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AULA 01 – Componentes Físicos da Rede

Introdução

Vocês já tiveram a oportunidade, em outra disciplina, de conhecer os


elementos que compõem a rede física de uma rede de computadores. Na elaboração
de projetos de redes, um conhecimento mais profundo destes elementos se faz
necessário.

Vamos começar descrevendo as características dos condutores elétricos e os


principais parâmetros relacionados a estes condutores, em seguida serão
apresentados os dois meios físicos mais utilizados em projetos de cabeamento
estruturado: par trançado e fibra óptica. O conceito de cabeamento estruturado será
introduzido na próxima aula e será usado como referência para o restante da
disciplina. Após discutirmos sobre os meios físicos e sua aplicação, finalmente vamos
conhecer também as técnicas de conectorização e as ferramentas usadas para este
propósito.

Condutores elétricos

A propriedade de condução elétrica é atribuída para alguns materiais


encontrados na natureza que possuem a capacidade de conduzir sinais elétricos, são
os chamados condutores elétricos, outro materiais, no entanto, não possuem esta
capacidade e são chamados de isolantes ou dielétricos. O cabeamento usado em redes
precisa sempre destes dois tipos de materiais, o condutor usado para propagação do
sinal transmitido na rede e o isolante elétrico usado para evitar o contato com outros
condutores.

Os condutores elétricos são caracterizados pelo tipo de material utilizado


(cobre, zinco, estanho, etc) e também pela bitola, que nada mais é que o diâmetro da
seção transversal do fio, sem considerar a espessura do isolante. A figura 1 ilustra este
conceito.

Figura 1: Ilustração da seção transversal (bitola) de um fio.

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Quanto maior a bitola, menor a resistência do fio na passagem dos sinais
elétricos, em outras palavras, um fio com bitola maior possui maior condutividade, por
outro lado, fios grossos são difíceis de manobrar pela falta de flexibilidade. A medida
da bitola de um fio é informada usando a norma americana AWG (American Wire
Gauge). A tabela 1 mostra a relação em milímetros para esta medida.

Tabela 1 – Relação entre as bitolas medidas em AWG e milímetros.


AWG Diâmetro (mm) AWG Diâmetro (mm)
0 8.25 17 1.15
1 7.35 18 1.024
2 6.54 19 0.912
3 5.83 20 0.812
4 5.19 21 0.723
5 4.62 22 0.644
6 4.11 23 0.573
7 3.67 24 0.511
8 3.26 25 0.455
9 2.91 26 0.405
10 2.59 27 0.361
11 2.30 28 0.321
12 2.05 29 0.286
13 1.83 30 0.255
14 1.63 31 0.227
15 1.45 32 0.202
16 1.29

As bitolas mais comuns para sistemas de cabeamento são: 12 AWG, 20 AWG,


22 AWG, 24 AWG e 28 AWG.

Tipos de condutores

Existem dois tipos de condutores: condutor sólido (rígido) e condutor retorcido


(flexível). Os condutores sólidos apresentam um único fio, cuja resistência a
condutividade é bem menor que a do condutor flexível, onde vários fios compõem a
estrutura do cabo.

Parâmetros de medidas elétricas

Os sinais que trafegam nos condutores metálicos apresentam algumas


propriedades importantes que são inerentes à sua composição física, são elas:

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1) Resistência: uma grandeza que mede a capacidade do meio físico em
dificultar a propagação de um sinal pelo cabo. Essa medida utiliza a unidade
conhecida por Ohms (Ω).
2) Atenuação: devido à resistência do fio, um sinal perde potência quando
trafega no condutor, essa perda de potência é chamada de atenuação e é
medida em decibéis (db).
3) Capacitância: capacidade do condutor armazenar cargas elétricas. Este
parâmetro influi na atenuação do sinal porque as cargas que deveriam estar
circulando pelo condutor são retidas. A medida da capacitância é feita em
Farad (F).
4) Indutância: indica uma resistência a passagem da corrente elétrica sempre
que ela muda de sentido no meio físico. A medida da indutância é feita em
Henry (H).
5) Impedância: a capacitância que afeta a transmissão em um cabo é chamada
de reatância capacitiva e é medida em Ohms, da mesma forma a indutância
em um cabo é chamada de reatância indutiva, também medida em Ohms.
Somando-se a resistência, a reatância capacitiva e indutiva, temos a
impedância característica de um condutor que, não poderia ser diferente,
utiliza a medida de grandeza Ohms.
6) Frequência: é a quantidade de ciclos de uma onda que se repete a cada
segundo. A medida da frequência é feita em Hertz. Quanto maior a
frequência, mais informações podem ser transmitidas ao mesmo tempo,
por outro lado, são necessários condutores mais bem constituídos para
suportarem altas frequências de transmissão.

Cabos usados em redes locais

Existem três tipos de cabos que podem ser fazer presente numa rede local: par
trançado (mais usado), cabo coaxial (usado em situações específicas) e fibra óptica
(usado em conexões entre redes – backbone).

Cabo coaxial

Este é um cabo usado para fins específicos de transmissão de CFTV (circuito


fechado de tv), não se usa mais em redes de computadores devido às limitações de
taxas de transmissão e problemas decorrentes de seu alto poder de condutividade, o
qual nem sempre é bem vindo, principalmente em situações onde ocorrem descargas
atmosféricas.

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Cabo par trançado

Neste tipo de cabo dois fios são enrolados entre si. Um dos fios transmite o
sinal e o outro é o “terra” do sinal. Em redes de computadores, estes fios possuem
cores onde o fio colorido transmite o sinal e o fio branco enrolado nele faz o papel de
terra. Apesar do cabo mais comum usado em projetos de redes ser o de quatro pares,
outras possibilidades também existem com fios que vão de 2, 4, 25, 100 ou mais pares.

As transmissões nestes fios podem ser feitas de forma analógica ou digital,


todavia um dos grandes problemas deste tipo de cabo é chamado de crosstalk (linha
cruzada), que é a interferência que afeta os condutores quando eles estão próximos.
Este fenômeno é que faz com que os cabos sejam trançados para evitar, ou pelo
menos diminuir, os efeitos das interferências.

Os cabos par trançado se dividem em dois grupos:

- UTP (unshielded twisted pair): par trançado não blindado, portanto não imune a
interferências externas.

- STP (shielded twisted pair): par trançado blindado, imune a interferências externas.
Este ainda podem ser do tipo ScTP (screened twisted pair), blindados por malha, ou
FTP (foil twisted pair), blindados por uma fita metálica.

A tabela 2 mostra a evolução dos pares trançados, a medida que o suporte a


novas taxas de transmissão foram aumentando.

Tabela 2 – Pares trançados em diferentes categorias.


Categoria 1 Usado em sistemas de telefonia com frequência inferior a 1 MHz
Categoria 2 Usado em sistemas de baixa taxa de transmissão com
frequências até 4 MHz
Categoria 3 Transmissões com taxa de 10Mbps e frequências de 16 MHz
Categoria 4 Transmissões com taxa de 16Mbps e frequências de 20 MHz
Categoria 5 Transmissões com taxa de 100 Mbps e frequências de 100 MHz
Categoria 5e O cabo enhanced (melhorado) oferece mais garantias de
qualidade e funcionamento que o cat 5.
Categoria 6 Usado em frequências até 250 MHz
Categoria 7 Usado em frequências até 600 MHz (ainda não padronizado)

Material isolante em cabos par trançado

Os materiais isolantes usados na capa dos cabos de par trançado podem ser de
diversos tipos, geralmente utilizam algum polímero que é propagante ao fogo (cloreto

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de polivinila – pvc, polietileno, borracha etileno propileno, etc). Há duas situações em
que um cabo não propagante a chama deve ser utilizado: na interligação entre andares
de um edifício e nos chamados espaços plenum, este último refere-se ao vão
localizado entre o forro e a laje superior utilizados para circulação de ar em edifícios.

Nos espaços plenum e na interligação entre andares de um edifício, deve ser


usado cabos com uma capa de FEP (propileno etileno fluorado) que não propagam
chamas nem fumaça.

Conectorização do cabo par trançado

O conector usado em cabos par trançado para redes de computadores é


chamado de RJ45, segundo a ABNT o nome utilizado para este conector é: conector
modular de 8 vias (CMV8). Para conectorização do cabo par trançado é preciso usar
um alicate de crimpagem apropriado mostrado na figura 2 abaixo.

Figura 2: Alicate de crimpagem usado para conectores RJ45 (rede) e RJ11 (telefonia).

A ordem de conectorização obedece a um dos dois padrões existentes T568-A


ou T568-B. Um cabo que segue a sequência de cores do padrão 568A de um lado e
568-B na outra extremidade é chamado de cabo crossover.

A seguinte sequência de passos deve ser usada para conectorizar um cabo par
trançado:

- Corte a medida de cabo necessária para conexão.

- Decape as pontas para o encaixe do conector.

- Destrance os fios emparelhando-os de acordo com um dos padrões de cores (T568-A


ou T568-B).

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- Corte as pontas dos fios de forma a deixa-los alinhados.

- O cabo deve ficar decapado e destrançado em torno de 13mm para evitar crosstalk.

- Inserir os fios no conector empurrando até perceber que suas pontas metálicas
aparecem na extremidade do conector.

- Utilize o alicate para finalizar a crimpagem.

Na conectorização do RJ-45 fêmea deve-se observar a mesma sequência de


cores, em alguns casos é necessário utilizar uma ferramenta conhecida por pushdown,
que é um alicate de impacto ilustrado pela figura 3 a seguir.

Figura 3: Alicate de impacto – pushdown.

Os conectores fêmea possuem uma placa impressa na lateral indicando a


ordem de colocação dos fios, a figura 4 mostra um exemplo.

Figura 4: Conectorização do RJ45 fêmea.

Cabos de fibra óptica

A fibra óptica é composta de um núcleo de vidro circundada por uma casca


também de vidro, envolvendo estes dois elementos ainda temos um revestimento
primário. Os núcleos variam de 4 até 100 microns e a casca possui diâmetros acima de

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100 microns. A nomenclatura usada para especificar uma fibra contem informações do
diâmetro do núcleo seguido pelo diâmetro da casca, as mais comuns são as fibras
65/125 μm, ou seja, 65 microns de núcleo e 125 microns da casca. A figura 5 mostra
estes elementos.

Figura 5: Componentes de uma fibra óptica.

O índice de refração do núcleo é maior que o da casca de forma que o sinal seja
refletido e propagado pelo interior da fibra.

A aplicação de fibra óptica em projetos de cabeamento estruturado está mais


voltada para interligação de equipamentos de rede (backbone). Neste aspecto
podemos classifica-la em dois tipos:

- Cabos tipo Loose Tube: utilizado em ambientes externos, onde as fibras ficam
acomodadas em um tubo que é preenchido com gel cuja função é proteger a fibra
contra ações do meio ambiente (água, ressecamentos, etc).

- Cabos tipo Tight Buffer: utilizado em ambientes internos, sem a proteção do gel que,
além do mais, é propagante a chama.

Conectorização da fibra óptica

Na conectorização de cabos de fibra óptica existem diversos tipos de


conectores: ST, SC, FDDI, MT-RJ, LC e VF-45, sendo que o ST e o SC são os mais
comuns. O ST tem formato circular com um sistema de trava em baioneta, semelhante
ao usado no BNC do cabo coaxial. Já o SC tem um formato retangular com um sistema
de trava push-pull (encaixe).

O ferrolho dos conectores, que é por onde passa a fibra, pode ser do tipo
cerâmico ou composto. A figura 6 mostra uma ilustração destes conectores.

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Figura 6: Conectores de fibra óptica.

Para conectorização da fibra óptica são necessários: um decapador (para


remover o revestimento primário da fibra), um clivador (usado para cortar a fibra num
ângulo de 90º e um equipamento de fusão ou de emenda mecânica. Estes
equipamentos tornam o custo operacional da fibra óptica bastante caro. Enquanto se
compra um alicate de crimpagem de conectores RJ45 em qualquer loja de materiais
elétricos, os equipamentos usados para conectorização de fibras ópticas são
especializados e caros. O clivador, por exemplo, possui uma ponta de diamante que
permite um corte preciso da fibra, sem cisalhamento.

Por curiosidade, vale a pena pesquisar os preços de equipamentos de fusão de


fibra óptica como o que é mostrado na figura 7 a seguir.

Figura 7: Máquina de fusão de fibra óptica.

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AULA 02

PARTE I - Cabeamento Estruturado


Introdução

Há algum tempo atrás era muito comum nos depararmos com situações de
total falta de organização no sistema de cabeamento das empresas. Sem planejamento
a rede era construída partindo das necessidades iniciais dos clientes e, no decorrer dos
anos, outras necessidades iam surgindo e com elas as soluções paliativas na tentativa
de atender, de prontidão, às exigências de crescimento da rede. A figura 8 ilustra o
caos de uma rede desorganizada.

Figura 8 – Desorganização de um cabeamento de rede.

O termo cabeamento estruturado refere-se a forma planejada e organizada de


se projetar e instalar o cabeamento de uma rede, de forma a atender às necessidades
imediatas do cliente e garantir a escalabilidade para expansões futuras, sem que o
responsável pelas novas instalações sinta-se em uma situação de “missão impossível”.

Cabeamento estruturado

Enquanto os equipamentos ativos da rede (hubs, switches, roteadores, etc) são


responsáveis pela maior parte do custo de instalação de uma rede, o cabeamento,

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pelo contrário, deve ser planejado para uma vida útil de mais de 15 anos e é a parte
menos onerosa de uma obra.

Alguns fabricantes de cabos e conectores chegam a oferecer aos clientes até 25


anos de garantias, desde que as normas de cabeamento estruturado tenham sido
observadas e executadas no projeto.

Além da organização da rede, que facilita bastante o trabalho da equipe de


suporte e manutenção, o cabeamento estruturado tem como princípio básico o
pressuposto de que qualquer ambiente (imóvel) não deve ser encarado como
definitivo, ou seja, o edifício pode ter sua estrutura física imutável, mas as
necessidades dos usuários que ocupam, ou que irão ocupar, este espaço podem mudar
com o tempo. Desta forma, é preciso garantir que o projeto da rede vá além das
necessidades atuais dos usuários e possa oferecer o mínimo de funcionalidade para
um uso futuro do ambiente.

A definição da quantidade de pontos lógicos em um espaço físico é a primeira


atitude que o projetista da rede deve se preocupar. As primeiras normas usadas em
cabeamento de rede foram definidas pela ANSI (American National Standards
Institute), no Brasil, desde 2001, utilizamos as recomendações da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas). Com relação a quantidade de pontos, por exemplo,
para projetos comerciais ficou estabelecido que, independente das necessidades
iniciais do cliente, qualquer obra deverá prever 02 pontos estruturados a cada 10 m2
de ambiente.

Ponto estruturado

Um ponto estruturado é uma caixa (outlet) com um ou dois conectores RJ45 –


fêmea onde o usuário possa utilizar uma conexão de dados (computador) e/ou uma
conexão de voz (telefonia). No caso de conector único, deve ser possível, com
alterações simples que não envolvam a necessidade de substituição do cabeamento da
rede, que o mesmo ponto possa ser usado ora como ponto de voz, ora como ponto de
dados.

Todos os pontos devem ser identificados usando um conjunto de caracteres


que também é padronizado, veremos isso mais adiante. Independente do outlet
possuir um ou dois pontos (às vezes até mais que isso), cada RJ45-fêmea é conectado a
um dispositivo chamado de patch panel antes de se conectar ao ativo (hub ou switch)
ou ao pabx da rede. Este procedimento garante, além da organização da rede, a

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possibilidade de manobra para que os pontos possam utilizar outras portas do switch
ou pabx sem que muitas modificações sejam necessárias.

A figura 9 mostra a ligação do outlet aos ativos da rede. Observe que na figura
9a o ponto é duplo, com voz e dados, e na figura 9b o ponto é simples, mas com a
capacidade de ser utilizado tanto para voz quanto para dados.

pabx
VOZ pabx
patch patch
panel panel
DADOS/VOZ

DADOS
switch
outlet outlet
switch
(a) (b)
Figura 9 – (a) Outlet com ponto duplo. (b) Outlet com ponto simples.

Atualmente novas modificações das normas estão em andamento para que o


ponto (outlet) passe de duplo para triplo (voz, dados e imagem), é o chamado triple
play.

Subsistemas de cabeamento estruturado

As normas definem seis subsistemas de cabeamento estruturado, para os quais


existe uma quantidade enorme de recomendações e padronizações a serem seguidas.
Algumas delas serão apresentadas nesta e nas próximas aulas. A figura 10 faz
referência aos seis subsistemas de cabeamento estruturado:

1. Instalações de entrada (entrance facilities): contém as instalações para


abrigar os cabos provenientes da rede externa à rede local onde o
cabeamento estruturado está sendo instalado. Pode ser uma sala ou,
simplesmente, uma caixa que recebe os cabos das companhias de telecom
como a de telefonia.
2. Sala de equipamentos (SEQ): local onde são colocados os principais
equipamentos ativos da rede e onde se concentram a maioria dos cabos de
distribuição. Pelas normas esta sala não deve ser menor que 14m 2 e deve
ser localizada de forma a “economizar” na quantidade de cabos da rede.
3. Armário de telecom (AT - rack): usado para abrigar os equipamentos ativos
da rede e o hardware de conexão (patch panel).

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4. Cabeamento vertical (primário): cabeamento da rede que liga duas redes
ou que liga dois racks, também chamado de backbone da rede.
5. Cabeamento horizontal (secundário): cabeamento da rede que liga o patch
panel do último rack aos pontos (outlets) localizados na área de trabalho.
6. Área de trabalho (ATR): local onde se encontram os outlets da rede e onde
serão colocados os equipamentos (computadores) que farão uso da rede.

Sala de
equipamentos

pabx

Poste (rede
externa)
Instalações
de entrada 2U

Cabeamento
vertical
Armário de (primário)
telecom (rack)

Área de
2U Trabalho

Cabeamento
horizontal
(secundário)

Figura 10 – Os seis subsistemas de cabeamento estruturado

Questões alheias ao projeto

Embora as normas de cabeamento estruturado estejam disponíveis para


facilitar o trabalho do projetista de rede, nem sempre é fácil convencer o usuário
(cliente) de que elas são necessárias. Um custo adicional pela colocação de pontos a
mais do que o cliente necessita naquele instante ou pela adição de caixas de passagem
para expansão futura da rede, acabam não sendo interpretados pelo cliente como
investimento, muitas vezes necessário. Cabe ao projetista o poder de convencimento
colocando em prática toda sua habilidade profissional.

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PARTE II - Norma NBR14565
Introdução

Já vimos que o cabeamento estruturado é um conceito fundamental para


garantir o funcionamento de uma rede de computadores por muito tempo. Durante
vários anos, aqui no Brasil, ficamos submetidos a padrões e órgãos internacionais que
ditavam as regras relacionadas à infraestrutura de redes, como é o caso da ANSI
(American National Standards Institute).

Em julho de 2000, o comitê brasileiro de eletricidade, vinculado a ABNT,


montou uma comissão responsável pela elaboração de um documento contendo o que
foi chamado de procedimentos básicos para a elaboração de projetos de cabeamento
de telecomunicações para a rede interna estruturada, este documento é conhecido
como norma NBR 14565 e contém padronizações similares às descritas na norma ANSI
606. A figura 11 mostra um trecho da primeira página deste documento.

Figura 11 – Norma ABNT 14565.

A NBR14565 começa destacando os subsistemas de cabeamento estruturado,


conforme apresentado na última aula, porém a nomenclatura e abreviaturas utilizadas
são bem particulares desta norma, inclusive é considerado um sétimo subsistema que
é o cabeamento usado na interligação da rede local com a rede externa. A figura 12
mostra, novamente, os subsistemas de cabeamento estruturado, desta vez conforme
são apresentados na norma 14565.

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1. Área de trabalho
2. Rede secundária
3. Armário de telecomunicações
4. Rede primária nível 1
5. Sala de equipamentos
6. Sala de entrada de telecomunicações
7. Cabo de interligação externo

Figura 12 – Subsistemas de cabeamento estruturado segundo ABNT 14565.

A abreviatura usada para os componentes da rede é apresentada a seguir:

 ATR – área de trabalho

 CP – cabo primário

 CS – cabo secundário

 PT – ponto de conexão de telecomunicações

 PCC – ponto de consolidação de cabos

 AT – armário de telecomunicações

 SEQ – sala de equipamentos

 SEQI – sala de equipamentos intermediária

 DGT - distribuidor geral de telecomunicações

 CI – cabo de interligação

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Identificações usadas na rede

Além das questões de organização e capacidade de ampliação da rede,


discutidas na última aula, a identificação dos pontos de rede e dos espaços dentro do
projeto é um item imprescindível.

No projeto que será feito para conclusão da disciplina utilizaremos apenas


algumas das identificações descritas na norma 14565.

Identificação de trechos de cabos

No projeto esta identificação é usada nas saídas dos racks e nos trechos onde
há mudanças nas quantidades dos cabos lançados na rede. A figura 13 mostra a
sintaxe de escrita para este tipo de identificação.

Figura 13 – Identificação de trechos de cabos.

O exemplo mostrado na figura acima pode ser lido como: 06 cabos,


secundários, UTP de 4 pares, localizados no 15º andar, com números de pontos de 001
a 006. A tabela 3 mostra, além da identificação simplificada de trechos de cabos, a
sintaxe usada nos pontos lógicos (outlets) e nas extremidades dos cabos que fazem
parte do secundário.

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Tabela 3 – Identificação do cabeamento de redes e exemplos.

Elemento
Identificação / Significado Exemplo
identificado
PT 02 056
PT XX xxx
Ponto de
XX: Pavimento
telecomunicações Tomada 056 do 2º pavimento
xxx: Seqüencial
CWY XX xxx CSU 02 056
W: P – Primário, S – Secundário e I
Identificação na ponta
– Interligação Cabo 056 do tipo UTP,
dos cabos
Y: U – UTP, S – STP e Fo – Fibra Secundário e localizado no 2º
Óptica pavimento

5 cabos UTP de 4 pares,


Trecho de cabos NN: Quantidade de cabos primários e que se destinam ao 2º
nn: Quantidade de pares pavimento. Os cabos são os de
seqüencial 056 até 060.
CF0G TT nnFo CFoG MM 02 Fo
Cabo de fibra ótica TT: MM – multimodo, SM –
geleado monomodo Cabo de fibra ótica geleado
nn: Quantidade de fibras multímodo com duas fibras
CFo SM 02Fo
Cabo de fibra ótica não
CFo TT nnFo
geleado Cabo de fibra ótica monomodo
com duas fibras

A figura 14 trás uma ilustração do local onde as identificações de ponto lógico e


de extremidade de cabos são feitas.

Figura 14 – Identificação dos pontos lógicos e extremidade de cabos.

Representação do projeto em planta (desenho)

A representação do projeto na forma de desenho contempla várias etapas que


descrevem: o tipo de sistema de distribuição do cabeamento (eletrocalha, canaletas,
eletrodutos, etc), os tipos de cabos, as quantidades e localizações dos pontos, a
localização do rack, etc. A representação completa é chama de ASBUILT e será tratada
juntamente com a representação no formato de diagrama unifilar na aula 07. Por
enquanto, ainda dentro das especificações de normatização, vamos adotar a

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simbologia mostrada nas figuras 15 e 16 para representarmos, em planta, os diversos
elementos que compõem uma rede.

Figura 15 – Simbologia usada para os pontos de rede e caixas de passagem

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Figura 16 – Simbologia usada para os sistemas de distribuição

Tipos de cabos e distâncias permitidas

Ainda dentro da norma NBR 14565, os comprimentos de cabos nos diversos


trechos de segmentos de rede devem seguir algumas regras, a figura 17 mostra os
limites estabelecidos para o cabeamento secundário.

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Figura 17 – Limites de comprimento de cabos no secundário.

Observe que na área de trabalho o cabo usado na ligação do computador com


o ponto de rede (L1), chamado de line cord, não deve exceder os 3m de comprimento.
No armário de telecom, os trechos representados por L2 e L3 são chamados de patch
cords e servem para interligar o patch panel ao switch ou hub. Somados, estes últimos
trechos não podem exceder os 7m de comprimento. Portanto, como o alcance de uma
rede que usa cabo par trançado é de, no máximo 100m, o cabeamento secundário não
pode ultrapassar os 90m de comprimento. No desenho ainda é mostrado um ponto de
consolidação que é um artifício usado para distribuição de cabos já que emendas não
são permitidas.

Mais considerações sobre a norma NBR 14565

Para saber mais sobre outras recomendações da NBR 14565 vale a pena uma
leitura, na íntegra, desta norma que está disponível no material complementar desta
semana. Foram apresentados os principais aspectos que serão usados na elaboração
do nosso projeto de cabeamento estruturado, o qual será proposto na última semana.
No decorrer das próximas aulas, outros detalhes serão apresentados para aumentar a
bagagem de conhecimentos sobre este assunto tão amplo.

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AULA 03

PARTE I – Armários de Telecom


Introdução

Armários de telecomunicações ou racks são dispositivos que estão dentro dos


subsistemas de cabeamento estruturado definidos pela norma 14565. Estes
dispositivos têm a função de abrigar os equipamentos ativos da rede (switch, hub,
repetidor, roteador, etc) e outros acessórios que viabilizam a organização e a
funcionalidade do conjunto.

Por menor que seja a rede, um equipamento ativo jamais poderá ser colocado
sobre uma mesa ou bancada. Sempre será necessário um armário de telecom que
comporte este equipamento e, para atender às mais variadas situações, existem uma
enorme quantidade de armários de telecom disponíveis no mercado.

Para efeito de padronização os fabricantes de equipamentos de rede entraram


num acordo e definiram a medida padrão para ativos e hardware de conexão (patch
panel): 19” (48,26cm) de comprimento e 4,44cm de altura. Esta última medida é
conhecida como 1U, alguns dispositivos têm altura múltipla deste valor: 2U, 3U, etc. A
figura 18 mostra está relação de medidas.
1U

19"

Figura 18 – Dispositivo de rede com altura 1U ( 4,44cm) e largura 19”(48,26cm).

Tipos de armários de telecom

Os armários de telecom são classificados em 3 tipos: racks abertos, racks


fechados e brackets. As aplicações de cada um destes tipos depende de situações
como: espaço físico, quantidade de equipamentos, tipos de equipamentos, etc.

Racks fechados

A figura 19 mostra um exemplo de rack fechado, existe uma infinidade deles e


de todos os tipos e acessórios.

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Figura 19 – Rack fechado.

Características:

• São utilizados em locais de acesso controlado, com dimensões que variam de


12 a 44 U;

• Estrutura em aço composta de quatro colunas, quadro superior e inferior;

• Tampo superior e fechamento lateral com ventilação;

• Pés niveladores, porta frontal em acrílico transparente, com chave;

• Segundo plano de fixação, régua de tomadas elétricas, unidade de ventilação e


trilhos de sustentação.

Um rack fechado é composto de vários elementos menores. Com tantos


componentes, não seria possível que ele viesse completamente montado, alguns
acessórios vêm separados para montagem no local da obra. Um cuidado para o
projetista da rede é relacionar quais componentes são essenciais, levando em
conta inclusive a quantidade de parafusos necessários para a fixação dos
dispositivos no rack.

A figura 20 mostra a ilustração de um rack com vários componentes e


acessórios.

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Figura 20 – Rack fechado e seus acessórios.

Racks abertos

Os racks abertos só podem ser utilizados em locais fechados onde há proteção


contra ação de terceiros. Em salas de equipamentos, onde o ambiente é
climatizado e protegido, é o lugar ideal para este tipo de rack. A figura 21 mostra
um exemplo de rack aberto.

Figura 21 – Exemplo de rack aberto.

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Características:

• Utilizados em salas de acesso restrito;

• Não necessita de unidade auxiliar de ventilação;

• Montagem simplificada;

• Recomenda-se não instalar racks abertos com dimensões inferiores a 36 U.

Este tipo de rack tem um custo muito menor que o rack fechado em virtude de
não ser necessária uma série de componentes adicionais. Por outro lado existe uma
série de recomendações tanto para instalação dos racks quanto para localização dos
mesmos, por exemplo, deve-se deixar uma folga de pelo menos 3m para
manutenção e movimentação do rack.

Brackets

Os brackets são utilizados para abrigar uma quantidade mínima de


equipamentos e, sempre que possível, devem ser evitados ou substituídos por racks
fechados (de parede). A grande justificativa de uso deste elemento é o baixo custo.
A figura 22 mostra o exemplo de um bracket.

Figura 22 – Exemplo de bracket.

Características:

• Instalados em paredes ou áreas de acesso controlado com uma pequena


densidade de pontos;

• Chapa de aço em forma de U com altura de 3 a 6U;

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• Profundidade útil de 350mm (mínimo);

Como não há proteção contra umidade, calor ou mesmo contra ações de


terceiros, este tipo de rack é útil apenas para pequenos projetos onde os problemas
citados não têm tanta relevância ou quando se deseja posicionar um roteador
wireless, por exemplo.

Recomendações quanto à ocupação dos racks

Partindo do princípio de que, para cada equipamento adicionado ao rack, é


necessário pelo menos o espaço de 1U (alguns utilizam mais U’s). A norma para o
cálculo das dimensões da estrutura determina que a medida útil a ser utilizada seja
obtida através da soma da medida total dos equipamentos (N), mais uma folga de
9U, isto vale apenas para racks acima de 20U. Esta folga é usada para que haja
maior circulação de ar dentro do rack.

Desta forma, para escolher a altura de um rack pode-se utilizar a seguinte


equação:

Altura total = N + 9U

Em alguns casos é possível usara a seguinte recomendação geral (pode ser


usada também para racks menores que 20 U): utilizar, no máximo, 70% da área útil
do rack.

Acessórios

Como foi dito anteriormente, existem vários acessórios que fazem parte de um
rack, alguns deles muito sofisticados inclusive, os principais acessórios serão
apresentados a seguir:

Bandejas: são utilizadas como sustentação para os dispositivos que não podem ser
parafusados à estrutura do rack, com este acessório os dispositivos ficam apoiados
sobre as bandejas (figura 23).

24
Figura 23 – Exemplos de bandejas de sustentação.

Painel de fechamento: são usados para tampar aberturas não preenchidas nos
racks de forma a oferecer maior proteção ou por questões puramente estéticas
(figura 24). Observe que existem em vários tamanhos de altura.

Figura 24 – Exemplos de painéis de fechamento.

Guia de cabos: acessório que possui a função de organizar a sobra de cabos de


manobra (patch cables), pode ser horizontal ou vertical (figura 25a e 25b).

(a)

(b)

Figura 25 – (a) painéis de fechamento horizontal. (b) painéis de fechamento verticais.

25
Régua de tomadas: tomadas no padrão (2P + T) para alimentação elétrica dos
equipamentos ativos (figura 26). Atualmente as tomadas já vêm com o novo modelo de
três pinos adotado no Brasil.

Figura 26 – Exemplos de régua de tomadas.

Unidades de ventilação: utilizadas para resfriar os equipamentos diminuindo a


temperatura interna dos racks fechados. Alguns racks possuem sistema específico de
resfriamento utilizando água e encanamentos (serpentina). A figura 27 mostra exemplos
de unidades de ventilação.

Figura 27 – Exemplos de unidades de ventilação.

Kits de montagem: são elementos menores, mas importantes para montagem dos
equipamentos no rack. A figura 28 mostra exemplos de kits de montagem.

26
Figura 28 – Exemplos de kits de montagem para racks.

Hardware de conexão (patch panel)

O hardware de conexão ou patch panel é o elemento principal na organização


de um armário de telecomunicações. Para cada equipamento ativo na rede, pelo
menos um patch panel se faz necessário.

A montagem de um patch panel é uma verdadeira obra de arte. O profissional


que cuida desta parte tem que estar atento a uma série de normas escritas para
garantir o funcionamento da rede, sem deixar de lado questões estéticas que não
são menos importantes.

Existem no mercado diversos tipos de patch panel com diversos tamanhos e


aplicações, a melhor escolha requer um conhecimento profundo por parte do
projetista da rede. A figura 29 mostra dois patch panels, de 24 e 48 portas,
respectivamente.

Figura 29 – Patch panels de 24 e 48 portas.

27
Sistemas de distribuição

Ao sair do armário de telecomunicações, os cabos devem seguir por sistemas


de distribuição os levem até cada um dos pontos na área de trabalho. Os principais
sistemas de distribuição utilizados em redes são:

 Eletrocalhas: composta por estruturas metálicas e podem ser usadas


fixadas ao rodapé de paredes, no piso falso ou no teto (sobre o forro).
Podem ser completamente fechadas ou perfuradas para minimizar o calor
interno.
 Eletrodutos (ou dutos): utilizam superfícies arredondadas e são fabricados
com material de pvc ou podem ser metálicos(menos usados).
 Canaletas: elementos de superfície retangular, geralmente de pvc, que são
usados para distribuir uma quantidade menor de cabos.

Existem várias recomendações sobre a instalação e uso destes elementos, para


efeito de projeto a principal observação é quanto à taxa de ocupação destes
sistemas: Para elementos no formato retangular, pode-se utilizar, no máximo, 50%
de taxa de ocupação. Já para elementos arredondados, utiliza-se até 40%.

Para fazer os cálculos, basta conhecer a área ocupada por cada tipo de cabo e a
área do elemento usado na distribuição do cabeamento. O cabo CAT5e, por
exemplo, possui 5.1 mm de diâmetro, já o CAT6 possui 6mm de diâmetro. Se
utilizarmos um eletroduto de 1” (2,54cm) podemos estimar a quantidade de cabos
da seguinte forma.

Área do eletroduto = π.raio2 = 3.14 x (1,27)2 = 5.06 cm2

Área útil do eletroduto (40%) = 0.4 x 5.06 = 2.024 cm2

Área CAT 5e = 3.14 x (0.255)2 = 0.20 cm2

Área CAT 6 = 3.14 x (0.3)2 = 0.28 cm2

Quantidade de cabos CAT 5e no eletroduto de 1” = 2.024 / 0.20 = 10 cabos

Quantidade de cabos CAT 6 no eletroduto de 1” = 2.024 / 0.28 = 7 cabos

28
PARTE II – Equipamentos Ativos da Rede
Introdução

O termo “equipamento ativo” refere-se ao dispositivo de rede que é ligado na


energia elétrica e funciona como um concentrador para a interconexão de todos os
hosts da rede. Em redes locais o switch é o equipamento ativo de maior uso, porém,
em alguns casos, utilizam-se também roteadores e, mesmo em desuso, ainda podem
ser encontrados hubs na rede legada.

As características destes equipamentos já foram apresentadas em outra


oportunidade, na disciplina de Introdução a Redes de Computadores. No atual
contexto é preciso conhecer quais equipamentos são adequados para os diferentes
cenários de rede, de acordo com as necessidades de cada cliente. Também é
necessário mostrar como ficam estes dispositivos distribuídos dentro do rack para
compor a rede estruturada.

Redes locais

A conexão de equipamentos dentro de uma rede local depende de critérios de


escolha que envolve: segurança, quantidade de equipamentos, separação de
endereços, etc. Vejamos alguns cenários.

Rede local sem primário:

A figura 30 ilustra esta situação, neste caso deve-se observar:

- a quantidade de pontos na rede

- a taxa de transmissão das interfaces de rede

SWITCH
XX-Portas

Figura 30 – Ativos em redes sem existência do primário.

29
O equipamento em destaque para esta situação é o switch. A quantidade de
portas necessárias determina a escolha do switch, em alguns casos serão necessários
mais de um equipamento ativo. Os switches mais comuns são os de 24 portas, estes
são os mais usados devido a facilidades de instalação no rack, também são
encontrados no mercado switches de 8, 16, 36, 48, 96 portas e muitos outros,
dependendo do fabricante.

Para cada equipamento ativo que ocupe 1U do rack, é necessário um patch


panel (hardware de conexão). Para organizar melhor os cabos de rede, faz-se
necessário ainda utilizar um guia de cabos horizontal que oferece suporte para o
equipamento ativo (switch) e outro para o patch panel. O rack pode ser finalizado com
a régua de tomadas para alimentação dos ativos e painéis de fechamento. A figura 31
ilustra como ficariam dispostos estes elementos dentro de um rack para uma rede de
24 pontos, por exemplo.

12 U

Régua tomadas 2P+T

Switch 24p
Guia de cabos
Painel de fechamento (2U)
Patch panel 24 p
Guia de cabos

Figura 31 – Distribuição dos elementos dentro de um rack de 12U.

Rede local com primário simples:

No caso de redes locais com um primário simples, dois racks são necessários e,
naturalmente, ao menos dois equipamentos ativos, um em cada rack, também
precisam ser alocados. A figura 32 mostra um esboço desta rede, a disposição dos
equipamentos dentro dos racks é análoga ao que foi mostrado no exemplo anterior na
figura 31, a observação sobre a quantidade de pontos e taxa de transmissão da rede
também deve ser feita aqui.

30
primário

secundário

Figura 32 – Rede com um primário simples

Neste exemplo, a menos que se faça uma divisão usando VLAN’s nos switches,
todos os hosts pertencem à mesma rede, quando isso acontece dizemos que os hosts
estão no mesmo domínio de broadcast, ou seja, uma mensagem (dados) enviada via
broadcast na rede irá alcançar todos os usuários.

Ligação inter-redes usando um único roteador:

Utilizando um roteador como equipamento ativo e dispositivo responsável pela


interligação entre redes distintas, é possível fazer uma separação do domínio de
broadcast. Neste caso o roteador controla de que forma os dados serão trocados entre
as redes interligadas por ele. A figura 33 mostra um exemplo de como um roteador
pode atuar dentro de uma rede local.

Roteador

Rede 1 Rede 2

Figura 33 – Interligação de redes usando um roteador.

31
Uma vez que o roteador não é um equipamento usado para interligar hosts,
mas sim para interligar redes, a quantidade de portas é reduzida neste dispositivo.
Todavia, é preciso levar em conta o número de redes que ele interliga para decidir qual
o tipo de roteador, quais e quantas interfaces ele deve ter.

Ligação inter-redes usando mais de um roteador:

Dentro de uma rede local onde a quantidade de equipamentos e prédios é


significativa, é possível encontrar um roteador na entrada de cada edifício. Este tipo de
configuração é chamado de “rede de campus”, porque faz referência a rede de uma
universidade com vários blocos de prédios separando os diversos departamentos
existentes. A figura 34 ilustra esta situação.

Rede1 Rede2 Rede3

Backbone

Rede Principal

Figura 34 – Exemplo de rede de campus.

Dentro de cada rede existe uma das configurações apresentadas


anteriormente, a quantidade de equipamentos ativos e racks deve ser calculada pelo
projetista levando-se em conta os mesmos elementos já discutidos: quantidade de
pontos, taxa de transmissão, segurança, separação dos domínios de broadcast e outros
aspectos de organização da rede.

32
AULA 04

PARTE I – Certificação do Cabeamento


Introdução

Uma vez finalizado o projeto de redes (cabeamento estruturado) e seguindo a


fase de instalação o trabalho não para por aqui. O cliente, contratante do serviço,
precisa de garantias de que a rede irá funcionar assim que for ativada, deixar para
realizar os testes de funcionamento quando a rede já estiver sendo usada pode
acarretar em alguns inconvenientes até o ponto de ter que parar tudo para refazer
todo o trabalho. A certificação do cabeamento é uma garantia de que todos os
cuidados foram tomados e, em caso de falhas, a correção do problema deve ser feita
de imediato, antes da entrega final para o cliente.

Uma parte desta “verificação” da rede é visual, ou seja, o projetista,


juntamente com o responsável pela instalação do cabeamento, verifica detalhes
relacionados às boas práticas de instalação: identificação visível dos cabos e pontos
lógicos, quantidade de cabos nos sistemas de distribuição, distância máxima dos
pontos em relação ao armário de telecom, dimensionamento correto dos racks, etc.,
porém alguns detalhes importantes não são visíveis a olho nu e podem passar
despercebidos. Para estes casos, são usados equipamentos específicos para “coletar”
informações de funcionamento da rede e gerar um relatório de certificação do
cabeamento.

Certificação do cabeamento

O equipamento usado para fazer a certificação da rede é chamado de scanner


(ou penta scanner como ficou conhecido por conta de um dos poucos equipamentos
existentes na década de 90), existe no mercado uma infinidade de equipamentos de
vários fabricantes usados para este tipo de trabalho. A figura 35 mostra um desses
equipamentos.

O scanner é composto de duas partes, um equipamento chamado injetor, que é


usado para simular a transmissão de um sinal elétrico pelo cabo da rede e o scanner,
propriamente dito, que é responsável por armazenar informações sobre a qualidade
do sinal transmitido pela rede. As informações armazenadas são usadas para gerar um
relatório que é analisado para verificar se tudo está funcionando adequadamente e,
em seguida, ele é entregue ao cliente juntamente com a garantia que a empresa
certificadora oferece.

33
Figura 35 – Equipamento de certificação de cabeamento estruturado (scanner).

Procedimentos para o uso do equipamento

A utilização do scanner para certificação da rede é mais fácil quando feita por
duas pessoas. Todos os pontos da rede devem ser certificados, para isso, uma pessoa
fica próximo ao rack e, usando o injetor, conecta este equipamento em cada ponto
identificado no patch panel. Na outra extremidade, no outlet correspondente, outra
pessoa coleta as informações usando o scanner. Para comunicação entre quem fica
com o injetor e quem fica com o scanner, principalmente em casos onde a área de
trabalho é distante, alguns equipamentos são dotados com um esquema de
comunicação que utiliza o próprio cabo testado como se fosse um telefone.

A figura 36 mostra o posicionamento correto dos equipamentos scanner e


injetor.

12 U

outlet

rack
scanner
injetor
Figura 36 – Certificação usando injetor e scanner.

34
Parâmetros medidos pela certificação

Dependendo do equipamento, são vários parâmetros que podem ser medidos


pelo scanner, alguns são mais sofisticados e outros nem tanto. A seguir serão
apresentados os principais parâmetros usados na certificação do cabeamento
estruturado, lembrando que estes valores são apenas para os pares metálicos
enquanto que as fibras ópticas são verificadas por outro tipo de equipamento
chamado OTDR.

NEXT (Near End CrossTalk) e FEXT (Far End Cross Talk)

O next mede a quantidade de sinal que interfere no par de fios adjacente, esta
medida é feita do lado do injetor onde a intensidade do sinal é maior. A interferência é
resultado da indução elétrica que é inevitável durante transmissão de uma corrente
elétrica num cabo metálico. A figura 37 mostra como o next atua em todos os pares de
fios de um cabo UTP.

Figura 37 – Interferência next.

Ainda com resquícios da telefonia, o termo crosstalk (linha cruzada) ainda é


muito usado para falar sobre next. A mesma medida, porém na outra extremidade do
cabo, no scanner, é chamada de FEXT (Far End Crosstalk).

A unidade de grandeza utilizada para representar esta intensidade de sinal é


chamada de decibel (dB). A obtenção deste valor é obtida através da equação
mostrada a seguir:

35
( )

Onde,

P potência ou intensidade do sinal resultante

Pe potência de entrada do sinal

Ps potência de saída do sinal

Por exemplo, no caso do next, no início do cabo a intensidade do sinal é alta e a


interferência nos pares adjacentes também é alta, porém esta interferência é
indesejável e não pode ser muito alta. Uma representação de 3dB significa que metade
do sinal está sendo passado para o cabo adjacente, 30 dB significa uma interferência
de apenas a milésima parte do sinal, os valores aceitáveis para o next estão acima de
28dB (dependendo do tipo de cabo). Um detalhe que se observa é, quanto maior o
valor em dB, menor a interferência que um par de fios provoca no seu vizinho
adjacente (next). Em 30dB, a potência de entrada do sinal, ou seja, a intensidade do
sinal transmitido é 1000 vezes maior do que a potência de saída do sinal, ou seja, a
intensidade da interferência nos pares de fios adjacentes.

Mais exemplos:

- 10 log10 (2) = 3dB


- 10 log10 (10) = 10dB
- 10 log10 (100) = 20dB
- 10 log10 (1000) = 30dB

ATENUAÇÃO

Um sinal elétrico que percorre um cabo metálico acaba perdendo intensidade


com a distância percorrida – é por isso que os cabos possuem limitação de alcance –
esta ocorrência é chamada de atenuação.

A atenuação também é medida em dB, porém os valores aceitáveis chegam a,


no máximo, 20dB, ou seja, é desejável que a potência de entrada do sinal esteja
próxima da potência de saída diminuindo a atenuação. Quando a atenuação é muito
alta, não é possível mais identificar se um sinal representa o bit 1 ou o bit 0, nestes
casos a regeneração do sinal é necessária, para isso utiliza-se repetidores ou os
próprios switches que também possuem a função de regeneração.

36
WIREMAP

Outro teste importante medido pelo scanner é a continuidade dos fios,


wiremap. Dependendo do equipamento esta medida é mostrada visualmente ou
simplesmente indicando que os pares de fios estão ligados corretamente, o fio 1 com o
fio 1 na outra extremidade e assim por diante. A figura 38 mostra como o wiremap se
apresenta.

Figura 38 – Teste de wiremap.

A figura mostra uma descontinuidade no fio de número 4, por conta disso, o


cabo não passou no teste. Observe também a medida de comprimento do cabo:
75,4m, este valor é diferente para cada par de fios como será mostrado no próximo
parâmetro chamado de lenght.

LENGHT (comprimento dos pares de fios)

Como os pares de fios de um cabo par trançado possuem binagens


(quantidades de tranças) diferentes, os comprimentos de cada par também são
diferentes. Os equipamentos de certificação mostram o comprimento de cada par de
fios.

RETURN LOSS (perda de retorno)

Na extremidade dos cabos ocorre um fenômeno chamado de reflexão do sinal


transmitido, é como um bate-volta onde o sinal, ao atingir o conector, volta no sentido
oposto. Este valor também é medido em dB.

37
DELAY SKEW

Uma vez que os pares de fios possuem comprimentos diferentes, os sinais


transmitidos nestes fios possuem uma diferença de tempo de propagação, ou seja, ao
injetar um sinal na ponta do cabo, na outra extremidade vai acontecer que um dos
pares fará a transmissão mais rápido do que em outro. A diferença de tempo entre a
transmissão mais rápida e a mais lenta é chamada de delay skew.

PS-NEXT

Na categoria 5 utiliza-se apenas dois dos quatro pares de fios para transmissão
e recepção do sinal, mas na categoria 6, todos os pares são utilizados. A soma das
interferências que cada par faz sobre um único par de fios é chamada de power sum
next (ps-next), ou seja, é a soma dos nexts de cada par sobre um único par de fios. A
figura 39 ilustra mais este valor de medida.

Figura 39 – PS-Next

ALIEN CROSSTALK

Uma vez que os cabos são lançados juntos dentro do mesmo sistema de
distribuição (eletrocalhas, canaletas, dutos, etc), pode acontecer de que um sinal
transmitido em um dos cabos interfira no cabo adjacente. O next mede a interferência
dos pares de fios em um mesmo cabo, o chamado alien crosstalk é semelhante ao
next, com a diferença de que as interferências são entre cabos e não entre pares de
fios. A figura 40 mostra uma ilustração deste fenômeno.

Figura 40 – Allien Crostalk.

38
PARTE II – Diagrama Unifilar e AS BUILT
Introdução

Após definir todos os equipamentos ativos da rede e a distribuição de pontos,


uma representação simplificada, conhecida por diagrama unifilar, é usada para
apresentar a rede de uma forma quantitativa. Nessa representação às distâncias e
localização exata dos pontos não são levadas em conta, apenas a quantidade de
pontos e tipo de cabo são considerados.

Outra representação da rede, essa sim muito mais completa que o diagrama
unifilar, é o AS BUILT que contém a planta da rede com identificação da localização de
pontos, tipos e quantidades de cabos e sistemas de distribuição do cabeamento
estruturado.

Diagrama unifilar

O diagrama unifilar possui alguns símbolos que identificam alguns elementos


da rede, a figura 41 mostra estes elementos:

AT / SEQ

Armário Interconnection Cross-connection


Telecom

Cabo de conexão Ponto lógico

Figura 41 – Simbologia utilizada no diagrama unifilar.

A mesma representação do armário de telecom pode ser usada para


representar a sala de equipamentos (SEQ), a representação dos patch panels dentro
do armário de telecom pode ter uma destas duas representações possíveis:

- Interconnection: quando o(s) patch panel(s) estão ligados, diretamente, ao outlet e


ao equipamento ativo.

39
- Cross-connection: quando há dois patch panels dentro do armário de telecom, sendo
que um deles se liga ao outlet e outro se liga ao equipamento ativo, os dois patch
panels são interligados de forma cruzada (cross-connect).

Exemplo: Fazer a representação em diagrama unifilar para uma rede de um edifício


contendo dois pavimentos:

- no térreo são localizados 10 pontos conectados através de um armário de telecom;

- no 1º pavimento são 48 pontos conectados em dois patch panels de 24p, neste


mesmo pavimento a sala de equipamentos (SEQ) possui patch panels interligados de
forma cruzada e cabos de fibra óptica interligando as redes do térreo, 1º pavimento e
2º pavimento;

- no 2º pavimento são 48 pontos conectados em dois patch panels de 24p.

A figura 42 mostra a representação unifilar para este exemplo.

2 pavim. AT 02
48 x CSU 4P 02 x CPFo 2f
PT 02 001 02 001-048 02 001-002
PT 02 048

1 pavim. AT 01 SEQ
48 x CSU 4P 02 x CPFo 2f
PT 01 001 01 001-048 01 001-002
PT 01 048

térreo AT TE
10 x CSU 4P 02 x CPFo 2f
PT TE 001 TE 001-010 TE 001-002
PT TE 010

Figura 42 – Representação unifilar para o exemplo.

Observe que, além dos símbolos utilizados na representação unifilar, a cada


conexão são informados os tipos e quantidades de cabos.

40
AS BUILT

O projeto final conforme a execução, conhecido por AS BUILT, é o documento


final a ser emitido e deve estar totalmente de acordo com as normas e a obra a ser
executada. Geralmente entrega-se a planta em papel A1, A2 ou A3, dependendo do
tamanho da obra e do nível de detalhamento exigido, atualmente a entrega do projeto
para o cliente é feita na forma digital, em um programa de CAD ou similar.

A figura 43 trás um exemplo de planta de cabeamento, além da planta outras


informações a cerca do projeto fazem parte do AS BUILT:

- memorial descritivo: informações gerais sobre a empresa

- relatório de testes: certificação da rede

- tabela de pontos: descrição da distribuição dos pontos na rede

- planilhas de materiais e equipamentos: ativos, hardware de conexão, cabos, rack, etc.

- termos de garantia: acordo para garantia do serviço prestado pela empresa de


instalação do cabeamento estruturado.

Figura 43 – Planta de Projeto de Cabeamento Estruturado.

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