Introdução
Condutores elétricos
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Quanto maior a bitola, menor a resistência do fio na passagem dos sinais
elétricos, em outras palavras, um fio com bitola maior possui maior condutividade, por
outro lado, fios grossos são difíceis de manobrar pela falta de flexibilidade. A medida
da bitola de um fio é informada usando a norma americana AWG (American Wire
Gauge). A tabela 1 mostra a relação em milímetros para esta medida.
Tipos de condutores
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1) Resistência: uma grandeza que mede a capacidade do meio físico em
dificultar a propagação de um sinal pelo cabo. Essa medida utiliza a unidade
conhecida por Ohms (Ω).
2) Atenuação: devido à resistência do fio, um sinal perde potência quando
trafega no condutor, essa perda de potência é chamada de atenuação e é
medida em decibéis (db).
3) Capacitância: capacidade do condutor armazenar cargas elétricas. Este
parâmetro influi na atenuação do sinal porque as cargas que deveriam estar
circulando pelo condutor são retidas. A medida da capacitância é feita em
Farad (F).
4) Indutância: indica uma resistência a passagem da corrente elétrica sempre
que ela muda de sentido no meio físico. A medida da indutância é feita em
Henry (H).
5) Impedância: a capacitância que afeta a transmissão em um cabo é chamada
de reatância capacitiva e é medida em Ohms, da mesma forma a indutância
em um cabo é chamada de reatância indutiva, também medida em Ohms.
Somando-se a resistência, a reatância capacitiva e indutiva, temos a
impedância característica de um condutor que, não poderia ser diferente,
utiliza a medida de grandeza Ohms.
6) Frequência: é a quantidade de ciclos de uma onda que se repete a cada
segundo. A medida da frequência é feita em Hertz. Quanto maior a
frequência, mais informações podem ser transmitidas ao mesmo tempo,
por outro lado, são necessários condutores mais bem constituídos para
suportarem altas frequências de transmissão.
Existem três tipos de cabos que podem ser fazer presente numa rede local: par
trançado (mais usado), cabo coaxial (usado em situações específicas) e fibra óptica
(usado em conexões entre redes – backbone).
Cabo coaxial
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Cabo par trançado
Neste tipo de cabo dois fios são enrolados entre si. Um dos fios transmite o
sinal e o outro é o “terra” do sinal. Em redes de computadores, estes fios possuem
cores onde o fio colorido transmite o sinal e o fio branco enrolado nele faz o papel de
terra. Apesar do cabo mais comum usado em projetos de redes ser o de quatro pares,
outras possibilidades também existem com fios que vão de 2, 4, 25, 100 ou mais pares.
- UTP (unshielded twisted pair): par trançado não blindado, portanto não imune a
interferências externas.
- STP (shielded twisted pair): par trançado blindado, imune a interferências externas.
Este ainda podem ser do tipo ScTP (screened twisted pair), blindados por malha, ou
FTP (foil twisted pair), blindados por uma fita metálica.
Os materiais isolantes usados na capa dos cabos de par trançado podem ser de
diversos tipos, geralmente utilizam algum polímero que é propagante ao fogo (cloreto
4
de polivinila – pvc, polietileno, borracha etileno propileno, etc). Há duas situações em
que um cabo não propagante a chama deve ser utilizado: na interligação entre andares
de um edifício e nos chamados espaços plenum, este último refere-se ao vão
localizado entre o forro e a laje superior utilizados para circulação de ar em edifícios.
Figura 2: Alicate de crimpagem usado para conectores RJ45 (rede) e RJ11 (telefonia).
A seguinte sequência de passos deve ser usada para conectorizar um cabo par
trançado:
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- Corte as pontas dos fios de forma a deixa-los alinhados.
- O cabo deve ficar decapado e destrançado em torno de 13mm para evitar crosstalk.
- Inserir os fios no conector empurrando até perceber que suas pontas metálicas
aparecem na extremidade do conector.
6
100 microns. A nomenclatura usada para especificar uma fibra contem informações do
diâmetro do núcleo seguido pelo diâmetro da casca, as mais comuns são as fibras
65/125 μm, ou seja, 65 microns de núcleo e 125 microns da casca. A figura 5 mostra
estes elementos.
O índice de refração do núcleo é maior que o da casca de forma que o sinal seja
refletido e propagado pelo interior da fibra.
- Cabos tipo Loose Tube: utilizado em ambientes externos, onde as fibras ficam
acomodadas em um tubo que é preenchido com gel cuja função é proteger a fibra
contra ações do meio ambiente (água, ressecamentos, etc).
- Cabos tipo Tight Buffer: utilizado em ambientes internos, sem a proteção do gel que,
além do mais, é propagante a chama.
O ferrolho dos conectores, que é por onde passa a fibra, pode ser do tipo
cerâmico ou composto. A figura 6 mostra uma ilustração destes conectores.
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Figura 6: Conectores de fibra óptica.
8
AULA 02
Há algum tempo atrás era muito comum nos depararmos com situações de
total falta de organização no sistema de cabeamento das empresas. Sem planejamento
a rede era construída partindo das necessidades iniciais dos clientes e, no decorrer dos
anos, outras necessidades iam surgindo e com elas as soluções paliativas na tentativa
de atender, de prontidão, às exigências de crescimento da rede. A figura 8 ilustra o
caos de uma rede desorganizada.
Cabeamento estruturado
9
pelo contrário, deve ser planejado para uma vida útil de mais de 15 anos e é a parte
menos onerosa de uma obra.
Ponto estruturado
10
possibilidade de manobra para que os pontos possam utilizar outras portas do switch
ou pabx sem que muitas modificações sejam necessárias.
A figura 9 mostra a ligação do outlet aos ativos da rede. Observe que na figura
9a o ponto é duplo, com voz e dados, e na figura 9b o ponto é simples, mas com a
capacidade de ser utilizado tanto para voz quanto para dados.
pabx
VOZ pabx
patch patch
panel panel
DADOS/VOZ
DADOS
switch
outlet outlet
switch
(a) (b)
Figura 9 – (a) Outlet com ponto duplo. (b) Outlet com ponto simples.
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4. Cabeamento vertical (primário): cabeamento da rede que liga duas redes
ou que liga dois racks, também chamado de backbone da rede.
5. Cabeamento horizontal (secundário): cabeamento da rede que liga o patch
panel do último rack aos pontos (outlets) localizados na área de trabalho.
6. Área de trabalho (ATR): local onde se encontram os outlets da rede e onde
serão colocados os equipamentos (computadores) que farão uso da rede.
Sala de
equipamentos
pabx
Poste (rede
externa)
Instalações
de entrada 2U
Cabeamento
vertical
Armário de (primário)
telecom (rack)
Área de
2U Trabalho
Cabeamento
horizontal
(secundário)
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PARTE II - Norma NBR14565
Introdução
13
1. Área de trabalho
2. Rede secundária
3. Armário de telecomunicações
4. Rede primária nível 1
5. Sala de equipamentos
6. Sala de entrada de telecomunicações
7. Cabo de interligação externo
CP – cabo primário
CS – cabo secundário
AT – armário de telecomunicações
CI – cabo de interligação
14
Identificações usadas na rede
No projeto esta identificação é usada nas saídas dos racks e nos trechos onde
há mudanças nas quantidades dos cabos lançados na rede. A figura 13 mostra a
sintaxe de escrita para este tipo de identificação.
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Tabela 3 – Identificação do cabeamento de redes e exemplos.
Elemento
Identificação / Significado Exemplo
identificado
PT 02 056
PT XX xxx
Ponto de
XX: Pavimento
telecomunicações Tomada 056 do 2º pavimento
xxx: Seqüencial
CWY XX xxx CSU 02 056
W: P – Primário, S – Secundário e I
Identificação na ponta
– Interligação Cabo 056 do tipo UTP,
dos cabos
Y: U – UTP, S – STP e Fo – Fibra Secundário e localizado no 2º
Óptica pavimento
16
simbologia mostrada nas figuras 15 e 16 para representarmos, em planta, os diversos
elementos que compõem uma rede.
17
Figura 16 – Simbologia usada para os sistemas de distribuição
18
Figura 17 – Limites de comprimento de cabos no secundário.
Para saber mais sobre outras recomendações da NBR 14565 vale a pena uma
leitura, na íntegra, desta norma que está disponível no material complementar desta
semana. Foram apresentados os principais aspectos que serão usados na elaboração
do nosso projeto de cabeamento estruturado, o qual será proposto na última semana.
No decorrer das próximas aulas, outros detalhes serão apresentados para aumentar a
bagagem de conhecimentos sobre este assunto tão amplo.
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AULA 03
Por menor que seja a rede, um equipamento ativo jamais poderá ser colocado
sobre uma mesa ou bancada. Sempre será necessário um armário de telecom que
comporte este equipamento e, para atender às mais variadas situações, existem uma
enorme quantidade de armários de telecom disponíveis no mercado.
19"
Racks fechados
20
Figura 19 – Rack fechado.
Características:
21
Figura 20 – Rack fechado e seus acessórios.
Racks abertos
22
Características:
• Montagem simplificada;
Este tipo de rack tem um custo muito menor que o rack fechado em virtude de
não ser necessária uma série de componentes adicionais. Por outro lado existe uma
série de recomendações tanto para instalação dos racks quanto para localização dos
mesmos, por exemplo, deve-se deixar uma folga de pelo menos 3m para
manutenção e movimentação do rack.
Brackets
Características:
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• Profundidade útil de 350mm (mínimo);
Altura total = N + 9U
Acessórios
Como foi dito anteriormente, existem vários acessórios que fazem parte de um
rack, alguns deles muito sofisticados inclusive, os principais acessórios serão
apresentados a seguir:
Bandejas: são utilizadas como sustentação para os dispositivos que não podem ser
parafusados à estrutura do rack, com este acessório os dispositivos ficam apoiados
sobre as bandejas (figura 23).
24
Figura 23 – Exemplos de bandejas de sustentação.
Painel de fechamento: são usados para tampar aberturas não preenchidas nos
racks de forma a oferecer maior proteção ou por questões puramente estéticas
(figura 24). Observe que existem em vários tamanhos de altura.
(a)
(b)
25
Régua de tomadas: tomadas no padrão (2P + T) para alimentação elétrica dos
equipamentos ativos (figura 26). Atualmente as tomadas já vêm com o novo modelo de
três pinos adotado no Brasil.
Kits de montagem: são elementos menores, mas importantes para montagem dos
equipamentos no rack. A figura 28 mostra exemplos de kits de montagem.
26
Figura 28 – Exemplos de kits de montagem para racks.
27
Sistemas de distribuição
Para fazer os cálculos, basta conhecer a área ocupada por cada tipo de cabo e a
área do elemento usado na distribuição do cabeamento. O cabo CAT5e, por
exemplo, possui 5.1 mm de diâmetro, já o CAT6 possui 6mm de diâmetro. Se
utilizarmos um eletroduto de 1” (2,54cm) podemos estimar a quantidade de cabos
da seguinte forma.
28
PARTE II – Equipamentos Ativos da Rede
Introdução
Redes locais
SWITCH
XX-Portas
29
O equipamento em destaque para esta situação é o switch. A quantidade de
portas necessárias determina a escolha do switch, em alguns casos serão necessários
mais de um equipamento ativo. Os switches mais comuns são os de 24 portas, estes
são os mais usados devido a facilidades de instalação no rack, também são
encontrados no mercado switches de 8, 16, 36, 48, 96 portas e muitos outros,
dependendo do fabricante.
12 U
Switch 24p
Guia de cabos
Painel de fechamento (2U)
Patch panel 24 p
Guia de cabos
No caso de redes locais com um primário simples, dois racks são necessários e,
naturalmente, ao menos dois equipamentos ativos, um em cada rack, também
precisam ser alocados. A figura 32 mostra um esboço desta rede, a disposição dos
equipamentos dentro dos racks é análoga ao que foi mostrado no exemplo anterior na
figura 31, a observação sobre a quantidade de pontos e taxa de transmissão da rede
também deve ser feita aqui.
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primário
secundário
Neste exemplo, a menos que se faça uma divisão usando VLAN’s nos switches,
todos os hosts pertencem à mesma rede, quando isso acontece dizemos que os hosts
estão no mesmo domínio de broadcast, ou seja, uma mensagem (dados) enviada via
broadcast na rede irá alcançar todos os usuários.
Roteador
Rede 1 Rede 2
31
Uma vez que o roteador não é um equipamento usado para interligar hosts,
mas sim para interligar redes, a quantidade de portas é reduzida neste dispositivo.
Todavia, é preciso levar em conta o número de redes que ele interliga para decidir qual
o tipo de roteador, quais e quantas interfaces ele deve ter.
Backbone
Rede Principal
32
AULA 04
Certificação do cabeamento
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Figura 35 – Equipamento de certificação de cabeamento estruturado (scanner).
A utilização do scanner para certificação da rede é mais fácil quando feita por
duas pessoas. Todos os pontos da rede devem ser certificados, para isso, uma pessoa
fica próximo ao rack e, usando o injetor, conecta este equipamento em cada ponto
identificado no patch panel. Na outra extremidade, no outlet correspondente, outra
pessoa coleta as informações usando o scanner. Para comunicação entre quem fica
com o injetor e quem fica com o scanner, principalmente em casos onde a área de
trabalho é distante, alguns equipamentos são dotados com um esquema de
comunicação que utiliza o próprio cabo testado como se fosse um telefone.
12 U
outlet
rack
scanner
injetor
Figura 36 – Certificação usando injetor e scanner.
34
Parâmetros medidos pela certificação
O next mede a quantidade de sinal que interfere no par de fios adjacente, esta
medida é feita do lado do injetor onde a intensidade do sinal é maior. A interferência é
resultado da indução elétrica que é inevitável durante transmissão de uma corrente
elétrica num cabo metálico. A figura 37 mostra como o next atua em todos os pares de
fios de um cabo UTP.
35
( )
Onde,
Mais exemplos:
ATENUAÇÃO
36
WIREMAP
37
DELAY SKEW
PS-NEXT
Na categoria 5 utiliza-se apenas dois dos quatro pares de fios para transmissão
e recepção do sinal, mas na categoria 6, todos os pares são utilizados. A soma das
interferências que cada par faz sobre um único par de fios é chamada de power sum
next (ps-next), ou seja, é a soma dos nexts de cada par sobre um único par de fios. A
figura 39 ilustra mais este valor de medida.
Figura 39 – PS-Next
ALIEN CROSSTALK
Uma vez que os cabos são lançados juntos dentro do mesmo sistema de
distribuição (eletrocalhas, canaletas, dutos, etc), pode acontecer de que um sinal
transmitido em um dos cabos interfira no cabo adjacente. O next mede a interferência
dos pares de fios em um mesmo cabo, o chamado alien crosstalk é semelhante ao
next, com a diferença de que as interferências são entre cabos e não entre pares de
fios. A figura 40 mostra uma ilustração deste fenômeno.
38
PARTE II – Diagrama Unifilar e AS BUILT
Introdução
Outra representação da rede, essa sim muito mais completa que o diagrama
unifilar, é o AS BUILT que contém a planta da rede com identificação da localização de
pontos, tipos e quantidades de cabos e sistemas de distribuição do cabeamento
estruturado.
Diagrama unifilar
AT / SEQ
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- Cross-connection: quando há dois patch panels dentro do armário de telecom, sendo
que um deles se liga ao outlet e outro se liga ao equipamento ativo, os dois patch
panels são interligados de forma cruzada (cross-connect).
2 pavim. AT 02
48 x CSU 4P 02 x CPFo 2f
PT 02 001 02 001-048 02 001-002
PT 02 048
1 pavim. AT 01 SEQ
48 x CSU 4P 02 x CPFo 2f
PT 01 001 01 001-048 01 001-002
PT 01 048
térreo AT TE
10 x CSU 4P 02 x CPFo 2f
PT TE 001 TE 001-010 TE 001-002
PT TE 010
40
AS BUILT
41