O sistema adotado para suporte de túneis depende das condições
geotécnicas locais, do tempo requerido para construção e de fatores econômicos, e pode contar com soluções imediatas e definitivas.
2.1 SUPORTE INICIAL
Segundo Whittaker e Frith (1990), sistemas de suporte temporários são
requeridos no NATM, isto porque a rocha que está sendo escavada se desloca. Desta forma, a construção da solução definitiva logo após a escavação seria cara e superdimensionada, uma vez que a livre deformação da estrutura a descarrega com o passar do tempo, como visto no gráfico a seguir:
Figura 8 – Alívio de tensões em rocha escavada ao longo do tempo
Fonte: González (2012)
Este comportamento é dado pela propriedade do material conhecida como
stand-up time, eu seja, o tempo que o material (rocha ou solo) consegue permanecer estável sem apoio externo. Este tempo é baixo em solos moles e rochas fraturadas, mas elevado em rocha sã. Assim, solos moles, que são comuns em túneis escavados a pouca profundidade, e seguem os métodos cut-and-cover ou couraça, dentre outros, não se sustentariam. Desta forma, o suporte é feito durante a escavação ou até mesmo anteriormente a ela. Portanto, fica claro que um sistema de suporte inicial é aplicável apenas para o método de escavação NATM, que deixa a rocha livre logo após seu desmonte. Para este tipo de suporte, é necessário apenas revestimento de forma a proteger a estrutura, trabalhadores e equipamentos durante o descarregamento de tensões. A escavação costuma ser protegida por uma fina camada de concreto projetado, que pode ou não conter fibras que auxiliam na melhor distribuição de tensões e proteção contra fissuras:
Figura 99 – Jateamento de concreto
Fonte: Corsini (2011)
Outras formas de suporte temporário incluem arcos de aço, tirantes e malha:
Figura 10 – Atirantamento de paredes de túneis
Fontes: Tsukuba (2008) e Wikimedia (2017)
Figura 11 – Escoramento com arco de aço
Fonte: DYWIDAG-Systems International (2017)
Assim, após decorrido o tempo ideal de estabilização do maciço, pode-se
prosseguir ao dimensionamento das estruturas de suporte permanente. 2.1 SUPORTE PREMANENTE
O sistema permanente de suporte é o componente estrutural principal de um
túnel (WHITTAKER; FRITH; 1990). Este elemento será o responsável por contrapor as tensões atuantes e deformações do solo durante toda a vida útil do projeto, e também por controlar a entrada e saída de água. Alguns outros usos dos suportes incluem proteção anticorrosiva, impermeabilização, e acabamento estético. Os mesmos autores classificam túneis em duas grandes categorias: civis e mineiros. Os civis, foco deste estudo, caracterizam-se pela longa vida útil, logo, requerem fatores de segurança elevados, da ordem de 2. Desta forma, todo seu planejamento é feito tal que se mantenham as características ao longo das décadas, principalmente estanqueidade à água e pequenas deformações. As maiores condicionantes ao dimensionamento das estruturas de contenção são: Água – necessário definir se será preciso dimensionar à pressão hidrostática, e se o túnel deve manter-se sempre seco; Facilidade de construção – deve-se adequar as opções disponíveis ao método de escavação, já que pode haver incompatibilidade; Uso do túnel – define o aspecto final do suporte; Geotecnia – o comportamento mecânico do solo ou rocha definem boa parte das decisões do projeto.
Exemplo de deformação causada pelo alívio de tensões devido a escavação,
pode ser visto na Figura 12: Figura 12 – Deformações impostas às seções transversais de túneis
Fonte: Whittaker, Frith (1990)
Na figura acima, são mostradas duas situações usuais de comportamento: à
esquerda, suporte dimensionado para se comportar como estrutura flexível, enquanto à direita, rígido. Assim, tendo este comportamento mecânico em vista, devem ser escolhidas as metodologias que vão de acordo com os interesses do construtor. Whittaker e Frith descrevem as seguintes opções comumente aplicadas em túneis civil para suporte:
a) Suporte natural em rocha: aplicável quando o maciço se encontra fracamente
carregado quando comparado à sua resistência. Comum em túneis em rochas sã e de pouca profundidade. Alguns cuidados devem ser tomados, como selar a superfície exposta e vistorias a fim de prevenir quedas; b) Reforço de rocha: os reforços podem vir na forma de malhas, cabos, arcos, ou tirantes pré-tracionados ou não, que podem ser dos mais diversos materiais. Muito aplicável a rochas friáveis, embora a manutenção seja cara e falhas nem sempre serem perceptíveis; c) Concreto projetado: assim como nas estruturas de contenção provisória, o concreto também pode ser utilizado como forma definitiva, embora seu controle tecnológico deva ser ainda mais apurado. É um excelente selante de superfícies rígidas, porém friáveis. Pesquisas têm mostrados que incorporação de fibras no concreto aumentam sua capacidade de resistir à tensão e cisalhamento; d) Segmentos flexíveis: formas pré-moldadas de concreto, aço ou ferro fundido, em geral circulares. São aplicáveis a basicamente todo tipo de solo, e apresentam excelente produtividade quando utilizadas em conjunto com máquinas tuneladoras, já que são dispostas conforme o equipamento se movimenta; e) Segmentos monolíticos de concreto: o mais aplicado nos casos onde o maciço já aliviou as tensões e as deformações são pequenas. É o mais utilizado quando seguida a metodologia NATM, e pode ser aplicado sobre suporte inicial, como mostra a Figura 13:
Figura 13 – Corte em parede estrutura de túnel
Fonte: González (2012)
Assim, conforme indicações geradas pela investigação geotécnica e uso do
túnel, deve-se optar pela solução que ofereça melhor técnica de construção, com custo mínimo e segurança aos usuários. REFERÊNCIAS
CORSINI, Rodnei. Revestimento primário de túneis. Infraestrutura Urbana, São
Paulo, v. 1, n. 12, dez. 2011. Disponível em: <infraestruturaurbana17.pini.com.br >. Acesso em: 01 dez. 2017.
DYWIDAG-SYSTEMS INTERNATIONAL. Fast emergency reaction: DSI Steel ribs
ensure safe advancement of the Drumanard Tunnel. 2017. Disponível em: <https://www.dsiunderground.com>. Acesso em: 01 dez. 2017.
GONZÁLEZ, Viviana Trujillo. Comportamento de túneis em função de sistemas de
suporte e impermeabilização. 2012. 90 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Faculdade de Tecnologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2012.
TSUKUBA. Model testing of sediment ground. 2008, Ibaraki Prefecture (Japão).