BIBLIOGRAFIA
Curso de Processo Civil – Fredie Didier
COMPETÊNCIA
CONCEITO
Competência é a quantidade de jurisdição atribuída a cada órgão ou grupo de órgãos do Poder
Judiciário
A razão de ser do Direito e, principalmente, do Processo, está na ocorrência de litígios;
havendo litígio, a solução através da autotutela foi sendo gradativamente afastada e hoje é de
natureza residual
O litígio é um fato da vida; a lide se opera quando há conflito de interesses
A partir do momento que essa lide se verifica e havendo uma pretensão e em face dessa
pretensão havendo uma resistência, é necessário que se identifique de quem é o bem da vida
A resolução da lide, em tempos pretéritos, era através da autotutela; com o surgimento do
Estado moderno, a autotutela passa a ser gradativamente vedada, de sorte que, hoje em dia,
a aceitação dela é residual
Com a supressão da autotutela, temos um vácuo social, no qual está a jurisdição
O Estado Moderno surge sem a autotutela, chamando para si essa obrigação, que é um poder-
dever, que é a resolução dos litígios
A jurisdição é o poder-dever do Estado de efetivar a composição de litígio mediante a aplicação
do direito objetivo ao caso concreto
o O cidadão provoca o Estado com o direito de ação, e o Estado fica obrigado a entregar
a jurisdição
A jurisdição se aplica a todos que compõem a sociedade, mas também é um dever porque
todos podem exigir que o Estado lhes entregue a jurisdição
O Estado é uma ficção, que vai atuar mediante agentes próprios, e dentro dos agentes políticos
do Estado estão os juízes
o Quando se diz que o Estado exercerá a jurisdição, se está dizendo que os agentes
políticos do Estado, que são os juízes, exercerão a jurisdição
Apesar de a jurisdição ser uma, é preciso que o Estado estabeleça entre os seus juízes a
repartição do exercício da sua atividade jurisdicional
A necessidade de regras de competência se justifica em três aspectos: 1) número de litígios;
2) extensão territorial; 3) necessidade de especialização
o Número de litígios: partir do momento em que há uma multiplicidade de litígios, que
demanda uma multiplicidade de juízes, é necessário que haja a repartição dentre eles
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Exemplo: no âmbito federal, temos 24 federais em Salvador, mas temos também vara federal
em Feira de Santana; a lei de organização judiciária vai determinar que processos correm em
cada local
REGIMENTOS INTERNOS DE TRIBUNAIS
Os regimentos internos dos tribunais trazem regras de competência; são normas infralegais
Os tribunais são compostos por órgãos, e para saber qual órgão julga cada causa, deve-se
voltar os olhos para o regimento interno do tribunal
Exemplo: ação declaratória de inconstitucionalidade de uma lei estadual, a competência é do
pleno
LIMITES DA JURISDIÇÃO
É necessário que se delimite qual o juízo competente para o julgamento de cada causa, sem o
que não há como propor a demanda, ou auferir se a demanda foi proposta perante o juízo
competente
Preliminarmente, deve-se saber se a causa pode ser proposta no Brasil
Exemplo: um francês quer propor uma ação de usucapião de um imóvel que fica na Inglaterra
perante um sueco; essa ação não pode ser proposta na justiça brasileira
Antes de saber qual o juízo competente, é preciso saber se há ou não jurisdição nacional, e
trabalhamos com regras de competência exclusiva e com regras de competência concorrente
Existe para todo Estado (país) limites para uma atividade jurisdicional
Exemplo: o Brasil só tem competência para inventariar os bens localizados no Brasil; a
autoridade judiciária brasileira não pode pedir propriedade sobre um bem imóvel localizado
fora do Brasil
Quem atribui limites à jurisdição de cada país é a norma do próprio país
Os limites da jurisdição brasileira estão estabelecidos nos arts. 21 a 25 do CPC; os limites da
jurisdição francesa serão estabelecidos pelas normas de jurisdição francesas etc.
Para estabelecer os limites de sua jurisdição, o país vai levar em conta três aspectos: 1) o seu
interesse político; 2) a efetividade que terão as suas decisões; 3) o aspecto do direito
internacional, que é pautado sempre em uma regra de reciprocidade
Exemplo: os EUA se atribuíram competência para julgar qualquer crime de terrorismo em
qualquer lugar do mundo; há interesse político deles nisso, mas há também o aspecto da
efetividade da decisão e da reciprocidade
o Observando a esses critérios, se estabelecerá a jurisdição de cada pais
O Brasil estabeleceu sua jurisdição nos arts. 21 a 23, estabelecendo duas modalidades de
competência: exclusiva e concorrente
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No art. 23 disciplinam as causas que nós nos atribuímos jurisdição e não aceitamos a
competência de nenhum outro país
o Nesses casos, nenhum valor possui a sentença estrangeira
o Ainda que a sentença estrangeira seja apresentada ao STJ, ele vai recusar a
homologação
Nas hipóteses dos arts. 21 e 22, nós nos atribuímos competência, mas não excluímos a
competência de qualquer outro Estado que quiser julgar a causa
o Se houver julgamento no estrangeiro, deve ser observado o procedimento da
homologação perante o STJ
Fora das hipóteses dos arts. 21 a 23, não atua a autoridade judiciária brasileira
HIPÓTESES DE COMPETÊNCIA EXCLUSIVA
Nas hipóteses do art. 23, necessariamente a prestação jurisdicional deve emanar da
autoridade judiciária brasileira
Artigo 23, I
Ações relativas a imóveis situados no Brasil
A ação real é aquela que se funda em posse, propriedade ou em direito real sobre determinada
coisa; se a ação é imobiliária, a competência exclusiva é da autoridade judiciária brasileira
Artigo 23, II
No campo sucessório (sentido lato), se o bem, seja ele móvel ou imóvel, estiver situado no
Brasil, o inventário, necessariamente, tem que ser feito no Brasil
Exemplo: um canadense faleceu, deixou herdeiros no Brasil e deixou no Brasil um automóvel,
então necessariamente esse automóvel será inventariado no Brasil
Inciso III
Separação judicial, divórcio, dissolução de união estável, se os bens estão localizados no Brasil,
a partilha desses bens deve ser feita pela autoridade judiciária brasileira
HIPÓTESES DE COMPETÊNCIA CONCORRENTE
O art. 21 é mais ou menos fiel às hipóteses de competência concorrente do CPC/73; já o art.
22 cria hipóteses novas
Artigo 21, I
Independentemente da nacionalidade, se o réu for domiciliado no Brasil, situação na qual
aceita a submissão à autoridade brasileira
Artigo 21, II
Se o local do cumprimento da obrigação é o Brasil, deverá ser julgado aqui
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Toda vez que a norma é de competência absoluta presume-se que ela é constituída em prol
do interesse público, da mesma forma que com a norma de competência relativa presume-se
que o interesse tutelado é privado
A incompetência absoluta pode e deve ser reconhecida de ofício; nesse sentido dispõe o art.
64, §1º
o Se há uma incompetência absoluta, o juiz pode, de ofício, sem que ninguém sustente
a ocorrência dessa incompetência, declará-la, porque incumbe a ele preservar o
interesse público
A incompetência relativa só pode ser conhecida diante de alegação da parte, só pode ser
objeto de cognição se houver provocação da parte (Súmula 33, STJ)
o Requer a manifestação da parte porque o interesse é privado
o O juiz pode conhecer determinadas situações de ofício, mas se não houve instauração
de contraditório, ele chama as partes para que se manifestem, e depois ele decide
(art. 10, CPC)
A incompetência absoluta não está sujeita à preclusão, ou seja, ela pode ser alegada a
qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição; mais do que isso, a incompetência absoluta
pode ser alegada até mesmo após a formação da coisa julgada, como fundamento da ação
rescisória
o A incompetência absoluta é um vício tão grave que o legislador resguarda a alegação
desta de preclusão (art. 64, §1º c/c art. 966, II)
A incompetência relativa tem de ser alegada até o oferecimento da contestação, sob pena de
preclusão (art. 64, caput, e art. 65)
o Se não é alegada como preliminar de contestação ou até o oferecimento da
contestação, preclui
A competência absoluta não pode ser alterada pela vontade das partes, enquanto que a
relativa pode
Exemplo: locador e locatário, pessoas físicas, não podem colocar no contrato que eventual
ação de despejo tramitará na Justiça Federal, porque a regra de competência é absoluta
É possível alterar a regra de competência relativa
Exemplo: ação de cobrança deve ser proposta no foro de domicílio do réu, mas nada impede
que as partes estabeleçam que a ação tramitará em outro lugar
A competência relativa pode ser alterada em razão da vontade das partes, o que não ocorre
com a absoluta (arts. 62 e 63, CPC)
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o Por isso, é preciso estabelecer o momento em que o fato será aferido, e a partir de
qual momento essa aferição interferirá no processo
Exemplo: a ação de cobrança deve ser proposta no foro de domicílio do réu, mas imaginemos
que o réu, enquanto tenha contraído a obrigação, residia em Salvador e, com o vencimento da
obrigação, está residindo em Lauro de Freitas; quando ajuizada a ação, residia em Camaçari;
depois é citado em Mata de São João e, após a citação, estabeleceu domicílio em Conde
Da mesma forma, as leis mudam no tempo, uma lei revoga a outra, e por isso é preciso
estabelecer qual lei regulará a competência; com esse instituto estabelece-se o momento
temporal para aferição da norma que regula a competência e para a interpretação da norma
e, a partir daí, a competência não sofrerá alteração
Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta, entendendo-se como
proposta quando a petição inicial é registrada ou distribuída, sendo, em linha de princípio,
irrelevantes as ações de fato ou de direito ocorridas posteriormente
o A norma em vigor naquele momento regulará a competência, e o fato da vida ocorrido
naquele momento e eleito pela norma é que será utilizado para fins de determinação
de competência
o No exemplo anterior da ação de cobrança, importa o momento em que a ação foi
proposta, ou seja, o que importa é que o réu residia, naquele momento, em Camaçari;
as mudanças sofridas antes ou depois disso são, a princípio, irrelevantes
A regra de perpetuação da jurisdição não é absoluta, ela sofre exceção nas situações indicadas
na parte final do art. 43: quando houver supressão de órgão judiciário ou alteração de regra
de competência absoluta; isso possui uma certa obviedade
o Se o órgão judiciário deixou de existir e processos tramitam naquele órgão, esses
processos devem ser encaminhados para algum lugar, fato que altera a competência
Exemplo: diante da crise, o TJ quer extinguir as comarcas do interior; imaginemos que
a comarca da Acajutiba seja extinta: os processos que lá tramitam deverão ser
remetidos para algum lugar
o Por outro lado, a lei excepciona a alteração de regra de competência absoluta; na
competência absoluta há interesse público, e havendo interesse público, ele há de ser
preservado
Exemplo: se em determinada comarca só há vara única, e depois cria-se outra,
estabelecendo que essa nova terá competência criminal e de fazenda pública, a antiga
terá apenas competência residual; os processos que tramitavam na vara única são
remetidos para a nova vara
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Um outro aspecto a ser considerado diz respeito ao fato de que toda competência decorre de
norma, então os preceitos do CPC que cuidam de competência são normas, mas eles podem
também ser excepcionados por norma
Exemplo: aqui em Salvador, até mais ou menos 2 anos atrás, tínhamos 32 varas de relações de
consumo, cíveis e comerciais; uma lei estadual disse que era preciso especializar, e propôs que
transformássemos as 32 em 20 de relações de consumo e 12 de relações cíveis e comerciais.
Se a norma não dissesse nada mais, os processos que tramitavam nessas 32 varas iriam ser
remetidos de acordo com a matéria, mas a lei disse que essas varas preservariam a
competência em relação aos processos que já tramitavam (isso vai contra a regra geral posta
no art. 43 do CPC, mas é possível porque toda competência decorre de norma)
Anotar sobre desmembramento de comarca
COMPETÊNCIA TERRITORIAL
Para saber qual o foro competente, é preciso diferenciar a ação em real e pessoal, como
também distinguir a ação real imobiliária da mobiliária
o Tem-se uma ação real quando a discussão deriva do direito de posse ou propriedade;
os direitos reais são aqueles taxativamente previstos em lei, oponíveis erga omnes, e
o direito que não é real, é pessoal
A pretensão da ação real deriva do direito real
o Sendo real, pode ser real imobiliária ou mobiliária, se tem por objeto imóvel ou móvel
O art. 46, CPC, diz que a ação fundada em direito pessoal ou em direito real mobiliário será
proposta no foro de domicílio do réu – essa é a regra geral de competência relativa
o Os parágrafos do art. 46 disciplinam sobre a questão do foro de domicílio
o Propor no foro de domicílio do réu para facilitar o exercício de direito de defesa, mas
se o réu possui mais de um domicílio, presume-se que ele pode se defender em
qualquer um deles, por isso faculta-se ao autor a escolha do foro (art. 46, §1º)
o Quando o domicílio do réu é incerto, desconhecido, o autor pode propor a ação no
seu domicílio ou no local que o réu circunstancialmente for encontrado ou estiver
quando da propositura da ação (art. 46, §2º)
o Quando o réu está domiciliado fora do país, parte-se da premissa de que para ele é
indiferente, buscando-se tutelar o direito do autor, propondo-se a ação no domicílio
do autor
o Se autor e réu são domiciliados no estrangeiro, a ação será proposta em qualquer foro
do país (art. 46, §3º)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
o Se existem dois ou mais réus e se forma o litisconsórcio, cabe ao autor escolher onde
ele quer litigar, e nenhum dos réus pode se insurgir se efetivamente um deles está no
lugar escolhido pelo autor (art. 46, §4º)
As ações possessórias imobiliárias e as ações reais imobiliárias tramitam no foro de situação
da coisa, no local onde se encontra o imóvel; essa competência, para as possessórias, é sempre
absoluta, e para as ações reais imobiliárias ela é absoluta para a esmagadora maioria dos casos
(art. 47 e parágrafos)
o O foro de situação da coisa não necessariamente se refere a um município; o foro
competente é o da comarca em que se situa o imóvel
o Se o âmbito for federal, se considera seções e subseções judiciárias que, em princípio,
abarcam várias comarcas
IMÓVEIS QUE SE LOCALIZAM EM MAIS DE UMA COMARCA
Pode ser que o imóvel se localize em mais de uma comarca; o art. 60 atribui competência
concorrente às comarcas e cabe ao autor deliberar acerca do local em que irá propor a ação,
pouco importando onde está a maior área / sede do imóvel (no caso de fazenda, por exemplo)
o Quando o autor escolhe uma das comarcas, há uma prorrogação de competência em
relação a todo o imóvel, seja ação real imobiliária ou ação possessória imobiliária
Exemplo: um imóvel está nos limites entre Salvador, Lauro de Freitas e Simões Filho; há
competência concorrente das três comarcas
Aqui temos uma hipótese excepcional de prorrogação de competência absoluta
O que pode ocorrer em situações de competência concorrente é a propositura de ações em
comarcas distintas, ou até mesmo a propositura de ações diversas na mesma comarca; os arts.
58 e 59 cuidam do tema
Exemplo: no exemplo anterior, A ajuíza ação de reintegração de posse contra B em Salvador,
e B ajuíza ação de manutenção de posse contra A em Simões Filho; são ações conexas
propostas em separado, que tem que ser reunidas no juízo prevento
REGRAS ESPECÍFICAS DE COMPETÊNCIA
As regras dos arts. 46 e 47 são regras gerais, que podem, eventualmente, serem afastadas por
regras específicas, e o CPC, a exemplo da legislação extravagante, traz regras especificas de
competência
No caso em que há uma lei geral e uma lei específica, se aplica a regra específica, mas, para
fins de competência, nem sempre essa regra é aplicada
As competências se classificam em absoluta (interesse público) e relativa (interesse privado)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Exemplo: o sujeito tinha domicílio em SSA, o óbito ocorreu em Lauro de Freitas, ele tinha
imóveis em Camaçari, FSA e Ilhéus, e tinha contrato de mútuo no RJ; o foro será o Rio de
Janeiro, que foi o foro eleito
Ações contra o ausente (art. 49)
Serão no foro do domicílio do agente no momento em que desapareceu
Ausente é aquele que abandona os seus bens e negócios sem deixar representante; a ausência
só se caracteriza juridicamente quando é declarada
Deve-se observar a mesma regra de concorrência entre uma regra geral de competência
absoluta e esta regra específica de competência relativa
Ação contra o incapaz (art. 50)
A ação contra o incapaz será ajuizada no foro de domicílio de seu representante ou assistente
É uma norma que não tem nenhum efeito prático, porque a regra geral é que a ação é proposta
no domicilio do réu, e o domicílio do incapaz é o domicílio do representante; logo, essa norma
não disciplina nada diferente da regra geral
Ações propostas contra a União (art. 51)
Vamos estudar em momento próprio a competência da Justiça Federal, então vamos estudar
esse artigo mais adiante
Ações envolvendo os estados ou DF (art. 52)
Aqui temos duas situações diferentes
Quando o estado ou DF são autores, eles vão demandar alguém, e o foro será o de domicílio
do réu; todavia, se houver regra especifica, ela será aplicada, e se houver regra de competência
absoluta, será aplicada a regra de competência absoluta
Exemplo: se o réu é domiciliado em Itaparica e o estado propõe ação de usucapião de imóvel
que tem em FSA, o foro será FSA
A ação proposta contra o estado ou DF poderá ser demandado à escolha do autor, no seu foro
de domicilio ou naquele foro que ocorreu o ato ou fato que deu motivo a propositura da ação,
ou no foro da coisa (quando for ação que envolve coisa), ou no foro da capital do Estado,
exceto se houver regra específica ou de competência absoluta
Artigo 53
Ações de divórcio e afins (inciso I)
No CPC/73, havia privilégio para a mulher
Atualmente, não há privilegio nem para o marido nem para a mulher; se procura tutelar os
interesses dos filhos incapazes, então a ação vai ser proposta no foro de domicílio do guardião
do incapaz
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
o Se não houver filho incapaz, o foro será o que o casal tinha domicilio junto; se nenhum
dos dois morar mais lá, o foro será o de domicílio do réu
Ações de alimentos (inciso II)
Será o foro do alimentando (quem recebe os alimentos), por conta do desequilíbrio da relação,
vez que o alimentando depende dos valores pagos pelo alimentante para sua subsistência; por
isso se cria o privilégio de foro para o alimentando
o É uma forma de tentar equilibrar a relação
As regras, em geral, que tratam de privilégios são interpretadas restritivamente; então, se diria
que para as demais ações envolvendo alimentos não haveria privilegio, mas o STJ tem decidido
em dar interpretação extensiva a essa norma
o O STJ chega ao extremo de dizer que em hipótese de ação conjunta de investigação
de paternidade e alimentos, deverá ser proposta no domicílio do alimentando (Súmula
01/STJ)
Inciso III
As alíneas “a” e “b” se referem a ações envolvendo pessoa jurídica
o Aqui é preciso trazer algumas considerações: a PJ sempre poderá ser demandada no
local em que se encontra sua sede, e apurar a sede pressupõe a análise dos atos
constitutivos da PJ; o autor tem a opção de demandar a Pessoa Jurídica no local onde
está a sua agência sucursal ou filial, se a ação se origina de negócio jurídico celebrado
com a sucursal ou filial
o Nas ações de consumo, o consumidor tem privilégio de foro; além disso, o consumidor
pode optar pelo local da sede, ou da filial ou sucursal que com ele contratou
A alínea “c” trata da situação em que se trata de uma sociedade irregular (consequentemente
não tem atos constitutivos e sede); quem vai ser demandado não é a associação, mas as
pessoas que atuam em seu nome, então essas pessoas vão ser demandas no local em que
exercem as suas atividades
A partir da alínea “d”, temos foro para situações específicas, sendo que, no mais das vezes,
esses foros não excluem a regra geral
Alínea “d”: a ação que se exige prestação, existe um lugar em que a prestação deve ser dada,
e esse será o foro competente, mas isso não exclui a regra geral; a escolha fica a cargo do autor
Alínea “e”: se o idoso é réu, a ação será proposta no foro de seu domicílio; se o idoso for autor
e o direito que está buscando for com base no Estatuto do Idoso, o foro competente será o de
seu domicílio (é um foro que ele pode abrir mão); se o idoso for autor e o direito não for
baseado no Estatuto, o foro será a regra, de domicílio do réu
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Alínea “f”: é um preceito que foi trazido em benefício dos cartórios extrajudiciais; as ações
indenizatórias contra essas PJs tramitam no local em que o ofício está sediado
Inciso IV
Alínea “a” (ações decorrentes de ato ilícito): o foro é o local em que foi praticado o ato ou fato,
sem exclusão da regra de competência relativa geral
Exemplo: alguém é domiciliado em SSA, e em um evento em FSA profere discurso que ofende
alguém; o ofendido pode propor a ação em SSA ou FSA
o Uma questão que é atual em relação as ações indenizatórias diz respeito as situações
nas quais o ato ou fato é praticado de maneira virtual; o entendimento que se tem
tido sobre a apuração do local do fato, deve-se interpretar que além do foro do
domicílio do réu, há o foro de onde o fato teve maiores consequências
Alínea “b”: se vai ser discutida a gestão ou administração de negócios alheios, o foro
competente é o local em que houve a gestão ou a administração, sem prejuízo da regra geral
de foro do domicílio do réu
Exemplo: você tem uma fazenda de Cacau em Itabuna, e um administrador que mora em outro
local; o autor pode optar por ajuizar a ação em Itabuna ou no local de domicílio do
administrador
Inciso V: ação de reparação por dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículo
Há três foros: local do ato ou fato; domicílio do autor; regra geral (domicílio do réu)
Geralmente é bom se antecipar na ação, porque quando há o acidente e há o litigio, há um
pensamento de ambas as partes de que a culpa é do outro, então ambos podem ser propor
ações nos foros de seu domicílio, o que “puxa” a competência para lá
MODIFICAÇÃO
É um fenômeno que alcança, exclusivamente, a competência relativa
o Prorrogação de competência absoluta é excepcional e expressamente prevista em lei
Esta prorrogação de competência é uma modificação de competência; em grossas linhas,
quando há prorrogação, há aquisição de competência por um juízo que não seria competente,
seja em razão da vontade das partes, seja em razão de disposição legal
Se classifica em voluntária e legal
VOLUNTÁRIA
Se verifica quando há foro de eleição ou inércia do réu
Eleição de foro
O art. 63 diz que as partes podem alterar a competência em razão do território ou em razão
do valor da causa, escolhendo ou elegendo um foro
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
porque fato é o acontecido no campo da vida, e o acontecido no campo da vida é diverso para
esses dois sujeitos
A mera similitude de questões fáticas ou jurídicas não significa que as ações sejam conexas;
todavia, essa similitude permite que seja formado o litisconsórcio (art. 113, III)
Se há conexão, haverá reunião de processos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver
sido sentenciado (art. 55, §1º)
o Os processos podem estar tramitando em juízos ou até mesmo em foros diferentes,
mas serão reunidos
o O critério utilizado para essa reunião será o juízo prevento (art. 58)
o A prevenção do juízo será feita levando em consideração a data da distribuição (o juízo
no qual o processo foi distribuído primeiro será o juízo prevento); se for uma comarca
em que não há distribuição, será levada em conta a data do registro da ação (art. 59)
Os processos conexos são reunidos por dois motivos: 1) para evitar decisão contraditória; 2)
em razão de economia processual
Há interesse público em evitar decisões contraditórias, bem como na economia processual,
daí porque, se há conexão, obrigatoriamente a reunião dos processos se opera; não é uma
faculdade do juiz, não há espaço para discricionariedade judicial (art. 55, §1º diz que as ações
serão reunidas, não que poderão ser reunidas)
Não há sentido em reunir ações conexas quando uma delas já foi sentenciada porque não há
como atingir o objetivo pretendido
o Súmula 235 do STJ
Se há diversidade de competências absolutas, não vai haver reunião de ações conexas
Exemplo: uma ação penal e uma ação cível com a mesma causa de pedir (acidente no Vale do
Canela, por exemplo) não poderão ser reunidas, por conta da competência absoluta relativa à
matéria
A conexão pode ser conhecida de ofício ou por alegação da parte
o É difícil o juiz tomar conhecimento de ofício de ação conexa
o A parte pode alegar a conexão por meio de preliminar de contestação
O NCPC traz um dispositivo que é muito questionado, que é a hipótese de reuniões de processo
sem que haja conexão (§3º, art. 55); Fredie chama de conexão por equiparação, porque,
apesar de não ser conexão, se autoriza a reunião quando se entende que poderão haver
decisões conflitantes ou contraditórias
o Tem uma larga margem de subjetividade
o Esse dispositivo ainda não tem sido aplicado
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
o O professor não vê razão de ser nessa reunião, porque, em último caso, o STF
uniformizaria o entendimento
Continência
Ocorre quando houver identidade quanto as partes e quanto à causa de pedir, mas o pedido
de uma for mais amplo do que o da outra, abrangendo-o (art. 56)
o A ação maior é chamada de ação continente, enquanto que a ação menor é chamada
de ação contida
Exemplo: o Homem promove ação de divórcio + partilha de bens contra a mulher, e a mulher
promove ação de divórcio + partilha de bens + alimentos contra o marido; a segunda ação é
continente, enquanto que a primeira é contida
Em toda continência há conexão, mas nem em toda conexão há continência
A identidade de partes para a continência pode ocorrer em polos trocados
É muito raro encontrar situações de continência
Quando a ação continente houver sido proposta antes que a contida, esta terá sentença
proferida sem resolução do mérito; quando a continente é posterior à contida, as ações serão
necessariamente reunidas (art. 57)
AÇÕES ACESSÓRIAS
O art. 61 traz uma regra de competência funcional: a ação acessória será proposta no juízo
competente para julgamento da ação principal
o Sendo funcional, a competência tem natureza absoluta
Acessória é aquela ação que depende da principal; existem certas ações que só se justificam
pela existência de outra (ex.: embargos de execução pressupõem uma execução)
JUSTIÇA FEDERAL
A jurisdição é una, mas a estrutura judiciaria se subdivide; a justiça comum pode ser estadual
ou federal
Se pensarmos em termos de atividade jurisdicional, o primeiro ponto a ser verificado é se há
ou não jurisdição brasileira; é um estudo que já fizemos
Havendo jurisdição nacional, o passo seguinte é verificar se a atividade jurisdicional incumbe
ou não ao Judiciário (os crimes de responsabilidade incumbem ao Legislativo)
Em termos de determinação de competência, deve-se verificar algumas coisas: 1) limites da
jurisdição; 2) competência judiciária; 3) jurisdição comum ou especializada (eleitoral,
trabalhista ou militar); 4) se a jurisdição é comum, vai ser federal ou estadual; 5) competência
territorial; 6) Lei de Organização Judiciária (verificar se existem varas privativas); 7) distribuição
A competência federal é sempre taxativa, e está toda prevista na Constituição
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Os órgãos que compõem a estrutura judiciária federal são: 1) juízes federais, Juizados Especiais
Federais (art. 109); 2) Tribunais Regionais Federais (art. 108); 3) STJ (art. 105) e 4) STF (art. 102)
JUSTIÇA FEDERAL DE 1º GRAU
Analisar a competência da justiça federal de 1º grau é analisar o art. 109 da Constituição, que
traz competência tanto criminal quanto cível (tudo que não é criminal) dos juízes federais
Essa competência está pautada em alguns critérios: pessoas; matéria
Competência federal em razão das pessoas
Art. 109, I
Se estabelece um critério de competência levando em consideração os sujeitos
Se figura como autor, réu ou terceiro interveniente um desses entes, a competência é da
justiça federal
É uma competência funcional e, portanto, absoluta
Se a União configura como parte ou como terceiro interveniente, a competência é da JF (salvo
as ressalvas postas na parte final do dispositivo)
As causas que envolvam autarquias federais são de competência da Justiça Federal
o Autarquia federal detém personalidade jurídica própria; é criada por um ente
administrativo para uma determinada finalidade
o Também é de competência da JF julgar as ações envolvendo conselhos de fiscalização
profissional (Súmula 66, STJ); os conselhos têm natureza autárquica, embora não o
sejam propriamente
o Também têm natureza autárquica as fundações públicas, então as fundações públicas
federais têm foro federal
A JF tem competência para julgar as ações envolvendo empresas públicas federais, que são
aquelas cujas a totalidade do capital social pertence à União (ex.: Caixa Econômica Federal)
o Há uma diferença entre empresa pública e sociedade de economia mista; na sociedade
de economia mista, a maioria do capital é público, mas não sua totalidade
o Se há uma sociedade de economia mista, ainda que o controle acionário seja da União,
a competência é da Justiça Estadual
O fato de atuar o MPF não leva, necessariamente, à existência de uma competência federal
Nem sempre, todavia, em que esses sujeitos figuram como parte, vamos ter competência da
JF; algumas exceções estão expressamente postas no inciso I do art. 109: ações de falência,
acidentes de trabalho, as sujeitas à Justiça Eleitoral ou à Justiça do Trabalho
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Art. 109, II
Existe uma hipótese de competência da JF que também é relativa à pessoa; quando a ação
envolve estado estrangeiro ou organismo internacional e, do outro lado, particular ou
município
Exemplo: acidente envolvendo um brasileiro e um veículo do Consulado da Bélgica
Competência federal em razão da matéria
Ações envolvendo interesses indígenas (inciso XI)
Ações envolvendo disputa sobre interesses indígenas
O interesse indígena a que alude a Constituição é o interesse coletivo indígena, e não o
interesse individual
Exemplo: se alguém pega dinheiro emprestado com um índio e não paga, a competência é da
Justiça Estadual, porque não se trata de interesse coletivo
Causas referentes a naturalidade ou à naturalização (inciso X)
Se a lide gira em torno de naturalidade ou naturalização, a competência é da JF de 1º grau
Competência excepcional em relação à matéria (art. 109, V c/c §5º)
É uma hipótese que não haveria competência da JF, mas se entende que há uma grave violação
de direitos humanos que estaria expondo o país, a partir do momento em que este é signatário
de tratados internacionais
Se a resposta da Justiça Estadual não for satisfatória, a competência poderá ser avocada pela
JF, mas apenas por meio de incidente instaurado pelo Procurador Geral da República
Competência territorial
O enfrentamento da competência da JF no aspecto material me perdi
É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União (regra
geral); a especificidade é que as unidades são unidades distintas, então não se trabalha com a
ideia de comarca, mas de seções e subseções judiciárias
o O foro é a seção ou subseção que engloba a comarca em que o réu está domiciliado
O parágrafo único do art. 51 cuida das ações em que a União é ré, então temos quatro foros
concorrentes: domicílio do autor; local em que ocorreu o ato ou fato que dá ensejo a
propositura da ação; foro da situação da coisa; Distrito Federal
o Se qualquer desses foros tiver natureza absoluta ou existir qualquer foro de
competência absoluta, este prevalecerá sobre os demais; não existindo competência
absoluta, qualquer dos quatro foros é competente
Essas regras, em que pese previstas na Constituição, são de competência relativa, então não
cabe ao juiz reconhecer de ofício a incompetência territorial, ressalvadas as exceções em que
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
a competência territorial absoluta (ex.: ações em que se discute se a área é ou não terreno de
Marinha)
POSSIBILIDADE DE DELEGAÇÃO AO JUIZ ESTADUAL
A regra é que se tenha competência estadual e federal e, não havendo na comarca justiça
federal, que a ação tramite na seção ou subseção que englobe a comarca
A constituição autoriza a delegação da competência federal para a justiça estadual em uma
hipótese que ela mesma estabelece e em hipóteses outras que a lei venha a estabelecer, desde
que atendidos os requisitos estabelecidos na Constituição
Hipótese da Constituição (art. 109, §3º)
Ações envolvendo, de um lado, o segurado e, do outro lado, o órgão de seguridade social
(INSS), em não havendo na comarca vara federal, a ação poderá ser ajuizada no foro de
domicílio do autor, entendendo tal foro como sendo a comarca em que ele está domiciliado
o Nesse caso, há delegação de competência federal ao juiz estadual
Podem advir três situações problemáticas:
1) Em se tratando de uma ação previdenciária e ela deriva de um acidente de trabalho;
aqui, não há competência federal, então não há nem por que pensar em delegação de
competência federal para estadual porque só se delega o que se tem
2) Em se tratando de ação previdenciária que não gira em torno de acidente de
trabalho; se o local de domicilio do segurado tem vara federal, necessariamente ele
vai litigar perante a vara federal
3) A ação não deriva de acidente de trabalho e tem natureza previdenciária, mas o
cidadão mora em comarca que não é sede de seção ou subseção judiciária federal;
então o indivíduo tem a opção de demandar na seção judiciaria federal ou perante o
juiz da comarca, o juiz de direito estadual
O juiz estadual vai processar o Feito, mas quando julga esse tipo de processo
está exercendo competência federal; recursos vão para o TRF, e não para o TJ,
se é praticado um crime no curso do processo, quem vai investigar é a PF
A lei pode estabelecer que outras causas sejam julgadas
Lei 5.010
É a lei que instituiu a JF
Nas execuções fiscais, quando o executado estivesse domiciliado em comarca que não é sede
de vara federal, elas deveriam ser propostas perante o juiz estadual no exercício de
competência federal delegada; isso foi assim por muitos anos, mas há aproximadamente dois
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
anos esse dispositivo foi revogado, mas com a ressalva de que as ações que já tinham sido
ajuizadas permaneciam tramitando no juízo estadual; a delegação cessou para as ações novas
o A ideia de delegação da competência federal para as execuções fiscais é uma ideia boa
na teoria, por conta da facilitação do acesso à justiça; na prática, as pessoas
começavam a abrir empresas nas comarcas pequenas e as execuções ficavam paradas
Súmula 11, STJ
Hoje, uma hipótese de delegação de competência que há diz respeito à ação de usucapião
especial rural
A presença da União ou de qualquer de seus entes na ação de usucapião especial não afasta o
foro de situação do imóvel
A Súmula 11 só cuida de uma das modalidades de usucapião, que é o rural, que está previsto
na lei 6969/81; se a ação é de usucapião ordinário, extraordinário, urbano, familiar ou coletivo,
se um ente federal ingressou com a ação, ela é remetida para a JF
Duas coisas são necessárias cumulativamente: 1) que a ação seja de usucapião especial rural;
2) que não exista vara federal na comarca
o Pode ser que o usucapião seja especial rural, o sujeito quer usucapir e ele invoca o
usucapião especial rural; ele promove na vara estadual em local que há vara federal e,
quando a União intervir, tem que remeter para a vara federal; se a ação for ajuizada
em vara estadual em local que não há vara federal e a União intervém na ação, não é
remetida para a vara federal
Toda vez que há delegação, o juiz estadual age como se federal fosse, então os recursos são
interpostos no TRF
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL
É um estudo que pode ser feito de maneira rápida; está no art. 108 da CF
O TRF está subdividido em 5 regiões; a nossa região é a 1ª
A diferença entre competência originária e derivada é que a competência derivada é a
competência recursal, competência para julgar uma causa que já tramita, enquanto que a
originária é a competência para conhecer originalmente uma demanda
COMPETÊNCIA DERIVADA (art. 108, II, CF)
Se um recurso é interposto contra decisão de juiz federal ou de juiz estadual no exercício de
competência federal delegada, a competência para julgamento do recurso é do TRF
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA (art. 108)
Alínea “b”
Ações rescisórias de julgados seus ou de juízes federais de sua região
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
o A norma aqui deve ter interpretação extensiva; também cabe julgar as ações
rescisórias pelas sentenças prolatadas por juízes estaduais no exercício de
competência federal delegada
Alínea “c”
Mandados de segurança e habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal
Quanto a essa hipótese, existe uma situação que pode causar perplexidade: o juiz eleitoral e o
juiz do trabalho, quando exercem a função, são juízes federais, e pode haver mandando de
segurança contra atos deles; a Constituição estabelece jurisdições especializadas eleitoral e
trabalhista, então o mandado de segurança vai para os respectivos tribunais
o Pode surgir dúvida no caso em que o TRT esteja conduzindo uma licitação, por
exemplo, e o ato praticado seja o ato pelo presidente do TRT que deliberou acerca da
licitação; esse ato tem natureza administrativa, a matéria que vai ser discutida não é
trabalhista, então, a rigor, não há competência da Justiça do Trabalho, mas sim do TRF;
não é esse, entretanto, o entendimento que se consolidou, mas sim que independente
da natureza jurisdicional ou administrativa, os mandados de segurança serão julgados
mediante os respectivos tribunais
O professor acha que não é a melhor interpretação, mas é a que se consolidou
Alínea “e”
Conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao tribunal
O professor entende que se aplica o mesmo raciocínio quando há conflito de competência
entre juiz federal e estadual, quando este estiver no exercício da competência federal
delegada
Se os juízes federais em conflito não estão sujeitos ao mesmo TRF, ou o conflito seja entre um
juiz federal e um juiz estadual no exercício da competência estadual, o conflito será dirimido
pelo STJ
JUIZADOS ESPECIAIS
A compreensão da competência dos juizados especiais pressupõe a compreensão do que vem
a ser o Juizado e em que contexto ele surge
O QUE SÃO JUIZADOS ESPECIAIS E BREVE HISTÓRICO
Os juizados especiais correspondem a uma estrutura que compõe o Poder Judiciário, mas é
relativamente recente; eles surgiram em meados dos anos 80
É preciso compreender que ao longo do século XX se teve uma modificação social e econômica
muito grande no Brasil; antigamente, o brasileiro médio não tinha potencialidade de se
envolver em litígio, ressalvado o litígio criminal
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
O que se verifica a partir dos anos 40 é uma alteração acelerada desse quadro: o país começa
a passar por um processo de industrialização; há o desenvolvimento do setor terciário;
migração do campo para a cidade; as relações jurídicas, que eram pessoais, passam a ser mais
impessoais; então, em poucas décadas, o cidadão comum que normalmente não se envolvia
em litígio passa a ser potencial litigante
A estrutura judiciária brasileira entre os anos 30/40 e 70 muito pouco se alterou, mas a
sociedade estava muito diferente, e a estrutura não estava preparada para a quantidade de
novas pessoas potenciais litigantes
Muitos dos novos potenciais litigantes não tinham como sustentar o ônus de um processo, e
passou-se a ter um fenômeno chamado de litigiosidade contida, ou seja, o sujeito se envolvia
em litígio, mas não ia ao Judiciário porque ele não lhe era acessível
Esse quadro se agravou de tal forma que começou a se pensar nos Juizados de pequenas
causas, hoje os Juizados Especiais Cíveis, pensados na celeridade, na economia processual, que
se dispensasse o envolvimento de advogado etc., e a população em geral passou a fazer uso
desse serviço
A Constituição de 88, que tem dentro de suas diretrizes a facilitação do acesso a justiça, tornou
obrigatória a criação de juizados especiais; todos os estados passaram a ter que ter juizados
especiais
Atualmente os juizados estaduais cíveis são regidos pela lei 9.099/95
A coisa se desenvolveu de forma tal que houve emenda constitucional que determinou a
criação de juizados especiais federais, regidos pela lei 10.259/2001
A lei 12.153/2009 criou os juizados especiais da fazenda pública
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
A ideia de criar juizados é viabilizar uma solução mais célere, um processo mais simples, menos
formal; naturalmente, não é toda causa que pode tramitar no juizado especial
O critério utilizado leva em consideração o valor ou a matéria, como também leva em
consideração a complexidade
Não basta que a causa esteja enquadrada nos incisos do art. 3º da Lei 9099; é preciso que ela
seja de baixa complexidade, então os requisitos se somam
o A complexidade não é jurídica, mas probatória, ou seja, a causa tem que,
cumulativamente, se enquadrar nas situações abaixo e não implicar em uma
investigação complexa
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Ações possessórias envolvendo imóvel e até 40 salários mínimos (art. 3º, IV)
As possessórias, inicialmente, não seriam do juizado, mas se ele tem pequeno valor, a ação
tramitará no juizado
A interpretação a ser dada não é literal; o imóvel pode ser grande e ter valor alto, mas se a
discussão for só sobre parcela da área do imóvel, cujo valor da área é inferior a 40 salários
mínimos, a ação tramita no juizado especial
o Se leva em consideração não o valor do imóvel, mas da área litigiosa
o Se leva em consideração o valor constante nos cadastros públicos para fins tributários
Quem não pode ser parte no juizado especial
Existem sujeitos que não podem propor ação no juizado especial; não podem compor nenhum
dos polos
Esse rol está previsto no art. 8º da Lei 9.099: o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito
público, as empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil
O §1º e demais incisos do art. 8º preveem hipóteses de sujeitos que não podem compor o polo
ativo (ex.: bancos, condomínios...)
Competência territorial
A regra geral de competência territorial do CPC é que a ação deve ser proposta no domicílio
do réu, a fim de facilitar o acesso à justiça; o desafio aqui é ampliar o acesso do autor sem
restringir os direitos do réu
A competência do juizado está no art. 4º da Lei 9.099: se mantém a regra geral, mas ela é
ampliada
Qualquer que seja a escolha do autor, o réu não pode se insurgir contra ela
Inciso I
A regra geral aqui foi ampliada para alcançar o domicílio real ou profissional do réu
Exemplo: alguém que mora em Villas do Atlântico, mas trabalha em Salvador
Inciso II
Local do cumprimento da obrigação
Inciso III
Ações decorrentes de ato ilícito (reparação de dano de qualquer natureza): domicílio do autor
ou local do ato ou fato, na forma do parágrafo único, cumulativamente domicílio real/pessoal
do réu ou domicílio profissional
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Inciso II
Copiar depois as hipóteses, bem como as exclusões.
DA FACULDADE DO AUTOR DE PROPOSITURA DA AÇÃO NOS JUIZADOS
Nos juizados especiais cíveis, da lei 9.099, há uma faculdade do Autor de propor ação perante
esses juizados; ele pode optar por demandar na justiça comum
o A recíproca não é verdadeira, porque o caso que não é de competência do juizado não
pode ser trazido para ele
o A incompetência para mais é absoluta, para menos é relativa
Nos juizados federais, essa regra não se aplica, porque tanto no art. 3º da Lei 10.259/2001,
como no art. 2º da Lei 12.153/2009 existe parágrafo que expressamente estabelece ser a
competência desses juizados absoluta
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
O art. 66 do CPC define as hipóteses de conflito de competência
Havendo conflito, ele há de ser dirimido, e a competência para isso será do tribunal, por meio
de procedimento próprio que será estudado em Processo Civil III
AÇÃO
CONCEITO
Ação é o direito público subjetivo abstrato condicionado de exigir e de obter do Estado a
entrega da prestação jurisdicional dentro de parâmetros razoáveis de celeridade, de
adequação e de eficácia
A ação é um direito público, porque é um direito que é exercido em face do Estado; quando
um indivíduo exerce o direito de ação, estamos exercendo um direito que temos em face do
Estado
o Se via ação estou exigindo a prestação jurisdicional, o obrigado é o Estado, logo o
direito é público
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Se falta qualquer das condições da ação ou pressupostos processuais, não se analisa o mérito
Exemplo: A ajuíza ação contra B, mas a petição não é assinada por advogado; falta um
pressuposto processual, então não vai ser analisado o mérito
As condições da ação, no passado, eram tidas como possibilidade jurídica do pedido,
legitimidade das partes e interesse de agir; hoje, o Código não fala mais em possibilidade
jurídica do pedido
Se chega, hoje em dia, a discutir se existiria ou não a necessidade de condições da ação; Fredie
Didier defende a tese de que no NCPC não mais exige condições da ação, e que a legitimidade
e o interesse estariam no campo de pressupostos processuais
o Do ponto de vista pragmático, é inegável que é necessária a presença de legitimidade
e interesse para que o mérito seja analisado, sejam eles condições da ação ou
pressupostos processuais
o Para o professor, o Código não extinguiu essas categorias como condições da ação,
embora devesse tê-lo feito, porque: 1) a disciplina de interesse e legitimidade está no
art. 17, e o Título que contém esse artigo é “Da Jurisdição e da Ação”; 2) o art. 485
cuida das hipóteses em que o processo é extinto sem exame de mérito, e no inciso IV
diz “quando se verificar a inexistência dos pressupostos processuais” e no inciso VI diz
“quando se verificar a ausência de interesse e legitimidade”
o Os ordenamentos jurídicos, em geral, não tratam de condições da ação, apenas de
pressupostos processuais; isso existe no Brasil por conta de uma influência da linha
italiana, representada pelo próprio Liebmann
o A classificação como condição da ação ou como pressuposto processual não traz
consequências práticas; em ambos os casos enseja a extinção do processo sem
resolução do mérito
INTERESSE
Se traduz em dois vieses: 1) interesse necessidade; 2) interesse utilidade
Há interesse necessidade quando a intervenção do Poder Judiciário é necessária para que o
titular do direito de ação alcance a finalidade ou o propósito por ele pretendido
o Só se pode adicionar o Judiciário quando se tem, efetivamente, necessidade de
intervenção do Poder Judiciário
Exemplo: um sujeito quer um benefício previdenciário, então ele tem que ir no INSS
requerer esse benefício; se ele for negado, ele pode requerer na Justiça; se o
requerimento transcorrer 30 dias sem apreciação, ele também pode recorrer ao
Judiciário (entendimento do STF)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
estabelecer isso num negócio jurídico, como, por exemplo, estabelecer essa previsão
no contrato celebrado
Se falta legitimidade passiva ou ativa, não havendo legitimação ordinária nem extraordinária,
extingue-se o processo, porque essa é uma condição para a admissibilidade do processo
DÚPLICES
Se diz que a ação é dúplice quando o simples acolhimento da tese defensiva leva à certificação
de direitos em favor do réu
Exemplo: ação de investigação de paternidade – se o autor ajuíza essa ação, o réu se defende
e a ação é julgada improcedente, certifica-se que o réu não é o pai; o ajuizamento de uma ação
autônoma de negação de paternidade não seria possível, porque perde-se o interesse de agir,
em função da ausência de necessidade, a coisa julgada formada pela ação de investigação de
paternidade é suficiente
O que é dúplice não é a ação, mas a natureza jurídica da relação de direito material litigiosa
CUMULAÇÃO DE AÇÕES
Ação é diferente de processo, e pode ser que se tenha, dentro de um mesmo processo, mais
de uma ação
A cumulação de pedidos só pode ser feita se o juízo for competente para deles conhecer
Todo litisconsórcio é uma cumulação de ações
PROCESSO
O processo é uma relação jurídica triangular, envolvendo autor, réu e juiz, que se instaura a
partir do exercício da ação
Com o exercício da ação e a instauração do processo, surgem direitos e obrigações recíprocas
Os atos do processo ficam documentados em Autos
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
São os requisitos necessários para o conhecimento do mérito
O juízo de admissibilidade é feito analisando as condições da ação e os pressupostos
processuais – ambos precisam ser analisados antes que se analise o mérito
o Os pressupostos são necessários para que haja análise do mérito
Se classificam em pressupostos de validade e de existência
o Os pressupostos de existência devem estar presentes, sob pena do processo ser
considerado inexistente, anulando todos os efeitos
o Os pressupostos de validade, por sua vez, se não estiverem presentes, o processo não
deve seguir; todavia, se seguir o processo, produz efeitos
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Referentes à parte
1) Capacidade de ser parte (pressuposto de existência)
Como regra geral, detém capacidade de ser parte quem tem a capacidade de ser titular de
direitos e de obrigações no campo processual
o Isso não se confunde com legitimidade de partes ou com a capacidade civil
Se leva em consideração a possibilidade de o sujeito ser titular de direitos e obrigações no
processo: pessoas físicas (ainda que absolutamente incapazes), pessoas jurídicas, entes
formais
Se o sujeito não tem capacidade de ser parte (ex.: morto ou animal), o processo não pode
produzir efeitos jurídicos
Se aproxima muito do conceito da personalidade jurídica, embora com ele não se confunda,
vez que abrange os entes formais
2) Capacidade processual (pressuposto de validade)
O sujeito pode exercer por si os atos do processo
Exemplo: um menor tem capacidade de ser parte, mas só tem capacidade processual se estiver
devidamente representado
Exemplo: um homem casado tem capacidade de ser pare, mas se ação é real imobiliária e o
regime de bens não é de separação absoluta, ele só tem capacidade processual para essa ação
se houver concordância da esposa
Se assemelha à capacidade civil, mas também com ela não se confunde
3) Capacidade postulatória (pressuposto de validade)
De regra, se adquire com a constituição de advogado, ressalvados os casos dispostos em lei
o Há casos excepcionais em que se outorga a capacidade postulatória à parte
Existe muita discussão se é de existência ou validade, mas o entendimento predominante é de
que é de validade
Exceções legais
(a) Habeas corpus
(b) No âmbito dos Juizados Especiais:
Nos Federais de Fazenda Pública, para postular em 1º grau
Nos cíveis em causas que não ultrapassem o valor de 40 salários mínimos
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS OBJETIVOS
Extrínsecos (negativos)
São aqueles que são vistos fora da relação jurídica processual; o que se quer é a ausência deles
Todos podem ser conhecidos de ofício
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
No Brasil, o que houve com a entrada em vigor do CPC/2015 foi uma ampliação das hipóteses
de negócios jurídicos processuais típicos e uma clausula geral que permite os negócios
jurídicos processuais atípicos
A compreensão da importância do tema pressupõe, até um certo contexto, entre concepções
antigas e concepções atuais
O Processo Civil é ramo do Direito Público e as normas de direito público são normas cogentes,
o que significa que deve ser aplicada independentemente da vontade das partes
O Processo existe como meio de assegurar, certificar e garantir o direito material, então é um
instrumento do direito material
Se o direito material for disponível, a pessoa pode dispor dele; parece um contrassenso poder
dispor, por exemplo, do dinheiro que se está pedindo em um processo, mas não poder dispor
das garantias processuais
Exemplo: eu não posso estabelecer que, embora o Código fale que serão admissíveis todos os
meios de prova, que as provas serão apenas documentais
Em um Estado que preza pelo princípio do auto regramento da vontade, é facultada a
realização de negócios jurídicos processuais
Exemplo: a audiência é marcada em um dia inconveniente para ambas as partes, então elas
acordam entre si de pedir ao juiz que adie a audiência, e ele concede; é um negócio jurídico
processual
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
O nosso Direito sempre trouxe previsão de negócios jurídicos processuais (ex.: foro de eleição,
possibilidade de adiamento da audiência); a norma processual nunca foi em absoluto cogente,
sempre foi compreendida como sendo de regra cogente, mas em algumas situações supletiva
Exemplo: as regras de competência relativa são supletivas, porque se ninguém alegar a
incompetência acontece a prorrogação de competência, que é uma convergência implícita da
vontade das partes de eleição de foro
o Ocorre que o ordenamento sempre aceitou negócios jurídicos processuais típicos, mas
essa sistemática é uma sistemática que se adequa ao momento histórico em que o
Código de 73 foi editado, que foi em um período mais rígido da ditadura militar,
quando não havia o valor da liberdade; esse quadro não existe hoje em dia
O CPC/2015 ampliou as hipóteses de negócios jurídicos processuais típicos, além de permitir
que em situações não previstas expressamente o negócio jurídico pudesse ter lugar
NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS TÍPICOS E ATÍPICOS
O típico é aquele que é expressamente previsto em lei
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
o Essas hipóteses não estão relacionadas com a capacidade civil, até porque a
incapacidade civil é suprida pela representação
o Se refere à capacidade negocial
A capacidade negocial leva em consideração a possibilidade de compreender o que está sendo
negociado e de poder decidir livremente acerca de celebrar ou não o negócio
A depender do objeto do negócio jurídico processual e da forma como o negócio está posto,
pode-se ter uma maior ou menor facilidade de compreensão
Exemplo: mesmo quem não tem formação jurídica tem capacidade de compreender o que é
um pacto de não recorribilidade, pois é um objeto de fácil compreensão; um negócio jurídico
processual que verse sobre legitimação extraordinária é de compreensão mais complexa
É possível que o menor celebre negócio jurídico processual, bem como alguém sem
acompanhamento de advogado (apesar de a presença de advogado ser, a princípio, indício de
vulnerabilidade); é possível que tenha um contrato de adesão, desde que seja de fácil
compreensão e haja ...
Não se pode ter preconcepções do que é a capacidade jurídica negocial; ela vai sempre ser
aferida caso a caso
Exemplo: existe uma presunção relativa da hipossuficiência do consumidor e do empregado,
mas no caso em si de celebração do negócio jurídico processual ela pode não ser configurada
OBJETO LÍCITO
A norma também faz referência às hipóteses em que o negócio jurídico processual é possível
A questão do objeto pode ser analisada por duplo viés: 1) o que está sendo negociado (objeto
amplo); 2) licitude do objeto ()
1) O direito discutido no processo tem que comportar autocomposição (art. 190, caput)
O art. 190 diz que só é possível a celebração do negócio jurídico processual nos casos em que
se admita autocomposição
o Pode ser que a lide admita ou não autocomposição; se não admite, significa que não
se pode dispor do objeto litigioso por via direta
Exemplo: alguém ajuíza ação para ser admitido sem concurso público pela
administração pública, e nesse caso a administração não pode dispor desse objeto; se
uma empreiteira ajuíza ação para receber 1 milhão de reais com a administração, esta
poderá dispor do objeto
Não confundir interesse público com interesse que não comporta autocomposição; apenas o
interesse público primário não comporta, sendo que no secundário cabe autocomposição
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
FORMA
Aqui, o tema é de enfretamento bem mais fácil
Deve ser observada a forma prescrita em lei, se houver; não havendo forma prescrita em lei,
ela é livre
VALIDADE X EFICÁCIA
Não confundir validade com eficácia
Nem todo negócio jurídico processual que é válido é eficaz
Exemplo: negócio celebrado entre A e B que estabelece mudança de procedimento para
determinado litígio, mas B tem que ser litisconsorte necessário de C; o negócio entre A e B é
válido, mas não é eficaz em relação a C
O negócio jurídico, em princípio, é eficaz em relação às partes que o celebraram
Os requisitos para a eficácia são os mesmos que a lei civil exige
INTERPRETAÇÃO
Temos a aplicabilidade das mesmas regras de interpretação dos negócios jurídicos em geral
EFICÁCIA E INVALIDAÇÃO
Já tratamos desse assunto em momento anterior
O negócio jurídico processual não precisa ser homologado, produz efeitos imediatos (art. 200);
isso não quer dizer que ele não esteja sujeito ao controle judicial, e se houver o
reconhecimento da invalidade, seus efeitos cessam (§ único, art. 190)
A regra é que o juiz não pode interferir, mas se uma das hipóteses do § único do art. 190 for
configurada, o juiz pode, de ofício ou a requerimento das partes, reconhecer a invalidade do
negócio jurídico processual, momento no qual cessam os seus efeitos
SUJEITOS DO PROCESSO
LITISCONSÓRCIO (art. 113, CPC)
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Temos, aqui, uma cumulação de ações levando em consideração os elementos subjetivos, os
sujeitos
Nada impede, se presente hipótese autorizadora, que A e B se litisconsorciem e ajuízem ação
em face de R
O litisconsórcio pode ser ativo, quando se tem duas ou mais pessoas no polo ativo; passivo,
quando se tem 2 ou mais pessoas no polo passivo; misto, quando nos dois polos existem duas
ou mais pessoas
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Só é possível litisconsórcio nos casos previstos em lei; nesses casos, muitas vezes o
litisconsórcio deverá ser obrigatoriamente feito
O litisconsórcio existe a vista das vantagens que proporciona: ele propicia economia
processual (maior resultado possível, com o mínimo de esforço), redução do número de
decisões não harmônicas (segurança jurídica)
Inciso I
O inciso I fala em comunhão de direitos ou obrigações relativas à mesma lide; é a hipótese em
que o direito reivindicado é o mesmo, a obrigação é a mesma
o A hipótese de comunhão de direitos ou obrigações configura identidade de ação
o Não confundir com a situação na qual os direitos e obrigações são distintos, mas as
situações provêm de fatos assemelhados, ou se fundam sobre a mesma tese jurídica
Não há muito espaço para o juízo decidir sobre a formação ou não do litisconsórcio – ele pode
até ser facultativo, mas se as ações forem propostas em separado, havendo identidade de
objetos, haverá conexão e reunião
Inciso II
No inciso II diz-se que, havendo conexão, por qualquer motivo, pode haver litisconsórcio
Também não há muito espaço sobre a formação do litisconsórcio, porque se a causa
formadora do litisconsórcio é a conexão, sendo as ações separadas, elas serão reunidas; essa
hipótese abarca a primeira
Inciso III
O inciso III fala em ocorrer afinidade por ponto comum de fato ou de direito; é a hipótese mais
ampla
Aqui não se sustenta a identidade de objeto, de direito, ou de obrigação, não sustenta-se que
há conexão; os elementos da ação são distintos, mas as pretensões giram em torno de fatos
que são assemelhados, ou de teses jurídicas assemelhadas
o Não há conexão, mas pode haver litisconsórcio
As pretensões decorrem de fatos assemelhados, ou serão julgadas com base em teses jurídicas
assemelhadas, ou até a mesma
Exemplo: empresa A está sendo cobrada e entende que o tributo é inconstitucional; a empresa
B também está sendo cobrada e entende que o tributo é inconstitucional; elas podem se
litisconsorciar, com base no inciso III, porque a discussão jurídica travada será a mesma
Somente é possível a formação do litisconsórcio em uma das três hipóteses do art. 113, CPC
Não pode haver litisconsórcio quando não há identidade de competência
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Simples e unitário
O simples é aquele que comporta, ao menos em tese, decisões diferentes para os consortes
O unitário é aquele no qual a lide, necessariamente, será julgada da mesma forma em relação
aos consortes
A ausência de formação de litisconsórcio necessário gera consequências distintas, a depender
se o litisconsórcio for simples ou unitário
o Nos casos dos litisconsórcios unitários, gera-se a nulidade, o provimento judicial não
produzirá efeitos em relação a ninguém
o Sendo simples, o provimento judicial produzirá efeitos em relação a quem foi citado,
porém não produzirá em relação a quem não foi
Única combinação que não é possível: não é possível um litisconsórcio ativo necessário,
porque a CF assegura, de forma irrestrita, o direito de ação; se o exercício de ação de A fosse
condicionado a um litisconsórcio com B, estaríamos suprimindo o direito de ação de A
DESMEMBRAMENTO (art. 113, §§ 1º e 2º)
Há o desmembramento do litisconsórcio quando a parte autora o propõe e o juiz recusa, ou
quando a parte contrária se opõe e o juiz acolhe essa oposição
Não é possível desmembramento de litisconsórcio necessário; só alcança o facultativo
Se litisconsórcios que estão fundamentados no inciso I do art. 113 forem desmembrados,
serão reunidos novamente; todavia, ainda assim alguns juízes desmembram
o O desmembramento do litisconsórcio só é possível, em tese, na hipótese do inciso III
A quantidade máxima de autores em cada ação depende do caso concreto, porque isso não
cria, em tese, nenhum obstáculo ao processo; o juiz deve analisar caso a caso, analisando o
prejuízo
O desmembramento é um mecanismo que deve ser utilizado com muita cautela, para que não
se crie processos desnecessariamente
AUTONOMIA DOS CONSORTES
Vigora o princípio da autonomia no litisconsórcio; fica fácil percebê-la a partir do momento
em que partimos de uma premissa inicial no sentido de que no litisconsórcio existe cumulação
de ações
Se os litisconsortes são titulares de ações diferentes e se tem, no litisconsórcio, um mesmo
processo com multiplicidade de ações, é preciso considerar os atos e omissões de cada um dos
consortes, que não prejudicam nem beneficiam o outro
Excepciona-se esse princípio no caso de litisconsórcio unitário – o ato de um não prejudicará
o outro, mas beneficia
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
LITISCONSÓRCIO EVENTUAL
O litisconsórcio eventual não tem previsão legal no nosso Código, mas é aceito com base na
aplicação analógica do art. 326
No litisconsórcio eventual, caso a ação original seja rejeitada, irá em face do subsequente já
que rejeitado o antecedente
Exemplo: se ajuizada ação contra o pai; sendo improcedente, ajuíza-se então contra os avós
AÇÕES COLETIVAS X LITISCONSÓRCIO
Na petição inicial, já se indica os litisconsortes – cada um deles está exercendo o seu direito
de ação; tem-se uma legitimação ordinária, comum
Nas ações coletivas, tem-se uma legitimação extraordinária, na qual o titular do direito não é
quem atua
Ao final do litisconsórcio, tem-se o julgamento que dá provimento ou não a cada litisconsorte
Na ação coletiva, forma-se um título que se aplica a todos aqueles que se enquadram na
situação posta no título
o Quem se enquadra no título pode executar a ação posteriormente
o Ação coletiva é uma condenação sendo imposta e sendo válida a todos aqueles que se
enquadrem naquela situação
A legitimação para ação coletiva deve decorrer do ordenamento jurídico
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
Quando se fala em partes do processo, se pensa, tradicionalmente, na ideia de autor e réu (o
autor é quem deduz a pretensão em juízo; o réu é aquele em face de quem o autor deduz a
sua pretensão), mas parte é todo aquele que postula em juízo, todo aquele que deduz uma
pretensão em juízo
Pode ser que a pretensão esteja sendo deduzida por alguém que não é autor, nem réu; ou em
face de quem não é autor, nem réu
o O sujeito que não é autor ou réu mas deduz pretensão ou em face de quem se deduz
pretensão é o terceiro interveniente
A intervenção de terceiro somente pode ter lugar nas hipóteses previstas em lei
Existem três formas de se adquirir a condição de parte no processo: 1) exercendo o direito de
ação (autor); 2) tendo em seu desfavor o exercício do direito de ação (réu); 3) a lei permite
que se tenha o ingresso de alguém que não é autor, nem réu no processo, que pode se dar por
iniciativa desse terceiro, ou por provocação de quem já é parte dentro do processo
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
A regra é que seja possível a intervenção de terceiro nos casos previstos em lei, e se atendidos
os requisitos legalmente estabelecidos
o É preciso que o terceiro indique a modalidade de intervenção que autorizaria o seu
ingresso, e demonstre que preenche os requisitos
As hipóteses de intervenção de terceiro estão previstas, de forma agrupada, nos arts. 119 a
138 do CPC; cada capítulo cuida de uma modalidade de intervenção de terceiro
o A legislação extravagante traz outras modalidades de intervenção de terceiro
Em todos os casos, só pode haver intervenção se houver previsão legal e se os requisitos
estabelecidos na lei estiverem preenchidos
Não havendo previsão legal, não pode haver intervenção de terceiros pautada em disposição
negocial; no entanto, é possível impedir por via negocial a intervenção, mesmo que dentro de
hipótese legal
É inegável que a intervenção de terceiro gera um aumento de complexidade da relação
jurídico-processual; esse é um efeito colateral, o aumento da atividade cognitiva, daí porque
se estabeleça o descabimento da intervenção de terceiro em situações específicas, para
determinados procedimentos
o A própria lei pode estabelecer isso, é o exemplo dos juizados especiais cíveis (art. 10,
Lei 9.099)
Parte é todo aquele que postula em juízo: autor, réu ou terceiro interveniente; a intervenção
no processo por terceiro só é possível nos casos previstos em lei e se atendidos os requisitos
legalmente previstos, daí dizer que é uma matéria de reserva legal (não pode ser objeto de
NPJ para criar modalidade fora da previsão legal)
Se justifica em economia processual e na maximização do exercício do direito de defesa, mas
também implica no aumento da complexidade e da atividade cognitiva
o Pode ser afastada, pela própria lei, em situações específicas, como no caso dos
juizados especiais cíveis
Pode ser que o terceiro venha a intervir porque teve a iniciativa (ex.: assistência) ou porque
foi provocado por alguém (ex.: denunciação da lide)
A intervenção de terceiro é matéria sempre sujeita ao controle judicial; o terceiro somente
pode ser visto como parte depois que o juiz defere o seu ingresso
ASSISTÊNCIA (art. 119)
Considerações gerais
É a primeira modalidade de intervenção de terceiros
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro que seja judicialmente
interessado e que a sentença seja algo favorável a uma delas, pode ingressar na ação para
assisti-la
Quem ingressa como assistente deve demonstrar a existência de interesse jurídico; a ideia do
assistente é de ajudar, auxiliar uma das partes
Múltiplas são as razões que podem levar alguém a querer ajudar outrem; o interesse humano
pode decorrer de múltiplos fatores, mas não é qualquer interesse em auxiliar que justifica a
assistência
Hipótese legal
O interesse em auxiliar, que justifica a assistência, é o interesse jurídico; há interesse jurídico
quando o terceiro é titular de relação jurídica que pode vir a ser atingida por provimento
judicial dado em processo no qual ele não é parte
Exemplo: S celebra um contrato de mútuo com R, no valor de 200 mil reais. O único bem
passível de penhora de R é a fazenda W, que tem valor de 400 mil reais. Suponhamos que A
ajuíze uma ação reivindicatória, sustentando que é proprietário da fazenda W. Se for dado
provimento a isso, declara-se que R é insolvente, sendo que S nada vai receber. S poderia
ingressar como assistente de R na ação reivindicatória? O interesse de S, nessa situação, é
econômico e não jurídico, o que não autoriza a assistência.
Se o sujeito não consegue demonstrar que é titular de uma relação jurídica, que pode
potencialmente vir a ser atingida por provimento judicial dado naquele processo, não se
autoriza a assistência
A assistência é uma hipótese voluntária de intervenção; o próprio terceiro requer seu ingresso
Possui um cabimento amplo, tanto no que se refere aos procedimentos, quanto no que se
refere ao momento processual (art. 119, § único)
o A assistência é cabível em todos os procedimentos, em qualquer situação (o
dispositivo deixou de fazer ressalva quanto aos juizados especiais, mas, ressalvados os
juizados, é cabível em qualquer procedimento)
o O momento também é largo: cabe a qualquer tempo, em qualquer grau de jurisdição;
é possível antes mesmo do réu ser citado
o O assistente recebe o processo no estado em que se encontra, ele não pode pretender
produzir provas se já passou a fase da produção de provas, por exemplo
Procedimento
A assistência deve ser requerida observando os procedimentos do art. 120
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Processamento
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Recursos
Só vamos estudar recursos em Processo III, então so fica o registro: a desconsideração pode
se dar em âmbito de Tribunal, então quem desconsidera é o juiz relator, e o recurso possível
é o Agravo Interno
Se for juiz de 1º grau, é decisão interlocutória, então o recurso é Agravo de Instrumento
Julgamento e seus efeitos
A partir do momento em que há citação, qualquer transferência de bens feita por aquele que
está no risco de sofrer a desconsideração, é ineficaz ao processo
AMICUS CURIAE
Essa expressão latina significa “amigo da Justiça” ou “amigo da Corte”
A figura do amicus curiae é uma figura relativamente recente em nossa ordem jurídica
A partir dos anos 90, se tem uma valorização dos precedentes judiciais, e se passam a ter
decisões judiciais em determinado processo que são vinculantes em outro processo; a partir
do momento em que decisões tomadas em um processo podem constituir precedentes
obrigatórios para outro processo, é necessário democratizar a formação do precedente, o que
se dá muito por meio do amicus curiae
Amicus curiae é um terceiro que ingressa no processo seja por meio de provocação judicial ou
deferimento do pedido do terceiro, exatamente para contribuir na formação do precedente,
isso quando o objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia se verificar presente
O juiz pode determinar de ofício, como também aquele que se candidata como amicus curiae
pode requerer o seu ingresso; sendo por requerimento, o juiz vai deferir ou indeferir o
requerimento por meio de decisão irrecorrível
O amicus curiae, quando ingressa, ingressa como parte, mas é uma parte sui generis
Uma vez deferido o ingresso ou determinado o ingresso, cabe ao juiz definir os poderes do
amicus curiae
Nesta modalidade de intervenção de terceiro, não poderá haver alteração de competência
O terceiro interveniente não pode recorrer, salvo nas hipóteses legais (Embargos de
Declaração e da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas)
MODALIDADES ATÍPICAS
Existem outras quatro modalidades postas no Código ou na legislação extravagante
Assistência anômala
A assistência é uma modalidade de intervenção que existe para viabilizar o auxílio de uma
parte a outra, sendo necessário o interesse jurídico; existe uma modalidade anômala de
assistência, que dispensa o interesse jurídico (Lei 9.469, art. 5º)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
A União pode intervir, independente de interesse jurídico, nas ações em que figurem com
autoras ou réus: autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas
públicas federais
A mera intervenção da União desloca a competência para a JF
Ela intervirá para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e
memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que,
para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes
As outras PJ de direito público podem intervir no processo, também deslocando competência,
quando demonstrarem interesse econômico, ainda que indireto
No mais, se aplicam as regras próprias da assistência
Reconvenção
O autor demanda o réu; o réu, quando citado, pode exercer direito de ação contra o autor,
aproveitando esse processo
o Nessa hipótese, temos a reconvenção
Nesse caso, temos duas ações no mesmo processo
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Como é que pode haver intervenção de terceiro na reconvenção? Art. 343, §§3º e 4º
Pode haver reconvenção proposta: pelo réu em face do autor; pelo réu em face do autor e de
terceiro; pelo réu em litisconsórcio com terceiro
Pode haver, com isso, uma ampliação subjetiva da lide, que é uma modalidade de intervenção
de terceiro
Deve ser apresentada necessariamente na contestação
PARTES E PROCURADORES
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Dentro dos pressupostos processuais, temos aqueles subjetivos, referentes ao juiz e as partes;
os referentes às partes são as três capacidades: capacidade de ser parte, capacidade
processual, capacidade postulatória
o O CPC traz disciplina em relação a essas capacidades, em especial no que alude à
capacidade processual e à capacidade postulatória
Temos que voltar ao Direito Positivo para estudar essas capacidades, para que possamos
estudar as partes do processo; é preciso entender as normas que cuidam de partes e de
procuradores no que se refere aos atos do processo
Capacidade de ser parte
É um pressuposto processual de existência
Detém capacidade de ser parte pessoa física, pessoa jurídica e os entes formais, além do
nascituro
Se o processo é uma relação jurídica, as partes são titulares de direitos e obrigações
processuais
Não há necessidade de disciplina legal sobre a capacidade de ser parte
Se se coloca em juízo alguém que não se enquadra em um desses conceitos, a consequência é
extinção do processo sem resolução do mérito, porque falta pressuposto de existência
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Capacidade processual
A exigência da capacidade processual, ao contrário da exigência da de ser parte, está
positivada no Código (art. 70): toda pessoa que se encontre no exercício de seu direito tem
capacidade para estar em juízo
O sujeito que pode estar no exercício dos seus direitos pode estar em juízo
No mais das vezes, as pessoas detêm a capacidade processual, podem exercer os seus direitos;
se por ventura alguém tem capacidade de ser parte e não pode exercer seus direitos ou certos
direitos, esse sujeito não detém a capacidade processual, então deve-se viabilizar uma forma
de a pessoa exercer seus direitos
Exemplo: um incapaz menor detém capacidade de ser parte, mas não capacidade processual
O incapaz é assistido por seus pais, tutor ou procurador, na forma da lei (art. 71, CPC)
o O incapaz terá capacidade processual através dos institutos da representação ou da
assistência, a depender do caso
o Se um relativamente incapaz vem sem estar assistido, ou um absolutamente incapaz
vem ser estar representado, falta capacidade processual
o Se há vicio no que se refere à representação, vamos facultar a correção do vício; se ele
não é corrigido, o processo há de ser extinto
Seus aspectos são analisados nos próximos tópicos
Capacidade postulatória
o Discutida mais abaixo
PROCURADOR ESPECIAL
Determinados sujeitos e determinadas situações têm em risco o seu direito de contraditório e
ampla defesa, então o juiz deverá nomear, atendendo as determinações do legislador, um
curador para a lide, porque se entende que, sem ele, a capacidade processual do sujeito estaria
comprometida
o É diferente do curador que é dado ao interditado, que é para todos os atos da vida
civil; o curador especial é um curador para o processo
Os casos são (art. 72): 1) incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses desse
colidirem com os daquele, enquanto durar a incapacidade; 2) do réu preso revel; 3) do réu
revel citado por edital ou com hora certa
A curadoria especial será exercida pela defensoria pública, nos termos da lei
o Se não existe defensoria pública especializada ou se há incompatibilidade da
defensoria pública, há de ser encontrada outra forma
Se tem também a nomeação de curador especial para a defesa de revel citado fictamente
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
o A citação vai ser pessoal, que é a encaminhada por meio eletrônico, por via postal, por
oficial de justiça e, então, se o sujeito é revel, decreta-se a revelia e são tomados como
verdadeiros os fatos
Existem duas formas de citação que são entendidas como fictas (não há como saber se o réu
tomou ciência): 1) hora certa (já se foi mais de uma vez, há elementos de ocultação, marca
horário e o sujeito não se encontra no horário); 2) citação por edital
A nomeação de curador especial é necessária para que se adquira capacidade processual; se
não houver essa nomeação, opera-se nulidade dos atos processuais praticados em
inobservância a esses preceitos normativos (terão que ser repetidos depois); se o vício não for
suprido, haverá extinção do processo
OUTORGA UXÓRIA E OUTORGA MARITAL
Existem pessoas que não estão no exercício dos seus direitos em certas situações ou em todas
as situações, e há de se ter meios para se viabilizar a capacidade processual
O homem e a mulher casados, salvo regime de separação absoluta de bens, necessitará do
consentimento do outro para propor ações reais imobiliárias (art. 73, caput)
o Se autores, ou se forma o litisconsórcio ou se busca a outorga uxória ou marital; se a
outorga for recusada, o processo só pode continuar se houver autorização judicial
o Quando réus, a hipótese é o litisconsórcio passivo necessário (art. 73, §1º)
o Esse raciocínio se aplica à união estável sempre que há prova inequívoca de sua
existência (art. 73, §3º)
o Aqui se fala em relação real imobiliária, e existiu discussão sobre a ação possessória
imobiliária; o posicionamento legislativo é em sentido negativo, ou seja, não há a
necessidade de consentimento do cônjuge (art. 73, §2º)
A outorga uxória é aquela dada pela mulher ao marido; outorga marital é a dada pelo marido
à mulher
REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL
Até agora estamos trabalhando com a ideia de pessoa física; existem também como partes
entes formais e pessoas jurídicas
Pessoas jurídicas
O art. 75 do CPC cuida da capacidade processual das pessoas jurídicas, que se dá sempre
através de representação processual, até porque a pessoa jurídica é ficção, não existe em si
mesma no campo da vida
União
A União será representada pela AGU, diretamente ou por órgão vinculado
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Entes formais
A massa falida pelo administrador judicial
A herança jacente ou vacante pelo curador
Um inventário em curso pelo inventariante (pessoa que administra os bens do espólio
enquanto não é feita a partilha)
o No que se refere ao inventário, é importante alinhar a norma do inciso com o §1º, que
diz que se o inventariante for dativo (não é herdeiro), os sucessores do falecido serão
intimados no processo no qual o espólio seja parte
o O inventariante, segundo ordem legal, é nomeado por quem tem maior interesse na
partilha
Pessoa Jurídica
Por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo designação, por seus
diretores
Sociedade e associação irregular e outros entes organizados sem personalidade jurídica
Pela pessoa a quem couber a administração de seus bens
Pessoa Jurídica estrangeira
Gerente, representante ou administrador de sua filial, agencia ou sucursal aberta ou instalada
no Brasil
Condomínio
Pelo seu síndico ou administrador
VERIFICAÇÃO DA AUSÊNCIA DE CAPACIDADE PROCESSUAL
Verificada a irregularidade da representação ou a ausência de capacidade processual, corrige-
se o vício e os atos são praticados novamente; se o vício não for corrigido, o processo é extinto
sem resolução do mérito (art. 76 e parágrafos)
DEVERES DAS PARTES
Estão listados, exemplificativamente, no art. 77
O processo civil é pautado no princípio da cooperação; todos os envolvidos, ainda que partes
litigantes, têm a obrigação de colaborar para o alcance da composição do litígio
Exige-se, além do comportamento colaborativo, alguns comportamentos éticos, com base na
boa-fé
Exemplo: a parte não pode mentir em juízo (dever do art. 77, I); não se pode recorrer sem
matéria para recorrer, com intenção protelatória
O professor generalizaria os deveres dizendo que são os deveres de cooperação, lealdade,
probidade e boa-fé
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Exemplo: herdeiro que recebia determinado bem, mas ia pagar um imposto sobre a sucessão,
e propõe ação contra o espólio dizendo que em vida o falecido teria doado ou vendido o bem
a ele e esse bem não teria sido entregue
Inciso IV
Aquele que opuser resistência injustificada, seja se ocultando para não receber intimações etc.
Inciso V
Agir contra os deveres em qualquer ato ou incidente do processo; proceder de modo
temerário
Inciso VI
Dar ensejo a um incidente sabendo que efetivamente não há base para aquilo, com intuito
meramente protelatório; incidente manifestamente infundado
Inciso VII
Aquele que sabe que seu recurso não vai ser provido porque não tem o direito, mas ainda
assim interpõe recurso para protelar o processo
Sancionamento
Art. 79: responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé
Reconhecida a litigância de má-fé, haverá aplicação da sanção
O reconhecimento pode se dar na sentença ou em qualquer momento durante o processo
O litigante temerário vai pagar valor não inferior a 1% e não superior a 10% do valor da causa
(art. 81, caput)
A multa reverte em favor da parte contrária, mas se o valor da causa for muito pequeno, o juiz
pode fixar a multa em até 10x o valor do salário mínimo para que ela tenha efetividade (§2º)
Se há litigância de má-fé, os honorários advocatícios vão ser arcados integralmente pelo
litigante de má-fé, haverá condenação por perdas e danos, além de arcar com todas as
despesas que a parte contrária efetuou
Quando houverem dois ou mais litigantes de má-fé, a análise do comportamento de cada
litigante é importante para o sancionamento
Há na lei o mecanismo para evitar o comportamento abusivo, mas muitas vezes o juiz não faz
uso desses instrumentos, o que faz com que não haja coibição desses comportamentos
CAPACIDADE POSTULATÓRIA
A capacidade postulatória, de ordinário, é adquirida com a constituição de advogado; há,
todavia, situações excepcionais em que a própria parte detém habilitação legal, assim como
há casos também excepcionais que se dispensa a constituição de advogado porque se outorga
a qualquer cidadão a capacidade postulatória (ex.: Juizados Especiais Cíveis)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Se o advogado não conseguir juntar o mandato no prazo de 15 dias, ele pode requerer ao juiz
mais prazo, e se este entender que a justificativa é plausível, pode prorrogar o prazo por mais
quinze dias
Se o advogado não trouxer a procuração, os atos são ineficazes, e o advogado vai responder
pelas custas, pelos honorários e pelos prejuízos que tenham sido causados a quem quer que
seja em razão do processo
A dispensa de juntada de procuração tem lugar nos casos em que à parte foi concedida pela
lei capacidade postulatória ou quando a parte detém habilitação legal (quando a parte é
advogado)
Poderes gerais x Poderes especiais
Os atos que exigem poderes especiais estão no art. 105: receber citação, confessar,
reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se
funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de
hipossuficiência econômica
A citação é o ato pelo qual se da ciência a alguém da existência de processo e, sem ela, não se
viabiliza contraditório e ampla defesa; a citação é pessoal, então alguém só pode receber
citação de outrem quando a procuração expressamente der poder para tal
O recebimento de dinheiro ou de bens exige uma especial confiança, e a quitação é a prova
cabal do cumprimento da obrigação, então o advogado só pode fazer essas coisas pelo cliente
se este tiver expressamente autorizado
Transigir, desistir e renunciar: quem constitui advogado está, a princípio, querendo se
defender, e esses atos são de desistência de direitos
o Na transação se está fazendo concessões recíprocas
o Na renúncia, abre-se mão por inteiro da pretensão
Existem poderes especiais para desistir: a desistência leva à extinção do processo sem exame
de mérito; desistência e renúncia se aproximam porque são atos praticados pelo autor
o Na renúncia, ele abre mão da pretensão, do pretenso direito material
o A desistência é quando o autor abre mão do direito de ação
A confissão é o reconhecimento de fato que, ao menos em tese, é desfavorável à parte; difere
do reconhecimento da procedência do pedido, primeiro porque este é ato somente do réu,
enquanto que a confissão pode ser feita tanto pelo autor quanto pelo réu
o A confissão não leva necessariamente à procedência ou improcedência do pedido
o Se há reconhecimento da procedência do pedido, necessariamente vai haver a
procedência (se os fatos forem verdadeiros)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
É necessário poder especial para firmar compromisso, que é o compromisso arbitral, quando
há ato de disposição (dispõe da jurisdição pública)
Para declarar hipossuficiência econômica e requerer o benefício da assistência judiciária
gratuita
Requisitos
Sem reservas
Quem está substabelecendo se afasta do processo; não há extensão dos poderes, mas sim
transferência deles
Pressupõe comunicação específica ao cliente, inequívoca; se o cliente não concorda, ele pode
revogar os poderes do advogado
O ideal é que seja discutido com o cliente anteriormente, para evitar constrangimentos
Revogação e renúncia
Em linhas de princípio, o mandato não tem prazo de validade
A relação advogado-cliente é pautada em fidúcia (confiança), então a qualquer tempo o
mandato pode ser extinto, e o ato que faz a extinção é a revogação ou a renúncia
o Revogação quando parte do constituinte
o Renúncia quando parte do advogado
Ambas só produzem efeitos, em linha de princípio, quando há cientificação
Revogação (art. 111)
A revogação produz efeitos imediatos, e o cliente não precisa justificar
Renúncia (art. 112)
A renúncia não produz e nem poderia produzir efeitos imediatos, porque é preciso que se de
um tempo para que o outorgante possa constituir um substituto
Feita a renúncia, ela vai ser comunicada ao cliente, e durante 10 dias o advogado deve atuar
o Se antes disso novo advogado for constituído, o advogado está liberado
Havendo vários advogados, a comunicação só precisa ser feita pelo último
O Código de Ética diz que a renúncia ao mandato implica omissão dos motivos, ao menos no
instrumento de renúncia, porque ele vai aos autos e, assim, pode expor o cliente
Honorários
A relação jurídica do mandato e do contrato de prestação de serviços advocatícios são relações
jurídicas diferentes
O mandato pode ser renunciado/revogado, mas continua existindo o contrato
Se o advogado renuncia por motivo justificado, continua tendo direito ao recebimento dos
honorários de forma proporcional ao trabalho feito
Se o cliente revoga injustificadamente, ele continua tendo que pagar todos os honorários
advocatícios; se for justificado, será proporcionalmente
Não é recomendável que não se faça o ajuste dos honorários no momento da extinção do
mandato; se não houver ajuste, é lide, e terá que ser levada ao judiciário
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
SUCESSÃO DE PARTES
A regra é que as partes no processo não sofram alteração; só se pode ter alteração de parte
nos casos previstos em lei
Algumas modalidades de intervenção de terceiro podem levar à substituição ou modificação
de partes, mas, de ordinário, iniciado o processo com determinadas partes, não há
modificação destas
Aqui também temos modificação de parte, que se dá por meio de sucessão
Não havendo previsão legal para modificação de partes, não se modifica a parte
Sucessão de pessoas vivas (art. 109)
Em regra, a alienação ou cessão da coisa litigiosa não altera as partes
Excepcionalmente, se permite a substituição da parte, se pleiteado pelo adquirente ou
cedente e houver consentimento da parte contrária (§1º)
Se não houver concordância, não pode haver substituição; não havendo substituição, o
adquirente ou cedente pode ingressar no processo como assistente litisconsorcial, uma vez
que a alienação ou cessão gerou interesse jurídico (§2º)
Se ele não ingressar seja por substituição, seja por assistente, os efeitos da coisa julgada o
alcançarão (§3º)
Sucessão mortis causa (art. 110)
Se há falecimento, deixou de haver capacidade de ser parte, então é preciso que esse
pressuposto processual seja restaurado; a restauração vai ser feita pela substituição do
falecido pelo seu espólio
Após a partilha, os bens litigiosos vão para um ou alguns dos herdeiros; o espólio vai ser
substituído pelos sucessores em relação ao bem
ATOS PROCESSUAIS
Esse tema é extremamente importante porque aqui que vamos estudar a questão dos atos de
comunicação processual (intimação e citação), bem como ...
CONSIDERAÇÕES GERAIS
O estudo dos atos processuais pressupõe, em um primeiro momento, a diferenciação entre
processo e procedimento
O processo é uma relação jurídica, envolvendo as partes e o juiz
o Quando se pensa em processo, se pensa em algo estanque, daí se dizer que é relação
jurídica triangular envolvendo o Estado e as partes
Esta relação jurídica tem que se desenvolver adiante
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
O processo se instaura com a petição inicial e, pelo menos, vai chegar na sentença, e vai se
desenvolver de acordo com o procedimento, que é o conjunto dos atos que se pratica para
viabilizar a entrega da prestação jurisdicional
Os atos processuais são os elos da cadeia
Exemplo: apresentação da petição inicial é um ato processual
CARACTERÍSTICAS
Os atos processuais têm algumas características
Unidade de escopo
Os atos podem ser identificados isoladamente; eles podem ser visualizados de maneira
individual, mas eles têm uma unidade de escopo
Coordenação em série
Se há unidade de escopo, eles têm que estar em série
Interdependência
O ato processual pode ser individualizado, mas muitas vezes a validade do ato processual
subsequente pressupõe a validade do ato antecedente
Exemplo: o juiz determina a citação e ela, que devia ser pessoal, é feita em nome do filho do
citando; se o citando não apresenta defesa, se praticarão outros atos e, mais adiante, se
reconhecida a nulidade da citação, os atos que dela derivam também serão nulos
PRINCÍPIOS
FORMALISMO E INSTRUMENTALIDADE DA FORMA
O formalismo e a instrumentalidade da forma são coisas diametralmente opostas, mas devem
ser analisadas em conjunto porque um funciona como limitador do outro
Os arts. 188 e 277 consagram tanto o formalismo como a instrumentalidade da forma
Se a lei estabelece uma forma, ela deve ser observada, para que se tenha segurança jurídica;
a forma é um meio de resguardo do destinatário do ato
Exemplo: a citação tem que ser feita pessoalmente
Art. 251: a razão de ser forma é garantir que o conteúdo da citação chegue ao conhecimento
do citando, então incumbe ao oficial de justiça procurar o citando, ler o mandado para o
citando, entregar cópia do mandado, requerer que assine o mandado e dar certificado de
recusa de recebimento ou recusa de assinatura se esses fatos foram operados
Não alcançando a finalidade o ato, a inobservância da forma gera a sua nulidade (princípio do
formalismo)
Ainda que não observada a forma, se a finalidade foi alcançada, o ato reputa-se válido
(instrumentalidade da forma)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
DOCUMENTAÇÃO
Os atos processuais sempre deverão ser documentados
É por isso que temos autos; autos correspondem a um conjunto de documentos destinados à
documentação dos atos processuais
A documentação tem que ser feita, ainda que não necessariamente por escrito
Tradicionalmente é por escrito (autos em papéis), mas se tem a possibilidade de autos
eletrônicos
Sejam os autos eletrônicos, sejam os autos físicos, qualquer meio de comunicação pode ser
utilizado
A documentação é sempre necessária, ainda que ela se opere de forma sucinta
Não pode ser diferente, porque se não houver documentação as informações se perdem no
tempo, porque nossa memória é falha
Os meios de documentação são os meios idôneos
PUBLICIDADE
Os atos processuais são públicos
A publicidade deriva de preceito constitucional, a própria CF consagra a publicidade
O CPC transporta para seu bojo a regra da publicidade e procura esmiuçar o regramento da
publicidade
O art. 189, caput, diz que a regra é que os atos processuais são públicos, então, de ordinário,
qualquer pessoa pode ter acesso aos autos de qualquer processo e acompanhar a prática de
qualquer ato processual
Existem casos que vai tramitar em segredo de justiça
o Pode ser que a restrição seja total ou parcial
Casos em que há segredo de justiça
Inciso I
Quando existe interesse público ou social
As vezes o segredo do ato processual é importante para a sua prática
Inciso II
É a única hipótese em que a restrição à publicidade independe de ordem judicial
Pela natureza do processo, se discutem questões que estão relacionadas à intimidade, ao
direito de família
Inciso III
Qualquer situação em que se entenda que a intimidade deve ser preservada
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Exemplo: mulher que fez plástica na mama e o juiz tem que ver os seios dela na audiência para
que seja produzida prova
Inciso IV
Em processos que versem sobre arbitragem se havia cláusula de sigilo
§ 1º
Quando corre em segredo de justiça, só as partes e seus procuradores podem acessar os autos
§ 2º
Terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer certidões, mas independente de
interesse jurídico ele pode acompanhar os atos processuais
OBRIGATORIEDADE DO VERNÁCULO
Os documentos têm que ser em português
Os documentos em outra língua têm que ser traduzidos por tradutor juramentado ou judicial
A dispensa que se tem é em relação aos documentos redigidos em espanhol, por força de
tratado internacional dos países do MERCOSUL
ATOS DAS PARTES
Quanto a esse ponto, inúmeras classificações existem, mas delas não se extraem muitos
resultados práticos
De todas as classificações, a importante é a que as classifica em atos de postulação
Ato de postulação é aquele pelo qual o sujeito apresenta argumentação
o Diz respeito ao peticionamento, apresentação de razão etc.
Se diz que o ato da parte também pode ser ato instrutório, que é aquele destinado à produção
de provas (ex.: juntada de documentos)
O ato real ou ato-fato é aquele que consiste na própria prática em si (ex.: pagamento de
custas)
Os atos das partes produzem efeitos imediatos, salvo a desistência do processo (art. 200)
o Não há necessidade de chancela judicial, exceto a desistência que pressupõe
homologação
Se os atos praticados forem por meio de entrega de documentos ou petições, é direito da
parte exigir recibo (comprovação de que praticou o ato)
o A forma mais comum de exigir recibo é solicitando a ... de recebido na contra-fé
Se vedam cotas interlineares ou marginais no processo, embora não se vede a cota (art. 202)
o Não se pode pegar o processo e rabiscar o processo
o As interlineares são aquelas lançadas entre as linhas; as marginais são aquelas
lançadas na margem
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
o Pode se fazer cotas no processo, desde que não sejam interlineares ou marginais
PRONUNCIAMENTOS DO JUIZ
Essa questão deve ser vista por um duplo viés: 1) atos do juiz em sentido estrito (1º grau); 2)
atos dos magistrados, englobando desembargadores
Os atos do juiz se classificam em despachos, decisões interlocutórias e sentenças
A distinção dos atos magistrados é importante em especial para definir se é cabível recurso e
qual o recurso cabível
ATOS DO JUIZ DE 1º GRAU
Os atos do juiz do 1º grau podem ser despachos, sentenças e decisões interlocutórias
Ele prolata sentença e profere despacho e decisão interlocutória
O despacho é o ato do juiz no qual não existe conteúdo decisório ou conteúdo axiológico
relevante; ele é feito com o objetivo de impulsionamento do processo, mas ali não se está
decidindo questão, seja questão inerente ao próprio litígio, sejam questões de natureza
processual
Exemplo: uma parte junta documento, o juiz despacha intimando a outra para ter vista do
documento
o É muito comum encontrar nos livros que o despacho se caracteriza por não ter carga
decisória; isso é equivocado, porque todo ato humano pressupõe um julgamento
mínimo de valor, mas no despacho esse juízo é rarefeito
o Se impulsiona o processo sem que seja decidido o mérito, em todo ou em parte, e sem
que sejam decididas questões processuais
O que tem conteúdo decisório relevante ou é sentença ou é decisão interlocutória
o A sentença sempre põe termo à fase de conhecimento, ressalvada a possibilidade de
interposição de recurso; é a decisão final do processo
o A decisão interlocutória o conteúdo decisório não é tão relevante, não encerra o
processo, ainda restam questões a serem discutidas
Tanto a decisão interlocutória como a sentença podem ter conteúdo somente meritório como
somente de admissibilidade, mas a diferença não é o conteúdo, mas sim o momento
ATOS DOS MAGISTRADOS EM 2º GRAU
Em âmbito de tribunal, se pode ter provimento judicial que não tem conteúdo decisório ou
provimento judicial que tem conteúdo decisório
Quando não há conteúdo decisório relevante, temos o despacho
o O despacho pode ser proferido tanto no 1º quanto no 2º grau
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Excepcionalmente podem ser praticados fora da sede do juízo, e as hipóteses que autorizam
isso decorrem: 1) de deferência; 2) interesse da justiça; 3) natureza; 4) obstáculo arguido parte
entendido como presente pelo juiz
o Deferência: lei estabelece que determinadas pessoas, porquanto ocupem
determinados cargos que são relevantes, elas poderão ser ouvidas no local de trabalho
ou em sua residência em dia ou horário que venham a designar
A deferência não é à pessoa, mas ao cargo
Isso é como testemunha, nunca como parte
São as pessoas egrégias, elencadas no art. 454
o Interesse da justiça: por qualquer motivo se pode ter interesse em que o ato seja
praticado fora da sede do juízo, e esse interesse vai ser aferido caso a caso
o Natureza: não se pode, por exemplo, fazer inspeção judicial de um imóvel na sede do
juízo; não se pode fazer busca e apreensão de veículo na sede do juízo
o Obstáculo arguido pela parte: é, por exemplo, o caso de testemunha que tem
condição de falar, mas está internada e não pode sair do hospital
COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
Existe um princípio que norteia a jurisdição que é o da territorialidade; o juiz exerce a função
jurisdicional, mas a investidura dele está relacionada, também, a uma competência territorial,
e ele vai praticar os atos no limite de sua jurisdição
Se o ato vai praticado fora desses limites territoriais, é necessária a expedição de cartas, que
são solicitações de uma autoridade judiciaria a outra autoridade judiciaria para que pratique
os atos necessários (art. 236, §1º)
Os limites territoriais são as comarcas
o O juiz vai praticar os atos, salvo em disposição em contrário, nos limites de sua
comarca
o O tribunal determina a pratica dos atos no limite da comarca na qual o tribunal está
sediado
Essa regra não é absoluta
Art. 255: se o ato vai ser praticado fora da comarca, mas é uma comarca contígua de fácil
comunicação, ou componente da mesma região metropolitana, o oficial de justiça pode
praticar o ato independente de carta
o Comarca contígua é uma comarca limítrofe, que tem fronteira
Exemplo: Salvador é comarca contígua à Simões Filho
o Além de contígua, a comarca precisa ser de fácil comunicação
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
O prazo em horas vai ser contado minuto a minuto; o prazo em minuto vai ser contado minuto
a minuto
o Para hora e minuto, se conta corrido (não apenas dias úteis)
FIXAÇÃO DOS PRAZOS
Art. 218, CPC: os prazos advêm da lei
Quando a lei não estabelece prazo, o juiz determinará o prazo considerando a complexidade
do ato (art. 218, §1º)
Inexistindo previsão legal ou determinação do juiz, o prazo é de 5 dias (art. 218, §3º)
O art. 218 tem duas disposições que não estão relacionada diretamente com prazo, mas
podem ser vistas de logo
o Ressalvada determinação judicial em sentido expresso que há de ser fundamentada,
não se pode ser intimado para praticar um ato se ela não acontecer com 48h de
antecedência, a intimação não é válida (art. 218, §2º)
o O ato é tempestivo se praticado antes do termo inicial (art. 218, §4º)
Essa disposição aparenta não ter sentido logico, mas existe para fazer cessar
alguns tipos de comportamentos que ocorriam na vigência do CPC/73
TERMOS INICIAIS DOS PRAZOS
Artigo 231, I
Pode ser que a intimação ou a citação se dê pelo correio; nesse caso, o prazo começa a correr
da data de juntada do AR aos Autos
o Não precisa de intimação da juntada, porque se a pessoa já foi intimada do prazo, sabe
que o AR poderá ser juntado a qualquer momento
Essa regra não se aplica aos Juizados Especiais; o entendimento formado para esse caso é que
conta do recebimento da intimação
Se não houve registro da hora e o prazo foi em hora, presume-se que se recebeu no último
minuto do dia
Artigo 231, II
Se a citação ou intimação for por oficial de justiça, o raciocínio é o mesmo do AR: é a data de
juntada aos Autos do mandado cumprido
Se for Juizado Especial, não é da juntada, mas do recebimento
Artigo 231, III
A data de ocorrência da citação ou intimação se ela se der por escrivão ou por ato do chefe de
secretaria
Não é mais tão comum aqui na capital; é mais comum onde todo mundo conhece todo mundo
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Artigo 231, IV
A questão da citação ou intimação por edital é uma questão que precisa de mais atenção,
porque a citação por edital será vista mais adiante
A principal situação para citação por edital é quando não se sabe onde se encontra o citando
O edital será colado no mural do Fórum ou próximo à unidade judiciária, será publicado na
internet, pode ser publicado em jornal de grande circulação se o juiz assim determinar
A citação por edital é na espera que a notícia da citação chegue ao citando
Na citação por edital, existe o que se chama de prazo de dilação, que é aquele prazo necessário
para que a notícia da citação chegue ao conhecimento do citando; o juiz não tem como
adivinhar quando isso vai acontecer, então a lei diz que deve fixar entre 20 e 60 dias, levando
em consideração as circunstâncias da comarca
o É contado da primeira publicação do edital
Depois de contado o prazo de dilação (prazo para que o citando tome conhecimento), são
contados mais quinze dias úteis para a prática do ato
Artigo 231, V
A intimação eletrônica é feita por e-mail; a pessoa consulta o e-mail e, consultando o e-mail,
se considera que a pessoa foi intimada no primeiro dia útil após a leitura do e-mail
A questão não é apenas abrir o e-mail, é abrir no sítio eletrônico do tribunal em que o processo
está correndo
Incide aqui o §3º do art. 5º da Lei 11.419: a consulta ao site por provocação do e-mail deverá
ser feita em até 10 dias corridos contados da data do envio da notificação, sob pena de
considerar a intimação realizada no dia do término desse prazo (décimo dia corrido)
o Há uma interpretação conjugada desse texto da 11.419 com o CPC
O prazo vai ser em dias úteis, salvo determinação legal ou judicial em contrário
Artigo 231, VI
Quando a citação ou intimação for por cartas (rogatória, de ordem e precatória), conta-se da
juntada no juízo deprecante (de origem) da comunicação feita pelo juízo deprecado de que a
citação foi feita
Artigo 231, VII
A data da intimação da publicação quando a intimação se der por Diário da Justiça impresso
ou eletrônico
Aqui também é preciso chamar a atenção para algumas circunstâncias
O Diário pode ser de papel, físico; se foi entregue nas bancas, fórum etc. hoje, reputa-se feita
hoje a intimação, então o dia “1” vai ser no próximo dia útil
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
juntou o novo documento, ou seja, não há por que se dobrar o prazo, porque o ato compete
apenas a um consorte
o Súmula 641, STF: não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos
litisconsortes haja sucumbido
Art. 229, §1º: cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é
oferecida defesa por apenas um deles
o Na manifestação inicial, o prazo é dobrado; depois, se verificada a apresentação de
defesa apenas por um deles, o prazo é normal
PRAZOS PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO, FAZENDA PÚBLICA E DEFENSORIA PÚBLICA
A dobra de prazo se verifica em favor da Fazenda Pública, da Defensoria Pública e do Ministério
Público
Esses órgãos gozam de um duplo benefício; o primeiro é o direito à intimação pessoal, e o
segundo é o prazo em dobro para fins de manifestação
Ministério Público (art. 180)
O MP tem direito à intimação pessoal, na forma do art. 183, §1º
O MP tem que ser intimado pessoalmente, que se dá por carga, por remessa ou por meio
eletrônico
o A carga é quando um membro do MP retira os Autos do cartório
o A remessa é quando o Judiciário manda os Autos para o Ministério Público
o Por meio eletrônico é a intimação eletrônica, já estudada
Se o prazo para recurso é de 30 dias, do dia que recebeu a remessa ou fez a carga, o prazo
começa a fluir; o prazo é de 30 dias porque é dobrado
Se o MP delega a função de carga ou o recebimento dos Autos em remessa, o prazo é contado
da data em que a carga é feita ou que a remessa é recebida
Outro aspecto é o do §2º do art. 180: não se aplica prazo em dobro quando a lei estabelecer,
expressamente, prazo para o Ministério Público
o Quando o juiz estabelece prazo para o MP também será aquele prazo, não haverá
dobra
o A dobra é para os prazos gerais, não para aqueles estabelecidos individualmente
Advocacia Pública (art. 183, caput e §1º)
Mesmo raciocínio que para o MP
Defensoria Pública (art. 186, caput e §1º)
Mesmo raciocínio que para o MP
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
SUSPENSÃO
Prazos podem ser suspensos; a suspensão de prazo corresponde a uma paralisação da
contagem do prazo para que ele seja retomado de onde parou
o Suspender é parar o prazo
Na contagem de prazo, se tem 15 dias e está no 10º dia e há uma causa de suspensão, volta a
correr de onde parou
Na interrupção, o prazo é retomado do início, do zero
Causas de suspensão
Art. 220
É preciso que se estabeleça um período para que se tenha descanso do advogado; a ideia é
criar uma suspensão dos prazos de 20 de dezembro a 20 de janeiro (art. 220)
o Se um prazo começou no dia 17 de dezembro, por exemplo, e é uma segunda-feira, o
dia 1 é o dia 18, o dia 2 é o dia 19, e o dia 3 vai ser 21 de janeiro, se dia útil
No período de suspensão de prazo não se realiza audiência nem sessões de julgamento (§2º)
O juiz, se não estiver de férias, trabalha durante o período de suspensão de prazo (art. 220,
§1º)
Art. 221
Suspende-se prazo se houver obstáculo que foi criado por uma parte em detrimento da outra
Exemplo: prazo dado para o Autor, mas o Réu tirou os Autos do cartório
§ único:
PRORROGAÇÃO E REDUÇÃO
O prazo pode ser prorrogado pelo juiz excepcionalmente, e aí incide o art. 222
A prorrogação do prazo é medida excepcional; pelas circunstâncias da comarca o juiz pode
determinar a prorrogação (caput), e em qualquer comarca, se houver calamidade pública,
pode haver a prorrogação dos prazos (§2º)
O §1º traz uma norma de redução, e ele diz que o juiz pode reduzir prazo; se for prazo
peremptório, tem que ter consentimento das partes envolvidas
o O prazo peremptório é aquele que não pode ser alterado pelo juiz
o O prazo dilatório é aquele que comporta alteração
o É difícil dizer quais prazos são peremptórios, quais são dilatórios, senão em cima de
uma prática forense
o Os prazos de recurso e defesa são todos entendidos como peremptórios
o Prazos para outras manifestações menos importantes são dilatórios (ex.: prazo para
manifestação sobre perícia)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
o Se há nulidade ou ausência de citação, é temerário vir aos Autos somente para alegar
isso, porque se entender que não há nulidade ou ausência, o prazo transcorrido será
considerado
Se ainda há prazo, é melhor se manifestar logo
Efeitos da citação (art. 240)
Produz efeitos ainda que ordenada por juiz incompetente
Induz litispendência
Há litispendência quando há duas ações idênticas, com mesmas partes, mesma causa de pedir
e mesmo pedido
Só se opera a litispendência com a segunda citação
O processo a ser extinto será o da segunda citação
Tornar litigiosa a coisa
A partir da citação já se pode dizer que se existe litígio em torno de um bem
A citação tornando litigiosa a coisa, ela afasta a possibilidade de se alegar boa-fé
A citação pode ser indicativo de marco para fraude na execução, porque já ficou caracterizada
a existência de lide entre o autor e o réu
Constitui em mora o devedor
Ressalvado o disposto nos art. 397 e 398 do Código Civil
A mora e a constituição em mora do devedor é um marco importante, porque, se o devedor é
moroso, ele assume os riscos pelo perecimento da coisa, há incidência de juros moratórios etc.
O CC nos arts. 397 e 398 traz marcos para a constituição da mora
Pode ser que o devedor já esteja constituído em mora (ato ilícito ou obrigação positiva e
líquida), então ele está em mora desde a época em que ela se configurou; se ainda não estava
em mora, estará a partir da citação
Efeito da ordem de citação (§§ 1º e 4º do art. 240)
O despacho que ordena a citação interrompe a prescrição, a decadência, e os demais prazos
extintivos, retroagindo à data de propositura da ação (§§ 1º e 4º do art. 240)
o A retroação à data de propositura da ação se o autor tomar todas as providências para
que haja a citação (§2º do art. 240); prazo de 10 dias para o autor tomar as
providências necessárias à citação
o A parte não responde quando a demora for exclusivamente do Judiciário (§3º)
Se não houvesse interrupção da prescrição e decadência, no curso do processo elas se
operariam
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Regras
Pessoalidade
Ressalvada a existência de poderes especiais que autorizem o mandatário de receber a citação,
é o próprio citando que deve recebe-la; é disso que cuida o art. 242
Nos parágrafos desse artigo, temos algumas situações específicas em que há a relativização
dessa regra, e no §3º temos a explicitação de um outro preceito normativo
No §3º não temos propriamente uma relativização, mas uma norma estabelecendo a citação
processual das pessoas jurídicas de direito público: os representantes judiciais que recebem a
citação são advogados públicos
Nos §§1º e 2º temos as relativizações
o Se tratando de situação na qual a ação tem como causa de direito ato praticado por
mandatário, administrador, preposto ou gerente, este pode ser citado se ausente o
citando – é a relativização considerando a impossibilidade de citação pessoal e direta
da parte, é como se a lei presumisse a existência de um mandato com poderes
especiais (§1º)
o Na hipótese do locador que tem imóvel no Brasil e se ausenta do país sem deixar
mandatário, quem faz as vezes dos negócios desse locador poderá receber a citação,
porque também há uma impossibilidade de recebimento por parte do locador (§2º)
Lugar
O art. 243 trata do lugar em que a citação deverá ser feita
Ela pode se dar em qualquer local que se encontre o citando
Trata-se de uma norma que não comporta interpretação isolada e nem pode ser levada em
termos absolutos, primeiro porque sabemos que o oficial de justiça atua nos limites da
territorialidade, ou seja, desde que o citando esteja na comarca ou nos locais referidos no art.
255
Quanto ao militar, a citação na unidade em que serve é medida excepcional e subsidiária
somente se frustrada a citação no seu endereço, ou se este for desconhecido, é que a citação
será feita no lugar em que ele serve
Existem restrições à feitura de citação, é o que está previsto no art. 244; são situações
impeditivas de citação
o Inciso I: é preciso que se tenha o respeito a determinadas práticas, então, se o sujeito
estiver em uma celebração religiosa, o oficial deve esperar terminar para fazer a
citação
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
o Inciso II: em respeito ao luto, não se faz a citação no dia do falecimento e nos sete dias
seguintes
o Inciso III: nos 3 dias subsequentes ao casamento, presume-se que são dias necessários
à lua de mel, de modo a não causar transtorno
o Inciso IV: respeita-se o estado de saúde, de modo que, do ponto de vista psicológico,
a citação pode prejudica-lo
Citação de incapaz
Este será citado na pessoa de seu representante legal
Se absolutamente incapaz, recebe o representante; se relativamente, deve ser feito na pessoa
do incapaz e do assistente
A situação de que trata o CPC no art. 245 é aquela em que o oficial de justiça vai realizar a
citação e vislumbra que o citando não tem condições de entender o ato, ele percebe uma
incapacidade, ainda que momentânea, embora não exista representante legal
o Estão postas situações múltiplas
o O oficial percebe que há uma incapacidade cognitiva transitória, ele conserva o
mandado em seu poder para fazer a citação em outro momento
o O oficial pode certificar, descrevendo a situação
o O problema ocorre quando a incapacidade cognitiva é permanente, então o citando
não tem curador, mas não tem condição de receber a citação – se algum familiar alega
isso e exibe atestado, é o tanto que basta para que não se faça o exame, mas se não
há atestado, o exame será feito por um perito nomeado pelo juiz
Se é reconhecida a situação de incapacidade, seja pelo atestado ou pelo
exame, o juiz nomeia um curador para a causa, para a defesa específica dos
interesses do citando nesse processo (é uma curadoria restrita ao processo
em que a citação é feita)
Modalidades de citação
Art. 246: correio; oficial de justiça; escrivão ou chefe de secretaria; edital; meio eletrônico
Existe uma ordem de preferência
A citação será preferencialmente por meio eletrônico
o Em se tratando de pessoa jurídica, ressalvada a micro e pequena empresa, a citação é
feita por meio eletrônico
o A intimação por meio eletrônico não oferece tanta perplexidade (art. 246, §1º)
Não podendo ser eletrônica, a citação será feita pela via postal (art. 247)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
o O problema é que essa citação não é tão segura, daí porque o legislador afasta a
possibilidade de citação postal nas seguintes hipóteses: 1) quando se trate de ação de
estado (na qual se discute estado de pessoa, direitos personalíssimos); 2) quando o
citando é pessoa física incapaz; 3) quando o citando residir em local não atendido pela
entrega domiciliar de correspondência; 4) quando, de maneira justificada, se requerer
a citação por outro meio
o O escrivão prepara a correspondência citatória, com cópia da decisão e da petição,
indicação do endereço e do prazo, e encaminhada ao correio (art. 248)
o Trata-se de carta registrada, com o aviso de recebimento que retorna para quem
remeteu a carta com a assinatura do recebedor
o Esse aviso de recebimento é de mão própria, ou seja, o carteiro deve buscar que a
pessoa assine por ela mesma, e não por terceiro
o O legislador cria mecanismos para viabilizar essa citação (§2º)
o Se se tem citação direcionada a pessoa física, que mora em uma casa, tem que ser de
mão própria, mas, morando em condomínio ou loteamentos, nos quais o carteiro não
tem acesso a cada apartamento, presume-se que os moradores constituem o porteiro
para recebimento e havendo recebimento pelo porteiro, ela é válida (§4º)
o Havendo mais de um réu, o prazo só começa a correr após a juntada do último AR
Se a citação não for nem eletrônica nem postal, ela será por oficial de justiça; ela pode ser real
ou ficta (hora certa)
o De posse do mandado de citação, o oficial procede à citação na forma do art. 251
o A citação pode ser ficta, presumida; essa citação por hora certa pressupõe a
convergência de dois elementos, um objetivo e um subjetivo: ter comparecido por
pelo menos duas vezes no local onde a citação deveria ser feita (objetivo) e que
existam elementos que viabilizem ao oficial uma suspeita de ocultação (subjetivo)
o O oficial não precisa de autorização judicial para fazer hora certa; reunindo os
elementos, o oficial avisa ao familiar, parente, vizinho, preposto etc. e retorna
necessariamente no dia seguinte, após avisar o horário que chegará; se chegar lá e o
sujeito estiver, a citação é pessoal; se o sujeito não está, faz a citação
preferencialmente na pessoa com quem ele conversou no dia anterior, não estando
ela, qualquer parente, vizinho, preposto ou quem quer que seja
o Recolhido o mandado, a partir da juntada aos Autos começa a flui o prazo de defesa
o Sendo feita por hora certa, após a juntada, no prazo de 10 dias, o escrivão envia uma
carta para certificar o citado (art. 254)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
o Se houve citação por hora certa e o sujeito é revel, não há como ter certeza de que ele
tomou conhecimento da existência da ação, e essa hipótese de revelia na citação por
hora certa impõe a nomeação de curador especial
A citação por edital será feita quando: 1) desconhecido ou incerto o citando; 2) quando
ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontra o citando; 3) nos casos expressos
em lei (art. 256)
Exemplo (item 2): quando sabe que está em SP, mas não onde ou o local não é suscetível de
acesso para qualquer dos meios de citação
o O art. 257 cuida dos requisitos necessários à citação por edital
o Olhar art. 258
INTIMAÇÃO
Tudo que não se enquadra no conceito de citação, é intimação
o Nosso Código trabalha com a dicotomia de citação e intimação
Todos os atos de comunicação posteriores à citação são intimações
É utilizado também para terceiro que não é parte nem pode integrar a relação jurídica
processual, embora, do ponto de vista técnico, aqui deveria se falar em notificação
Se não é ato de ciência da existência do processo, nem cumulativamente se faculta o ingresso,
é intimação
O conceito está no art. 269
Ou a parte constitui o advogado e este receberá as intimações, ou ela não constituiu e o
processo seguirá independentemente da intimação desta parte que está revel; só tem lugar
quando a lei estabelece a sua necessidade
Tradicionalmente, incumbe ao Poder Judiciário a feitura das intimações; elas serão feitas pelos
mesmos meios da citação, a ele se somando a possibilidade de publicação na imprensa oficial
O CPC autoriza que se tenha a intimação feita por advogado, então, além de poder ser feita
pelo serventuário da Justiça pelos meios previstos, ela pode ser feita também pelo advogado
(art. 269, §§1º e 2º)
As intimações das pessoas jurídicas de direito público serão feitas de modo pessoal, por carga,
remessa ou por meio eletrônico
A forma das intimações está prevista no art. 270; as intimações devem ser feitas
preferencialmente por meio eletrônico
o Não será quando não for possível, e nesse caso, a intimação será feita por publicação
na imprensa oficial (não cabe para o MP, defensoria e advocacia pública)
o Não cabendo, será por cartório
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Os honorários advocatícios serão pagos por aquele que indevidamente deu causa ao processo
Se o processo pressupõe uma lide, quem indevidamente dá causa ao processo será definido
com a sentença
o Se o autor indevidamente teve uma pretensão, ele que deu causa ao processo
o Se o autor indevidamente opôs repressão, ele que deu causa ao processo
Quem deu causa indevidamente ao processo é quem sucumbe no processo, mas não
necessariamente quem sucumbe no processo é quem deu causa a ele
Os encargos vão ser repartidos considerando não sucumbência, mas sim causalidade
Exemplo: homem que caiu na malha fina, propôs a ação, e antes mesmo da citação, mas após
a distribuição, a União pagou a restituição. O processo será extinto sem exame do mérito por
uma falta de interesse de agir superveniente. Nesse caso, a União é quem dá causa ao
processo, mas a extinção sem exame do mérito faz com que o autor sucumba – nesse caso,
temos uma situação em que não coincide a regra da causalidade e a regra da sucumbência. A
União, em virtude da regra da causalidade, é quem arca com os encargos
Exemplo: em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve arcar com os
honorários advocatícios (Súmula 303, STJ)
CABIMENTO DA FIXAÇÃO DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS
Os honorários sucumbenciais estão previstos no art. 85, que é um dispositivo extenso
ART. 85, CAPUT E §1º
A sentença condena o vencido a pagar honorários advocatícios ao advogado do vencedor; são
devidos honorários advocatícios na reconvenção
Reconvenção é a ação que é proposta pelo réu contra o autor; se há uma ação de reconvenção,
há duas ações, então o juiz fixará os honorários para ação e os honorários para a convenção
Os honorários também são devidos no cumprimento de sentença provisória ou definitiva;
além de pagar o percentual do conhecimento, vai pagar da execução
o Se houve execução é porque não houve cumprimento voluntário, então os honorários
são cumulativos
Nos recursos há honorários, mas os honorários, que são cumulativos, não ultrapassam 20%;
se eles não são fixados no máximo, podem ser aumentados, mas sem ultrapassar os 20%
ARBITRAMENTO DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS
REGRA GERAL (art. 85, §2º)
Os honorários são fixados de 10 a 20%; se tem o estabelecimento de uma alíquota
O juiz não fixa a alíquota aleatoriamente; ele leva em consideração as circunstâncias do caso
concreto, que estão indicadas nos incisos do §2º: 1) o grau de zelo do profissional; 2) o lugar
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Se superou a faixa inicial, não se passa o todo para a faixa subsequente; no que está dentro da
faixa inicial, se aplica a faixa inicial, e o que passa dela se aplica as faixas subsequentes
RELAÇÕES JURÍDICAS DE TRATO SUCESSIVO
10 a 20% é a regra, base de cálculo condenação, conteúdo econômico ou valor atualizado da
causa
Pode ser que se tenha uma condenação que se estenda ao longo do tempo, e a partir do
momento que se estende ao longo do tempo, o benefício econômico pode ser bastante
elevado, embora diferido
Exemplo: condenação de pagar alimentos de R$ 2.000,00 por mês por 20 anos; é preciso de
um limite
A delimitação leva em consideração o anuênio, na forma do §9º do art. 85: se há relação
jurídica de trato sucessivo, leva em consideração o conjunto das parcelas vencidas mais as
vincendas, sendo que estas se limitam ao máximo de 12 meses
FIXAÇÃO POR EQUIDADE
Pode ser que a utilização dos critérios de base de cálculo leve a honorários advocatícios são
irrisórios, ínfimos; somente quando isso acontece, vai ser possível ao juiz a fixação dos
honorários com base em equidade
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
o A decisão por equidade é a decisão justa, que busca o que se reputa justo no caso
concreto
o No direito, é vedada a decisão por equidade, senão nos casos previstos em lei, vez que
se trata de uma questão subjetiva e o que está na lei é o entendido como justo pela
sociedade (sentimento de justiça coletivo)
Art. 85, §8º: a lei diz que se os honorários forem ínfimos pela aplicação dos critérios legais (§§
2º e 3º do art. 85), poderá ser aplicada a equidade
HONORÁRIOS RECURSAIS
Já tratamos da questão da majoração dos honorários por força dos recursos
Art. 85, §11: O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente
levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o
caso, o disposto nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de
honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos
nos §§ 2o e 3o para a fase de conhecimento
Os honorários são fixados em 1º grau de 10 a 20%; se houver reforma da decisão, haverá novo
arbitramento de honorários; se a decisão for mantida, haverá a majoração dos honorários
levando em consideração o trabalho adicional, mas sempre no limite de 10 a 20%
RESPONSABILIZAÇÃO DE LITISCONSORTES E ASSISTENTES
Litisconsórcio (art. 87)
Se há mais de um réu ou mais de um autor, a condenação ao pagamento dos honorários vai
ser imposta a todos e repartida entre eles
O juiz deve dizer na sentença em que proporção cada parte pagará os honorários
Exemplo: ação de cobrança contra 3 réus, o juiz pode dizer que os honorários são de 20% e
estabelecer a divisão pro rata (em partes iguais), ou pode dizer que, considerando o
comportamento das partes, metade dos honorários será pago por um dos réus, e a outra
metade dividida entre os outros dois
Não havendo atribuição, presume-se não a divisão em cotas iguais, mas a existência de uma
solidariedade
Grau de resistência e em que medida cada um deu causa ao processo são os critérios para o
rateio; o critério para o valor total são os clássicos
Aplica-se um critério legal que é juridicamente indeterminado
Assistência (art. 94)
Se o assistido for vencido, o juiz vai estabelecer o grau de responsabilidade do assistente e do
assistido
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
VEDAÇÃO À COMPENSAÇÃO
Na vigência do Código de 73, se aceitava a compensação de honorários; esse raciocínio foi
repelido pelo Código atual
Exemplo: se “A” cobra 100 de “E”, e o juiz condena ao pagamento de 50, há sucumbência
reciproca, pois “A” ganhou em 50 e perdeu em 50
o Súmula 306, STJ: os honorários devem ser compensados quando houver sucumbência
recíproca
Art. 85, §14: Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os
mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a
compensação em caso de sucumbência parcial
o Foi prejudicada a Súmula 306 do STJ
Uma das razões pelo qual se veda a compensação é evitar as postulações temerárias ou
irresponsáveis, então o advogado tem que analisar se o pedido é cabível, e se é cabível naquela
extensão que se está pretendendo
Súmula 326, STJ: na ação de indenização por dano moral, a condenação por valor inferior ao
postulado na inicial não implica em sucumbência recíproca
o Isso se dá porque nesse caso há uma carga de subjetividade no arbitramento; não se
sabe se vai ser mantido na vigência do Código atual
NATUREZA ALIMENTAR
Os honorários advocatícios têm também uma natureza alimentar, conforme o art. 85, §14,
pois eles constituem o meio de subsistência do advogado
o Se essa verba corresponde à remuneração do profissional liberal, tem natureza
alimentar
Se tem natureza alimentar, tem os privilégios em geral das verbas alimentares
Exemplo: se o crédito de honorários contra Fazenda Pública, os honorários entram numa lista
de precatório especifica, que tem preferência para o pagamento
PAGAMENTO EM FAVOR DE SOCIEDADE DE ADVOGADOS
O advogado pode pleitear o pagamento dos honorários sucumbenciais em nome da sociedade
ao qual faz parte, sem que isso desnature a verba de natureza alimentar (§15)
O advogado vai receber em nome da sociedade e não em nome da pessoa física é por conta
de uma questão fiscal, pois há uma tributação reduzida para a pessoa jurídica
JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA
Os honorários advocatícios devem ser pagos quando se tornam exigíveis, e sobre esses valores
devem incidir juros e correção monetária
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Existe uma disciplina no art. 85, §16 que não é completa, mas a partir dela podemos estudar
a situação como um todo
Art. 85, §16: Quando os honorários forem fixados em quantia certa, os juros moratórios
incidirão a partir da data do trânsito em julgado da decisão
o Normalmente se leva em consideração um critério de equidade para fixar em quantia
certa
Quando forem fixados em quantia certa, os juros moratórios incidem da data do trânsito em
julgado
A mora se opera a partir do momento em que transita em julgado, porque se tornou exigível
Se a fixação é feita em quantia certa, a correção monetária do arbitramento, os juros do
trânsito em julgado
Se os honorários são fixados pelo percentual da condenação, existem critérios na condenação
para sua atualização monetária e incidência de juros
Se são fixados com percentual do valor da causa, o valor da causa tem que ser atualizado desde
a data de sua propositura
o Positiva-se o que já estava na Súmula 14 do STJ
OMISSÃO NA FIXAÇÃO
O STJ tinha uma Súmula (453), na vigência do Código de 73, dizendo que nesse caso os
honorários advocatícios não poderiam ser cobrados
o Esse entendimento foi afastado com a redação do §18 do art. 85
É cabível ação autônoma para sua definição e cobrança
HONORÁRIOS E ADVOCACIA PÚBLICA
Os honorários são devidos também aos advogados públicos, na forma da lei, e são regulados
pelo §19 do art. 85
OUTRAS QUESTÕES
Os honorários sucumbenciais pertencem ao advogado, e se ele compor uma sociedade pode
ser revestido para a sociedade; se tiverem atuado no processo diversos advogados, os
honorários serão devidos a eles de acordo com a proporção do trabalho de cada um (ou eles
se acertam ou haverá lide)
Nada impede que na contratação haja um ajuste diferente em relação aos honorários
sucumbenciais
o O §3 do art. 24 da lei 8.906 (EOAB) dizia que era nula qualquer disposição contratual
que retirasse do advogado o direito a percepção dos honorários de sucumbência
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré
Esse dispositivo foi tido por inconstitucional pelo STF em sede de julgamento
de ADIN, por entender que o advogado pode dispor de seu direito
O juiz pode negar a gratuidade judiciária, mas pode isentar ou reduzir as custas
proporcionalmente em relação a determinado ato (art. 98, §5º)
FORMULAÇÃO DO PEDIDO
A gratuidade judiciária deve ser postulada na primeira oportunidade que a parte se manifesta,
se o motivo que enseja a gratuidade é preexistente (art. 99, caput); se o motivo surge no curso
do processo, será por petição simples (art. 99, §1º)
IMPUGNAÇÃO AO DEFERIMENTO
Se for deferido o benefício, a parte contrária pode impugnar, inclusive comprovando a
possibilidade de pagamento (art. 100)
REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO
Art. 100, § único: Revogado o benefício, a parte arcará com as despesas processuais que tiver
deixado de adiantar e pagará, em caso de má-fé, até o décuplo de seu valor a título de multa,
que será revertida em benefício da Fazenda Pública estadual ou federal e poderá ser inscrita
em dívida ativa