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A gente se encontra na vida

E marca um bar pra beber


Eu nunca gostei de gente
Mas abro exceção pra você

Você conta sua história


Que faz meu coração doer
E o que você tem na memória
Faz meu coração derreter
Eu vou ser sincero, eu odeio estar de férias. O ócio faz minha mente viajar para
memórias distantes e as noites ficam mais difíceis de dormir. Um quarto escuro e um
teto branco podem ser uma das presenças mais assustadoras que alguém pode ter. Eu em
si sou desinteressante, tão profundo como um pires e complexo como um desenho de
palitinho, mas eu tive a oportunidade de conhecer algumas histórias um tanto quanto
pesadas. Às vezes acredito ter sorte de desde muito novo não gostar das pessoas, pois
vejo casos das pessoas que tiveram que aprender na marra.

A humanidade pune os diferentes desde muito novos, eu não consigo comprar essa
ideologia de idolatrar as crianças hoje em dia. Qualquer pessoa que já viu uma sala de
aula infantil sabe que existe muita vontade de causar sofrimento, de se impor pela força
física ou humilhar pelo social. E essa opressão ao diferente, a heterofobia (sim esse
termo existe e é usado na sociologia para designar o estranhamento que toda cultura
possui com forasteiros), acaba aparecendo tão claramente nos primeiros anos e JAMAIS
muda.

A ética, em prol da boa convivência entre os seres humanos, gera regras que vão sendo
mais aceitas com a idade. Mas é uma máscara um tanto sutil que caminha mais para um
adestramento do que uma solução. Elas impedem a demonstração abertas de ódio e
crueldade, mas não impedem as ações em si. É impossível tirar o ser humano de seu
sadismo, do seu desejo de concentrar o poder e perseguir qualquer objeto de desejo
socialmente construído através de quaisquer meios que sejam necessários.

Eu senti uma pessoa sangrar pelos olhos sem derramar nenhuma lágrima, apenas se
sustentando para não demonstrar fisicamente a dor dos traumas que tinha passado.
Algumas pessoas enxergam a verdadeira face da sociedade em que vivemos mais tarde
que as outras, mas acho que eventualmente todos despertam para a ferida que nós somos
nesse mundo. Somos socialmente construídos, mas é tão bizarro a forma que como
espécie somos incapazes de nos organizarmos de formas que poupem o sofrimento.
Estudo outras culturas e sempre vejo o que eles significam como fraco sendo punido.
Lembro dos olhos daquela guria, que era mais forte que quase todo mundo que eu já vi,
sofrendo pelo peso de ter que se guiar sozinha.

Nós devíamos ensinar a solidão como matéria obrigatória em todas as escolas e


faculdades, fortalecer a independência e incentivar o aprendizado de toda a
sobrevivência por todos. Lavar, cozinhar, passar e toda as obrigações que alguém
precisa para viver sozinho. A parte física e emocional. Ninguém deveria ter que
aprender a solidão depois de certa idade, me parece cruel.
Responsabilidade do solitário

Não foram raras as vezes que todos nós já ouvimos falar do comportamento de manada.
Um grupo de pessoas que individualmente são pacíficas, mas em grandes massas
acabam cometendo algumas catástrofes. Lembro de um juiz de futebol que foi
desmembrado, decapitado e teve sua cabeça colocada em algum tipo de lança. Eram
pessoas comuns, dessas que ficam na sua frente na fila da padaria ou que param para
conversar na calçada. Mas não impediu elas de terem massacrado um ser humano da
forma mais medieval possível.

Da mesma forma, como Hannah Arendt e Zygmunt Bauman já nos falaram, o aparelho
de extermínio nazista seria impossível de funcionar se não fosse um grande aparato
burocrático. Burocracia essa que desde a sociologia clássica nós sabemos que separa o
indivíduo profissional do pessoal; é aquilo que permite um profissional cometer
atrocidades e depois relaxar em casa, pois estava fazendo apenas seu trabalho. O mais
interessante dos estudos do Holocausto em Bauman é ver como seria impossível aquele
maquinário industrial do assassinato se não fosse um corpo grande de trabalhadores.
Nada teria acontecido sem eles, no entanto, nenhum deles se sentia culpado.

Engraçado como bem antes disso Kierkegaard, obviamente dentro dos seus ideais
protestantes, que não são menos úteis para qualquer um, incentivava o indivíduo para a
solidão. É mais fácil entender e seguir os propósitos que você acredita e da forma que
você acredita através da solidão, a companhia humana e a ideologia dominante dissipam
o que você acredita ser o certo. Cabe apenas a si mesmo decidir o que é certo ou errado
e sofrer as consequências disso. Os responsáveis pelas grandes tragédias em massa
foram absolvidos pelas próprias, o sangue nas mãos de grandes grupos paira invisível
nos anais da história. A responsabilidade dividida se perde no ar.

O foco de Kierkegaard era a transformação do indivíduo perante Deus para que se


tornasse um verdadeiro cristão. Nada disso me interessa. Mas ele entendia bem o peso
que nascia da solidão e o sacrifício que era necessário fazer para que o indivíduo
buscasse qualquer objetivo. Compreendia a dor e a angústia dos estágios da existência
humana e via de forma crua as dores da existência humana. E ainda assim esperava que
as pessoas tivessem responsabilidade. Esse talvez seja o maior dos elitismos, mas já vi
corajosos dando a cara a tapa pelo que acreditam e tomando toda a responsabilidade de
suas palavras. É algo que eu sempre gosto de ter em mente.
O otimismo do fundo do poço

Esses dias eu ouvi novamente que sempre existe uma luz ao fim do túnel. O próprio
Bukwoski dizia “Que existe luz em algum lugar/ pode não ser muita luz/ mas vence a
escuridão”. Eu entendo o que ele quer dizer e até concordo em certo ponto de vista. Mas
antes gostaria de lembrar de um personagem que fez parte da minha infância e com o
tempo vi ser bem mais popular que o verdadeiro protagonista do desenho: o coiote.

Acreditar que existe uma luz ao fim do túnel é acreditar que o túnel se importa com
quem está perdido nele; não acontece lhe é completamente indiferente. Vejo nesse
personagem o verdadeiro sentido da realidade absurda do mundo, ele em suas inúmeras
tentativas sabe que não vai pegar o papa léguas, ele não erra. Ele é o erro. E com esse
conhecimento se torna conquistador, enfrenta com toda sua força e ardor uma batalha
perdida.

E essa indiferença do mundo perante o indivíduo é tão grande que não se sente nem na
obrigação de respeitar as regras lógicas. O próprio túnel que acabava de ser atravessado
pelo veloz papa léguas se tornava numa parede dura quando era com ele. Conhecimento
é impossível, de acordo com o método absurdista de Camus, a esperança e o futuro são
escapadas mortais e devem ser negadas como tal. Os mesmos caminhos que já vimos
cruzarem ou até deram certo no passado se tornam hostis. Isso não é estranho a vida, ao
contrário, acontece o tempo todo.

No final ele não se diferencia tanto de Sísifo, que ao reconhecer a indiferença do


universo em relação ao seu castigo, decide por pura revolta apreciar cada segundo dele.
“Deve-se imaginar Sísifo feliz”. Termina o ensaio de Camus. Já o coiote, como Seth
MacFarlane's nos mostra em um irônico episódio no qual ele consegue pegar o papa
léguas, não alcança felicidade nesse objetivo. Aproveita por algumas semanas a carne
do animal e depois se deprime. O pensamento de Kierdkegaard ecoa nessa ironia: Faça
e se arrependerá, ou não faça e também se arrependerá.

O importante é pensar que por mais que digam que existe luz ao fim do túnel eu acho
isso uma grande mentira. E se existir essa luz é mais provável que seja um trem
chegando do outro lado pronto para mutilar seu corpo em vários pedaços. Mas no final
o problema não é o túnel ser escuro e sim você que espera que ele seja claro. Essa
esperança de ser salvo te condena a decepção. E no meio do sofrimento e absurda
frustração, por aceitar seu destino, Deve-se imaginar o Coiote feliz.
Umas pinceladas de amor

Eu gosto de pensar no amor como experiências fechadas. É nos filmes infantis e no


cinema hollywoodiano que os filmes terminam em um momento que o amor parece
durar para sempre. Essa mensagem foi tão repetida através dos séculos que as pessoas
passaram a tomar isso como verdade. Para mim não, os amores se modificam, se tornam
mais íntimos e menos carnais com os anos. Causam uma quantidade absurda de
sofrimento e depois acabam. E é nesse momento que eu vejo o cume beleza dele, o fim.

Não foram raros os dias que me encarei olhando para o teto branco antes de dormir e me
perguntei o que eu pude aprender com toda a angústia que eu já passei. Nós começamos
a sofrer desde muito novos e as experiências vão se diversificando ao longo da vida. No
final é como se olhasse para um quebra cabeças que nenhuma peça se encaixa mas
ainda se diverte em procurar uma ordem em tudo. O caos é soberano e indiferente aos
nossos desejos, ele com certeza não se importa com o hobby de procurar mensagens
ocultas em nossa dor. É como crianças olhando para nuvens e vendo imagens, elas
enxergam e ninguém no mundo pode dizer que elas não viram aquilo de verdade.

Acredito sinceramente que existem espaços na existência que você só pode chegar
através do amor romântico. Mundos hostis que a sociedade pinta como amigáveis mas
não sentem obrigação alguma em cumprir com expectativas. Mas se não aprendermos a
ver beleza na dor então simplesmente não há nada que vale a pena se olhar. Pode-se
viver optando por não querer nada disso ou se lambuzando dessas relações, ambas são
vidas sofridas. Aqueles que buscam pelo amor ou a solidão esperando se livrar do
sofrimento são como aqueles que buscam o fogo para amenizar o calor.

Eu tenho aproveitado algumas rejeições ultimamente. Tem uma beleza em não ser
aceito que te coloca em um lugar vulnerável no qual acho importante para o
amadurecimento humano. Uma sensação de ser um estrangeiro onde você queria ser
rejeitado; um lugar que mesmo que aprendêssemos a falar a língua e os costumes ainda
assim seríamos colocados de lado. Buscar a solidão por vontade é lindo, mas ensina
menos do que a solidão total. Te torna menos preparado para as reais rejeições da vida,
quando a natureza desejante do homem grita para ser atendida e encontra apenas com
indiferença. O sentimento de absurdo. E a humildade de reconhecer que todo essa dor é
completamente indiferente a todo mundo que não seja você.

Para mim isso é beleza e por mais que já tenha amado verdadeiramente pessoas que me
fizeram muito felizes por algum tempo, eu sempre espero a lição no final. Se a
felicidade fosse resposta para alguma coisa a dor não seria o ponto final da maioria das
vidas.

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