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Os nossos recursos florestais e o desenvolvimento

rural: a grande miragem!


Por Célio Panquene
Email: cesovida@gmail.com

Em 31 de Março de 2005, os Ministérios da Agricultura, do Turismo e das Finanças,


conjuntamente, desenvolveram o Diploma Ministerial nº 93/2005, de 4 de Maio, o qual
define os mecanismos de canalização e utilização dos vinte por cento do valor das taxas,
consignadas a favor das comunidades locais, cobradas ao abrigo da legislação florestal e
faunística. Este documento e a sua respectiva estratégia florestal e faunística procuraram
contemplar alguns aspectos acordados na Conferência das Nações Unidas sobre o
Ambiente e Desenvolvimento (Rio de Janeiro, 1992). Dos quais destaco três para a
breve reflexão: (i) sustentabilidade da exploração florestal e faunística – usufruto
económica para actual e futuras gerações; (ii) participação activa das comunidades
locais na planificação no uso dos recursos florestais, auscultação no processo de
licenciamento, estabelecimento de acordos com os operadores para o benefício da
comunidade e (iii) conservação dos recursos.

Quanto à sustentabilidade da exploração destes recursos, vários estudos convergem na


incapacidade de fiscalização por parte das autoridades competentes vis-à-vis ao
diminuto número de fiscais, exiguidade de recursos técnicos e corrupção em vários
níveis (da “pequena” a chamada “grande corrupções”) que resultam na delapidação da
riqueza nacional e depleção dos recursos. No que respeita à participação comunitária, a
experiência mostra de forma inequívoca que os operadores apenas cumprem com o
“ritual” de consulta comunitária, que na maioria das vezes, se dá com os membros mais
influentes da comunidade com o simples intuito de preencher mais um requisito
burocrático exigido pela lei. É quimérico pensar que uma comunidade que não dispõe
de ferramentas de negociação tenha poder de barganha para discutir e firmar acordos
sustentáveis e praticáveis que a beneficiem diante de operadores astutos que visam
acumular capital com menor desperdício possível. Aliás, quando são feitos acordos,
estes são verbais, frustrando qualquer tentativa de cobrança. O máximo que estas
empresas fazem é aliciar os comunitários com empregos que, grosso modo, é trabalho
escravo, com salários abaixo do mínimo, quando mais reabilitam uma escola, posto de
saúde ou abertura de um furo de água solitário (uma espécie de caridade). A
conservação é o capítulo mais penalizado de todos, não existe no país um único caso de
reflorestamento digno de satisfação. Estudos indicam que a floresta nactiva nacional
está a reduzir drasticamente, as espécies de madeira de primeira classe e preciosas estão
em queda vertiginosa devido a uma maior pressão sobre elas motivada pela sua
avantajada cotação no mercado internacional. Estudos mostram que as nossas florestas
são nada mais nada menos que autênticos “dumbanengues” para a China, que em 2010
foi o destino de 80% da madeira que o país exportou. Relativamente aos 20%, a crítica
fulcral a ser feita é que as comunidades não foram preparadas para a gestão deste fundo,
por isso, em certas circunstâncias, é usado para fins privados por parte dos indivíduos
mais influentes na comunidade. A prática comum é destinar este valor para a
substituição de acções que são da responsabilidade do Governo, como por exemplo,
construção de escolas, maternidades, furos de água, entre outros. A actual lei florestal
representa um avanço significativo na medida em que reconhece os direitos das
comunidades locais e abre uma boa oportunidade para uma exploração sustentável dos
recursos. Contudo, a lei per se não é suficiente, afirma-se necessário a adopção de
instrumentos e acções concretas para a sua efectiva operacionalização. O subsector de
tutela precisa, urgentemente, dedicar uma especial atenção para estas questões. Ainda há
um longo caminho a percorrer, mas o primeiro passo precisa ser dado já.

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