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GORZ, André. O imaterial: conhecimento, valor e capital. São Paulo: Annablume, 2005.

PREFÁCIO

[...] economia do conhecimento. (p. 9)

I. Capital Humano

O modo como os empregados incorporam esse saber não pode ser nem predeterminado nem ditado.
Ele exige o investimento de si mesmo, aquilo que na linguagem empresarial é chamado de
“motivação”. (p. 9)

[...]Sua valoração depende do julgamento do chefe ou dos clientes. (p. 9)

[...]O fatores que determinam a criação de valor são o “componente comportamental” e a motivação,
e não o tempo de trabalho dispendido. (p. 9-10)

[...] os empregados têm de se tornar empresas [...] devem responder pela rentabilidade de seu
trabalho. (p. 10)

[...] No lugar daquele que depende do salário, deve estar o empresário de força de trabalho, que
providencia sua própria formação, aperfeiçoamento, plano de saúde, etc. “A pessoa é uma empresa”.
No lugar da exploração entram a auto-exploração e a autocomercialização do “Eu S/A”, que rendem
lucros às grandes empresas, que são os clientes do auto-empresário. (p. 10)

II. Capital do Conhecimento

[...] saber “morto”, objetivado em máquinas, instalações e processos. (p. 10)

[...]Uma autêntica economia de conhecimento corresponderia a um comunismo do saber. (p. 10)

Por conseguinte, para ser vendido como mercadoria e aproveitado como capital, o conhecimento
deve ser transformar em propriedade privada e tornar-se escasso. (p. 10)

[...]Todo saber pode valer por um valor particular único e incomparável. (p. 11)

[...] toda empresa ambiciosa chegar antes das outras à consolidação de uma posição monopolista. (p.
11)

[...] Sempre se trata de transformar a abundância “ameaçadora” em uma nova forma de escassez, e
com esse objetivo conferir às mercadorias o valor incomparável, imensurável, particular e único de
obras de arte, que não possuem equivalente e podem ser postas à venda a preços exorbitantes. (p. 11)

Prefere-se a criação artificial da escassez à criação da maior prosperidade geral possível. A primeira
permite o melhor aproveitamento do capital. A criação de valor e a criação de riqueza se afastam
uma da outra de modo cada vez mais visível, sem que com isso sejam solucionados os problemas
fundamentais de um capitalismo que aproveita cada vez menos trabalho, distribui cada vez menos
moedas, com um excedente de capital sobre uma carência de demanda solvente e a subtrai às bases
de uma sociedade, cujo custos de estruturação e reprodução ele procura economizar mediante a
privatização dos serviços públicos, do ensino, da saúde e da previdência social. (p. 11)

III. O que é riqueza?

[...]Em contraste com as concepções correntes, o saber aí não aparece como um saber objetivado,
composto de conhecimentos e informações, mas sim como atividade social que constrói relações
comunicativas, não submetidas a um comando. (p. 12)

IV. Sobre o parentesco da ciência com o capital

[...] racionalidade cognitivo-instrumental. (p. 12)

[...] A ciência desde sempre esteve intimamente ligada ao capital. Ela preparou o caminho para ele,
ao isolar o mundo sensível a conceber a realidade com um sistema de relações obediente à lógica
pura do cálculo, e compreensível apenas em termos matemáticos. (p. 12)

[...] Nesse mundo, o homem aparece como um ser sobrepujado, antiquado, desalojado. Para estar à
altura do ambiente técnico, ele necessita de próteses químicas e eletrônicas. (p. 13)

[...] desprezo pela “máquina de carne” humana. A natureza, eles pensam, deu à espécie humana a
capacidade de abolir a se mesma em benefício de formas de vida e de inteligência pós-biológicas, ou
mesmo de diluir-se em forma de dígitos como um espírito universal dissolvido no universo. (p. 13)
Fala sobre os pioneiros da inteligência artificial.

CAPÍTULO I

O trabalho Imaterial

1. O “Capital Humano”

[...] metamorfoses do trabalho. (p. 15)

[...] “capitalismo cognitivo” . (p. 15)

[...] “acréscimo do tempo livre” (p. 16)

[...] a liberação do tempo “para o pleno desenvolvimento do indivíduo”. (p. 16)

[...] o que importa não é mais a ciência ou o conhecimento, mas a inteligência, a imaginação, e o
saber que, juntos, constituem o “capital humano”. (p. 16)

[...] “Os colaboradores da empresa fazem parte do seu capital (...). Sua motivação, sua competência,
sua capacidade de inovação e sua preocupação com os desejos da clientela constituem a matéria
primeira dos serviços inovadores (...). Seu comportamento, sua aptidão social e emocional têm um
peso crescente na avaliação de seu trabalho (...). Este não mais será calculado pelo número de horas
de presença, mas sobre a base de objetivos atingidos e da qualidade dos resultados. Eles são
empreendedores”. (NORBERT BENSEL, 2001) (p. 17)

2. Trabalhar é Produzir-se

[...]O operador deve “se dar” ou “se entregar” de maneira contínua a essa gestão de fluxo; ele tem de
se produzir como sujeito para assumi-lo. (p. 17)

[...] “O desempenho não é mais definido na relação com essas tarefas; ele tem a ver diretamente com
as pessoas” (PIERRE VELTZ, p.67, 2001) (p. 18)

[...] O modo de realizar as tarefas, não podendo ser formalizado, não pode tampouco ser prescrito. O
que é prescrito é a subjetividade, ou seja, precisamente isso que somente o operador pode produzir ao
“se dar” à sua tarefa. (p. 18)

[...] “É o retorno ao trabalho como prestação de serviços” o retorno do servicium, obsequiu, devido à
pessoa do suserano na sociedade tradicional. (IBID., p. 69) (p. 18)

[...] Antes de mais nada, ele repousa sobre as capacidades expressivas e cooperativas que não se
podem ensinar, sobre uma vivacidade presenta na utilização dos saberes e que faz parte da cultura do
cotidiano. Essa é uma das grandes diferenças entre os trabalhadores de manufaturas ou de indústrias
taylorizadas e aqueles do pós-fordismo. Os primeiros só se tornam operacionais depois de serem
despojados dos saberes, das habilidades e dos hábitos desenvolvidos pela cultura do cotidiano, e
submetidos a uma divisão parcelada do trabalho. (p. 19)

[...] métodos disciplinares quase carcerários. (p. 19)

Os trabalhadores pós-fordistas, ao contrário, devem entrar no processo de produção com toda a


bagagem cultural que eles adquiriram nos jogos, nos esportes de equipe, nas lutas, disputas, nas
atividades musicais, teatrais, etc.. É nessas atividades fora do trabalho que são desenvolvidas sua
vivacidade, sua capacidade de improvisação, de cooperação. (p. 19)

[...] “exploração de segundo grau” (p. 19)

[...] “O trabalhador não se apresenta mais apenas como o possuidor de sua força de trabalho hetero-
produzida (ou seja, de capacidades predeterminadas inculcadas pelo empregador), mas como um
produto que continua, ele mesmo, a se produzir”. (YANN MOULIER-BOUTANG, 2000) (p. 19)

[...] “Não são os indivíduos que interiorizam a ‘cultura da empresa’; mais que isso, é a empresa que
vai agora em diante buscar no ‘exterior’, ou seja, no nível da vida cotidiana de cada um, as
competências e as capacidades de que ela necessita”. (MURIEL COMBES, BERNARD ASPE,
1988) (p. 19-20)

[...]A sociedade e os seus dispositivos não podem produzir razões pessoais. (p. 20)

[...] O sujeito nunca é socialmente dado, ele é [...] dado a si mesmo como um ser que tem de se fazer,
ele mesmo, o que ele é. Nada pode dispensá-lo dessa tarefa, nem obrigá-lo a realizá-la. (p. 20)
[...] o saber vivo, que está na base da inovação, da comunicação e da auto-organização criativa e
continuamente renovada. (p. 20)

[...] o trabalho do sujeito cuja atividade é produzir a si mesmo. (p. 20)

3. A “Mobilização Total”

[...] a atividade de produção do si. (p. 22)

[...] “se pode falar de uma ‘mobilização total’ das capacidades e das disposições, aí compreendidas as
afetivas [...]. Doravante, não nos é mais possível saber a partir de quando estamos ‘do lado de fora’
do trabalho que somos chamados a realizar. No limite, não é mais o sujeito que adere ao trabalho;
mais que isso, é o trabalho que adere o sujeito (...). Tão pobre e inepta que seja a atividade”, tão
“indignos e derrisórios que sejam os objetivos”, ela “engaja e realiza a potência mental e afetiva do
indivíduo”, sua “virtuosidade”, “o que define seu valor aos seus próprios olhos”. É impossível
“sabotar” um trabalho que mobiliza nosso virtuosismo sem se expor ao desprezo de si e dos outros.
(p. 22)

[...] “submeter os indivíduos a uma nova forma de servidão voluntária” A questão, desde logo, “é
saber como não investir sua própria dignidade numa atividade indigna” (MURIEL COMBES,
BERNARD ASPE, 1988) (p. 22)

[...] “ Os jovens diplomados, por mais brilhantes que sejam, recusam envolvimentos plenos, inteiros.
Eles executam o trabalho mecanicamente, mas resguardam sua alma com aquela que caracteriza os
superdotados, capazes de nos iludir” (ALAIN LEBAUBE, 1992) (p. 23)

4. O advento do Auto-Empreendedor

[...] a diferença entre o sujeito e a empresa, entre a força de trabalho e o capital, deve ser suprida. A
pessoa deve, para si mesma, tornar-se uma empresa. [...] ela deve ser a própria produtora, sua
própria empregadora e sua própria vendedora, obrigando-se a impor a si mesma constrangimentos
necessários para assegurar a viabilidade e a competitividade da empresa que ela é. (p. 23)

[...] O regime salarial deve desaparecer [...] Nessa concepção, haverá apenas empresas individuais de
prestação de serviços individuais. (p. 24)

[...] O futuro pertence aos auto-empreendedores. (p. 24)

5. A Vida é Business

Como o auto-emprendimento, a transformação em trabalho (mise en travail) e a redução a um valor


(mise em valeur), de toda a vida e de toda pessoa, podem finalmente ser realizadas. A vida se torna
“o capital mais precioso”. (p. 24-25)

[...] A fronteira entre o que se passa fora do trabalho, e o que ocorre na esfera do trabalho, apaga-se
[...] porque o tempo da vida se reduz inteiramente sob a influência do cálculo econômico e do valor.
Toda atividade deve poder tornar-se um negócio (p. 25)
[...] “Todo o mundo estará constantemente ocupado fazendo business com tudo: sexualidade,
casamento, procriação, saúde, beleza, identidade, conhecimentos, relações, idéias, etc. [...] A pessoa
se torna um empreendimento (...). Não há mais família nem nação que importe. (PIERRE LÉVY,
2000, p. 84-86) (p. 25)

Tudo se torna mercadoria, a venda do si [...] Tudo é medido em dinheiro. A lógica do capital, da vida
tornada capital. (p. 24)

Ao menos, essa é a visão neoliberal do futuro do trabalho: abolição do regime salarial, auto-
empreendimento generalizado, subsunção de toda pessoa, de toda vida pelo capital, com o qual cada
um se identificará inteiramente. (p. 25)

[...] “sociedade pós-salarial” (p. 25)

[...] A produção do si obrigatória se torna um “job” como qualquer outro. (p. 25)

6. A Renda de Existência: Duas Concepções

[...] a vida inteira se tornou produtiva [...] Toda a produção de si é assim rebaixada a trabalho
econômico. (p. 27)

[...] a cultura que não serve para nada (p. 27)

CAPÍTULO II

O “Capital Imaterial”

1. A Crise do Conceito de Valor

[...] conhecimento cristalizado (p.29)

[...] Do mesmo modo, a força de trabalho é uma mercadoria cujo valor é o das mercadorias pelas
quais ele se troca para assegurar a (re)produção. (p.30)

Nota: [...] O valor sempre vem a ser expresso apenas na relação de equivalência entre mercadorias
diferentes, isso é, como grandeza de valor. (p.30)

2. Saberes, Valor e Capital

O saber é, antes de tudo, uma capacidade prática, uma competência que não implica necessariamente
conhecimentos formalizáveis, codificáveis. (p.32)

[...] sabe, sem contudo conhece-la. (p.32)

[...] a competência pessoal [...] aparece como uma arte cujo prestador é uma virtuose. (p.33)

[...] Os saberes resultam da experiência comum da vida em sociedade (p.32)


3. Conhecimento, Valor e Capital

[...] a história da industrialização pode ser lida como a história do divórcio crescente entre o
desenvolvimento dos conhecimentos científicos e técnicos, por um lado, e a cultura comum, por
outro. (p.34)

[...] “O trabalhador aparece como supérfluo” (KARL MARX, GRUNDRISSE, op. cit., p. 585-587)
(p.34)

[...] tripla privação que, nas manufaturas, havia permitido ao capital arruinar os artesãos
independentes e generalizar o regime salarial: os trabalhadores eram privados de seus meios de
trabalho, do poder sobre a natureza e sobre as condições do trabalho, e do poder sobre seus produtos.
(p.35)

[...] “A raridade do conhecimento, o que lhe dá valor, é, pois, de natureza artificial. Ela deriva da
capacidade de um “poder”, qualquer que seja seu gênero, de limitar temporariamente sua difusão e
de regulamentar o acesso ao conhecimento”. (ENZO RULLANI, p.90) (p.36)

[...] se o conhecimento é, por certo, fonte de valor, ele destrói muito mais “valor” do que serve para
criar. Dito de outro modo, ele economiza quantidades imensas de trabalho social remunerado, e
consequentemente diminui, ou mesmo anula, o valor de troca monetária de um número crescente de
produtos e de serviços. (p.37)

[...] A economia da abundância tende por si só a uma economia da gratuidade. (p.37)

[...] O “capitalismo cognitivo” é a crise do capitalismo em seu sentido mais estrito. (p.37)

4. Transformações do Conhecimento em Capital Imaterial

Do Milagre à Miragem

[...] a dimensão imaterial dos produtos leva vantagem sobre a realidade material deles. (p.38)

[...] “Use it, don’t own it” é o lema. (p.38)

[...] Nos Estados Unidos, um terço das máquinas, das instalações e dos meios de transporte, é
alugado. 80% das empresas alugam sua infra-estrutura a duas mil agências especializadas. Um terço
das indústrias terceirizou mais da metade das suas atividades de produção. (p.38)

[...] “produção aliviada” (lean production) (p.39)

[...] firma-mãe, que por sua vez assume [...] o papel de suserano. (p.39)

[...] O trabalho e o capital fixo material são desvalorizados (p.39)

[...] Os mais ricos ficaram ainda mais ricos, 80% da população ficou mais pobre. (p.40)

[...] O índice Dow Jones precisou de 30 anos para passar de 1.000 para 4.000 pontos. Em julho de
1997, já atingia 8.000 pontos. Em julho de 1999, havia subido para 11.000. (p.41)
Nota: [...] “55% da população ativa americana trabalham como vendedores, servidores, empregadas e
empregados domésticos, jardineiro, governantas e babás de crianças, e a metade deles é de
trabalhadores provisórios, que têm baixos salários; mais de um quarto de constitui de working poor
cuja renda está abaixo da linha da pobreza, mesmo quando ocupam dois empregos” (HARPER
COLLINS, 1999) (p.41)

[...] deixem-nos portanto desatrelar o abstrato do concreto e também estabelecer as cotações das
bolsas em separado! (p.42)

[...] a ,assa de capitais fictícios já se deslocou da economia real e, [...] pôs-se a fazer dinheiro
comprando e vendendo dinheiro fictício centenas de vezes por dia. A ficção ultrapassa a realidade e
se passa por mais real do que o real, até o dia em que, imprevisível e inevitável, a bolha estoura.
(p.42)

[...] a dificuldade intrínseca [...] de fazer funcionar o capitalismo dito cognitivo como um
capitalismo. (p.43)

[...] transformar seu capital fictício em renda real, inteiramente desconectada de qualquer trabalho.
(p.43)

[...] O capital caminha à beira do abismo. (p.43)

[...] Como a sociedade da mercadoria pode perdurar, se a produção de mercadorias utiliza cada vez
menos trabalho e põe em circulação cada vez menos moedas? (p.43)

[...] o pleno êxtase do consumo. (p.43)

Monopólios Simbólicos e Rendimentos de Monopólio

[...] O franchising não é nada mais, nada menos, que a privatização de um conhecimento ou de uma
competência, patenteados sob nome de marca cujo uso é alugado a empresas que os utilizam. (p.45)

[...] A totalidade do lucro da firma-mãe virá das “taxas” que ela cobra dos franqueados. Essas taxas
são, de fato, rendimentos de monopólio. (p.45)

[...] o valor de um conhecimento “é inteiramente ligado à capacidade de monopolizar o direito de se


servir dele”.

[...] A marca já é, em si mesma, um capital na medida em que seu prestígio e sua celebridade
conferem aos produtos que levam seu nome um valor simbólico comercial. (p.45)

[...] a tendência da indústria a não mais vender seus produtos, mas a alugá-los (leasing) à sua
clientela, ou seja, a transformar compradores em usuários. (p.46)

[...] Com essa internalização, as firmas ganham duplamente: elas aumentam os efetivos suscetíveis
de produzir sobrevalor; e racionalizam os serviços prestados, ainda que o preço do sobrevalor aí
produzido seja muito superior ao daquele que se realiza na produção material. Os produtos materiais
se tornam finalmente os “vetores” dos serviços vendidos. (p.46)

Quanto mais a aparente personalização desses serviços mascarar a realidade da sua personalização,
mais elevados serão os benefícios que eles trarão à firma. (p.46)

[...] A noção de tempo de trabalho socialmente necessário deixa de ser pertinente para serviços de
aparência pessoal. [...] dar à relação comercial a aparência de uma relação privada à qual a lógica
econômica não se aplica.

Essa aparente personalização da relação entre prestadores de serviços e clientes é, de fato, apenas a
ilustração concreta da personalização da relação que a firma procura estabelecer com sua clientela.
(p.47)

[...] Não são eles que emprestam à firma sua personalidade, é exatamente o contrário: é a
personalidade da firma que se exprime através deles. [...] Esta lhes confere sua identidade (p.47)

A produção do Consumidor

[...] o capital fixo imaterial [...] funciona como um meio de produzir consumidores. [...] funciona
para produzir desejos e vontades de imagens de si e dos estilos de vida que, adotados e interiorizados
pelos indivíduos, transformam-nos nessa nova espécie de consumidores que “não necessitam daquilo
que desejam, e não desejam aquilo que necessitam”. (p.48)

[...] as necessidades das pessoas eram limitadas por natureza, seus desejos eram essencialmente
ilimitados. (p.48)

[...] transforma os produtos, mesmo os mais triviais, em vetores de um sentido simbólico. [...] apelar
às “condições irracionais”, criar uma cultura do consumo [...] encontra, no consumo, um meio de
exprimir seu [...] “eu mais íntimo” (p.48)

[...] O cigarro havia-se tornado então o símbolo da emancipação feminina. Barnays – e a indústria do
tabaco – haviam ganho. [...] “Você transformou as pessoas em incansáveis máquinas de felicidade”
(p.49)

[...] dóceis consumidores (p.49)

[...] O consumidor, individual por definição, foi concebido desde a origem como o contrário do
cidadão; como o antídoto da expressão coletiva de necessidade coletivas, contrário ao desejo de
mudança social, à preocupação com o bem comum. (p.49)

[...] A indústria publicitária promete a procura de soluções individuais para problemas coletivos. [...]
é uma socialização anti-social(p.49)

[...] uma criação servil, a serviço da mercadoria. (p.50)

[...] a mercadoria deve poder produzir seus consumidores [...] “fornece um sujeito ao objeto”. (p.50)
[...] pode-se encontrar no terreno do consumo a mesma submissão do si que nós constatamos no
domínio do trabalho. (p.50)

[...] forma o gosto (p.51)

[...] “É a marca que faz o valor do produto, não o inverso”. (Ibid., capítulo 2.) (p.51)

[...] “o caráter totalitário do capitalismo [...] Esse poder lhe confere uma influência sob todos os
aspectos mais fortes do que aquela exercida pela escola, pelas Igrejas, pela família e mesmo pelo
Estado”. (Ben Bagdikian, 1977, p.IX) (p.51)

5. Valores Intrínsecos e Riquezas Sem Medida. As Externalidades

[...] Para impedir essa resistência de se cristalizar e de se estender, o capital deve interiorizar pela
cultura a dominação que exerce sobre ela. Para o capital, é necessário apoderar-se da imaginação
coletiva, das normas comuns, da linguagem. [...] a linguagem é um desafio central: de seu domínio,
de seu controle, depende a possibilidade de pensar e de exprimir a resistência e o que a motiva.
(p.53)

As palavras não são inocentes quando incluem “ingenuamente”, nas relações sociais do capitalismo,
o que há alguns anos parecia lhes escapar. (p.53)

[...] Eu penso na inflação de “capitais” que agora veicula o pensamento dominante: “capital cultural”,
“capital inteligência”, “capital educação”, “capital experiência”, “capital social”, “capital natural”,
“capital simbólico”, “capital humano”, “capital conhecimento” ou “cognitivo”, sobretudo, que é a
base do “capitalismo cognitivo” (p.53)

[...] O valor-dinheiro não reflete em nada o valor estético, que por sua vez não reflete em nada o
valor-trabalho. (p.55)

[...] distinguir os conhecimentos-verdade, [...] e os conhecimentos instrumentais (p.55)

[...] “Todo progresso na elevação de sua fertilidade durante um dado tempo é ao mesmo tempo um
progresso na ruína da fonte permanente de sua fertilidade. (KARL MARX, DAS KAPITAL,
Primeiro volume, capítulo XV) (p.57)

[...] Sem ela, a “primeira” economia reinante nunca poderia surgir. Sem ela, não poderia perdurar.
Ela abrange todas as relações e realizações não computáveis e não remuneráveis, cuja motivação é a
alegria espontânea na colaboração livre, no convívio e na doação livres. (p.57)

CAPÍTULO III

Rumo a um comunismo do saber?...

1. O que é riqueza?
O capitalismo só pode se firmar como capitalismo do saber se empregar para tanto um recurso
copioso – a inteligência humana –, transformando a abundância potencial desta última escassez. Tal
escassez é produzida mediante o parcelamento do saber, mediante o impedimento de sua
disseminação e socialização e mediante a tutela da obrigação de tirar proveito à qual os detentores do
saber são submetidos. (p. 59)

[...] ‘felicidade nacional bruta’ (p. 60)

[...] A eficácia otimizada não se pode mais obter através da procura do rendimento máximo do
trabalho imediato, nem através da procura do desempenho máximo de cada um, nem pela
maximização do lucro. Não se pode mais obtê-la tornando os fatores de produção mensuráveis para
poder maximizar o rendimento de cada um. A racionalidade econômica não é mais o que já foi. Ela
agora exige que os critérios habituais de rendimento sejam subordinados ao critério do
desenvolvimento humano e, assim, a uma racionalidade fundamentalmente diferente. (p. 61)

[...] Para o capital, a dominação das forças do trabalho sempre foi a condição de sua utilização. De
seu ponto de vista, vale mais renunciar a tirar proveito de certas externalidades potenciais, do que
renunciar a dominá-las. (p. 61)

[...] A economicização de todas as atividades e de todas as riquezas se torna destruidora de sentido,


empobrece as relações sociais, degrada o meio urbano e o ambiente natural, engendra externalidades
negativas das quais o sistema não pode e não que avaliar o custo. (p. 61)

[...] as forças e as capacidades humanas deixam de ser meios de produzir riqueza; elas são a riqueza,
ela mesma. (p. 62)

[...] A diferença entre produzir e se produzir tente a se apagar. (p. 62)

2. Os Dissidentes do Capitalismo Digital

[...] A sociedade acelerada (p. 64)

[...] Menos de 0,5% da população americana, ou oitocentos e quarenta e três mil famílias, detinha
56,2% dos meios de produção tangíveis, e 37,4% dos ativos financeiros. (p. 64)

[...] É preciso notar que mais de 90% dos frutos de quinze anos de crescimento econômico foi
monopolizado pelos 5% mais ricos da população, e, mais importante ainda, que 60% desses frutos
foram tomados pelo 1% mais rico. As rendas de 80% da população diminuíram, as “classes médias”
sofreram um processo de fusão, e a polarização da sociedade deu origem a um novo proletariado pós-
industrial que Glotz estima como algo em torno de um terço da população. Esse proletariado,
“diferentemente daquele das sociedades industriais, compreende uma forte proporção de dissidentes
que, diplomados pelo ensino superior, têm uma atitude crítica m face do “capitalismo digital” e de
seu culto do “sempre mais, sempre mais rápido”. Segundo uma pesquisa do Wall Street Journal,
“mais de 35% dos récem-diplomados têm de aceitar empregos que não requerem diplomas de ensino
superior (...) O mercado do trabalho para os diplomados nunca esteve tão estreito desde a Segunda
Guerra Mundia". (p. 64-65) Citado por Jeremy Rifkin , The End os the Work, New York, G. P.
Putnam, 1995; tradução francesa de Pierre Rouve, La fin du travail, Paris, La Découverte, 1996,
capítulo 11.

[...] “cultura do nanosegundo” [...] ou seja, “sempre mais rápido” (p. 65)

[...] burn out, ou seja, por um tipo de fadiga mental que faz m trabalho, cuja dificuldade em princípio
estimulou sua criatividade, parecer então subitamente enfadonho, fastidioso, sem sentido. (p. 65)

[...] “o desenvolvimento do outro é também a condição do desenvolvimento próprio”. (p. 67)


Manifesto Comunista.

[...] sociedade mercadoria (p. 68)

[...] sucumbem mesmo em suas vidas pessoais à obrigação de tirar proveito de si, pois já não podem
viver muito afastados das relações de dinheiro, mercadoria e troca (p. 68)

[...] “ As formas seminais do novo sempre se desenvolvem no antigo” (p. 69) (Stefan Meretz, 2001)

3. “Um Outro Mundo É Possível”

[...] O objetivo não é transcendente à ação (p. 70)

[...] “O paradoxo está no centro do nosso tempo (...) O dilema ao qual são confrontadas as empresas
na nova economia da informação é que o sucesso capitalista só é possível com a perenidade do
comunismo, segundo a maioria dos pesquisadores. (p. 71) Pascal Jollivet, “L’ éthique hacker de
Pekka Himanen”, Multitudes, n.8, março-abril de 2002.

[...] As revoluções são feitas [...] pela aliança dos mais oprimidos com os que são mais conscientes
da sua própria alienação e da dos outros. (p. 71)

4. Fundamentos da Renda de Existência

A ambiguidade da renda de existência

[...] sentido e qualidade de vida dependem em escala crescente de riquezas particulares, que não
podem ser geradas e adquiridas sob a forma de mercadorias e valor. Pelo contrário, elas podem surgir
somente através da atividade livre, que não tem como finalidade nem a multiplicação nem a
aquisição de dinheiro. (p. 72)

[...] Uma economia que gera cada vez mais mercadorias com cada vez menos trabalho produtivo
remunerado; uma economia, portanto, que, graças ao aumento da produtividade, mesmo com
produção em crescimento, distribui cada vez menos moedas, não pode financiar transferências
crescentes de benefícios mediante a taxação do trabalho e da mais-valia. (p. 72)

[...] fim do fetichismo do dinheiro e da sociedade de mercado. (p. 72)


[...] uma tal perspectiva implica que a reivindicação deve antes de mais nada exigir a garantia de uma
renda suficiente. Ela deve ser suficiente, pois toda garantia de renda insuficiente funciona como uma
subvenção disfarçada aos empregadores: ela os une e os encoraja a ciar empregos de salários
insuficientes e condições de trabalhos indignas. [...] Ela deve enfatizar a ruptura entre criação de
riqueza e criação de valor; e deve também evidenciar que “desemprego” não significa nem
inatividade social, nem inutilidade social, mas somente inutilidade para a valorização direta do
capital. (p. 73)

[...] “potencialmente, todos nós somos desempregados, sub-empregados e trabalhadores temporários”


(p. 73)

[...] A riqueza social produzida é um bem coletivo, na criação do qual a contribuição de cada um
nunca foi, é hoje menos que nunca, mensurável. (p. 73)

[...] “ Para nós, precisa um texto da Comissão Renda da AC!, a renda garantida não é uma esmola,
não é dinheiro para a inatividade que causaria a obrigação de “fazer alguma coisa” (subentendido
“trabalhar”). Para nós, a renda garantida é um direito. Se nós reivindicamos esse direito é porque
participamos, de um modo ou de outro, da produção da riqueza social – ou poderíamos dela
participar, se dispuséssemos dos meios necessários (...). Nós produzimos uma riqueza social não
remunerada (...) que consiste em diferentes formas de auto-organização coletiva, de sistemas de
ajuda e de assistência mútua que nos ajudam a dominar os problemas cotidianos, a trocar
conhecimentos, a tomar iniciativas que nos permitem escapar à miséria e ao tédio (...). Nós queremos
nos proporcionar os meios de desenvolver atividades muito mais enriquecedoras do que essas a que
estamos limitados. (p. 74) Commission revenu AC!, 24 de outubro de 1998. Itálicos meus.

[...] “salário de cidadania” (p. 74)

[...] a ruptura entre a riqueza “despojada de sua forma burguesa” e o valor, no sentido econômico.
[...] cuja produção é produto. (p. 75)

Em poucas palavras, a renda garantida deve tornar possíveis todas essas atividades fora do mercado,
fora de compatibilidade e fora de normas, e que não são e não produzem nada de permutável por
outra coisa, nada de mensurável e de traduzível em seu equivalente monetário. (p. 75)

[...] imperativo da empregabilidade. (p. 75)

CAPÍTULO IV

Ou Rumo a uma Civilização Pós-humana?

1. Qual saber? Qual sociedade?

[...] economia com sentido coletivo (p. 77)

[...] “cultura”: como “lavoura dos sentidos sociais” e “reino dos próprios fins”. (p. 77) Oskar Negt,
Arbeit und menschliche Würde, Göttingen, Steidl Verlag, 2001.
Concebido como “informação”, o saber “desaparece atrás do aparato que serve à sua objetivação” (p.
77) Rainer Fischbach, “Die Phantome der Wissensgesellschaft”, in Widerspruch 45, 2. Hj. Zurique,
2003.

[...] “defasagem da humanidade” (p. 78)

[...] relações de dinheiro-mercadoria-valor, a relação entre saber vivo e formalizado, entre saber
consciente e desprovido de sujeito, deve ser uma questão de importância central. (p. 78)

[...] A inteligência só se expande através da perseguição obstinada de uma meta (p. 78)

[...] A inteligência é inseparável da vida afetiva (p. 78)

[...] a inteligência-máquina (p. 78)

[...] o conhecimento não implica necessariamente a inteligência; ele é bastante mais pobre do que
esta última. (p. 79)

[...] a diferença fundamental entre conhecer e saber. (p. 79)

[...] Conhecer é sempre, por definição, conhecer um objeto [...] fora do eu, distinto de mim (p. 79)

[...] O conhecido não pode ser reputado conhecido senão quando posto como um objeto cuja
existência nada me deve. Esta não depende de mim. Não respondo por ela. (p. 79)

[...] O conhecimento é o resultado de um aprendizado social, pois que ele é antes de tudo
conhecimento das determinações socialmente constituídas que servirão para fundar uma intelecção
socialmente valida do real. É o conhecimento das determinações válidas numa sociedade e numa
época dadas que é ensinado pela escola, enquanto que o conhecimento intuitivo da realidade sensível
das coisas, tal como elas são, é adquirido principalmente pela experiência extra-escolar, e censurada
ou desqualificada, em parte, pelo menos, pelo ensino. Ela eventualmente poderá se exprimir no plano
artístico. (p. 79)

[...] “solo de nossas certezas” (p. 80)

[...] O conjunto de nossos saberes pré-cognitivos e informais constitui a trama de nossa consciência,
a base sobre a qual se fará o desenvolvimento sensorial, afetivo e intelectual da pessoa – ou, na
ausência da qual, não se fará. (p. 80)

[...] Articular-se-iam com os saberes numa preocupação de sinergia, ou os desqualificariam


reivindicando para a ciência o monopólio do conhecimento verdadeiro? (p. 80)

[...] uma equipe americana comandada pelo Clube de Roma, demonstram que o tipo de crescimento
das economias industriais destruía as bases naturais da vida sobre a Terra e nos levava a viver cada
vez pior, e por um custo cada vez mais alto. (p. 81)

A ligação entre “mais” e “melhor” estava rompida. O divórcio entre “valor” e “riqueza”, que já foi
tema do capítulo precedente, aparece agora ligado ao divórcio entre “conhecimentos” e “saberes
vividos”.
O desenvolvimento dos conhecimentos tecnocientíficos, cristalizados em maquinarias do capital, não
engendrou uma sociedade da inteligência, mas, [...] uma sociedade da ignorância. (p. 81)

[...] A grande maioria conhece cada vez mais coisas, mas sabe delas e as compreende cada vez
menos. (p. 81)

[...] “conhecedores” profissionais [...] “profissões incapacitantes” essas profissões que selam a
incapacidade que os indivíduos têm de se responsabilizar, num mundo incompreensível. (p. 81)

[...] O corpo humano [...] “se tornou um obstáculo à reprodução das máquinas [...] os humanos se
tornaram ‘gargalos estreitos’ para a circulação e o tratamento das informações e dos conhecimentos
(p. 82) Finn Bowring, Science, Seeds and Cyborgs, Londres, Verso, 2003, Capítulo 11.

O homem é “obsoleto” (p. 82)

[...] próteses químicas (p. 82)

[...] próteses eletrônicas (p. 82)

2. Perda dos sentidos

A ruptura entre saber cientificamente formalizado e a realidade como experiência sensível tem uma
longa história. (p. 82)

[...] vale a pena libertar o conhecimento da “prisão do corpo” e, através da supressão dos sentidos e
do saber da experiência, “pensar sem o corpo”, como afirmou Descartes. (p. 83)

[...] pensamento formal, desprovido de sujeito, concebido na língua dos cálculos matemáticos (p. 83)

O pensamento cego é desprovido de sujeito [...] “pensar sem pensamento” (p. 83)

[...] “a alma dos homens pode ser transferida às suas máquinas” (p. 84) Cf. A. Turing, “ Computing
machines and Intelligence”, em E. Feigenbaum (organizador), Computers and Thought, New York,
McGraw-hill, 1963.

[...] O cálculo simbólico, que a tudo domina, desvinculado da experiência sensível, torna-se uma
desqualificação do mundo da vida que se infiltra no próprio mundo da vida. (p. 85)

[...] O fetichismo do dinheiro e da mercadoria, a monetização da vida e de si mesmo são as


consequências dessas inacessibilidades. (p. 85)

O capitalismo, prenhe de se mesmo, orientou-se logo de saída no sentido de submeter os homens ao


poder de máquinas pensantes e ao dos pensamentos maquinais. (p. 85)

[...] o cientista é o próprio Deus (p. 85)

[...] o modo ideal de cientista [...] não quer de modo algum ser humano (p. 86)

[...] Claude Lévi-Strauss [...] não queria existir como um ser humano. (p. 86)
[...] Entre a experiência e o real interpõe-se um abismo (p. 86)

A ciência é o único empreendimento que tem por objetivo explícito liberar o “espírito” de sua
factualidade e igualar a Deus [...] ser fundamento de si. (p. 86)

[...] pelo ódio de ter nascido do corpo de uma mulher e de ter sido concebido pelo acaso do encontro
de um óvulo e de um espermatozoide. Esse ódio da factualidade natural da vida, e consequentemente
da maternidade, achou de se exprimir de maneira particularmente violenta nos esforços que a
“ciência” envida para substituir por um útero artificial o útero feminino (p. 86)

[...] “exogênese” é a preocupação de “liberar a mulher da escravidão da gravidez”. (p. 86)

[...] “Nós nos demos conta de que o útero é um lugar obscuro e perigos ( a dark and dangerous
place), um meio repleto de riscos. Nós devemos desejar que nossas crianças potenciais se encontrem
lá onde possam ser supervisionados e protegidos tanto quanto possível”. Fecundação in vitro, úteros
artificiais transparentes, supervisão médica da gestação; a reprodução deve se tornar um negócio de
homens, de especialistas (p. 86)

[...] a finidade que existe desde sempre entre o espírito da ciência e o espírito do capitalismo. (p. 87)

[...] é preciso eliminar a “natureza interior” como a natureza exterior, e substituí-la por homens-
máquinas e por máquinas humanas no seio de uma máquina-mundo pré-programada e auto-regulada.
(p. 87)

[...] industrializar a (re)produção dos humanos [...] abolição da natureza (p. 87)

Nós já temos um mercado do esperma, um mercado do óvulo, um mercado da maternidade ( a


locação de úteros das mães de aluguel), um mercado de genes, de células-tronco, de embriões, e um
mercado (clandestino) de órgão. A prolongação dessa tendência conduzirá à mercantilização de
crianças de todas as idades, geneticamente “melhoradas” (pretendidamente), e depois, de seres
humanos ou “pós-humanos”, clonados ou inteiramente artificiais, e de nichos ecológicos artificiais,
neste planeta ou noutro. (p. 88)

O capital e a ciência [...] perseguem o poder puro [...] sem outro fim que ele mesmo. Ambos são
indiferentes a todo fim e a toda necessidade determinados, pois nada vale a potência indeterminada
do dinheiro, por um lado, ou a potência indeterminada do dinheiro, por outro, capazes de todas as
determinações, pois que essas determinações recusam todas aquelas potências indeterminadas. O
capital e a ciência se encerram nas técnicas dessubjetivantes. (p. 88)

[...] “o homem” deveria se tornar o “co-criador, ao lado de Deus, do universo” (p. 88)

[...] determinar a forma desejável do universo governado pelos homens (p. 89)

[...] a formação de uma elite científica [...] espíritos desencarnados, praticamente imortais, dotando-
se de “corpos mecanizados” (p. 89)

[...] “No fim, a consciência em si mesma poderá se estender numa humanidade completamente
eternizada, perdendo seu organismo consistente, tornando-se massas de átomos que se comunicam
no espaço por irradiação, e finalmente se resolvendo em luz” (p. 89) Cf. Hans Moravec, Robot: Mere
Machine to Transcendent Mind, New York. Oxford University, 1999.

3. Da inteligência Artificial à Vida Artificial

[...] meat machine (máquina de carne) (p. 90)

[...] “sujeira sanguinolenta” (bloody mess) que é o corpo humano. O espírito, de acordo com ele,
pode ser separado do corpo e do “si” self (p. 90)

[...] a máquina informática [...] e o espírito humano [...] pertencem “à mesma espécie” (p. 90)

[...] o corpo carnal está a ponto de ser tornar obsoleto e de que “nós somos como os deuses” (p. 90)

[...] Um dos pesquisadores da Agência do Projetos de Pesquisa Avançada do Pentágono declara:


“Sempre sonhei criar meu robô dotado de meu espírito. Sonhei fazer dele meu espírito, ver-me nele
(...) É a coisa mais importante que um homem possa fazer”. (p. 90)

A ideia, não mais da assistência do intelecto pelo computador, mas da transferência do intelecto para
ele, atingiu sua fantasmagórica maturidade com Hans Moravec, que desenvolveu robôs avançados
para a NASA. (p. 91)

[...] a possibilidade de “transplantar” o espírito (p. 91)

[...] “ao espírito. Ser salvo das limitações de um corpo mortal” (p. 91)

[...] “algoritmo planetário” que assegure “a paz e a harmonia sobre a Terra” (p. 91)

[...] “o criador e a criatura são apenas um” (p. 91)

Mas eles nunca puseram a questão principal: aquela capacidade de definir os problemas para
resolver; de distinguir o que é importante e o que não o é, o que tem um sentido e o que não o tem;
de escolher, de definir e de perseguir um objetivo, de modifica-lo à luz de acontecimentos
imprevistos; e, ainda mais fundamentalmente, a questão das razões e dos critérios em virtude dos
quais os objetivos, os problemas e as soluções são escolhidos. De que, pois, dependem essas
escolhas, esses critérios? Se a Inteligência funciona como uma máquina programável, quem definiu o
programa? (p. 92)

[...] que, em razão de seu sentimento de falta, de seu sentimento de falta, de seu sentimento de
incompletude, está sempre a vir para ele, incapaz de coincidir com o si na plenitude imóvel do ser
que é o que é. (p. 92)

[...] pura potência sem objeto, “diferente do nada tão pouco quanto se queira” (p. 93)

[...] Para criar a inteligência artificial, é preciso pois criar a vida artificial. (p. 93)

A ambição dos pioneiros da inteligência artificial e da vida artificial se revelará, numa outra forma,
ainda maior: trata-se para eles de abolir a natureza e o gênero humano, para criar uma “super-
civilização” robótica, uma “superação da humanidade” que moldará o universo à sua imagem e
“transformará o ser humano em alguma coisa completamente diferente” (p. 94)

4. Da Obsolescência do Corpo ao Fim do Gênero Humano

Do Homem-Máquina às Máquinas Humanas

[...] esse projeto é inseparável do espírito hiper- e pós-moderno, para o qual autodeterminação. A
igualdade, a liberdade, os direitos e a dignidade da pessoa humana são desprezíveis sobrevivências
judaicos-cristãs-kantianas. (p. 94-95)

[...] A técnica (technology) deve ser compreendida como a natureza criando-se a si mesma por
intermédio do homem. A natureza está se tornando conhecimento, e o conhecimento, tornando-se
natureza. A diferença entre o Ser e o Pensamento (entre ser e pensar) desaparecer. (p. 95)

[...] Hugo de Garis se considera como o “quarto cavaleiro do Apocalipse, o mais tenebroso, o da
guerra” que conduzirão contra o gênero humano os robôs que se emanciparão. (p. 95)

[...] “A longo prazo, o componente não-biológico da nossa inteligência se tornará dominante. Nós
teremos seres maquinais que serão inteiramente não-biológicos, mas que darão a impressão de seres
humanos”. (p. 96)

[...] grandes sistemas de máquinas inteligentes assumem funções cada vez mais abrangentes, tornar-
se-á tão complexo que as máquinas serão as únicas capazes de geri-lo. (p. 96)

[...] O poder dessa elite sobre a “massa” será total. O trabalho humano terá se tornado supérfluo. A
“massa” de humanos se tornará um fardo inútil para o sistema. A elite poderá escolher exterminá-lo,
ou “reduzi-los ao estado de animais domésticos”, ocupando-os em divertimentos anódinos [...]
controlando os pensamentos através de “nanorobôs” nos cérebros de uma humanidade inútil. (p. 96-
97)

[...] “grandes padres high-tech” (p. 97)

De uma maneira ou de outra, o fim do gênero humano está programado. A “evolução” obriga o
homem a fabricar o contra-homem que o condena. (p. 97)

Reprogramação Genética: de Quem por Quem?

[...] “O indivíduo médio se tornou muito inferior às tarefas cotidianas que requer a civilização
moderna” O melhoramento da espécie não responde, pois, a uma necessidade humana, mas à
necessidade das máquinas. (p. 97)

[...] Para poder tomar parte na vida econômica, ele deverá aumentar seu cérebro com inteligência
artificial. A tecnociência associada ao capital produziu um mundo inviável para o homem. É
necessário mudar o homem. (p. 98)

[...] Mas quem é esse “nós”? Quem remodela quem, e segundo quais critérios? (p. 98)

[...] darwinismo social (p. 98)


[...] miragem gramatical (p. 99)

[...] Ora, é precisamente desse trabalho de autoprodução de si que se vai fazer economia,
substituindo-o por heterotécnicas de intervenções exteriores sobre o cérebro, e (pretendidamente)
sobre genoma. “A ciência” nos propõe nos fazer produzir por especialistas reconhecidos, propõe-nos
que nos tornemos consumidores e compradores do “aumento” de nossas faculdades. (p. 99)

[...] O trabalho de produção de si dará lugar à compra de próteses graças às quais cada um poderá
indefinidamente, e por prazer, transformar-se, aumentar-se, reinventar-se fundindo-se com extensões
maquinais de si mesmo. (p. 100)

[...] não há, dizem eles, diferença entre a subjetividade humana e das máquinas. O programa de
computador é uma subjetividade como qualquer outra. (p. 100)

[...] Aqueles que escolherão remodelar o homem, ou certos homens, não serão os homens
remodelados, eles mesmos. (p. 101)

[...] Qualquer que seja seu grau de eficácia intrínseca, a engenharia genética é essencialmente, uma
vontade de predeterminação de terceiros em relação ao que o indivíduo que está para nascer deve se
tornar. (p. 101)

[...] “Terei eu sido programado a tomar essa decisão, ou a terei tomado livremente? Sou eu possuidor
por uma vontade estranha, ou eu sou o mestre das minhas escolhas?” (p. 102)

Eles suportam para toda a vida, inscrita em seu genoma, a sua dominação. (p. 102)

[...] todos os cidadãos terão por genitores, ou cogenitores, o Estado e a Ciência. (p. 102)

[...] Sem origem comum, sem a comum compreensão de todos em cada um, não há nem sociedade,
nem civilização, nem pais fundadores, nem tradição a transmitir. (p. 103)

[...] A humanização não está assegurada no nascimento. Ela se realiza para e por cada indivíduo.
(p.103)

5. Alotécnica e Homeotécnica: Uma “Reforma do Espírito”

[...] “A ausência de pátria é o fato dominante do modus essendi contemporâneo” (p. 104) Peter
Sloterdijk, La Domestication de L’Être, op. cit., p.76

[...] obedecendo à soberania do cálculo, ignoram tudo o que não é quantificável, ou seja, os
sentimentos, sofrimentos, alegrias dos seres humanos. (p. 104) Edgar Morin, L’Humanité de l’
humanité, op. cit., p.242-243

[...] “alotécnicas”: ou seja, pela violação da natureza das coisas consideradas como materiais, das
“matérias primeiras” a serem dominadas, a serem “reduzidas pela escravidão”, a serem utilizadas
para finalidades que são fundamentalmente estranhas às coisas. (p. 105)

[...] “era energética” (p. 105)

[...] “era informacional” (p. 105)


[...] “matéria informada”

[...] homeotécnica [...] Ela tem mais o caráter de uma cooperação que de uma dominação. (p. 106)

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