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Rebeca Baptista | 2017.

1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

BIBLIOGRAFIA
 Curso de Processo Civil – Fredie Didier

COMPETÊNCIA
CONCEITO
 Competência é a quantidade de jurisdição atribuída a cada órgão ou grupo de órgãos do Poder
Judiciário
 A razão de ser do Direito e, principalmente, do Processo, está na ocorrência de litígios;
havendo litígio, a solução através da autotutela foi sendo gradativamente afastada e hoje é de
natureza residual
 O litígio é um fato da vida; a lide se opera quando há conflito de interesses
 A partir do momento que essa lide se verifica e havendo uma pretensão e em face dessa
pretensão havendo uma resistência, é necessário que se identifique de quem é o bem da vida
 A resolução da lide, em tempos pretéritos, era através da autotutela; com o surgimento do
Estado moderno, a autotutela passa a ser gradativamente vedada, de sorte que, hoje em dia,
a aceitação dela é residual
 Com a supressão da autotutela, temos um vácuo social, no qual está a jurisdição
 O Estado Moderno surge sem a autotutela, chamando para si essa obrigação, que é um poder-
dever, que é a resolução dos litígios
 A jurisdição é o poder-dever do Estado de efetivar a composição de litígio mediante a aplicação
do direito objetivo ao caso concreto
o O cidadão provoca o Estado com o direito de ação, e o Estado fica obrigado a entregar
a jurisdição
 A jurisdição se aplica a todos que compõem a sociedade, mas também é um dever porque
todos podem exigir que o Estado lhes entregue a jurisdição
 O Estado é uma ficção, que vai atuar mediante agentes próprios, e dentro dos agentes políticos
do Estado estão os juízes
o Quando se diz que o Estado exercerá a jurisdição, se está dizendo que os agentes
políticos do Estado, que são os juízes, exercerão a jurisdição
 Apesar de a jurisdição ser uma, é preciso que o Estado estabeleça entre os seus juízes a
repartição do exercício da sua atividade jurisdicional
 A necessidade de regras de competência se justifica em três aspectos: 1) número de litígios;
2) extensão territorial; 3) necessidade de especialização
o Número de litígios: partir do momento em que há uma multiplicidade de litígios, que
demanda uma multiplicidade de juízes, é necessário que haja a repartição dentre eles
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o Extensão territorial: somente se viabiliza o acesso à justiça quando essa justiça,


geograficamente, está próxima às pessoas
o Necessidade de especialização: através das regras de competência, se viabiliza a
especialização da atividade litigante; cada vez mais é necessária especialização para
satisfazer as demandas que se põem diante do Foro
 Com a especialização, se tem uma melhor prestação jurisdicional e também
uma maior produtividade, porque se o sujeito atua especificamente com
determinado assunto, ele pode dar respostas mais rápidas aos litígios que são
postos
 Devemos estabelecer como premissa inicial que o Estado tem o poder-dever de efetivar a
composição das lides, e esse poder-dever é a jurisdição, praticado pelos juízes, que vão ter
seus limites estabelecidos por lei
FONTES
 Toda competência, necessariamente, decorre de norma; a fonte da competência é sempre
norma
 Competência é matéria de reserva legal, mas essa expressão não é correta ou perfeita do
ponto de vista principiológico; competência é matéria de reserva normativa, não legal, porque
o conteúdo da norma é mais amplo
 Para afirmar que determinado órgão detém ou não competência, é necessário analisar a
norma; o órgão judiciário detém competência nos exatos limites da norma
 Falamos em norma e não em lei porque o conceito de norma é mais amplo do que o conceito
de lei
 Não há competência sem norma que a previamente estabeleça
 A necessidade da reserva normativa advém do princípio do juiz natural (não haverá juízo nem
tribunal de exceção); significa que toda competência tem que estar previamente estabelecida
 O art. 42 do CPC cuida da questão da competência e das fontes de competência
CONSTITUIÇÕES
 Se analisarmos as linhas primeiras e linhas gerais da competência, elas estão nas constituições
o A Constituição vai trazer regras de competência
o Encontramos regras de competência tanto na Constituição Federal como nas
Estaduais
Exemplo: a competência do STF está no art. 102 da Constituição, do STJ no art. 105, JF
no art. 109, TRF no art. 108 e Justiça do Trabalho no art. 114
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o A Constituição atribui competência a determinados órgãos do Poder Judiciário, mas a


constituição não é lei, ela se enquadra no gênero maior “norma”
o No âmbito das constituições estaduais, se tem as normas de competência dos
tribunais de justiça
 A competência constitucional se caracteriza por dois aspectos básicos:
o As competências constitucionais são taxativas (no campo federal ou estadual); a partir
do momento que a Constituição estabelece a competência dos órgãos, não cabe a
qualquer outra espécie normativa modificar ou aditar a competência desses órgãos
o A competência constitucional é absoluta; a competência absoluta existe em razão do
interesse público e não admite prorrogação
LEIS FEDERAIS
 Processo é matéria de competência da legislação federal, então é natural que existam regras
de competência que estão disciplinadas nas leis federais
o Quando se fala em leis federais, se utiliza a expressão no sentido mais amplo possível;
pode ser a lei delegada, a lei ordinária, a lei complementar, medidas provisórias etc.
o As leis federais estabelecem regras de competência seja por meio dos códigos, seja
por meio de disciplina esparsa (extravagante)
 O CPC é uma lei federal; nele, temos dezenas de regras de competência, mas nada impede que
se estabeleçam regras de competência por meio de leis federais extravagantes
o A lei 8.245/91 cuida das ...
 As regras de competência, no grosso, estão nas leis federais, sejam as codificadas, sejam as
extravagantes
LEIS DE ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA
 Não se resume a essas espécies normativas a disciplina de competência; temos também regras
de competência que são postas em leis de organização judiciária
 Podem ser leis federais, como podem ser leis estaduais; as justiças podem ser federais ou
estaduais em um regime federativo
Exemplo: se é distribuída uma ação de falência no Rio de Janeiro, vai para a vara de direito
empresarial
Exemplo: se é proposta uma ação contra alguém que mora em Madre de Deus, local que não
tem comarca própria, será distribuída na comarca de Salvador, que é a comarca a qual o
município está ligado
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Exemplo: no âmbito federal, temos 24 federais em Salvador, mas temos também vara federal
em Feira de Santana; a lei de organização judiciária vai determinar que processos correm em
cada local
REGIMENTOS INTERNOS DE TRIBUNAIS
 Os regimentos internos dos tribunais trazem regras de competência; são normas infralegais
 Os tribunais são compostos por órgãos, e para saber qual órgão julga cada causa, deve-se
voltar os olhos para o regimento interno do tribunal
Exemplo: ação declaratória de inconstitucionalidade de uma lei estadual, a competência é do
pleno
LIMITES DA JURISDIÇÃO
 É necessário que se delimite qual o juízo competente para o julgamento de cada causa, sem o
que não há como propor a demanda, ou auferir se a demanda foi proposta perante o juízo
competente
 Preliminarmente, deve-se saber se a causa pode ser proposta no Brasil
Exemplo: um francês quer propor uma ação de usucapião de um imóvel que fica na Inglaterra
perante um sueco; essa ação não pode ser proposta na justiça brasileira
 Antes de saber qual o juízo competente, é preciso saber se há ou não jurisdição nacional, e
trabalhamos com regras de competência exclusiva e com regras de competência concorrente
 Existe para todo Estado (país) limites para uma atividade jurisdicional
Exemplo: o Brasil só tem competência para inventariar os bens localizados no Brasil; a
autoridade judiciária brasileira não pode pedir propriedade sobre um bem imóvel localizado
fora do Brasil
 Quem atribui limites à jurisdição de cada país é a norma do próprio país
 Os limites da jurisdição brasileira estão estabelecidos nos arts. 21 a 25 do CPC; os limites da
jurisdição francesa serão estabelecidos pelas normas de jurisdição francesas etc.
 Para estabelecer os limites de sua jurisdição, o país vai levar em conta três aspectos: 1) o seu
interesse político; 2) a efetividade que terão as suas decisões; 3) o aspecto do direito
internacional, que é pautado sempre em uma regra de reciprocidade
Exemplo: os EUA se atribuíram competência para julgar qualquer crime de terrorismo em
qualquer lugar do mundo; há interesse político deles nisso, mas há também o aspecto da
efetividade da decisão e da reciprocidade
o Observando a esses critérios, se estabelecerá a jurisdição de cada pais
 O Brasil estabeleceu sua jurisdição nos arts. 21 a 23, estabelecendo duas modalidades de
competência: exclusiva e concorrente
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 No art. 23 disciplinam as causas que nós nos atribuímos jurisdição e não aceitamos a
competência de nenhum outro país
o Nesses casos, nenhum valor possui a sentença estrangeira
o Ainda que a sentença estrangeira seja apresentada ao STJ, ele vai recusar a
homologação
 Nas hipóteses dos arts. 21 e 22, nós nos atribuímos competência, mas não excluímos a
competência de qualquer outro Estado que quiser julgar a causa
o Se houver julgamento no estrangeiro, deve ser observado o procedimento da
homologação perante o STJ
 Fora das hipóteses dos arts. 21 a 23, não atua a autoridade judiciária brasileira
HIPÓTESES DE COMPETÊNCIA EXCLUSIVA
 Nas hipóteses do art. 23, necessariamente a prestação jurisdicional deve emanar da
autoridade judiciária brasileira
Artigo 23, I
 Ações relativas a imóveis situados no Brasil
 A ação real é aquela que se funda em posse, propriedade ou em direito real sobre determinada
coisa; se a ação é imobiliária, a competência exclusiva é da autoridade judiciária brasileira
Artigo 23, II
 No campo sucessório (sentido lato), se o bem, seja ele móvel ou imóvel, estiver situado no
Brasil, o inventário, necessariamente, tem que ser feito no Brasil
Exemplo: um canadense faleceu, deixou herdeiros no Brasil e deixou no Brasil um automóvel,
então necessariamente esse automóvel será inventariado no Brasil
Inciso III
 Separação judicial, divórcio, dissolução de união estável, se os bens estão localizados no Brasil,
a partilha desses bens deve ser feita pela autoridade judiciária brasileira
HIPÓTESES DE COMPETÊNCIA CONCORRENTE
 O art. 21 é mais ou menos fiel às hipóteses de competência concorrente do CPC/73; já o art.
22 cria hipóteses novas
Artigo 21, I
 Independentemente da nacionalidade, se o réu for domiciliado no Brasil, situação na qual
aceita a submissão à autoridade brasileira
Artigo 21, II
 Se o local do cumprimento da obrigação é o Brasil, deverá ser julgado aqui
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Artigo 21, III


 A situação envolve ato-fato ocorrido no Brasil, então a competência é concorrente nossa
Artigo 22, I
 As ações de alimentos podem ser julgadas em território nacional, preenchidas as hipóteses do
art. 21; mas fora dele, ainda haverá jurisdição nacional para julgar ação de alimentos quando
a situação se enquadrar nas hipóteses do art. 22
 As hipóteses de competência concorrente se alargam especificamente para a ação de
alimentos porque dos alimentos decorre a subsistência da pessoa que deles necessita
o A regra de facilitação do acesso à justiça deve ter lugar nas ações de alimentos
 Especificamente aos alimentos, existe uma convenção internacional, que trata, inclusive de
aspectos processuais
o A Convenção de Nova York estabelece uma cooperação entre os países subscritores
 Ainda que o alimentante esteja no estrangeiro, se o alimentando reside no Brasil, a ação pode
ser proposta aqui, para facilitar o acesso à justiça desse indivíduo
Exemplo: um espanhol engravida uma brasileira e depois sai do país; mesmo ele residindo na
Espanha e tendo os bens lá, a ação pode ser proposta aqui pelo fato de o filho morar aqui
 Se o alimentando morar fora e o alimentante tiver bens aqui, o primeiro pode propor a ação
aqui para facilitar, quando julgada procedente a ação, a execução
Artigo 22, II
 Aqui é uma questão em que se tem o próprio efeito da globalização, da facilitação das
comunicações e das operações negociais; isso decorre muito da internet
 Se a causa versa sobre relações de consumo e o consumidor reside no Brasil, para facilitar o
acesso à justiça a ação pode ser aqui proposta
Artigo 22, III
 A norma trazida quebra alguns paradigmas em relação ao código anterior
 Quando as partes expressa ou tacitamente se submeterem à jurisdição nacional; não havia
essa possibilidade no CPC/73
 Demonstra uma valorização do princípio do auto regramento da vontade; ainda que o
legislador não tenha estabelecido jurisdição brasileira, os litigantes podem optar expressa ou
tacitamente pela jurisdição brasileira
o É uma espécie de eleição de jurisdição
Exemplo: nada impede que uma empresa francesa celebre um contrato com uma empresa
inglesa, e nada impede que estabeleçam que, caso haja uma lide, seja resolvida pela jurisdição
brasileira
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 É expressa quando no próprio negócio jurídico se estabelece a jurisdição brasileira


 Pode ser tácita quando ninguém acertou nada, não havia jurisdição brasileira, mas uma das
partes vem e propõe a ação no Brasil, a outra parte é citada e não se insurge sobre a ausência
de jurisdição do Brasil; nesse caso, há uma convergência de vontades implícita
o O prazo para a outra parte se manifestar é o prazo inicial da contestação
 Proposta a ação perante a jurisdição brasileira sem que haja essa previsão especifica, o juiz
não pode ex officio extinguir o processo liminarmente por conta da falta de jurisdição, por
conta da possibilidade de eleição tácita
Observação: art. 25
 O art. 25 do CPC diz que não compete à autoridade judiciaria brasileira atuar se as partes
elegeram, com exclusividade a jurisdição estrangeira
o Só é possível eleger com exclusividade a jurisdição estrangeria se não for matéria de
competência exclusiva da jurisdição brasileira
o A autoridade judiciaria brasileira diante de convenção sobre a qual se elegeu com
exclusividade a jurisdição estrangeira, o juiz também não pode ex officio extinguir a
causa, porque, apesar do acordado, o ajuizamento da ação aqui implica no distrato
tácito por uma das partes da cláusula de eleição do foro estrangeiro
Observação: artigo 24
 Delimitada a jurisdição e diferenciando a competência exclusiva da concorrente, podemos
alcançar a conclusão de que maiores problemas não vão existir nos casos de competência
exclusiva, pois é uma jurisdição que não tende muito a gerar perplexidade ou gerar dúvidas
 Na jurisdição concorrente, a ação pode tramitar no Brasil, como também pode tramitar no
estrangeiro; se uma parte ajuíza a ação no Brasil e a outra parte ajuíza a ação no estrangeiro,
podem haver entendimentos diferentes, incompatíveis em cada poder judiciário; para resolver
isso, recorre-se ao art. 24 do CPC
 O artigo prevê que as ações são iguais ou conexas e tramitam em lugares diferentes, não há o
sobrestamento e nem a extinção de nenhuma delas, as duas vão correr em paralelo, então
uma vai terminar antes da outra
o Se a que terminar primeiro for a do Brasil, não se homologara a sentença estrangeira
no que for ela incompatível com a sentença brasileira transitada em julgado, porque
um dos requisitos para a homologação é que ela não ofenda a soberania nacional
o Se a sentença estrangeria transitar em julgado antes, ela será trazida para
homologação e, sendo homologada, passa a ser uma decisão nossa e o processo que
estava em curso é extinto sem resolução do mérito
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 O problema é apenas aparente; na pratica, não tende a gerar maiores embaraços


Homologação da sentença estrangeira (art. 963, CPC)
 Só pode haver homologação da sentença estrangeira nas hipóteses que se tem competência
concorrente; existem requisitos que devem ser observados para fins de homologação
a) Ser matéria de competência concorrente
b) Inciso I: ser proferida por autoridade judiciária competente, de acordo com a legislação estrangeira
c) Inciso II: ser precedida de citação regular, ainda que verificada revelia; a citação regular é garantia
de ter sido respeitado e observado o contraditório e a ampla defesa
 A regularidade da citação vai ser auferida pelas regras processuais do país
d) Inciso III: tem que ter condições de ser executada no país em que foi proferida
e) Inciso IV: não ofender a coisa julgada brasileira, o que macularia a soberania nacional
f) Inciso V: a sentença tem que ser apresentada em cópia autenticada pela autoridade consular
brasileira (determinação do STJ), além de ser acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que
a dispense prevista em tratado (ex.: entre os países do Mercosul)
g) Inciso VI: não conter manifesta ofensa à ordem pública; é um dispositivo com conteúdo aberto, para
possibilitar ao STJ a análise de conveniência e oportunidade da homologação daquela sentença
estrangeira (ex.: se um devedor foi condenado a 300 chibatadas, não vai ser homologado aqui
CRITÉRIOS DE DETERMINAÇÃO
 Esse é um ponto importante, porque com base nesses critérios vamos poder classificar a
competência em absoluta ou relativa, fazendo a distinção entre ambas
 Toda competência necessariamente decorre de norma; a norma, para determinar a
competência, vai se valer de certos critérios
 A norma precisa fazer referência a fatos da vida para que possa ser aplicada
CRITÉRIO MATERIAL
 O critério será material toda vez que for levada em consideração a natureza da relação jurídica
de direito material litigiosa
Exemplo: empregador e empregado litigam sobre verbas rescisórias; a competência é da
Justiça do Trabalho
CRITÉRIO FUNCIONAL
 É uma competência que engloba a pessoal; toda pessoal é funcional
Exemplo: e há um mandado de segurança contra ato do Governador do Estado, a competência
é do Tribunal de Justiça
Exemplo: se há mandado de segurança contra ato de Ministro de Estado, a competência é do
STJ
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 Alcança, também, o papel do órgão dentro da estrutura judiciária


Exemplo: o STF que vai julgar Ação Direta de Inconstitucionalidade
CRITÉRIO TERRITORIAL
 As normas que determinam a competência levam em consideração o território
Exemplo: a ação pessoal vai ser proposta, como regra geral, no foro de domicílio do réu
CRITÉRIO DO VALOR DA CAUSA
Exemplo: os juizados podem atuar em causas de até um determinado valor
COMPETÊNCIA ABSOLUTA X RELATIVA
 Quando o critério é material ou funcional, a competência é absoluta
o Nesse caso, não há exceção; a competência é sempre absoluta
 Quando o critério é territorial ou atinente ao valor da causa, como regra geral, a competência
é relativa
o Pode haver competência territorial ou atinente ao valor da causa absoluta
TERRITORIAL
 Toda competência territorial é relativa, salvo disposição no ordenamento em sentido contrário
o O legislador pode usar o critério território e dizer, de forma expressa ou não, que a
competência é absoluta
Exemplo: art. 46, caput, CPC/15 → não há nenhuma previsão, então é competência relativa
Exemplo: art. 47, §2º, CPC/15 → ação possessória imobiliária; previsão expressa de
competência absoluta
EM RELAÇÃO AO VALOR DA CAUSA
 Aqui depende; a competência para mais é absoluta, e para menos é relativa, se a lei não
dispuser em sentido contrário
o Quem tem competência para julgar uma causa sem limite de valor, não tem problema
que julgue causa de valor limitado, então é competência relativa
o Quem tem competência para julgar uma causa com valor limitado não pode julgar uma
causa com valor acima do seu limite
Exemplo: o Juizado Especial Federal pode julgar causas de até 60 salários mínimos; ocorre que
a norma diz que a competência do juizado é absoluta
DISTINÇÃO COMPETÊNCIA ABSOLUTA X RELATIVA
 A diferença básica entre a norma de competência absoluta e a norma de competência relativa
é que na competência absoluta existe um interesse público, enquanto que na competência
relativa o interesse tutelado é privado
o É dessa diferença que deriva o tratamento legal distinto
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 Toda vez que a norma é de competência absoluta presume-se que ela é constituída em prol
do interesse público, da mesma forma que com a norma de competência relativa presume-se
que o interesse tutelado é privado
 A incompetência absoluta pode e deve ser reconhecida de ofício; nesse sentido dispõe o art.
64, §1º
o Se há uma incompetência absoluta, o juiz pode, de ofício, sem que ninguém sustente
a ocorrência dessa incompetência, declará-la, porque incumbe a ele preservar o
interesse público
 A incompetência relativa só pode ser conhecida diante de alegação da parte, só pode ser
objeto de cognição se houver provocação da parte (Súmula 33, STJ)
o Requer a manifestação da parte porque o interesse é privado
o O juiz pode conhecer determinadas situações de ofício, mas se não houve instauração
de contraditório, ele chama as partes para que se manifestem, e depois ele decide
(art. 10, CPC)
 A incompetência absoluta não está sujeita à preclusão, ou seja, ela pode ser alegada a
qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição; mais do que isso, a incompetência absoluta
pode ser alegada até mesmo após a formação da coisa julgada, como fundamento da ação
rescisória
o A incompetência absoluta é um vício tão grave que o legislador resguarda a alegação
desta de preclusão (art. 64, §1º c/c art. 966, II)
 A incompetência relativa tem de ser alegada até o oferecimento da contestação, sob pena de
preclusão (art. 64, caput, e art. 65)
o Se não é alegada como preliminar de contestação ou até o oferecimento da
contestação, preclui
 A competência absoluta não pode ser alterada pela vontade das partes, enquanto que a
relativa pode
Exemplo: locador e locatário, pessoas físicas, não podem colocar no contrato que eventual
ação de despejo tramitará na Justiça Federal, porque a regra de competência é absoluta
 É possível alterar a regra de competência relativa
Exemplo: ação de cobrança deve ser proposta no foro de domicílio do réu, mas nada impede
que as partes estabeleçam que a ação tramitará em outro lugar
 A competência relativa pode ser alterada em razão da vontade das partes, o que não ocorre
com a absoluta (arts. 62 e 63, CPC)
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 Em alguns aspectos, existem semelhanças; reconhecida a incompetência, tanto a absoluta


como a relativa, a consequência é a remessa dos Autos ao juízo competente
Exemplo: ação era competente da justiça trabalhista e foi proposta no juízo cível (absoluta);
reconhecida a incompetência absoluta, remete-se os Autos ao juízo trabalhista
Exemplo: ação devia ser proposta em Salvador, mas foi proposta em FSA (relativa); se for
arguida a incompetência, a implicação é a remessa dos Autos ao juízo de Salvador
 O reconhecimento da incompetência não gera a extinção do processo, mas apenas a remessa
dos autos ao juízo competente; remetido ao juízo competente, os atos praticados de natureza
não decisória são válidos, mas os atos decisórios poderão ser afastados ou confirmados pelo
juízo competente, sendo que enquanto não houver manifestação, eles continuam produzindo
efeitos (art. 64, CPC)
 A regra é que o reconhecimento da incompetência não leve à extinção do processo, e isso
decorre até do art. 64, §3º, mas essa regra não é absoluta nos seus termos; se há, no processo,
competência do juízo para parte da postulação e incompetência do juízo para outra parte da
postulação, havendo o reconhecimento de incompetência, haverá extinção parcial do
processo sem exame do mérito, porque a solução de remessa não atenderá as necessidades
Exemplo: a parte formulou pedidos e dentre eles um é de competência do juízo de família,
outro de competência do juízo de fazenda pública; proposta perante o juízo de família, ele
extinguirá parcialmente em relação ao que for competência do juízo da fazenda pública (se
remetermos o processo resolveremos uma incompetência, mas criaremos outra)
 Outra exceção diz respeito aos juizados especiais; neles, pelo menos nos estaduais, o
entendimento é de que o reconhecimento da incompetência leva à extinção do processo, isso
em razão do que está disposto no art. 51, III, da Lei 9.099
o Na Lei dos Juizados, fala-se em incompetência territorial, que é uma incompetência
relativa; se esse vício já enseja a extinção do processo, por conseguinte, o vício mais
grave, que é de incompetência absoluta, também extinguirá o processo
PERPETUAÇÃO
 Em verdade, embora o termo utilizado para designar o instituto seja “perpetuação de
jurisdição”, a rigor, o que se trata é da perpetuação da competência, que está disciplinada no
art. 43, CPC
 Toda competência decorre de norma, por força do princípio do juízo natural; a norma faz uso
de fatos da vida para poder estabelecer a competência, e esses fatos são suscetíveis de
alteração – os fatos da vida estão sujeitos a alteração, e não seria razoável se, toda vez que o
fato da vida mudasse, a competência também alterasse
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o Por isso, é preciso estabelecer o momento em que o fato será aferido, e a partir de
qual momento essa aferição interferirá no processo
Exemplo: a ação de cobrança deve ser proposta no foro de domicílio do réu, mas imaginemos
que o réu, enquanto tenha contraído a obrigação, residia em Salvador e, com o vencimento da
obrigação, está residindo em Lauro de Freitas; quando ajuizada a ação, residia em Camaçari;
depois é citado em Mata de São João e, após a citação, estabeleceu domicílio em Conde
 Da mesma forma, as leis mudam no tempo, uma lei revoga a outra, e por isso é preciso
estabelecer qual lei regulará a competência; com esse instituto estabelece-se o momento
temporal para aferição da norma que regula a competência e para a interpretação da norma
e, a partir daí, a competência não sofrerá alteração
 Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta, entendendo-se como
proposta quando a petição inicial é registrada ou distribuída, sendo, em linha de princípio,
irrelevantes as ações de fato ou de direito ocorridas posteriormente
o A norma em vigor naquele momento regulará a competência, e o fato da vida ocorrido
naquele momento e eleito pela norma é que será utilizado para fins de determinação
de competência
o No exemplo anterior da ação de cobrança, importa o momento em que a ação foi
proposta, ou seja, o que importa é que o réu residia, naquele momento, em Camaçari;
as mudanças sofridas antes ou depois disso são, a princípio, irrelevantes
 A regra de perpetuação da jurisdição não é absoluta, ela sofre exceção nas situações indicadas
na parte final do art. 43: quando houver supressão de órgão judiciário ou alteração de regra
de competência absoluta; isso possui uma certa obviedade
o Se o órgão judiciário deixou de existir e processos tramitam naquele órgão, esses
processos devem ser encaminhados para algum lugar, fato que altera a competência
Exemplo: diante da crise, o TJ quer extinguir as comarcas do interior; imaginemos que
a comarca da Acajutiba seja extinta: os processos que lá tramitam deverão ser
remetidos para algum lugar
o Por outro lado, a lei excepciona a alteração de regra de competência absoluta; na
competência absoluta há interesse público, e havendo interesse público, ele há de ser
preservado
Exemplo: se em determinada comarca só há vara única, e depois cria-se outra,
estabelecendo que essa nova terá competência criminal e de fazenda pública, a antiga
terá apenas competência residual; os processos que tramitavam na vara única são
remetidos para a nova vara
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 Um outro aspecto a ser considerado diz respeito ao fato de que toda competência decorre de
norma, então os preceitos do CPC que cuidam de competência são normas, mas eles podem
também ser excepcionados por norma
Exemplo: aqui em Salvador, até mais ou menos 2 anos atrás, tínhamos 32 varas de relações de
consumo, cíveis e comerciais; uma lei estadual disse que era preciso especializar, e propôs que
transformássemos as 32 em 20 de relações de consumo e 12 de relações cíveis e comerciais.
Se a norma não dissesse nada mais, os processos que tramitavam nessas 32 varas iriam ser
remetidos de acordo com a matéria, mas a lei disse que essas varas preservariam a
competência em relação aos processos que já tramitavam (isso vai contra a regra geral posta
no art. 43 do CPC, mas é possível porque toda competência decorre de norma)
 Anotar sobre desmembramento de comarca
COMPETÊNCIA TERRITORIAL
 Para saber qual o foro competente, é preciso diferenciar a ação em real e pessoal, como
também distinguir a ação real imobiliária da mobiliária
o Tem-se uma ação real quando a discussão deriva do direito de posse ou propriedade;
os direitos reais são aqueles taxativamente previstos em lei, oponíveis erga omnes, e
o direito que não é real, é pessoal
 A pretensão da ação real deriva do direito real
o Sendo real, pode ser real imobiliária ou mobiliária, se tem por objeto imóvel ou móvel
 O art. 46, CPC, diz que a ação fundada em direito pessoal ou em direito real mobiliário será
proposta no foro de domicílio do réu – essa é a regra geral de competência relativa
o Os parágrafos do art. 46 disciplinam sobre a questão do foro de domicílio
o Propor no foro de domicílio do réu para facilitar o exercício de direito de defesa, mas
se o réu possui mais de um domicílio, presume-se que ele pode se defender em
qualquer um deles, por isso faculta-se ao autor a escolha do foro (art. 46, §1º)
o Quando o domicílio do réu é incerto, desconhecido, o autor pode propor a ação no
seu domicílio ou no local que o réu circunstancialmente for encontrado ou estiver
quando da propositura da ação (art. 46, §2º)
o Quando o réu está domiciliado fora do país, parte-se da premissa de que para ele é
indiferente, buscando-se tutelar o direito do autor, propondo-se a ação no domicílio
do autor
o Se autor e réu são domiciliados no estrangeiro, a ação será proposta em qualquer foro
do país (art. 46, §3º)
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o Se existem dois ou mais réus e se forma o litisconsórcio, cabe ao autor escolher onde
ele quer litigar, e nenhum dos réus pode se insurgir se efetivamente um deles está no
lugar escolhido pelo autor (art. 46, §4º)
 As ações possessórias imobiliárias e as ações reais imobiliárias tramitam no foro de situação
da coisa, no local onde se encontra o imóvel; essa competência, para as possessórias, é sempre
absoluta, e para as ações reais imobiliárias ela é absoluta para a esmagadora maioria dos casos
(art. 47 e parágrafos)
o O foro de situação da coisa não necessariamente se refere a um município; o foro
competente é o da comarca em que se situa o imóvel
o Se o âmbito for federal, se considera seções e subseções judiciárias que, em princípio,
abarcam várias comarcas
IMÓVEIS QUE SE LOCALIZAM EM MAIS DE UMA COMARCA
 Pode ser que o imóvel se localize em mais de uma comarca; o art. 60 atribui competência
concorrente às comarcas e cabe ao autor deliberar acerca do local em que irá propor a ação,
pouco importando onde está a maior área / sede do imóvel (no caso de fazenda, por exemplo)
o Quando o autor escolhe uma das comarcas, há uma prorrogação de competência em
relação a todo o imóvel, seja ação real imobiliária ou ação possessória imobiliária
Exemplo: um imóvel está nos limites entre Salvador, Lauro de Freitas e Simões Filho; há
competência concorrente das três comarcas
 Aqui temos uma hipótese excepcional de prorrogação de competência absoluta
 O que pode ocorrer em situações de competência concorrente é a propositura de ações em
comarcas distintas, ou até mesmo a propositura de ações diversas na mesma comarca; os arts.
58 e 59 cuidam do tema
Exemplo: no exemplo anterior, A ajuíza ação de reintegração de posse contra B em Salvador,
e B ajuíza ação de manutenção de posse contra A em Simões Filho; são ações conexas
propostas em separado, que tem que ser reunidas no juízo prevento
REGRAS ESPECÍFICAS DE COMPETÊNCIA
 As regras dos arts. 46 e 47 são regras gerais, que podem, eventualmente, serem afastadas por
regras específicas, e o CPC, a exemplo da legislação extravagante, traz regras especificas de
competência
 No caso em que há uma lei geral e uma lei específica, se aplica a regra específica, mas, para
fins de competência, nem sempre essa regra é aplicada
 As competências se classificam em absoluta (interesse público) e relativa (interesse privado)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o Quando há concorrência entre duas regras de competência absoluta, se aplica a mais


especial; o mesmo quando há concorrência de duas regras de competência relativa
o Quando há uma concorrência entre uma regra de competência absoluta e uma regra
de competência relativa, ainda que a relativa seja mais especifica, se aplica a de
competência absoluta, porque o interesse público prevalece sobre o interesse privado
 O CPC traz regras de competência territorial específicas, como a legislação extravagante
também o faz
Código de Processo Civil (arts. 48 a 53)
 São todos casos de competência relativa
Ações envolvendo o espólio e a sucessão (art. 48)
 Aqui nós temos uma regra específica de competência relativa para as situações de inventário,
partilha de bens, ações envolvendo a sucessão e ações em que o espólio é réu
 Há competência do domicilio do autor da herança para as ações envolvendo a sucessão e nas
quais o espólio seja réu
o O autor da herança é o falecido, aquele cujo patrimônio vai ser inventariado
o Deve-se verificar o último domicílio do falecido; quando ele veio a óbito, tinha
domicílio aonde? (não é onde ele estava quando morreu, mas o domicílio)
Exemplo: o sujeito tinha domicilio em Salvador, mas morreu em viagem ao Rio de
Janeiro; o foro de competência é o de Salvador
o Quando o falecido tinha domicilio no estrangeiro ou não era certo, se regula pelo §x;
o foro competente é o foro de situação dos imóveis
Exemplo: a pessoa faleceu na França e tinha imóvel em Praia do Forte; o foro de
competência é de Mata de São João
o Pode ser que os imóveis se localizem em duas ou mais comarcas, então qualquer delas
será competente
Exemplo: o sujeito faleceu em Roma quando tinha domicilio lá, e tinha imóvel em
Salvador e Lauro de Freitas; o foro pode ser em qualquer das cidades do imóvel
 Exemplo de concorrência de competência: se o sujeito tinha domicílio em SSA, o óbito ocorreu
em Lauro de Freitas, ele tinha imóveis em Camaçari, FSA e Ilhéus, e alguém ajuíza ação contra
esse sujeito de usucapião envolvendo imóvel situado em FSA, vai tramitar no juízo de FSA
o Embora haja uma regra de competência relativa especial, deve-se aplicar a regra de
competência absoluta
 No caso em que há eleição de foro, ela se impõe aos sucessores
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Exemplo: o sujeito tinha domicílio em SSA, o óbito ocorreu em Lauro de Freitas, ele tinha
imóveis em Camaçari, FSA e Ilhéus, e tinha contrato de mútuo no RJ; o foro será o Rio de
Janeiro, que foi o foro eleito
Ações contra o ausente (art. 49)
 Serão no foro do domicílio do agente no momento em que desapareceu
 Ausente é aquele que abandona os seus bens e negócios sem deixar representante; a ausência
só se caracteriza juridicamente quando é declarada
 Deve-se observar a mesma regra de concorrência entre uma regra geral de competência
absoluta e esta regra específica de competência relativa
Ação contra o incapaz (art. 50)
 A ação contra o incapaz será ajuizada no foro de domicílio de seu representante ou assistente
 É uma norma que não tem nenhum efeito prático, porque a regra geral é que a ação é proposta
no domicilio do réu, e o domicílio do incapaz é o domicílio do representante; logo, essa norma
não disciplina nada diferente da regra geral
Ações propostas contra a União (art. 51)
 Vamos estudar em momento próprio a competência da Justiça Federal, então vamos estudar
esse artigo mais adiante
Ações envolvendo os estados ou DF (art. 52)
 Aqui temos duas situações diferentes
 Quando o estado ou DF são autores, eles vão demandar alguém, e o foro será o de domicílio
do réu; todavia, se houver regra especifica, ela será aplicada, e se houver regra de competência
absoluta, será aplicada a regra de competência absoluta
Exemplo: se o réu é domiciliado em Itaparica e o estado propõe ação de usucapião de imóvel
que tem em FSA, o foro será FSA
 A ação proposta contra o estado ou DF poderá ser demandado à escolha do autor, no seu foro
de domicilio ou naquele foro que ocorreu o ato ou fato que deu motivo a propositura da ação,
ou no foro da coisa (quando for ação que envolve coisa), ou no foro da capital do Estado,
exceto se houver regra específica ou de competência absoluta
Artigo 53
Ações de divórcio e afins (inciso I)
 No CPC/73, havia privilégio para a mulher
 Atualmente, não há privilegio nem para o marido nem para a mulher; se procura tutelar os
interesses dos filhos incapazes, então a ação vai ser proposta no foro de domicílio do guardião
do incapaz
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o Se não houver filho incapaz, o foro será o que o casal tinha domicilio junto; se nenhum
dos dois morar mais lá, o foro será o de domicílio do réu
Ações de alimentos (inciso II)
 Será o foro do alimentando (quem recebe os alimentos), por conta do desequilíbrio da relação,
vez que o alimentando depende dos valores pagos pelo alimentante para sua subsistência; por
isso se cria o privilégio de foro para o alimentando
o É uma forma de tentar equilibrar a relação
 As regras, em geral, que tratam de privilégios são interpretadas restritivamente; então, se diria
que para as demais ações envolvendo alimentos não haveria privilegio, mas o STJ tem decidido
em dar interpretação extensiva a essa norma
o O STJ chega ao extremo de dizer que em hipótese de ação conjunta de investigação
de paternidade e alimentos, deverá ser proposta no domicílio do alimentando (Súmula
01/STJ)
Inciso III
 As alíneas “a” e “b” se referem a ações envolvendo pessoa jurídica
o Aqui é preciso trazer algumas considerações: a PJ sempre poderá ser demandada no
local em que se encontra sua sede, e apurar a sede pressupõe a análise dos atos
constitutivos da PJ; o autor tem a opção de demandar a Pessoa Jurídica no local onde
está a sua agência sucursal ou filial, se a ação se origina de negócio jurídico celebrado
com a sucursal ou filial
o Nas ações de consumo, o consumidor tem privilégio de foro; além disso, o consumidor
pode optar pelo local da sede, ou da filial ou sucursal que com ele contratou
 A alínea “c” trata da situação em que se trata de uma sociedade irregular (consequentemente
não tem atos constitutivos e sede); quem vai ser demandado não é a associação, mas as
pessoas que atuam em seu nome, então essas pessoas vão ser demandas no local em que
exercem as suas atividades
 A partir da alínea “d”, temos foro para situações específicas, sendo que, no mais das vezes,
esses foros não excluem a regra geral
 Alínea “d”: a ação que se exige prestação, existe um lugar em que a prestação deve ser dada,
e esse será o foro competente, mas isso não exclui a regra geral; a escolha fica a cargo do autor
 Alínea “e”: se o idoso é réu, a ação será proposta no foro de seu domicílio; se o idoso for autor
e o direito que está buscando for com base no Estatuto do Idoso, o foro competente será o de
seu domicílio (é um foro que ele pode abrir mão); se o idoso for autor e o direito não for
baseado no Estatuto, o foro será a regra, de domicílio do réu
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 Alínea “f”: é um preceito que foi trazido em benefício dos cartórios extrajudiciais; as ações
indenizatórias contra essas PJs tramitam no local em que o ofício está sediado
Inciso IV
 Alínea “a” (ações decorrentes de ato ilícito): o foro é o local em que foi praticado o ato ou fato,
sem exclusão da regra de competência relativa geral
Exemplo: alguém é domiciliado em SSA, e em um evento em FSA profere discurso que ofende
alguém; o ofendido pode propor a ação em SSA ou FSA
o Uma questão que é atual em relação as ações indenizatórias diz respeito as situações
nas quais o ato ou fato é praticado de maneira virtual; o entendimento que se tem
tido sobre a apuração do local do fato, deve-se interpretar que além do foro do
domicílio do réu, há o foro de onde o fato teve maiores consequências
 Alínea “b”: se vai ser discutida a gestão ou administração de negócios alheios, o foro
competente é o local em que houve a gestão ou a administração, sem prejuízo da regra geral
de foro do domicílio do réu
Exemplo: você tem uma fazenda de Cacau em Itabuna, e um administrador que mora em outro
local; o autor pode optar por ajuizar a ação em Itabuna ou no local de domicílio do
administrador
Inciso V: ação de reparação por dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículo
 Há três foros: local do ato ou fato; domicílio do autor; regra geral (domicílio do réu)
 Geralmente é bom se antecipar na ação, porque quando há o acidente e há o litigio, há um
pensamento de ambas as partes de que a culpa é do outro, então ambos podem ser propor
ações nos foros de seu domicílio, o que “puxa” a competência para lá
MODIFICAÇÃO
 É um fenômeno que alcança, exclusivamente, a competência relativa
o Prorrogação de competência absoluta é excepcional e expressamente prevista em lei
 Esta prorrogação de competência é uma modificação de competência; em grossas linhas,
quando há prorrogação, há aquisição de competência por um juízo que não seria competente,
seja em razão da vontade das partes, seja em razão de disposição legal
 Se classifica em voluntária e legal
VOLUNTÁRIA
 Se verifica quando há foro de eleição ou inércia do réu
Eleição de foro
 O art. 63 diz que as partes podem alterar a competência em razão do território ou em razão
do valor da causa, escolhendo ou elegendo um foro
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 Quando o legislador fala nas hipóteses de competência territorial e atinentes ao valor da


causa, ele quer fazer referência às hipóteses de competência relativa; não é possível a eleição
de foro quando a competência territorial ou atinente ao valor da causa seja absoluta
o Pressupõe, necessariamente, uma hipótese de competência relativa
 É preciso que se faça a diferença entre foro, juízo e juiz; a eleição é de foro, não de juízo, nem
de juiz
o O foro é a unidade territorial; no âmbito estadual, os foros são as comarcas, e no
âmbito federal são as seções ou subseções judiciárias
o Não se pode eleger o juízo, que é a unidade judiciária, o órgão judicial; alguns foros só
possuem uma unidade judicial, mas Salvador, por exemplo, tem várias varas, então
não se pode escolher a vara, mas apenas o foro da comarca da capital
o Não se pode escolher o juiz, por conta do princípio do juiz natural
 Necessariamente, a eleição de foro deve se dar por meio de documento escrito
o Existem meios de prova que podem ser até mais eficientes do que o escrito (áudio,
vídeo), mas o que se exige necessariamente é a forma escrita; nem todo contrato é
escrito, mas a clausula de eleição tem que ser escrita
 A eleição de foro tem de ser feita para negócio(s) jurídico(s) determinado(s)
Exemplo: a eleição de foro pode haver em um contrato de aluguel; mas, João e José não podem
eleger o foro para quaisquer litígios que venham a ter nos próximos dois anos
 A cláusula de eleição de foro vai vincular os sucessores (§2º, art. 63)
 Para fins de conclusão, é preciso também fazer a ponderação no sentido de que a clausula de
eleição de foro tem natureza contratual e, assim, se caracteriza como negócio jurídico, e está
sujeita aos requisitos de validade do negócio jurídico em geral
 A partir dos anos 90, a jurisprudência foi evoluindo gradativamente no sentido de tornar nulas
as cláusulas de eleição de foro em contratos de adesão, quando esse contrato fosse em uma
relação de consumo
o Em um contrato de consumo, as cláusulas de eleição de foro, se dificultam o acesso
do consumidor ao Judiciário, ela é nula
o O CPC/73 sofreu alteração no sentido de trazer disposição expressa da possibilidade
de anulação de cláusula de eleição de foro no caso de contrato de adesão na relação
de consumo
o O NCPC, no art. 63, §3º, trata da nulidade da cláusula de eleição do foro quando esta
for abusiva, que não é necessariamente a que está posta no contrato de adesão ou no
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

contrato de consumo, mas é aquela que, na situação concreta, impede ou cria


dificuldade excessiva ao acesso à justiça pela parte
 A incompetência relativa não pode ser conhecida de ofício; quando se tem discussões em
torno da eleição de foro, se tem discussões em torno de competência relativa, então a
disposição do §3º é temerária no sentido de possibilitar ao juiz o reconhecimento de ofício da
nulidade da cláusula de eleição de foro; isso às vezes cria problema para a própria parte
Exemplo: o sujeito mora em Pé de Serra, faz um contrato de financiamento de veículo e elege
a comarca de Salvador; ajuíza a ação em SSA e o juiz reconhece a incompetência e remete os
Autos para Pé de Serra, mas quem garante que para a parte não era melhor o foro de Salvador?
 Se o juiz não reconhecer a nulidade de ofício e a parte não alegar em contestação, preclui a
possibilidade de alegar a nulidade da cláusula de eleição de foro (art. 63, §4º)
Inércia do réu
 É uma situação que já foi estudada aqui ao longo do curso
 O foro era de Simões Filho, por exemplo, mas o autor ajuíza a ação em Salvador; se o réu não
arguir nada, ele está concordando com a escolha de foro do autor
o Significa que as vontades convergiram com relação à escolha do foro, então a
competência se prorroga
LEGAL
 Se opera quando há conexão ou continência
 Os elementos da ação são: partes, pedido e causa de pedir; a partir deles é que vamos
identificar a existência de conexão ou continência
 Em relação à teoria da ação, temos a teoria da substancialização, que implica o
desdobramento da causa de pedir em: causa de pedir remota e próxima
o Não peguei direito sobre causa de pedir, principalmente a distinção entre remota e
próxima
Conexão
 Se verifica quando há identidade, ainda que parcial, de causa de pedir e/ou pedido (art. 55)
o Para a conexão, é indiferente o elemento “partes”
 A causa de pedir ou pedido serem apenas parecida não implica em conexão; o que se exige
não é uma similitude da situação fática ou jurídica, mas uma identidade, uma correspondência,
se quer a mesma coisa, o mesmo bem da vida, com base no mesmo fato
Exemplo: se dois professores pedem, pelo mesmo motivo, o mesmo valor à Universidade, não
são ações conexas, porque cada um pede o valor para si, então os pedidos se assemelham,
mas não são idênticos; além disso, a causa de pedir é fato, e os fatos são todos diferentes,
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

porque fato é o acontecido no campo da vida, e o acontecido no campo da vida é diverso para
esses dois sujeitos
 A mera similitude de questões fáticas ou jurídicas não significa que as ações sejam conexas;
todavia, essa similitude permite que seja formado o litisconsórcio (art. 113, III)
 Se há conexão, haverá reunião de processos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver
sido sentenciado (art. 55, §1º)
o Os processos podem estar tramitando em juízos ou até mesmo em foros diferentes,
mas serão reunidos
o O critério utilizado para essa reunião será o juízo prevento (art. 58)
o A prevenção do juízo será feita levando em consideração a data da distribuição (o juízo
no qual o processo foi distribuído primeiro será o juízo prevento); se for uma comarca
em que não há distribuição, será levada em conta a data do registro da ação (art. 59)
 Os processos conexos são reunidos por dois motivos: 1) para evitar decisão contraditória; 2)
em razão de economia processual
 Há interesse público em evitar decisões contraditórias, bem como na economia processual,
daí porque, se há conexão, obrigatoriamente a reunião dos processos se opera; não é uma
faculdade do juiz, não há espaço para discricionariedade judicial (art. 55, §1º diz que as ações
serão reunidas, não que poderão ser reunidas)
 Não há sentido em reunir ações conexas quando uma delas já foi sentenciada porque não há
como atingir o objetivo pretendido
o Súmula 235 do STJ
 Se há diversidade de competências absolutas, não vai haver reunião de ações conexas
Exemplo: uma ação penal e uma ação cível com a mesma causa de pedir (acidente no Vale do
Canela, por exemplo) não poderão ser reunidas, por conta da competência absoluta relativa à
matéria
 A conexão pode ser conhecida de ofício ou por alegação da parte
o É difícil o juiz tomar conhecimento de ofício de ação conexa
o A parte pode alegar a conexão por meio de preliminar de contestação
 O NCPC traz um dispositivo que é muito questionado, que é a hipótese de reuniões de processo
sem que haja conexão (§3º, art. 55); Fredie chama de conexão por equiparação, porque,
apesar de não ser conexão, se autoriza a reunião quando se entende que poderão haver
decisões conflitantes ou contraditórias
o Tem uma larga margem de subjetividade
o Esse dispositivo ainda não tem sido aplicado
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o O professor não vê razão de ser nessa reunião, porque, em último caso, o STF
uniformizaria o entendimento
Continência
 Ocorre quando houver identidade quanto as partes e quanto à causa de pedir, mas o pedido
de uma for mais amplo do que o da outra, abrangendo-o (art. 56)
o A ação maior é chamada de ação continente, enquanto que a ação menor é chamada
de ação contida
Exemplo: o Homem promove ação de divórcio + partilha de bens contra a mulher, e a mulher
promove ação de divórcio + partilha de bens + alimentos contra o marido; a segunda ação é
continente, enquanto que a primeira é contida
 Em toda continência há conexão, mas nem em toda conexão há continência
 A identidade de partes para a continência pode ocorrer em polos trocados
 É muito raro encontrar situações de continência
 Quando a ação continente houver sido proposta antes que a contida, esta terá sentença
proferida sem resolução do mérito; quando a continente é posterior à contida, as ações serão
necessariamente reunidas (art. 57)
AÇÕES ACESSÓRIAS
 O art. 61 traz uma regra de competência funcional: a ação acessória será proposta no juízo
competente para julgamento da ação principal
o Sendo funcional, a competência tem natureza absoluta
 Acessória é aquela ação que depende da principal; existem certas ações que só se justificam
pela existência de outra (ex.: embargos de execução pressupõem uma execução)
JUSTIÇA FEDERAL
 A jurisdição é una, mas a estrutura judiciaria se subdivide; a justiça comum pode ser estadual
ou federal
 Se pensarmos em termos de atividade jurisdicional, o primeiro ponto a ser verificado é se há
ou não jurisdição brasileira; é um estudo que já fizemos
 Havendo jurisdição nacional, o passo seguinte é verificar se a atividade jurisdicional incumbe
ou não ao Judiciário (os crimes de responsabilidade incumbem ao Legislativo)
 Em termos de determinação de competência, deve-se verificar algumas coisas: 1) limites da
jurisdição; 2) competência judiciária; 3) jurisdição comum ou especializada (eleitoral,
trabalhista ou militar); 4) se a jurisdição é comum, vai ser federal ou estadual; 5) competência
territorial; 6) Lei de Organização Judiciária (verificar se existem varas privativas); 7) distribuição
 A competência federal é sempre taxativa, e está toda prevista na Constituição
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 Os órgãos que compõem a estrutura judiciária federal são: 1) juízes federais, Juizados Especiais
Federais (art. 109); 2) Tribunais Regionais Federais (art. 108); 3) STJ (art. 105) e 4) STF (art. 102)
JUSTIÇA FEDERAL DE 1º GRAU
 Analisar a competência da justiça federal de 1º grau é analisar o art. 109 da Constituição, que
traz competência tanto criminal quanto cível (tudo que não é criminal) dos juízes federais
 Essa competência está pautada em alguns critérios: pessoas; matéria
Competência federal em razão das pessoas
Art. 109, I
 Se estabelece um critério de competência levando em consideração os sujeitos
 Se figura como autor, réu ou terceiro interveniente um desses entes, a competência é da
justiça federal
 É uma competência funcional e, portanto, absoluta
 Se a União configura como parte ou como terceiro interveniente, a competência é da JF (salvo
as ressalvas postas na parte final do dispositivo)
 As causas que envolvam autarquias federais são de competência da Justiça Federal
o Autarquia federal detém personalidade jurídica própria; é criada por um ente
administrativo para uma determinada finalidade
o Também é de competência da JF julgar as ações envolvendo conselhos de fiscalização
profissional (Súmula 66, STJ); os conselhos têm natureza autárquica, embora não o
sejam propriamente
o Também têm natureza autárquica as fundações públicas, então as fundações públicas
federais têm foro federal
 A JF tem competência para julgar as ações envolvendo empresas públicas federais, que são
aquelas cujas a totalidade do capital social pertence à União (ex.: Caixa Econômica Federal)
o Há uma diferença entre empresa pública e sociedade de economia mista; na sociedade
de economia mista, a maioria do capital é público, mas não sua totalidade
o Se há uma sociedade de economia mista, ainda que o controle acionário seja da União,
a competência é da Justiça Estadual
 O fato de atuar o MPF não leva, necessariamente, à existência de uma competência federal
 Nem sempre, todavia, em que esses sujeitos figuram como parte, vamos ter competência da
JF; algumas exceções estão expressamente postas no inciso I do art. 109: ações de falência,
acidentes de trabalho, as sujeitas à Justiça Eleitoral ou à Justiça do Trabalho
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o A falência é uma espécie de execução coletiva, na qual se reconhece o estado de


solvência de um determinado empresário ou empresa; é natural que em toda falência
exista interesse federal, porque deixa de pagar os compromissos tributários
 A expressão “falência” deve ser interpretada em sentido amplo, entendendo
como toda ação em que há concurso de credores (ex.: recuperação judicial)
o Qualquer ação de qualquer pessoa contra o INSS tramita na Justiça Federal, exceto
quando o pedido deriva de acidente de trabalho
 O acidente de trabalho é toda aquela lesão ou incapacidade para realizar suas
atividades que decorre do labor
 A depender das circunstancias em que ocorre o acidente de trabalho, além de
pretensão em face do INSS, pode haver pretensão em face do empregador;
esta só é viável se há culpa do empregador e, nesse caso, a competência será
da Justiça do Trabalho, mesmo quando deriva de acidente do trabalho
 Responsabilidade objetiva do INSS e subjetiva do empregador
 Não há nenhuma hierarquia entre juiz federal e juiz estadual; existe uma atribuição
constitucional diferente para ambos
 A Constituição diz que cabe ao juiz federal julgar causas dos entes federais nas condições aqui
expostas; a partir daí, a competência para aferir se há ou não competência federal é do juiz
federal
o Não pode haver conflito de competência entre juiz federal e estadual acerca da
competência federal, porque não cabe ao juiz estadual analisar isso (Súmulas 150 e
254, STJ)
o Se o processo vem para o juiz estadual em razão do reconhecimento, pelo juiz federal,
da ausência de competência federal, não poderá ser suscitado o conflito
o Se uma ação é ajuizada na justiça estadual e o juiz entende que envolve um ente
federal, ele vai remeter à justiça federal
Art. 109, VIII (julgamento de mandado de segurança e habeas data)
 O critério utilizado aqui não é a parte, mas sim a natureza da autoridade a quem se imputa a
prática do ato ilegal ou abusivo (autoridade coatora)
 Considera-se autoridade federal, para fins de MS, não somente aquele sujeito que tem vínculo
com a administração pública federal; também é considerado assim o agente particular que
atua em exercício de atividade federal delegada, então, por equiparação, é autoridade federal
Exemplo: diretor, coordenador de curso, professor de faculdade particular, desde que o objeto
da impetração seja o ensino superior
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Art. 109, II
 Existe uma hipótese de competência da JF que também é relativa à pessoa; quando a ação
envolve estado estrangeiro ou organismo internacional e, do outro lado, particular ou
município
Exemplo: acidente envolvendo um brasileiro e um veículo do Consulado da Bélgica
Competência federal em razão da matéria
Ações envolvendo interesses indígenas (inciso XI)
 Ações envolvendo disputa sobre interesses indígenas
 O interesse indígena a que alude a Constituição é o interesse coletivo indígena, e não o
interesse individual
Exemplo: se alguém pega dinheiro emprestado com um índio e não paga, a competência é da
Justiça Estadual, porque não se trata de interesse coletivo
Causas referentes a naturalidade ou à naturalização (inciso X)
 Se a lide gira em torno de naturalidade ou naturalização, a competência é da JF de 1º grau
Competência excepcional em relação à matéria (art. 109, V c/c §5º)
 É uma hipótese que não haveria competência da JF, mas se entende que há uma grave violação
de direitos humanos que estaria expondo o país, a partir do momento em que este é signatário
de tratados internacionais
 Se a resposta da Justiça Estadual não for satisfatória, a competência poderá ser avocada pela
JF, mas apenas por meio de incidente instaurado pelo Procurador Geral da República
Competência territorial
 O enfrentamento da competência da JF no aspecto material me perdi
 É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União (regra
geral); a especificidade é que as unidades são unidades distintas, então não se trabalha com a
ideia de comarca, mas de seções e subseções judiciárias
o O foro é a seção ou subseção que engloba a comarca em que o réu está domiciliado
 O parágrafo único do art. 51 cuida das ações em que a União é ré, então temos quatro foros
concorrentes: domicílio do autor; local em que ocorreu o ato ou fato que dá ensejo a
propositura da ação; foro da situação da coisa; Distrito Federal
o Se qualquer desses foros tiver natureza absoluta ou existir qualquer foro de
competência absoluta, este prevalecerá sobre os demais; não existindo competência
absoluta, qualquer dos quatro foros é competente
 Essas regras, em que pese previstas na Constituição, são de competência relativa, então não
cabe ao juiz reconhecer de ofício a incompetência territorial, ressalvadas as exceções em que
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

a competência territorial absoluta (ex.: ações em que se discute se a área é ou não terreno de
Marinha)
POSSIBILIDADE DE DELEGAÇÃO AO JUIZ ESTADUAL
 A regra é que se tenha competência estadual e federal e, não havendo na comarca justiça
federal, que a ação tramite na seção ou subseção que englobe a comarca
 A constituição autoriza a delegação da competência federal para a justiça estadual em uma
hipótese que ela mesma estabelece e em hipóteses outras que a lei venha a estabelecer, desde
que atendidos os requisitos estabelecidos na Constituição
Hipótese da Constituição (art. 109, §3º)
 Ações envolvendo, de um lado, o segurado e, do outro lado, o órgão de seguridade social
(INSS), em não havendo na comarca vara federal, a ação poderá ser ajuizada no foro de
domicílio do autor, entendendo tal foro como sendo a comarca em que ele está domiciliado
o Nesse caso, há delegação de competência federal ao juiz estadual
 Podem advir três situações problemáticas:
1) Em se tratando de uma ação previdenciária e ela deriva de um acidente de trabalho;
aqui, não há competência federal, então não há nem por que pensar em delegação de
competência federal para estadual porque só se delega o que se tem
2) Em se tratando de ação previdenciária que não gira em torno de acidente de
trabalho; se o local de domicilio do segurado tem vara federal, necessariamente ele
vai litigar perante a vara federal
3) A ação não deriva de acidente de trabalho e tem natureza previdenciária, mas o
cidadão mora em comarca que não é sede de seção ou subseção judiciária federal;
então o indivíduo tem a opção de demandar na seção judiciaria federal ou perante o
juiz da comarca, o juiz de direito estadual
 O juiz estadual vai processar o Feito, mas quando julga esse tipo de processo
está exercendo competência federal; recursos vão para o TRF, e não para o TJ,
se é praticado um crime no curso do processo, quem vai investigar é a PF
 A lei pode estabelecer que outras causas sejam julgadas
Lei 5.010
 É a lei que instituiu a JF
 Nas execuções fiscais, quando o executado estivesse domiciliado em comarca que não é sede
de vara federal, elas deveriam ser propostas perante o juiz estadual no exercício de
competência federal delegada; isso foi assim por muitos anos, mas há aproximadamente dois
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

anos esse dispositivo foi revogado, mas com a ressalva de que as ações que já tinham sido
ajuizadas permaneciam tramitando no juízo estadual; a delegação cessou para as ações novas
o A ideia de delegação da competência federal para as execuções fiscais é uma ideia boa
na teoria, por conta da facilitação do acesso à justiça; na prática, as pessoas
começavam a abrir empresas nas comarcas pequenas e as execuções ficavam paradas
Súmula 11, STJ
 Hoje, uma hipótese de delegação de competência que há diz respeito à ação de usucapião
especial rural
 A presença da União ou de qualquer de seus entes na ação de usucapião especial não afasta o
foro de situação do imóvel
 A Súmula 11 só cuida de uma das modalidades de usucapião, que é o rural, que está previsto
na lei 6969/81; se a ação é de usucapião ordinário, extraordinário, urbano, familiar ou coletivo,
se um ente federal ingressou com a ação, ela é remetida para a JF
 Duas coisas são necessárias cumulativamente: 1) que a ação seja de usucapião especial rural;
2) que não exista vara federal na comarca
o Pode ser que o usucapião seja especial rural, o sujeito quer usucapir e ele invoca o
usucapião especial rural; ele promove na vara estadual em local que há vara federal e,
quando a União intervir, tem que remeter para a vara federal; se a ação for ajuizada
em vara estadual em local que não há vara federal e a União intervém na ação, não é
remetida para a vara federal
 Toda vez que há delegação, o juiz estadual age como se federal fosse, então os recursos são
interpostos no TRF
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL
 É um estudo que pode ser feito de maneira rápida; está no art. 108 da CF
 O TRF está subdividido em 5 regiões; a nossa região é a 1ª
 A diferença entre competência originária e derivada é que a competência derivada é a
competência recursal, competência para julgar uma causa que já tramita, enquanto que a
originária é a competência para conhecer originalmente uma demanda
COMPETÊNCIA DERIVADA (art. 108, II, CF)
 Se um recurso é interposto contra decisão de juiz federal ou de juiz estadual no exercício de
competência federal delegada, a competência para julgamento do recurso é do TRF
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA (art. 108)
Alínea “b”
 Ações rescisórias de julgados seus ou de juízes federais de sua região
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o A norma aqui deve ter interpretação extensiva; também cabe julgar as ações
rescisórias pelas sentenças prolatadas por juízes estaduais no exercício de
competência federal delegada
Alínea “c”
 Mandados de segurança e habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal
 Quanto a essa hipótese, existe uma situação que pode causar perplexidade: o juiz eleitoral e o
juiz do trabalho, quando exercem a função, são juízes federais, e pode haver mandando de
segurança contra atos deles; a Constituição estabelece jurisdições especializadas eleitoral e
trabalhista, então o mandado de segurança vai para os respectivos tribunais
o Pode surgir dúvida no caso em que o TRT esteja conduzindo uma licitação, por
exemplo, e o ato praticado seja o ato pelo presidente do TRT que deliberou acerca da
licitação; esse ato tem natureza administrativa, a matéria que vai ser discutida não é
trabalhista, então, a rigor, não há competência da Justiça do Trabalho, mas sim do TRF;
não é esse, entretanto, o entendimento que se consolidou, mas sim que independente
da natureza jurisdicional ou administrativa, os mandados de segurança serão julgados
mediante os respectivos tribunais
 O professor acha que não é a melhor interpretação, mas é a que se consolidou
Alínea “e”
 Conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao tribunal
 O professor entende que se aplica o mesmo raciocínio quando há conflito de competência
entre juiz federal e estadual, quando este estiver no exercício da competência federal
delegada
 Se os juízes federais em conflito não estão sujeitos ao mesmo TRF, ou o conflito seja entre um
juiz federal e um juiz estadual no exercício da competência estadual, o conflito será dirimido
pelo STJ
JUIZADOS ESPECIAIS
 A compreensão da competência dos juizados especiais pressupõe a compreensão do que vem
a ser o Juizado e em que contexto ele surge
O QUE SÃO JUIZADOS ESPECIAIS E BREVE HISTÓRICO
 Os juizados especiais correspondem a uma estrutura que compõe o Poder Judiciário, mas é
relativamente recente; eles surgiram em meados dos anos 80
 É preciso compreender que ao longo do século XX se teve uma modificação social e econômica
muito grande no Brasil; antigamente, o brasileiro médio não tinha potencialidade de se
envolver em litígio, ressalvado o litígio criminal
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 O que se verifica a partir dos anos 40 é uma alteração acelerada desse quadro: o país começa
a passar por um processo de industrialização; há o desenvolvimento do setor terciário;
migração do campo para a cidade; as relações jurídicas, que eram pessoais, passam a ser mais
impessoais; então, em poucas décadas, o cidadão comum que normalmente não se envolvia
em litígio passa a ser potencial litigante
 A estrutura judiciária brasileira entre os anos 30/40 e 70 muito pouco se alterou, mas a
sociedade estava muito diferente, e a estrutura não estava preparada para a quantidade de
novas pessoas potenciais litigantes
 Muitos dos novos potenciais litigantes não tinham como sustentar o ônus de um processo, e
passou-se a ter um fenômeno chamado de litigiosidade contida, ou seja, o sujeito se envolvia
em litígio, mas não ia ao Judiciário porque ele não lhe era acessível
 Esse quadro se agravou de tal forma que começou a se pensar nos Juizados de pequenas
causas, hoje os Juizados Especiais Cíveis, pensados na celeridade, na economia processual, que
se dispensasse o envolvimento de advogado etc., e a população em geral passou a fazer uso
desse serviço
 A Constituição de 88, que tem dentro de suas diretrizes a facilitação do acesso a justiça, tornou
obrigatória a criação de juizados especiais; todos os estados passaram a ter que ter juizados
especiais
 Atualmente os juizados estaduais cíveis são regidos pela lei 9.099/95
 A coisa se desenvolveu de forma tal que houve emenda constitucional que determinou a
criação de juizados especiais federais, regidos pela lei 10.259/2001
 A lei 12.153/2009 criou os juizados especiais da fazenda pública
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
 A ideia de criar juizados é viabilizar uma solução mais célere, um processo mais simples, menos
formal; naturalmente, não é toda causa que pode tramitar no juizado especial
 O critério utilizado leva em consideração o valor ou a matéria, como também leva em
consideração a complexidade
 Não basta que a causa esteja enquadrada nos incisos do art. 3º da Lei 9099; é preciso que ela
seja de baixa complexidade, então os requisitos se somam
o A complexidade não é jurídica, mas probatória, ou seja, a causa tem que,
cumulativamente, se enquadrar nas situações abaixo e não implicar em uma
investigação complexa
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o O momento em que se pode aferir se a causa é ou não complexa é após a resposta,


porque se o fato não é impugnado e a lide gira em torno de questões que aceitam
confissão, pode não haver qualquer complexidade probatória
Exemplo: numa ação sobre erro médico, o médico assume, na contestação, que bebeu
e fez o corte no lugar errado, que é sorte de o paciente estar vivo; nesse caso, não há
qualquer complexidade probatória
Critérios
1) Causas de até 40 salários mínimos (art. 3º, I)
 O critério aqui é um critério econômico; o legislador reconhece que simplificando o processo
existe uma chance maior de erro judiciário, e as consequências sociais em uma causa de
pequeno valor são menos graves do que em uma causa de grande valor
 Observação: a ação foi ajuizada em mar/2016, quando o salário mínimo era menor; para
auferir se há ou não competência hoje dessa ação, se leva em consideração o valor do salário
mínimo à época, porque determina-se a competência no momento em que a ação é proposta
 É possível, em regra, que sendo a causa com valor maior a 40 salários mínimos, o autor abra
mão do valor excedente para que tramite no juizado especial; deve-se analisar se o pedido é
cindível ou incindível (art. 3º, §3º, Lei 9099)
 Nem toda causa com valor até 40 salários mínimos pode tramitar no Juizado Especial (art. 3º,
§2º, Lei 9099)
o Não se pode ter ações de alimentos, ações de divórcio, ações envolvendo acidentes
de trabalho etc., ainda que o valor se enquadre no limite
2) Levando em consideração a matéria
Causas do art. 275, II, do CPC/73 (art. 3º, II)
 As causas do art. 275, II, do CPC; como a lei é de 95, a referência é ao CPC de 73, que é uma
norma que já está revogada, mas para fins de competência de Juizado continua sendo útil o
artigo em questão (previsão do NCPC)
 As causas previstas são causas que tem uma menor complexidade
Exemplo: condomínio cobra do condômino taxas condominiais; acidente de trânsito
 Nesses casos, a causa tramita no juizado independentemente do seu valor, senão essa norma
seria inútil, porque se bastasse o valor, não precisava delimitar a matéria
Ação de despejo (art. 3º, III)
 A ação de despejo pode se fundar em diversos eventos, e pode haver despejo quando o
locador requer o bem para uso próprio e somente nessa hipótese a ação de despejo tramita
no juizado
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Ações possessórias envolvendo imóvel e até 40 salários mínimos (art. 3º, IV)
 As possessórias, inicialmente, não seriam do juizado, mas se ele tem pequeno valor, a ação
tramitará no juizado
 A interpretação a ser dada não é literal; o imóvel pode ser grande e ter valor alto, mas se a
discussão for só sobre parcela da área do imóvel, cujo valor da área é inferior a 40 salários
mínimos, a ação tramita no juizado especial
o Se leva em consideração não o valor do imóvel, mas da área litigiosa
o Se leva em consideração o valor constante nos cadastros públicos para fins tributários
Quem não pode ser parte no juizado especial
 Existem sujeitos que não podem propor ação no juizado especial; não podem compor nenhum
dos polos
 Esse rol está previsto no art. 8º da Lei 9.099: o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito
público, as empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil
 O §1º e demais incisos do art. 8º preveem hipóteses de sujeitos que não podem compor o polo
ativo (ex.: bancos, condomínios...)
Competência territorial
 A regra geral de competência territorial do CPC é que a ação deve ser proposta no domicílio
do réu, a fim de facilitar o acesso à justiça; o desafio aqui é ampliar o acesso do autor sem
restringir os direitos do réu
 A competência do juizado está no art. 4º da Lei 9.099: se mantém a regra geral, mas ela é
ampliada
 Qualquer que seja a escolha do autor, o réu não pode se insurgir contra ela
Inciso I
 A regra geral aqui foi ampliada para alcançar o domicílio real ou profissional do réu
Exemplo: alguém que mora em Villas do Atlântico, mas trabalha em Salvador
Inciso II
 Local do cumprimento da obrigação
Inciso III
 Ações decorrentes de ato ilícito (reparação de dano de qualquer natureza): domicílio do autor
ou local do ato ou fato, na forma do parágrafo único, cumulativamente domicílio real/pessoal
do réu ou domicílio profissional
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS


 A competência da JF está na Constituição, então a Lei do Juizado Especial Federal não pode
criar hipóteses de competência da JF; então, a primeira premissa é que só podem tramitar no
JEF causas que a Constituição prevê como sendo da JF
o Sem um ente federal como réu, não há competência do JEF
Critérios
Pessoas
 O art. 6º da Lei 10.259 diz o rol de pessoas que podem ser autores ou réus
o Réus: União, autarquias, fundações e empresas públicas federais
o Autores: pessoas físicas, micro e pequenas empresas, como definidas na Lei 9.317/96
Valor da causa
 As hipóteses de competência dizem respeito somente ao valor, com algumas exclusões
 Valor de até 60 salários mínimos, mas nem toda causa que tem esse valor como limite
o Existem causas que, por sua natureza, estão excluídas
o Devem envolver os sujeitos do art. 6º e não devem dizer respeito às exceções do §1º
do art. 3º
Exceções do art. 3º
Inciso I: referidas no art. 109, II, III e XI, da CF, ações de mandados de segurança, de desapropriação,
de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por improbidade administrativa e as
demandas
Terminar de copiar as hipóteses legais.
JUIZADO ESPECIAL DE FAZENDA PÚBLICA
 É um juizado especial estadual, que foi pensado a fim de viabilizar o processamento das causas
envolvendo a administração pública estadual e municipal
 Está previsto pela lei 12.153/2009
 Esse juizado está estruturado de forma muito semelhante aos juizados federais, porque é um
juizado da fazenda pública, mas estadual e municipal
Pessoas
 Autores: pessoas físicas, micro e pequenas empresas
 Réus: Estados, Distrito Federal, territórios e municípios, bem como autarquias, fundações e
empresas públicas a eles vinculadas
o É uma adaptação da lei dos JEFs, com uma adaptação para os entes estaduais
Hipóteses de competência
 O raciocínio é o mesmo que no caso dos juizados federais
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Art. 2º, § 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial da Fazenda Pública:


I – as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, por
improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses difusos e coletivos;
II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, autarquias e
fundações públicas a eles vinculadas;
III – as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos
civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares.
§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência do Juizado Especial, a
soma de 12 (doze) parcelas vincendas e de eventuais parcelas vencidas não poderá exceder o valor referido
no caput deste artigo.

Inciso II
Copiar depois as hipóteses, bem como as exclusões.
DA FACULDADE DO AUTOR DE PROPOSITURA DA AÇÃO NOS JUIZADOS
 Nos juizados especiais cíveis, da lei 9.099, há uma faculdade do Autor de propor ação perante
esses juizados; ele pode optar por demandar na justiça comum
o A recíproca não é verdadeira, porque o caso que não é de competência do juizado não
pode ser trazido para ele
o A incompetência para mais é absoluta, para menos é relativa
 Nos juizados federais, essa regra não se aplica, porque tanto no art. 3º da Lei 10.259/2001,
como no art. 2º da Lei 12.153/2009 existe parágrafo que expressamente estabelece ser a
competência desses juizados absoluta
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
 O art. 66 do CPC define as hipóteses de conflito de competência
 Havendo conflito, ele há de ser dirimido, e a competência para isso será do tribunal, por meio
de procedimento próprio que será estudado em Processo Civil III

AÇÃO
CONCEITO
 Ação é o direito público subjetivo abstrato condicionado de exigir e de obter do Estado a
entrega da prestação jurisdicional dentro de parâmetros razoáveis de celeridade, de
adequação e de eficácia
 A ação é um direito público, porque é um direito que é exercido em face do Estado; quando
um indivíduo exerce o direito de ação, estamos exercendo um direito que temos em face do
Estado
o Se via ação estou exigindo a prestação jurisdicional, o obrigado é o Estado, logo o
direito é público
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o Por isso que processo, ainda que civil, é direito público


 É um direito subjetivo porque, ao exercer o direito de ação, exigimos uma prestação do
Estado, que é a prestação jurisdicional
o Um direito potestativo é um direito que prescinde de prestação
Exemplo: a mulher que se divorcia pode, a qualquer tempo, renunciar seu nome de
casada; é um direito potestativo porque não há uma correlata prestação
o Quando há correlata prestação, é um direito subjetivo
 É abstrato porque ele independe da existência do direito material; todos têm um direito de
ação, ainda que não exista um direito material que se busca tutelar
Exemplo: ninguém tem o direito material de não pagar tributo, mas há o direito de ir ao
judiciário pleitear da União a restituição daquilo que foi pago a título de imposto
o Por mais manifesta que seja a ausência do direito material, sempre haverá o direito
de ação, ainda que o conteúdo da prestação jurisdicional seja improcedente
 O direito brasileiro, pelo menos o pensamento majoritário, é condicionado, porque pressupõe
o direito de ação que haja interesse e legitimidade, que são as condições da ação
 O direito de ação não se exaure quando se postula em juízo; o Estado só se desincumbe com
a efetiva composição da lide
 É um direito de exigir e obter uma prestação jurisdicional adequada
o Não há atendimento do direito de ação quando a prestação jurisdicional é entregue
de maneira inadequada, quando o processo não observa a duração razoável
 No conceito, é possível extrair as características principais da ação
 É muito comum as pessoas utilizarem como sinônimos ação, processo e procedimento; há uma
diferença obvia entre todos
o Ação é o direito de exigir a entrega da prestação jurisdicional
o Processo é a relação jurídica que se instaura a partir do momento que o direito de
ação é exercido para fins de entrega da prestação jurisdicional
o O procedimento é o rito pelo qual o processo vai se desenvolver, qual a ordem dos
atos que vai ser praticado
Exemplo: o procedimento que é de mandado de segurança, não a ação
ELEMENTOS
 É com base nesses elementos que vamos definir a relação entre as ações
 Os elementos são: partes, causa de pedir (remota e próxima) e pedido
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

RELAÇÃO ENTRE AÇÕES


LITISPENDÊNCIA
 Para que haja litispendência, é preciso que haja identidade entre as ações
o Identidade é igualdade, e há identidade quando há, integralmente, a identidade de
pedido, causa de pedir e partes (identidade de elementos)
 Se há identidade de duas ações em curso, há litispendência
 Art. 337, §§ 2º e 3º CPC
COISA JULGADA
 Se configura quando há identidade entre duas ações, e uma já foi julgada, enquanto a outra
foi proposta (§4º, art. 337)
 A que já foi julgada tem que ter transitado em julgado, senão é litispendência
CONEXÃO
 Na conexão, se tem uma identidade, ainda que parcial, de causa de pedir e/ou pedido
CONTINÊNCIA
 Há continência quando há identidade das partes e causa de pedir, e o pedido de uma engloba
o pedido da outra
PREJUDICIALIDADE
 Na prejudicialidade, há o julgamento de uma ação dependendo do julgamento da outra ação;
se diz que a primeira ação é prejudicial à segunda
Exemplo: existe uma ação de inventário em curso, e se ajuíza uma ação de reconhecimento de
paternidade em relação ao falecido; é necessário ser apurada a paternidade antes de fazer a
partilha dos bens entre os herdeiros, então há uma relação de prejudicialidade
COGNITIVAS, EXECUTIVAS E SINCRÉTICAS
COGNITIVAS X EXECUTIVAS
 O programa muitas vezes usa atecnicamente o termo “ação”
o A ação cautelar não existe mais; na sistemática do CPC/73, toda vez que uma pessoa
precisava de uma medida de urgência que podia colocar o processo em risco, ela tinha
que ajuizar uma ação própria; hoje, essa medida não precisa de uma ação própria, mas
pode ser buscada por meio de uma tutela de urgência
o Há uma tutela executiva e uma tutela cognitiva, e estas precisam ser analisadas e
diferenciadas
 Em verdade, ação é sempre a mesma coisa, é errado falar em ação de conhecimento e ação
de execução; o que existe é o direito de exigir do estado a entrega da prestação jurisdicional,
que é o direito de ação
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o Pode ser que a tutela reclamada seja tutela cognitiva ou executiva


 O direito de ação é exercido porque o indivíduo quer obter uma prestação jurisdicional, porque
há uma lide que precisa ser composta
o Lide é um conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida
o A lide vai ser composta ou com a afirmação de que a pretensão está pautada no direito
ou a afirmação de que a resistência está pautada no direito
o Para viabilizar a atribuição do bem da vida a “A” ou a “B”, o Judiciário ouve as
alegações do autor e do réu, examina as provas produzidas, aplica o direito aos fatos
que reputa estarem provados, e chega a conclusão sobre que parte tem direito
 Essa é a chamada lide cognitiva, que é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão
resistida; há uma certificação do direito, que vai se dar através da atividade investigativa, da
atividade cognitiva
o Está resolvida quando se diz que o autor está certo ou que o réu está certo
 A única lide não é a cognitiva; talvez mais nociva que a lide cognitiva, é a lide executiva, que
se caracteriza pelo conflito de interesses qualificado por uma pretensão insatisfeita
o Muitas vezes já se sabe quem é titular do direito, mas o sujeito que é obrigado a uma
prestação necessária à satisfação do direito recusa a prestação, então também vai
haver intervenção do Poder Judiciário, com o objetivo de satisfazer o direito
 O estado está obrigado a ambas as tutelas, mas na tutela cognitiva certifica-se o direito,
enquanto que na executiva satisfaz-se o direito que já está certificado
 A ação exercida para fins de certificação de direito, é a chamada, impropriamente, ação de
conhecimento
 No antigo programa, quando terminada a ação cognitiva e o direito não era satisfeito, se
iniciava a chamada ação de execução
AÇÕES SINCRÉTICAS
 Com a reforma de 2005, se generalizou algo que se chama de processo sincrético, que é um
processo que tem uma fase cognitiva e uma fase executiva
Exemplo: A ajuíza uma ação contra B para o pagamento de R$ 10.000,00, que é julgado
procedente; se B paga, não é necessária a fase executiva, mas se B paga se iniciará a fase
executiva
CLASSIFICAÇÃO
 Em verdade, não é a ação que é declaratória, constitutiva, condenatória; o que se tem é um
provimento judicial com conteúdo declaratório, constitutivo ou condenatório
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 O provimento judicial pode ter mais de um capítulo (ex.: um capítulo declaratório e


condenatório); dificilmente se encontra um provimento judicial que se enquadre em apenas
uma das classificações
DECLARATÓRIAS
 O provimento judicial declaratório é aquele por meio do qual se certifica a existência ou
inexistência de relação jurídica, a autenticidade ou a falsidade de um documento
 Pode ser que o que se pretenda é a mera certificação da existência ou não de uma relação
jurídica, ou do modo de ser de uma relação jurídica, ou da autenticidade ou não de um
documento, e que se vá ao Judiciário em busca da satisfação dessa pretensão
Exemplo: ação negatória de paternidade, na qual o sujeito quer que o Poder Judiciário
certifique que uma determinada pessoa não é filha dele
Exemplo: ação de usucapião é uma ação declaratória, porque o juiz vai declarar que o sujeito
cumpriu os requisitos legais para o usucapião
 A ação pode ter natureza declaratória mesmo que o direito já tenha sido violado, porque o
sujeito pode querer não se opor à violação do direito, mas querer apenas a certificação do fato
 O que caracteriza o provimento judicial declaratório é que ele produz efeitos ex tunc, ou seja,
sempre retroativos à data do ato ou fato declarado
 Ele pode ser declaratório positivo ou negativo
o Positivo quando se afirma o fato ou a relação jurídica
o Negativo quando se nega o fato ou relação jurídica
CONSTITUTIVAS
 É quando se cria, modifica ou extingue uma relação jurídica
Exemplo: em uma ação de interdição temos um provimento judicial constitutivo; se está
criando uma relação jurídica em que alguém tem poderes para atuar em nome do interditando
Exemplo: há uma ação alimentar em curso, os valores se tornam insuficientes para satisfazer
as necessidades do alimentando e a capacidade financeira do alimentante aumenta; se terá
uma ação revisional, que modifica a relação jurídica já existente
 Se está se criando, modificando ou extinguindo uma relação, os efeitos são ex nunc, para
frente, em linha de princípio
o Só produzem efeitos retroativos se a lei assim disciplinar (ex.: no CC, sobre as ações
anulatórias se diz que há necessidade de recomposição das partes ao estado em que
antes se encontravam)
CONDENATÓRIAS
 É aquele que impõe a alguém uma prestação
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Exemplo: condena-se o réu a desocupar o imóvel, em uma ação possessória


 Tradicionalmente, se classificava os procedimentos judiciais em declaratórios, constitutivos e
condenatórios; Pontes Miranda sugeriu o desmembramento das condenatórias
 Há uma inegável semelhança entre os procedimentos condenatórios em sentido estrito,
mandamental e executiva em sentido lato; a semelhança é que se impõe ao réu uma prestação
o A diferença é a técnica utilizada para fins de execução, ou para fins de alcance de
efetividade do provimento judicial
Condenatórias em sentido estrito
 Se efetiva através da expropriação patrimonial, ou seja, se determina que o sujeito cumpra a
condenação, sob pena que os bens dele respondam pela condenação
Exemplo: se o devedor não pagar, seus bens vão ser bloqueados judicialmente
Mandamental
 É um provimento que se efetiva através da coerção psicológica
 Se chama também de provimento cominatório
 Se estabelece uma sanção para hipótese de descumprimento, que funciona como um
elemento que leva ao cumprimento voluntário, que leva à coerção
Executiva em sentido lato
 Pode ser que a técnica utilizada para efetivação seja o uso da força
 O indivíduo é condenado a fazer, sob pena de o estado impor esse cumprimento
Exemplo: em uma ação de despejo, se o condenado não sair, a polícia entrará no imóvel para
tirá-lo de lá
 Observação: a reintegração de posse é, tradicionalmente, executiva em sentido lato, mas nada
impede que seja feita por forma mandamental (sob pena de multa diária, por exemplo)
CONDIÇÕES (interesse e legitimidade)
 O art. 17 do NCPC diz que para postular em juízo é necessário possuir interesse e legitimidade
 O direito brasileiro se inclinou na linha da teoria condicionada da ação de Liebmann; o Código
de 2015 não fala mais em possibilidade jurídica do pedido (que existia no CPC/73), então
deixou de ser exigida para fim de conhecimento do mérito da postulação
 A compreensão passa pela dicotomia entre admissibilidade e mérito
o Quem exerce o direito de ação está postulando certo bem da vida; antes de analisar o
mérito, é preciso fazer um juízo de admissibilidade; se e somente se a admissibilidade
for positiva o juiz vai analisar o mérito
 O direito brasileiro, tradicionalmente, trabalha com um juízo duplo de admissibilidade: 1)
condições de ação; 2) pressupostos processuais
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 Se falta qualquer das condições da ação ou pressupostos processuais, não se analisa o mérito
Exemplo: A ajuíza ação contra B, mas a petição não é assinada por advogado; falta um
pressuposto processual, então não vai ser analisado o mérito
 As condições da ação, no passado, eram tidas como possibilidade jurídica do pedido,
legitimidade das partes e interesse de agir; hoje, o Código não fala mais em possibilidade
jurídica do pedido
 Se chega, hoje em dia, a discutir se existiria ou não a necessidade de condições da ação; Fredie
Didier defende a tese de que no NCPC não mais exige condições da ação, e que a legitimidade
e o interesse estariam no campo de pressupostos processuais
o Do ponto de vista pragmático, é inegável que é necessária a presença de legitimidade
e interesse para que o mérito seja analisado, sejam eles condições da ação ou
pressupostos processuais
o Para o professor, o Código não extinguiu essas categorias como condições da ação,
embora devesse tê-lo feito, porque: 1) a disciplina de interesse e legitimidade está no
art. 17, e o Título que contém esse artigo é “Da Jurisdição e da Ação”; 2) o art. 485
cuida das hipóteses em que o processo é extinto sem exame de mérito, e no inciso IV
diz “quando se verificar a inexistência dos pressupostos processuais” e no inciso VI diz
“quando se verificar a ausência de interesse e legitimidade”
o Os ordenamentos jurídicos, em geral, não tratam de condições da ação, apenas de
pressupostos processuais; isso existe no Brasil por conta de uma influência da linha
italiana, representada pelo próprio Liebmann
o A classificação como condição da ação ou como pressuposto processual não traz
consequências práticas; em ambos os casos enseja a extinção do processo sem
resolução do mérito
INTERESSE
 Se traduz em dois vieses: 1) interesse necessidade; 2) interesse utilidade
 Há interesse necessidade quando a intervenção do Poder Judiciário é necessária para que o
titular do direito de ação alcance a finalidade ou o propósito por ele pretendido
o Só se pode adicionar o Judiciário quando se tem, efetivamente, necessidade de
intervenção do Poder Judiciário
Exemplo: um sujeito quer um benefício previdenciário, então ele tem que ir no INSS
requerer esse benefício; se ele for negado, ele pode requerer na Justiça; se o
requerimento transcorrer 30 dias sem apreciação, ele também pode recorrer ao
Judiciário (entendimento do STF)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o Diz respeito à imperiosidade de intervenção do Poder Judiciário para que aquela


finalidade pretendida pelo sujeito possa ser alcançada
 O provimento judicial há de ser útil; do provimento judicial pretendido deve a parte poder
extrair qualquer bem da vida
o O Judiciário não pode ser acionado para atender mero “luxo”, capricho da parte
Exemplo: inutilidade do divórcio caso um dos cônjuges venha a falecer
LEGITIMIDADE
 A exigência da legitimidade está prevista no art. 17 do CPC
 A legitimidade é analisada tanto no que se refere ao polo ativo, quanto ao polo passivo, daí o
motivo de se falar em legitimidade ativa e legitimidade passiva
 Ela pode ser também ordinária e extraordinária; a regra, por óbvio, é a legitimação ordinária,
excepcionalmente essa legitimação pode ser extraordinária
 A primeira parte do art. 18 diz que somente o titular do direito é quem pode pleiteá-lo
(legitimação ordinária)
o Disso se conclui que a legitimidade ordinária é aferida levando-se em consideração os
sujeitos que figuram na relação jurídica de direito material litigiosa
Exemplo: numa ação de cobrança, o credor é legitimado ativo, enquanto o passivo é o
devedor; numa ação de despejo decorrente do contrato de locação, o locatário é o
legitimado ativo e o locador é o legitimado passivo
Exemplo: o pai não pode pleitear, em nome próprio, o divórcio da filha
 A parte final do art. 18 diz que se o ordenamento jurídico autorizar, é possível que se tenha
alguém, em nome próprio, pleiteando a defesa de direitos alheios (legitimação extraordinária)
Exemplo: um sindicato ajuíza uma ação para exigir o cumprimento de determinado preceito
para a defesa do direito dos sindicalizados; o titular desse direito é o sindicalizado
(empregado), mas o sindicato pode atuar porque a lei autoriza
o A lei pode autorizar que quem não é o titular do direito proponha em nome próprio
uma ação para defesa de direitos alheios, e a isso se dá o nome de substituição
processual, que só acontece nos casos de legitimação extraordinária
o O normal é uma legitimação extraordinária ativa, no entanto, pode ser que no
ordenamento existam situações de legitimidade extraordinária passiva e então
alguém, em nome próprio, vai realizar a defesa de outrem
o A expressão ordenamento é mais ampla do que lei, por isso é possível que se
estabeleça a legitimação extraordinária por meio negocial, ou seja, as partes podem
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

estabelecer isso num negócio jurídico, como, por exemplo, estabelecer essa previsão
no contrato celebrado
 Se falta legitimidade passiva ou ativa, não havendo legitimação ordinária nem extraordinária,
extingue-se o processo, porque essa é uma condição para a admissibilidade do processo
DÚPLICES
 Se diz que a ação é dúplice quando o simples acolhimento da tese defensiva leva à certificação
de direitos em favor do réu
Exemplo: ação de investigação de paternidade – se o autor ajuíza essa ação, o réu se defende
e a ação é julgada improcedente, certifica-se que o réu não é o pai; o ajuizamento de uma ação
autônoma de negação de paternidade não seria possível, porque perde-se o interesse de agir,
em função da ausência de necessidade, a coisa julgada formada pela ação de investigação de
paternidade é suficiente
 O que é dúplice não é a ação, mas a natureza jurídica da relação de direito material litigiosa
CUMULAÇÃO DE AÇÕES
 Ação é diferente de processo, e pode ser que se tenha, dentro de um mesmo processo, mais
de uma ação
 A cumulação de pedidos só pode ser feita se o juízo for competente para deles conhecer
 Todo litisconsórcio é uma cumulação de ações

PROCESSO
 O processo é uma relação jurídica triangular, envolvendo autor, réu e juiz, que se instaura a
partir do exercício da ação
 Com o exercício da ação e a instauração do processo, surgem direitos e obrigações recíprocas
 Os atos do processo ficam documentados em Autos
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
 São os requisitos necessários para o conhecimento do mérito
 O juízo de admissibilidade é feito analisando as condições da ação e os pressupostos
processuais – ambos precisam ser analisados antes que se analise o mérito
o Os pressupostos são necessários para que haja análise do mérito
 Se classificam em pressupostos de validade e de existência
o Os pressupostos de existência devem estar presentes, sob pena do processo ser
considerado inexistente, anulando todos os efeitos
o Os pressupostos de validade, por sua vez, se não estiverem presentes, o processo não
deve seguir; todavia, se seguir o processo, produz efeitos
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 Há quem coloque o interesse e a legitimidade como pressupostos processuais


 A classificação tradicional dos pressupostos processuais se divide em: pressupostos
processuais subjetivos e pressupostos processuais objetivos
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS SUBJETIVOS
 Os pressupostos subjetivos são classificados em pressupostos referentes ao juiz, e
pressupostos referentes às partes
Referentes ao juiz
1) Investidura (pressuposto de existência)
 O juiz deve estar investido de jurisdição para que possa julgar o processo, caso contrário, seus
atos não produzirão efeitos
o Os atos, nesses casos, são juridicamente inexistentes
 É um pressuposto de existência; a ausência de um pressuposto processual de existência nunca
se convalida, não se extraem efeitos jurídicos
 Na ausência de um pressuposto de existência, não há a necessidade da adoção de qualquer
medida, no entanto, se a parte deseja uma certeza ela pode ajuizar uma ação declaratória de
inexistência da relação jurídica processual, e essa ação é chamada de querela nulitatis
o O STJ tem entendido que se pode discutir pressuposto de existência em ação
rescisória, funcionando esta como uma querela nulitatis
2) Competência (pressuposto de validade)
 Quanto à sentença proferida por juiz absolutamente incompetente, cabe ação rescisória
 É um pressuposto de validade; a ausência de um pressuposto de validade, mais cedo ou mais
tarde, se convalida
o Pode até haver extinção do processo sem exame do mérito, mas transcorrido
determinado tempo, a ausência dele se convalida
3) Imparcialidade (pressuposto de validade)
 A imparcialidade se presume; essa presunção deixa de existir quando configurada uma das
hipóteses de suspeição ou impedimento
 O juiz é suspeito nas hipóteses do art. 145, e é impedido nas hipóteses dos arts. 144 e 147
 A suspeição tem que ser arguida no prazo de 15 dias; se assim não for, o vício se convalida e
por isso entende-se que é um pressuposto de validade
 Quanto ao impedimento, ele pode ser arguido a qualquer tempo através da ação rescisória,
depois dela não mais, e também é um pressuposto de validade
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Referentes à parte
1) Capacidade de ser parte (pressuposto de existência)
 Como regra geral, detém capacidade de ser parte quem tem a capacidade de ser titular de
direitos e de obrigações no campo processual
o Isso não se confunde com legitimidade de partes ou com a capacidade civil
 Se leva em consideração a possibilidade de o sujeito ser titular de direitos e obrigações no
processo: pessoas físicas (ainda que absolutamente incapazes), pessoas jurídicas, entes
formais
 Se o sujeito não tem capacidade de ser parte (ex.: morto ou animal), o processo não pode
produzir efeitos jurídicos
 Se aproxima muito do conceito da personalidade jurídica, embora com ele não se confunda,
vez que abrange os entes formais
2) Capacidade processual (pressuposto de validade)
 O sujeito pode exercer por si os atos do processo
Exemplo: um menor tem capacidade de ser parte, mas só tem capacidade processual se estiver
devidamente representado
Exemplo: um homem casado tem capacidade de ser pare, mas se ação é real imobiliária e o
regime de bens não é de separação absoluta, ele só tem capacidade processual para essa ação
se houver concordância da esposa
 Se assemelha à capacidade civil, mas também com ela não se confunde
3) Capacidade postulatória (pressuposto de validade)
 De regra, se adquire com a constituição de advogado, ressalvados os casos dispostos em lei
o Há casos excepcionais em que se outorga a capacidade postulatória à parte
 Existe muita discussão se é de existência ou validade, mas o entendimento predominante é de
que é de validade
Exceções legais
(a) Habeas corpus
(b) No âmbito dos Juizados Especiais:
 Nos Federais de Fazenda Pública, para postular em 1º grau
 Nos cíveis em causas que não ultrapassem o valor de 40 salários mínimos
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS OBJETIVOS
Extrínsecos (negativos)
 São aqueles que são vistos fora da relação jurídica processual; o que se quer é a ausência deles
 Todos podem ser conhecidos de ofício
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

1) Coisa julgada (pressuposto de validade)


 Se há coisa julgada, o processo não se desenvolve
 Há coisa julgada quando há identidade com uma ação anterior que já foi julgada em seu mérito
e dessa decisão de mérito não cabe mais recurso
2) Litispendência (pressuposto de validade)
 Há litispendência quando há identidade entre a ação e uma outra que está em curso, então
falta pressuposto processual para que a 2ª siga
3) Perempção (pressuposto de validade)
 Ocorre quando o processo for extinto por abandono por três vezes
 Fica ressalvada a possibilidade de alegar em defesa o seu direito
4) Custas e honorários advocatícios (pressuposto de validade)
 A ação extinta sem exame de mérito só pode tramitar quando as custas, despesas e honorários
da anterior tiverem sido pagos
5) Convenção de arbitragem
 Se há convenção de arbitragem, a jurisdição vai ser privada, não pública e, consequentemente,
falta um pressuposto processual
Intrínsecos (positivos)
 Têm que estar presentes e são analisados na própria relação jurídica processual
1) Petição Inicial
 Aqui é necessária a analisa sobre um duplo viés: materialidade e regularidade
 Materialidade (existência): não há jurisdição sem ação; se não há demanda (Petição Inicial),
não há ação e não pode haver jurisdição sem ação
 Regularidade (validade): se existe Inicial e ela não atende os requisitos legais, não há validade
2) Citação (pressuposto de existência)
 O processo não pode existir desfavoravelmente em relação a alguém que deveria ter sido ciado
e não foi, embora a parte possa ser beneficiada sem ser citada
 A citação é o ato em que se da ciência a alguém da existência de um processo, facultando a
ele o exercício do contraditório
3) Regularidade formal (pressuposto de validade)
 É a observância das formas estabelecidas no processo para a prática dos atos

NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS


CONSIDERAÇÕES GERAIS
 Correspondem a um ponto dos mais atuais no Direito Processual
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 No Brasil, o que houve com a entrada em vigor do CPC/2015 foi uma ampliação das hipóteses
de negócios jurídicos processuais típicos e uma clausula geral que permite os negócios
jurídicos processuais atípicos
 A compreensão da importância do tema pressupõe, até um certo contexto, entre concepções
antigas e concepções atuais
 O Processo Civil é ramo do Direito Público e as normas de direito público são normas cogentes,
o que significa que deve ser aplicada independentemente da vontade das partes
 O Processo existe como meio de assegurar, certificar e garantir o direito material, então é um
instrumento do direito material
 Se o direito material for disponível, a pessoa pode dispor dele; parece um contrassenso poder
dispor, por exemplo, do dinheiro que se está pedindo em um processo, mas não poder dispor
das garantias processuais
Exemplo: eu não posso estabelecer que, embora o Código fale que serão admissíveis todos os
meios de prova, que as provas serão apenas documentais
 Em um Estado que preza pelo princípio do auto regramento da vontade, é facultada a
realização de negócios jurídicos processuais
Exemplo: a audiência é marcada em um dia inconveniente para ambas as partes, então elas
acordam entre si de pedir ao juiz que adie a audiência, e ele concede; é um negócio jurídico
processual
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
 O nosso Direito sempre trouxe previsão de negócios jurídicos processuais (ex.: foro de eleição,
possibilidade de adiamento da audiência); a norma processual nunca foi em absoluto cogente,
sempre foi compreendida como sendo de regra cogente, mas em algumas situações supletiva
Exemplo: as regras de competência relativa são supletivas, porque se ninguém alegar a
incompetência acontece a prorrogação de competência, que é uma convergência implícita da
vontade das partes de eleição de foro
o Ocorre que o ordenamento sempre aceitou negócios jurídicos processuais típicos, mas
essa sistemática é uma sistemática que se adequa ao momento histórico em que o
Código de 73 foi editado, que foi em um período mais rígido da ditadura militar,
quando não havia o valor da liberdade; esse quadro não existe hoje em dia
 O CPC/2015 ampliou as hipóteses de negócios jurídicos processuais típicos, além de permitir
que em situações não previstas expressamente o negócio jurídico pudesse ter lugar
NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS TÍPICOS E ATÍPICOS
 O típico é aquele que é expressamente previsto em lei
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o Deve-se observar os requisitos estabelecidos na lei para cada negócio jurídico


o A lei dispõe negócios jurídicos processuais para situações específicas (ex.: arts. 471,
25, 191)
 Os atípicos são aqueles fora das hipóteses expressamente previstas em lei
o O art. 190 é a cláusula geral dos negócios jurídicos processuais
o Não se pode mais dizer, então, que as normas processuais são, de regra, cogentes;
hoje, ela é, de regra, supletiva, porque pode ser afastada nas hipóteses do negócio
jurídico processual típico e nas hipóteses do negócio jurídico processual atípico; por aí
já se verifica que é uma quebra de paradigma
 O art. 190 diz que podem ser objeto de negócios jurídicos processuais: ônus, poderes,
faculdades e deveres processuais (situações jurídicas processuais); atos processuais, suas
formas e procedimentos
o Nada fica de fora; tudo, em tese, pode ser objeto do negócio jurídico processual
o Isso visa dar uma maior autonomia à vontade das partes
 O juiz não chancela nada; o que for feito, em princípio, é válido
 Existem negócios jurídicos processuais que são anteriores ao processo
Exemplo: duas empresas ao firmarem contrato estabelecem que caso haja litígio sobre
determinadas matérias, as únicas provas aceitas serão as documentais
 Os negócios jurídicos processuais também podem ser realizados durante o processo
 Ele tem que encontrar alguns limites; não pode ser absoluto
Exemplo: não se pode pegar alguém em situação de vulnerabilidade e impor a celebração de
um negócio jurídico processual
REQUISITOS DE VALIDADE
 Os requisitos de validade, até por se tratar de negócios jurídicos, giram em torno da
capacidade dos sujeitos, da licitude do objeto e da forma
CAPACIDADE
 Se exige que se tenha partes plenamente capazes
 Essa capacidade a que se refere a lei processual não se confunde com a capacidade civil; em
verdade, analisando-se o conjunto do art. 190 e a própria razão de ser da norma, se verifica
que esse raciocínio (de identificação com a capacidade civil) não é um raciocínio correto
 O parágrafo único diz que o juiz somente poderá afastar o negócio jurídico processual quando
entender que há nulidade, inserção abusiva de contrato de adesão ou situação de manifesta
vulnerabilidade da parte
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o Essas hipóteses não estão relacionadas com a capacidade civil, até porque a
incapacidade civil é suprida pela representação
o Se refere à capacidade negocial
 A capacidade negocial leva em consideração a possibilidade de compreender o que está sendo
negociado e de poder decidir livremente acerca de celebrar ou não o negócio
 A depender do objeto do negócio jurídico processual e da forma como o negócio está posto,
pode-se ter uma maior ou menor facilidade de compreensão
Exemplo: mesmo quem não tem formação jurídica tem capacidade de compreender o que é
um pacto de não recorribilidade, pois é um objeto de fácil compreensão; um negócio jurídico
processual que verse sobre legitimação extraordinária é de compreensão mais complexa
 É possível que o menor celebre negócio jurídico processual, bem como alguém sem
acompanhamento de advogado (apesar de a presença de advogado ser, a princípio, indício de
vulnerabilidade); é possível que tenha um contrato de adesão, desde que seja de fácil
compreensão e haja ...
 Não se pode ter preconcepções do que é a capacidade jurídica negocial; ela vai sempre ser
aferida caso a caso
Exemplo: existe uma presunção relativa da hipossuficiência do consumidor e do empregado,
mas no caso em si de celebração do negócio jurídico processual ela pode não ser configurada
OBJETO LÍCITO
 A norma também faz referência às hipóteses em que o negócio jurídico processual é possível
 A questão do objeto pode ser analisada por duplo viés: 1) o que está sendo negociado (objeto
amplo); 2) licitude do objeto ()
1) O direito discutido no processo tem que comportar autocomposição (art. 190, caput)
 O art. 190 diz que só é possível a celebração do negócio jurídico processual nos casos em que
se admita autocomposição
o Pode ser que a lide admita ou não autocomposição; se não admite, significa que não
se pode dispor do objeto litigioso por via direta
Exemplo: alguém ajuíza ação para ser admitido sem concurso público pela
administração pública, e nesse caso a administração não pode dispor desse objeto; se
uma empreiteira ajuíza ação para receber 1 milhão de reais com a administração, esta
poderá dispor do objeto
 Não confundir interesse público com interesse que não comporta autocomposição; apenas o
interesse público primário não comporta, sendo que no secundário cabe autocomposição
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 É preciso identificar qual o direito discutido e, então, verificar se é possível ou não a


autocomposição; se for possível, em tese, é possível o negócio jurídico processual
2) É necessário a licitude do objeto
 É preciso compreender a situação como um todo
 O fato mais evidente é que não se pode celebrar negócio jurídico processual para uma ilicitude
Exemplo: NJP dizendo que a prova poderá ser produzida por meio de tortura; o objeto é ilícito
 Também se equipara à ilicitude a violação de determinadas garantias ou de determinados
princípios; aqui reside o ponto mais delicado, talvez, do negócio jurídico processual
o São concedidas, a todos nós, garantias constitucionais e legais (contraditório e ampla
defesa, por exemplo), e deve-se preservar o núcleo mínimo desses preceitos e
garantias fundamentais
Exemplo: não se pode celebrar negócio jurídico processual no sentido de estabelecer
que todas as provas serão documentais se já se sabe que o fato em questão é difícil
ou impossível de ser provado documentalmente
 A licitude não deve ser analisada em sentido estrito, mas analisando o conteúdo da disposição
negocial à luz de todo o ordenamento jurídico e segundo o conteúdo mínimo das garantias
3) Não pode afastar limites impostos na celebração de negócio jurídico processual típico
 A validade dos negócios jurídicos processuais típicos é muito mais fácil, porque os requisitos
de validade estão postos na norma; o negócio atípico não pode ser utilizado como sendo
substitutivo do típico para afastar um requisito
Exemplo: não se pode, por negócio jurídico atípico, se afastar um foro de competência
absoluta
4) Não se admite a celebração do negócio jurídico processual quando se tem a matéria sujeita a reserva
legal
 É também outro ponto difícil de delimitação
 Existem determinados temas que são tratados em lei de maneira taxativa (ex.: recursos; não
podem ser criados por meio de negócio jurídico processual – reserva legal)
 Aqui também há um campo amplo de discussão, porque é difícil definir o que vem a ser
matéria de reserva legal
o Definir o que é matéria de reserva legal é algo que está entregue à doutrina
5) Não se pode afastar instituto destinado à proteção de direito indisponível
Exemplo: o MP atua como custos legis em algumas situações; não se pode ter NJP que afaste a atuação
do MP em litígio quando ele seja sobre direito do incapaz, porque existe uma indisponibilidade do
direito do incapaz
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

FORMA
 Aqui, o tema é de enfretamento bem mais fácil
 Deve ser observada a forma prescrita em lei, se houver; não havendo forma prescrita em lei,
ela é livre
VALIDADE X EFICÁCIA
 Não confundir validade com eficácia
 Nem todo negócio jurídico processual que é válido é eficaz
Exemplo: negócio celebrado entre A e B que estabelece mudança de procedimento para
determinado litígio, mas B tem que ser litisconsorte necessário de C; o negócio entre A e B é
válido, mas não é eficaz em relação a C
 O negócio jurídico, em princípio, é eficaz em relação às partes que o celebraram
 Os requisitos para a eficácia são os mesmos que a lei civil exige
INTERPRETAÇÃO
 Temos a aplicabilidade das mesmas regras de interpretação dos negócios jurídicos em geral
EFICÁCIA E INVALIDAÇÃO
 Já tratamos desse assunto em momento anterior
 O negócio jurídico processual não precisa ser homologado, produz efeitos imediatos (art. 200);
isso não quer dizer que ele não esteja sujeito ao controle judicial, e se houver o
reconhecimento da invalidade, seus efeitos cessam (§ único, art. 190)
 A regra é que o juiz não pode interferir, mas se uma das hipóteses do § único do art. 190 for
configurada, o juiz pode, de ofício ou a requerimento das partes, reconhecer a invalidade do
negócio jurídico processual, momento no qual cessam os seus efeitos

SUJEITOS DO PROCESSO
LITISCONSÓRCIO (art. 113, CPC)
CONSIDERAÇÕES GERAIS
 Temos, aqui, uma cumulação de ações levando em consideração os elementos subjetivos, os
sujeitos
 Nada impede, se presente hipótese autorizadora, que A e B se litisconsorciem e ajuízem ação
em face de R
 O litisconsórcio pode ser ativo, quando se tem duas ou mais pessoas no polo ativo; passivo,
quando se tem 2 ou mais pessoas no polo passivo; misto, quando nos dois polos existem duas
ou mais pessoas
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 Só é possível litisconsórcio nos casos previstos em lei; nesses casos, muitas vezes o
litisconsórcio deverá ser obrigatoriamente feito
 O litisconsórcio existe a vista das vantagens que proporciona: ele propicia economia
processual (maior resultado possível, com o mínimo de esforço), redução do número de
decisões não harmônicas (segurança jurídica)
Inciso I
 O inciso I fala em comunhão de direitos ou obrigações relativas à mesma lide; é a hipótese em
que o direito reivindicado é o mesmo, a obrigação é a mesma
o A hipótese de comunhão de direitos ou obrigações configura identidade de ação
o Não confundir com a situação na qual os direitos e obrigações são distintos, mas as
situações provêm de fatos assemelhados, ou se fundam sobre a mesma tese jurídica
 Não há muito espaço para o juízo decidir sobre a formação ou não do litisconsórcio – ele pode
até ser facultativo, mas se as ações forem propostas em separado, havendo identidade de
objetos, haverá conexão e reunião
Inciso II
 No inciso II diz-se que, havendo conexão, por qualquer motivo, pode haver litisconsórcio
 Também não há muito espaço sobre a formação do litisconsórcio, porque se a causa
formadora do litisconsórcio é a conexão, sendo as ações separadas, elas serão reunidas; essa
hipótese abarca a primeira
Inciso III
 O inciso III fala em ocorrer afinidade por ponto comum de fato ou de direito; é a hipótese mais
ampla
 Aqui não se sustenta a identidade de objeto, de direito, ou de obrigação, não sustenta-se que
há conexão; os elementos da ação são distintos, mas as pretensões giram em torno de fatos
que são assemelhados, ou de teses jurídicas assemelhadas
o Não há conexão, mas pode haver litisconsórcio
 As pretensões decorrem de fatos assemelhados, ou serão julgadas com base em teses jurídicas
assemelhadas, ou até a mesma
Exemplo: empresa A está sendo cobrada e entende que o tributo é inconstitucional; a empresa
B também está sendo cobrada e entende que o tributo é inconstitucional; elas podem se
litisconsorciar, com base no inciso III, porque a discussão jurídica travada será a mesma
 Somente é possível a formação do litisconsórcio em uma das três hipóteses do art. 113, CPC
 Não pode haver litisconsórcio quando não há identidade de competência
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o Se a diversidade de competência é absoluta, a consequência inexorável é a extinção


parcial do processo; se for relativa, ele pode ser formado, porém, se for arguida,
extingue-se parcialmente o processo
 Se for absoluta, há a extinção parcial; se for relativa, pode haver ou não
extinção parcial
ESPÉCIES
 São classificações que não se excluem; elas coexistem
Ativo, passivo e misto
 É ativo quando há duas ou mais pessoas no polo ativo
 É passivo quando há duas ou mais pessoas no polo passivo
 É misto quando há multiplicidade litigante nos dois polos da relação jurídica processual
Inicial e ulterior
 Inicial é aquele que já está posto na própria petição inicial; a parte já se propõe a litigar em
conjunto com outrem ou contra duas ou mais pessoas
o É o litisconsórcio mais comum
 O litisconsórcio ulterior é aquele que se forma após a petição inicial, ele surge enquanto o
processo está tramitando
o A regra é que não se admita litisconsórcio ulterior, se não nos casos expressamente
autorizados por lei, caso contrário, poderia haver burla ao princípio do juiz natural; é
por isso que o CPC tem disposição expressa no sentido de que a causa de pedir e o
pedido podem ser alteradas, mantendo-se o elemento partes (ex.: habilitação dos
sucessores)
Facultativo e necessário
 O litisconsórcio necessário é aquele que obrigatoriamente deve ser formado
o O litisconsórcio necessário pode não decorrer de lei, mas da incindibilidade da relação
jurídica, a compreensão disso perpassa pelas garantias constitucionais – a lei não
prevê, mas pelas circunstâncias concretas, o litisconsórcio deve se formar para
assegurar o direito ao contraditório e ampla defesa
o A ausência de litisconsórcio obrigatório é grave, porque o contraditório e a ampla
defesa serão prejudicados, por isso o legislador traz a possibilidade de que a qualquer
tempo ela seja buscada
 O facultativo é aquele que, uma vez configurada uma das hipóteses do art. 113, pode ou não
ser formado
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Simples e unitário
 O simples é aquele que comporta, ao menos em tese, decisões diferentes para os consortes
 O unitário é aquele no qual a lide, necessariamente, será julgada da mesma forma em relação
aos consortes
 A ausência de formação de litisconsórcio necessário gera consequências distintas, a depender
se o litisconsórcio for simples ou unitário
o Nos casos dos litisconsórcios unitários, gera-se a nulidade, o provimento judicial não
produzirá efeitos em relação a ninguém
o Sendo simples, o provimento judicial produzirá efeitos em relação a quem foi citado,
porém não produzirá em relação a quem não foi
 Única combinação que não é possível: não é possível um litisconsórcio ativo necessário,
porque a CF assegura, de forma irrestrita, o direito de ação; se o exercício de ação de A fosse
condicionado a um litisconsórcio com B, estaríamos suprimindo o direito de ação de A
DESMEMBRAMENTO (art. 113, §§ 1º e 2º)
 Há o desmembramento do litisconsórcio quando a parte autora o propõe e o juiz recusa, ou
quando a parte contrária se opõe e o juiz acolhe essa oposição
 Não é possível desmembramento de litisconsórcio necessário; só alcança o facultativo
 Se litisconsórcios que estão fundamentados no inciso I do art. 113 forem desmembrados,
serão reunidos novamente; todavia, ainda assim alguns juízes desmembram
o O desmembramento do litisconsórcio só é possível, em tese, na hipótese do inciso III
 A quantidade máxima de autores em cada ação depende do caso concreto, porque isso não
cria, em tese, nenhum obstáculo ao processo; o juiz deve analisar caso a caso, analisando o
prejuízo
 O desmembramento é um mecanismo que deve ser utilizado com muita cautela, para que não
se crie processos desnecessariamente
AUTONOMIA DOS CONSORTES
 Vigora o princípio da autonomia no litisconsórcio; fica fácil percebê-la a partir do momento
em que partimos de uma premissa inicial no sentido de que no litisconsórcio existe cumulação
de ações
 Se os litisconsortes são titulares de ações diferentes e se tem, no litisconsórcio, um mesmo
processo com multiplicidade de ações, é preciso considerar os atos e omissões de cada um dos
consortes, que não prejudicam nem beneficiam o outro
 Excepciona-se esse princípio no caso de litisconsórcio unitário – o ato de um não prejudicará
o outro, mas beneficia
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

LITISCONSÓRCIO EVENTUAL
 O litisconsórcio eventual não tem previsão legal no nosso Código, mas é aceito com base na
aplicação analógica do art. 326
 No litisconsórcio eventual, caso a ação original seja rejeitada, irá em face do subsequente já
que rejeitado o antecedente
 Exemplo: se ajuizada ação contra o pai; sendo improcedente, ajuíza-se então contra os avós
AÇÕES COLETIVAS X LITISCONSÓRCIO
 Na petição inicial, já se indica os litisconsortes – cada um deles está exercendo o seu direito
de ação; tem-se uma legitimação ordinária, comum
 Nas ações coletivas, tem-se uma legitimação extraordinária, na qual o titular do direito não é
quem atua
 Ao final do litisconsórcio, tem-se o julgamento que dá provimento ou não a cada litisconsorte
 Na ação coletiva, forma-se um título que se aplica a todos aqueles que se enquadram na
situação posta no título
o Quem se enquadra no título pode executar a ação posteriormente
o Ação coletiva é uma condenação sendo imposta e sendo válida a todos aqueles que se
enquadrem naquela situação
 A legitimação para ação coletiva deve decorrer do ordenamento jurídico

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
 Quando se fala em partes do processo, se pensa, tradicionalmente, na ideia de autor e réu (o
autor é quem deduz a pretensão em juízo; o réu é aquele em face de quem o autor deduz a
sua pretensão), mas parte é todo aquele que postula em juízo, todo aquele que deduz uma
pretensão em juízo
 Pode ser que a pretensão esteja sendo deduzida por alguém que não é autor, nem réu; ou em
face de quem não é autor, nem réu
o O sujeito que não é autor ou réu mas deduz pretensão ou em face de quem se deduz
pretensão é o terceiro interveniente
 A intervenção de terceiro somente pode ter lugar nas hipóteses previstas em lei
 Existem três formas de se adquirir a condição de parte no processo: 1) exercendo o direito de
ação (autor); 2) tendo em seu desfavor o exercício do direito de ação (réu); 3) a lei permite
que se tenha o ingresso de alguém que não é autor, nem réu no processo, que pode se dar por
iniciativa desse terceiro, ou por provocação de quem já é parte dentro do processo
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Exemplo: A celebra um contrato de locação com B, e B celebra um contrato de sublocação com


C; C dá uma destinação comercial ao imóvel, mas a locação que A fez para B é para fins
residenciais. A, insatisfeito com isso, resolve propor uma ação de despejo, que deve ser
proposta contra B, que é com quem A possui relação jurídica de direito material. Se a ação for
julgada procedente, reconhece-se o inadimplemento contratual, declarando-se a extinção da
relação jurídica entre A e B, fazendo-se a remoção coercitiva. O contrato de sublocação é
acessório, portanto, acompanha o principal. C não é legitimado para figurar na ação de
despejo. Se é extinto o contrato de locação, extingue-se o de sublocação; é inegável, então,
que os efeitos dessa ação alcançam a relação jurídica da qual C é titular (se o despejo for
concluído, quem será despejado, na prática, é C). C tem interesse jurídico nessa ação de
despejo, embora não detenha legitimidade. Se a lei nada dissesse, o máximo que C poderia
fazer era torcer para que a ação fosse improcedente, no entanto, o art. 119 do CPC diz que
esse terceiro pode intervir no processo para assistir o réu, e ingressa no processo procurando
reforçar a defesa do réu. A lei permite a C o ingresso no feito como assistente simples. Temos
aqui uma modalidade de intervenção de terceiros.
Exemplo: R celebra um contrato de seguro com a Sulamérica, que cobre danos causados ao
veículo de R e danos causados por R a terceiros com a utilização do veículo. R se envolve em
um acidente com A. A entende que sofreu prejuízos em razão do acidente, e busca a reparação
dos danos materiais que sofreu com esse acidente, propondo uma ação contra R. Se essa ação
for julgada procedente, e R tiver que pagar qualquer valor a A, ele tem direito de regresso
contra a seguradora para que ela cubra o prejuízo. Não fosse a previsão de intervenção de
terceiros, teríamos que, sendo condenado, R deveria ser condenado, e depois deveria propor
outra ação em face da Seguradora. A condenação de R, no entanto, faz surgir um dever para a
seguradora, de modo que esta pode ingressar no processo como assistente, na forma do art.
119. O art. 125, caput e II, traz a hipótese de denunciação da lide – se for improcedente a ação,
nem se analisa a ação regressiva; mas se a ação for procedente, examina-se a possibilidade de
regresso, ao invés de dois processos, temos um só, no qual se examina as duas ações: a
originária e a regressiva. Mas por que R pode denunciar a lide a S, viabilizando, caso seja
condenado, a formação de um título para o direito de regresso? Por força do art. 125, II.
 Na assistência temos uma espécie de intervenção de terceiro voluntária; na denunciação da
lide temos uma espécie de intervenção de terceiro provocada
 Através da intervenção de terceiro, quem não era parte pode vir a integrar a relação jurídico-
processual
 A intervenção de terceiro justifica-se em economia processual e maximização do direito de
defesa
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 A regra é que seja possível a intervenção de terceiro nos casos previstos em lei, e se atendidos
os requisitos legalmente estabelecidos
o É preciso que o terceiro indique a modalidade de intervenção que autorizaria o seu
ingresso, e demonstre que preenche os requisitos
 As hipóteses de intervenção de terceiro estão previstas, de forma agrupada, nos arts. 119 a
138 do CPC; cada capítulo cuida de uma modalidade de intervenção de terceiro
o A legislação extravagante traz outras modalidades de intervenção de terceiro
 Em todos os casos, só pode haver intervenção se houver previsão legal e se os requisitos
estabelecidos na lei estiverem preenchidos
 Não havendo previsão legal, não pode haver intervenção de terceiros pautada em disposição
negocial; no entanto, é possível impedir por via negocial a intervenção, mesmo que dentro de
hipótese legal
 É inegável que a intervenção de terceiro gera um aumento de complexidade da relação
jurídico-processual; esse é um efeito colateral, o aumento da atividade cognitiva, daí porque
se estabeleça o descabimento da intervenção de terceiro em situações específicas, para
determinados procedimentos
o A própria lei pode estabelecer isso, é o exemplo dos juizados especiais cíveis (art. 10,
Lei 9.099)
 Parte é todo aquele que postula em juízo: autor, réu ou terceiro interveniente; a intervenção
no processo por terceiro só é possível nos casos previstos em lei e se atendidos os requisitos
legalmente previstos, daí dizer que é uma matéria de reserva legal (não pode ser objeto de
NPJ para criar modalidade fora da previsão legal)
 Se justifica em economia processual e na maximização do exercício do direito de defesa, mas
também implica no aumento da complexidade e da atividade cognitiva
o Pode ser afastada, pela própria lei, em situações específicas, como no caso dos
juizados especiais cíveis
 Pode ser que o terceiro venha a intervir porque teve a iniciativa (ex.: assistência) ou porque
foi provocado por alguém (ex.: denunciação da lide)
 A intervenção de terceiro é matéria sempre sujeita ao controle judicial; o terceiro somente
pode ser visto como parte depois que o juiz defere o seu ingresso
ASSISTÊNCIA (art. 119)
Considerações gerais
 É a primeira modalidade de intervenção de terceiros
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro que seja judicialmente
interessado e que a sentença seja algo favorável a uma delas, pode ingressar na ação para
assisti-la
 Quem ingressa como assistente deve demonstrar a existência de interesse jurídico; a ideia do
assistente é de ajudar, auxiliar uma das partes
 Múltiplas são as razões que podem levar alguém a querer ajudar outrem; o interesse humano
pode decorrer de múltiplos fatores, mas não é qualquer interesse em auxiliar que justifica a
assistência
Hipótese legal
 O interesse em auxiliar, que justifica a assistência, é o interesse jurídico; há interesse jurídico
quando o terceiro é titular de relação jurídica que pode vir a ser atingida por provimento
judicial dado em processo no qual ele não é parte
Exemplo: S celebra um contrato de mútuo com R, no valor de 200 mil reais. O único bem
passível de penhora de R é a fazenda W, que tem valor de 400 mil reais. Suponhamos que A
ajuíze uma ação reivindicatória, sustentando que é proprietário da fazenda W. Se for dado
provimento a isso, declara-se que R é insolvente, sendo que S nada vai receber. S poderia
ingressar como assistente de R na ação reivindicatória? O interesse de S, nessa situação, é
econômico e não jurídico, o que não autoriza a assistência.
 Se o sujeito não consegue demonstrar que é titular de uma relação jurídica, que pode
potencialmente vir a ser atingida por provimento judicial dado naquele processo, não se
autoriza a assistência
 A assistência é uma hipótese voluntária de intervenção; o próprio terceiro requer seu ingresso
 Possui um cabimento amplo, tanto no que se refere aos procedimentos, quanto no que se
refere ao momento processual (art. 119, § único)
o A assistência é cabível em todos os procedimentos, em qualquer situação (o
dispositivo deixou de fazer ressalva quanto aos juizados especiais, mas, ressalvados os
juizados, é cabível em qualquer procedimento)
o O momento também é largo: cabe a qualquer tempo, em qualquer grau de jurisdição;
é possível antes mesmo do réu ser citado
o O assistente recebe o processo no estado em que se encontra, ele não pode pretender
produzir provas se já passou a fase da produção de provas, por exemplo
Procedimento
 A assistência deve ser requerida observando os procedimentos do art. 120
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o Se há uma assistência, alguém peticiona requerendo o seu ingresso como assistente;


quem assim o faz, deve provar que é titular de certa relação jurídica e que o
provimento que pode ser dado naquele processo pode atingir a sua relação; deve
indicar a parte que quer assistir
 O art. 120 diz que, não havendo impugnação no prazo de 15 dias, o pedido de assistente será
deferido, salvo se houver caso de indeferimento liminar, no início (quando é manifesto o
descabimento da assistência); o juiz deve ouvir as partes
 O § único diz que se qualquer parte alegar que falta o interesse, o juiz deverá decidir sobre a
impugnação, sem suspender o processo, deferindo ou indeferindo a assistência
o Se ninguém impugnar, o entendimento que se extrai do dispositivo é que será
deferido; mas se ninguém impugnar no prazo de 15 dias e o juiz perceber, por si
mesmo, que não há interesse jurídico, ele não deverá deferir, por isso que a
interpretação do dispositivo não pode ser literal: a ausência de impugnação não
implica necessariamente no deferimento da intervenção
Simples (adesiva) x Litisconsorcial
 Existem duas modalidades de assistência: simples (adesiva) e litisconsorcial; para ambas se
exige o interesse jurídico e o procedimento é o que já foi dito, mas, a depender da modalidade,
a atuação do assistente pode ter maior ou menor amplitude, e os efeitos da coisa julgada em
relação ao assistente podem ou não se operar
 As diferenças são os poderes do assistente (campo da autonomia) e os efeitos da coisa julgada
 Na assistência simples ou adesiva, o assistente não pode praticar atos que sejam contrários à
vontade do assistido; na litisconsorcial, o assistente tem ampla liberdade para praticar os atos
do processo, é tratado como se litisconsorte fosse
 Na assistência simples, pode ser que os efeitos da coisa julgada não alcancem o assistente; na
litisconsorcial os efeitos da coisa julgada sempre alcançam o assistente
 A assistência litisconsorcial é aquela na qual o assistente é colegitimado; na assistência
simples, não há a colegitimação
Exemplo: se são três irmãos donos de um terreno, havendo esbulho, há colegitimação. A
propõe ação contra R (que provocou o esbulho). B tem interesse na ação, então pode ingressar
como assistente litisconsorcial.
Exemplo: Um banco A empresta R$ 40.000,00 em regime de solidariedade a R e a Y. O banco
A pode, querendo, entrar com ação de cobrança somente contra R. Y tem interesse na
demanda, porque se a ação for procedente e R pagar, tem direito a pedir reembolso de Y. Y,
então, pode entrar na ação como assistente litisconsorcial (colegitimado).
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Efeitos da coisa julgada


 Nem sempre se operam em relação ao assistente os efeitos da coisa julgada nos casos de
assistência simples; não afetará nas hipóteses dos incisos do art. 123
 A coisa julgada sempre alcançará o assistente litisconsorcial
Assistência litisconsorcial x Litisconsórcio ulterior
 Não há nenhuma diferença
DENUNCIAÇÃO DA LIDE
Consideração geral
 Na denunciação, não se busca um auxílio, mas o que se tem é o exercício de uma pretensão
regressiva
 No regresso, o dever é do sujeito, mas ele pode exigir o regresso de outrem; já no reembolso
é diferente, porque o sujeito está pagando no lugar de outro
 Toda vez em que aquele que foi derrotado em ação judicial tiver, em razão disso, regresso em
face de outrem, cabe a denunciação da lide; a denunciação da lide é um exercício antecipado
do direito de regresso
 É uma modalidade de intervenção de terceiros provocada, não espontânea
Hipóteses legais
 É cabível nas hipóteses do art. 125, I e II
 Inciso I: é a hipótese de evicção (um direito de regresso específico)
o Aquele que vende o bem tem que garantir a venda; se o adquirente a título oneroso
perde a propriedade do bem, ele pode se voltar contra o alienante
 Inciso II: cabe denunciação quando há pretensão de regresso por qualquer motivo
o Engloba a hipótese do inciso I
o Toda vez em que houver um direito de regresso em favor daquele que sucumbir na
demanda, ele pode antecipar o exercício desse direito de regresso
 A denunciação da lide tem um cabimento mais restrito; o momento da denunciação da lide é
a petição inicial (para o autor) ou a contestação (para o réu)
 Não cabe denunciação da lide em execução; é próprio do processo de conhecimento
Ampliação cognitiva
 A jurisprudência se formou no sentido de restringir a denunciação da lide quando ela traz
ampliação cognitiva significativa
 Os fatos nunca vão ser os mesmos, então toda denunciação da lide gera uma ampliação
cognitiva; a jurisprudência restringe quando a ampliação cognitiva é muito larga e retarda o
andamento da ação
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Exemplo: quando a administração pública é responsabilizada civilmente, tem direito de


regresso contra o seu agente, então se faz necessária a apuração da culpa do agente, o que
gera uma significativa ampliação cognitiva; assim, a denunciação da lide deve ser rejeitada
Exemplo: casos em que há a responsabilidade objetiva de alguém, e uma pretensão de
regresso que demanda uma responsabilidade subjetiva; vai depender do caso concreto se a
apuração de culpa demanda ou não uma grande ampliação cognitiva
Facultatividade
 A denunciação da lide é sempre facultativa
 Art. 125, §1º: se não for feita a denunciação da lide ou se ela for indeferida, não poderá se
julgar na mesma sentença a pretensão regressiva; todavia, ainda assim permanece o direito
de entrar com uma ação autônoma de regresso
Denunciações sucessivas
 Art. 125, §2º: quem for denunciado, pode fazer uma denunciação, mas este último denunciado
não pode fazer ainda outra denunciação naquela relação jurídica processual, senão se cria uma
cadeia sem fim
Denunciação feita pelo autor
 É uma situação que causa alguma perplexidade, porque é fácil entender que, sendo o réu
condenado, ele tem direito de regresso, mas no caso do autor não
 Não é muito comum, mas pode acontecer
 Para a hipótese de procedência, o autor não tem direito de regresso; para a hipótese de
improcedência, pode haver o direito de regresso
 O procedimento é um pouco diferente; se apresenta Inicial quem é o réu, mas também o
litisdenunciado. O juiz primeiro manda citar o litisdenunciado que, querendo, ocupará o polo
ativo, e somente depois se cita o réu
Denunciação feita pelo réu
 Se o réu deseja a denunciação da lide, é na contestação que vai trazer a denunciação
 Quando o réu contesta com a denunciação da lide, o juiz não pode deferir ou indeferir de
plano, tem que ouvir o autor
 No caso de deferimento da denunciação, o juiz vai citar o litisdenunciado
Julgamento e efeitos
 Haverá julgamento de provas para a decisão das duas ações (ação principal e de regresso)
 Há um processo apenas, com uma única sentença, mas nela se julgam as duas ações
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 Se for procedente no todo ou em parte a ação originária, se passa ao exame da ação de


regresso; se for totalmente improcedente, não há razão para se analisar a ação de regresso,
porque não há condenação
 Se há duas ações, nós temos encargos judiciários e honorários advocatícios das duas ações; os
encargos de sucumbência serão dos vencidos e, então, o juiz analisará a ação de regresso (caso
seja procedente, o denunciado arcará com os encargos de ambas as ações, se ocupou a posição
de litisconsorte na ação originária)
 O autor (A), sendo sua ação procedente, irá executar o réu (R). R irá executar o litisdenunciado
(S); A não tem relação jurídica com S, mas o NCPC permite a execução direta de A em face de
S, mesmo não existindo entre eles relação jurídica de caráter material
CHAMAMENTO AO PROCESSO
Considerações gerais
 No chamamento ao processo, o que se tem é um direito de reembolso
o Já se falou na diferença entre regresso e reembolso: no regresso, o sujeito paga por
obrigação sua, mas tem o direito de regresso em relação a outrem; no reembolso, o
sujeito paga por obrigação de outrem (ex.: solidariedade passiva)
Exemplo: banco A empresta 90.000 reais em regime de solidariedade a R, X e Y. Se há
solidariedade passiva, cada um é de vedor de 30.000, mas por uma ficção legal,
permite-se que o credor (A) cobre o valor de um, de alguns ou de todos. Se por ventura
o banco resolve propor ação em face de R e cobra os 90.000, está exercendo um
direito legítimo. Se R condenado e vier a pagar, surge para ele o direito de reembolso
em face de X e Y, por 30.000 reais em relação a cada um.
 O chamamento permite que o réu, no exemplo anterior, quando for citado, já faça o
chamamento de X e Y, para assegurar o direito de reembolso
o O direito de reembolso não vai ser exclusivo de R; a partir do chamamento, mantém-
se a solidariedade e tem no polo passivo R, X e Y, e se a ação for procedente, o juiz
condenará solidariamente os três a pagarem, e quem efetivar o pagamento terá o
direito de reembolso
 Temos uma modalidade de intervenção de terceiro que é provocada pelo réu (diferentemente
da denunciação, que pode ser provocada por ambas as partes)
 O momento de fazer o chamamento é o da contestação
 Com o chamamento o que se tem é a vinda para o processo dos demais coobrigados, se tem
uma condenação solidária dos coobrigados, se tem uma formação de um título a viabilizar o
direito de reembolso
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 Toda vez que se tem um direito de reembolso decorrente de uma solidariedade, há a


possibilidade de chamamento
 X e Y podem atuar como litisconsortes na ação originária, mas também podem dizer que não
há fundamento na ação de reembolso
Hipóteses legais
a) Art. 130, III – devedores solidários
 Uma das hipóteses já foi analisada, que é a hipótese do chamamento dos devedores solidários
b) Art. 130, I – chamamento do afiançado pelo fiador
 A celebra contato de locação com Y, que figure como fiador R. A natureza da responsabilidade
do fiador é subsidiária, então, a princípio, não se pode mover ação contra o fiador. Na prática,
se verifica a construção de uma responsabilidade solidária. Para que se afaste a
subsidiariedade e se estabeleça a solidariedade, deve-se afastar o benefício de ordem. Se o
fiador pagar enquanto devedor solidário, ele tem o direito de reembolso por todo o valor (o
débito é todo do afiançado) (se o dever de pagamento é todo do afiançado, não do fiador, o
direito em questão é de reembolso, não regresso)
o O benefício de ordem existe em prol do fiador, que é o direito que ele tem de exigir
que o afiançado seja executado primeiro, para só depois, comprovada a falta de seus
bens, seja o fiador executado
 Ressalte-se que todo ato de renúncia comporta interpretação restritiva
 Este dispositivo é um dispositivo, ou seja, mesmo havendo renúncia ao benefício de ordem, o
afiançado não pode chamar o fiador, pois não há direito de reembolso
c) Art. 130, II – chamamento por um fiador dos demais fiadores
 O benefício de ordem não existe somente entre o fiador e o afiançado; ele existe também
entre os fiadores entre si, daí a expressão “benefício de ordem”
 Pode haver renúncia do benefício de ordem recíproca entre os fiadores e em relação ao
afiançado; nesse caso, todos são devedores solidários
o O afiançado continua sem direito de reembolso
Procedimento
 O réu, na contestação, vai poder fazer o chamamento se configurada uma das três hipóteses
 O juiz vai ouvir o autor e, após, vai deferir ou indeferir o chamamento; deferindo, vai citar os
chamados, que poderão atuar como litisconsortes ou resistir à pretensão de chamamento
o O processamento é o mesmo que o da denunciação da lide
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Efeitos da sentença (art. 132)


 Feita a condenação solidária, o título de reembolso não aproveita somente o chamante, mas
pode aproveitar o chamado que pagou em relação ao chamante
 A sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida
(não necessariamente em relação ao chamante), para que possa exigi-la por inteiro do devedor
principal ou de cada um dos codevedores, no que cada um deve
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
Considerações gerais
 Esse é um ponto que, até mais que o chamamento e muito mais que a denunciação da lide,
está ligado de forma muito próxima ao direto material
 Existe uma autonomia das personalidades jurídicas, e a regra é que responda pelas obrigações
que contraiu; uma pessoa jurídica também responde por suas obrigações, não responde pelas
obrigações de outras PJs, nem uma pessoa física responderá por uma PJ
 A lei pode estabelecer situações em que uma pessoa jurídica ou uma pessoa física responda
por obrigações que não são suas
Exemplo: a lei de licitações estabelece que em um consórcio, os consortes respondem pelas
solidariamente pelas obrigações do consórcio, podendo responder pela obrigação de outra PJ
 Na desconsideração da personalidade jurídica, temos uma situação que o sujeito não assumiu
obrigação nem em razão da lei, nem em relação de contrato, mas o juiz, no caso concreto,
determina a responsabilização, isso porque presente um dos pressupostos legais para a
responsabilização
 Se trata de desconsideração da personalidade jurídica quando não houve assunção por meio
de negócio jurídico daquela obrigação, a lei não impõe aquela obrigação, a obrigação não é da
pessoa física nem da pessoa jurídica, mas o juiz aplica a teoria da desconsideração porque a
pessoa jurídica está sendo utilizada de forma fraudulenta
o Nos casos em que a responsabilidade se dá em razão de decisão judicial é que temos
a desconsideração da personalidade jurídica
Hipóteses legais
 A desconsideração é estudada, inicialmente, no art. 50 do Código Civil
 A desconsideração nas relações de consumo pode ser feita, de acordo com o art. 28 do CDC,
em hipóteses mais flexíveis
 Os direitos ambiental ou tributário também podem prever a desconsideração
 A preocupação, no momento, é identificar quando a responsabilização incide ou não
o Se eu respondo porque me obriguei ou porque a lei prevê, não há desconsideração
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o Quando o juiz determina que seja responsabilizada, há desconsideração


 A desconsideração pode ser direta ou inversa
 A direta é mais comum, e é a situação na qual a PJ não tem bens, foi utilizada
fraudulentamente, há confusão patrimonial, e o juiz determina que o sócio responda pelas
obrigações da empresa
 Quem busca a desconsideração pode busca-la já initio litis ou no curso do processo; neste
último caso, ela será incidental, que é quando se configura intervenção de terceiros
o Caso a desconsideração seja pleiteada na petição inicial, não gera incidente processual
o Em alguns casos não é possível pleitear a desconsideração desde o início, isso porque
o processo pode demorar muito tempo, anos, e a condição econômica seja reduzida
durante o curso do processo, e aí, então, se buscará a desconsideração por meio de
incidente (intervenção de terceiros)
Desconsideração inversa
 A desconsideração inversa é quando a sociedade ou a PJ responde pelas obrigações do sócio
 Ocorre muito quando, por exemplo, o sócio tira seus bens pessoais do seu nome e coloca no
nome da empresa com o intuito de não pagar aos seus credores; nesse caso, a PJ ou a
sociedade responderão pelas obrigações do sócio
Legitimidade
 Só pode instaurar o incidente quem é legitimado
 Os legitimados são a parte ou o MP, quando lhe couber intervir no processo
 Quando se faz o requerimento de instauração do incidente da responsabilidade, deve ser
assegurado o direito de contraditório e ampla defesa
Cabimento

Desnecessidade do incidente
 O incidente não é necessário quando a desconsideração seja requerida na Inicial
Suspensão processual
 A instauração do incidente suspende o processo, salvo quando for requerido na Inicial e,
portanto, não há incidente
Instauração do incidente

Processamento
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Recursos
 Só vamos estudar recursos em Processo III, então so fica o registro: a desconsideração pode
se dar em âmbito de Tribunal, então quem desconsidera é o juiz relator, e o recurso possível
é o Agravo Interno
 Se for juiz de 1º grau, é decisão interlocutória, então o recurso é Agravo de Instrumento
Julgamento e seus efeitos
 A partir do momento em que há citação, qualquer transferência de bens feita por aquele que
está no risco de sofrer a desconsideração, é ineficaz ao processo
AMICUS CURIAE
 Essa expressão latina significa “amigo da Justiça” ou “amigo da Corte”
 A figura do amicus curiae é uma figura relativamente recente em nossa ordem jurídica
 A partir dos anos 90, se tem uma valorização dos precedentes judiciais, e se passam a ter
decisões judiciais em determinado processo que são vinculantes em outro processo; a partir
do momento em que decisões tomadas em um processo podem constituir precedentes
obrigatórios para outro processo, é necessário democratizar a formação do precedente, o que
se dá muito por meio do amicus curiae
 Amicus curiae é um terceiro que ingressa no processo seja por meio de provocação judicial ou
deferimento do pedido do terceiro, exatamente para contribuir na formação do precedente,
isso quando o objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia se verificar presente
 O juiz pode determinar de ofício, como também aquele que se candidata como amicus curiae
pode requerer o seu ingresso; sendo por requerimento, o juiz vai deferir ou indeferir o
requerimento por meio de decisão irrecorrível
 O amicus curiae, quando ingressa, ingressa como parte, mas é uma parte sui generis
 Uma vez deferido o ingresso ou determinado o ingresso, cabe ao juiz definir os poderes do
amicus curiae
 Nesta modalidade de intervenção de terceiro, não poderá haver alteração de competência
 O terceiro interveniente não pode recorrer, salvo nas hipóteses legais (Embargos de
Declaração e da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas)
MODALIDADES ATÍPICAS
 Existem outras quatro modalidades postas no Código ou na legislação extravagante
Assistência anômala
 A assistência é uma modalidade de intervenção que existe para viabilizar o auxílio de uma
parte a outra, sendo necessário o interesse jurídico; existe uma modalidade anômala de
assistência, que dispensa o interesse jurídico (Lei 9.469, art. 5º)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 A União pode intervir, independente de interesse jurídico, nas ações em que figurem com
autoras ou réus: autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas
públicas federais
 A mera intervenção da União desloca a competência para a JF
 Ela intervirá para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e
memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que,
para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes
 As outras PJ de direito público podem intervir no processo, também deslocando competência,
quando demonstrarem interesse econômico, ainda que indireto
 No mais, se aplicam as regras próprias da assistência

Arts. 338 e 339


 Quando o réu se defender, e alegar a sua ilegitimidade passiva, ele está obrigado a indicar, já
nesse momento, quem seria a parte legitimada
 O juiz ouve o autor, e se ele quiser, ele pode requerer a substituição do réu por quem ele
indicou
 Pode ser que o autor requeira a substituição ou não
o Não requerendo, continuará demandando o réu inicial, e, se esse réu é parte ilegítima,
há extinção do processo sem exame de mérito
o Se o autor, no entanto, concordar com o réu, esse réu sai, e entra o substituto que ele
indicou – essa substituição é uma modalidade de intervenção de terceiro, nesse caso,
o processo será extinto em face do primeiro réu, mas continuará em face do segundo
 A terceira opção seria o autor dizer que quer continuar litigando com o réu inicial e também
com o que ele indicou, por entender que a responsabilidade é solidária, por exemplo – aqui
também há intervenção de terceiro
 Na sistemática do CPC, a inexistência de legitimidade passiva não leva, de plano, à extinção do
processo
o Quem alega ilegitimidade tem obrigação de indicar o legitimado, feita essa indicação,
instaura-se o incidente, que pode ou não levar à substituição ou à adição de uma parte,
que é hipótese de intervenção de terceiro

Reconvenção
 O autor demanda o réu; o réu, quando citado, pode exercer direito de ação contra o autor,
aproveitando esse processo
o Nessa hipótese, temos a reconvenção
 Nesse caso, temos duas ações no mesmo processo
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 Como é que pode haver intervenção de terceiro na reconvenção? Art. 343, §§3º e 4º
 Pode haver reconvenção proposta: pelo réu em face do autor; pelo réu em face do autor e de
terceiro; pelo réu em litisconsórcio com terceiro
 Pode haver, com isso, uma ampliação subjetiva da lide, que é uma modalidade de intervenção
de terceiro
 Deve ser apresentada necessariamente na contestação

Art. 1.698, Código Civil


 Suponhamos que um menor propõe uma ação contra o pai, e o pai se defende dizendo que
não pode pagar; essa ação seria improcedente, se não houvesse a possibilidade de intervenção
de terceiros prevista no art. 1.698, CC
 O autor, vislumbrando que não vai sair nada do pai, pedirá ao juiz que traga ao processo os
seus avós (no chamamento tradicional, a provocação seria do réu)
 O juiz pode julgar procedente em parte em relação ao réu, por achar que ele tem condições,
e busca o remanescente nos avós, proporcionalmente aos seus respectivos recursos

PARTES E PROCURADORES
CONSIDERAÇÕES GERAIS
 Dentro dos pressupostos processuais, temos aqueles subjetivos, referentes ao juiz e as partes;
os referentes às partes são as três capacidades: capacidade de ser parte, capacidade
processual, capacidade postulatória
o O CPC traz disciplina em relação a essas capacidades, em especial no que alude à
capacidade processual e à capacidade postulatória
 Temos que voltar ao Direito Positivo para estudar essas capacidades, para que possamos
estudar as partes do processo; é preciso entender as normas que cuidam de partes e de
procuradores no que se refere aos atos do processo
Capacidade de ser parte
 É um pressuposto processual de existência
 Detém capacidade de ser parte pessoa física, pessoa jurídica e os entes formais, além do
nascituro
 Se o processo é uma relação jurídica, as partes são titulares de direitos e obrigações
processuais
 Não há necessidade de disciplina legal sobre a capacidade de ser parte
 Se se coloca em juízo alguém que não se enquadra em um desses conceitos, a consequência é
extinção do processo sem resolução do mérito, porque falta pressuposto de existência
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Capacidade processual
 A exigência da capacidade processual, ao contrário da exigência da de ser parte, está
positivada no Código (art. 70): toda pessoa que se encontre no exercício de seu direito tem
capacidade para estar em juízo
 O sujeito que pode estar no exercício dos seus direitos pode estar em juízo
 No mais das vezes, as pessoas detêm a capacidade processual, podem exercer os seus direitos;
se por ventura alguém tem capacidade de ser parte e não pode exercer seus direitos ou certos
direitos, esse sujeito não detém a capacidade processual, então deve-se viabilizar uma forma
de a pessoa exercer seus direitos
Exemplo: um incapaz menor detém capacidade de ser parte, mas não capacidade processual
 O incapaz é assistido por seus pais, tutor ou procurador, na forma da lei (art. 71, CPC)
o O incapaz terá capacidade processual através dos institutos da representação ou da
assistência, a depender do caso
o Se um relativamente incapaz vem sem estar assistido, ou um absolutamente incapaz
vem ser estar representado, falta capacidade processual
o Se há vicio no que se refere à representação, vamos facultar a correção do vício; se ele
não é corrigido, o processo há de ser extinto
 Seus aspectos são analisados nos próximos tópicos
Capacidade postulatória
o Discutida mais abaixo
PROCURADOR ESPECIAL
 Determinados sujeitos e determinadas situações têm em risco o seu direito de contraditório e
ampla defesa, então o juiz deverá nomear, atendendo as determinações do legislador, um
curador para a lide, porque se entende que, sem ele, a capacidade processual do sujeito estaria
comprometida
o É diferente do curador que é dado ao interditado, que é para todos os atos da vida
civil; o curador especial é um curador para o processo
 Os casos são (art. 72): 1) incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses desse
colidirem com os daquele, enquanto durar a incapacidade; 2) do réu preso revel; 3) do réu
revel citado por edital ou com hora certa
 A curadoria especial será exercida pela defensoria pública, nos termos da lei
o Se não existe defensoria pública especializada ou se há incompatibilidade da
defensoria pública, há de ser encontrada outra forma
 Se tem também a nomeação de curador especial para a defesa de revel citado fictamente
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o A citação vai ser pessoal, que é a encaminhada por meio eletrônico, por via postal, por
oficial de justiça e, então, se o sujeito é revel, decreta-se a revelia e são tomados como
verdadeiros os fatos
 Existem duas formas de citação que são entendidas como fictas (não há como saber se o réu
tomou ciência): 1) hora certa (já se foi mais de uma vez, há elementos de ocultação, marca
horário e o sujeito não se encontra no horário); 2) citação por edital
 A nomeação de curador especial é necessária para que se adquira capacidade processual; se
não houver essa nomeação, opera-se nulidade dos atos processuais praticados em
inobservância a esses preceitos normativos (terão que ser repetidos depois); se o vício não for
suprido, haverá extinção do processo
OUTORGA UXÓRIA E OUTORGA MARITAL
 Existem pessoas que não estão no exercício dos seus direitos em certas situações ou em todas
as situações, e há de se ter meios para se viabilizar a capacidade processual
 O homem e a mulher casados, salvo regime de separação absoluta de bens, necessitará do
consentimento do outro para propor ações reais imobiliárias (art. 73, caput)
o Se autores, ou se forma o litisconsórcio ou se busca a outorga uxória ou marital; se a
outorga for recusada, o processo só pode continuar se houver autorização judicial
o Quando réus, a hipótese é o litisconsórcio passivo necessário (art. 73, §1º)
o Esse raciocínio se aplica à união estável sempre que há prova inequívoca de sua
existência (art. 73, §3º)
o Aqui se fala em relação real imobiliária, e existiu discussão sobre a ação possessória
imobiliária; o posicionamento legislativo é em sentido negativo, ou seja, não há a
necessidade de consentimento do cônjuge (art. 73, §2º)
 A outorga uxória é aquela dada pela mulher ao marido; outorga marital é a dada pelo marido
à mulher
REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL
 Até agora estamos trabalhando com a ideia de pessoa física; existem também como partes
entes formais e pessoas jurídicas
Pessoas jurídicas
 O art. 75 do CPC cuida da capacidade processual das pessoas jurídicas, que se dá sempre
através de representação processual, até porque a pessoa jurídica é ficção, não existe em si
mesma no campo da vida
União
 A União será representada pela AGU, diretamente ou por órgão vinculado
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o No campo político, quem representa a União é o Presidente da República; não se pode


exigir que toda procuração seja assinada por ele, que ele compareça a todas as
audiências etc., então é preciso viabilizar a sua representação, que se dá por meio da
AGU
 A AGU se subdivide em três órgãos distintos, mas todos com o papel de representação: 1)
Advocacia da União; 2) Procuradoria da Fazenda Nacional; 3) Procuradoria Federal
o Todas as questões de natureza fiscal são conduzidas pela Procuradoria da Fazenda
Nacional
o As questões não fiscais pela Advocacia da União
o A defesa de todas as autarquias e fundações públicas federais (não exatamente a
União) será pela Procuradoria Federal
o São carreiras para as quais existe concurso público e com a investidura se adquire a
representação processual
 A representação judicial da União se dá pela Advocacia da União ou Procuradoria da Fazenda
Nacional; a representação judicial das autarquias e fundações públicas se dá pela Procuradoria
Federal
 Não há procuração juntada por esses entes porque a representação decorre de lei
Estados e DF
 O raciocínio é o mesmo; devem organizar as Procuradorias, então sua representação se dá
pelos seus procuradores
Município
 Representado por seu Prefeito ou Procurador; aqui, há uma diferença na redação
 Os Municípios podem ou não ter Procuradorias públicas organizadas
 Se têm Procuradoria, esta, que é organizada por lei, adquire representação processual
 Nem todo Município, pelo porte, tem necessidade de Procuradoria, então ele constitui
advogados, com ou sem licitação, para exercício das atividades necessárias, e a representação
permanece com o Prefeito
Autarquia e fundação de Direito Público
 É representado por quem a lei designar
 No campo federal, a representação é pela Procuradoria Federal
 Nos estados e municípios, haverá disciplina própria pela lei local; pode ser que recaia sobre a
proporia procuradoria do Estado ou Município, ou pode ser que haja procuradoria própria para
as autarquias e fundações
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Entes formais
 A massa falida pelo administrador judicial
 A herança jacente ou vacante pelo curador
 Um inventário em curso pelo inventariante (pessoa que administra os bens do espólio
enquanto não é feita a partilha)
o No que se refere ao inventário, é importante alinhar a norma do inciso com o §1º, que
diz que se o inventariante for dativo (não é herdeiro), os sucessores do falecido serão
intimados no processo no qual o espólio seja parte
o O inventariante, segundo ordem legal, é nomeado por quem tem maior interesse na
partilha
Pessoa Jurídica
 Por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo designação, por seus
diretores
Sociedade e associação irregular e outros entes organizados sem personalidade jurídica
 Pela pessoa a quem couber a administração de seus bens
Pessoa Jurídica estrangeira
 Gerente, representante ou administrador de sua filial, agencia ou sucursal aberta ou instalada
no Brasil
Condomínio
 Pelo seu síndico ou administrador
VERIFICAÇÃO DA AUSÊNCIA DE CAPACIDADE PROCESSUAL
 Verificada a irregularidade da representação ou a ausência de capacidade processual, corrige-
se o vício e os atos são praticados novamente; se o vício não for corrigido, o processo é extinto
sem resolução do mérito (art. 76 e parágrafos)
DEVERES DAS PARTES
 Estão listados, exemplificativamente, no art. 77
 O processo civil é pautado no princípio da cooperação; todos os envolvidos, ainda que partes
litigantes, têm a obrigação de colaborar para o alcance da composição do litígio
 Exige-se, além do comportamento colaborativo, alguns comportamentos éticos, com base na
boa-fé
Exemplo: a parte não pode mentir em juízo (dever do art. 77, I); não se pode recorrer sem
matéria para recorrer, com intenção protelatória
 O professor generalizaria os deveres dizendo que são os deveres de cooperação, lealdade,
probidade e boa-fé
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Dever de urbanidade (art. 78)


 É dever do juiz, do membro do MP, dos agentes auxiliares da Justiça, dos serventuários da
Justiça, da parte e dos advogados
 No processo há litígio, o que não quer dizer que ele deva se desenvolver com ofensa às regras
básicas de urbanidade
Sancionamento
 Havendo descumprimentos dos deveres da parte, haverá sancionamento
EXPRESSÕES INJURIOSAS
 Havendo a utilização de expressão injuriosa, o juiz vai mandar lançar certidão o contexto
dessas expressões, e depois as expressões serão riscadas dos Autos
 Se a expressão injuriosa se dá oralmente, o juiz vai advertir e, havendo insistência, o juiz cessa
a palavra
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
 O comportamento improbo, o comportamento temerário, aquele que vai de encontro aos
deveres gerais das partes é o que se chama de litigância de má-fé e, havendo litigância de má-
fé, vai haver responsabilização pecuniária da parte
 O art. 80 traz um rol do que seria esse comportamento temerário, sendo que são indicados
também de forma exemplificativa
 Esses comportamentos ou vão de encontro com o dever de probidade ou contra o dever de
..., quando não contra ambos
Inciso I
 É litigante de má-fé aquele que litiga sabendo não ter razão
 Não se pode interpretar isso literalmente; o advogado pode, por exemplo, sustentar a
inconstitucionalidade da norma, ou uma interpretação diferente da norma
Inciso II
 É litigante de má-fé aquele que altera a verdade dos fatos
 Não se pode compreender como exercício de direito legítimo a exposição de fatos que não são
verdadeiros
 Uma coisa é expor a sua compreensão dos fatos, outra coisa é alterar o fato
Inciso III
 O processo pode ser utilizado de forma simulada para, via ele, se alcançar um resultado que
não seria permitido pela lei
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Exemplo: herdeiro que recebia determinado bem, mas ia pagar um imposto sobre a sucessão,
e propõe ação contra o espólio dizendo que em vida o falecido teria doado ou vendido o bem
a ele e esse bem não teria sido entregue
Inciso IV
 Aquele que opuser resistência injustificada, seja se ocultando para não receber intimações etc.
Inciso V
 Agir contra os deveres em qualquer ato ou incidente do processo; proceder de modo
temerário
Inciso VI
 Dar ensejo a um incidente sabendo que efetivamente não há base para aquilo, com intuito
meramente protelatório; incidente manifestamente infundado
Inciso VII
 Aquele que sabe que seu recurso não vai ser provido porque não tem o direito, mas ainda
assim interpõe recurso para protelar o processo
Sancionamento
 Art. 79: responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé
 Reconhecida a litigância de má-fé, haverá aplicação da sanção
 O reconhecimento pode se dar na sentença ou em qualquer momento durante o processo
 O litigante temerário vai pagar valor não inferior a 1% e não superior a 10% do valor da causa
(art. 81, caput)
 A multa reverte em favor da parte contrária, mas se o valor da causa for muito pequeno, o juiz
pode fixar a multa em até 10x o valor do salário mínimo para que ela tenha efetividade (§2º)
 Se há litigância de má-fé, os honorários advocatícios vão ser arcados integralmente pelo
litigante de má-fé, haverá condenação por perdas e danos, além de arcar com todas as
despesas que a parte contrária efetuou
 Quando houverem dois ou mais litigantes de má-fé, a análise do comportamento de cada
litigante é importante para o sancionamento
 Há na lei o mecanismo para evitar o comportamento abusivo, mas muitas vezes o juiz não faz
uso desses instrumentos, o que faz com que não haja coibição desses comportamentos
CAPACIDADE POSTULATÓRIA
 A capacidade postulatória, de ordinário, é adquirida com a constituição de advogado; há,
todavia, situações excepcionais em que a própria parte detém habilitação legal, assim como
há casos também excepcionais que se dispensa a constituição de advogado porque se outorga
a qualquer cidadão a capacidade postulatória (ex.: Juizados Especiais Cíveis)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o Ressalvada a hipótese em que a lei confere expressamente a todos a capacidade


postulatória ou que a própria parte já detém a capacidade postulatória, a parte a
adquire mediante a constituição de advogado
 Necessitando da capacidade postulatória, ou a parte detém habilitação legal e pode advogar
em causa própria ou vai constituir advogado e, assim, o advogado postulará em nome dela e,
consequentemente, a capacidade postulatória estará alcançada
 A constituição de advogado se dá através da outorga de mandato (procuração) ao advogado
INSTRUMENTO DE MANDATO
 A procuração judicial pode ser feita tanto por instrumento público quanto por instrumento
particular
o Se feita por instrumento particular, dispensa-se o reconhecimento da firma
o Pública não comporta reconhecimento de firma pela sua própria essência
 A procuração judicial vai ser outorgada, necessariamente, a quem detém habilitação legal, ou
seja, o advogado e/ou o estagiário
o O estagiário tem que ter registro na OAB e vai atuar dentro dos limites do EOAB
 Na outorga do mandato é necessário que se indique os outorgados; o número de inscrição na
Ordem; se for uma sociedade, é necessário que se indique a sociedade e o número de inscrição
da sociedade na Ordem
 A procuração judicial pode ter um objeto genérico ou específico
o Procuração geral não delimita o objeto
o Procuração específica, que é a mais recomendável, é aquela que especifica o objeto
do mandato (e.: propor ação de despejo envolvendo o apto tal, edifício tal etc.)
 A procuração judicial faz presumir a existência de cláusula ad-judicia, que autoriza o advogado
a praticar todos os atos na defesa dos interesses dos clientes
o A cláusula alcança todos os poderes necessários a atuar, exceção feita aqueles que
necessitam de poderes especiais
Momento de exibição
 O advogado deve exibir a procuração na primeira oportunidade em que ele fala nos autos
 Alegando urgência, o advogado terá o prazo de 15 dias para exibir o mandato
o Basta a mera alegação de urgência
o O mandato deve dar a ele poderes para atuar no processo e ratificar os atos já
praticados
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 Se o advogado não conseguir juntar o mandato no prazo de 15 dias, ele pode requerer ao juiz
mais prazo, e se este entender que a justificativa é plausível, pode prorrogar o prazo por mais
quinze dias
 Se o advogado não trouxer a procuração, os atos são ineficazes, e o advogado vai responder
pelas custas, pelos honorários e pelos prejuízos que tenham sido causados a quem quer que
seja em razão do processo
 A dispensa de juntada de procuração tem lugar nos casos em que à parte foi concedida pela
lei capacidade postulatória ou quando a parte detém habilitação legal (quando a parte é
advogado)
Poderes gerais x Poderes especiais
 Os atos que exigem poderes especiais estão no art. 105: receber citação, confessar,
reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se
funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de
hipossuficiência econômica
 A citação é o ato pelo qual se da ciência a alguém da existência de processo e, sem ela, não se
viabiliza contraditório e ampla defesa; a citação é pessoal, então alguém só pode receber
citação de outrem quando a procuração expressamente der poder para tal
 O recebimento de dinheiro ou de bens exige uma especial confiança, e a quitação é a prova
cabal do cumprimento da obrigação, então o advogado só pode fazer essas coisas pelo cliente
se este tiver expressamente autorizado
 Transigir, desistir e renunciar: quem constitui advogado está, a princípio, querendo se
defender, e esses atos são de desistência de direitos
o Na transação se está fazendo concessões recíprocas
o Na renúncia, abre-se mão por inteiro da pretensão
 Existem poderes especiais para desistir: a desistência leva à extinção do processo sem exame
de mérito; desistência e renúncia se aproximam porque são atos praticados pelo autor
o Na renúncia, ele abre mão da pretensão, do pretenso direito material
o A desistência é quando o autor abre mão do direito de ação
 A confissão é o reconhecimento de fato que, ao menos em tese, é desfavorável à parte; difere
do reconhecimento da procedência do pedido, primeiro porque este é ato somente do réu,
enquanto que a confissão pode ser feita tanto pelo autor quanto pelo réu
o A confissão não leva necessariamente à procedência ou improcedência do pedido
o Se há reconhecimento da procedência do pedido, necessariamente vai haver a
procedência (se os fatos forem verdadeiros)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 É necessário poder especial para firmar compromisso, que é o compromisso arbitral, quando
há ato de disposição (dispõe da jurisdição pública)
 Para declarar hipossuficiência econômica e requerer o benefício da assistência judiciária
gratuita
Requisitos

Advocacia em causa própria (art. 106)


 É autoexplicativo
Direitos do advogado (art. 107)
 Em verdade, quando se fala de direitos do advogado, a expressão é equivocada, porque o que
se tem são prerrogativas
o A prerrogativa é outorgada para que alguém possa exercer a função que lhe cabe por
lei ou por qualquer outro motivo; não se confunde com o direito em si
Exemplo: prerrogativa do porte de arma do juiz e do promotor; prerrogativa dos
deputados pelas palavras etc. proferidas em razão do cargo
 As prerrogativas são estabelecidas por lei, e a lei que regulamenta a advocacia é a lei 8.906/94
(EOAB), que prevê as prerrogativas no art. 7º; as prerrogativas estão relacionadas não
necessariamente com a atuação processual ou processual civil, mas relacionadas à atuação
profissional como um todo
 São três diplomas que regulam a advocacia: EOAB, Regulamento Geral da Advocacia e Código
de Ética da Advocacia
 O CPC destacou algumas prerrogativas do advogado, intitulando equivocadamente de direitos
do advogado, no art. 107
Inciso I
 O advogado pode ter acesso a qualquer processo, independentemente de estar constituído
naquele processo
Inciso II
 Se o advogado já foi constituído no processo, ele tem direito à carga dos autos pelo prazo de
5 dias; se trata do momento imediatamente subsequente à constituição
 O advogado pode requerer a carga dos autos para que, de posse dos autos, ele possa examiná-
los
Inciso III
 O advogado tem direito de retirar os autos do cartório e conservar eles no seu poder durante
o prazo concedido
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 É necessário que se tenha cautela ao permitir carga de autos


§1º
 Se o advogado recebe os autos, precisa assinar que recebeu os autos
 O estagiário pode retirar os autos do cartório se tem procuração nos autos; também pode ser
feita carga por pessoa autorizada pelo advogado
§2º
 O prazo pode ser comum, para dois ou mais advogados, então fica inviabilizada a retirada dos
autos do cartório, exceto se for previamente ajustado entre as partes ou se a retirada for em
conjunto
§§ 3º e 4º
 Não peguei direito.
 §3º: Na hipótese do §2º, é lícito ao procurador retirar os autos para obtenção de cópias, pelo
prazo de 2 (duas) a 6 (seis) horas, independentemente de ajuste e sem prejuízo da
continuidade do prazo
 §4º: O procurador perderá no mesmo processo o direito a que se refere o §3º se não devolver
os autos tempestivamente, salvo se o prazo for prorrogado pelo juiz
 Observação: essa questão de carga tem perdido cada vez mais importância, haja vista que
cada vez mais os processos são eletrônicos
Substabelecimento
 O mandato é outorgado pelo advogado e, a partir do momento da outorga, o advogado tem
poderes para atuar em nome no cliente nos termos já discutidos
 Uma vez constituído o advogado, ele pode estender os poderes a outro advogado, como
também transferir os poderes a outro advogado, o que vai se dar por meio de
substabelecimento
 É sempre escrito e pode ser feito por instrumento público ou particular, independente da
forma da procuração
 Não está entre os atos que pressupõe poderes especiais
Substabelecimento com reservas
 Nele, o advogado continua no processo, mas estende aqueles poderes a outros advogados
 É ato privativo do advogado, ou seja, pode fazer independentemente de comunicar ao cliente
 Questões envolvendo honorários entre o substabelecente e o substabelecido deve ser
resolvida entre eles, sem envolver o cliente
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Sem reservas
 Quem está substabelecendo se afasta do processo; não há extensão dos poderes, mas sim
transferência deles
 Pressupõe comunicação específica ao cliente, inequívoca; se o cliente não concorda, ele pode
revogar os poderes do advogado
 O ideal é que seja discutido com o cliente anteriormente, para evitar constrangimentos
Revogação e renúncia
 Em linhas de princípio, o mandato não tem prazo de validade
 A relação advogado-cliente é pautada em fidúcia (confiança), então a qualquer tempo o
mandato pode ser extinto, e o ato que faz a extinção é a revogação ou a renúncia
o Revogação quando parte do constituinte
o Renúncia quando parte do advogado
 Ambas só produzem efeitos, em linha de princípio, quando há cientificação
Revogação (art. 111)
 A revogação produz efeitos imediatos, e o cliente não precisa justificar
Renúncia (art. 112)
 A renúncia não produz e nem poderia produzir efeitos imediatos, porque é preciso que se de
um tempo para que o outorgante possa constituir um substituto
 Feita a renúncia, ela vai ser comunicada ao cliente, e durante 10 dias o advogado deve atuar
o Se antes disso novo advogado for constituído, o advogado está liberado
 Havendo vários advogados, a comunicação só precisa ser feita pelo último
 O Código de Ética diz que a renúncia ao mandato implica omissão dos motivos, ao menos no
instrumento de renúncia, porque ele vai aos autos e, assim, pode expor o cliente
Honorários
 A relação jurídica do mandato e do contrato de prestação de serviços advocatícios são relações
jurídicas diferentes
 O mandato pode ser renunciado/revogado, mas continua existindo o contrato
 Se o advogado renuncia por motivo justificado, continua tendo direito ao recebimento dos
honorários de forma proporcional ao trabalho feito
 Se o cliente revoga injustificadamente, ele continua tendo que pagar todos os honorários
advocatícios; se for justificado, será proporcionalmente
 Não é recomendável que não se faça o ajuste dos honorários no momento da extinção do
mandato; se não houver ajuste, é lide, e terá que ser levada ao judiciário
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

SUCESSÃO DE PARTES
 A regra é que as partes no processo não sofram alteração; só se pode ter alteração de parte
nos casos previstos em lei
 Algumas modalidades de intervenção de terceiro podem levar à substituição ou modificação
de partes, mas, de ordinário, iniciado o processo com determinadas partes, não há
modificação destas
 Aqui também temos modificação de parte, que se dá por meio de sucessão
 Não havendo previsão legal para modificação de partes, não se modifica a parte
Sucessão de pessoas vivas (art. 109)
 Em regra, a alienação ou cessão da coisa litigiosa não altera as partes
 Excepcionalmente, se permite a substituição da parte, se pleiteado pelo adquirente ou
cedente e houver consentimento da parte contrária (§1º)
 Se não houver concordância, não pode haver substituição; não havendo substituição, o
adquirente ou cedente pode ingressar no processo como assistente litisconsorcial, uma vez
que a alienação ou cessão gerou interesse jurídico (§2º)
 Se ele não ingressar seja por substituição, seja por assistente, os efeitos da coisa julgada o
alcançarão (§3º)
Sucessão mortis causa (art. 110)
 Se há falecimento, deixou de haver capacidade de ser parte, então é preciso que esse
pressuposto processual seja restaurado; a restauração vai ser feita pela substituição do
falecido pelo seu espólio
 Após a partilha, os bens litigiosos vão para um ou alguns dos herdeiros; o espólio vai ser
substituído pelos sucessores em relação ao bem

ATOS PROCESSUAIS
 Esse tema é extremamente importante porque aqui que vamos estudar a questão dos atos de
comunicação processual (intimação e citação), bem como ...
CONSIDERAÇÕES GERAIS
 O estudo dos atos processuais pressupõe, em um primeiro momento, a diferenciação entre
processo e procedimento
 O processo é uma relação jurídica, envolvendo as partes e o juiz
o Quando se pensa em processo, se pensa em algo estanque, daí se dizer que é relação
jurídica triangular envolvendo o Estado e as partes
 Esta relação jurídica tem que se desenvolver adiante
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 O processo se instaura com a petição inicial e, pelo menos, vai chegar na sentença, e vai se
desenvolver de acordo com o procedimento, que é o conjunto dos atos que se pratica para
viabilizar a entrega da prestação jurisdicional
 Os atos processuais são os elos da cadeia
Exemplo: apresentação da petição inicial é um ato processual
CARACTERÍSTICAS
 Os atos processuais têm algumas características
Unidade de escopo
 Os atos podem ser identificados isoladamente; eles podem ser visualizados de maneira
individual, mas eles têm uma unidade de escopo
Coordenação em série
 Se há unidade de escopo, eles têm que estar em série
Interdependência
 O ato processual pode ser individualizado, mas muitas vezes a validade do ato processual
subsequente pressupõe a validade do ato antecedente
Exemplo: o juiz determina a citação e ela, que devia ser pessoal, é feita em nome do filho do
citando; se o citando não apresenta defesa, se praticarão outros atos e, mais adiante, se
reconhecida a nulidade da citação, os atos que dela derivam também serão nulos
PRINCÍPIOS
FORMALISMO E INSTRUMENTALIDADE DA FORMA
 O formalismo e a instrumentalidade da forma são coisas diametralmente opostas, mas devem
ser analisadas em conjunto porque um funciona como limitador do outro
 Os arts. 188 e 277 consagram tanto o formalismo como a instrumentalidade da forma
 Se a lei estabelece uma forma, ela deve ser observada, para que se tenha segurança jurídica;
a forma é um meio de resguardo do destinatário do ato
Exemplo: a citação tem que ser feita pessoalmente
 Art. 251: a razão de ser forma é garantir que o conteúdo da citação chegue ao conhecimento
do citando, então incumbe ao oficial de justiça procurar o citando, ler o mandado para o
citando, entregar cópia do mandado, requerer que assine o mandado e dar certificado de
recusa de recebimento ou recusa de assinatura se esses fatos foram operados
 Não alcançando a finalidade o ato, a inobservância da forma gera a sua nulidade (princípio do
formalismo)
 Ainda que não observada a forma, se a finalidade foi alcançada, o ato reputa-se válido
(instrumentalidade da forma)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

DOCUMENTAÇÃO
 Os atos processuais sempre deverão ser documentados
 É por isso que temos autos; autos correspondem a um conjunto de documentos destinados à
documentação dos atos processuais
 A documentação tem que ser feita, ainda que não necessariamente por escrito
 Tradicionalmente é por escrito (autos em papéis), mas se tem a possibilidade de autos
eletrônicos
 Sejam os autos eletrônicos, sejam os autos físicos, qualquer meio de comunicação pode ser
utilizado
 A documentação é sempre necessária, ainda que ela se opere de forma sucinta
 Não pode ser diferente, porque se não houver documentação as informações se perdem no
tempo, porque nossa memória é falha
 Os meios de documentação são os meios idôneos
PUBLICIDADE
 Os atos processuais são públicos
 A publicidade deriva de preceito constitucional, a própria CF consagra a publicidade
 O CPC transporta para seu bojo a regra da publicidade e procura esmiuçar o regramento da
publicidade
 O art. 189, caput, diz que a regra é que os atos processuais são públicos, então, de ordinário,
qualquer pessoa pode ter acesso aos autos de qualquer processo e acompanhar a prática de
qualquer ato processual
 Existem casos que vai tramitar em segredo de justiça
o Pode ser que a restrição seja total ou parcial
Casos em que há segredo de justiça
Inciso I
 Quando existe interesse público ou social
 As vezes o segredo do ato processual é importante para a sua prática
Inciso II
 É a única hipótese em que a restrição à publicidade independe de ordem judicial
 Pela natureza do processo, se discutem questões que estão relacionadas à intimidade, ao
direito de família
Inciso III
 Qualquer situação em que se entenda que a intimidade deve ser preservada
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Exemplo: mulher que fez plástica na mama e o juiz tem que ver os seios dela na audiência para
que seja produzida prova
Inciso IV
 Em processos que versem sobre arbitragem se havia cláusula de sigilo
§ 1º
 Quando corre em segredo de justiça, só as partes e seus procuradores podem acessar os autos
§ 2º
 Terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer certidões, mas independente de
interesse jurídico ele pode acompanhar os atos processuais
OBRIGATORIEDADE DO VERNÁCULO
 Os documentos têm que ser em português
 Os documentos em outra língua têm que ser traduzidos por tradutor juramentado ou judicial
 A dispensa que se tem é em relação aos documentos redigidos em espanhol, por força de
tratado internacional dos países do MERCOSUL
ATOS DAS PARTES
 Quanto a esse ponto, inúmeras classificações existem, mas delas não se extraem muitos
resultados práticos
 De todas as classificações, a importante é a que as classifica em atos de postulação
 Ato de postulação é aquele pelo qual o sujeito apresenta argumentação
o Diz respeito ao peticionamento, apresentação de razão etc.
 Se diz que o ato da parte também pode ser ato instrutório, que é aquele destinado à produção
de provas (ex.: juntada de documentos)
 O ato real ou ato-fato é aquele que consiste na própria prática em si (ex.: pagamento de
custas)
 Os atos das partes produzem efeitos imediatos, salvo a desistência do processo (art. 200)
o Não há necessidade de chancela judicial, exceto a desistência que pressupõe
homologação
 Se os atos praticados forem por meio de entrega de documentos ou petições, é direito da
parte exigir recibo (comprovação de que praticou o ato)
o A forma mais comum de exigir recibo é solicitando a ... de recebido na contra-fé
 Se vedam cotas interlineares ou marginais no processo, embora não se vede a cota (art. 202)
o Não se pode pegar o processo e rabiscar o processo
o As interlineares são aquelas lançadas entre as linhas; as marginais são aquelas
lançadas na margem
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o Pode se fazer cotas no processo, desde que não sejam interlineares ou marginais
PRONUNCIAMENTOS DO JUIZ
 Essa questão deve ser vista por um duplo viés: 1) atos do juiz em sentido estrito (1º grau); 2)
atos dos magistrados, englobando desembargadores
 Os atos do juiz se classificam em despachos, decisões interlocutórias e sentenças
 A distinção dos atos magistrados é importante em especial para definir se é cabível recurso e
qual o recurso cabível
ATOS DO JUIZ DE 1º GRAU
 Os atos do juiz do 1º grau podem ser despachos, sentenças e decisões interlocutórias
 Ele prolata sentença e profere despacho e decisão interlocutória
 O despacho é o ato do juiz no qual não existe conteúdo decisório ou conteúdo axiológico
relevante; ele é feito com o objetivo de impulsionamento do processo, mas ali não se está
decidindo questão, seja questão inerente ao próprio litígio, sejam questões de natureza
processual
Exemplo: uma parte junta documento, o juiz despacha intimando a outra para ter vista do
documento
o É muito comum encontrar nos livros que o despacho se caracteriza por não ter carga
decisória; isso é equivocado, porque todo ato humano pressupõe um julgamento
mínimo de valor, mas no despacho esse juízo é rarefeito
o Se impulsiona o processo sem que seja decidido o mérito, em todo ou em parte, e sem
que sejam decididas questões processuais
 O que tem conteúdo decisório relevante ou é sentença ou é decisão interlocutória
o A sentença sempre põe termo à fase de conhecimento, ressalvada a possibilidade de
interposição de recurso; é a decisão final do processo
o A decisão interlocutória o conteúdo decisório não é tão relevante, não encerra o
processo, ainda restam questões a serem discutidas
 Tanto a decisão interlocutória como a sentença podem ter conteúdo somente meritório como
somente de admissibilidade, mas a diferença não é o conteúdo, mas sim o momento
ATOS DOS MAGISTRADOS EM 2º GRAU
 Em âmbito de tribunal, se pode ter provimento judicial que não tem conteúdo decisório ou
provimento judicial que tem conteúdo decisório
 Quando não há conteúdo decisório relevante, temos o despacho
o O despacho pode ser proferido tanto no 1º quanto no 2º grau
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 Havendo conteúdo decisório, se está diante ou de uma decisão monocrática ou de um


acórdão
o O acórdão é esta decisão tomada de forma colegiada, ou seja, é uma decisão tomada
por mais de um desembargador em conjunto; acórdão deriva do verbo “acordar”
 Nem todo acórdão é unânime
o Decisão monocrática é aquela tomada isoladamente por apenas um membro de um
tribunal
 A premissa é a mesma que da decisão interlocutória de 1º grau, mas a
diferença é que a decisão interlocutória nunca pode colocar termo ao
processo de 1º grau, enquanto que a decisão monocrática em 2º grau pode
encerrar o processo

Observações sobre os atos do juiz


 Art. 205: os atos judiciais vão ser redigidos e assinados e datados por um juiz
 Existe prazo, malgrado improprio, para a prática dos atos pelo juiz; são prazos impróprios,
porque não se tem, na estrutura do Poder Judiciário, condições que permitam ao juiz cumprir
os prazos previstos no Código (art. 226)
ATOS ORDINATÓRIOS
 Existem atos que podem ser praticados por ordem do juiz pelos serventuários
 O ato ordinatório, chamado de ato de ordem, vai ser praticado pelo serventuário
 O CPC indica quais são os atos ordinatórios que podem ser praticados: 1) vista obrigatória; 2)
juntada de documentos
o Esse rol é exemplificativo; o juiz pode baixar portaria, e com base nessa portaria
instituir atos ordinatórios
 São valiosos para permitir o andamento processual
 Nenhum ato que contenha a necessidade de decisão, de juízo de valor, pode ser ordinatório;
o ato ordinatório substitui apenas aqueles que seriam feitos por meio de despacho
LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS
 O art. 217 trata do lugar da prática dos atos processuais
 Os atos processuais são praticados, de ordinário, na sede do juízo, no mais das vezes em sala
de audiência
Exemplo: colher um documento pessoal, fazer a inspeção de uma pessoa, será feito na sede
do juízo
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 Excepcionalmente podem ser praticados fora da sede do juízo, e as hipóteses que autorizam
isso decorrem: 1) de deferência; 2) interesse da justiça; 3) natureza; 4) obstáculo arguido parte
entendido como presente pelo juiz
o Deferência: lei estabelece que determinadas pessoas, porquanto ocupem
determinados cargos que são relevantes, elas poderão ser ouvidas no local de trabalho
ou em sua residência em dia ou horário que venham a designar
 A deferência não é à pessoa, mas ao cargo
 Isso é como testemunha, nunca como parte
 São as pessoas egrégias, elencadas no art. 454
o Interesse da justiça: por qualquer motivo se pode ter interesse em que o ato seja
praticado fora da sede do juízo, e esse interesse vai ser aferido caso a caso
o Natureza: não se pode, por exemplo, fazer inspeção judicial de um imóvel na sede do
juízo; não se pode fazer busca e apreensão de veículo na sede do juízo
o Obstáculo arguido pela parte: é, por exemplo, o caso de testemunha que tem
condição de falar, mas está internada e não pode sair do hospital
COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
 Existe um princípio que norteia a jurisdição que é o da territorialidade; o juiz exerce a função
jurisdicional, mas a investidura dele está relacionada, também, a uma competência territorial,
e ele vai praticar os atos no limite de sua jurisdição
 Se o ato vai praticado fora desses limites territoriais, é necessária a expedição de cartas, que
são solicitações de uma autoridade judiciaria a outra autoridade judiciaria para que pratique
os atos necessários (art. 236, §1º)
 Os limites territoriais são as comarcas
o O juiz vai praticar os atos, salvo em disposição em contrário, nos limites de sua
comarca
o O tribunal determina a pratica dos atos no limite da comarca na qual o tribunal está
sediado
 Essa regra não é absoluta
 Art. 255: se o ato vai ser praticado fora da comarca, mas é uma comarca contígua de fácil
comunicação, ou componente da mesma região metropolitana, o oficial de justiça pode
praticar o ato independente de carta
o Comarca contígua é uma comarca limítrofe, que tem fronteira
Exemplo: Salvador é comarca contígua à Simões Filho
o Além de contígua, a comarca precisa ser de fácil comunicação
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Exemplo: o oficial de justiça pode pegar ônibus de SSA a Simões Filho


o Pode ser que a comarca não seja contigua, mas seja em região metropolitana
 As cartas podem ser: 1) rogatória; 2) de ordem; 3) precatória; 4) arbitral (art. 237)
o A rogatória é aquela que é encaminhada para fora do país; tem que ser encaminhada
para o STF para que ele faça o encaminhamento por via diplomática (inciso II)
o Se o ato está sendo solicitado por um tribunal a juiz a ele vinculado, a carta é de ordem
(inciso I)
Exemplo: o tribunal da Bahia tem sede em SSA e precisa que pratique ato em Barreiras,
então envia carta de ordem para lá
o Se não é rogatória ou de ordem, é precatória (inciso III)
Exemplo: juiz de SSA requer a prática de um ato a um juiz de Vitória/ES
o Há uma tendência crescente da valorização da arbitragem como forma de resolução
de litigio, trazendo a possibilidade de o juiz arbitral requerer a pratica de atos do
judiciário, então a carta vai ser carta arbitral, já que oriunda do juízo arbitral (inciso
IV)
 A justiça federal está organizada em seções e subseções judiciárias, mas se não for comarca
contigua e de fácil comunicação, ou se não for região metropolitana, o oficial de justiça não
pode praticar o ato ainda que seja na seção ou subseção judiciaria, então a justiça federal vai
mandar carta precatória para a justiça estadual (§ único)
o A justiça estadual só pode mandar carta para a justiça estadual
 A carta precatória se caracteriza, também, pela natureza itinerante; se não for possível praticar
o ato nos limites territoriais do deprecado, ele não devolve o ato, mas encaminha para outro
que possa cumprir o ato, informando ao juiz deprecante
TEMPO DOS ATOS PROCESSUAIS
 Tempo, nos atos processuais, diz respeito ao momento durante o qual o ato processual pode
ser praticado; o prazo é até quando o ato processual pode ser praticado
Exemplo: uma petição pode ser entregue na JF qualquer dia útil até as 18h (tempo); fui
intimado para praticar um ato por meio de petição no prazo de 15 dias (prazo)
 As regras atinentes ao tempo estão nos artigos 212 e 213
 Os atos serão realizados em dias úteis, das 6h às 20h (art. 212, caput)
o Em regra, não se pratica ato processual em dia que não seja útil
o Uma perícia, por exemplo, só pode ser praticada a partir das 6h e até as 20h
 Se o ato começou antes das 20h, ele vai ser concluído depois das 20h, se houver risco de
prejuízo (art. 212, §1º)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 Se tem a possibilidade de praticar citações, intimações e penhoras em dias não úteis, em


horários diversos dos do caput, porque a maioria das pessoas dificilmente está em casa nos
dias úteis e no horário comercial; o oficial de justiça, independentemente de autorização
judicial, pode praticar esses atos em dias não úteis e em dias distintos (§2º)
 Os horários das 6h às 20h são para a pratica de atos processuais em geral; o ato processual
que depende de petição em autos físicos tem que ser praticado dentro do horário do
expediente (art. 212, §3º)
 Para peticionamento em autos eletrônicos, o peticionamento é feito pela internet, então não
há razão para estabelecer limite de horário; pode ser praticado em qualquer horário das 24h
do último dia do prazo (art. 213)
o Se existe problema de fuso, horário de verão etc., vale o horário do local não de
peticionamento, mas do local onde está o órgão em que o processo tramita (§ único)
PRAZO DOS ATOS PROCESSUAIS
PRINCÍPIOS
 Os tratados aqui não estão positivados, mas outros dois, sim: peremptoriedade e preclusão
Paridade de tratamento
 Deriva do princípio da isonomia, e é um princípio que se volta tanto para o legislador, quanto
para o juiz
 Ressalvadas situações específicas onde haja justificativa para um tratamento diferente, os
prazos devem ser fixados em lei da mesma forma para as partes litigantes
 Essa é uma constante no CPC
Exemplo: Se o prazo para embargos de declaração é de 15 dias, o prazo para contrarrazões é
também de 15 dias
 Quando o prazo é fixado pelo juiz, ele deve observar o mesmo critério
 Pode haver concessão de prazos diferenciados, mas se houver motivo a justificar a
diferenciação do prazo
o Havendo esse motivo, a lei deve dizer os prazos diferenciados, e se não for por
previsão legal, o juiz deve fixar
Exemplo: se ocorre um acidente de veículo, o particular pode rapidamente se reunir com o
advogado para preparar sua defesa; no caso do procurador público, o prazo em dobro, porque
ele demora para obter as informações necessárias
Brevidade e utilidade
 São dois princípios antagônicos, mas que devem coexistir para alcançar o meio termo, que é o
ideal
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 O prazo tem que ser fixado levando em consideração a necessidade de desenvolvimento do


processo, então não pode ser fixado de maneira muito extensa, sob pena de retardar a entrega
da prestação jurisdicional (princípio da brevidade)
 É preciso que se tenha utilidade nos prazos (princípio da utilidade)
 Quando da fixação dos prazos, pelo legislador e pelo juiz, se deve observar brevidade e
utilidade; a necessidade de o processo alcançar seu termo o mais breve possível, mas que haja
utilidade do prazo
PEREMPTORIEDADE DOS PRAZOS
 O termo final do prazo leva à impossibilidade de prática do ato, independentemente da
declaração de encerramento do ato
PRECLUSÃO
 Preclusão é a impossibilidade de praticar o ato em virtude ou do transcurso do tempo, ou do
ato já ter sido praticado, ou desse ato conflitar logicamente com outro que já foi praticado
pela parte
 Se diz que a preclusão pode ser de três espécies: temporal (prazo que passou), consumativa
(ato que já foi praticado) ou lógica (contraria outro ato que a parte já praticou)
o No processo civil, muito antes do direito civil, sempre existiu a figura do venire contra
facto proprium
 É um fenômeno endoprocessual, ou seja, interno ao processo
 O decurso de prazo leva à preclusão temporal, por isso falamos de preclusão aqui
UNIDADES DE PRAZO
 Não se pode contar se não se sabe a unidade de contagem
 A unidade de contagem no processo civil e no direito não é sempre a mesma
 O Código Civil tem critérios para contagem
 O prazo pode ser de um ano; o prazo de um ano contado a partir de 10/08/2017 termina em
10/08/2018; o prazo de um ano começado em 29 de fevereiro em ano bissexto termina em 1º
de março do ano seguinte
 O prazo pode ser contado em mês; se o prazo de um mês começa em 10/08, termina em 10/09;
se começa em 31/01, termina em 1º de março
 Os prazos em dias se contam por dia, mas algumas observações têm que ser feitas; previsto
no art. 224, CPC
o O dia de início não é excluído, ele é o “zero”, e não se inclui o dia final, ele é o final do
percurso; o dia “zero” é o dia de início
o Os prazos processuais em dias só são contados em dias úteis
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 O prazo em horas vai ser contado minuto a minuto; o prazo em minuto vai ser contado minuto
a minuto
o Para hora e minuto, se conta corrido (não apenas dias úteis)
FIXAÇÃO DOS PRAZOS
 Art. 218, CPC: os prazos advêm da lei
 Quando a lei não estabelece prazo, o juiz determinará o prazo considerando a complexidade
do ato (art. 218, §1º)
 Inexistindo previsão legal ou determinação do juiz, o prazo é de 5 dias (art. 218, §3º)
 O art. 218 tem duas disposições que não estão relacionada diretamente com prazo, mas
podem ser vistas de logo
o Ressalvada determinação judicial em sentido expresso que há de ser fundamentada,
não se pode ser intimado para praticar um ato se ela não acontecer com 48h de
antecedência, a intimação não é válida (art. 218, §2º)
o O ato é tempestivo se praticado antes do termo inicial (art. 218, §4º)
 Essa disposição aparenta não ter sentido logico, mas existe para fazer cessar
alguns tipos de comportamentos que ocorriam na vigência do CPC/73
TERMOS INICIAIS DOS PRAZOS
Artigo 231, I
 Pode ser que a intimação ou a citação se dê pelo correio; nesse caso, o prazo começa a correr
da data de juntada do AR aos Autos
o Não precisa de intimação da juntada, porque se a pessoa já foi intimada do prazo, sabe
que o AR poderá ser juntado a qualquer momento
 Essa regra não se aplica aos Juizados Especiais; o entendimento formado para esse caso é que
conta do recebimento da intimação
 Se não houve registro da hora e o prazo foi em hora, presume-se que se recebeu no último
minuto do dia
Artigo 231, II
 Se a citação ou intimação for por oficial de justiça, o raciocínio é o mesmo do AR: é a data de
juntada aos Autos do mandado cumprido
 Se for Juizado Especial, não é da juntada, mas do recebimento
Artigo 231, III
 A data de ocorrência da citação ou intimação se ela se der por escrivão ou por ato do chefe de
secretaria
 Não é mais tão comum aqui na capital; é mais comum onde todo mundo conhece todo mundo
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Artigo 231, IV
 A questão da citação ou intimação por edital é uma questão que precisa de mais atenção,
porque a citação por edital será vista mais adiante
 A principal situação para citação por edital é quando não se sabe onde se encontra o citando
 O edital será colado no mural do Fórum ou próximo à unidade judiciária, será publicado na
internet, pode ser publicado em jornal de grande circulação se o juiz assim determinar
 A citação por edital é na espera que a notícia da citação chegue ao citando
 Na citação por edital, existe o que se chama de prazo de dilação, que é aquele prazo necessário
para que a notícia da citação chegue ao conhecimento do citando; o juiz não tem como
adivinhar quando isso vai acontecer, então a lei diz que deve fixar entre 20 e 60 dias, levando
em consideração as circunstâncias da comarca
o É contado da primeira publicação do edital
 Depois de contado o prazo de dilação (prazo para que o citando tome conhecimento), são
contados mais quinze dias úteis para a prática do ato
Artigo 231, V
 A intimação eletrônica é feita por e-mail; a pessoa consulta o e-mail e, consultando o e-mail,
se considera que a pessoa foi intimada no primeiro dia útil após a leitura do e-mail
 A questão não é apenas abrir o e-mail, é abrir no sítio eletrônico do tribunal em que o processo
está correndo
 Incide aqui o §3º do art. 5º da Lei 11.419: a consulta ao site por provocação do e-mail deverá
ser feita em até 10 dias corridos contados da data do envio da notificação, sob pena de
considerar a intimação realizada no dia do término desse prazo (décimo dia corrido)
o Há uma interpretação conjugada desse texto da 11.419 com o CPC
 O prazo vai ser em dias úteis, salvo determinação legal ou judicial em contrário
Artigo 231, VI
 Quando a citação ou intimação for por cartas (rogatória, de ordem e precatória), conta-se da
juntada no juízo deprecante (de origem) da comunicação feita pelo juízo deprecado de que a
citação foi feita
Artigo 231, VII
 A data da intimação da publicação quando a intimação se der por Diário da Justiça impresso
ou eletrônico
 Aqui também é preciso chamar a atenção para algumas circunstâncias
 O Diário pode ser de papel, físico; se foi entregue nas bancas, fórum etc. hoje, reputa-se feita
hoje a intimação, então o dia “1” vai ser no próximo dia útil
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o É o primeiro dia útil subsequente à disponibilização; a publicação se reputa feita no


dia em que ele foi disponibilizado
 Se o Diário for eletrônico, a lei 11.419 diz que se reputa feita a publicação no primeiro dia útil
subsequente
Artigo 231, VIII
 Quem retira os Autos do cartório se reputa intimado do que tenha lá dentro
 O dia da retirada é o dia da intimação
Outras observações
 Se o dia “zero” seria um dia não útil, será considerado dia “zero” o primeiro dia útil
subsequente
 Não peguei algumas coisas direito aqui.
CONTAGEM DOS PRAZOS

LITISCONSORTES COM DIFERENTES PROCURADORES
 Os litisconsortes que tiverem procuradores distintos, de escritórios de advocacia distintos,
terão todos os prazos em dobro (art. 229)
 Essa regra se estabelece por duas razões, sendo uma delas primordial: a manifestação das
partes pressupõe acesso aos Autos, então nenhum dos advogados dos réus pode tirar os Autos
de cartório, a menos que façam acordo de divisão do prazo
o Quem não tem acesso aos Autos do processo precisa de mais tempo para elaborar
suas petições
 A segunda razão é que, se existem réus ou autores com advogados distintos, em linha e
princípio se presume uma comunhão de interesses, ainda que parcial, então o peticionamento
feito por eles pressupõe algum tipo de alinhamento
 Essa dobra de prazo sofre restrições
Restrições
 Não se aplica para os processos com Autos eletrônicos
 Por construção jurisprudencial, não há incidência da dobra quando os consortes são distintos,
têm procuradores distintos, mas o ato praticado deve ser por um só ou por um conjunto de
consortes que tem o mesmo advogado
Exemplo: o autor propõe uma ação contra o médico e o hospital, e o advogado do médico
junta um novo documento; o prazo, no caso de juntada de novo documento, é de 15 dias, mas
nessa situação corre o prazo apenas para o autor e para o hospital, porque o médico foi quem
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

juntou o novo documento, ou seja, não há por que se dobrar o prazo, porque o ato compete
apenas a um consorte
o Súmula 641, STF: não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos
litisconsortes haja sucumbido
 Art. 229, §1º: cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é
oferecida defesa por apenas um deles
o Na manifestação inicial, o prazo é dobrado; depois, se verificada a apresentação de
defesa apenas por um deles, o prazo é normal
PRAZOS PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO, FAZENDA PÚBLICA E DEFENSORIA PÚBLICA
 A dobra de prazo se verifica em favor da Fazenda Pública, da Defensoria Pública e do Ministério
Público
 Esses órgãos gozam de um duplo benefício; o primeiro é o direito à intimação pessoal, e o
segundo é o prazo em dobro para fins de manifestação
Ministério Público (art. 180)
 O MP tem direito à intimação pessoal, na forma do art. 183, §1º
 O MP tem que ser intimado pessoalmente, que se dá por carga, por remessa ou por meio
eletrônico
o A carga é quando um membro do MP retira os Autos do cartório
o A remessa é quando o Judiciário manda os Autos para o Ministério Público
o Por meio eletrônico é a intimação eletrônica, já estudada
 Se o prazo para recurso é de 30 dias, do dia que recebeu a remessa ou fez a carga, o prazo
começa a fluir; o prazo é de 30 dias porque é dobrado
 Se o MP delega a função de carga ou o recebimento dos Autos em remessa, o prazo é contado
da data em que a carga é feita ou que a remessa é recebida
 Outro aspecto é o do §2º do art. 180: não se aplica prazo em dobro quando a lei estabelecer,
expressamente, prazo para o Ministério Público
o Quando o juiz estabelece prazo para o MP também será aquele prazo, não haverá
dobra
o A dobra é para os prazos gerais, não para aqueles estabelecidos individualmente
Advocacia Pública (art. 183, caput e §1º)
 Mesmo raciocínio que para o MP
Defensoria Pública (art. 186, caput e §1º)
 Mesmo raciocínio que para o MP
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

SUSPENSÃO
 Prazos podem ser suspensos; a suspensão de prazo corresponde a uma paralisação da
contagem do prazo para que ele seja retomado de onde parou
o Suspender é parar o prazo
 Na contagem de prazo, se tem 15 dias e está no 10º dia e há uma causa de suspensão, volta a
correr de onde parou
 Na interrupção, o prazo é retomado do início, do zero
Causas de suspensão
Art. 220
 É preciso que se estabeleça um período para que se tenha descanso do advogado; a ideia é
criar uma suspensão dos prazos de 20 de dezembro a 20 de janeiro (art. 220)
o Se um prazo começou no dia 17 de dezembro, por exemplo, e é uma segunda-feira, o
dia 1 é o dia 18, o dia 2 é o dia 19, e o dia 3 vai ser 21 de janeiro, se dia útil
 No período de suspensão de prazo não se realiza audiência nem sessões de julgamento (§2º)
 O juiz, se não estiver de férias, trabalha durante o período de suspensão de prazo (art. 220,
§1º)
Art. 221
 Suspende-se prazo se houver obstáculo que foi criado por uma parte em detrimento da outra
Exemplo: prazo dado para o Autor, mas o Réu tirou os Autos do cartório
 § único:
PRORROGAÇÃO E REDUÇÃO
 O prazo pode ser prorrogado pelo juiz excepcionalmente, e aí incide o art. 222
 A prorrogação do prazo é medida excepcional; pelas circunstâncias da comarca o juiz pode
determinar a prorrogação (caput), e em qualquer comarca, se houver calamidade pública,
pode haver a prorrogação dos prazos (§2º)
 O §1º traz uma norma de redução, e ele diz que o juiz pode reduzir prazo; se for prazo
peremptório, tem que ter consentimento das partes envolvidas
o O prazo peremptório é aquele que não pode ser alterado pelo juiz
o O prazo dilatório é aquele que comporta alteração
o É difícil dizer quais prazos são peremptórios, quais são dilatórios, senão em cima de
uma prática forense
o Os prazos de recurso e defesa são todos entendidos como peremptórios
o Prazos para outras manifestações menos importantes são dilatórios (ex.: prazo para
manifestação sobre perícia)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o Para reduzir dilatório, o juiz pode o fazer se entender conveniente


RENÚNCIA
 A parte pode renunciar o prazo estabelecido exclusivamente em seu favor desde que o faça
de maneira expressa (art. 225)
 Se eu posso deliberar por não praticar o ato, posso deliberar pela disposição do prazo para a
prática desse ato
ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL
 O nosso Código trata de citações e intimações
o Em verdade, é possível se falar em citações, intimações e notificação
CITAÇÃO
 O conceito de citação é legal e está posto na nossa ordem jurídica no art. 238: é o ato pelo
qual são convocados o réu ou interessado ou o executado para integrar a relação processual
o Para o professor, é o ato pelo qual se da ciência a alguém da existência de processo,
facultando a esse alguém o ingresso na relação jurídica processual para fins de defesa
de seus interesses
o É um ato extremamente importante, porque através dela se viabiliza o exercício do
contraditório e ampla defesa
o Não é somente para o réu; pode ter para qualquer sujeito, como é o caso da citação
do litisdenunciado
 A citação é pressuposto processual de existência do processo em desfavor do citando
o O processo só pode produzir efeitos lesivos a alguém se esse alguém for citado, senão
se teria ofensa ao princípio do contraditório e da ampla defesa
o Pode produzir efeitos benéficos a quem não foi citado
 Para a validade do processo, é indispensável a citação do réu ou do executado (art. 239)
o De rigor, validade significa existência de efeitos jurídicos extraídos do processo
o Ressalva o indeferimento da petição inicial ou improcedência liminar do pedido,
porque são benéficas ao réu
 Art. 241: Transitada em julgado a sentença de mérito proferida em favor do réu antes da
citação, incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria comunicar-lhe o resultado do
julgamento
 Pode ser que o sujeito não tenha sido citado ou a citação seja irregular, mas o citando vem ao
processo, então os efeitos jurídicos negativos o alcançam (art. 239, §1º)
o Se ele aparece alegando a nulidade da contestação e a tese for acolhida, ele pode ter
o prazo devolvido
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o Se há nulidade ou ausência de citação, é temerário vir aos Autos somente para alegar
isso, porque se entender que não há nulidade ou ausência, o prazo transcorrido será
considerado
 Se ainda há prazo, é melhor se manifestar logo
Efeitos da citação (art. 240)
 Produz efeitos ainda que ordenada por juiz incompetente
Induz litispendência
 Há litispendência quando há duas ações idênticas, com mesmas partes, mesma causa de pedir
e mesmo pedido
 Só se opera a litispendência com a segunda citação
 O processo a ser extinto será o da segunda citação
Tornar litigiosa a coisa
 A partir da citação já se pode dizer que se existe litígio em torno de um bem
 A citação tornando litigiosa a coisa, ela afasta a possibilidade de se alegar boa-fé
 A citação pode ser indicativo de marco para fraude na execução, porque já ficou caracterizada
a existência de lide entre o autor e o réu
Constitui em mora o devedor
 Ressalvado o disposto nos art. 397 e 398 do Código Civil
 A mora e a constituição em mora do devedor é um marco importante, porque, se o devedor é
moroso, ele assume os riscos pelo perecimento da coisa, há incidência de juros moratórios etc.
 O CC nos arts. 397 e 398 traz marcos para a constituição da mora
 Pode ser que o devedor já esteja constituído em mora (ato ilícito ou obrigação positiva e
líquida), então ele está em mora desde a época em que ela se configurou; se ainda não estava
em mora, estará a partir da citação
Efeito da ordem de citação (§§ 1º e 4º do art. 240)
 O despacho que ordena a citação interrompe a prescrição, a decadência, e os demais prazos
extintivos, retroagindo à data de propositura da ação (§§ 1º e 4º do art. 240)
o A retroação à data de propositura da ação se o autor tomar todas as providências para
que haja a citação (§2º do art. 240); prazo de 10 dias para o autor tomar as
providências necessárias à citação
o A parte não responde quando a demora for exclusivamente do Judiciário (§3º)
 Se não houvesse interrupção da prescrição e decadência, no curso do processo elas se
operariam
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

Regras

Pessoalidade
 Ressalvada a existência de poderes especiais que autorizem o mandatário de receber a citação,
é o próprio citando que deve recebe-la; é disso que cuida o art. 242
 Nos parágrafos desse artigo, temos algumas situações específicas em que há a relativização
dessa regra, e no §3º temos a explicitação de um outro preceito normativo
 No §3º não temos propriamente uma relativização, mas uma norma estabelecendo a citação
processual das pessoas jurídicas de direito público: os representantes judiciais que recebem a
citação são advogados públicos
 Nos §§1º e 2º temos as relativizações
o Se tratando de situação na qual a ação tem como causa de direito ato praticado por
mandatário, administrador, preposto ou gerente, este pode ser citado se ausente o
citando – é a relativização considerando a impossibilidade de citação pessoal e direta
da parte, é como se a lei presumisse a existência de um mandato com poderes
especiais (§1º)
o Na hipótese do locador que tem imóvel no Brasil e se ausenta do país sem deixar
mandatário, quem faz as vezes dos negócios desse locador poderá receber a citação,
porque também há uma impossibilidade de recebimento por parte do locador (§2º)

Lugar
 O art. 243 trata do lugar em que a citação deverá ser feita
 Ela pode se dar em qualquer local que se encontre o citando
 Trata-se de uma norma que não comporta interpretação isolada e nem pode ser levada em
termos absolutos, primeiro porque sabemos que o oficial de justiça atua nos limites da
territorialidade, ou seja, desde que o citando esteja na comarca ou nos locais referidos no art.
255
 Quanto ao militar, a citação na unidade em que serve é medida excepcional e subsidiária
somente se frustrada a citação no seu endereço, ou se este for desconhecido, é que a citação
será feita no lugar em que ele serve
 Existem restrições à feitura de citação, é o que está previsto no art. 244; são situações
impeditivas de citação
o Inciso I: é preciso que se tenha o respeito a determinadas práticas, então, se o sujeito
estiver em uma celebração religiosa, o oficial deve esperar terminar para fazer a
citação
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o Inciso II: em respeito ao luto, não se faz a citação no dia do falecimento e nos sete dias
seguintes
o Inciso III: nos 3 dias subsequentes ao casamento, presume-se que são dias necessários
à lua de mel, de modo a não causar transtorno
o Inciso IV: respeita-se o estado de saúde, de modo que, do ponto de vista psicológico,
a citação pode prejudica-lo

Citação de incapaz
 Este será citado na pessoa de seu representante legal
 Se absolutamente incapaz, recebe o representante; se relativamente, deve ser feito na pessoa
do incapaz e do assistente
 A situação de que trata o CPC no art. 245 é aquela em que o oficial de justiça vai realizar a
citação e vislumbra que o citando não tem condições de entender o ato, ele percebe uma
incapacidade, ainda que momentânea, embora não exista representante legal
o Estão postas situações múltiplas
o O oficial percebe que há uma incapacidade cognitiva transitória, ele conserva o
mandado em seu poder para fazer a citação em outro momento
o O oficial pode certificar, descrevendo a situação
o O problema ocorre quando a incapacidade cognitiva é permanente, então o citando
não tem curador, mas não tem condição de receber a citação – se algum familiar alega
isso e exibe atestado, é o tanto que basta para que não se faça o exame, mas se não
há atestado, o exame será feito por um perito nomeado pelo juiz
 Se é reconhecida a situação de incapacidade, seja pelo atestado ou pelo
exame, o juiz nomeia um curador para a causa, para a defesa específica dos
interesses do citando nesse processo (é uma curadoria restrita ao processo
em que a citação é feita)

Modalidades de citação
 Art. 246: correio; oficial de justiça; escrivão ou chefe de secretaria; edital; meio eletrônico
 Existe uma ordem de preferência
 A citação será preferencialmente por meio eletrônico
o Em se tratando de pessoa jurídica, ressalvada a micro e pequena empresa, a citação é
feita por meio eletrônico
o A intimação por meio eletrônico não oferece tanta perplexidade (art. 246, §1º)
 Não podendo ser eletrônica, a citação será feita pela via postal (art. 247)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o O problema é que essa citação não é tão segura, daí porque o legislador afasta a
possibilidade de citação postal nas seguintes hipóteses: 1) quando se trate de ação de
estado (na qual se discute estado de pessoa, direitos personalíssimos); 2) quando o
citando é pessoa física incapaz; 3) quando o citando residir em local não atendido pela
entrega domiciliar de correspondência; 4) quando, de maneira justificada, se requerer
a citação por outro meio
o O escrivão prepara a correspondência citatória, com cópia da decisão e da petição,
indicação do endereço e do prazo, e encaminhada ao correio (art. 248)
o Trata-se de carta registrada, com o aviso de recebimento que retorna para quem
remeteu a carta com a assinatura do recebedor
o Esse aviso de recebimento é de mão própria, ou seja, o carteiro deve buscar que a
pessoa assine por ela mesma, e não por terceiro
o O legislador cria mecanismos para viabilizar essa citação (§2º)
o Se se tem citação direcionada a pessoa física, que mora em uma casa, tem que ser de
mão própria, mas, morando em condomínio ou loteamentos, nos quais o carteiro não
tem acesso a cada apartamento, presume-se que os moradores constituem o porteiro
para recebimento e havendo recebimento pelo porteiro, ela é válida (§4º)
o Havendo mais de um réu, o prazo só começa a correr após a juntada do último AR
 Se a citação não for nem eletrônica nem postal, ela será por oficial de justiça; ela pode ser real
ou ficta (hora certa)
o De posse do mandado de citação, o oficial procede à citação na forma do art. 251
o A citação pode ser ficta, presumida; essa citação por hora certa pressupõe a
convergência de dois elementos, um objetivo e um subjetivo: ter comparecido por
pelo menos duas vezes no local onde a citação deveria ser feita (objetivo) e que
existam elementos que viabilizem ao oficial uma suspeita de ocultação (subjetivo)
o O oficial não precisa de autorização judicial para fazer hora certa; reunindo os
elementos, o oficial avisa ao familiar, parente, vizinho, preposto etc. e retorna
necessariamente no dia seguinte, após avisar o horário que chegará; se chegar lá e o
sujeito estiver, a citação é pessoal; se o sujeito não está, faz a citação
preferencialmente na pessoa com quem ele conversou no dia anterior, não estando
ela, qualquer parente, vizinho, preposto ou quem quer que seja
o Recolhido o mandado, a partir da juntada aos Autos começa a flui o prazo de defesa
o Sendo feita por hora certa, após a juntada, no prazo de 10 dias, o escrivão envia uma
carta para certificar o citado (art. 254)
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o Se houve citação por hora certa e o sujeito é revel, não há como ter certeza de que ele
tomou conhecimento da existência da ação, e essa hipótese de revelia na citação por
hora certa impõe a nomeação de curador especial
 A citação por edital será feita quando: 1) desconhecido ou incerto o citando; 2) quando
ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontra o citando; 3) nos casos expressos
em lei (art. 256)
Exemplo (item 2): quando sabe que está em SP, mas não onde ou o local não é suscetível de
acesso para qualquer dos meios de citação
o O art. 257 cuida dos requisitos necessários à citação por edital
o Olhar art. 258

INTIMAÇÃO
 Tudo que não se enquadra no conceito de citação, é intimação
o Nosso Código trabalha com a dicotomia de citação e intimação
 Todos os atos de comunicação posteriores à citação são intimações
 É utilizado também para terceiro que não é parte nem pode integrar a relação jurídica
processual, embora, do ponto de vista técnico, aqui deveria se falar em notificação
 Se não é ato de ciência da existência do processo, nem cumulativamente se faculta o ingresso,
é intimação
 O conceito está no art. 269
 Ou a parte constitui o advogado e este receberá as intimações, ou ela não constituiu e o
processo seguirá independentemente da intimação desta parte que está revel; só tem lugar
quando a lei estabelece a sua necessidade
 Tradicionalmente, incumbe ao Poder Judiciário a feitura das intimações; elas serão feitas pelos
mesmos meios da citação, a ele se somando a possibilidade de publicação na imprensa oficial
 O CPC autoriza que se tenha a intimação feita por advogado, então, além de poder ser feita
pelo serventuário da Justiça pelos meios previstos, ela pode ser feita também pelo advogado
(art. 269, §§1º e 2º)
 As intimações das pessoas jurídicas de direito público serão feitas de modo pessoal, por carga,
remessa ou por meio eletrônico
 A forma das intimações está prevista no art. 270; as intimações devem ser feitas
preferencialmente por meio eletrônico
o Não será quando não for possível, e nesse caso, a intimação será feita por publicação
na imprensa oficial (não cabe para o MP, defensoria e advocacia pública)
o Não cabendo, será por cartório
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o Não cabendo, será por carta registrada


o Não sendo possível por nenhum desses quatro modos, será feito por oficial de justiça
(olhar artigos)
o Cabe hora certa
o Se não for possível por nenhum meio, e a intimação for imprescindível, ela poderá ser
feita por edital; normalmente, do ponto de vista prático, não se chega a esse extremo
 Vai ser direcionada ao advogado, só será às partes nos casos em que a lei estabelecer a
necessidade da intimação pessoal; olhar art. 272
 O §8º diz que, havendo nulidade, deve-se arguir a nulidade como preliminar, já praticando o
ato, porque o acolhimento desta é que vai propiciar a prática do ato

HONORÁRIOS E DESPESAS PROCESSUAIS


CONCEITOS
 As despesas são aqueles gastos necessários a fazer movimentar o processo; normalmente as
pessoas consideram como as custas, mas elas são apenas uma espécie do gênero despesa,
porque existem outras, como, por exemplo, honorários periciais
o Em sentido lato, as despesas compreendem tudo, inclusive as custas
o Essas despesas, ao final do processo, vão ser suportadas pelo vencido, mas devem ser
pagas para que os atos processuais possam ser praticados
 Quando se utiliza a expressão de sentido mais amplo, encargos, se refere às despesas em
sentido lato e aos honorários advocatícios sucumbenciais
ANTECIPAÇÃO DAS DESPESAS
 Quando se fala em despesas, se tem aquelas verbas que são necessárias para o
desenvolvimento do processo, seja porque elas têm natureza tributária (ex.: custas têm
natureza de taxa), seja porque são necessárias para custear o processo
 Quem arca com as despesas é a parte sucumbente, mas não se pode saber com antecedência
quem não tem razão, daí porque no curso do processo, ressalvadas as exceções legais, cumpre
às partes adiantarem as despesas e adiantarem as custas
 Incumbe às partes adiantar as despesas, e elas vão adiantando as despesas referentes aos atos
do processo
 Ressalva-se a hipótese de gratuidade judiciária; nesses casos, não se pode exigir a antecipação
das despesas
o Se essas despesas correspondem a custas processuais, a hipótese tributária
corresponde a isenção
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o Se são despesas em sentido estrito, o Estado vai suportar essas despesas


 Existem isenções tributárias outras que devem ser observadas
Exemplo: entes públicos como autarquias e fundações estão isentos
 Cada um adianta as despesas do ato que requereu
 É preciso, também, tratar da hipótese do §1º do art. 82, porque pode ser que o ato tenha sido
determinado de ofício ou o requerimento não tenha sido emanado de nenhuma das partes; aí
incumbirá ao autor pagar as despesas
 Art. 81, §2º: a sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou
CAUCIONAMENTO DOS ENCARGOS ...
 A lei pode exigir o caucionamento de valores para garantir o pagamento das despesas, mas
não é a regra
 Art. 83: pouco importa a nacionalidade, se o sujeito reside fora do país e não tem imóvel em
território nacional, vai ser difícil a recuperação dos valores das despesas adiantadas, e dele vai
se exigir o caucionamento, não somente para as despesas em si, mas também para os
honorários advocatícios
 Esse caucionamento é dispensável em algumas situações, que estão no §1º, e pode sofrer
alterações nas hipóteses do §2º
HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS E HONORÁRIOS CONTRATUAIS
 Se há a contratação de qualquer profissional liberal, se busca acertar, junto a ele, a sua
remuneração; os honorários contratuais ou convencionais são tema estranho ao processo
civil; é uma questão de direito privado, seja pelo viés de relação de consumo, seja pelo viés de
direito civil puro
o Eles existem em razão de ajuste que foi feito entre a parte e o advogado
 Ao lado dos honorários contratuais, existem os honorários que derivam do processo, que são
os honorários sucumbenciais, que são aqueles que serão impostos à parte que venha a ter
dado causa ao processo (normalmente é a parte que perdeu) e serão pagos ao advogado do
vencedor; são regulados de forma minuciosa no art. 85
 Quando se estabelece os honorários sucumbenciais, se desestimula a proposição de ações
temerárias; além disso, quando o advogado apresenta a proposta dele, ele cogita se haverá ou
não sucumbência e em que proporção esta sucumbência estará posta
 Existem algumas orientações da OAB acerca da fixação dos honorários contratuais
PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE X REGRA DA SUCUMBÊNCIA
 É muito comum se dizer que os honorários advocatícios vão ser pagos pelo vencido ao
advogado do vencedor; isso é uma simplificação de raciocínio
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 Os honorários advocatícios serão pagos por aquele que indevidamente deu causa ao processo
 Se o processo pressupõe uma lide, quem indevidamente dá causa ao processo será definido
com a sentença
o Se o autor indevidamente teve uma pretensão, ele que deu causa ao processo
o Se o autor indevidamente opôs repressão, ele que deu causa ao processo
 Quem deu causa indevidamente ao processo é quem sucumbe no processo, mas não
necessariamente quem sucumbe no processo é quem deu causa a ele
 Os encargos vão ser repartidos considerando não sucumbência, mas sim causalidade
Exemplo: homem que caiu na malha fina, propôs a ação, e antes mesmo da citação, mas após
a distribuição, a União pagou a restituição. O processo será extinto sem exame do mérito por
uma falta de interesse de agir superveniente. Nesse caso, a União é quem dá causa ao
processo, mas a extinção sem exame do mérito faz com que o autor sucumba – nesse caso,
temos uma situação em que não coincide a regra da causalidade e a regra da sucumbência. A
União, em virtude da regra da causalidade, é quem arca com os encargos
Exemplo: em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve arcar com os
honorários advocatícios (Súmula 303, STJ)
CABIMENTO DA FIXAÇÃO DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS
 Os honorários sucumbenciais estão previstos no art. 85, que é um dispositivo extenso
ART. 85, CAPUT E §1º
 A sentença condena o vencido a pagar honorários advocatícios ao advogado do vencedor; são
devidos honorários advocatícios na reconvenção
 Reconvenção é a ação que é proposta pelo réu contra o autor; se há uma ação de reconvenção,
há duas ações, então o juiz fixará os honorários para ação e os honorários para a convenção
 Os honorários também são devidos no cumprimento de sentença provisória ou definitiva;
além de pagar o percentual do conhecimento, vai pagar da execução
o Se houve execução é porque não houve cumprimento voluntário, então os honorários
são cumulativos
 Nos recursos há honorários, mas os honorários, que são cumulativos, não ultrapassam 20%;
se eles não são fixados no máximo, podem ser aumentados, mas sem ultrapassar os 20%
ARBITRAMENTO DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS
REGRA GERAL (art. 85, §2º)
 Os honorários são fixados de 10 a 20%; se tem o estabelecimento de uma alíquota
 O juiz não fixa a alíquota aleatoriamente; ele leva em consideração as circunstâncias do caso
concreto, que estão indicadas nos incisos do §2º: 1) o grau de zelo do profissional; 2) o lugar
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

de prestação do serviço; 3) a natureza e a importância da causa; 4) o trabalho realizado pelo


advogado (número de atos que praticou) e o tempo exigido para seu serviço
 Além da alíquota, se tem a base de cálculo, que pode ser: 1) sobre o valor da condenação; 2)
do proveito econômico obtido; 3) não sendo possível mensurar o proveito econômico, sobre
o valor atualizado da causa
CAUSAS EM QUE LITIGA A FAZENDA PÚBLICA
 Para as causas que envolvem a Fazenda Pública, os critérios são outros; se envolve a Fazenda
Pública, se aplica o §3º, e não 2º, do art. 85, tanto em favor, como contra a Fazenda Pública
 Os honorários vão sofrer incidência de uma tabela que é decresciva
Porcentagem Salários-mínimos
10 a 20% Até 200
8 a 10% Acima de 200 até 2.000
5 a 8% Acima de 2.000 até 20.000
3 a 5% Acima de 20.000 até 100.000
1 a 3% Acima de 100.000

 Se superou a faixa inicial, não se passa o todo para a faixa subsequente; no que está dentro da
faixa inicial, se aplica a faixa inicial, e o que passa dela se aplica as faixas subsequentes
RELAÇÕES JURÍDICAS DE TRATO SUCESSIVO
 10 a 20% é a regra, base de cálculo condenação, conteúdo econômico ou valor atualizado da
causa
 Pode ser que se tenha uma condenação que se estenda ao longo do tempo, e a partir do
momento que se estende ao longo do tempo, o benefício econômico pode ser bastante
elevado, embora diferido
Exemplo: condenação de pagar alimentos de R$ 2.000,00 por mês por 20 anos; é preciso de
um limite
 A delimitação leva em consideração o anuênio, na forma do §9º do art. 85: se há relação
jurídica de trato sucessivo, leva em consideração o conjunto das parcelas vencidas mais as
vincendas, sendo que estas se limitam ao máximo de 12 meses
FIXAÇÃO POR EQUIDADE
 Pode ser que a utilização dos critérios de base de cálculo leve a honorários advocatícios são
irrisórios, ínfimos; somente quando isso acontece, vai ser possível ao juiz a fixação dos
honorários com base em equidade
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

o A decisão por equidade é a decisão justa, que busca o que se reputa justo no caso
concreto
o No direito, é vedada a decisão por equidade, senão nos casos previstos em lei, vez que
se trata de uma questão subjetiva e o que está na lei é o entendido como justo pela
sociedade (sentimento de justiça coletivo)
 Art. 85, §8º: a lei diz que se os honorários forem ínfimos pela aplicação dos critérios legais (§§
2º e 3º do art. 85), poderá ser aplicada a equidade
HONORÁRIOS RECURSAIS
 Já tratamos da questão da majoração dos honorários por força dos recursos
 Art. 85, §11: O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente
levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o
caso, o disposto nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de
honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos
nos §§ 2o e 3o para a fase de conhecimento
 Os honorários são fixados em 1º grau de 10 a 20%; se houver reforma da decisão, haverá novo
arbitramento de honorários; se a decisão for mantida, haverá a majoração dos honorários
levando em consideração o trabalho adicional, mas sempre no limite de 10 a 20%
RESPONSABILIZAÇÃO DE LITISCONSORTES E ASSISTENTES
Litisconsórcio (art. 87)
 Se há mais de um réu ou mais de um autor, a condenação ao pagamento dos honorários vai
ser imposta a todos e repartida entre eles
 O juiz deve dizer na sentença em que proporção cada parte pagará os honorários
Exemplo: ação de cobrança contra 3 réus, o juiz pode dizer que os honorários são de 20% e
estabelecer a divisão pro rata (em partes iguais), ou pode dizer que, considerando o
comportamento das partes, metade dos honorários será pago por um dos réus, e a outra
metade dividida entre os outros dois
 Não havendo atribuição, presume-se não a divisão em cotas iguais, mas a existência de uma
solidariedade
 Grau de resistência e em que medida cada um deu causa ao processo são os critérios para o
rateio; o critério para o valor total são os clássicos
 Aplica-se um critério legal que é juridicamente indeterminado
Assistência (art. 94)
 Se o assistido for vencido, o juiz vai estabelecer o grau de responsabilidade do assistente e do
assistido
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

VEDAÇÃO À COMPENSAÇÃO
 Na vigência do Código de 73, se aceitava a compensação de honorários; esse raciocínio foi
repelido pelo Código atual
Exemplo: se “A” cobra 100 de “E”, e o juiz condena ao pagamento de 50, há sucumbência
reciproca, pois “A” ganhou em 50 e perdeu em 50
o Súmula 306, STJ: os honorários devem ser compensados quando houver sucumbência
recíproca
 Art. 85, §14: Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os
mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a
compensação em caso de sucumbência parcial
o Foi prejudicada a Súmula 306 do STJ
 Uma das razões pelo qual se veda a compensação é evitar as postulações temerárias ou
irresponsáveis, então o advogado tem que analisar se o pedido é cabível, e se é cabível naquela
extensão que se está pretendendo
 Súmula 326, STJ: na ação de indenização por dano moral, a condenação por valor inferior ao
postulado na inicial não implica em sucumbência recíproca
o Isso se dá porque nesse caso há uma carga de subjetividade no arbitramento; não se
sabe se vai ser mantido na vigência do Código atual
NATUREZA ALIMENTAR
 Os honorários advocatícios têm também uma natureza alimentar, conforme o art. 85, §14,
pois eles constituem o meio de subsistência do advogado
o Se essa verba corresponde à remuneração do profissional liberal, tem natureza
alimentar
 Se tem natureza alimentar, tem os privilégios em geral das verbas alimentares
Exemplo: se o crédito de honorários contra Fazenda Pública, os honorários entram numa lista
de precatório especifica, que tem preferência para o pagamento
PAGAMENTO EM FAVOR DE SOCIEDADE DE ADVOGADOS
 O advogado pode pleitear o pagamento dos honorários sucumbenciais em nome da sociedade
ao qual faz parte, sem que isso desnature a verba de natureza alimentar (§15)
 O advogado vai receber em nome da sociedade e não em nome da pessoa física é por conta
de uma questão fiscal, pois há uma tributação reduzida para a pessoa jurídica
JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA
 Os honorários advocatícios devem ser pagos quando se tornam exigíveis, e sobre esses valores
devem incidir juros e correção monetária
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 Existe uma disciplina no art. 85, §16 que não é completa, mas a partir dela podemos estudar
a situação como um todo
 Art. 85, §16: Quando os honorários forem fixados em quantia certa, os juros moratórios
incidirão a partir da data do trânsito em julgado da decisão
o Normalmente se leva em consideração um critério de equidade para fixar em quantia
certa
 Quando forem fixados em quantia certa, os juros moratórios incidem da data do trânsito em
julgado
 A mora se opera a partir do momento em que transita em julgado, porque se tornou exigível
 Se a fixação é feita em quantia certa, a correção monetária do arbitramento, os juros do
trânsito em julgado
 Se os honorários são fixados pelo percentual da condenação, existem critérios na condenação
para sua atualização monetária e incidência de juros
 Se são fixados com percentual do valor da causa, o valor da causa tem que ser atualizado desde
a data de sua propositura
o Positiva-se o que já estava na Súmula 14 do STJ
OMISSÃO NA FIXAÇÃO
 O STJ tinha uma Súmula (453), na vigência do Código de 73, dizendo que nesse caso os
honorários advocatícios não poderiam ser cobrados
o Esse entendimento foi afastado com a redação do §18 do art. 85
 É cabível ação autônoma para sua definição e cobrança
HONORÁRIOS E ADVOCACIA PÚBLICA
 Os honorários são devidos também aos advogados públicos, na forma da lei, e são regulados
pelo §19 do art. 85
OUTRAS QUESTÕES
 Os honorários sucumbenciais pertencem ao advogado, e se ele compor uma sociedade pode
ser revestido para a sociedade; se tiverem atuado no processo diversos advogados, os
honorários serão devidos a eles de acordo com a proporção do trabalho de cada um (ou eles
se acertam ou haverá lide)
 Nada impede que na contratação haja um ajuste diferente em relação aos honorários
sucumbenciais
o O §3 do art. 24 da lei 8.906 (EOAB) dizia que era nula qualquer disposição contratual
que retirasse do advogado o direito a percepção dos honorários de sucumbência
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 Esse dispositivo foi tido por inconstitucional pelo STF em sede de julgamento
de ADIN, por entender que o advogado pode dispor de seu direito

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA


BASE CONSTITUCIONAL
 Ela tem base constitucional (art. 5º, LXXIV)
 Quando se fala em assistência jurídica na CF, se está utilizando uma expressão em sentido lato,
que alcança três aspectos: 1) assistência jurídica no âmbito extrajudicial; 2) assistência jurídica
no âmbito judicial; 3) assistência judiciária (isenção das custas e das despesas)
o Se a pessoa não tem recursos, não pode contratar advogado, o Estado dará a ela
consultoria jurídica (assistência jurídica no âmbito extrajudicial)
o Se ele se envolve em um litigio e precisa litigar no polo ativo ou foi posto no polo
passivo, esse sujeito tem direito de ter advogado público atuando na defesa de seus
interesses (assistência jurídica no âmbito judicial)
 O CPC não se preocupa muito com as duas primeiras questões; na primeira, não interessa ao
processo, por ser extrajudicial; em relação a segunda, ele se limita a disciplinar algumas
questões especificas da advocacia publica
 O CPC se preocupa e disciplina minuciosamente a questão da assistência judiciária gratuita,
que é a isenção no que se refere a custas e despesas e também em relação a honorários
BENEFICIÁRIOS
 Art. 98, caput: as pessoas físicas brasileiras ou estrangeiras, a pessoa jurídica brasileira ou
estrangeira; a assistência judiciária está posta, em tese, para todos, tanto para pessoas físicas,
quanto para pessoas jurídicas
 Não se deve confundir a questão envolvendo interesse do advogado com interesse da parte
que é beneficiária da gratuidade judiciária
o Art. 99, §4º: a gratuidade judiciária não pode ser obstada pelo fato de a parte ter
advogado particular, até porque pode existir a advocacia pro bono
 Não é incomum o advogado assumir, eventualmente, ações judiciais sem nenhum proveito
econômico
 É preciso diferenciar a situação em que a postulação diz interesse ao advogado privado e a
postulação que diz interesse ao beneficiário
o Art. 99, §5º; se eu atuo em defesa de alguém que é beneficiário da gratuidade
judiciária, os atos vão ser praticados independente de recolhimento; mas se destaca
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

em um processo um ato que diz respeito exclusivamente a interesse do advogado, o


advogado não fica isento, a não ser que também seja beneficiário
Exemplo: recurso em que ele persegue majorar os honorários sucumbenciais; o
advogado tem que recolher as custas
 A isenção decorrente da gratuidade é personalíssima, não se estende (art. 99, §6º), é
concedido intuitu personae
Exemplo: se houver o falecimento do beneficiário, o direito não se estende automaticamente
ao sucessor; este tem que requerer isso
PRESUNÇÃO DE MISERABILIDADE
 A gratuidade judiciária não é regra; ela tem que ser vista, em princípio, como exceção
 Cabe ao próprio litigante pleitear o benefício sempre que entenda que ele não tem condição
de litigar em juízo sem prejuízo ao sustento próprio, e diante da alegação de miserabilidade
há uma presunção relativa
 Art. 99, §2º: o juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que
evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de
indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos
pressupostos
o A pessoa que pleiteia a gratuidade judiciária tem que alegar situação que a impede de
responder pelas despesas do processo (declaração de miserabilidade)
o No sistema do CPC/73, havia um mecanismo que se atribuía ao delegado de polícia da
circunscrição a atribuição de declarar a situação de miserabilidade; até 86 foi feito
dessa maneira, quando se passou a aceitar a presunção de veracidade da declaração
o Em se tratando de presunção relativa, se o juiz encontra nos autos elementos que
afastam, o juiz pode indeferir
 Art. 99, §3º: a presunção relativa de miserabilidade só se aplica à pessoa física
 O deferimento do juiz é sempre provisório, porque a outra parte, na contestação, pode
impugnar e, se o juiz entender correta a impugnação, revogar o benefício
 Se o benefício for revogado, se vai ter a obrigatoriedade de recolher as custas e de pagar a
multa de até dez vezes o valor as custas
o A lei trabalha com uma presunção em favor da declaração e com um sancionamento
no caso de utilização indevida da presunção
 Qualquer pessoa que vai pagar custas em um processo vai ter um impacto dentro da sua
situação econômica, então o sujeito ser beneficiário da gratuidade judiciária não pode ser
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

entendido como a simples necessidade de reorganizar o orçamento (ex.: ter gratuidade


porque por conta das custas vai ter que deixar de viajar nas férias)
 A pessoa jurídica precisa demonstrar a impossibilidade financeira, então ela terá que trazer
seu balanço, seus dados econômicos, para demonstrar essa situação; é uma situação
excepcionalíssima, mas pode ter lugar
OBJETO DA GRATUIDADE
 A gratuidade da assistência judiciária, uma vez concedida, compreende todos os aspectos
necessários à manutenção do litígio (art. 98, §1º): 1) taxas e custas judiciais; 2) selos postais;
3) publicação em imprensa oficial, dispensando a publicação por outros meios; 4) a
indenização devida a testemunha; 5) despesas com realização de exames periciais de qualquer
natureza; 6) honorários de tradutor, de perito, de intérprete, sucumbenciais; 7) custo com
calculistas; 8) depósitos recursais, para propositura de ação e para prática de outros atos
processuais; 9) emolumentos
RESPONSABILIDADE DO BENEFICIÁRIO POR CUSTAS E HONORÁRIOS
 Se há gratuidade, não será exigida nenhuma antecipação do sujeito que é beneficiário, mas
isso não quer dizer que ele não vai responder por essas despesas (art. 98, §2º)
 A condenação vai ser imposta e fica suspensa pelo prazo de 5 anos; se ao longo desse tempo
a condição econômica melhora, ele vai responder, mas se não melhorar, não responde (art.
98, §3º)
 No mais das vezes, a condenação contra o beneficiário de gratuidade não se efetiva, porque
normalmente, se o sujeito é efetivamente pobre, ele não sai daquela condição; mas isso não
quer dizer nunca ocorram casos em que a condenação se efetive, mas é raro
 Não é exatamente uma isenção, mas sim uma liberação de antecipação; a isenção de fato só
se dá após transcorridos os 5 anos e não havendo melhora da condição econômica
RESPONSABILIDADE DO BENEFICIÁRIO POR MULTAS
 Multas e sanções processuais são exigíveis independentemente do benefício da gratuidade
 Art. 98, §4º: A concessão de gratuidade não afasta o dever de o beneficiário pagar, ao final, as
multas processuais que lhe sejam impostas
CONCESSÃO PARCIAL DO BENEFÍCIO
 O código atual relativiza a situação de gratuidade permitindo, de certa maneira, que se tenha
flexibilização e deferimentos parciais (ex.: parcelamento)
 Art. 98, §6º: Conforme o caso, o juiz poderá conceder direito ao parcelamento de despesas
processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 O juiz pode negar a gratuidade judiciária, mas pode isentar ou reduzir as custas
proporcionalmente em relação a determinado ato (art. 98, §5º)
FORMULAÇÃO DO PEDIDO
 A gratuidade judiciária deve ser postulada na primeira oportunidade que a parte se manifesta,
se o motivo que enseja a gratuidade é preexistente (art. 99, caput); se o motivo surge no curso
do processo, será por petição simples (art. 99, §1º)
IMPUGNAÇÃO AO DEFERIMENTO
 Se for deferido o benefício, a parte contrária pode impugnar, inclusive comprovando a
possibilidade de pagamento (art. 100)
REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO
 Art. 100, § único: Revogado o benefício, a parte arcará com as despesas processuais que tiver
deixado de adiantar e pagará, em caso de má-fé, até o décuplo de seu valor a título de multa,
que será revertida em benefício da Fazenda Pública estadual ou federal e poderá ser inscrita
em dívida ativa

JUIZ E MINISTÉRIO PÚBLICO


ASPECTOS GERAIS
 O sistema judiciário gira, basicamente, em torno do advogado (sentido amplo), do juiz e do
membro do Ministério Público
 O acesso ao MP sempre se dá por meio de concurso de provas e títulos, que acaba gerando
uma investidura
 Na magistratura, se ingressa, de ordinário, por concurso público
o No sistema brasileiro, se tem a possibilidade de acesso a magistratura sem concurso
no que se refere a tribunais
 Nos tribunais, há 1/5 das vagas destinados a MP e advocacia; nos tribunais
superiores, é por nomeação
 Em ambos os casos, quando se tem ingresso na carreira, ele se dá na condição de juiz ou
promotor substituto, e há um estágio probatório de 2 anos, somente após o qual se dá a
titularidade, embora do ponto de vista prático não exista nenhuma diferença
o Essa distinção é somente para o elemento da vitaliciedade
 As carreiras, também, estão postas na Justiça Estadual (tanto MP como magistratura) por meio
de entrâncias, onde se trabalha com entrâncias inicial, intermediária, final e especial
o No campo da magistratura, da entrância especial a promoção que há é para o tribunal
o No MP, a entrância especial é o equivalente ao procurador de justiça
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 As duas carreiras têm vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos como


sendo garantias
ASPECTOS PROCESSUAIS
PODERES-DEVERES DO JUIZ
 O juiz tem o papel de conduzir o processo e, portanto, a ele são concedidos poderes, que na
verdade não são puramente poderes, porque tem que ser exercidos para viabilizar da melhor
maneira possível a entrega da prestação jurisdicional, daí falar em poderes-deveres
Poder-dever de julgar (proibição do non liquet)
 Posta a situação, ainda que o juiz tenha dúvidas, ainda que a situação seja comprometida, seja
complexa, ele deve julgar
 Art. 140, caput: o juiz não pode se eximir de decidir sobre alegação de lacuna ou obscuridade
do ordenamento jurídico
 Toda e qualquer demanda deve ser julgada a vista dos elementos que se conseguiram reunir
 Podem haver até situações em que a ausência de elementos leve a determinado caminho,
como no caso do crime, onde a ausência de elementos leva à absolvição
 Se a lei não dispõe expressamente, vão se verificar os princípios ferais, a analogia, o costume,
e com base nisso se vai alcançar uma solução
 Há a impossibilidade de julgamento por equidade, senão nos casos previstos em lei (art. 140,
parágrafo único)
o Já discutimos as razões disso anteriormente
Art. 139 e incisos
Caput
 O juiz deve obedecer às determinações que estão na lei, e não o que está na cabeça dele
Inciso I
 Assegurar às partes igualdade de tratamento; dever de tratamento equânime das partes
Inciso II
 Zelar pela duração razoável do processo, indeferindo diligências inúteis, incidentes
desnecessários ao processo etc.
Inciso III
 O processo é colaborativo, deve estar pautado em lealdade processual, então o juiz deve
indeferir qualquer ato que é atentatório à dignidade da justiça
Inciso IV
 O juiz deve buscar a decisão do caso concreto, mas o juiz, também, deve estar atento à
necessidade de dar efetividade às suas decisões
Rebeca Baptista | 2017.1 | Direito Processual Civil I – Eduardo Sodré

 O juiz é imparcial, mas a imparcialidade não se confunde com a neutralidade


o Um sujeito imparcial é aquele que decide sem levar em consideração sentimentos
pessoais, decide de acordo com o ordenamento jurídico
o A neutralidade deve ser repelida; o juiz neutro é o juiz indiferente
 A partir do momento em que se verifica, de forma imparcial, que determinado bem da vida
deve ser dado a alguém, o juiz deve assegurar a efetividade da decisão
 Não peguei esse inciso direito.
 Muitas vezes a decisão não se torna efetiva porque não há como efetivar, mas muitas vezes o
advogado não sabe os meios para requerer a efetivação, ou o juiz é “acanhado”

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