s e t e m b r o ’ 10
p. 6,7
Nº 1243 | 26 ago-30 setembro | Ano 27 | Mensal |Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | 910 536 928 | Edição escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico | 30.000 ex.
Jorge
p. 16,17
Pelicano
um arauto
idas
Filarmónicas rejuvenesc
Crise não dança nas
festas populares
de causas
De câmara na mão, Jorge Pelicano
procura realidades do Portugal profundo,
as mesmas que não chegam ao espaço
p. 4, 28 mediático e ficam na indiferença da
l?
Acidente na A25 evitáve opinião pública. Por isso, ele luta para
GNR quer redução de lhes dar voz, captando as idiossincrasias
velocidade na estrada
das gentes que ficam esquecidas no
meio do progresso. Ganhou notoriedade
com os documentários de intervenção
“Ainda há pastores” (2006) e “Pare,
Escute, Olhe”, em 2009. O último
trabalho relança a questão da ameaça
de encerramento da Linha do Tua, em
Trás-os-Montes. p. 2,3
Documentários sobre a extinção dos pastores e o despovoamento
A militância de Jorge
Patrícia Posse | pposse.tamegapress@gmail.com | Fotos DR
D
e câmara na mão, Jorge Pelicano procura mais de um mês a chegar a outras salas do país.” Jorge recorda ainda que em
Coimbra o documentário chegou a estar nas sessões das 13:00, 19:30 e meia-noi-
realidades do Portugal profundo, as te, por isso, considera que, em Portugal, o que é nacional “não é tratado da mes-
mesmas que não chegam ao espaço ma forma, sobretudo os documentários, que ainda não têm visibilidade”.
O trabalho de divulgação não é deixado em mãos alheias, ao ponto de chegar
mediático e ficam na indiferença da opinião pública. mesmo a colar cartazes na altura da estreia. “A nossa produtora disse que só afi-
Por isso, ele luta para lhes dar voz, captando as xava em Lisboa. Não percebemos porquê e percorremos universidades, locais de
cultura, quer em Lisboa e Porto, para afixar os cartazes.” Também as apresen-
idiossincrasias das gentes que ficam esquecidas no tações em cineclubes e cineteatros ficam a seu cargo. “Não faz sentido fazer um
meio do progresso. Aos 33 anos, Jorge Pelicano, trabalho se não chegar às pessoas. Já tínhamos desenvolvido uma rede de con-
tactos com o “Ainda há pastores?” [outro dos seus documentários] e regressamos
repórter de imagem, tem ganho notoriedade a esses locais. Sempre que possível estamos presentes para uma conversa/deba-
com os documentários de intervenção que tem te no final da exibição.”
Jorge Pelicano gostava de acreditar que ainda é possível exercer cidadania
assinado. “Pare, Escute, Olhe”, o último trabalho, tendo como arma uma câmara de filmar. Contudo, na questão do Tua, “quatro
chegou às salas de cinema em abril último, dos autarcas dos municípios afetados são do partido do Governo e um da oposi-
ção, curiosamente, esse é o único contra a construção”. “O autarca de Vila Flor,
relançando a questão da ameaça de encerramento tal como aparece no filme, em 1995 era contra e agora a favor”, lembra.
da Linha do Tua, em Trás-os-Montes.
| Transmissão televisiva
Tendo Fontela [Figueira da Foz] como berço e sem ligações familiares ou
poderá estar para breve |
profissionais à região de Trás-os-Montes, estranha-se a motivação de Jorge Pe- Após a entrada do documentário no circuito comercial, Jorge notou alguma
licano em abraçar a causa do Tua. “Nasci à beira mar e por ter sempre o mar ao mobilização por parte da sociedade civil, mas “não tanto” como esperava. A sua
lado, o interior sempre me fascinou. O facto de ter estudado na Guarda aumen- intenção inicial era obrigar o poder político a refletir, mas apenas o Partido Eco-
tou esse sentimento.” logista “Os Verdes”, o Partido Comunista Português e as associações ambienta-
A desativação das linhas férreas no nordeste transmontano, entendida como listas continuam a defender o tema. “Estamos na expectativa da exibição televi-
um indício de que “não há pessoas e as terras ficam abandonadas”, despertou o siva, que chega a milhões de pessoas…”, acrescenta.
interesse do jovem realizador. “Ao aprofundar as razões, soube que em 1992 reti- A transmissão na SIC poderá acontecer já no final do ano. “Quando atin-
raram as automotoras de Bragança pela calada da noite, alegando que era para girmos esse grau de mediatização do assunto, os políticos deviam refletir, mas o
manutenção. Até hoje nunca mais voltaram.” E assim começou o guião do docu- nosso país não é dado a grandes reflexões… Por isso, compete a cada um de nós
mentário que mostra o isolamento causado pelo encerramento da ferrovia. “Para questionar e reivindicar pelo nosso património e identidade única e lutar por uma
muitas pessoas, esta realidade passava ao lado e agradecem o alerta. Outras per- sociedade mais justa e equilibrada.”
guntam o que podem fazer”, revela Jorge Pelicano. Jorge não tem dúvidas de que falta à classe política “visão estratégica a longo
“Pare, Escute, Olhe” levou ao cinema cerca de 400 mil pessoas e fora des- prazo” e um conhecimento das potencialidades do país para aplicar medidas “re-
se circuito terá sido visualizado por cerca de 5 mil. “O filme estreou em duas sa- almente eficazes para estas populações”. “O interior está muito distante do lito-
las em Lisboa e numa do Porto. Apesar de toda a cobertura mediática, demorou ral, a desertificação aumenta a olhos vistos. Certamente que as pessoas não virão
do interior agitam consciências
Pelicano
para o Tua para andar de barco ou ver uma barragem, para isso vão para o Alqueva.”
A motivação primária para realizar um documentário na região era retratar o
despovoamento, um flagelo que pode ser travado de forma “muito simples”. No caso
da linha do Tua era suficiente uma aposta na manutenção e algum investimento
como “colocar uma carruagem aberta, outra para canoas, tornar os apeadeiros vi-
vos, com restaurantes e produtos regionais”. “Numa lógica das regiões organizadas,
seriam muitas as pessoas a visitar o Tua. Até os turistas que vão ao Douro tiravam
mais dois dias para visitar aquela região”, sustenta o realizador.
repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I atualidade
O
s dois acidentes em cadeia ocorridos O que ninguém tem dúvida é que se tratou de um formar as patrulhas de trânsito da GNR da acentuada
dos piores acidentes rodoviários nas estradas portu- degradação da visibilidade, que, por sua vez, avisa-
há dias na A25, que substituiu o
guesas e só não teve consequências mais graves por- riam os automobilistas que ali circulavam?
fatídico IP5, já foram analisados que a operação de socorro funcionou eficazmente e o Admite-se que uma grande parte deles conduzia
de diversos ângulos, por especialistas das número de viaturas incendiadas ficou aquém do que em velocidade excessiva para as condições meteoro-
mais diversas áreas. O Ministério Público acontece em acidentes deste tipo. O importante, ago- lógicas do momento, mas uma das primeiras funções
ra, é tirar lições do que aconteceu e melhorar a capa- de todos os operadores de trânsito é a prevenção da
e as polícias desenvolvem as necessárias cidade de prever este tipo de sinistralidade, usando sinistralidade.
averiguações, mas não restam dúvidas que para isso a tecnologia disponível. E isso parece que não foi levado a sério...
houve ali velocidade excessiva relativamente Comum em muitas autoestradas do país, os pór- Ainda relativamente ao acidente na A25, é a pró-
às condições climatéricas que afetavam ticos de sinalização não devem servir apenas para in- pria unidade de investigação da GNR que não iliba os
formar a temperatura ambiente ou a distância até um condutores acidentados.
aquela zona do país e particularmente aquela ponto de chegada. A sua função é mais vasta e será Na opinião “pessoal” e “numa primeira análise”,
área da autoestrada. Porém, pouco ou nada porventura a forma mais eficaz de evitar acidentes o comandante da equipa de investigação crê que os
se debateu acerca da falta de sinalização como aquele que ocorreu na A25 e que enlutou o país [dois] acidentes [na A25] terão resultado da conjuga-
– seis mortos até ao momento. ção das condições atmosféricas adversas – marcadas
fornecida aos condutores relativamente à
É a concessionária Ascendi que o revela num co- por chuva e denso nevoeiro – com o comportamento
aproximação/ocorrência de um 'banco de municado, no mesmo documento em que rejeita res- dos condutores, “que continuam a circular à mesma
nevoeiro' ou acerca das baixíssimas condições ponsabilidades do acidente naquela via e garante que velocidade independentemente das condições meteo-
de visibilidade. É a própria concessionária é cedo para tirar conclusões sobre as eventuais pena- rológicas ou da visibilidade”.
lizações relativamente à sinistralidade. Ou seja, tem assim pleno cabimento que o respon-
que informa, em comunicado, que a via está "Foi instalada [na A25] uma rede de telemática ro- sável pela nova unidade rodoviária da GNR defenda
dotada da mais moderna tecnologia. Existe doviária, associada a um centro de controlo de tráfe- uma redução dos limites de velocidade, uma das medi-
ou não essa tecnologia naquele troço da A25? go, com sistemas de videovigilância, painéis de men- das mais eficazes para diminuir a mortalidade nas es-
Estavam desligados os pórticos? As câmaras sagem variável, contagem automática de veículos e tradas [ver notícia na página 28].
estações meteorológicas”. Com menos velocidade nas estradas, vias rápidas
de vigilância não funcionaram ou os seus Com esta panóplia de meios não foi possível avisar e nas autoestradas haverá naturalmente menos des-
operadores não detetaram a aproximação do os condutores da aproximação do nevoeiro [nos pórti- pistes, colisões menos mortíferas, menos atropela-
nevoeiro? cos], aconselhando-os a reduzir a velocidade? Ou in- mentos. Os resultados não tardarão a surgir. J.S.
09 a 22 jun’10 5
pub IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII repórterdomarão
Aveleda arrancou na região de Basto mas o Douro
Calor de agosto a
N
a região do Tâmega e Sousa as vindimas já de boa qualidade, dependendo apenas do clima nas próximas semanas”. Na região o
auge das vindimas será na primeira quinzena de setembro, mas cabe a cada produ-
começaram e se não houver surpresas nas tor “determinar a sua data de vindima de acordo com os dados técnicos de matura-
condições climatéricas deverá confirmar-se a ção das suas vinhas”.
previsão de um aumento de produção e a manutenção da boa
qualidade das uvas. A Comissão de Viticultura da Região dos
| Favaios abriu campanha |
A Adega Cooperativa de Favaios, no concelho de Alijó, Região Demarcada do
Vinhos Verdes (CVRVV) espera uma produção ligeiramente Douro, prevê começar a vindima com uma semana de atraso em relação à vindima de
superior à do ano passado, em cerca de 10 por cento. 2009, “um ano em que a vindima começou muito, muito cedo”. Miguel Ferreira, enólo-
go da Adega de Favaios diz que “este será um ano normal na maturação”. Feitos dia-
riamente, os controles de maturação fazem prever que a vindima começa entre 1 e 8
Na Aveleda – Sociedade Agrícola e Comercial da Quinta da Aveleda, SA, com sede de setembro.
em Penafiel, a vindima começou a 24 de agosto, numa vinha com cerca de 40 hectares, O enólogo da Adega Cooperativa de Favaios adiantou ao RM estar “a contar com
localizada no concelho de Celorico de Basto, onde foram colhidas uvas das castas Fer- uma maturação mais equilibrada que no ano anterior” o que dará origem “a uvas me-
não Pires e Alvarinho. O facto de se tratar de uma zona mais quente e de castas mais lhores. Nesse sentido estou a contar com uma vindima de uma qualidade acima da
precoces levou a que a vindima se tenha iniciado nessa vinha cujos terrenos foram alu- média” no planalto onde se produzem as uvas Moscatel. No entanto, “não se pode
gados pela Aveleda e que está a produzir pelo segundo ano, explicou ao Repórter do extrapolar para outras zonas do Douro porque se trata de um local muito específico,
Marão Manuel Soares, enólogo da Aveleda. com grande altitude e com uma casta muito particular que corresponde a mais de 50
Nos primeiros dias de setembro a azáfama da vindima é diária na zona do Vale do por cento” da produção da Adega de Favaios que em média produz 3,5 milhões de li-
Sousa onde a Aveleda tem duas quintas, em Penafiel e Lousada. No final de agosto, o tros de Moscatel.
controle de maturação das uvas estava a ser feito duas vezes por semana. Mediante a Em termos de quantidade, Miguel Ferreira prevê que ela seja “bem superior à do
evolução da maturação foi determinada uma data de vindima para cada casta. A Ave- ano anterior. Talvez mais 20 a 30 por cento. Temos essa estimativa, se não houver ne-
leda tem uma máquina de vindimar que pode colher até 10 hectares por dia e traba- nhuma surpresa até à colheita, em termos de condições climatéricas desfavoráveis”,
lhar à noite inclusive. referiu. Aludindo ao Moscatel, que é o “maior negócio” da Adega de Favaios o enólo-
Se as condições climatéricas se mantiverem estáveis, haverá um aumento da go diz contar com mais qualidade que no ano anterior. Apesar de se prever mais quan-
quantidade e “uvas de muito boa qualidade”, antevê o enólogo da Aveleda, salientan- tidade. “Acho mesmo que vamos ter mais qualidade, uvas mais aromáticas, o que em
do que se trata de uma perspetiva e não de uma certeza. “De repente pode vir uma parte se deve à maturação muito equilibrada. Ao contrário do que aconteceu em 2009,
chuva que estraga tudo”, acentua Manuel Soares. As previsões da meteorologia são um ano muito estranho, muito seco na altura da maturação, com temperaturas mui-
informação relevante e indicam condições favoráveis até ao final de setembro. Se as- to elevadas que precipitaram um bocado as coisas. Este ano parece haver muito mais
sim for, os níveis de qualidade das uvas vão ser idênticos aos do ano passado. “2009 foi equilíbrio portanto acho que as uvas vão ser de facto melhores mesmo com esse acrés-
um grande ano em termos de qualidade”, lembra o enólogo que prevê para este ano cimo de 30 por cento de produtividade”.
um aumento de produção entre 10 a 15 por cento na produção própria e entre cinco a Os cerca de 550 associados, maioritariamente de Favaios, são responsáveis pela
10 por cento na dos fornecedores. produção e entrega das uvas em bom estado na Adega. Ao longo do ano fazem todas
A produção própria da Aveleda representa cerca de 15 por cento da produção to- as operações na vinha, incluindo os tratamentos, e depois colhem as uvas manualmen-
tal. A Aveleda compra uvas em toda a região dos vinhos verdes, desde Baião, Marco te e entregam-nas na Adega. É feita uma triagem à chegada e as uvas são avaliadas.
de Canaveses e Castelo de Paiva até ao Alto Minho (Ponte de Lima, Monção, Melga- A partir daí são trabalhadas e transformadas em vinho Moscatel.
ço). Muitos produtores da região vendem as suas uvas à Aveleda. O preço pago por Os associados recebem de acordo com a quantidade e qualidade das uvas que en-
quilo depende de vários fatores: da casta, do grau e da data em que as uvas foram co- tregam. Em 2009 as uvas foram pagas a 0,93 euros o quilo, valor que não é “muito nor-
lhidas. Sempre que uma carga de uvas chega à adega da Aveleda é identificada a cas- mal na região”. Trata-se de um preço que é exceção, salienta Miguel Ferreira. O preço
ta, as uvas são pesadas e é medido o grau de maturação. É elaborada uma tabela de pago pelas restantes uvas varia com a qualidade, mas em média foram pagas a cer-
preços e até dezembro os fornecedores recebem o dinheiro. No ano passado a Avele- ca de 0,24 euros o quilo. Além do Moscatel, a Adega de Favaios produz vinho de con-
da pagou por quilo entre 0,30 cêntimos e 1,05 euros (pelas uvas Alvarinho, uma cas- sumo, branco e tinto, feito com as castas tradicionais do Douro, vinho do Porto, espu-
ta mais rara e nobre). O vinho Alvarinho produzido pela Aveleda é “quase todo” para mante e algum rosé do Douro.
exportação. No ano passado 80 por cento da produção foi para os Estados Unidos. O número de associados tem-se mantido estável e nos últimos anos houve um au-
Em 2009 a Aveleda, que é a maior empresa exportadora de vinho verde, produ- mento “significativo” da área produtiva porque muitos associados foram reestrutu-
ziu 14 milhões de garrafas de vinho. Cerca de 54 por cento da produção foi exporta- rando e comprando outras vinhas que ocupam uma área que a Adega calcula em cerca
da. Dos 185 hectares de vinha, 160 localizam-se na região dos vinhos verdes e os res- de 800 hectares. “Dentro do panorama geral do Douro até podemos dizer que temos
tantes na Bairrada. algumas parcelas bastante grandes. Temos associados com minifúndio, mas temos
Em declarações ao RM, Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, adiantou que associados com parcelas acima dos 10 hectares, o que foge um bocado à realidade do
“a evolução do clima e os dados de maturação”permitem “apontar para uma vindima Douro”, disse o enólogo. Paula Costa
também já iniciou o corte das uvas
ntecipa vindimas
A Festa do Douro Aumento da produção
A festa das vindimas já
começou na mais antiga região
sentir, diz também que está acostumado até
porque começou a fazer vindimas aos 12 anos.
Mais nova era Luísa da Conceição quando
começou, aos nove, mas para quem as vindimas
pode chegar aos 40%
demarcado do mundo, o “são divertidas”. “Gosto e adoro”, disparou com
Douro, com as vinhas a serem um sorriso estampado no rosto protegido com
um chapéu de palha.
invadidas aos poucos por Mas, lembrou, antigamente era muito me-
muitas mulheres e homens lhor porque todos cantavam e sabiam as can-
ções de cor.
que vão cortar e carregar as Agora, referiu, “esta mocidade não presta, é
uvas para as adegas e lagares. mais para descanso e para praia, os antigos são
mais para trabalho”.
O Douro fervilha. As vindimas “É o meu trabalho, menina, tenho que gos-
tar. Custa um pouco andar aqui amarrada todo
representam o culminar de o dia a cortar as uvas, mas este ainda é o traba-
um ano inteiro de trabalho lho que mais gosto de fazer na agricultura”, sa-
lientou Maria Lucília. A Região Demarcada do Douro estima um aumento da
que dará origem aos vinhos Francisco Ferreira, a quem cabe a gestão colheita para as cerca de 300 mil pipas nesta vindima,
DOC ou ao famoso Vinho do agrícola e administrativa da propriedade, está mas as atenções estão muito concentradas nas condições
com boas expetativas em relação à vindima des- meteorológicas que poderão condicionar a produção.
Porto. te ano, mas está também muito atento às condi- Já se vindima no Douro. Algumas propriedades come-
ções meteorológicas que poderão condicionar a çaram a cortar as uvas brancas, enquanto as tintas estão
qualidade dos vinhos. um pouco mais atrasadas em termos de amadurecimento.
A Quinta do Vallado, junto ao Peso da Ré- É que, até ao corte das uvas, “está tudo de- Dentro de duas semanas a região demarcada estará em
gua, foi das primeiras a cortar as uvas brancas pendente do tempo que se fizer sentir”. plena vindima.
mas daqui a mais ou menos duas semanas toda "Se tivermos chuva pode ser problemáti- Segundo dados da Associação de Desenvolvimento da
a região demarcada estará em plena vindima. co porque as uvas estão bastante cheias e po- Viticultura Duriense (ADVID), a expetativa de colheita para
Aos muitos trabalhadores juntar-se-ão os dem rebentar, se continuarmos com muito ca- esta vindima possui um intervalo entre as 303 e as 366
turistas que vêm observar ou até participar no lor também podemos ter problemas de stress mil pipas.
corte das uvas ou na pisa a pé nos lagares. hídrico e de maturações muito rápidas e alguns O responsável pela ADVID, Fernando Alves, disse à
No Vallado, o trabalho começa às 07:30 da desequilíbrios”, explicou. agência Lusa que se prevê uma “boa” colheita no Douro,
manhã e prolonga-se até às 17:00 com pausas Depois de cortadas, as uvas são transpor- mas “não extraordinária”.
para o pequeno almoço e almoço. tadas para a nova adega da Quinta do Valla- A confirmarem-se as previsões, o aumento da produção
A equipa de cerca de 20 vindimadores será do, que entra em pleno funcionamento nesta será de cerca de 40 por cento comparativamente com a
depois reforçada quando se começarem a cor- vindima. declarada no ano passado (211 mil pipas) e cerca de 20 a
tar as uvas tintas. Neste grupo juntam-se os Aqui o fruto é despejado num tapete rolan-
25 por cento superior à média de produção do Douro (265
que trabalham no campo durante o ano inteiro mil pipas).
te onde os cachos são escolhidos praticamente à
Fernando Alves referiu ainda que a colheita deverá ron-
mas também estudantes, donas de casa ou ou- mão e depois esmagados, sendo que depois o lí-
dar o intervalo inferior porque o intenso calor que se fez
tros que aproveitam as férias para ganhar mais quido cai por gravidade nas cubas de inox.
sentir neste verão “limitou um pouco o crescimento do
“uns trocos”. A adega representa um investimento de cin- bago para grandes volumes”.
É precisamente isso que está a fazer Hugo co milhões de euros e é composta por dois edi- Quanto à qualidade, o responsável espera um “resulta-
Ferreira, de 33 anos e que trabalha numa firma fícios, cada um com cerca de 1000 metros qua- do final muito bom”.
de produtos para agricultura. drados, onde ficarão instalados o armazém de Isto porque, explicou, verificou-se um "bom abasteci-
Apesar de achar que o trabalho se torna fermentação e a cave de barricas (envelheci- mento de água durante o inverno e primavera que ajuda-
“duro” por causa do intenso calor que se faz mento). Lusa/Texto e fotos ram a planta durante o verão". Já não chove no Douro des-
de 10 de junho.
“Medições feitas há dias revelam que ainda existe uma
razoável disponibilidade hídrica para as plantas e se a
temperatura não for excessivamente alta a videira vai tra-
balhar mais depressa e melhor”, salientou.
Do ponto de vista sanitário, a doença que mais afetou a
vinha este ano foi o oídio, obrigando os produtores a esta-
rem muito atentos e a fazerem vários tratamentos.
No Douro Superior, Francisco Olazabal, da Quinta do
Vale Meão, estima um aumento da produção em mais cer-
ca de 40 por cento comparativamente com o ano passado.
“Choveu muito no inverno e as videiras têm muita água
disponível no subsolo e estão a aguentar bem este mês
muito quente e seco. A qualidade depende muito dos últi-
mos dias antes da vindima”, salientou.
Olazabal referiu que as vindimas no Vale Meão arrancam
esta semana com algumas castas mais precoces.
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AC TIV mir aqui no internato, visto que a viagem todos os dias se iria
tornar muito cansativa, e durante o primeiro ano confesso
que estive mesmo para desistir devido à distância da minha
família. Hoje posso dizer que acabei o primeiro ano do curso
com muito esforço, graças aos meus professores que sempre
me apoiaram, tendo sempre sido exemplares comigo. Em
temos de funcionários, são muito simpáticos e prestáveis.
Um facto que esta Escola tem de benéfico, é que não preci-
samos adquirir os livros para as disciplinas, são cedidos pela
Escola. Em termos de estágios, acho que estes são uma mais-
valia para a nossa vida profissional futura, uma vez que vamos
ganhando experiência. Hoje sinto-me orgulhosa por estar a
terminar já o segundo ano do curso e agradeço aos professo-
res por não me terem deixado desistir. Elisabete – TG01
10 setembro’10
repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I tâmega
Cineclube de Amarante
procura público
Arte da
tanoaria
sem
seguidores
no Marco
O Cineclube de Amarante, o único que mantém ati-
vidade regular no interior do distrito do Porto, está a re-
correr às redes sociais na Internet e a um blog para ten- Durante décadas Júlio Mo- vel “andar a trabalhar contra vontade”, conside-
ra o tanoeiro.
tar conquistar público.
“A afluência média por sessão anda atualmente nas
reira foi tanoeiro no Marco de Quando o trabalho começou a faltar optou
por “recordar aquilo que fazia em novo”e dedi-
30 pessoas, mas estamos a promover algumas estraté- Canaveses. Tem “pena” de não cou-se ao artesanato. A primeira exposição que
gias para captar mais público. Criámos um blog, listas
de endereços de correio eletrónico para onde enviamos a ter tido aprendizes e de não fez foi em Valongo. Expunha e trabalhava ao vivo.
nossa programação e aderimos ao Facebook, que é uma No artesanato fez muitas das peças que eram co-
ferramenta fácil de usar”, explicou o presidente do clu- ter chegado a ensinar a arte da muns na sua infância e juventude: pipas, barris,
be, Manuel Carvalho, citado pela Lusa.
“Já temos registadas mais de 200 pessoas. Acredi- tanoaria. O aparecimento das canecos, baldes de dar de comer aos porcos, se-
lhas de lavar a loiça.
to que presentemente o Facebook, onde oferecemos al-
guns bilhetes, será a forma mais eficaz de divulgar a
cubas em inox levou-o a virar- Venceu o prémio de melhor artesão de tanoa-
nossa atividade e esperamos que isso traga mais gen- se para o artesanato e hoje, ria do distrito do Porto e da Câmara do Marco re-
te às sessões, mas ainda é cedo para fazermos um balan- cebeu a medalha de ouro de mérito profissional.
ço”, acrescentou. aos 72 anos, o ofício de traba- Diz que representou “bem” o concelho em feiras
O Cineclube de Amarante tem 15 anos de existência
e vai longe o período em que a sala do Cinema Teixeira lhar a madeira ficou também nacionais e internacionais.
Acabou por deixar de participar nas feiras de
de Pascoaes, no centro da cidade, era pequena para re-
ceber todos os espectadores que pretendiam assistir aos
definitivamente para trás. artesanato. E miniaturas já poucas faz. Tomou a
filmes programados pelo clube. decisão de deixar de vez o artesanato. Os anos pe-
“O meu pai era lavrador e aos 18 anos deixou sam e agora o tempo é para cultivar o quintal e
a lavoura e foi aprender a arte para uma tanoa- para descansar. “Foi o meu modo de vida. Nun-
ria que havia na Livração, ao pé da estação [do ca tive empregados, nunca me apareceu aqui nin-
Politécnico do Porto apoia caminho de ferro]”, conta no início da conversa
Júlio Moreira que lembra o pai como “um gran-
guém para aprender a arte. Agora já é tarde”,
disse ao RM recordando ter sido uma vez abor-
repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I tâmega
N
ão há par mais acertado tando que podemos vir a sofrer com a crise, mas para tir daí não há mais nada para ninguém.” No peditó-
já não.” rio à volta do povo, não houve quebras, porque “nas
do que o verão e a Em Deilão, aldeia a 20 quilómetros de Bragança, aldeias, as pessoas trabalham, tem os seus rendimen-
diversão, sobretudo nas os dois grupos abrilhantaram a noite de 15 de agos- tos e não notaram ainda a crise”.
to, uma data muito solicitada. “Já tenho vários dias Também o consumo de álcool não parece ser indi-
festas populares que por estes vendidos para o ano, mas o 15 não o queria vender já, ciador de crise. “Há festas onde chegam a gastar 12 a
dias têm animado a região. Os porque é aquele em que há mais festas”, admite Zé 15 barris de cerveja por noite, em que esgota. Quan-
emigrantes regressam à terra e Ferreira. E como aquilo que “o povo quer é bater o do vimos embora, vemos os copos que ficam no recin-
sapato”, mais de meio milhar de pessoas dançou ma- to. Nem nisso se ressente a crise.”
as aldeias engalanadas honram os drugada dentro. A afluência do público varia em função das locali-
santos padroeiros. Será que a crise dades, mas Zé Ferreira é perentório: “estamos sem-
também dança nestes bailes? | Efeitos colaterais | pre habituados a ter casa cheia”. “Há festas que ago-
ra têm menos, porque a população vai ficando mais
A opção de manter os cachés do ano anterior foi envelhecida e não sai tanto, mas não atribuo isso à cri-
Andam na estrada pelo gosto que têm pela músi- tomada em função da conjuntura económica que se se. Basta ver que se continua a beber e a consumir.”
ca, mas também pelo dinheiro “que dá jeito”. De ter- vive. “Foi umas formas que encontrámos (e se ca- Na roulotte de diversões de Nuno Alexandre, 28
ra em terra, animam as noites de quem, de benga- lhar este ano vai manter-se igual) de tentar fazer com anos, o cenário é um pouco diferente, porque “as pes-
la na mão, se limita a apreciar ou dos mais frenéticos que as pessoas ultrapassem a crise, sem ter que ab- soas ao não terem dinheiro não podem gastar”. “As
que rodopiam ao ritmo da música popular que ofe- dicar da animação. Ao mantermos os preços, estamos festas estão fracas e o negócio está bastante pior. Os
recem. a prejudicar-nos, mas preferimos isso a ficar em casa emigrantes ainda gastam menos que os portugue-
Este ano, os agrupamentos musicais têm menos sem fazer nada”, refere Albino Falcão, um dos funda- ses”, relata o macedense. O preçário não sofreu alte-
espetáculos, mas a quebra não é significativa nem dores do Sindikato. rações: 1 tiro = 1 euro; 6 tiros = 5 euros para levar
desculpada com a crise económica. “Temos menos Para Alfredo Almeida, subir estava “fora de ques- para casa porta-chaves, peluches e outras bugigan-
três ou quatro relativamente ao ano passado, mas tão”, mas “outros colegas tiveram mesmo que baixar gas. A mãe de Nuno, do outro lado da rua, vende ba-
não há grande diferença”, confirma Zé Ferreira, res- o caché porque não há mercado”. Em agosto, contra- lões e brinquedos, despertando a atenção dos garotos
ponsável e vocalista do Sindikato (de Bragança). Até tar o seu grupo pode chegar aos 4 000 euros, depen- que a rodeiam e se afastam de mãos vazias.
ao fim do mês, terão contabilizado 36 atuações duran- dendo das distâncias que têm que percorrer.
te o verão. “Dizem que a crise existe, mas nós ainda
não sentimos isso. Embora haja a concorrência dos
Albino Falcão considera que as festas populares
pouco se ressentem da crise. “A época não foi má,
| O lar & o palco |
preços mais baixos, de bandas que diminuíram o ca- tanto que já temos muitas festas de 2011 agendadas. No intervalo das músicas, a vocalista dos Reno-
ché, nós não o fizemos e estamos a ter as mesmas fes- As pessoas tiveram muito medo. Pensaram na crise vação 3 lá vai apregoando: “por 10 euros, é baratinho,
tas”, acrescenta. e nem sequer fizeram peditórios. Houve alguns que podem levar um CD para casa.” Porém, o responsá-
Também a agenda do Renovação 3 (de Figueira decidiram isso muito tarde e que ainda conseguiram vel pela mesa de som, Vítor Almeida, nota uma dimi-
de Castelo Rodrigo) foi “mais ou menos igual” à de fazer uma festa.” nuição na venda dos trabalhos discográficos. “No ano
outros anos. “Não tivemos mais trabalhos, porque Aníbal Fernandes, o presidente da comissão de passado vendemos bastante, mas este ano, apesar de
há menos dinheiro e as pessoas, às vezes, não podem festas, admite que “se fosse noutros anos” não teria vendermos, não é igual.”
gastar e limitam-se a contratar outros grupos mais grande dificuldade em arranjar patrocínios e até em Em agosto, período em que mais se anda na es-
acessíveis”, diz o responsável, Alfredo Almeida. Des- maior número. “A crise pode não ser acentuada em trada, os elementos dos grupos musicais têm mani-
de o início do ano somam 80 espetáculos. “Vamos no- todas as pessoas, mas o boato espalhou-se e a par- festas dificuldades em conciliar a vida pessoal e fami-
novo fulgor
festas populares
liar com a artística. Há quem tire férias, mas também bém sente as implicações da crise. Em Vila Real, a car a cadência. “Tocar na rua nem sempre é fácil, por-
quem desconte nas horas de sono. É o caso de Vítor Banda de Mateus conta já 200 anos de vida e um his- que nem sempre encontramos estradas de alcatrão,
Almeida, 27 anos, que trabalha numa gráfica em Pi- torial infindável de atuações. A agenda está sempre onde possamos ir concentrados naquilo que estamos
nhel e acompanha há mais de uma década o grupo preenchida “porque é a banda de Mateus”, mas nota- a fazer e temos que ver onde vamos pôr um pé”, rela-
Renovação 3, que já foi do pai, agora do tio. “Às ve- se que “já não é o que era”. “A nível de orçamentos, ta o maestro, Carlos Pereira, 38 anos.
zes durmo duas horas, porque às 9h tenho que estar por uma pequena diferença trocam logo de banda e O reportório procura ser “atraente para quem
no trabalho. Em agosto, tiro alguns dias e quando há às vezes a qualidade não é a mesma coisa”, explica o toca, isto é, musical e tecnicamente interessante, e
bailes durante a semana, peço o dia. Os meus patrões diretor Marco Eiriz, 32 anos. que resulte bem para quem ouve”. “Tenho a perce-
são compreensivos e não tenho grandes problemas.” É frequente as festas ficarem “de um ano para o ção de que os músicos gostam mais de fazer procis-
O descanso também é sacrificado para alimentar outro” pelo mesmo preço. “Subir é muito complicado. sões embora seja uma cadência mais lenta e num ho-
o convívio familiar. “Hoje, eram 8 da manhã quando Não só pela dita crise, mas a concorrência também rário com mais calor”, revela o maestro.
cheguei a casa. Levei o pão para tomarmos o peque- obriga a controlar os valores. Há muitas bandas na A recetividade é até mais do que positiva. “Públi-
no-almoço”, conta Albino Falcão. Em média, dorme 5 nossa zona, só 4 existem no concelho.” co há sempre e até começa a haver um pouco mais
a 6 horas por dia e a expectativa é sempre de conse- Um serviço completo compreende arruada, mis- neste tipo de romarias”, atesta Marco Eiriz.
guir uma noite sem espetáculo para “dormir até tar- sa cantada, procissão e concerto, podendo chegar aos
de, fazer uma sesta e à noite ir tomar café a uma es-
planada”. Aos 42 anos, este professor de português
4 000 euros se a deslocação não implicar sair do dis-
trito vila-realense. “A crise ressente-se sempre, por-
| Herança
justifica com simplicidade tanta abdicação. “Podía-
mos ser caçadores, mas gostamos da música e, acima
que também está na música. As reparações de ins-
trumentos aumentam e o transporte está mais caro”,
geracional |
de tudo, do que fazemos.” afirma Marco Eiriz. A maioria dos elementos da Banda é constituí-
Por volta das 17:00, o camião-palco chega ao re- Com 64 elementos, a Banda toca duas a três vezes da por jovens entre os 14 e os 18 anos, cuja motiva-
cinto. Os técnicos instalam as colunas e alguns habi- por fim de semana nesta época, perfazendo um total ção maior passa pelo espírito de grupo. “É a amiza-
tantes acompanham de perto as operações. As baila- de 20 a 25 serviços por ano. de que se cria, a ligação à música e vem das famílias
rinas e os músicos chegam mais tarde para o check também. Foi um pouco a tradição das gerações que
sound. “Há aqui um trabalho de formiga. Estamos a
amealhar no verão para os encargos que depois va-
| Novos tempos | levou o filho e o neto a seguir a música”, sustenta o
diretor.
mos ter que suportar durante o inverno”, refere Al- As bandas filarmónicas continuam a ter boa acei- Luís Santos, 31 anos, começou a tocar na Ban-
bino Falcão. tação e começam “a encontrar novos espaços”, po- da ainda em miúdo. Hoje, é clarinetista e reconhe-
À meia-noite faz-se silêncio e o fogo de artifício dendo até recuperar o domínio de antigamente. “Em ce a importância desses primeiros passos. “Foi uma
rouba os sorrisos. Depois, retoma-se o baile ao som conversa, as comissões de festa queixam-se que não escola de vida muito importante para a minha for-
do Sindikato: “Canto a Trás-os-Montes onde o povo é há dinheiro e que os conjuntos são muito caros. Se ca- mação.”
feliz… canto a alma transmontana…” lhar vai haver motivos para que as bandas comecem a A ligação à Banda reveste-se agora de “uma res-
fazer os concertos até mais tarde”, avança Marco Ei- ponsabilidade acrescida” para com as gerações mais
| Bandas filarmónicas, riz. Como o orçamento é mais baixo, as comissões de
festa poderão optar por deixar a cargo das bandas fi-
novas. “Há um aspeto sociológico da Banda muito im-
portante que nos ajuda, desde novos, a ter esta noção
uma presença obrigatória | larmónicas a animação das festas.
Devidamente fardados, os músicos alinham-se
de compromisso que é fundamental e ajuda-nos de-
pois a assumir esse conceito numa outra dimensão,
Tradicionalmente, as festas arrancam com uma respeitando uma ordem, dos instrumentos graves quer familiar, quer profissional.”
arruada feita por uma banda filarmónica, que tam- para os agudos e a percussão vai no meio para mar-
A aventura de um jovem que quis atra
E
ntre umas férias Já o gosto pela bicicleta começou em miúdo e
sedimentou-se com o acompanhar da Volta a Por-
tranquilas, à beira mar, e tugal em Bicicleta. O interesse viria a ganhar maio-
umas férias de aventura res proporções no 12º ano e na Universidade, quan-
do fez da bicicleta o seu meio de transporte diário.
por essas estradas fora, Cláudio “O auge deu-se quando fui de Erasmus para Gent
Costa, 25 anos, não hesitou. Pegou (Bélgica), onde as bicicletas são rainhas e senhoras.
Fiz a minha primeira grande viagem de bicicleta
na sua bicicleta e, durante três entre Amesterdão e Essen, 200 km em dois dias.”
semanas, desafiou-se a percorrer
repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I tâmega
Uma emissão
gulhoso e até vaidoso” por ter sido aquele que ini-
ciou esta tradição familiar.
Além da restante família, nos Bombeiros Vo-
luntários de Vila Meã tem neste momento o seu
filho mais novo, mas já teve também o mais velho
P
ara “juntar sinergias” está vem-se as duas organizações. É muito mais fácil a pessoa portante que isso, deixar tudo equilibrado financeira-
ter um sítio único onde vai tratar de tudo. A Cooperativa mente”.
a ser preparada a fusão está no meio da cidade, com problemas de espaço e de es-
da Cooperativa Agrícola e tacionamento”, lembra o presidente da Direção.
| Associação Florestal
A Adega Cooperativa do Marco é de 1954. “Na al-
da Adega Cooperativa do Marco
de Canaveses. A Direção tenciona
tura era o melhor que havia, hoje está desadequada”,
diz o presidente da Direção. “Pretendemos aproveitar
já tem 400 associados |
vender o imóvel da Adega, em Tuías, o armazém que temos em Tuías, com 600 m2 de área Presidente da Direção da AFEDT desde a fundação
coberta” e instalar lá as três organizações representati- (em 1996), Marramaque Encarnação diz que “o que está
e construir um espaço comum para vas da agricultura e silvicultura. Os associados “já con- neste momento na calha é um projeto um bocado ambi-
os serviços da Cooperativa, da Adega cordaram na generalidade com a ideia” e a decisão do cioso, que dá muito trabalho” porque “os portugueses
que fazer ao património será tomada em assembleia ge- não têm espírito de associativismo desenvolvido, são in-
e da Associação Florestal de Entre ral pelos sócios. Neste momento a Direção está “à es- dividualistas, desconfiam uns dos outros. É um projeto
Douro e Tâmega. pera da avaliação do património” das duas cooperati- que espero levar a cabo para [depois] me ir embora” da
vas “para depois fazermos a fusão e a equivalência das Direção, anunciou.
A saída da Adega e da Cooperativa Agrícola dos es- ações. Fazendo-se a fusão efetiva, todos os sócios ficam A AFEDT começou numa sala cedida pela Adega
paços que ocupam atualmente e a construção de uma donos de tudo. A Adega já teve cerca de 400 sócios. Atu- do Marco (depois mudou para a sede da Junta de Tu-
sede nova para a Associação Florestal de Entre Douro e almente tem cerca de 90. Neste momento na Coopera- ías) e foi criada por proprietários que precisavam de
Tâmega (AFEDT) é um assunto que “já foi discutido em tiva estamos reduzidos a 35 sócios. A nossa ideia é alie- apoio técnico para desenvolver as suas áreas flores-
assembleia e está para avançar”, disse ao Repórter do nar a adega”. tais. A zona de atuação da AFEDT, que tem cerca de
Marão o presidente da Direção das três entidades, Ama- A Direção tem “um cálculo” de que conseguirá “re- 400 associados efetivos, abrange os concelhos de Ama-
deu Marramaque Encarnação (à esq. na imagem). solver o problema com 750 mil euros”, aproveitando a rante, Baião, Marco de Canaveses, Cinfães e Resende.
O objetivo é “juntar tudo o que diga respeito à ati- parte de construção do edifício localizado na estrada É através do contacto direto com os associados, a
vidade agrícola do concelho, ficar tudo no mesmo sítio, para Avessadas e algum equipamento da Adega. Para quem presta “vários serviços para os ajudar a defen-
a parte da compra de produtos e a parte burocrática”. Marramaque Encarnação, o imóvel da Adega (situado der, a gerir e obter melhores rendimentos da sua flo-
Um espaço novo vai permitir “criar condições novas de na zona industrial) “vale à vontade um milhão de euros. resta” que a AFEDT promove o associativismo flo-
acesso, de parqueamento e de qualidade aos utentes” e, Agora, quanto é que vai dar? Depende muito. Já se per- restal, procurando “valorizar a floresta muito além
por outro lado, “juntar sinergias”, defende Marramaque deram algumas oportunidades. Não podemos avançar da madeira em si”. E nesse aspeto, destaca o coorde-
Encarnação que deu ainda conta de que “os serviços de sem a aprovação da assembleia. Prevemos vender aqui- nador técnico, António Neto, “há um atraso que é de
contabilidade e administrativos já trabalham em parce- lo por um preço razoável”, referiu afirmando pretender “décadas” comparando com alguns países nórdicos.
ria. Com o mesmo pessoal e o mesmo equipamento ser- deixar as três organizações “em casa nova e, mais im- A Associação tem quatro equipas de sapadores flores-
aço para acolher também a Associação Florestal
repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I opinião
As touradas
pode passar por deslocar o projecto do centro da cida-
de e dos inevitáveis problemas de acessos e mobilida-
de, instalando-o noutro local.
A proposta de construir o CMIN no Centro
Falar de touradas é falar de um dos espectáculos mais à Humanidade. Pelo direito dos animais. Contra a tortura Hospitalar de Vila Nova de Gaia, além de ser um
degradantes que eu conheço. No meu entender, as toura- e o sofrimento animal. contributo decisivo para o desbloqueamento de um
das põem em evidência toda a nossa mediocridade, enquan- A nossa querida RTP transmite muitas vezes este tris- impasse político-administrativo sem fim à vista, im-
to seres pensantes. te espectáculo, julgando estar a prestar um serviço públi- pedindo mais um adiamento do início da concretiza-
Não adianta chamar para aqui uma quantidade de ad- co. É um espectáculo que a RTP leva para o ar, ignoran- ção do hospital, responde a todos os requisitos espe-
jectivos para qualificar a chamada "festa bra- do estar a contribuir para o embrutecimento rados e apresenta vantagens importantes.
va". Era chover no molhado. E molhado por da nossa sociedade. Não consigo entender os Ficará junto a um grande e moderno centro
molhado, prefiro o molhado da chuva, que o critérios usados pela televisão do Estado, ao hospitalar central, tem excelentes acessibilidades e
molhado do sangue dos touros nas arenas. fazer a cobertura de uma coisa daquelas não acabará por estar no centro de uma concentração
Há quem compare "aquilo" com o fute- sei quantas vezes em cada verão (não esque- de mais de um milhão de pessoas a Norte e a Sul
bol ou com o cinema, sustentando que é um cendo que o canal 2 tem ao domingo um pro- do Douro e complementando com todas as vanta-
espectáculo como outro qualquer. Há quem grama com o mesmo conteúdo) quando por gens a acção do futuro hospital pediátrico do S. João
diga que "aquilo" é arte, que "aquilo" é cultu- exemplo o teatro, a ópera, o bailado, os con- (O “Joãozinho”). Não é, aliás, por acaso que muitos
ra. Mas nós, os amigos dos animais, sabemos certos, são ostensivamente esquecidos. Es- médicos e especialistas da área, desde a Ordem dos
muito bem o que "aquilo" é. Os aficionados tamos a falar de uma estação televisiva que Médicos até pediatras e obstetras, têm elogiado e
não têm argumento para solidificar tama- recebe milhões dos bolsos dos contribuin- apoiado a proposta de Vila Nova de Gaia.
nho mau gosto, tamanha selvajaria, tama- tes e que devia ser uma âncora de desenvol- Neste momento o que é preciso é ultrapassar
nha aberração. Eles não sabem, não pensam, vimento cultural e intelectual dos portugue- o impasse. Como autarca espero que não seja a
nem sonham, porque são pura e simples- ses. Entre o conhecimento e a brutalidade, luta partidária ou uma eventual marcação de terre-
mente destituídos de algo que é elementar a RTP não sabe o que é melhor para as pes- no por parte de uma proto-candidatura socialista à
num ser humano: sensibilidade. soas. Câmara portuense a dificultar uma solução. Mães
É recorrente os amantes da barbárie vi- Fernando Beça Moreira Mas o mais impressionante é constatar e crianças não têm culpa das divergências dos polí-
rem com aquela conversa de que os anti-tou- Penafiel que localidades que não têm qualquer tradi- ticos ou de artificiais querelas entre instituições e é
radas são capazes de comer carne, ignorando ção nestas coisas se dêem ao luxo de realizar nossa obrigação encontrar as soluções mais adequa-
que não é preciso ser vegetariano para defender os animais esses hediondos espectáculos. Estou a falar concretamente das e eficazes.
sejam eles quais forem e onde estiverem. O importante da minha terra, Penafiel, que foi há cinco ou seis anos, bafe- O que é urgente é uma descomplexada decisão
aqui, e eles continuam a não perceber, é não infligir seja em jada com esta sangrenta festa e de Baião, ainda há dias. São política por parte do Governo, que ponha de lado co-
que circunstâncias forem, dor e sofrimento para nosso di- sociedades culturalmente atrasadas. São sociedades não de res partidárias ou cálculos eleitorais futuros e seja
vertimento. E é isso o que as touradas contêm. tradições, mas de "tardições". capaz de escolher a solução que melhor sirva as po-
Aguardo ansiosamente pela proibição de touradas ou "Há quem goste", costumam ainda dizer, os amantes pulações da Região Norte. E as boas relações entre
de qualquer tortura animal em Portugal, e que essa proibi- dessas histórias horripilantes. Eu pela minha parte, digo a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e o Minis-
ção seja aprovada o mais rapidamente possível. Há já uma que não gosto de touradas, nem gosto de quem gosta delas. tério da Saúde podem ser a garantia de uma solução
petição oficial a circular para recolher o número de assina- Felizmente que gosto de muita, muita gente. rápida e a contento dos interesses regionais.
turas necessárias para levar à Assembleia da República Tiro o meu chapéu a Viana do Castelo, primeira cidade Haja vontade política!
esse tema. Se todos assinarmos estamos a fazer um favor anti tourada deste pobre, pimba e incendiário país.
setembro’10 27
opinião IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII repórterdomarão
repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I tâmega/diversos
Sobrelotação da escola é
o maior constrangimento
António Mota
Julieta e Romeu
Três novos cursos profissionais neste ano letivo Às vezes demoro o olhar em
todos os cantos desta casa imen-
ca gostei de perfumes baratos,
mandei embora o meu Romeu
sa, que agora me amedronta, no primeiro dia de janeiro, mas
e bem depressa descubro, nes- não me perguntes o ano, que sou
ta solidão quebrada pelo tic-tac incapaz de recordar.
do relógio de parede, que, ao fim Mandei à vida o Romeu no
destes anos todos, tenho uma primeiro dia do ano, e nunca me
mão cheia de nada, e outra de arrependi. Fui o pai e a mãe do
coisa nenhuma, como escreveu a Zezito, pu-lo numa escola de mú-
Irene Lisboa. sica, andou lá uma semana e não
Esta casa ficou muito maior, voltou, andou no judo até ao dia
e insuportavelmente vazia, des- em que partiu um dedo, depois
de que a Lurdes resolveu aban- nunca mais lá voltou, teve expli-
donar o meu filho. A Lurdes cações desde o primeiro ano, en-
tem, e sempre teve, um nariz trou na faculdade de engenharia
muito empinado. Fartei-me de e andou lá oito anos, e não foi ca-
avisar o meu filho: Zezito, ouve o paz de acabar o curso. O Zezito
que diz a tua mãe, que é mais ve- saiu ao pai. Muita conversa, mui-
lha e sabe mais de mulheres do ta pose, muito perfume.
que tu. Zezito, a Lurdes vai fa- Desculpa, não era isso que
A Escola Básica (EB) do 2.º e 3.º ci- evitando por um lado que ficassem expostos a
“perigos reais” e, por outro lado, as reclama- zer-te sofrer. Ela é muito arisca. eu queria contar. O que eu te
clos do Marco de Canaveses inicia Não gosto do olhar dela. O Zezi- queria dizer é que a minha neta,
ções dos pais.
o novo ano letivo (a 13 de setembro) to ria-se, e eu bem percebia que a Ana, durante sete anos, em vez
Em funções há um ano, Alberto Tavares
com três novos cursos de educação e diretor da EB 2,3 e do Agrupamento de Es- ele estava a pensar: a D. Julie- de uma, teve duas mães. Mas a
formação. Este ano a escola vai ter 43 colas do Marco, o maior do concelho, desta- ta está a dizer parvoíces, o que Lurdes nunca gostou de mim.
turmas, num total de cerca de 1 100 ca as obras feitas este ano na escola sede que é que ela sabe acerca da Lur- Um dia, vê lá o topete dela, de-
alunos. A sobrelotação e a falta de es- permitiram “criar espaços funcionais”. Além des? E, além disso, o que é que pois de lhe ter dado tanto, dis-
de gabinetes para a direção, a remodelação ela tem a ver com as minhas es- se-me, aos gritos, que eu era
paço continuam a ser o constrangi-
de espaços que foi feita permitiu criar qua- colhas? Quem vai casar com ela insuportavelmente arrogante,
mento maior. Por razões de segurança tro salas de aulas e uma sala para a educa- sou eu. egoísta e tremendamente pos-
os espaços polidesportivos exteriores ção especial. A cantina, onde havia fugas de E o Zezito lá se casou com sessiva, e que o Zezito era um
precisam de melhoramentos urgentes. gás e o piso estava degradado, foi remodela- a Lurdes, que já estava grávi- triste boneco manipulado por
da. Foi instalado equipamento novo, lavabos e da há seis meses da Ana, a mi- mim. Foi-se embora, levou a Ana
A EB 2,3 do Marco de Canaveses vai ter feita uma casa de banho nova. A sala dos pro- nha neta, que é muito feminina, com ela, e pediu o divórcio. E o
este ano quatro Cursos de Educação e For- fessores passou a ter um espaço de trabalho como a avó. Foi um casamento Zezito foi viver com uma médi-
mação (CEF), que representam um aumen- e uma zona de convívio e nos serviços admi- caríssimo, com centenas de con- ca, que já se divorciou três vezes.
to significativo da oferta formativa alternativa nistrativos foi retirado o balcão, ficando um vidados. Custou-me uma pipa E agora aqui estou muito so-
ao percurso regular. Os cursos de Carpintaria espaço aberto, com atendimento personali- zinha, esperando ansiosamente
de massa. Nesse dia fartei-me
de Limpos, Instalação e Reparação de Com- zado. As obras, pagas pela DREN, fizeram-
de dar beijinhos e abraços a pri- que o telefone toque.
putadores, Apoio familiar e à Comunidade e se porque existe “bom relacionamento insti-
tucional” com a Direcção Regional e com a mas e primos que eu não conhe-
Logística e Armazenagem são de nível II e III
e representam um reforço da via profissionali- sua equipa técnica. Ainda falta equipar os la- cia de lado nenhum. Mas nessa anttoniomotta@gmail.com
zante de que “o concelho precisa muito”, con- boratórios e construir um auditório que “foi altura já eu estava divorciada do
sidera a direção da escola que espera a cola- prometido. Aquando destas obras garanti- meu marido, que tinha um nome
boração da autarquia na cedência de espaços. ram-me que iam fazer o auditório, mas agora que fazia sorrir, ou sonhar. Ele
Das 43 turmas, 39 são do ensino regular e [por causa da contenção orçamental] está em chamava-se Romeu, eu era a Ju-
quatro de CEF. A sobrelotação é “um proble- stand by”, contou Alberto Tavares. lieta, mas ele tinha olhos azuis, Ditas por ele, as palavras
ma diário” e o constrangimento maior que re- “A escola é a formação dos cidadãos e eu vestia bem, falava bem, era um vulgares, ganhavam outro
sulta da “tendência de atração” pela única EB vim para aqui precisamente por causa disso. galanteador, não gostava muito sentido, tinham encanto. Era
2,3 da sede do concelho. “É muito complica- Quero criar uma escola de qualidade que forme de trabalhar, e metia-se em ne-
cidadãos que quando saírem possam ter solu-
um senhor, o meu Romeu. Às
do. Temos dias em que não há uma única sala gociatas que lhe rendiam fortu-
livre”, disse ao Repórter do Marão o diretor ções para a sua vida. Estou a cumprir o Plano nas.
vezes era um senhor etilizado,
da EB 2,3 de Marco de Canaveses. Na esco- de Intervenção e, pela primeira vez, o Projeto Ditas por ele, as palavras que me entrava em casa de
la não há espaços próprios para atendimento Educativo, que é o documento base da escola, vulgares, ganhavam outro senti- madrugada a trautear versos
aos pais ou para a associação de pais. Outro está a ser executado”, garantiu o diretor do do, tinham encanto. Era um se- de um fado da Amália: Uma
problema é a degradação dos dois polidespor- Agrupamento. Em junho foi apresentada a nhor, o meu Romeu. Às vezes mulher /É como uma guitarra /
tivos exteriores. rádio da escola que deverá começar a funcio- era um senhor etilizado, que me Não é qualquer /Que a abraça
A direção já comunicou à Direcção Regio- nar em breve e foi lançado o primeiro número entrava em casa de madrugada e faz vibrar /Mas quem souber
nal de Educação do Norte (DREN) que é ne- do Folhas Soltas, o jornal do Agrupamento. /Da forma como a agarra /
a trautear versos de um fado da
cessário intervir para pôr fim à “degradação Foi definido que “a primeira parceria é com os Prende-lhe a alma/Nas mãos
Amália: Uma mulher /É como
avançada” daqueles espaços. É preciso fazer pais e está a funcionar plenamente”, referiu.
“E depois também com a Câmara. É e será uma guitarra /Não é qualquer / que a sabem tocar.
as marcações novas no piso e, por razões de
minha intenção, enquanto eu aqui estiver, Que a abraça e faz vibrar /Mas
segurança, substituir todas as estruturas fi-
xas: tabelas e balizas. Outra preocupação, que mantermos boas relações”, disse Alberto Ta- quem souber /Da forma como a E eu ria-me, e perdoava. Mas
é considerada o “calcanhar de Aquiles” da es- vares mostrando-se muito crítico da “linha de agarra /Prende-lhe a alma/Nas fartei-me de tanto açúcar, fartei-
cola é a entrada e saída dos alunos nos auto- incompetência” seguida por sucessivas ges- mãos que a sabem tocar. me de ter um homem que não
carros, que é considerada “muito perigosa”. tões da escola e “que se refletiu a vários ní- E eu ria-me, e perdoava. era só meu. Como nunca gostei
Para a direção seria muito mais seguro se os veis: pedagógico, administrativo, de patrimó- Mas fartei-me de tanto açú- de perfumes baratos, mandei
autocarros parassem frente à escola o que nio e de gestão. Gerou facilitismo, comodismo car, fartei-me de ter um homem embora o meu Romeu.
permitiria que os alunos entrassem directa- e incompetência nos vários setores, desde o que não era só meu. Como nun-
mente do recinto escolar para os autocarros, pessoal docente ao não docente”. Paula Costa
30 setembro’10
repórterdomarão I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I crónica|eventos
Cartoons
Esta edição foi globalmente escrita
ao abrigo do novo acordo ortográfico.
Porém, alguns textos, sobretudo de
de
colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.
Fundado em 1984
Revista Mensal
Santiagu
Registo/Título: ERC 109 918
Depósito Legal: 26663/89 [Pseudónimo de
António Santos]
Redação:
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