Para entender as
linguagens
documentárias
Esta obra apresenta os aspectos fundamen
tais das linguagens documentárias: sua nature
za, sua estrutura e suas funções. Aborda, de ma
neira especial, as questões lingüísticas e lógicas
que fundamentam sua elaboração. Incorpora,
nesta segunda edição, um novo item - a Intro
dução - em que se ressaltam o caráter sistêmico
das linguagens documentárias e seus aspectos
culturais. Além disso, foi inteiramente revista,
de modo a eliminar imperfeições.
Cada vez mais as linguagens documentárias
vêem se mostrando como importantes ferramen
tas de organização e distribuição de informação.
Elas já são hoje consideradas imprescindíveis
para agregar valor à informação especializada,
na medida em que, por seu intermédio, a tarefa
de organizar tematicamente a informação tor
na-se mais consistente.
Mas além de seu caráter organizacional, as
linguagens documentárias viabilizam o compar
tilhamento de informações produzidas por dife
rentes instituições. Decorre daí o fato de os sis
temas ou redes cooperativos de informação não
prescindirem de algum tipo de vocabulário con
trolado para a constituição de seus dispositivos
informacionais, sejam eles de uso local ou
disponibilizados para públicos amplos, através
de redes eletrônicas.
A utilização crescente de linguagens docu
mentárias baseia-se na evidência de que, sem
uma linguagem compartilhada, não é possível a
comunicação entre serviços de informação e seus
usuários. Em vista disso, as linguagens docu
mentárias se oferecem como instrumentos po
derosos de socialização da informação. E a in
fom1ação, na medida em que está diretamente
relacionada ao conhecimento, tem papel deci
sivo na mudança dos destinos da humanidade.
Espera-se que sua leitura contribua para apri
morar a formação daqueles que já atuam ou
atuarão profissionalmente no vasto campo da or
ganização e transferência da informação.
Anna Maria Marques Cintra
Maria de Fátima Gonçalves Moreira Tálamo
Marilda Lopes Ginez de Lara
Nair Yumiko Kobashi
1PARA ENTENDER
AS
LINGUAGENS
DOCUMENTARIAS
2 J edição revista e an1pliada
! editora polis
2002
Copyright CD 2002 das autL)ras
Capa: Ivone Cludzal
1/ustraçiio da capa: Ben Nicholson, Agosto de 1956 (Vaid'Orcia).
Rcvi5,fo: N3.ir Yumiko Kobashi e Marcos Frederico
Editoraç5.o eletrônica: Editora Pulis
Ficli,1 catalugr,ític;1
CDD - 025.4
CDU - 025.4
Apresentação 9
Introdução 13
2. Linguagens documentó.rias 33
21 NZJtun-zZJ, especificicbde e fun\'Õcs 3.3
22 ConfigurZJçi'io d.Js linguagens documentárias 42
3. Sistem<.1 nocional 49
3.1 Rdüçõcs hierárquirns 55
3.1. 1 Relaç,1o genérica 58
3 12 Rebçi'ío pürtitiva 61
3 2 Relações ni'ío-lmrárquicas ou seqi.lfnci.Jis 62
Bibliografia 87
7
Apresentação
9
cificidzidcs, eles revelam a cu]tura cbquela sociedade, n;:iquc
la et<1pa de desenvolvimento. E a culturn é lransmitidâ, pre
dominantemente, peln palnvra Por isso, só a palavrZJ lem ..1
condiç5o de penetrar lodos eles, de "interpenetr;í-los".
Esse é um cios motivos porque se afirma a import5ncizi
da pzilavra Su.:i condiç:io dt." plasticidade permite-lhe ser o
suporte do conhecimento. Sem conhecimento, o homem per
manece sempre muito próximo do pólo dos que não perce
bem a exlens.'io do mundo em qllc vivem, cm que circulnm.
E aí está um dos aspectos d.:i import."lnci.:i di.l informaçéfo.
10
oral da cultura são aspectos fundament,lis, mas como, nas
nrcas científicas, fazer conhecer o conteúdo de aproximadn
mC'nte 60.000 revistas científicas e cerca de um milh5o de
artigos individu,1is? Esses dados, citados neste livro, rcvebrn
;:i estimativa de 1960. Certamente a produçi'io cienlífica é mui
to maior.
Ninguém ousaria pensar que é possível conhecer to(b �1
produçi'io de um;:i determinacb área cio so.ber. Mas é nccess.:í
rio, pelo menos, ter acesso ;:i seus o.v;:inços e po.rlir deles 110.
construçJo do novo conhecimento. Eis aí, de novo, ;:i lingua
gem documentária.
Os desafios s5o numerosos. Num mundo cm que, <10
(JllC parece, o homem "nJo diz", ,iprnns "é dito" pelas p,1la
vr;is; em que se tem, prcdomini.mtfmente, "a voz do dono"
f n."io o homem como "dono da voz"; cm qne os discurSl)S
ele rnúscar.:i circulam corno mcrc.:idori.J.s de maior valor, como
trabalkir zi linguagem clocumentúria? Afinzil, el;i pressupõe,
por nm ];:ido, a irnportf1ncia da divulgaçJo cb i1'.form<1ção
p;:irn que o homem assuma sua própria voz; por outro lado,
ela pressupõe o sujeito que v;Ji "püssür" o conhecimento
cirntífico, cbborndo na linguagem polissfrnic1, para outra -
a linguagem d.ocumc11tciria.
A pal,1v1'i1 carreg.:i J. próticJ social cb sociedadf, enfrixc1 os
valores de um determin;:1do momento histórico. É sub-n'/ll fria
Atuél, sem que tenhamos consciência de seu papel. Este s10eito
ri11e v,1i "!rndm:ir" o texto científico p:.ira c1 linguagem c/ocu-
111cntiÍria rnrrcga consigo essa formaçJo. T<1mbérn o stijeito
que cbborou o texto científico. N;_1 condiçJo de Sl�jeito, cad.:i
um tcri.'í seu universo de v,1lorcs, que lhe foi tr,msmiticlo peL1
culturJ. Como cvit.:ir os desvios nessa lr<1duçã.o?
1J
Como dizfm as autoras, de um sistema de relações que
se caracteriza pela virtualidude, a LN (Língua Nutural), usa
da pelo sqjcito do texto cirntífico e pelo sujcilo que f"ar:i. a
··trnduçifo" (e ;1indt1 pelo sujeito que "receber,/' a informaç/io,
é bom não esquecer) 1x1ss;1-sf para um sistema de rebçõcs
11.10-virt uni - a LD (Lingu,1gem D0cumenl.íri;1J
12
Introducão )
14
mesma natureza, como outras peçns de nlabastro, prove
nientes de outros lugnres.
Na LN, o elemento ele troca é o signo lingüístico, que
associa um significante (imagem ncúslicJ.) a um significado
(conceito). Seu poder de troca esUí ligé!do ao falo de poder
servir para designilr urna realidade lingüística que lhe é es
tranha (reillidnde atingic!J. por intermédio de seu significado,
mas que n3.o é seu significado). Méls esle poder significativo
que constitui o signo é eslrilamenle condicionéldo pelas re
lações que o unem aos oulros signos da língua, de sorle que
n.10 se pode escolhê-lo sem o recolocilr numa rede de relações
intra-lingüísticas.
Com os limites próprios de umél linguagem construída,
as linguagens clocumenUirias � LDs � se valem de quase to
dos os conceitos apresentados para a LN, constituem sisternns
onde as unicb.des se organizam cm rel,1ç·õcs de dependência.
No entanto, n3.o se pode dizer que s�jil.m signos, urnn
vez que faltürn a suas unidades caraclerísticüs bi\sicas ele sig
no: significante e significado articulados segundo pmlrões
sócio-culturais com clisponibilidaclcs virtuais de significaç3.o.
Também n.'io dependem nem da lradiç3.o cultural, nem
do momento social e sim de convenções cstélbclccidas no cem
junto do próprio sistema que é, por isso, est:ílico e homogêneo.
N3.o se processa com essas Iinguügens uma cornunicél
ção no sentido estrilo. Processa-se, antes, urna decodificação
purél e simples, à rn,meira de códigos csUílicos.
Ivlas, a utilização de unidades retiradas da LN, dá às LDs
um carMer parlicubr que as lorna, de certa forma, diferen
tes dos sistemos esltilicos. Na sua utilizaçôo h;:í, como que
uma contnrninüção da mobilidade da LN, passnda via esco-
15
lbzis lexicais que se tr<1nsform<1m cm unidzidcs clocu
mcntárié.ls. Assim, JS LDs n5o se livrarn completamente de
interferências culturais que acahnm por exigir um trabalho
qu<'.1se permanente de atu,1lizaçiio.
O c.1rátcr sistémico fica garuntido com zi impossibilidade
de se ler uma unicbdc cm scpar;)do. De foto, c.:lll.1 unid;-1de só
pode ser ''lida" 11,1 sua relação com élS demziis unicbdcs com
ponentes do sistema.
Por serem sistemas cunstruíclos, ns LDs sfio cconômic.1s.
Só que 11;10 se trata da ,1plicaçZio cio princípio de cconomiu da
LN e sim de t1rn,1 r.1cion,1liz.:içJo de escollws e de procedimen
tos, que pcrrnit:1111 um,1 utilizac_:;.1.0 eficaz do sistcm.1.
;\s rcluçê5cs pé1r,1digrnáticas e sintagmáticil.s também
ocorrem, só que de forma basl:mtc rcstritn, especi,1lmentr
n;_is construçôes dos sinlélgm,1s.
No cnL:rnto, n.is LDs fic.:1 evidente o poder de troc.i di1S
unidades, num,1 posiçi'io bastante próxim,1 d,1 LN. Cad,1 uni
d;idc don1111cntária clcsign,1 t1m<1 re;:i]idadc drntro do sistema
construído, o que lornü. evidente o v.ilor e él possihilid,1de de
troca, de representação.
!)e toda fornw, as LDs sfio trihut,irias da LN, n;i rncdidd
cm que silo construíd.is a p;_irtir deb. Embora haja um esfor
Çl) de ncutraliz.içZio de tTi-lÇOS que fazem da LN um sistema
16
cbs nos diferentes segmentos sociais. É esse partilhamento
que esló. na b.Jse do cm6.ter público da inforrnaçi'i:o e que não
pode ser obtido nu a.usência de 11rna LD. De f,.1to, duranle
muito tempo acreditou-se que a disponibilização dos esto
ques seria. suficiente pari1 .:1 sua socialização. Mas, allu:il
menle, o fundamenl,11 é a existência de uma forma de or
g;rnizüção que güranta o partilk1rnento. Ess;:i org;:iniz.:1ç,10 é
,, LD.
Coya.ud (1972) c1ponti1va, na rebç:i.o entre a Lingüísti-
ca e n Documentação, ilquilo que consider.wa ser 11111 gr;in
de defeito: por 11111 belo, os teóricos cb Lingúíslirn ac1hav;im
lrab;ill1,111do sobre questões ahstrnt;is, ficarnlo inlciramcnle
ausentes inf'orrna�:õcs sobre as línguas concrct;is. A seu ver
os lingüistas poderiam ser divididos cm dois grupos: os teó
ricos que pendiam pziri-1 ;i lógica, p,1r<1 a busca de L111ivl'Tsais
dü li11g1wgem, ignor;indo mesmo i.lS línguas concretas; e os
especialistas numu dada língua que ,1rnbarn por se fechar
nclu e por força de um terminologia prôprÍ3 chcg�1Varn ao
limite da inconrnnic;ibi!iclade, até mesmo com o grupo lcó
nco. Entre estes dois extremos 11,wia um v,1zio.
Evidentemente que esto quest}o nem é l,fo simples, nem
li'io clara. De todn forma, parecem faltar lrahal11os de rnrá
lcr extcnsiLll1é11 que poss;:irn f.1zcr de for111a produtiv.:1 a lign
çJo de teorias conlemporé1neas com prMicas soci,lis.
Conhecer primeiro os meandros cb linguc1gern p,1rcce
ser pré-requisito, r;iúi.o pela qu;il fori1111 introduzidos nesse
livro conceitos qur pcr111Íli1111 ;iprof'undar conhecírncnlos Ji.1
,1c11mulaclos.
Oo ponto de vist;i cb lingu,1gcrn três aspectos rncrecnn
dest;ique: ;i de111,1rc;içJo, a signific1çJo e a comunic.1ção. 5,°io
l7
esses aspectos que, segundo Kristevo (1969:14), permitem
dizer que todas élS µr6.ticas human;_is sJo tipos de linguagens.
Quanto us linguagens documentários, é necessário que
scjJ.rn vislAs, simultJ.ne:uncnte, como sistemas e como prá
ticas sociois com lod;_is as suas implicações que vão de seu
aspecto moteriol, consubstanciado cm codeias ele unidades, ?!
sua 11::-ilurcz,1 comunicativa que pressupõe acordo entre su
jeitos que dela se valem. !\!esse sentido, urna LO n:'io se apre
sent<1 como uma construçil.o univcrsol, segue princípios (mi
cos, mas reflete práticas soci<1is distintas relacion;:ic!as 1150 só
às nccessicbdcs cspecífic<1s de informação dos v{trios scg
rn enlos sociais mas também aos vjrios consensos que os
rnracteriz:1m.
O livro orgonizil-sc, além d.1 Introcluçi:io, em quatro ca
pítulos O primeiro trnz considerações, como o título sin<1li
z<1, sobre conhecimento, informnção e linguilgcm vcrb.Jl ou
natural - LN. O segundo enfoca asµeclos importantes das
linguagens JocumenUírias - LDs. O terceiro discute relüções
intervenientes nas linguagens document.:írias e o qumto re
lomi:l conceitos de se111ilntic;1 lingüístirn que têm µapel f un
d<1rnenlal n<1 construçi'io de LDs.
18
1
Conhecimento, informação e
linguagem
.. � ...
1 .1 CONHECIMENTO E INFORivl:\Çi\O
19
cxtn-mos do circuito da comunicnção, o conhecimento Jcon
tece no extremo do emissor, responsável peb criaçiio cm si e
no extremo do receptor, onde se e.ló. il recepção du inform<1ção
criach
Neste sentido, 1x.1rcce indiscutível que il infonnaç.io cum
pre p:ipel decisivo na mudanç:i dos destinos dü llllmanicbde,
uma vez que ela está, dirct1mcnte, ligada ao conhecimento e
;10 desenvolvimento ck cadn um.:i das ,Ín'as do saber, )<"i que
todo conhfcirnento começi.1 por algum tipo de infonn;1çôo e
se constitui em inforrnilçi'io.
A purtir da déc1cb de 1970, a noção de informaçiio, hem
como os lermos que ;1 represcntnm tomam vulto, seja 11;1
constituiçJ.o dos discursos, seja n.1 crinç.:io de disciplinas cs
pecífico1s. ;\credita-se mesmo que a sua expansifo represente,
na sociedade ocidt'nl�1l, um elos maiores sucessos de uma p:i
lavra no século XX.
i\ utilizaçJo rccorrrntt' da p<1bvra gerou, como é natu
ral, urn<.1 variaç5o conceit u<1l. Assim, fab-se do conceito de
informação em diferentes áreas de conhecimento, podendo a
rel<1ção infon11;1ção/conhecimento ser observadJ ;1 partir de
trfs aspectos que se complcmcnt;1m:
• engu;rnto o conhecimento é estruturado, coerente e
frcgiientemcnle univcrs,1!, il inforrn:1ção é atomizada,
fra.gmenladc1 e p,1rticular;
• cngu;mto o conhecimento é ele duração significc1.tiv.1,
a informação é lcrnporáriil, transitória, U1lvcz mes
mo efêmera;
• enquanto o Clll1hccimcnto é um estoque, �1 inforrné1-
ção t um fluxo de mensagens.
20
Com efeito, o estoque de conhecimentDs é alterado com
o input ele novas informações, em virtude ele adições, reestru
turnç·ões ou mudanç<1s.
l'vlas, para que o conhecimento <ln sociedade não se perc.1
e possa ser compartilhé!do, ele é registrado num do.do su
porte: livro, imagem, foto, disco etc., passando ;-1 se consti
tuir um documento.
O desenvolvimento científico e tecnológico tem
proporcionado ;'i sociccbde um.1 massn enorme de inforrn;-1-
1;:ôes ger,1doras de conhecimentos, portanto de documentos,
que precisam ser tratados ,1dequadamc11te para que h,�j;i n.io
só a sua divulgaçJo, como também .:.1 criaçJo de novos co
nhecimentos, cumprindo ;1ssim a rotina natur.:.11 d,1 própri.:.1
ciência.
Daí o papel fundilmcntal da {irea de documentuçiio,
respons;ívcl pela tri,1gem, orgzrnização e c011scrv.:.1çJo cb in
formaçc°io, bem como pela viabi!i7.élç:io a seu acesso.
Hé'í que se considerar que i'l massa considerável de docu
mentos em papel que constitui volume consider.ível vêm se
jtmLmdo, de forma t<1mbém crescente, documentos cm ou
tros suportes como disco, fotogr;if'i.1, fit.1 111;1gnétic1, vídeo etc.
Scgt111do Waddington (1975), é pr:1ticamcnte impossível
cbr uma imagem do mundo moderno, ciue chegue próxim.1
da cxzitidiio, cm termos Jc conhecimentos acunll!bdos. En
trel,mto, pode-se chegar a ter uma idéia parci,.1! do probk
n1:1, qunnclo se consideram os estudos sobre o crescimento
d:1 inlormziçJo científica e técnica nos últimos dois séculos,
;Jlr,1vés só das publicações Je rcvistc1s especializadas desses
,luis campos.
As dui.15 primeirns revistils inteiramente dedicadas ;'i ciên-
2]
eia começaram em 1665: The Philosophical Transactions of
thc Royal Society of London e Journal eles Sçavants (frança). A
partir de 1760, houve uma implcmcntaç5o de publicações
desta natureza que, pouco él pouco, prt1ticamcntc duplica
r,1m i1 cada quinze anos.
Sabe-se que ;:i.té meados da segunda metade do século
XX. for.::1111 fund.::idas mais de ·100.000 rcvistns cicniífirns. No
entanto, n5o se sabe qu;:inLJs dcsapareccr;im e, hoje, é pratiGl-
111.ente impossível dizer o número ddns. Para se ter uma idéia,
em 1938, c;ilculou-se ern 33.000 o número de revistas cien
tíficns publicadas, sendo que no final dos ;inos "J 960, ele atin
gi;i cerca de 60.000, com um milh5o de artigos in<lividun.is
por ,u10 Estimava-se, cm 1996, que havia 200 000 perió
dicos em circulação, número que continun crescendo pri11ci
p,.1lmentc <1 pürlir de sua difusão em formato eletrônico
Os cbdos s.'i:o, sem dúvidn, imprecisos, méls suficientes
para demonstrar a dimensão do probkrna ct�jo desdobra
mento pode ser observado por meio da criação de revist;:i.s
secundárias e terciárias, do fenômeno da "redcscoberlé1" cien
tífic1, da tendência.:) cspeci,1liz<1ção e d;i rApida obsolescência
da informaçno
Com efeito, i1 primeira revisla secundária, n�ja fun�·Jo
é resumir e sintetizar os artigos publicados nas revisL:is pri
mártas, surgiu na A.lcm,111ha em 1714. De b par<1 có, esse
tipo dr periódico veio aumcnt.:rndo, cheg,rndo mesmo é1 mul
tiplicar-se com, praticamente, ,1 mesma taxél exponencial d,1s
revistas prím:.irias. Em 1960, czilcu!ou-se em 1.900 o nú
mero desL1s revist.1s secumtirias.
O volume de revist<ts sccund.:í.rias levou à cri,içJo de re
visléls tercüírias que informavam sobre as revist<1s de sín-
22
tese. Sob essa mesmi'l perspectiva, criou-se o Sistema Uni
versal de lnformaçiio Científica (UNIS!ST), com o patrocínio
dé1s Nações Unidns, com .:, tarefa central de arm.:1zené1r toda
a informJção científirn em um comJmlJdor central, dotado
de um sistema de busca.
O terceiro desclobré1mento diz respeito il um frnômeno
muito comum hc�je: é mnis fócil redescobrir J.lgo que saber
se zilguérn jtí o descobriu antes. /\creditam alguns que este
fenômeno cb "rcdescobcrt:1" poss:1 tornar-se um dos princi
pais fotores limit:.H.lores da li.1xa de .:iv;_rnc,:o da ciênciil na so
ciedade contemporé'\nc:1. H;:í, por vezes, um dispêndio enor
me de recursos ln1111anos e materíélis p,1rzi drscohrir o j6
descoberto
/\ trndênciil fi rspccic1liJ;:.1dc constituiu um;_1 c.1r ;_1eterís
tica muito presente 11,1s décad.:is p�1ss,1<las, chegando mesmo
:1 motivar filósofos e cduc1dorcs p,1r;_1 discutir ;1 questão da
intcrdisciplinaricbcle. Nos úllimos anos, embora oinda per
sista, com s;_1liência, esln c.:iracterística, assish:-sc a urna for
te reaçilo à alta especialidade, de modo pélrticular com os
movimentos denominados pós-modernos.
;\ velocicbde de procliH;,"ío ele inforrn.:içilo tem como con
scqiif'ncia quase imcdiat:1 ,1 obsolcscênciil de conhecimentos.
De .Soll:1 Pricc discutiu isto cm krrnos cio que ck chzunou de
coeficiente de irncdialismo: se ,1 qu;:mlicfade de infor111.1ç'i'10
dobra cm quinze anos, rb sCTin ,r\ no início deste período e
lA no fim do mesmo período O acdscimo de A é A e o
coeficiente de imecli<1tismo é i\./21\ = 1/2. lslo é, ao c.1bo de
quinze ;_mos, 50% chs i11forrn;1\·õrs disponíveis ser3o fruto
de descohcrL1s rcaliLi1cli1s durc111lc o pcríudo cm qucst.:io (Pricc,
·1965)
__
'.)�)
Não é difícil perceber que em áreas de awmço muito
veloz, como n computaç.10, o período de duplicaçJo não é
15 anos, mas muito menor, talvez 4, o que ampli,� b.1stante
o índice de obsolescfnci.J.
/\.ssim, cieiro esl{i que ninguém pode, nem mesmo numn
área de especiulidadc, avenlurar-se a "conhecer" ludo o que se
publica. f'vfas também é cbro que uma pessoa pode conseguir
informações p,nciais em níveis satisfolórios, gri..lps aos meios
desenvolvidos pnrn gu:irda e rccuperaç.10 e.la informaçiio.
As necessidades, 11.:üurülmrnte, v.:iriam de um domínio
parJ. outro, de um grupo para outro, segundo o eslé.Ígio de
Jcst'nvolvimenlo da .íreo., a n.:itureza cios usu.:ít·ios, seus ob
jetivos A.pesar dessas variações, é preciso que as informa
ções srj;:im confiAvcis, atuais e inwcfoltamcnle disponíveis.
Para se chrgar i.l isso é indispens,1vel um trabalho sistc
míltico que se compõe de um conjunto de opernções cm ca
dei,1, isto é, operações marcadas por íntima relação entre cada
urna das etapas: .:is últinrns oper;-1ções estão ligadas .:)s pri
meiras e as primeiras v.10 conduzindo às últimas.
Numa extrc111id�1de da rnciciJ. estJo os documentos que
seriio [ralados e, na outra, os resultados desse processo ex
pressos em produtos docume11l,írios cio tipo: rdcrêncii.ls, des
crições de documentos, publicações secuncli5ri.:is e terciéÍrias.
O processo começa peln opcraçi=io ele coleta Jc dados que
se constillli num procedimento ele alimcntaçi'io, por meio do
con1unto de documentos que p,1ss;1rn a intcgri1r umJ. unida
Jc ele informc.1çfio
A primeiri1 rJ.se que se decompõe em éllgumJ.s eli.1p�1s
sucessiv,1s (loc;ilizaçâo de documentos, triagem e escolha,
procedimentos de üquisiç<lo propriamente ditos) exige pro-·
24
fissionais atualizados em relação à evolução <lo conhecimento
e à produção no domínio considerado, o que supõe que a
unidndr dr informação esteja bem integra.da no circuito cien
tífico nacion:.11 e internacional, formal e informal.
Quando se trüta de publicações disponíveis no merca
do, a coktn npóia-sc em fontes identificáveis e acessíveis: dc
pósilo leg.Jl, bibliografias nacionais, G1ti.Í]ogos de editores, ou
c:1tólogos coletivos, índices, repertórios, bibliografids de toda
espécie. Mas, quando se trata de localizm um.:i lilerntura dita
sublcrrânca, é fund,1mcntdl que se poss.J dispor de umél rede
de perrnul;1 e de aquisição sistern.ítica, o que implica inte
gração no circuito científico da ,írc�1.
A scgundn fase do processo consiste cm opernções de
controle e registro do materi,11. Nesta fase, é frito o tratü
mcnto intelcctlwl dos documentos, por meio <le descriç,10 lii
bliogrófica. descrição do conteúdo, cstoc�1gem, busca e difu
são. Todüs essas opt.>rações visam cncontrnr, de imedi,ito, a
informnção necessúria pari1 responder à dcrnand,1.
i\ tmefo inicial consiste cm proceder à idrntific1ção do
documento, o que é feito por intermédio de urna dcscriç5o hi
bliogrMiG1 ou de u1Lílogo que explicita Slli.1S c:11-;_1cteríslicas for
m.:i.is: autor. título, fonte, formato, língua, data da ecliçJo etc.
Em scguicb, é frit:1 a descrição do conteúdo, dcnomina
cb análise clocumcnlária. Esta etap.:i. recobre oper<1ções de des
crição das informac,-õcs que trazem o documento, e i1 trndu
ç.3.o dessas informações 11u111<1 formubçâo aceiLí.vel pelo
sistema adolado.
Daí nasce il rclé1ção cb ciência da inforrnaçZín com a lin
guagem nnturnl, rclnr,10 que p1-ccisc1 ser ;111<1lis;1da do iln
gulo dil guarda e da recuperação dos documentos, por meio
25
de sistemas que fazem a representação dJ inform;:içiio que
veiculam conhecimento.
Não só o volume de documentos constituídos cm lin
guagem natural, corno também a nJ.turezJ. da linguagem
verbal, justificam um;i reflex."io e specífica
26
Ao longo <los tempos, a concepção <le linguagem foi se
modificando, à mercê do saber constituído e <la ideologia rei
nante. J\lé o século XVIII, predominou uma concepção teoló
gica que colocava cm primeiro plano sua origem e as regras
universais da sua lógica. O século XIX foi marc1do por uma
concepçô.o liisloricisla que via a linguagem como um pro
cesso cm cvoluç.:io alr.Jvés dos tempos. Hoje predominam as
concepções <la linguagem corno sistema ern funcionamento.
J\ prática da linguagem é marcc1dc1 por umc1 tendência
n.Jtural do homem: compreender, governar e modificar o
mundo. Com efeito, o homem busca, incansavelmente, e11-
ccmtr,1r um.:i ordem para as coisas, j.5. que um mundo caóti
co seria incompreensível, insuportável; por isso ele busca
encontrar, em meio n aparência caóliG1, uma ordem mesmo
que sul�jacenle, uma estruluré1 capaz de explicar JS coisns.
Nél sua busca ref1exiva, o homem trabalha com umn es
trutura que é, a um só tempo, estMica e dini'imica, isto é, que
permite .J fixaç.:io de cada c1parência dentro do esquema geral
de referência, ao mesmo tempo em que deixa esp,1ço para que
essa mesn1,1 aparência su1ja num outro ponto do quadro, a
partir de outras relações, repelindo o mesmo processo.
/\ssim, situa-se numa ponta a .:_1preensão e, na outra, a
compreensz"i.o O primuro esforço, o de fixaçô.o, equivale ,1
uma Céltalogaçô.o do mundo. O segundo, o de coordenação,
equivale a uma hierarquizaç.'io do mundo
E dentre :1s coisas a conhecer, provavelmente, seja a lin
gu.:1gem verbal uma das mais 111trigilntcs, jó. que ela se foz
presente no dia-,1-dia, de forma inalienável, participando do
processo e do produto deste conhecer.
Como é feita <le palavras, a grande maioria dos dados
27
de que o homem dispõe, daquilo que forma seu intelecto,
p.::in:cc importante pensar a p;:ilavrn, unidade recoberta por
inúmeras dificuldades, entre élS quais pode-se cit;:ir o fato de
nem todJs as línguas possuírem escrita e, portanto, ;:i idcn
tificaçiio da 1x1lavr;:i com o espaço em branco ser, cm alguns
cé:lsos, inviável.
f!usser (1963, p. 22) lenta atingir um nível de explirn
ção pélra a palavra, construimlo uma imagem que tenta ex
pressar él passogem das sensações para a lingu.::igern. Diz ck:
"Há, ap;_irenternente, um,1 insU\ncia entre sentido e intelec
to, que transforma dado cm p3!.:lVrél. O intelecto sensu stricto
é uma tecel<1gem que usa pabvr;:is como fios. O intelecto
smsu lato tem uma ante-s<1la n:1 qual funciona uma fü1çi-'io
que tr,rnsform,1 o.lgod.'io bruto (dados dos sentidos) em fios
(p,1lavras). A maioriz1 Uél m:1téria-prima, porém, jA vem cm
forma de fios."
Para ele, :10 se dd"inir realid<1de como conjunto de dados,
se estéí concebendo que .1 vid.i do homem se passa numa du
pli:1 realidade: por um lado, ,� re.:1lid<1dc cbs palavrns; por ou
tro, a rei1lidack dos dac.los brutos ou imediatos. Co11siderc1ndo
que os e.lodos brutos oliqj;:im o intelecto nJ. forma de p,1la
vrJs, pode-se dizer que a rco.lidacJc se f;iz com p;1bvrns e p<1-
bvr.1s in statu nasccncli.
Na prcítica da linguilgcm !1é.llural, sabe-se que ;is p:1la
vras chegam até ,1s pessoo.s por intermédio cios sentidos de
forma org,rniz;i(b, isto é, si'io agrupadas ele acordo com re
gras preestahclecicJas, formando frnses.
De um bdo, entJo, ;1 língua pode ser vist;:i como um
sistema cuj;is unidades se articul:1m nu pbno da expressão e
do conteúdo, planos que se unificam como o ímico modo de
28
ser do pensamento, a sua realidade e a sua rc<1lizaçô.o. As
sim, a língua integra o universo mais amplo da linguagem e
atua corno elemento fundamental na comunicaç5o social.
Da mcsrnél forn,il que não há socied;-i<le sem linguagem,
nzio há sociedélde sem comunicação. "Tudo o que se produz
como linguagem tem lugm· nél trnc.:1 soci;1l para ser comuni
cado" (Flusser, 1963, p. 12).
Nél comunicação, ohserva-se que todo f,1Lmte assume
o cluplo pélpcl de destinador e destinaUírio Jc mensagem, pois
�10 mesmo tempo cm que é capaz de emiti-Ias, sabe decifrá
Lis. Ou sejél, na situação natur;1l de cornunicaçJ.o, o fa!.,mtc
n;:io emite mensagem que ele nôo sc:ja capaz ele decifrar.
Assim se introduz o fobntc no complexo domínio do
sL�jcito, isto é, no universo ela sua constituiçJ.o e da sua rrla
ç;fo com o outro. Na rclé1Çi10 consigo mesmo e com o outro
fabnlc, opera com o ato de nomrnr que é frito com ,1 língua,
exterior élo indivíduo e submissa a umél espécie de contrato
soci;1] firmado, n,:lluralmente, para garantir J comunicação .
.r\ língua é, pois, um sisternél de signos e regras com
binütórias que, de fato, nzi:o se rrnliza completamente na fola
ele nenhum sujeito. Ele, só existe completamente na massa,
no co11JU1lto de uma socied,1c!c. Mas t;imbérn é um sislemél
ele relações virtuais cm permanente disponibi!i(bclc para o
folante.
Enqu,mto realizaçzi:o, pode-se dizer que, qu.:mdo as pa
bvL1s s.'io percebidas, percebe-se uma realid,xle ordenada,
um cosmo, o que permite di7.er que a língua é também o
coi'.junto de frases percebidas e perceptíveis
Por outro lado, as p;1bvr;1s sJo aprccmlidas e compreen
didas como símbolos, isto é, como tendo significado, por-
29
que, por meio de um <lcordo entre vários contratantes, elas
substituem algo, apontam para algo, são "procuradoras" de
algo.
É, pois, <l partir de um acordo entre st�jeitos que os sinélis
são apreendidos e compreendidos, reJ.lizando, em sociedmle, o
GHi.'íter simbólico cl.J. língua, condição do pensamento.
Tradicionalmente, são distinguidéls as palavras él pü.rtir
de seus significJ.dos em substantivos, acljetivos, verbos etc. A
mesma tradiçJ.o ensina que substantivos significam "subs-
15 .ncias", que acljetivos signific.J.m "qualidades", que verbos
signifirnm "processos modific.J.nclo substilnciéls", que prepo
sições e conjunções significam "relações" entre substâncias
Essa classif'irnç:ão, nJ.o obstante ser enfatizada, oferece
pontos de conflito muito evidentes. A.ntes de mais nada, ela
pressupõe umél realidade absolut<l, um universo uniforme
mente ordeno.do, urna estrutura rígida de mundo, e'.Spclhada
na estrutura da língua. É mais ou menos como na concep
ção platônica em que o fenomen.J.l espelha a estrutura do
mundo cl<ls idéias.
Se <l realid.J.de rn,iis ampla mostrn línguas como o chinês
e, de resto, as língu;is ,iglutinadas f assil{1bicas onck esta divi
são não faz sentido, <l. presença mais imedi3ta da língu.J. m.J.
lern3 mostra reéllidades que põem cm cheque esta divisão.
Enquanto n<l. frase "Isto é uma caixa grande", "caixa" e
"grande" são expressões .J.utênticas, respectivamente, das sig-
11ifiu1ç:ões substâncii.l e qualidade, n,1 frnse "Isto é um cai
xão" a qualicl.J.de como que vem engolicl.J. pela substância. J{J
nil frase "Viver é luti.lr" observam-se processos assumidos
como substil.ncias.
Os exemplos poderiam ser multiplicados, 1jara mostrar
30
que a cla.ssifirnção absoluta n3o corresponde à re<1lidade.
Entrclémto, é preciso éldmitir que a classificação tradicional,
mesmo com possíveis defeitos, oferece vantagens, na medi
da cm que e!J. permite ver a língua corno um sistema de
símbolos apontando parél <1lgo, ou significando <1lgo. Na
rez1lidade, a línguél não se constitui num cortjunto de símbo
los equivJkntcs, rnc1s, antes, num conjunto de símbolos
hiern.rquicamcnte difcrenciJc!os. O signific<1clo de c;1cla sím
bolo só se torna compreensível dentro do conjunto do siste-
1m1 inteiro.
A língua não é funçJo do sL0eito falante nem sucessão
de pé1lavr,1s correspondentes ü outras equiv,1lentcs. É um sis
tem,1-estrulura de valores e formns. Os sistcmJs de v.Jlores
nfio sZío construções p<1rticubres de um indivíduo; s.10, ,m
ies, o resultado de todo um contexto socioh1stórico que de
terrnin.:i ;.1s condições de produç.10 do discurso.
31
2
Linguagens documentárias
33
blemas de vocabuljrio, tendo em vista a construçno de ins
trumentos nrnis adequndos Estes estudos lev.::m:im a an;'íli
ses de conteúdos e.la Linguagem N;:itural - LN, a buscas de
métodos de padronizaçõ.o relativos à pass<1gem d.1 LN p<1rn a
LlJ, ;.io estabelecimento de mecanismos para é1 est ruturciç3o
de campos scrn.5.nticos, df c;:impos associativos e de c.1tego
ri;_1s funcionc1is.
/\ EstAtística, por su;:i vez, foi tom.1dc1 como instrumento
de apoio, tendo cm vist.1 determinar freqüênciéls de descri
tores, mapeamento Jc ocorrências e <111iÍ!ise de citações, o que
levou élO desenvolvimento da Bibliomctria.
No .1mplo universo da linguagem, éls LDs possuem um
status muito p;:irticul,ir: por meio delas pode-se representar,
de 111z111cira sintética, as informações materiéilizacbs nos
textos.
Tal como a LN, as LDs são sistem,,s simbólicos instituí
dos que visam facilitélr a cornunicaç3o. Sua funçJo cnrnuni
Céltiv.:.i, entretanto, é restrita a contextos document;'írios, ou
sej.:i, ns L.Ds devem torn;_ir possível a comtmirnç5o usu,-írio
sistema.
Grande pc1rte das discussões teóricas sobré' LDs inserem
sr no 5mbito cb /\nólise Documrntjria que, por su,1 vez, se
define corno uma atividade mclodo!ógicé1 específicé1 no inte
rior d.1 Documcntaç5.o, que trata d.:.i análise, síntese e repre
scntaç.10 da inform.:içâo, com o objetivo de recuperá-la e
clisseminá-b.
Nesse contexto, as LDs são, pois, instrumentos inter
mediários, ou instrumentos de comutação, através dos quais
se realiza a "tr;.idução" d<.1 síntese dos textos e das perguntas
dos usuários. Estél "tradução" é feita em unidades infor-
34
macionais ou conjunto de unidades aptas a integrar siste
mas documenti'írios. !\ formalização d<1s perguntas dos usuá
rios é feitzi rn.1 linguagem do próprio sistema. É por esta ra
zão que as LDs podem ser concebidas como instrumentos de
comutação documentária.
Ivl3s, diferentemente da LN, o sistema de relações das
LDs não é virtual, hem corno seus rneGmismos de articub
çii:o s.10 extremamente precários, em frice daqueles existen
les nas língu.:is em geral. Bem uo contréÍrio, elementos dessa
linguagem específica sBo selecionados de universos determi
n.:1dos e seu sistema c.le rclaçües é construído, sendo indis
pens:i.wl, para utilizj-Ja, n existência de regras explícitas Por
esse motivo, as LDs são linguagens construídas.
C.:ida LD específirn representa, por outro Indo, um pon
to de vist.1 p;:irticubr sobre a rcalidé1de. Como sistem.:i de
rclaçües construído, o signific1do c.le cada um de seus ele
mentos vai estar direL'..1mente subordinado às definições cor
respondentes .:ios elementos colocados nas posições supe
riores do sistema.
Segundo Gardin, uma LO é um conjunto ele termos, pro
vidos mi n-10 de regras sintiitici.1s, utilizadas pnra represen
tar conteúdos de documentos técnico-científicos com fins de
clé1ssific.1ção ou busc;1 relrospectivn de inform.:içõcs (Gardin
ct al, ]968).
Para o autor, umél. LD deve integrnr três ekrnentos
b;isicos:
• um léxico, identificado como urna list.::i de elementos
descritores, devidnmente filtrados e depurndos;
• urna rede paradigrn.:ítica pnra traduzir certzis relações
essenciais e, geralmente estáveis, entre descritores. Essa
35
rcclc lógico-sem5.ntirn, corresponde i'1 org;:mizaç3o clos
descritores numa forma que, lato sensu, poder-se-ia
chamar classificaçJo; e
• uma rede sint<1grn;Hiu-1 destinada a express.:ir as re!u
ções contingentes cntrc os descritores, rcluções que s<"i.o
v,ílidas no contexto particllbr onde aparecem. A cons
truç.:io de "sinlagm.1s" é feita por meio de regrns sin
táticas destinadas J. coorden.:ir os termos ciue dão conl,1
do tema.
Embora 11.1 LN haja diferl'nça conceitua] clara entre lé
xico, vocabul.írio, nomencblura e terminologia, observurn
se usos sinonírnicos dC' léxico e voc,1bul:.írio por um lado, e
nomencbt ura e lerminologi,1 por outro.
Nas LJJs, por sua vez, é bastante freqi"icntc o uso
inJiscriminziclo destas p,1lavr;1s, o que pode compromder o
próprio conceito ele reprcsent,içiio clocumcntária, na medida
cm que a cada lermo deveria corresponder urna funç.:io dife
rente dentro du linguagem.
Entret.1nto, cadél urna dess.:is pnlavras remele ,1 conceitos
específicos, o que nos permite dizer que cada umn tem
c;ir;iclcrísticJs e funções própri,1s, fator suficiente p;_ir�1 im
pedir sua lltilizé1çôo indiscriminadél.
Embor�1 mesmo nos L'St udos das ciênci.1s d.:i linguagem
h;�j;1, eventualmente, refcrênci..1 a léxico e vocahul,írio como
conjunto de pabvr,1s de uma língua CHI de um autor, de um,1
arte otl de um meio social, a rigor, léxico design,1 o conjunto
de unidades re.:iis e virtu,1is que formam a língua de uma
comtmid,HJc, algo como um depósito de dcrnentos cm C'sla
do irlua.l e dt' regras que permitem a construçi'io ck novas
unidmlcs, ncccssJri;1s para a atividade lrnm,rna da fala.
36
Já vocabulário refere-se ao conjunto de ocorrênciéJs que
integrom um determinado corpus discursivo, como uma
lista de unicbdes d.::i fzt!a (Duhois ct al., 1973) Assim, pode
se fribr no voc;ilnil,írio que encontr,1mos no trilbalho de
Cu11ha, rebtivc1mcntc i1s ocorrências rcgistmdas nos discur
sos sobre polílicn colonial de 1\driano J\11oreiro (Cunb.::i, 1990),
ou no vocabul6rio médico, a partir de lcva11larncnlo cm
dcterminacbs obras médirns, por exemplo.
Em termos de L!Js, nâo foz. sentido folar nC'm cm léxico,
nem cm vocabulário nas :1cepções d,1 Lingüístirn, uma vez
que esses ekmcntos s.10 específicos da LN. As LDs, lingu:1-
gcns construícbs que s:io, com finalidades espccffic1s de
rcprcscntaç:io Jocument;'iria, nJo sJo suíicicntcmcntc ,1rli
cubdns, 11cm se constituem cm unidades geradoras de no
vos elementos.
Também !l:i.o inlegr,rn1 vocabulírios propriamcnlc di
los porque suo formadas de 1x1bvr;1s preferenciais, comhi
n,1ndo pabvr�1s de vornbul,írios de dctermi11aclos domínios e
palavras utiliz:-icfas pelos us11Jrios. Desta forma, englolx11n
vúrios voc:ibul.írios, representativos ele vúrios discursos /\s
sim qu:rndo :1 p,1bvr�1 vocabutírio rdffr-sc ?t LD, eleve ser
entendida segundo esta úllim:1 :1cepçiio, que privilegi:1 um,1
constituição a partir de origens diferentes
Urna 11oml'ncliltura, por sua vez, como sugere ,1 própri;1
p,1l,1vra, diz respeito ú açZio de cl1arnm algo por seu nome.
,·\ssim, se constitui cm list:1 de nomrs que- st1põem biuní
vocidade dn rcbçJo significudo-signilic,rnte (Dubois ct ai.,
1973). T1lvez se poss,1 melhor car<.1ctcrizar uma nomencb
luri-1 como ctiquctils que dcsign;irn coisas ou conceitos pré
cxislcnlcs, como a nomcnclatur,1 d,1 QuímiG1, por exemplo,
37
fül qual, independentemente de um sistema nocional porti
cular, algo se cbamél ouro, nitrogênio ou potássio.
Diferentemente de um.1 nomenclatura, uma terminologia
refere-se élO conjunto de termos de um.1 área, termos rclacio
n.:1dos e definidos rigorosamente para designar as noções que
lhe são úteis (idem, ibidem). Assim, por exemplo, a termino
logia da educação hrnsileira pode ser encontrada no Glossá
rio de termos em educaç3o (Br.1sil, Ministério da Edurnção e
Cultura, 1980). Trata-se de um sisternél de termos orgt1nizc1-
dos a partir de noções particulares.
É bom lembrar que todo conhecimento Léc nico-cienlí
fico desdobra-se num universo de linguzigem. ,\ lingua
gem condiciona o conhecimento objetivo, determina os li
mites e su.:1 formulação (Grangcr, 1974). As linguagens
construídas exigem formulações rigoros,1s de sentido <"i me
did.1 que a próprin ;:itividade se encontro subordinoda lt
articulação da linguagem. Desse modo, c1 atividade termi
nológica é parte constitutiva da ativid.1de lécnico-científirn
e diz respeito, dirct.J.mentc, a um conjunto de termos
organizados.
Tod.Js as defi nições c1nalísadas anteriormente ifv,1111-
nos a concluir que as LDs nfío se confundem com léxicos,
vocc1bul6.rios, nomenclaturas e terminologias, embora i n
corporem elementos dl' todos eles. É importante que ess.J
difcrenciüção sejJ. feita, para melhor delimitélr suas carnctc
rístirns em f,1ce d.1 funçZio que devem desempcnl 1c1r 11;1 re
presentação da informaçâo documentária.
A represenl<1çi'io documentári;i é obtida por meio de um
processo que se inici,1 pela éln,íli�e do texto, com o objdivo
ele identific;.1r conteúdos pertinentes em função diJS finali-
38
dades do sistema - e da representação desses conteúdos -
numa forma sintética, padronizada e unívoca.
A síntfsf f i1 representnç3.o documentárias <1dvindas do
processo de .:mzilise podem apresent.:i.r-se, geralmente, sob
du:-is formas: o resumo, que é feito sem n intermcdiélÇJO de
um;_1 LD e o índice, que , para maior qualidade, deve ser ela
borado a partir de uma LD.
A opcr.:iç.10 de traduç3.o de textos cm LN para um.:1 LD
denomina-se indexaçJo. lnfrente .:io processo de index;içJo
c,t3.o oper.1çcJes de cbssificaç5o.
As várias Cases do processo an,1lítico apresent.:1111 uma
complexicfadc considerável, pois n.1.0 se trata de adquirir os
documentos e armazenéÍ-los numa ordem lógic;i /\ docu
mcnU1çZio é memória, seleção de idéias, reagrupamento de
noções e de conceitos, síntfse de dados Trata-se de tri,1r, de
av::1!i.Jr, de analisar, de "trnduzir", de encontrar respost;:is para
necessidades específicas.
A utilizaç3o da LN neste processo leva, seguri.lmente, ;'i
incompreensão e ?1 confus.10, devido a fenômenos nilturaís
como il redundânci.:i., a ;1mhigüidade, i1 polissemi;1 " ;1s va
riações idioletais.
A condiçZio p.:ira se obter resultados positivos na busc;1
de inf"ormaç,'io é que i1 pcrguntil e é1 resposta sejam /"ormub
lbs no mesmo sistema. J\ssirn, é neccssé'írio converter t1111,�
pergunta frita cm LN par.:i o sistcm.:i cm que foi traduzido o
conteúdo do documento, isto é, parn uma LD.
Dito de outro modo, uma LD é utilizadi1 na entrada do
sistema, quando o documento é analisado p<.1ra registro. Seu
conteúdo é idcntiricado e "trnduzido", de acordo com os ter
mos da LI) utilizada e segundo él política de indcx.Jçiio
39
estabelecida. É da mesma forma utilizado à saída do sistema,
quando, a partir da solicit.1ção da informação pelo usuiírio,
é feita a reprcscnt..1çJo p ara busca. Assim, seu pedido é an.1-
lisat.lo, seu conteúdo identific.1do e devidamente "lr:1duzido"
nos termos cb l.D ulilizé1da.
Para realiwr lêlis funções de intermediaçi'io, as LDs de
vem ser construídas <lc tal forrn;1 qur seja possível o contro
le sobre o vocabulcírio. Tal controle é necess;_frio pnrJ que, ;1
rnda tmidé1de preferencial integrnda numa LD, correspondo
um conceito ou noçJo Essa correspondênci;1 só é assegura
da por intermédio das terminologias de espcci.:1lid.::1Je.
Vale Jernbr<lr que, isolad.:1s, élS palavras nJo lrrn signifi
rndo ou lêm tod,)s os signiCirndos possíveis. É só no discur
so, ou sc_:j;1, no uso, que as p;1bvrns .:1ssumcm signific1dos
p3rliculares. Como, vi,1 de regrn, os ckmcnlos das LDs sJo
desvincubdos dos contextos omk ilj).lIYcem, pode-se correr
o risco de que as p;1]avras que as inlegr;im ;1ssum.:.H11 todos
ou nenhum significado. Por meio das terminologias de espc
c:i,1licfade, .is p,.1bvras pass,1rn a ser lermos, assumindo sig
nificados vincut1dos ;1 sistemas dt' conceitos delcrrnin,1dos.
CDnfrre-sc, desse modo, rdáênci.::i /is p,11Jvr:1s, CJlll' passam
a signilicnr segundo delcrmin.:idos sistemas nocion;lis, ,1.s
scgur;1mlo interprcl,1ções pertinentes.
1\s LDs m;iis c,rnbecidas são os tcsauros e os sistemas
de cbssilirnç:êio lJihliogré'lfirn (Gomes, 1990). 1\s clifcrcnç;_1s
cnt re esses dois tipos de l.Ds residem no 111:1ior ou menor
grau de reproduç5o das rebçõcs presentes nc1 LN e no uni
verso de conhccirncnlo que prclendem cobrir.
Os pnmóros sistemas ck classific;1ç:êio bibliográfica co
nhecidos são de natureza enciclopéclico, corno a CDD - Dei-vcy
40
Decimal Class(fication, a CDU - Classificação Decimal Univer
sal C: él LC - Lilm.uy of Congrcss, f visam cohrir lodo o C:speclro
do conhccimcnlo. Sislcm;-is posteriores como ,is cbssificaçõcs
faccladas desenvolvidas a p.:irlir do CRG - Class1fication
Rcscarch Group, com base 11;1 Colon ClassU"ication, de R;-in
g,malhan, visam a domínios parlicubres. l)s les,1uros, por
seu lado, originaram-se de cbssificações fa.celadas com um;:i.
prcocupaç3o adicio11;1l: ;:i do controle Jo voc;1bulúrio.
Historicamenle, verifica-se conlínua progressão das L.Ds
a c,1minho dé1 cspeci,1lização. Conseqt"ienlcmenlc, ab;.rndona
se ,1 prelensii.o de cobrir lodo o universo do conhccimenlo
para vollnr-se a domínios c;.1da vez m;.1is específicos.
Todns as LDs, cnlrelanlo, si'io ulili1.adas para rcprcsen
ti1r o conlet'1do dos lcxlos, rn;-is 1130 os lexlos eks mC:smos.
A funçJo ele represcnl;1çJo deve ser entendida, neste conlcx
lo, como sendo de nalurezil eminenlemenle rcfcrenci.::il: ;is
unid;1dcs de umJ LD devem ser utilizadas como índices reb
livos a assunlos lr,1L1dos nos lcxtos, nJo lendo, porl;mto, ,1
funç.:io de subslituí-los.
Os produtos oblidos por meio d;i intcrmedia�:Jo d,1s LDs
s3o, desse modo, gcncr:díz,111lcs. 1"130 se rcprcscnla o texto
individual, 111,1s :1 cl:isse ck ;1ssu11lo Z1 qu,11 ele se refere. /\
m,iior ou menor espcciticid:1ck cio assunto a ser representado
depende cb m,iior ou menor correspondência d,1 Ln com o
sislcma nocional dos domínios de cspccialilbde. /\ssim, por
mlcrméclio de um sislem,1 de clnssificaç.:io enciclopédico, tC'x
los muito específicos sJn cbssificados cm classes de assunto
mais gcr,.1is; a rcprcse11t,1çiio cll cspecificidilclc dos assunlos
de L1is Lexlos é mais \'i,ívcl com o uso de uma UJ voltada,
cspccificomcntc, porn o domí1110 correspondcnlc.
41
Os estudos das LDs têm avançado progressivamente, nc1
direção dc1 definiç3o dos constiluintes e de sué:ls in terrebções,
ger;mdo vári.is lingu.igcns, de acordo com o domínio de es
pecialidade. lsto, por um bdo, permite que a :í.rca se libere
do monopólio das classificações universais; por outro, tem
mostrado inúmeros problemcJ.s ligados n falta de rigor na
construção de LDs. Tais problemas referem-se n clefiniç3o do
conjunto de termos que comporJo c1 lista de descritores; n
orgzrniznç:io dos termos nurn.1 rede pnradigrnátirn (úrvores
d.1ssificatórias ou refações vertic.Jis) péirél reunir descritores;
ao estabelecimento clé1 rrde sintagméltica (rclc1ções horizon
tais entre descritores e mecanismos de sintaxe) para permi
tir maior possibilidade de reprcsenlução de novos conceitos e
a agilizaç3o na recupcraç3o de assuntos; à definiç3o das cha
ves de acesso ao sistemo (compatibilizaçi:io ele linguc1gem
usuário/sistema).
42
sentido: ambigüi dade de vocábulo ou de construção,
sinonímiél, pobreza informJ.tiva, redundâncizi etc. Além dis
so, ek é fixado de tal f'ormJ. que seu uso, hem como su;:is
relações estrut11r.:i.is szio codifirndos e não podem mudor ao
sabor dos usuArios. Assim, chegJ.-se J. um instrumento re
btivamente est;.ívd.
Toda LD tem, também, uma sintJ.xe. Ela é bJ.stanle ru
dimentar nos sistem<1s de cbssifirnção bibliográfiG1 (/ldd no
tes, na CDD; uso ele + / , : na CDU, por exemplo) e m.iis
desenvolvida nos tesauros, com 3 utilizaçzi.o de operc1dores
boolcJ.nos. O esquema sintático de t1ma LO permite n deli
miL1ção mais precisi.1 de um üssunto, por meio dzi combin.1-
çAo de seus elementos.
Nos sistemas de classifiG1ç.10 convencionais, 11.1011,í gr.111-
de preoctqx1çâo com o controle do voc.1b1116.rio. J� freqüente a
(
utiliz.:içno de frnses, como ocorre, por exemplo, na CDU. J í
nos tcsauros, a funçé'1o de controle do vocabul.írio está m.iis
presente. Par.:i este fim, as LDs incorporam procedimentos de
normnlizaç.'io grc1m.:1tical e sem5ntic.:i.. A normalização grzi
matirnl refere-se à forma de apresentaçi10 dos seus elemen
tos quanto .:10 gêm:To (geralmente masculino), <10 número
(uso de singular ou plural) e ,10 gr.:1t1 (Par.:i. rnnis informa
ções, ver Comes, 1990) ;\ norm;_ilizc1çi'i.o scmântirn procura
garantir a univocicbck na rqJresentnção dos conceitos de éÍrens
dr cspeci:1lidade, pm meio d.:1s relaçl>cs lógico-scmântic1s.
O co1�junto noc:ion:11 b6sico é .:i.prcscntado cm hierar
quias (na vertical), cm torno das quais se ngregam ;-1s uni
d.:idcs informacionais que se relacionam liorizont ..1lmente.
Nenhuma llnidzide pode figurar n11ma LD sem que est�ji.l re
lacionada a uma outrn unidade d.i mesma linguagem.
43
Nos t sauros, os dif'ercntes lipos de relações rnlrc as uni
dades sZio 111.:iis clar.::nnente .:1prcsentados enquanto sistemas
de classificaç.:io bibliogri.fficn, n5o raras vezes é1malgarnam,
numa mesma hierarquia, rebções de natureza diferente.
As varinçõrs na form,1 de ;1prcsent.1ção dns LDs devfm
se ,1 m;iior Oll menor incorpornçi10 dos difcrrntcs Lipos ele
rcbções existentes rntre .1s paléJvr:1s n;1 LN e rnlrc os termos
de espccialid;cick. T;ris v:iri,1çôes exprimem, télmbém, o llli.lÍl)r
Oll menor .:-1primornmento d.1 funç:io de reprcsenlaç5o
documcntúrio.
Algumas LDs foram construídas visimdo, principéllmcn
te, il organização dos documentos rn1s fstnntes, sendo que
sua funçJo de rcpresent.:içJo deve ser difcrenci:1da: a rcpre
senlação nesse caso (.kvc ser entendidü como ,1 identiricaçi'io
de documentos com cbsses genérirns de assuntos lradicio
tlillmentc reconhecidos.
A. estruturn b,ísic:1 de um.:1 LD é d:id:i por rebçõcs hie
r{irquirns, que podem ser gcnéric;is, específirns ou parlilivns.
( rebções genéricas r relações p.1rtit iv.1s Sfr.10 trati::idas no Cil
pítu lo 3). O vértice de c:1cb liieLirquia é o gêmro ou o
todo A.s suhdivisües sucessivas 11�1 liier.:irqui,1 constituem os
rspécirs e/ou :1s p;1rlcs, qur podem, nov,1rncnle, se subdivi
dir. As rebçc>cs hier,írcp1iG1s provêem as unidéldcs supcror
Je11ndas e ,1s unidades subordin:1LL1s. Uni(bdcs subordinad,1s
,w mesmo vértice, quirndo no mesmo nível d.:i cadri,1, drno
rninam-sc coordcnad;1s.
Nos sistcmns de cbssific;1ção bibliogrMica, ,1 estrutura
hicr;írquicJ é d:i(b pela not;1çc10 (decirmil, no c.::iso cb CDD e
da CDU). O vértice d:is c;1deias hierJ.r(Juic,1s é constiluído J)l)l"
disciplinas cunvcncion:lis que se subdividem sucessivamen-
44
Nos lesauros, os diferentes tipos de rebções enlre as uni te. /\ indicação dos assuntos é feit;:i por meio ela notação nu
dades são mais claramenlc apresent.1dos enquo.nlo sistemas mérica ou ;:ilfa-numérica, conforme o tipo de sistema.
de cl;issifiG1ç3o bibliográfica, n:fo r;_iras vezes amalgam;1m, A organiz,1ção b6sica dos lesauros também é hicr:1rq11i
num;_\ mesma hicr:irquia, rcbçõcs ele natureza difrrenle. c;1, existindo l,mtos vértices, que cqLiivalem a cbsses, quantos
As variações na form;_1 de ;�presenlaçi'io das Ll)s devem forem os aspectos escolhidos p.1ra org:mizar o domínio de
se ,1 m,1ior ou menor incorporação dos difrrentes tipos de especi,1li c.bde. Nos tesauros mais modernos, tais vértices s?io
rcbçõcs cxistentes cnlre as palavras na LN e enlre os lermos denornin<.1dos Top Tcrms e não constil uem descr itores, mas
de cspeci;1lidade. ·1:lis variações exprimem, também, o maior idcntific;1111 ,1s classes escolhicbs par,1 reunir os descritort's.
ou menor aprimor:1mcnlu da função de rcprcscnlaç.10 Vi:1 de regra, são utilizadas not;içôes numéricas :1pcn:1s p.:ira
documenlóri,1. apresentar as hiernrqui:1s b;isirns e suas princip;ús subdivi
Algum;_1s LDs for;1m conslruícbs visando, principzilmcn sões. Ji1is notaçc"ies, entrclzmlo, rar<.1rnenlc s5o utilizad,1s [Klri.l
h:, A urg,miz,1çô:o dos clucumcnlos n.is cslantcs, sendo que descrever o conteúdo dos textos 1\ lig<.1ç.°10 lógico-liicr:.írqui
sua funçôo de rcprcsentaç-:io deve ser dih:Tcnci,1da: ,1 rcpre rn fntre descritores é, no u1so dos tesauros, mais cLir:1, uma
scnlaçJo nesse caso deve ser cnlendid,1 crnno ;1 idenlif"ic1çJo vez que é ide11tific1c.b pelos códigos TG crermo Genérico ou
ck documentos com classes genéric.is de assunlos lri1dicio ·rtrmo Geral), T[ ('[ermo Específico). Alguns tes:1uros utili
n,1lmcnle reconhecidos. zam, t1mhém, os códigos TCI' (Termo Genérico l\1rtitivo) e
;\ e:=;trulura lxísic;1 de uma LIJ é daLb pur rebçôes hie T[P crermo Específico P;:irtitivo) para aprcsc11l.:.1r ,1s rebçõcs
rárqlliG1s, que podem ser genériG1s, especffiG1s ou p;:irtitivas. hier,írquirns do tipo todo/1xirte.
(rd,1ções gcnéricns e rel:1ções p;irlil1v;1s scri'io lr;Jt<1Lbs no ca As LDs ;1prescnt;1m, aincb, unidades que si.io rebcion;_1-
pílulo 3). O vértice de cada liiernrquia é o gênero ou o lbs ele form;1 n?io-liicrúrquic:1. As rcbções n::io-hinárquicas
todo. i\S subdivisões sucessivas n;-i liier,1rquia constitt1cm ;1s são, norm:1lmente, de11orninad,1s ;issocialivJs, muilo cml)l)
espécies e/ou ;:1s p,nles, que podem, ntJv;1rncnle, se subdivi r;i ni.io se poss:1 afirm:1r que :is rcl.içôes hier:'IrquiG1s também
dir. i\S relaçêks 1I icr6rquirns provêcm ;1s unid,1dcs st1pcrnr n:io o sc_j;m1. É preciso kmbr;ir, enlrcl:rnto, que :1s relações
dcn�1di1s e as unicbdcs stliJordinndas. Unid;1des suhordin,Hbs hier;írquic.1s representam :1ssociaçõcs m:iis esl:.íveis entre ti:T
<10 mesmo vértice, quandu no mesmo nívL·I c..b cncki;1, deno mos, cnqu.into que .1s relações nôo-hicr:.írquicas ex pressam
minam-se coordenadas outro gênero de proxirnic.bde entre os lermos Os rel;1cion:1-
Nos sistemas de classificnç3o bibliogrMica, a cslrnlura mcntos não-hier,írquicos indicam ;1 ligaç,10 entre termos que
hier6rquica é dada pelei notaçzio (decimal, no caso d,1 CDD e est?io cm campos semânticos distintos, porém próximos. Cacb
da (DU). O vértici.> c.bs c1dcias Iiicrárquic<1s é constituído por termo relacionado pode se constituir no ponto de partid<1 p,ir:1
disciplinas convencion;iis que se subdividem succssiv.imcn- uma fomíli:1 de lermos aparentados.
44 45
A porlir das noções de geral/particular e de todo/parte, NoçClO gen0rica
A (marnikro)
1
él aniílisc e.li-is rel.:1.çôcs liier{irquirns mostra, pelo menos, três
tipos característicos: as rel;:1çõcs genéricas, as relações espe Supcrordcnação 1 Subordinação
(so.:melhança) 1 (diferenças)
cífirns e é1S relações partitiv.1s que, como os nomes indic:un,
marcam rebçõcs de t">oêncro' llOrlanto no lohais ou t,ªL'r"i· c; 1·D_
n ., t: h e
No�ões l:spccíficas
laçôes ck espécie, logo parliculan."s e relações de parir de um (racional)
(irracio,wl)
52 53
te. A. indico.ção dos o.ssuntos é feita por meio da notaç5o nu
mérica ou alfo-nurnérica, conforme o tipo de sistema.
J\ orgnnizaç5o b;.ísica dos tesauros também é hierúrqui
c,1, existindo t;mlos vértices, que equivalem a ci,Jsses, qu;rnlos
forem os aspectos escolhidos para orga.nizar o <lomínio de
CSJ)('Cié.1licbde. Nos tes;rnros mais modernos, tais vértices s:=io
denominados Top 'frrn1s e n5o constituem descritores, mos
ic.knlificam .:is cbsses escolhi<las para reunir os descritores.
Vi:i. de regra, são utilizadas notações numéricas apcn.is par.i
;1presrnlm as hier.irquias b.1sirns e stws principais su!Jdivi
sôcs. "fois notações, entretanto, r:1ramentc silo utilizadas para
descrever o conteúdo dos textos. J\ ligaçJo lógico-hier:irqui
GJ entre Jescritorcs é, no rnso dos tesü.uros, mc1is cbra, umél.
vez que é idcnlifiG1d.:.1 pelos códigos TG crermo Genérico ou
·1crmo Ccr:1!), TE (Termo Específico). Alguns lesauros tilili
z;im, li.m1bé111, os códigos TCP (Termo Genérico P.:.1rlitivo) e
TU' /Termo Específico Partitivo) 1x1ri.l aprcsenlm ,1s relnçôcs
hicr.:írquirns do tipo lodoip.:.1rtc.
As LDs aprrsenUun, c1inJa, unidades que s.iio relé1ciona
das de forma nzio-hierzírquica. As rebções n50-hicr.:1rquic;.1s
sã.o, norrn;:ilrnenlc, dcnomin<1cbs ;1ssoci.:.1Livas, muito cmho-
ra n5o se possa afirmar que ,1s relações hiedrquicas também
n:io o sej,1111. É prCL:iso km\Jr;1r, enlrcLrnto, que i!S rcbções
llicr.:irquic;1s representam .:1ssociac;ões mnis esti.Ívcis entre ler
mos, cnqu.1nlo que ,1s relações n.10-hierúrquic;is expressam
outro gênero de proximidmk entre os lermos. Os rcbcion.:1-
mcnlos n,10-liirr{irquicos indirnm a ligaçJo entre termos que
esl3o cm campos semânticos distintos, porém próximos C1eb
lermo relacionado pode se constituir no ponlo de partid,1 p�1r,1
uma fomília de lermos aparentados.
45
Nos sistemas de classificação bibliográfica, os relacio
namentos não-hierárquicos, quando ocorrem, são erronea
mente ''enrnixados" nas hierarqt1ias. É só nos tesauros que
estas rebçõcs são explicitamente identificadas pelo código TR
(Termo Relacionado).
Adicionalmente, é1S LDs apresentam relações de equiva
lência. Este tipo de relacionc1mento entre os termos permite
a compatibilidade entre a linguagem do sistema e a do usu{i
rio, operando no nível da sinonímia. Desse modo, criam-se
as remissivas, indicc1cbs nos tesc1.uros pelas expressões USE
(Use) e l!P (Usado Para), quase inexistentes nos sistemas de
cbssificziç3o bibliogr6fica. As relações de equivalência reme
tem o conjunto dos não-termos ou não-descritores para o
conjunto dos termos ou descritores /\ finalidade dessas re
missivas é encaminhar o usu(irio para os termos preferidos
pelo sistem,1. Constitui-se, desse modo, um.1 chave de aces
so ao sistema.
O co1"Dunto de relações que constitui a estrutura do
tesauro é "um elemento importante para que ele possa cum
prir sua funç3o: ela permite ao usu(irio (indexador ou
consulente) encontrar o(s) tcrmo(s) mais adcquado(s), mes
mo si::m Si.lbcr, de início, o nome específico pc:ir;1 representar
a idéia ou o conceito que ele procura. A p;1rtir de um termo
que o l1Sllé1rio conhece, o tesauro, através de sua estrutura,
mostra diversos outros que podem ser ti'io oportunos ou
mnis do que aquele que lhe veio à mente" (Gomes, 1990,
p.16).
Vale ressaltar, ;1inda, que no uso das LDs, podem ser
construídns novns relações entre os termos a partir do con
junto de operadores sintfiticos disponíveis, como, por exem-
46
pio, as adcl notes, na CDD; + / : ::, no caso da CDU; opera
dores booleanos, no caso dos tesauros.
Uma vez elaboradas e postas em uso, as LDs mais
desenvolvidas como os tcsa11ros, sJ:o permanentemente atuéJ
lizildils, mediante operações de supressão de termos em de
suso, re.:i.grupamento de descritores em funçiio ela existência
de palavras raramente utilizadas e/ou adiçi'io de termos no
vos. Só .:i.ssim as 1.Ds se rnJ.ntêm como instrumentos dinf\
rnicos capazes de incorporar os avanços do conhecimento e
as modific.Jções de significado de lermos jú existentes.
47
3
Sistema nocional
49
da próprio ntivicbde documentiiria, fragmenl;:111do-a com
q11estões relativils ao significado e à compreensão dos ler
mos. Além disso, nJo raro, as respostas às questões formu
ladas submetem-se a varinções, segundo o entendimento
CJllC cada indexador lem da .:írea, ou segundo o humor no
morncnlo cbquek qt1e opera com a inforrnnçào, o que, fa
talmente, introduz deformações, descaracteriznn<lo os ins
lrumentos docurnent.:írios.
Desta mancirc1, faz-se necessiirio estabelecer, a priori,
que ,1 utilização ele qualquer LO supõe é1 explicitac,:Jo nocional
da ;írca i1 que se refere e é1 su;i organiznç5o na f'orrnc1 de um
sistema.
Segundo a norma ISO 108 7, um sislcma nocion;il ckfi-
11e-sc como um '·conjunlo estrulurndo de noçôcs que rcflele
as relações cslahclecidéls entre ,is noçôcs que o compõem e
no qual cada noç5o é dctcrrninnda pela sua posiçào no siste
ma". Nii.o hast;i, porlnnto, recuperar as noções, enurnernn
do-,1s. É preciso ir além e estc1beleccr suc1s posições relativas,
o que se oblém por meio da cklerminaç5o dc1s relaçôes que
.1.s associam.
J\ noção ou o co11ccito, por suo vez, define-se corno
·'unidade de pcns;imento constituído por propriedades co
muns :1 um.:i cbssc de objetos"(ISO 108 7). Emborn n.10 estc
j.:1rn lig ..1déls é1 línguas específicas, ;is noções s5o express<1s
por termos e símbolos, sendo influenci;idas pelo contexto
sócio-cultt1r.:il.
i\s noções, devidamente relacionadé1s, constituem, pois.
o :1rcabouço fundarnent:1! parn ;:i organiz:iç5o de uma áreé1,
na medicb em que pl)ssihililam um ponto de vislé1 rnuteric1-
lizmlo no sistemc1 de noções, para o trabalho documfntário.
50
As relações entre as noções materializam o sistema de
noções, que se express;:im, documentariamente, em relações
hierárquicas e relações não-bierórquicJ.s.
As relações hierárquicas são aquelas que se definem en
tre noções subordinadas em um ou viírios níveis (]SO 108 7)
Dilo de outra forma, as relações bied.rquic;:1s são aquelas
que acontecem entre termos de um conjunto, onde cada ter
mo é superior ao termo seguinte, por uma característica de
natureza normativa
No conjunto das relações hierárquicas, hú que se levar
em conta o conceito de ordem e de subordinação i\ ordem
deve ser observnd;:i como urn;:i superordennçiio que consiste
na possibilid;:ide de subdivisão de uma noção hirr2írquica mais
alla em um certo número de noções de nível inferior, chil
madas noções subordinadas. É este processo de subdivis.'io
que se denomina subordinc1c;ão. Invers<1rnente, a noçiio su
bordinada é a noç5o que, num "sistem;i hierárquico", pode
ser agrupada com uma cm mais noções do mesmo nível (no
ções coordenadas entre si), pi.lra formar urna noção de nível
superior (ISO 108 7), ou seja, umc1 superordenação .
l
.·\
r
Supen>nknaç:10 1 S" 'º"' ü,c,çáo
>
b
..._. - - - -f - - _.,..
-
51
, \ 1'·" 111 .J.1:-. 11oi;ões de geral/pnrticular e de todo/parte,
a ,::mj!ise dns 1Tlações hicrúrquicas mostra, pelo menos, três
tipos c;1racterísticos: as relações genfricas, as relações espe
cífirns e as relações p<1rtitiw1s que, como os nomes indic.:un,
mé11rcam rcb<;ões de gênero, portanto glolx1is ou gerais, re
];1\·ôcs de espécie, logo particulares f relações de parte> de t1111
l\1du.
As relaçêSes genC'ricas definem-se como relações hier,ír
quicas, baseadíl.s na identid;1dc parcial do conjunto de carac
tfríslicas das noções supfrorden.:1d.1s f subordinadas nelas
envolvidds. O gênero, nesse sentido, é entendido como no
çJ.o superordcnada que comporta as mesmas carc1clerístic1s
dDs noçc"5cs subordin.:1das, i1 p,irtir dela
Jj as reiaç("5cs t?specíficas definem-si? como relações
hicrúrquirns subordina<l;:is que, .:ilém de cornpmti\11ar c_fas
mcsm.:is característic;1s da noçi.i.o que lhes é supcronlcnada,
e1prescnL:i, pelo menos, urna car,1ctcrística a mais que as
di fercncia.
J\ noç.'io genérica impõe-se, portanto, como conjunçJo
de car;1cteríslicas comuns, enqtwnlo que a noçJo espccífirn
esta!Jekce urna disjunç.'io, a partir d,1 co11il111çiio dada.
A noç,10 cspecífic1 é, pl)rtrn1 to, uma noção subordi nnda
que indica a cxislênciél de uma diferença, cm focc de um
corüunlo de características comuns. 1\0 mesmo tempo, ;.1prc
senta as características comuns e, pelo menos, uma caracte
rísticél que a di!crcnci,1 da noçi'io genérica.
Assim, por exemplo, ao subdividir o conjunto dos rna
mífcros cm racion:1is e irracionais, élfirmél-se, sirnultanca
mcnte, a existênci;i de uni;1 difcrenp (r;1cionc1I e irr,,cional)
sobre um plano comum ou scmclh.:rntc (mamíferos).
52
/\ (mamíkrn)
Noçiio genérica
Supcrordcnação Subordinação
r
1 scmellwni;a) 1 ( di fcrcnças)
(racional) (irracional)
Coordcnai;ão
.-----------.
Fig 2 - Es,1uc11w de rclaçiio genérica.
53
por partes da noção "navio". Relacionadas por coordenação,
as noções "convés" e "quilha" são denominaci.J.s noções
coordenadas.
r
Supc,rordcnaçJo Subordinação
1
b e d
,._ _______ _.
quilha convc's maslio Noção partitiva
(partl'.S)
CDorcknação
54
Exemplificando: conceito que pertence à categoria do conceito específico (a
ANIMAIS /\NUvlJ\15 espécie) é parte da extensão do conceito [ltnplo (o gênero).
Mnmíferos Carnívoros Um conceito específico possui todas as rnracterísticas do ccm
Aves I lcrbívoros cei to mais amplo, mais, pelo menos, uma C[lrélcterística dis
Répteis tintiva adicional que serve para diferenciar conceitos especí
Balráquios ficos no mesmo nível de élbstração" (ISO 704).
Peixes ;\ extcnsZío ele urna noção corresponde ao ''conjunto de
indivíduos aos qu.:lis uma noção pode ser aplicada (Boutin
Cada umél dess;:is construções delimita e conforma as O.uesnel ct al., 1985) e diz respeito à "totalidc1de de todas as
noções ou conceitos a serem representados, refletindo esco espécies que pertencem ao mesmo nível de abstração ou à
lhas de determinadc1s propriedades, tal como numa árvore totalidade dos objetos que têm todas as cü.racterísticas do
de Porffrio. "O lwrnern é necessariamente mortal somente conceito"(ISO 704).
numa éÍrvore de Porfírio pJ.rticularrnente fornhzadiJ. no pro A noção de extensão vem sempre associada à de intcnsão
blenrn d;:i dur;:ição diJ. vidü" (Eco, 1984, p 51 ). ou comprccnsc'i.o. lntensão de uma noção é o corüunto de rn
Refletindo Uiis princípios de organização, a configura racterísticas que compõem esta noç3.o (Boutin-Quesnel d. al.,
ção das LDs é fruto da organização empírica das proprieda 1985 ). ;\ intens3.o de um conceito diz respeito 21 toL1lidade
des das palavras (e não das coisas), est;mdo fundament;:ida das característirns deste conceito ( 150 704). Portanto, quan
em postulados sócio-culturais. A.s cldsses, assim obtidas, re to maior a intensão do conceito, menor sua extensão e vice
presentmn, portanto, ponlos de vist[l determinados sobre os versa. Ou seja, qu.Jnto maior o número de características
JSSLmlos. que compõem um. conceito, menor é o número de objetos
que compdrtilhü.m destü.s características (lei dô correlação
3.1. 1 Relaçc'io genfrica reversa).
lima rebçJo genérica supõe uma noç5o fundamental í\ validade de uma relaç.'io genéric.:i pode ser constat[lda
que inclui noções específicas que, por suu vez, nrnntém com por meio de um esquema lógico do tipo "lodos,'ulguns".
ela rebções hierárquicas (Boutin-0.uesnel ct al., 1985).
INSETOS
/
Por exemplo, a noção de árFore agrupc1 noções mais es
pecífirns de folhas e de con(feras; por su;::i vez, as con(feras
são, segundo a persistência das folhas, caducas e não-caclu ALGUNS sAo TODOSS/\0
58 59
O esquema precedente (JB!CT, 1984, p. 26; ISO 2 788- rnr.:1cterístic.:1. São, portanto, coordenacbs às noções obtidas
1986, 1989, p. 605) indica que olguns membros da classe a partir de "máquina", resultante da subdivisão por tipo: má
''Insetos" szio conhecidos como "g::ifanhotos", enq uJ.nto que quina de moer carne, de costura, de fresar, de macarrJo etc.
todos os "gafanhotos" são "insetos", por definiç5o e inde
pendentemente do contexto. Isso porque a cbssificaç:io t em 3.1.2 Relação partitiva
por base as c<lracteríslicas que sZío necessárias e suficientes A rclilçii:o partitiva expressa i1 relaçfio entre o todo e su,1s
paro distinguir noções. O co1�junto de objetos ao qual se ,:ll"ri partes. É preciso observar que a relaçõ.o partitiva nõ.o se con
bui rnracteríslicas ou propriec.bdes comuns, ou sc:jél, ao qual lunde com ;:i relaçõ.o genérica, embora geralmente elas sejam
foi a plic.:i.da �1 mesma car<lcterístic;i de divisão, form;i a classe. representadas do mesmo modo.
!'elo teste de cbsse, gMélnte-se que o lermo ''gafanho Na relaç."ío partiliv:i, o conceito dé.1 parte deprnde do ccm
tos" não sejél indevic.lamrnte subordinado ;'i classe de ''prn ceito do lodo e não pode ser definido previ,1menlc à ddiniçJo
gas", conforme o esquemn abaixo: do conceito elo todo. Não podemos definir ·'um motor de au
tomóvel", ;mtcs de definirmos "um .Jutomóvel" (ISO 704).
PK/\G.'\S
/
r\s direl rizes parc1 a clabor;:içôo de tesauros da UNESCO
� rcc()nhecem quatro tipos principc1is de cbsses que represen
:\LCiUMAS sAo AI.GUNSS,\O lilm relücionamcnto todo/parte: sislern;:is e órgãos do cor
po, localidades gcogriificas, disciplinas ou ó1-e,1s de estudo e
G1\FANHOTOS estruturos soci2is hier;::irquiz;:1d;_1s (IBICT, 1984)
Os conceitos que est.:io em urna relação partitiva podem
fo rmar séries horizontais e verticilis similares às séries hori
Podem existir, tcxbvi.:i., casos especiais nos quais o cc1mpo zontais e verticais forméldas por relações genéricas (ISO 704),
"controle de prng.:1s" clctcrmin.:i. ,1 subordinnçi10 de "gaf.:i.nho como no exemplo:
tos" .:i. "pr;igas", atmdcndo a objelivos muilo específicos (idem,
ibide111). SlSTt::M,\ NERVOSO No1:to g�n.'ric1 partiliva
.'ilSTEM,\ NE!Z\/050 CENTR,\L No,·õcs parlilivas
Conforme jj mrncion.:i.do, uma seqtiêncié! de conci:itos Ct:REIWO
subordinéldos forma uma si:qüênci,1 vertic.:i.l, enqu,rnto que ,\\EJJUL-\ ESPINHAL
noções diferencia(bs no mesmo nível de abstração formam 1h111tc IHICT. "\',)�4. p . .'.:'J
uma seqi_'1ência horizontal, denornin,1da coordenação.
A coorden.:1ç.:io resulL1, pois, d;1 üSSl)CÍ:iç:io entre noções Tais relações i:stii.o presentes nos sistemas de cbssific1-
obtidas por intermédio di.1 divisão J. partir de um.:1 mesma ÇJO bibliogriífic:.i como a CDD e a CDU.
60 61
Também os relacionamentos enumerativos podem ser podem ser subdivididas em ações partitiv;:is, tomando lugar
considerados como uma modéllidade de relação partitivél, na consecutivamente ou simult;:meamente (ISO 704).
medida em que indicam "a conexão existente entre uma /\ orande dificuld,:ide para definir as relações associativas
LJ
categoria geral de objetos ou ;:icontccimentos expressos me não-hierárquicas provém do foto de que toc!J.s as pabvras,
di.:mte um substzmtivo comum e um caso individu;:il de tal termos ou conceitos podem se relacionar entre si em algum
rntegoria, que constitui um exemplo ou classe de um só momento. Isto porque élS ,:issociaçõcs dependem, em larga
elemento, representado por um nome próprio", como em: medidél, do universo de referência considerado.
REC!C)ES MONT:\i\'liOS:-\5 As ,:issoci,:ições entre termos pertencentes a c,:itcgorias
diferentes são dadas ,:i partir do universo de referência indivi
/\ndcs
dual. Paro. o controle de vocabulário, entretanto, é essencial
1 limalaia conhecer e explicitar determinados universos de referência
Fonte: (IS() 27HH) Tais referências só podem estar asscntacfos em princí
pios funcionais, como reconhece Dahlbcrg, parn quem um
Neste c:1so, Andes e Himolaia são subordinodos hiernr
rebcionamcnto funcional é "aquele em que um termo que
quicé1mente, porque, mesmo que não sejüm tipos nem par
denote éltividéldc ou operação se liga, conceitualmente, a
tes de "regic1cs mont;:inlioszis", representam exemplos ou
um;:i enticL:ide 011 propriedade" (apud IHJCJ, 1984, p. 31 ).
casos específicos do termo genérico (idem, ibidem).
Assim sendo, zi delimitação das nssociüções entre os termos
deve se ligar à estrutura conceituai de domínios específicos,
operacionalizada pcln terminologia, n::i quéll os conceitos de
3 .2 REL\ÇÕES N:\0-HJERÁRO.UICAS OU SEQÜENC!1\IS
vcrJ.o estar mape;:1dos e definidos. Esrnpa-se, dcst:1 m,:ineirn,
do virtualicli.1de associativa passível de ser descnc1dcadn cm
As reloçcJcs sequcnc1,:us sJo relações que apresentam,
IN; confere-se, por outro lado, consistência aos procedi
como vimos, umd dependência resultante de um;:i conti
mentos pürél a dctcrminaçfio das ;1ssocinções cm domínios
güidade espaci;:iJ ou tcmporc1! (13outin-O.ucsncl et a!., 1985),
específicos.
do tipo causa/efeito, ;:mtes/depois, esquerdaídireita, acim;_1/
Como ressalt.:1 o documento do !BICT, ' 11,10 existe pes
1
62 63
q) CoisiJ/seu contra-agente:
INSETOS li'!SETICIDA5
4
r) .f\lividude/produto: Relações lingüís ticas e
TEAR TECIDO
t) Ass,>ei.1ç;io implícili1:
Hr\LANÇO DE PAG:-\J\IIENTO COivlÉRClO ll\:TERN.·\CION,\I.
Ohs.: Esl,1 .:issoci,1çiiu indt1i, segundo iV!ol la, lod,1s ,1qucl<1s que Jl;J () s,·
Urn.1 vez estabelecido um sistcmzi nocional, existem
conform;ir,1m ,1os l'Xl'lllplos ankriormcnk rcfrridos (idem, ibidem ). condições para estabelecer relações entre termos. O rigor
u) Expressões sinc.1l cgorem6l ic.1s/subst.1ntivos nclos incluídos: com que tais relações se propõem determin.1 o grau de con
PEIXES fÓSSEIS PEIXES trole de uma linguagem construída. Dito de outro modo,
FLORES DE P.Al'EL FLORES urna linguagem construída é produto de uma operação nas
pabvras que ilS tr;insforma em termos. De foto, d linguil
v) lntcrfoccta:
POLÍTICA Iv!Oi\:ET.ÁR!A
gem construída neutraliza as diferenças existentes na re
NÍVEL DE ATJ\'IDADE ECO,\JÔivUCA
lação entre a pabvra e seus significados em LN. Nela n5o
Obs: l'ulític.:i tvlonctCtria (B) é- ;1ssl>ci,1d,1 ;i Nível de Alivid,1dc Económica
(..-\) '·porque .\j�í liavi;1 sido ilssociado il B, prcvi.1mc11lc, pelo foto de,-\ ser podem coexistir, por exemplo, duas ou mais palavrns que
lltnil d.:is c;.1r.1clcríslicils de B, e sem que B sc_ja, ncccssari;1111cnlc u111<1 d,1s se refiram a um mesmo conceito, ou uma palavra para
,·arad,rísl icis de .-\" (,\\olla, J 98 7, p. 49).
designar vários conceitos, sem que o futo seja suficiente
mente registrado, e seja devic.bmente control<1do. Por essa
razão as linguagens document;_1rii.1S integram vornbuli.írios
controlados.
Para Girilcteriz<1r o que vem iJ ser o controle do voca
bulário, é preciso entender como se comporta a significaçõ.o.
Bilkhtin ( 1981) observa que, no plano ideológico, a palavra
é uma unicbde "neutra", isto é, apta a se .:idequar a dife
rentes padrões culturais. E isso ocorre, porque ela é por
tadora ele umi.1 gama de significação que a torna capaz ele
66 67
produto e produtor, instrumento e processo. É import<1nle
salientar que tais relo.çõcs não podem ser definido.s em toda
sua cxlenSélO.
De certo modo, a difirnld.Jde de definir as relações n5o
hierórquicas encontra-se enunci,1da na sua denominação
usual: rdo.ções associativas. A. impropriedade do termo "as
sociação" deve-se, neste caso, c10 fato ele que qualquer que
sc:ja J. niJ.lureza da rebção, ela é, em certo grau, associo.livo..
O probkrno. cnl3.o continuarin: haveria relações associativos
hier.írquicas e rebções associativas n.10-hierárquicas
Por isso é preciso restabelecer o contexto que a v:11ide,
ou seja, irnbgo.r a sua naturez:1. O exemplo trcrnscrito .:1b:1i
xo, da Norma ISO 108 7, ilustr<1 este aspecto.
REL.·\(,':',0 ASSOCl1\TJV;\
Demência
Sífilis [sq11izofrc1iia
PsicoSl' 111,mbcn depressiva
Li11fngra11ulomalosr inguin,il
55
baseados em postulados df signifirndo ou cunvenções cul universo global de conhecimento, tendo-se curvodo, para
turais e ideológicas. tanto, ,'is referências postubcbs por 13.:icon par.:::i a orgJniza
Esse é o caso dos sistemas de cbssific.:1ç3o bibliogr.:ffic::i çào do conhecimento; já os tesauros voltam-se para domí
corno él [)[\'VEY DECII'vlJ\L CLASSIFIC.,\TION, CDD e él CL,\551fl nios cmb vez m.:iis p:1rticubrrs, sendo construídos cm fun
CAÇ:\O DECIM.,\L UNIVERS.,\L, CDU. Esses sistcm.1.s secubres c..·Jo de universos muito delerminmlos. SJo, por essa raz3.o,
s5o atualizados por ediçôes periódiec1s que buscam solucionJr mais flexíveis quanto Zl estruturaçJo do esquema classi
problemas d,1 conternpor.:.rneicbde, já que eles foram org;rni ficalório básico e rn;i.is ,1dequ,1dos ao :itendimcnto das neces
z.:1dos, na sua form,1 inici;i.l cm 1 O cbsses principi.lis que co sidades i11formc1tiv.:1s de domínios especié.llizados.
briam, consensu.:1lmcnte, o conhccimc11to de entJo. Tais cbs ;\ flexibilidade dos tcsauros vincub-se a um princípio
ses, por suzi vez, subdividem-se sucessivamente. c.le utilicbde Desse modo, pode-se construir, pzira lll1l cam
A organizaçJo lcígico-hierárquic:1 r t,1mbém .:1 base dJ po p.:irticubr do conhecimento, tantos tesauros quantos fo
organizaç5o dos tcsauros. Corno jj mencion.:ido, os tesauros rem necess;írios. Cada um deles procurariÍ org.:mizar um dado
têm sua origem llél Colon Classification de Ranganathan e nas universo nocional, de .:1cordo com o ponto de vist:i que se
experiências posteriores dcscnvolvid.:is pelo Classification imprirne ao domínio, para responder a diferentes necessicb
Rcsearch Gruup, referentes à estruturação do conhccirncnl"o, dcs. Para a ISO 704, "um ol�jcto cspccífirn pode ser visto de
a pnrtir da noçJo de ''faceta", ou seja, dn noçiio que privile diferentes pontos de vist<.1 por disciplinas diferentes".
gia determinados pontos de vista no arranjo dos domínios e 1\ssim, por exemplo, '·cm termodinfünirn as caracterís
subdomínios porhcul.:ires, em função de objetivos específico s tic.::1s essenciais do conceito 'líquidu' sõ.o aqueb.s que indirnm
do sistema document.:írio em questi1o. A fonte ele rderênci.:i que ele é 'umn substância cm cstaclv condensado, intermediário
para a construção cbs hier:1rquizis, neste caso, é .:i estrutur.:::i entre sólido e gasoso"' (idem, ibidem)_ "Em hidrornecânica, as
leórico-conceitual de domínios específicos, determinzinc..lo-se rnractcrístic.:is rssrnci,1is do conceito 'líquido' s3o que ele é
cortjuntos de termos do domínio nuckar - n ,írea de especia uma subsU1ncia que é 'inco111press(vcl' 1 'cle11sa e capaz ele.fluir'"
liz.::ição propriamente dila-, e domínios periféricos, ou é.Írcas (idem, ibidem).
complernentzires, conforme necessidac..les ohjetiv.:is do siste No exemplo d,1 ISO, .:is Glr�ictcrístic::is (propriecbdcs) pri
ma em questão. vilegiadas n:1 dcfi11içã.o de "líquido" em termoclinJ.mic.:i ou
No caso dos sistemas de classificaçzio e dos tes:1uros, é.l em hidromecJnic.:i, determinnm .:i definiçJo, implicando, por
organização dzi macro-hierarquia e das liier.:irquias subse tanto, modos específicos de abordagem do .:::issunto e, conse
qüentes depende, porlémto, dos princípios ou carc1cterísticé.ls qüentemente, construção e.las hierarquias.
de divisão :idoL1dos :1 L"ilUé.l passo, vnriando conforme objeti DcsL1 form.:i, é pussível construir t,rntas hiernrquias
vos dclerminzidos: a CDD e .:i CDU pretendem rcfcrir-se .:io quantas diferentes conjunções realiz.:::irmos entre as p.:11.:::ivras.
56 57
1 1•,,,1d\ 1s • 111 pnst ulados de significado ou convenções cul-
l I ir,1is e ideológic.:is.
Esse é o Glso dos sistcrn<1s de classificaçJ'o bibliográfica
como a DEWEY DECIMAL CL\SSIFICATION, CDD e él CL\SSIFl
C.'\ÇÃO DECIJvtAL ll.NIVEJ:1.S;\L, CDU. Esses sislenrns secubres
s3o ,1tu<1liz<1dos por ediçõt:s pcriódic.1s que busrnm solucionar
problemas cb conlcrnpor,:meidadc, jó que eks foram orgc111i
zados, na sua formc1 inicial em 10 classes principais que co
briam, consensualmt:ntt:, o conhecimento de entJo. T.::iis clas
ses, por sua vez, subdividem-se succssiv.1menlc.
A organiz.-içJo lógico-hierárquica é larnbém a lx1se tb
organização dos tes;1uros. Como jó. mencionado, os tes;1uros
lêm su,1 origem n;i Co/011 Class(fication de �.mg�1natilan e nas
experiências posleriorcs dcsenvolvicbs pelo Class(fication
Rcscarch Grou 11, referentes c1 esln1luraçno do conhecimento,
a p,:,rtir do noçJo de "faceta", ou s�jo., da noçiio qlle privile
gia determinados pontos de vista no c11-rc1njo dos domínios e
subdomínios p,1rticubres, em funç5o de objetivos específicos
do sislema document,írio em queslJo. A fonte de referência
parn a conslrução cbs biernrquias, neste ciso, é a estrulura
tcórico-conccitu.1.l de domínios específicos, dctermin,1ndo-se
coqjuntos de termos do domínio 11uclcc1r - ,1 círea de especi�1-
lizaç5o propri,1menlc Jit;i -, e domínios periféricos, 0t1 .ire.JS
complcment.:1res, conforme neccssicbdes ol�jetiv;:is do sisle
mn em questão.
No c1so dos sistemas de classific;1ç5o e dos tesat1ros, a
org.::mizaçâo dn m;:icro-hicrarquia e das liicrarqui;is subse
qücnlcs depende, port<1nlo, dos princípios ou características
de <livisiio adolados ,1 c:idn passo, variando conforrnc objeti
vos determino.dos: a CDD e a CDU pretendem referir-se <10
56
t m1vcrso global de conhecimento, tendo-se curvado, para
l.. mto, Zls referências postubdas por Bacon para a organiza
ç:1o do conhecimento; _j;í os tesauros voltam-se para domí
nios cada vez mais particulares, sendo construídos cm fun
ç:'ío de universos muito determinados. 55:o, por essa razJo,
mais f1cxívcis quanto à estruturação do esquema classi
ficatório b..isico e mais adequndos ao ,1lcndimento das neces
sidades informativas de domínios especializados.
A f1exibilidade dos tesauros vincula-se a um princípio
de utilidéldc. Desse modo, pode-se construir, pélra um cam
po parlicular do cu11liccimcnlo, tanlos les�1uros quanlos fo
rem necessários. Cada um deles procurnrú organizar um dado
universo nocional, de acordo com o ponto de vista que se
imprime ao domínio, para responder él diferentes necessicb
clcs. Para a ISO 704, "um objeto específico pode ser visto de
difcrcntcs pontos de vista por disciplinas difcrcntes".
Assim, por exemplo, "cm tcrmodinfimica élS caractcrís
liG1s essenciais do conceito 'líquido' são aquelas que indico.m
que ele é 'umo. subst,focia cm estado conclensacio, intermecliário
entre sólido e gasoso"' (iclcm, ibidem). "Em hidromecfinica., as
caro.cterísticas essenciais do conceito 'líquido' sJo que ele é
uma subsUincia CJUe l 'incomprcss(i:eL 'c/cnsa e capaz defluir"'
(idem, ibiclcm).
No exemplo da 150, c1s características (propriedades) pri
vilcgiéldas na clefiniç3:o de ''líquido" cm tcrmodinJmica ou
cm hidromcdinica, determinam a dcfiniç.10, implicando, por
tanto, modos específicos de abordagem do assunto e, consc
qücntcmcntc, construçi'iu das hierarquias.
DcsL1 forma, é possível construir tantas hicrarquio.s
quantas diferentes conjunções rcalizo.rmos entre as palavras.
57
---
Exemplificando:
/\Nl1\1./\IS /\NIM1\IS
Mnmífrros Carnívoros
J\ves l ierhívoros
Répteis
Batráquios
Peixes
58
conceito que pertence à rntegoria do conceito específico (a
espécie) é parte da extensão do conceito amplo (o gênero).
Um conceito específico possui todas as c.:iracterísticas do con
ceito mais amplo, mais, pelo menos, uma característica dis
tintiva adicional que serve para diferenciar conceitos especí
ficos no mesmo nível de abstração" (ISO 704).
A extcnsJo de urna 1wç,Io corresponde ao "coruunto de
indivíduos .:ios quais uma noção pode ser aplicada (Boutin-
0.uesnel ct al., 1985) e diz respeito à "totc1lidade de todas as
espécies que pertencem ao mesmo nível de c1bstr;:1ção ou à
totalidade dos objetos que têm todas as característicc1s do
conceito"(ISO 704).
A noção de extensão vem sempre associada à de intcnsão
ou compreensão. lntensão de uma noç3o é o conjunto de ca
racterísticzis que compõem esta noção (Boutin-Quesnel ct al.,
1 985). A intensão de um conceito diz respeito ú totalidade
dr1s características deste conceito (ISO 704). Portanto, quan
to maior a intensão do conceito, menor sua extensão e vice
versa. Ou se:jo, quanto maior o número de características
que compõem um conceito, menor é o número de objetos
que compartilham destas características (lei da correlação
reversa).
A validaJe dr umo relação genérica pode ser constatCida
por meio de um esquc111C1 lógico do tipo "Lodos/Cilguns".
INSF.TOS
/
;\LCUNS si,o TODOS Si,O
�
G,\lº/\NHOTOS
59
O esquema precedente (IBICT, 1984, p. 26; 150 2 788-
1986, 1989, p. 605) indica que alguns membros da cbsse
"Insetos" são conhecidos como "gafanhotos", cnqu;:into que
todos os ·' gafanhotos" são "insetos", por definiç3o e inde
pendentemente do contexto. Isso porque a classificaç.:10 tem
por b;:isc> as caraclerístic.::1s que szio necessárias e suficirntes
para distinguir noções. O conjunto de objetos ao qual se c1lri
bui cc1r;:ictcrísticas ou propriedades comuns, ou S('.j.'.1, ao qual
foi :1plicada a mesma célractc>ríslirn de divisão, formé1 é1 cbsse.
Pelo leste ele classe, garante-se que o lermo "g<1fonho
tos" não seja indevicfamentc subordinado A classe de "prn
g::is", conforme o esquema abaixo:
PRAGAS
/
ALGU1vfAS SAO i\LGUNSS.'\O
�
CiAl:,\NHOTOS
60
;\ experiência na elaboração de LDs permitiu rnumernr
vários lipos de associação, segundo ü sua natureza. Entretan
to, a ocorrência e utilidade desta ou daquela .:lssociação depen
de do modo de org,rnização dos domínios de especi�1lidade.
Confrontando-se ;:is recomend;-iç('5cs do IBJCT e aquelas
�1presrntadél.s por Lmcaster (1987) e por Molla ('] 987), ob
serv::i-sc grande v�iricdack de rcla1;:ôes mJ.rcadas por diferen
tes pontos de visL1. Abaixo estão reunidos exemplos dcsti
n<1dos a cscbrecer ns complexas relações entre termos, cuj.1
:1ssociaçiio resulla ele contigiiicl,1de temporal ou espacinl:
<1) RcbçJo de 1\tribui(io:
l::CONOMI,\ NÍVEL DE ,\Tl\'11):\DE ECONÔJ\·llC-\
b) Discíplinil ot1 c.1rnµo de csludot objetos ou fenêimcnos cs
tudi1dos:
ENTOMOLOGI,\ 1;-...:snos
ESlÍ:TICA MELEZ.\
PAClfJSMO p,\Z
e) Processo ou opt'r ;1çiio/seu ngentc ou instrumento:
CONTROLE DA T[MPERATUIU TERMOS.JAIOS
ILUM[ 1r\(,\O L: \PADA'i
AUTOI·d..·\�:.�o COMJ'LIT·\DORE:i
.\QUI:CíMENTO COi\rnUSTÍVUS
POLÍTICA MONI:T.-\RL·\ L·\X\.'i DE JURO.'i
c\J Relação de [nl1ui?ncia:
l'OLÍTJCA I\\ONET.-\RIA
e) ivL:itérié:l-prima,rproduto:
n:\LIXIT·\ .-\LU '1ÍNIO
f) Coiso, élplirnção
r\lt·\STECJ;\:\ENTO DE ,\CU-\ IRRIGAÇÃO
64
g) Aç3o/resultado da ação
TECELAGE1\l TECIDOS
PINTURA (Arte) MURAIS
CR[SCIMENTO ECONé\v!ICO DESENVOLV!MEN·ro
ECONÔ1vl!CO
h) C:n1s.1lidade ou cous,vconscqliência:
CRESCI1\lt.:i\:TC) ECON, M[CO DE5ENVOLVIMENTO
EC01 'ÔMICO
iJ Efrilo/c;1usa:
FEBRE JNFECÇ-\0
j) Ocpend[·nci;i c;1usol:
DOE 1
.r\5 PATOGÊ IJCr\S ,\CENTES P.-\TOCÍ:N!COS
kJ 1\tividade/,1gcntc:
·1:-\Br\GIS1V\O FUMO
1) Alividi1dc/propried:1de
COlffE LISJNr\BILlDADE
m) 1\livicbdes complementares:
COMPRA VENDA
n) Opnslos:
\'][");\ ;\lORT[
1:Ml'RECO
65
4
Relações lingüísticas e
documentação
......
Uma \/ez estabelecido um sistema nocional, existem
condições parn. estabelecer relações entre termos. O rigor
com que tais rebções se propõem determina o grnu de con
trole de urna linguagem construídd. Dito de outro modo,
uma linguagem construícfa é produto de uma operaç5o m1s
palavras que as transforma em termos. De fato, a lingua
gem construída neutraliza as diferenças existentes na re
laç5o entre a palavra e seus significados em LN. Nela não
podem coexistir, por exemplo, duils ou mais palnvras que
se refiram a um mesmo conceito, ou uma p,1!J.vra para
designar vários conceitos, sem que o fato seja suficiente
mente registrado, e seja devidamente controlado. Por essa
rnz5o as linguagens document/irias integram vornbulé.hios
controlados.
Para rnracteriz<1r o que vem a ser o controle cio voca
bultirio, é preciso entender corno se comporta a significaçi.io.
Bakhtin ( 1981) observa que, no pbno ideológico, a palavra
é umd unidade "neutra", isto é, apta a se .Jdequélr a dife
rentes padrões culturilis. E isso ocorre, porque ela é por
tadorn de uma gama de significação que a torna capaz de
67
.. ..
LD LN
... ... sdol
..
Stc Sdo. Stc
... sdo2
... .. sdo3
69
permite a transformação da unidade de significnç3o
em unidade de informaç3o;
c) a existêncio de um vornbulário próprio de uma LD
que comporta, prefcrenci.:ilmente, unidades de lingu::i
gens de especialidade, isto é, termos, também deno
minados "vocabulários especializados". O vocabulá
rio ger.:il que se compõe de palavrns, se, por um lado,
é mais rico que o primeiro, por outro, do ponto de
visla do tratamento da informoçâo, é m<1is limit<1do.
70
normalmente, com os mernnismos interpretativos habituais
e nos ncostumamos com signifirndos repetitivos. Isso diz
respeito .::i.os nossos h.:í.bitos e n5o uo sislcmn lingü[slico.
Por estarem num sistrma relacionnl, as p,-1lavrns de
vem ser ohservacl;is cm oposiçé'io um,1s ;)s outros. Em si
mesma, por exemplo, .:i palavra ''all:1'' pode ser incorrcla
mL'.11te i nterpret<1<.fo como ambígua, j;1 que pode estar nsso
ci:1eb .1 signifirnções difrrcn tes, como: crizmç�1 alta e mulher
alta. O mesmo pode-se :1firmAr cm rclaçé'io .1 pabvr,1 "b:1i
xo", um,1 vez que ''criança baixa" e "mulher baixa" ;iprc
scnb.1111 igu,1lrnente significações divcrs<1s A .:imbigi.iidade
(bs pal.:.1vr.1s inexiste se :1s observamos como oposiç::io. fic,1
evidente, desse mo<lo, que '·cri,mp b;:1ix;1"/"cri,111ça alta" é
11111n oposiçJo ,m,ílog:1 à oposiçZio '·nndher b:lixa"/''nrnlhcr
,11la". !\ signiCic-1ç;:io, nesse caso, denomin,1-sc oposicion,il e
possibilita delcrmin,1r o sentido, propondo limites par::i :1
indelerminaçJo original.
E.sl:imos diélnlc, cnt.::io, de dois fenômenos que devem
ser objeto Lbs opera�-t'5es de dabor�1çJo de linguagens doc11-
mcrll,1ri,1s: a polissemic1 e a monossemia. A polissemia é rcs
ponsúvcl pcb p:1ssagcm de umil significaç:io 3 outr,1, c..lc modo
que <1s u11id,1des scj,1111 G1p,11.es de represcnlnr ,1 informélçZio.
;\ infornuçJo, ao contrúrio di.l signific:ic)io geral, deve ser
dctcrminnd:1. Para que da o s�ja, <1 signifiu1çifo que a reprc
senl.:1 nfio pode ser de nat111Y2a polissi?mirn. í\ monossemizi,
por su,1 vez, desej:ivd n;1s LDs, é obtida por meio de redes
rcbcionélis e definições dos termos. Isto quer dizer que, :io
contré1rio dél LN, onde ;1 riquezil vincula-se él polisscmi,1, a
fix:1ç5o de rd,içõcs e definições prcc1s:1s é seu princípio
organizador ckment:ir e lx:ísico.
72
/\ssim, .:10 oper.ir com LDs, devemos .inalisá-las, tendo
t·m vista desvcnd.ir o modo pelo qu.:11 ncbs .is signiíic<1ções
siio orgilnizadas.
i\ rigor, n5o se destja que um termo se enriqueça. Exi
ge-se que ele expresse conceitos c.lcterminodos ...·\ definiç3.o
deve propor um�1 cxprcssZío (sinl.:1gm:1 ou p<1hvra) sem<1nli
c.:1menle equiv,1lenle .� unidade a ser dcfiniclii. N,10 se deve
descrever, por exemplo, o objeto concreto ferro ou úgua, 111;1s
o f'tmcion<1rnenlo lingüíslico <lo lermo m1n1 sistema nocional
em quesliio, l;il como Fe e H_,O, respectivamente, p,1rn o vo
cabulário J.i Química
O turno, larnbém, define-se por suas relações com ou
lros termos. Extraindo o lermo do lug,11' que ocup,1, o qual
lhe confere sei I valor, privamo-nos do único meio possível par.:1
definir suzi cxistênci,1 li11giústic;1, rigoros;1 o suticicnle par.:1 ga
rantir seu f11ncion;_ime11lo como unidade <le inform<1çi10.
Sendo ;1ssim, Fc e 11 2 0 pass:rn1 ,1 ler signifirndos fixa
dos e determinados Integram um vocaht1lário espcciillizado
(técnico ou científico) Seus corrcl,ll os ferro e {igu;.1 integram
o vocabu!.:í.rio geral d<1 LN, no qual podem ;1ssu111ir signifi
cações <.hvcrsas. Por exemplo, ferro, em relaçiio ,10 objeto, ;i
conceito etc
Por vezes , observ,1-se confus,}o cnlrL· ,1mbigi"iic!mlc e
polissemia A nrnbigiiidadc lcxic<1l impõe-se por rncío d,1
polisscmin e da hornonímio. Na lingu,1gcm uocumcnl,íria, a
:1mbigüidade {: Lrnlada com o auxílio de moc!ifirndores que
contexhwlizam o sentido. Ex.: planta (botJnica), planta (ar
quiteturéi); comp<1nlii.1. (empres:J), comp.inliia (1xssoa).
[rn princípio, cm LN, a ambigüicbde é focilrncntc resol
vida pelo contexto. O mesmo 11.10 ocorre com a polissemiJ.
7�
_)
;\ visEio ingêmlé1 que identifiG1 ;:imbigüidade e polissemia,
acaba por acreditar que apenas a ambigüidade leva c1 inde
terminação do s,ntido. Ela é, ele fato, o fenômeno maisª!-'ª
rente e o menos grave. A armadilha é acreditar que J pa
lavr<1 tenha um único significé)do. Nega-se a polissemi<1 como
fenômeno global e estalielccem-se operé)dores de sentido que
pouco têm a ver com o rnrnpo nocional, isto é, substitui-se
o conceito ou a noçi'io própria dos vocabulários especializ;:idos
pelas indeterminações do vocabulário geral.
Para nn1tralizar c.1 polissemia, é preciso bnçm mão de
dois recursos: ebhoração de redes rebcion<1is e estabeleci
mento de definições e notas de escopo, srmpre que as redrs
sr mostri.lt-crn insuficientes para <1 interpretação tmívoca d3
significação. Té)is recursos impõem operadores de sentido,
isto é, elementos que conduzem o indexador a intcrprel.J.r
adequad.:uncnte, cm conformicléide com o sistema nocional
cm questão .
4.2 SINONÍMI1\
74
assumir sentidos ou valores diferentes, dependendo do con
.. ..
LO LN
lexto.
Sle. Sdo. Stc selo!
/\ssirn, a despeito de seus semas básicos que constitunn
..
sdo2
o que se poderia chamar de núcleo "duro" de significaç5o da
p;:ilavr,1, ela como que se amolda a cada realidade contfxtu,1!, sdo3
permitindo diferentes focalizações.
Desta forma, é impróprio dizer que um;:i cbda palavr;1
tem o significado y, embora s(-:ja viável, a p,1rtir de um sig t preciso entender, porlanto, qur é rnlrínscco i1 p;:ilé!vra
nific;:ido b:ísico, ,1í"irrn,ir que ela .1ssume vó.rios senlidos ou significar de m,111eira própria a cada ocorrênci,1. Esse 1150 e
v,1lores, dependendo de contextos. N?ío é por acaso, pois, que um dcfeilo. t ,111tes uma caraeterística impurL111tíssirn,1 p,1ri1
i1 LN se propõe como esp:1ço para o exercício dn li1)Cnbdc. O :1 inlcrprelaçJu do mundo. NJ.o se pode exigir que i1 LN de
sujeito folante nôo é ;:ipenas um reprodulur de sentido. A.o se cline d,1 su,1 funç:io tom!Jém i11lerpret,1liva e cri,1dora pnra
<1poss:1r dil linguagem, ele rxcrcila o ato de signif"ic1r, que cxerciL1r apen,1s a funçôo inlormaliva. As LDs, ao conlri'írio,
supõe liberdade de escolh,1. porque s:io cbbo1\1cbs para o exercício estrito da funçôo in
Esta é umn das riJZCJes pelas quais a L r se define, inv.J form,1liva, compreendem unidades capazes de representar
riavclmente, pela Sllil dinarnicicbdc, jó. que, é1 cada momen informaç5o. NJ.o é suf"icicnlc que tais unidades signifiquem.
to, cb se lransform.J, evolui. É o instrumento de represen í:: nccess,írio que elas signifiquem de maneir,1 dctcrminé!d,1.
taç5o da renlid,1de que deve ser carnctcrizodo corno mCilliplo Port:mlo , qu,mdo se ,1firma que ;:is linguagens docu
e plurissigniíicalivo. mcnliíriils supõem o conlrolc do voc;:ibul;írio, afirma-se, si
!\s unicbcles conslitulivos das linguagens conslruídas, m ui l :mc,1mcn te:
ilO conldrio, significam de m,111eir,1 precisa. Contrapõem-se a) a cxislência de mcrnnismos inlcrprclalivos próprios,
,'is unidades ÔJ LN, jusléirnente por imporem significados fi uma vez que 11,10 se pode utilizar o mecanismo
xos, de rnaneir;:i coercitiva. /\o contr,írio da pal,nT,1 polis inlcrprcL1livo cb LN p,1ra delerminar significados das
sêmic;:i do vou1bu]3rio geral d,1 LN, o lamo do voG1bul.írio unidades dcslinacbs i1 reprcscntz1çJ.o da inform.:iç5o;
especializado das linguagens construídas tende a se compor b) a possibilidade de se produzir linguagens de nature
tar de m,meira uniforme, com pequenos variZJções, isto é, za rnonossêmica que p,irtic1p:1111 da ebburaç5o de LDs.
nele as rebçõcs cnlre forma si�0 nificZJnte. r sionifie1d
. V � c) l•"n-
� Em L1.ce da naturcz:1 plurissêmica da LN, a clahora
demo ser unívocas. Diz-se, nesse caso, que o termo, ao ccrn \·5o de LDs supõe alterar a fonte de signiíic:iç?i.o, islo
tr,írio do pabvra polissêmic1, é de naluru,1. monossêmica é, alterar a possibilicLide ck significar, oricnl;imJo-�1
Em diagram:1: par,1 ,1. necessidade de fixar signií icados. Esle processo
68
69
permite a transformação da unidade de significação balhou em aparelhos de ar-condicionado, quanto cm ;1111-
em unidade de informuç5o; bienlc refrigerado ou aquecido por ar-condicionado. Ou 11él
c) a existência de um voc:1bulc1rio próprio de urna fr.:1sc "O cachorro do meu vizinho uivou ;_1 noite toda", onde
LD
que comporl.i, JJrefcrcncialmente, unidades de linoua- ele pode estar dizendo que o cachorro pertence ao vizinho,
,·,
gens de especialidélde, isto é, lermos, também deno- ou que o vizinho é um cachorro.
minc1dos "vocabulzírios espccialin1dos". O vocabulá -n-1mbém a hornonímia, que consiste cm uma mesm.:1
rio geral que se compõe de palavras, se, por um lado, formd significante remeter a duas realid.Jdes vocabulares di
é mais rico que o primeiro, por outro, do ponto de versas, sej.:i.rn unidades com idcntid.:i.de ftmica (]10111ofonin)
vista do tratamento da inforrnZJ.ção, é mais limitado. ou identidade uorMica (homoçzrafia),,., 1Jo<lc ,....,Qernr ambi{), üidn-
e..
de. Por exemplo, num;i frase corno "O mestre entn:gou a ca
deira ao coleoa"..:-, , o sionificanlc
D "cadeirn" t;:rnto lJOde remeter
4.1 POLIS5EiV1I/\ E AJ\lBIGÜJD/\DE i\ palavra c;1deira = objeto para sentnr, quanto a cadeirn =
cátedra de um docente.
Para a Lingiiística, a pZ1lavra é sempre fonte de signifi Pelas deficiências no uso de pdclrõcs sintáti cos, eviden
caçi10. J\1c.1s hó que se distinguir a plurissignificaç5o como ciam-se também :11nbigüidadcs, geralmente, resolvidas em
fenômeno geral, decorrente da organização sintMico-semân LN com modiriG1çõcs de colocaç:10, como em "Os juízes cn
tica de enunciados, e a polissemia, fenômeno específico da c:1ravam os réus cnigrnMicos", onde tanto él signific;iç:10 pode
área vocabular. ser relélliva à atitude dos juízes, quanto ;_10 estzido dos réus.
A .:i.mbigüidadc, por su.:i. vez, é entendida como a possi ;\ colocação dos sintagmzis, ou a seleção de padrões sintMi
bilidade de uma comunicoçiio lingiiístic:1 prestar-se a mais cos pode, entretanto, des:1mbigüi7-.:1r a frase "Os JUÍ7-es cnig
de urna interpretação e ocorre em função, tanto da pluris mólicos encnravarn os réus" ou ''l)s juízes encaravam os réus
significação como da polissemia que eram (estavam) cnigm,ílicos.
De fnto, a ambigüidade pode ser conseqüência, na área Num,1 linguagem clocumcnt:íria, tanto a polissemia,
voc;ibular, da polissemia ou da homonírnia e, no plano rnnis qu;_mlo a ambigüidade devem ser neutralizadas, par.:1 que
ger.11, de deficiências na utilização de pzidrõcs sintMi co seja gnranlidn a rnonosscmi:1 entre a formd do significante e
semânticos. a elo significado.
Pela polissemia, como foi mencionado anteriormente, A ambigúid.1de evidencia, de maneira inequívoca, a di
observa-se que uma palavra pode comporlnr mais de um veroêncin entre ,1 a1J,.1rência e a realidéldc cio sistema e nos
" t
significado, como em "Hoje trabalhei muito conz ar-condicio permite dizer que :1 aparênci:1 ni'io é sempre a pista inter-
nado", onde o enunciador Urnto pode estar dizendo que tra- 1xctativa mais segura. Levados pela aparência, operamos,
70 71
rios cu111 ,1 1111
A visão ingênua que identifica ambigüidade e polissemia, permite compatibilizar a linguagem dos usuá
o op erador de
acaba por élcreditar qu e apenas a arnbigüidnde leva à inde guagem do sistema, funcionando, assim, com
terminaçJ o do sentido. Eb é, de frlto, o fenômeno mais apa sentido.
ncia do
rente e o menos grav e. /\ arn1adilha é acreditar que a pél É importmte enlendê-la sempre co mo conseqüê
como urna ope
lavra tenha um único si!�J.?.nif'icado Ncaa-se a lJolissemia como contexto. Este folor caracteriza <1 equivalência
co importan
V
fenômeno glob,11 e esL1belccem-se operadores de sentido que raçi.'io relativamente arbilrária, mas isso é pou
da.
pouco têm ;:i ver com o c.1111po nocional, isto é, substilui-se te, urna vez que a arbilrmie<lade esteja registra
ificaç5o cm
o conceito ou a noção própria elos vornbulúri os especié1lizados De fato, ;:i transformaç5 o da unidade de sign
ental do con
pebs indete rminações do vocabulário geral unidade de informação é .J carnclcrística fundam
construída, a
Para neutralizar a polissemi;:i, é preciso lançar m.:'io de lrole ele v ocabulário, jj que numa linguagem
nder um único
dois recursos: clahornçi'i o de redes relacionais e cst;:ibeleci cada unidade de informação deve correspo
ment o ele definições e notas de escopo, sempre que éJS redes sentido referencial.
se sinôni-
se mostrnrcm insuficientes para a interpretaçZio unívorn da No entanlo, c1 existência J e sinônimos ou qu;:i
ivalência p ara o
signific1.ção. Tais recurs os impõem opcr;idorcs de sentido, mos nos lcvJ a considerar rebções de equ
isto é, elementos que conduzem o indexador a interpretar trabalho documcntiírio.
ivalência
c1dequadarncnle, em conformidade com o sistema nocion.11 A LJarande irn1)o rtância das relações de equ
de controle
em questão. advém do fal o que elas intensificüm o processo
maior rigor no
sohre a variaç.:io de signifirndo, permilindo
recup eração.
tratamento da informação e eficácia na sua
�1das anlerior
4.2 SINONÍMli\ Como os outros gêneros de rebções mencion
p;1rârn elros
mente, as relações de equivalênciu introduzem
um g ru p o.
:\ sinonímia é urna relação de equivalência entre, ao me pma o uso da linguagem determinadas p or
ida corno
nos, duas palavras. Por meio dela não se élfirma a idcnticbdc No sentido estrilo, a sinonímia pode sn defin
ais, p orém, a
entre os elementos envolvidos na relação. Isto é, x rquiv,1lc a identidade de significaçJo entre elementos lexic
a, sendo G.1usa
y indica que x p ode, cm deterrnina(bs circunsUi.nci<1s, subs existência de sinonímia ;:ibsolut<1 é controvers
;iclmitcm sua
tituir y. A equivnlência é um recurso normalizador impor de debates entre lexicólogos. Alguns alltorcs
s línguas fun
tante para a compreensi.'i o de tuna linguagem documentúria. existênci<1 para o caso da cqllivalência entre du.J
/Larus - nome
De um lado , permite normalizar a polissemi<1, indicando que cionais, como cm gaivolas - nome popular
equivalências
v.:irias p:1bvras, urn<1 vez que cornpmtilham significados pró científico; outros, <10 contrário, tratam tais
ximos, expressam-se J)l)r um mesmo descritor. De oulro, como quase-sinonímia
74 75
ximos e se intcrsect;::im, co1T10 belo/bonito; casa/resi
Entre lingüistas é mais freqüente n ;:iceit.1ção do concei
dência; L::ilecimenlo lrnorle.
to de qu.1se-sinônimo, ou de para-sinônimo, uma vo. que
es e
péirecc muilo pouco provável que, cm LN, dui.ls palavras Na claboraçZío de LDs é fundamental urn trabalho p
que css:1s
portadoras de exatamente o mesmo significado poss.:im so cífico com sinônimos e quase-sinônimos, um;i vez
menos du;1s
b1Yvivcr. lingu.:igcns lêm por funçifo compalihilizar pelo
r,llur.:i em
Entre documenl.:ilislas, larnhérn, silo utilizados os ccm oul r .1s linglwgcns: a de especialidade ou c.b litt:
renciais.
ccilos de sinônimo e qw1se-sinônimo. Enquanto sinônimo questzio e i1 do usuá r io, por meio de Lermos prefe
ímia
indica cad;i um dos te r mos de urn;1 lín"ll,1
�
dad,1 que desio-
. V
Num.:i accpçZío mé,is ampb, corno é o caso da sinon
sJo sinôni
na1T1 urn,1 rncsma noçJo, 111;1s que se situ,1111 cm níveis da utiliz,1d,1 né1 clabor,1ç3o de tes;:iuros, dois Lermos
se suhslilt1í
língt1a ou de conccplu,1liz,1çJo clifcrentcs, ou que se empre mos quando têm a possibilicbdc funcional de
sinonímia
gam cm silunç-õcs de comunic.1(10 diferentes; qu,1sc-sin611i rem um ao oulro, podendo comprccmlcr tanto :1
ni.ls I.Ds é de
mos cksign,1rn fonn;1s que nJo são inlcrc.1rnhiávcis cm to <1hsoluta (L)l110 i.l q11<1se-sinonímia. ;\ sinonírniü
o 11st1:.í.rio
dos os enunciados r eblivos ;_1 um mesmo domínio c1rAter C'minenlcrnentc pref'rrcncial e visa n:meler
sdccion.:1do,
:\ v,1ri,1da g:1m,1 ck qu,1se-sinônirnos, talvez, poss;� ser de um lermo n3o-prcfercnci;il, p;1ra um lermo
rcs u micb cm ;1lguns tipos: ou preferencial.
pabvras pertrnccnles ,1 c.fr1ktos diferentes (dialetos
regionais, soci;iis, eLírios etc.), como pcsquis<1 (Br,1-
4.3 Hll'ONÍMI!\
sil)/lnvcslig,1çJo (Porl ugal); aviJo/acroplnno;
r i.'ir
- palavr,1s pcrlcncenlcs a diferentes estilos ou regis Do ponto ele visla c.b Lingúíslic.1, a cslrill l!l·:1ç.'i.o llic
os: p or
tros, como dor de cahcç;1/ccfoléi;1; gnivoL1S/brídcos; quirn de t1rn voc1buli.Írio pode ser dacb sob dois mod
lodo
:kido clorídrico (química), ,ícic.lo muri:ítico (conslru 11111;1 rrbç:'í.o de l i iponímia ot1 por meio d:1 rchç6o p;1rle
1
signifi
ç,10 civil); No nível das relações de sentido o probkrn,1 lb
n p;1rtir
p;:ibvrns que gu,1rcbm ,1pen,1s u111;1 difrrcnç;1 cmoliv;1 l-,HJio pode ser vislo sob diversos ic"\11gulos, ou s\j,1,
ou Vi.1lor:1tivd, como países cm vii.lS de dcsenvolvimcn lk diversas categorias.
no(JO
to/p,1Íses subdesenvolvidos; /\ categoria denominada hiponími;i opc r r1 com :1
ir lmicbdcs
- palavras que têm su,1 ocorrêncin limil:1cla, n,1 medida de ínclus.'io, a mcsm,1 noç.'io que pe r mite reun
lor, ou
cm que só aparecem com outr,1s, como "de lx1rbc,1r" 11uma classe. r\ssim, rosa e cral'LJ esL'io incluíclas cm f
que vem com 15.minas: gilctcs/lfimin,1s de barbct.1r; ,,1•.ilo e l ccfo csl.'i.o incluídos
cm a11i111.-il, ou cscarlalt' csUí in-
- p,1bvrns cujos s ignificados sJo. ele foto, muito pró- 1·\11íc.lo em vermelho.
77
76
Enh·c lingüistas é m<1is freqüente n aceitação do concei ximos e se intersectam, como belo/bonito; cas;i/rrsi
to de quase-sinônimo, ou de para-sinônimo, uma vez que dência; falecimento/morle
parece muito pouco provável que, em LN, duas palélvras
Na eJabnra\·Jo de LDs é fundamenlc1l um tr.:1b.:1lho espe
portadoréJS de o:aL1mente o mesmo significado possam so
cífico com sinônimos e qunsc-sinônimos, um;i vez que essas
breviver.
linguagens têm por Cunçifo compatibíli1ar pelo rnt'nos duas
Entre documcntJ!istJs, tan1bém, s.10 u lilizi'!dos os con
outrns ling u agens: a de espec i alidade OLI da Jiteralnrn em
ceitos de sinônimo e quase-sinônimo. Enquanto sinônimo
quest3o e c1 do usui.Írio, por me i o de lermos prefcrencié1is.
indirn Cé1CÍí1 um dos termos de uma língu.:i dadu que desig
Nu mil .:icepçi'io rnnis :1mpl.:i, como é o caso da sinonímia
nam u rn a mesma noçJo, mas que se situam em níveis da
ulilizilda na ebboraçôo de tcsauros, dois lermos s5o sinôni
líng t1 é1 ou de CO!lcept twlizé1ç5o difo-rentes, ou que se emprc
mos qu,mdo têm a possibilid.:ide funcion ..iJ ele se substituí
g�1m cm sit u::içocs de comunic;:1çiio diferentes; q u ,1se-sinôni
rem um :10 oulro, podendo compreender tanlo a sinonímia
mos dcsig n ,1 1 11 form.:is que n<':io sfío intcrcamhii-1vcis em to
ilhsoluL1 como a qu;1se-sinonímic1. A sinonímia rn1s Ll)s é de
dos os enunciados relativos a um mesmo domínio
c::ir,:Hcr eminentemente preferencial e visa remeter o usu,.írio
A v,1r i ad,1 g;im,1 de qu,1se-sinéinimos, t il!vcz, possa ser
de um lermo 11Zío-prcfere11ci<1l, para um termo selecionado,
resumidn cm i!lguns tipos:
ou preferencial.
- 1x1!avras pertencentes a dialetos diferentes (dialetos
reg i onais, soci,1is, cL:irios etc.), como pesquisn (Bré1-
sil)/!nvestigaç;10 (Portug:1!); aviiio/c1eropln n o; 4.3 Hll'ONÍiv1l/\
76 77
espéne (ou
A inclusão tem a ver, pois, com a inserção de um dado podem ser feitos segundo a fórmula 'x é um<1
elemento numa classe. Isso dito de outra forma, indica que tipo) de y ': o gato é uma espécie de animal.
ão /
a hiponímia expressa ";i relação existente entre um lexema ;\ relação de hiponímia/hiperonímia (ou subordinaç
pertence,
müis específico ou subordinüdo, e um lexema mais geral ou superorden<1ção) permite verificar que um termo
mas não
superorden,1clo, tal como é exemplificacl.1 por 1x1res corno ou suhordin<1-se a um outro mais geral, o gênero,
se llíie-
'vaca': 'animal', 'rosa': 'flor' etc." (Lyons, 1977, p. 235). permite identificar em que os termos subordinados
Nesta reliição há que se consiclerélr dois termos: o supe renciam entre si.
a
rior, denominado por Lyons ('! 977) Superordem1do, e o in Por outro lado, em virtude da polissemia, uma mesm
. Palmer
ferior, Hipônimo. palavra pode aparecer em vúrios pontos da hicnirqui<1
que pode
Os termos constitutivos de uma classe são, p01s, co (1976) menciona corno exemplo .::i palavra c111imal
h1pô111mos. Entretanto, é necessário observm que nem toda ser usada cm três pontos cb cadeia:
classe dispõe de um superordenado. E mais: él existênciél de 1. em contraste com ''vegetc.11", incluindo, nrste caso aves1
um superordenado encabeçando uma cbssc pode v.::iri<1r de peixes, insetos, mamíferos;
língua para língua. 2. no sentido de "mamífero", contrapondo-se a ans, pci
I.yons menciona <l existênci,1, em grego clássico, de uma xcs e insetos, mas incluindo seres humanos e bichos;
form.:1 superordenada p.::ira abranger todus as profissões e ofí 3. no sentido de "bicho", opondo-se <l sen:s humanos.
na
cios, desde Si1patciro, médico, passando por tocador de flau Assim, a palavra animal pockri.Í surgir três vezes
Pa.lmer
t.:1 e timoneiro. Em inglês e em português não há pi1bvra classificação hierárquica da natureza, como mostra
que possa encabeçar conjunto tão v;:iriado. Neste caso, tem
(p 91):
se umn lacuna lcxico.l. Se111 l'id"
Cn111 l'iclo l-"S
A hiponímia pode ser drfinida., também, em termos de
implirnç3o unilnter.:11 e representa uma rebção transitiva, de
tal modo que, se ' x' é hipônimo de \1' e 'y' é hipônimo de
'z', então 'x' é liipônim.o de 'z'.
;:we pei.,l": inseto wrinwl
v.ica -----1...
� animal
;\ hiponímia é, ninda, uma propositur.::i analítica, sendo Os cxrm pios poderiam ser mui tiplicados. No entanto,
que a leitura e compreensão do significüdo dos hipônimos parece ser suficiente levar em conta que, em r<1zão da
78 79
espécie (ou
A inclusiio tem a ver, pois, com a inserção de um déldo podem ser feitos segundo a fórmula 'x é uma
elemento numa cbsse. Isso dito de outra forma, indica que tipo) de y': o galo é uma espécie de animal.
rclinaç5o/
a hiponímia expressa "a relação existente entre um lexema J\ relnçào de biponímin/hiperonímia (ou subo
termo p ertence ,
nrnis específico ou subordinado, e um lexema mais geral ou superordcnação) per mite verificar que um
ro, mas não
superordenado, tnl corno é exemplificada por pares como ou subordinél-se a um outro mais gernl, o gêne
dos se dife-
'vaca': ';:mimai', 'roso': 'flor' etc." (Lyons, 1977, p. 235). permite identificar cm que os ter mos subordina
Nesta relação há que se considerar dois termos: o supe rcncium entre si.
i1
rior, denominado por Lyons ( 19 77) Superorden;:ido, e o 111- Por outro lado, em virtude da polissemia, uma mcsm
rquia. Palmer
frrior, Hipônimo. palavra pode aparecer cm v.:írios pontos da hiera
al que pode
Os termos constitutivos ele uma classe são, pois, co ( 1976) menciona como exemplo a pulavra anim
hipônimos. Entretanto, é necessário obscrvnr que nem toda ser usada em três pontos d;:i cadeia:
classe dispõe de um superordenndo. E mnis: a existência de 1. em contraste com ''vegetal", incluindo, neste caso él\'cS,
um superorden<1do encabeçando urna cbsse pode variar de peixes, insetos, 111c1111ífcros;
língua para líng11a. 1. 110 sentido de "mamífero", contrélpondo-se a aves, pei
Lyons mencionzi a existên cia, em grego clóssico, de uma xes e insetos, mi1S incluindo Sl'rcs lwmil!WS t' /Jichos;
form.:1 supcrorclcnada p;:ira abranger tod.:1s as profissões e ofí 3. no sentido de "bicho", opondo-se i1 seres liwnanos.
cios, desde snpatciro, m�dico, passando por tornclor de flau Assim, n palavra animal podcr.:í surgir três ve zes na
t o e timoneiro. Em inglês e cm português nJo há palavra cbssifiG1ção hierárquic1 da natur eza, como mostra Palmer
que possa encabeçJr co1""0unto tão variado. Neste caso, tem (p. 92):
se uma lacuna lexi c;:11. Sem ,·id(I
CuJ/1 t·idu \"S
A hiponímia pode ser definida, também, em termos de
implicação unilateral e representa urna relação transitiva, de /�
vcg(:t�I cminwl
tal modo que, se 'x' é hipônimo de 'y' e 'y' é hipônirno de
'z', então 'x' é hipônimo de 'z'. ��
-----1... ..
ave pc:ixc inseto wii11wl
78 79
polissemia, um termo corno do pode, por ser o genérico da
Por exemplo: - "Que espécie de animal era?"
cbsse, ser tomado como superonknado c corno hipônirno, - "Ern um elefante."
respeit:1dC1s, naturalmente, as situoções conlextuois. Dito de outro modo, é\ resposta ;i perguntas desse gêne
ro - e oulT,1s similares, do tipo 'como .. ?', 'de que maneira
Ci/,)
80
81
polissemia, um termo como cão pode, por ser o genérico da
Por exemplo: - "Que espécie de animal era?"
clo.sse, ser tomado como superordenéldo e como hipônimo, - "Era um elefante."
respciL1d.is, na! uralmcnle, as situações contcxt lli.1Ís. Dito de outro modo, a resposta a pcrgunt.:is desse gêne
ro_ e outr;1s similares, do tipo 'como ... ?', 'de que maneira
Cúo
... 7' _ se dão 3 p.:irtir cb. introdução de uma difercnç.J, quc
produz as subclasses.
Os co-hipônimos - ou os t·ermos coordenados que J-or
m,1m uma mesma série - contrastam em sentido, sendo que
Rcsl:1 observur gue il!Lç m da noç;'io de inclusJo, a a natureza do contraste pode ser explicado. em lermos de di
hiponímia conlém implíciLJ, também, J rebç;1o lógica de con ferentes modificações nqjetivo.is (Lyons, 1977).
scqi'1ênci<1, _j ;i que ,10 dizer ·'Islo é uma rosn", lcm-se, neccs Pode-se dizer que as modificações aqjelivnis no léxico
s<1riamcnle, o prcss11posto "lslo é ll111é1 flor". Ou scj;i, a fr,1sc correspondem, nas· LDs, il caia -- ct·e1-'1.s11·c,íl.s. ou 1no1)riedndes
.
.
que Cllntém o hipônimo prcssupõe, neccssari,1mentc, o que rc.1lizi1m a individuaçôo de termos. Do ponto do vista.
superordenado O inverso, evidentemente, nJo é vcrd<1 dei ro. extcnsional, os termos que se subordinam a um superor
clenado contêm todJs Js CJ.rJcterísticas que idcntificm1 a
Se os membros de uma classe siio especificados com '·to
cbssc, mais uma que os distingue dos (km.1.is
dos", ocorre o invcrso: "1c)do.s :is flores sJo lxbs" inclui
J\ relaçi'io de hiponímia colocad.:i pela lingC1ístirn permi
""füdas �is rosas s,10 belas", 111,1s o inverso n.'io é verJ il deiro.
te explirnr, nas LDs, v6rios tipos de rcbcionamentos to�1n
Pode-se dizer qut: a rebçiio ele hiponímia representa um;i
dos corno hier:irquicos que não cnbem dentro da dass1f1ca
op cr:.iç.10 de corvunçiio cm face do lermo superordrn ndo, bem
ç;ío gênero'espécie (e tJo pouco n.1s relações todo;parte,
corno de Lfi�junçJo, lomarnlo-se a série de termos o!Jtidos a
pa.rtc/purte).
p <1 rlir da divisiio rcaliz;ich .
IM casos, por exemplo, em que dois ou mms termos
Corno na L , n.is lDs a superordrnnç:1o,'subordinaçJo
1:ncontram-se cm contraste e n5o existem, no léxico, p;:Jia
representa um ciso de i111plic.1çc10 unilateral. onde o lermo
vrc1s (ou termos, no c.:1so di!s LDs) que lhes se:jcim superor
superordcn,1do implica termos subordinados, d l' nomin.:idos
den:iJos e, iJ não ser que se utilizem elementos de nal urez;,
liipônimos.
diferente, provfnifntes de outras p.1rtes do discurso. n5o é
Em lermos do kxico, o sentido de um liipônimo € prn
possível rrnni-los.
du lo do se:ntido de um nome supcrordrn�1do e de um
111odifiG1dor a<.tjcliv,1! real ou potcncid !, que responde ,1 per cidades núlias --------=----
cidade; pcquc11:1s �
Tamanho das cidades
guntas do seguinte lipo: ·que espécie de ... ?'; 'que tipo de ... ?'. mcgalopoks
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Este é um caso de relação quase-pJ.radigmática (ou uma O exemplo anteriormente mencionado:
quase-hiponímia), uma vez que se utilizJ. um3 expressão INSETOS
/
m;_iis geral ("tamzmho") pü.ra reunir os diferentes tipos de
cidil.de. �
Aqui, entretanto, n3o é Véfüdu a aplicação du fórmula ALGUNS TODOS SÃO
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Este é um caso de relação quase-paradigmática (ou uma O exemplo anteriormente mencionado:
qunse-hiponímia), uma vez que se utiliza umn expressão INSETOS
/
mais geral ("t.:imanho") para reunir os diferentes tipos de
cid.1de.
ALGUNS TODOS SÃO
Aqui, entreL:mto, nno é válida a aplicação da fórmula
"x é um gênero de y". A. frase obtidn da sun aplicação não é
nc1l ural ou é inilceitável. A. estruturnção do vocabulúrio, �
GAFANHOTOS
/
neste rnso, é feita por outras pnbvras ou sintagrn3s que
sugere o esquema como meio parn a validação de um reb
desempenhéirn o mesmo papel de "que gênero de ... " (ou que
cionnmento genérico, indicando que alguns membros da clé.1s
espécie de . )
se "insetos" são conhecidos como "gafanhotos", enquanto
"Comparáveis às questões Que gênero ele animal era.?, e
que todos os "gafanhotos" são "insetos", por definiç5o e in
Era uma vaca ou outra espécie de animal?, são Co1110 é que ele
dependentemente do contexto (IBICT, 1984, p. 26; ISO 2788,
obtcFe isso - comprando-o ou roubando-o'? e Ele comprou isso 1986, 1989, p. 605).
ou arranjou-o ele algum outro modo?" (Lyons, 1977, p.23 7) Entfftanto, ele não funcionaria no exemplo anterior, re
... ou ilinda, no caso de .:1cijelivos "Quando clizes que o teu lativo J. 'cidndcs'. i\ língua, na verdade, não é rigidomente
vestido é carmim, c1ueres dizer que é em tons de vermelho ou ele estruturada em termos lógicos.
outra cor? Assim corno podemos dizer A vaca é um animal As diferentes séries formadas a portir de um mesmo
de um certo gênero, também podemos dizer . . . Compr-ar algu termo podem ser vistas como o resultado de diferentes mo
ma coisa é obtê-la de uma determinada maneira e Um ol�jeto dos de realizar a conjunção, oriunda dos diferentes pontos
carmim é um objeto vermelho ele uma certa maneira" (i clem , tomados como origem da subdivisão e/ou das diferentes ca
ibidem). racterísticas tomadas para a construção de cada hierarquié.1
Em resumo, responde-se, nesles casos, .:i perguntas do Esse aspecto relaciona-se com a adoção das categorias
tipo ''como" e ''de que mémeira", muito emborn elas nJo aristoté]iG1s ele predicaçJo - substância, modo, quantir.bdc,
possam, tnrnbém, ser J.mplamente empregadas com suces qui1lidzic!e etc. e suas atuzilizações nos seus desenvolvimen
so. ;\ hiponímia, na verdade, pode manifcsl,ir-se de muit.Js tos subseqüentes. Em Documentação, por exemplo, Ranga
maneiras. nJ.than utilizou cinco G1tegorias para .:igrup.:ir os assuntos:
lslo explica porque niio é possível aplicar, muitas ve pcrsona.lidade, matéria, energia, espa.ço e tempo.
zes, o esq ucma lógico ··todos/Dlguns" sugrrido pelos ma Para a área. de Ciênci�1 e Tecnologi.:i, o Class{fication
nuais de claboraç5o de vocabuL:írios documentários. Research Group - CRC sugeriu que os termos fossem agrupa-
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•,11 · 1 1 ide, .1s seguintes categoriéls fundamentais: substância
1 /1,, são conjuntos de le.xemzis muito gerais - '"pessoa' (ou 'indi
[1wud tlo), órgão, constituinte, estrutura, forma, propriedade, víduo'), ',mimai', 'peixe', 'ave', 'inseto', 'coisa', 'lugar', 'subs
objeto da ação (materi.:iis brutos, materiais não tratados), tâ.ncia', 'rn;itéria', 'qw,lidadc', 'cs tndo' etc. - que s5o
ação, operação, procc-ssos, agente, cs1x1ço e tempo. Barbar;:i superorden,idos em rcbçfüi a subconjuntos maiores ou me
Kylc, também integnrnle do CRG, distinguiu as artes, as ati nores desU1s subclasses de nomes" (Lyons, 1977).
vidades, os objetivos, os objetos, as idéias, as abstroções. Em resumo, pzira o autor não existe ordenação bieu.í.r
J\imb na ,Írea de Documentação, Shera & Egan ( 1969) quico a pzirtir de um lexema superordenndo único, foto que
propuseram as rntegori;is agente, aç5o, modo, objeto, o�jcto se estende ;1 diversas parles do discurso, pois, além dos no
de açâo, tempo, espaço e produto. Grolier (1962), por seu mes, isso se aplica oos verbos e aos ac\jetivos.
lado, sugeriu categorias const.:rntes de tempo, espaço, aç.:io e Entrclanlo, se nos casos de hiponímia pode-se élfir111<1r
GltcQorias variáveis: subst.1.ncia / ói-aão
t, analítico sintético, que existe umzi relaçJo paradigmáticzi de sentido cnlre os
\ ·' f ,
hiponímia, dé1cb zi ausência de kxiczilizoção, em algumas lín junto desse tipo de relücionamento é denominado, via de re-
guas. Não hó, em português, por exemplo, nenhum lexema grJ., relacion,1rncnto genérico.
que seja superordenaclo zi todos os nomes abstr.:ilos, ou a
todos os nomes concretos. O que se encontr.1, ao contr:írio,
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__- ___
dos segundo as seguintes cntcgorias fundamentais: substânci <1 sJo conjuntos de lexemas muito gerais - '"pessoa' (ou 'indi
(produto), órgão, constituinte, estrutura, forma, propriedade, víduo'), 'animal', 'peixe', 'ave', 'inseto', 'coisa', 'lugar', 'subs
oqjeto da ação (materiais brutos, materiais não tratados), t5.ncia', 'matéria', 'qualidade', 'estado' etc. - que sJo
élÇifo, opcraç5o, processos, <1gcnte, espnço e tempo. Barbara superordenados em rebç5o a subconjuntos maiores ou me
Kyle, também intcQrante do CRG I dislinauiu as• <1rtes• I as élti- nores clest1s subclasses de nomes" (Lyons, 1977) .
..._., LJ
vidndes, os objetivos, os objetos, as idéias, as nbstrações. Em resumo, para o autor ni'io existe orden.1çi'io hieri.Í.r
J\jnda na área de Documentação, Shera & Egan (1969) quica a partir de um lexema superordenado único, foto que
propuseram os categorias agente, �1ç3o, modo, objeto, objeto se estende a diversas partes cio discurso, pois, além dos no
de açi'io, tempo, espnço e produto. Crolier (1962), por seu mes, isso se aplic.1 aos verbos e aos acUetivos.
lado, sugeriu rntegorias constantes de tempo, esparo, aç5o e Entrd.Jnlo, se nos casos de hiponímin pode-se afirmar
cate gorias variáveis: subst<'lnci<1, órg5.o, <1nalítico, sintético, que existe uma relaçJo paradigméilirn de sentido entre os
propriedade, forma e organizaçi'io. lexemas, na ausência de superordenados p.1radigmáticos p;1ra
Na ,í.rea da Lingiiístic<1 vnle rrssaltar os "casos concep a reuni,10 de lexem::is pode ocorrer um.J relnç.'fo qu;ise-
tuais" de P ollier ( 1974): c.:rnsativo , instrumental, <1aenlivo
i:"> , lJaradio" miilica (idem, ibidem).
nominativo, erc:ativo, ncusalivo ossocialivo Iocotivo clativcJ
I • f 1 I
Assim, pnr.::i reunir os adjetivos 'vermelho', 'amarelo',
'azul' ele., pode-se utilizar: 'cor'; para falar de 'redondo',
1...1
benefici<1tivo, finalidzide
De um modo ou outro, tocbs cssns noções ou facetns qtwdr<1do', 'oblongo': 'forma'.
remontam i'ts clnssificações aristotélica e kantiana. A Mas há casos em que niio há, no voc;1buJjrio, lexemas
estruturação do vocabulário cm óreas distintas clefinir,í as para org,rnizar, hicr<1rquicamenle, os lermos Tralc1-se das
noções funcion;Jis mais gencrnlizanlcs a serem adot.:idas. Por "lacunns lcxirnis", devidas, na moior pc1rte das vezes, a fato
outro bdo, L:il estruturaçâo, dnda em funç5.o de relações de res culturais.
liiponírnia e q11ase-hiponírnia, pode ser realizacb por meio Urna lncuna lexic1l pode ser descrita como um ''buraco
de um pequeno ní1mcrn de lexem:1s (noções gencr<1liz.111les, no modelo", ou seja, a m1sência de um lexema num dado
.
calegori<1s, facetas) com sentido muito �oer;:il. lugar da estrutura de um campo lexical" (Lyons, 1977)
Pode-se afirmar, com Lyons, que nem sempre é possí J\ relnção hiponími.:i/superordenaç5o corresponde, em
vel estrutur<1r hiernrquic;imenle os lexemas em termos de Jóoirn à rebçzio aênero/es1Jécie (ou es1Jécie/Qênero) O cem-
,:-, 1 Ô
LJ
hiponímii'l, dad.1 n ausência de IexicnlizaçJo, em algumas lín junto desse tipo de rebcionamcnto é denominado, via de re-
guns. N,10 há, cm português, por exemplo, nenhum lexema erra relacionamento o.enérico.
t-) I lJ
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dos segundo as seguintes categorias fundamentais: substância são conjt1ntos de lexemas muito gerais - '"pessoa' (ou 'indi
(produto), órgão, constituinte, estrutura, forma, propriedade, víduo'), 'animal', 'peixe', 'i.1ve', 'inseto', 'coisa', 'lugiJr ', 'subs
objeto da Jção (materiais brutos, materiais não trntados), ti.1ncii1', 'm.:itérin', 'qualid.:ide', 'est ado' etc. - que são
ação, opcraçiio, processos, c1gente, espaço e tt>mpo. Bi.irb,1ra supcrorden<ldos em relaçJo a subconjuntos maiores ou me
Kyle, também integrante do CRG, distinguiu as artes, as iJti nores destas subclasses de nomes" (Lyons. 1977).
vidades, os ol�jetivos, os ol�jetos, as idéias, as abstrações. Em resumo, para o ;rntor não existe ordenação hier!1r
1\i11da n;i {1rea de DlKUmcntação, Shera & Eg:m ( 1969) quica n pürlir de um lexema supcrordcnado único, fato que
propuseram as categorias agente, üção, modo, objeto, objeto se estende a diversas p<lrtes do discurso, pois, além dos no
de aç3o, tempo, esp,1ço e produto. Grolier (196'.2.), por seu mes, isso se o.plica aos wrbos e aos adjetivos.
lüdo, sugrriu categori.1s const.:rntes de tempo, csp,1ço, ,1çJo e Enlrelanlo, se nos casos de hiponírnia pode-se afirmar
rntegorias varióveis: suhstnncia, órgão, iJnalítico, sintéti co, que existe urna rcl.:içJo p.::ir i.!digmática de sentido entre os
propric-d;-1de, forma e org.:rnização. lexemas, na ;rnsênci,1 de supcrorden.:1dos par<ldigrnfiticos par.:i
Na área du Lingüístirn vale ress3ltnr os "c3sos concep i.l reuniJo de lexem:-is pode ocorrer um.1 rclaç.'io qu:-ise
tw1is" de Pottier (1974): causativo, instrumental, agentivo, paradigrnMic.:i (idem, i/Jidcm).
nomirn1livo, ergativo, ac11s3tivo, ;:issociativo, locativo, (lé.itivo, Assim, p.:ir:-1 reunir os <ldjetivos 'vermelho', '3111,irelo',
beneficialivo, finalidade. 'ilztil' etc., pode-se utiliz.:1r: 'cor'; para fobr de 'redondo',
De 11m modo ou outro, todas essas noções ou focetas quadr.::ic!o', 'oblongo': ·forma'.
remonta m Às classificações aristotélica e Lrnt iana. /\ Mas hú c3sos em que n3o h!1, no vocabulório, lexemas
estrulurélção do vocabul{irio cm áreus distintas definirá él.S para organizar, hierzirquicamcnte, os termos. Tr.::it.::1-se das
noções funcion<1is mais generalizantes n serem adot..1das. Por "l<-Kllni1s lcxicnis", devidas, na rno.ior parle d.:.is vezes, a fato
outro bdo, tal estrutur.:iç.'io, dada cm funç5o de relações de res cullur,1is.
hiponímia e quase-hiponírnia, pode ser rcalizod.:i por meio Urna bcuna lcxirnl pode ser descrita como u111 "buraco
de um pequeno número de lcxern:1s (noçoes generali 7.é.ll1tcs, no modelo", ou seja, n ausência de um lexema num dado
Gitegorii1s, ÜJCetas) com senlido muito geral. lug.:1r da eslruturn ele um campo lexical" (Lyons, 'J 977).
Pode-se .:ifirm<lr, com Lyons, que nem sempre é possí A rebção hiponími.:i/superordenação corresponde, cm
vt'l estruturar hierarquicamente os lexern;is cm termos de I<wici1 ,'i relação ofnero/
;::, · 1 D es•Jécie
t (ou es1Jécie/gê11cro). O con-
1..
liiponírnia, d,1d.'l n ausência de lexic;1Iização, cm algumns lín junto desse tipo de rcbcionarnento é drnornin<ldo, via de re-
guas. Nifo há, em português, por exemplo, nenhum lexcmé.1 nra rclacionamenlo Qenérico.
C) I lJ
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Bibliografia
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