SOCIEDADES DE ADVOGADOS MISTAS DE SÓCIOS

DE CAPITAL E DE SERVIÇOS

PERGUNTAS MAIS FREQUENTES

1. O advogado, sócio com quotas de serviços, tem vínculo trabalhista com a Sociedade
de Advogados?

Não. O sócio com quotas de serviços é sócio da Sociedade de Advogados igual a qualquer
outro sócio. Não é advogado empregado da sociedade. Tem, portanto, direitos de sócio e
não tem direitos trabalhistas.

2. As quotas de serviços tem valor que se possa ou deva exprimir em moeda? Deve-se
dar às quotas de serviços um valor em reais?

As quotas de serviços representam o trabalho futuro do sócio. O sócio de serviços

compromete-se a dar seu trabalho à sociedade. Daí que deva constar do contrato social a
contribuição concreta de trabalho a que se obriga o sócio de serviços. As quotas de
serviços, portanto, não se mensuram em moeda, não têm valor monetário.

3. As quotas dos sócios de serviços têm que ser iguais?

Embora seja certo que as quotas dos sócios de serviços possam ser consideradas iguais,
também é certo que a lei prevê a possibilidade de quotas de serviços distintas. Neste caso,
cada sócio de serviços terá uma quantidade de quotas segundo for estimada a sua
contribuição de serviços. Logicamente, se o trabalho de dois ou três determinados sócios
for considerado equivalente, as suas quotas serão iguais ou aproximadamente iguais – mas,
se for distinto, o sócio que aportar mais terá mais quotas.
No caso de Sociedades de Advogados, em que o trabalho do profissional é essencial,
recomenda-se que as quotas de serviços representem a contribuição efetiva do trabalho de
cada advogado.

4. Sendo a Sociedade de Advogados mista de sócios de capital e de sócios de serviços,

na hora de redigir a clausula da participação deles na sociedade, como se especificam
as suas distintas quotas, que serão as de alguns em reais e as dos outros de serviços?

No contrato das sociedades mistas deve constar o valor das quotas de capital e a
contribuição concreta de trabalho a que se obriga o sócio de serviços. Quanto às quotas de
serviços – diz a Deliberação nº 21/07 da OAB-SP - “o contrato social deve prever a
contribuição de trabalho a que o sócio de serviço estará obrigado.”

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Suponhamos que a Sociedade de Advogados tenha quatro sócios, sendo 2 de capital (A,B)
e 2 de serviços (C,D), os quais puseram-se de acordo de forma que dois deles, um de
capital (A) e outro de serviço (C), em virtude da sua liderança e empreendedorismo, teriam
o dobro de participação dos outros (B,D). Neste caso, a clausula que especifica as quotas
dos sócios poderia ter a redação seguinte:

“A sociedade terá 150.000 quotas, sendo a metade de capital de R$ 1,00 (um real) cada
uma, e a outra metade de serviços, assim distribuídas entre os sócios:

Quotas de capital Valor Quotas de serviços %

A 50.000 R$ 50.000,00 33,33%

B 25.000 R$ 25.000,00 16,66%
C 50.000 33,33%
D 25.000 16,66%
TOTAL 75.000 R$ 75.000,00 75.000 100,00%

5. Qual é a participação de cada sócio nos lucros e perdas das Sociedades mistas?

A deliberação nº 21/07 da OAB-SP diz, no item B que: “Os direitos e obrigações dos
sócios patrimoniais e de serviço serão regulados no contrato social”. Recomenda-se pois
que o direito a participar do lucro e a obrigação de arcar com perdas conste expressamente
do contrato social.

Isto porque “salvo estipulação em contrário (...) aquele sócio, cuja contribuição consiste
em serviços, somente participa dos lucros na proporção da media do valor das quotas” (art.
1.007 do C.C.). O Direito traz uma certa discriminação do sócio de serviços, uma
participação dos lucros que será, em princípio, igual para todos os sócios de serviços e,
portanto, distinta do verdadeiro aporte de trabalho de cada um deles, salvo se no contrato
tiver estipulação em contrário. Daí que seja recomendável que conste no contrato que a
participação de todos os sócios seja proporcional às suas quotas.

Em outras palavras: nas Sociedades de Advogados se recomenda que conste para os sócios
de serviços uma quantidade de quotas maior ou menor, segundo seja a contribuição de
trabalho do advogado.