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trar clara separabUidade, tal como aconteceu com outros modelos mais

complexos (o autor refere-se ao modelo dos 16 fatores de Cattell).


Para demonstrar seus propósitos científicos termina o livro com
uma crítica realizada por J. A. Gray às teorias, de Eysenck, na qual
indica a existência de hipóteses alternativas quanto aos fatores extra-
versão e introversão ligados a neuroticismo e psicotismo. Apesar de
rebater as críticas que lhe foram dirigidas, Eysenck faz questão de
confirmar sua atitude científica dizendo que "se não. somos capazes
de julgar objetivamente as teorias rivais, jamais alcançaremos o esta-
tu to de uma ciência".
ELIDA SIGELMANN

Rodrigues, Aroldo. Ap'lilCações da psicologia social: à escola, à clínica,


às arg'anizações, à ação comunitária. Petrópolis, Vozes, 1981. 140 p.
Pode-se afirmar que este livro, o mais recente da lavra de Aroldo Ro-
drigues, subordina-se claramente a um objetivo pragmático: sugerir
aplicações tecnológicas para hipóteses e teorias psicossociais. Do gêne-
ro, e igualmente em português, já contávamos com o texto de J. A. Va-
rela, mas o de A. Rodrigues é mais abrangente, uma vez que nele é
examinada uma maior variedade de situações profissionais nas quais
seria cabível utilizar produtos teóricos da psicologia social ,contempo-
rânea. A sua leitura permite-nos concluir que o seu autor é otimista
quanto à utilidade de esforços ora empreendidos por psicólogos sociais.
Nesse sentido, o seu texto poderia ser considerado como resposta às
incertezas e ao pessimismo que se acumularam na psicologia social ao
longo da década anterior e que foram objeto de análise em apreciável
número de artigos e ensaios, como se poderá depreender da leitura
do livro de Mertens e Fuchs, um dos melhores relativos ao assunto.
Do ponto dê vista técnico, o texto de A. Rodrigues observa, basi-
camente, uma perspectiva cognitivista, apoiando-se em teorias atuais
relacionadas com os seguintes tópicos da psicologia social: poder so-
cial, dissonância cognitiva, motivação de realização, processo decisó-
rio, atitudes (formação e mudança), liderança, teoria da atribuição e
locus de controle. A linguagem caracteriza-se pela objetividade e cla-
reza didática, embora nem sempre sejam proporcionados argumentos'
mais completos a respeito de questões que podem ser consideradas
extracientificas ou filosóficas mas, desde que tenham sido referidas,
teriam que ser melhor examinadas. É ~ caso, por exemplo, da neutra-
lidade científica (p. 48), tema que poderemos considerar pelo menos
polêmico. Pode-se sustentar o argumento de que a atividade científica
enquanto tal, desde que fundamentada em princípios lógicos, esteja
livre de distorções ideológicas; mas não parece possível provar argu-
mentos sólidos a favor da idéia de que a neutralidade axiológica possa
ocorrer na seleção da temática ou no estabelecimento de programas
de pesquisa, bem como na aplicação de resultados teóricos de pesqui-
sas básicas. Outro exemplo é o da relevância, questão que A. Rodri-
gues considera "artificial e desnecessária" ,(p. 22) e "decorrente da
ignorância da distinção entre ciência básica e tecnologia" (p. 22).
Resenha bibliográfica 211
Será? Há diversos autores, como A. C. Elms, que vêm-se preocupando
com a justificação social para os esforços e~preendidos por psicólogos
sociais, considerando a importância relativa dos tópicos de pesquisa
face aos interesses humanos e sociais. Além disso, não se pode negli-
genciar o fato de que na Psicologia crítica (Holzkamp) uma das mais
vigorosas tendências da psicologia desenvolvida na Europa Central,
sob a inspiração da Escola de' Frankfurt (especialmente de J~ Haber-
mas), as pesquisas são orientadas segundo o critério da relevância
emancipatória. Distingue-se esse tipo de relevância dos de natureza
teórica, pragmática, ecológica e metafísica. Teorias psicológicas são
dotadas de relevância emancipatória na medida em que puderem con-
tribuir para a ampliação da consciência individual acrescentando-lhe
o entendimento dos limites humanos e das regras sócio-culturais que
controlam nossas condutas. O determinismo é out.ra questão que tam-
bém recebeu um tratamento demasiadamente esquemático. A. Rodri-
gues define-se favoravelmente pela proposição de que o homem seja
um ser dotado de autonomia. A favor dessa perspectiva, alega o autor
que a análise da variância é prova de que possamos atuar autonoma-
mente (p. 7). Filosoficamente, esse argumento tem pouca serventia,
uma vez que o problema básico é de ordem ontológica e, particular-
mente nesse caso, uma antinomia. É bem verdade que A. Rodrigues
pretendeu (e conseguiu) escrever um livro técnico e não um texto no
qual fossem discutidas questões filosóficas. Mas teria sido convenien-
te, desde que' o autor manifestou. tão claramente os seus pontos de
vista e pressupostos, que eles viessem, tendo em vista os interesses do
leitor, acompanhados dos argumentos nos quais A. Rodrigues, certa-
mente, terá baseado as suas declarações.
Deficiências formais, quanto à linguagem e distribuição dos ca-
pítulos, de um modo geral, não são de se encontrar. A exceção mais
significativa, nesse caso, talvez seja a do conceito de paradigma. O
termo é empregado em diversos trechos do livro (p. 18, 24 e 47), sem
que se possa concluir que, na sua utilização, A. Rodrigues tenha se
subordinado à regra da uniformidade semântica, pois em passagens
que se encontram nas páginas acima enumeradas, verifica-se que ao
termo paradigma aplicam-se conceitos diversos. Nesse particular, a
düiculdade encontrada por A. Rodrigues decorre da imprecisão do ter-
mo (paradigma) na própria obra de T. Kuhn. Masterman, que exa-
minou detalhadamente a obra de Kuhn (The structure 01 scientilic
revolutions), demonstrou que esse termo foi empregado com 21 sen-
tidos diferentes. Outra pequena deficiência formal é a ausência de
indicação bibliográfica do texto de G. Allport que se encontra men-
cionado na página 42.
É significativo e auspicioso que psicólogos sociais contemporâneos,
dentre os quais inclui-se A. Rodrigues, pr~ocupem-se com a utilização
de hipóteses e teorias psicológicas, ou seja, julguem necessário desen-
volver uma tecnologia de fundamentação psicológica, retomando a tri-
lha aberta pioneiramente por K. Lewin. Não há, por certo, um con-
senso entre esses especialistas quanto às possíveis modalidades de apli-
cação para os resultados de pesquisas psicossociológicas básicas, mas
há uma espécie de acordo implícito no sentido de que, nessa esfera,
tais iniciativas são úteis e justificadas enquanto atendem aos interes-
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ses da coletividade. Diferenças e concordâncias de orientação surgem
claramente quando estabelecemos um paralelo, por exemplo, entre o
livro de A. Rodrigues e o interessante artigo de M. Argyle. Nesse arti-
gOt Argyle sugere estratégias originais, que envolvem a participação
de jor:nalistas, profissionais das mais diversas áreas e lideres comuni-
tários, em programa de desenvolvimento social. Contudo, qualquer que
seja a orientação, é de se admitir que a possibilidade de uma tecnolo-
gia psicológica não é apenas uma função· do número de teorias dispo-
níveis, mas, sobretudo, de teorias que 1{enham a ter a sua validade
externa progressivamente dilatada e (probabilisticamente) assegura-
da. Nesse sentido, a fim de que a psicologia social (enquanto conjunto
de programas de pesquisa básica) possa, de fato, propiciar o desenvol-
vimento de tal tecnologia, cabe continuar a insistir nos esforços de in-
tegração teórica e na condução de replicações e pesquisas intercul-
turais. .
A tecnologia psicológica, tal como nos é apresentada nesse Apli-
cações.@. psicologia social, poderá ser considerada algo limitado ou,
até mesmo de maneira mais candente, uma mera virtualidade. No
entanto, não se poderá deixar de reconhecer que se trata de uma con-
tribuição baseada na idéia de que se deva reduzir o nível de arbitra-
riedade na intervenção e na condução de assuntos humanos e sociais.
E isto é, para os nossos dias, oportuno e válido. Em outras palavras,
verifica-se a observância de um princípio de racionalidade que Goethe
muito bem expressou ao declarar que nada seria mais trágico do que
uma ação que não tenha sido precedida pelo pensamento.
HELMUTH KRÜGER

Resenha bibliográfica 213

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