e [por causa da contenção orçamental] está em chamava-se Romeu, eu era a Ju-
quatro de CEF. A sobrelotação é “um proble- stand by”, contou Alberto Tavares. lieta, mas ele tinha olhos azuis, Ditas por ele, as palavras
ma diário” e o constrangimento maior que re- “A escola é a formação dos cidadãos e eu vestia bem, falava bem, era um vulgares, ganhavam outro
sulta da “tendência de atração” pela única EB vim para aqui precisamente por causa disso. galanteador, não gostava muito sentido, tinham encanto. Era
2,3 da sede do concelho. “É muito complica- Quero criar uma escola de qualidade que forme de trabalhar, e metia-se em ne-
cidadãos que quando saírem possam ter solu-
um senhor, o meu Romeu. Às
do. Temos dias em que não há uma única sala gociatas que lhe rendiam fortu-
livre”, disse ao Repórter do Marão o diretor ções para a sua vida. Estou a cumprir o Plano nas.
vezes era um senhor etilizado,
da EB 2,3 de Marco de Canaveses. Na esco- de Intervenção e, pela primeira vez, o Projeto Ditas por ele, as palavras que me entrava em casa de
la não há espaços próprios para atendimento Educativo, que é o documento base da escola, vulgares, ganhavam outro senti- madrugada a trautear versos
aos pais ou para a associação de pais. Outro está a ser executado”, garantiu o diretor do do, tinham encanto. Era um se- de um fado da Amália: Uma
problema é a degradação dos dois polidespor- Agrupamento. Em junho foi apresentada a nhor, o meu Romeu. Às vezes mulher /É como uma guitarra /
tivos exteriores. rádio da escola que deverá começar a funcio- era um senhor etilizado, que me Não é qualquer /Que a abraça
A direção já comunicou à Direcção Regio- nar em breve e foi lançado o primeiro número entrava em casa de madrugada e faz vibrar /Mas quem souber
nal de Educação do Norte (DREN) que é ne- do Folhas Soltas, o jornal do Agrupamento. /Da forma como a agarra /
a trautear versos de um fado da
cessário intervir para pôr fim à “degradação Foi definido que “a primeira parceria é com os Prende-lhe a alma/Nas mãos
Amália: Uma mulher /É como
avançada” daqueles espaços. É preciso fazer pais e está a funcionar plenamente”, referiu.
“E depois também com a Câmara. É e será uma guitarra /Não é qualquer / que a sabem tocar.
as marcações novas no piso e, por razões de
minha intenção, enquanto eu aqui estiver, Que a abraça e faz vibrar /Mas
segurança, substituir todas as estruturas fi-
xas: tabelas e balizas. Outra preocupação, que mantermos boas relações”, disse Alberto Ta- quem souber /Da forma como a E eu ria-me, e perdoava. Mas
é considerada o “calcanhar de Aquiles” da es- vares mostrando-se muito crítico da “linha de agarra /Prende-lhe a alma/Nas fartei-me de tanto açúcar, fartei-
cola é a entrada e saída dos alunos nos auto- incompetência” seguida por sucessivas ges- mãos que a sabem tocar. me de ter um homem que não
carros, que é considerada “muito perigosa”. tões da escola e “que se refletiu a vários ní- E eu ria-me, e perdoava. era só meu. Como nunca gostei
Para a direção seria muito mais seguro se os veis: pedagógico, administrativo, de patrimó- Mas fartei-me de tanto açú- de perfumes baratos, mandei
autocarros parassem frente à escola o que nio e de gestão. Gerou facilitismo, comodismo car, fartei-me de ter um homem embora o meu Romeu.
permitiria que os alunos entrassem directa- e incompetência nos vários setores, desde o que não era só meu. Como nun-
mente do recinto escolar para os autocarros, pessoal docente ao não docente”. Paula Costa
30 setembro’10

repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I crónica|eventos

Hotelaria com programas para as vindimas


Viver as tradições do Douro, Villas & Spa, um novo conceito
conhecer os segredos dos vinhos inteiramente nacional que aposta
A.M.PIRES CABRAL
e usufruir de um spa com mais 2 em conceber hotéis em espaços
000 m2 e tratamentos que permi- de beleza paisagística e cultural
tem sentir as propriedades tera- única no mundo.

Benemérito Pedrito pêuticas das uvas durienses, é a


proposta do hotel Aquapura Dou-
São 50 quartos numa casa
senhorial do século XIX, 21 villas,
ro Valley. O programa sugere um jardins e uma mata de cinco hec-
de Portugal dia de vindimas, almoço e prova de vinhos (com a
oferta de uma garrafa de vinho do Douro 2008) e
tares classificada, entre as vinhas e o rio.
Há ainda outras unidades hoteleiras e casas
Por finais de Julho passado, o rio de Notícias de 29 de Julho, o inclui a participação na apanha e pisa de uva. de turismo rural com programas especiais para a
O Aquapura Douro Valley, em Lamego, é a campanha de vindimas no Douro, programas que
parlamento da Catalunha decidiu matador espraia-se em considera-
primeira propriedade do grupo Aquapura Hotels poderá consultar nas agências de viagem.
proibir as touradas naquela região, ções sobre o caso. Diz ele que esta
a partir de 2012. proibição é um retrocesso cultural,
económico e político. Peço descul- Festa do Avesso em Baião Teatros Municipais
Sendo as touradas um tema pa para discordar: acho que, sendo Primeira edição da Feira do Avesso, uma
fracturante (como está agora em
Teatro Municipal de Bragança
porventura um retrocesso econó- casta de vinho verde muito apreciada em Baião. A fadista Ana Moura apresenta “Leva-me aos Fa-
moda dizer), já se adivinha o de- mico, é pelo contrário um progres- Dias 1 a 3 de outubro, organização da câmara dos”, 24 de setembro, 21:30. Bilhetes a 10 euros.
sencontro das reacções — júbi- so cultural e, por conseguinte, um municipal. No Mosteiro de Ancede. Nos Colóquios da Lusofonia a Companhia Palavra
lo ou reprovação, consoante uma progresso político. & Ato, do Brasil, apresenta Eu, Pessoa e os outros Eus.
pessoa é pró ou contra os touros
de morte, ou ainda indiferença, da Mas o mais patético da entre-
Jornadas sobre Folclore 29 de setembro às 21h30. Cinco euros.
Dias 29 e 30, às 10:30 e às 15:00, Lulu e LéLé, es-
parte daqueles que tanto se lhes dá vista vem na última resposta. Vale A 4 e 11 de setembro, realizam-se as ter- petáculo dos Colóquios da Lusofonia para crianças que
como se lhes deu. a pena transcrever: «[Ao executar túlias "Etno-Folclóricas", no concelho de Baião. frequentam o ensino pré-escolar e o 1.º Ciclo. Entrada
A organização é da Câmara de Baião e da Fe- livre até ao limite de lotação da sala.
a sorte suprema] sinto que estou deração Portuguesa de Folclore.
Pessoalmente, adianto desde a anular o sofrimento do touro e a Teatro Ribeiro Conceição – Lamego
já, sou contra. Respeitando embo- dignificar a sua morte na arena.» Dia 5 de setembro, às 21:30, na abertura do encon-
ra quem é a favor, e reconhecen- Museu de Amarante tro internacional de cinema Douro Film Harvest Festi-
val. Antestreia do filme “O Último Voo do Flamingo”, do
do que é necessária muita bravura Deixem-me ver se eu perce-
"Amar-te a vida inteira", exposição de pin- realizador João Ribeiro, a partir do livro de Mia Couto
para um homem enfrentar, em ple- bi bem. tura, fotografia e instalação, de Ana Pimentel,
na arena, uma bisarma daquelas, (presente na sessão).
está patente ao público até 31 de outubro, no 17 de setembro às 21:30, concerto que inaugura o
sou contra. Acho que a mesma bra- Pedrito de Portugal reconhe-
Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso, sétimo festival internacional Douro Jazz. Bilhetes entre
vura podia ser canalizada para cau- ce que, em plena tourada, há so- em Amarante. cinco e 24 euros.
sas bem mais nobres do que essa frimento no touro. Creio que
Teatro de Vila Real
de massacrar deliberadamente um
bicho que, sendo possante, está ali
reconhecerá também que esse so-
frimento não é causado pelo po-
Museu de Penafiel Em “Fado e outras Canções” Helena Sarmento,
A peça escolhida para mostrar "Ao Do- acompanhada ao piano por Alexandre Dahmen, propõe
como o Pilatos no credo, isto é, lícia de giro ou pelo vendedor de “uma visita ao melhor repertório de Amália Rodrigues”.
mingo no Museu" é a Carta do Património do
contra a sua vontade. bolacha americana, mas por ele Município de Penafiel. Domingo, 26, entre as Dia 9, no café-concerto, às 23:00. Entrada livre.
mesmo, Pedrito de Portugal. Então 15:00 e as 18:00, com entrada livre. No âmbito “O Senhor é um Urso!”, pelo Urze Teatro, a par-
Repugna-me o espectáculo de — benemérito Pedrito, tão preocu- das comemorações das jornadas europeias do tir das obras “O Urso” e “Os Malefícios do Tabaco” de
ver o touro empastado em san- pado com o boizinho! — resolve património, o atelier “À descoberta do Patrimó- Anton Tchèckhov. Dramaturgia, encenação e cenografia
gue, atormentado pelas bandari- anular o sofrimento que ele mesmo nio” propõe jogos didáticos e atividades lúdicas de Fábio Timor. Bilhetes a sete euros. Dias 10 e 11, às
lhas que a cada momento lhe di- inflige ao touro. Como? Deitando sobre o património concelhio. 22:00, no pequeno auditório.
laceram um pouco mais a carne, a fora a muleta e o estoque e man-
esbravejar inutilmente até sobrevir dando o bicho em paz? Não. Ma-
o lance supremo, e mais sangui- tando-o. Querem cinismo maior?
nolento ainda, da estocada final.
Tudo em nome de quê? De uma O mesmo raciocínio para aque-
tradição que, como todas as tradi- la coisa de ‘dignificar a morte na
ções, é indubitavelmente um facto arena’. Primeiro retira a dignidade
de cultura e de identidade — mas ao touro, fazendo dele gato-sapa-
uma cultura e uma identidade fos- to (leia-se o conto “Miúra”, de Mi-
silizadas, que se recusam a morrer guel Torga), e depois — benemé-
mesmo quando os ventos do pro- rito Pedrito de Portugal! —, num
gresso a vão empurrando para o só- assomo de consciência, restitui-lhe
tão das velharias. Porque — é bom a dignidade. Matando-o, já se vê.
que se saiba — cultura e identida-
Uma filosofia catita, não
de não são condições inamovíveis
acham?
nem maldições inescapáveis, antes
têm que acompanhar e se ajustar às
conquistas éticas da Humanidade.

Isto penso eu. Pedrito de Por-


tugal, porém, pensa de manei- Nota: Este texto foi escrito
ra contrária et pour cause. Pedrito com deliberada inobservância
de Portugal é um matador lusita- do Acordo (?) Ortográfico.
no que ganha a vida, ao que julgo
saber, matando touros e colhendo
olés em Espanha. Vê assim fe- pirescabral@oniduo.pt
char-se-lhe uma fatia importante
de mercado e reage, naturalmente,
contra a proibição.

Em entrevista dada ao Diá-


setembro’10 31
artes | nós IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII repórterdomarão

Cartoons
Esta edição foi globalmente escrita
ao abrigo do novo acordo ortográfico.
Porém, alguns textos, sobretudo de
de
colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.

Fundado em 1984
Revista Mensal
Santiagu
Registo/Título: ERC 109 918
Depósito Legal: 26663/89 [Pseudónimo de

António Santos]
Redação:
Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º,
Sala 23
Apartado 200 |
4630-296 MARCO DE CANAVESES
Telef. 910 536 928 - Fax: 255 523 202
E-mail: tamegapress@gmail.com

Diretor: Jorge Sousa (C.P. 1689)


Redação e colaboradores: Liliana
Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P.
6019), Paula Costa (C.P. 4670), Carlos
Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Patrícia
Posse, Helena Fidalgo (C.P. 3563) Ale-
xandre Panda (C.P. 8276), António Or-
lando (C.P. 3057), Jorge Sousa, Alcino
Oliveira (C.P. 4286), Helena Carvalho, A.
Massa Constâncio (C.P. 3919), Ana Leite.

Cronistas: A.M. Pires Cabral, António


Mota

Cartoon/Caricatura: António Santos


(Santiagu)

Colunistas: Alberto Santos, José Luís


Carneiro, José Carlos Pereira, Nicolau
Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice
Costa, Pedro Barros, Antonino de Sousa,
José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Couti-
nho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho
Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça
Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto,
Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui
Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oli-
veira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia
Coutinho, Marco António Costa, Armando
Miro, F. Matos Rodrigues, Adriano Santos,
José
Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Mace-
do, José Carlos Póvoas, Sílvio Macedo.
Miguel
Colaborações/Outsourcing/Agências:
Júdice
Agência Lusa (Texto e fotografia), Media
Marco, Baião Repórter/Marão Online
Advogado
Promoção Comercial, Relações Públi-
cas e Publireportagem:
2010
Telef. 910 536 928 - Ana Pinto
publicidade.tamegapress@gmail.com
anapinto.tamegapress@gmail.com

Propriedade e Edição:
Tâmegapress - Comunicação e Multimé-
O OLHAR DE...
Eduardo Pinto
dia, Lda.
NIPC: 508920450
Sede: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 1933-2009
230 - Apartado 4
4630-279 MARCO DE CANAVESES

Partes sociais superiores a 10% do capital:


António Martinho Barbosa Gomes Coutinho,
Jorge Manuel Soares de Sousa.

Cap. Social: 80.000 Euros

Impressão:
Multiponto SA - Baltar, Paredes

Tiragem:
30.000 exemplares
Associado da APCT - Ass. Portuguesa de Con-
trolo de Tiragem e Circulação | Sócio nº 486

Assinaturas | Anual:
Pagamento dos portes CTT
Continente: 40,00 | Europa: 70,00 | Resto do
Mundo: 100,00 (IVA incluído)
"Sem título" - S. Gonçalo
A opinião expressa nos artigos assinados pode
– Amarante
não corresponder necessariamente à da Direção
deste jornal.
– Anos 60

Anda mungkin juga menyukai