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Anna Maria Marques Cintra

Maria de Fátima Gonçalves Moreira Tálamo


Marilda Lopes Ginez de Lara
Nair Yumiko Kobashi

Para entender as
linguagens
documentárias
Esta obra apresenta os aspectos fundamen­
tais das linguagens documentárias: sua nature­
za, sua estrutura e suas funções. Aborda, de ma­
neira especial, as questões lingüísticas e lógicas
que fundamentam sua elaboração. Incorpora,
nesta segunda edição, um novo item - a Intro­
dução - em que se ressaltam o caráter sistêmico
das linguagens documentárias e seus aspectos
culturais. Além disso, foi inteiramente revista,
de modo a eliminar imperfeições.
Cada vez mais as linguagens documentárias
vêem se mostrando como importantes ferramen­
tas de organização e distribuição de informação.
Elas já são hoje consideradas imprescindíveis
para agregar valor à informação especializada,
na medida em que, por seu intermédio, a tarefa
de organizar tematicamente a informação tor­
na-se mais consistente.
Mas além de seu caráter organizacional, as
linguagens documentárias viabilizam o compar­
tilhamento de informações produzidas por dife­
rentes instituições. Decorre daí o fato de os sis­
temas ou redes cooperativos de informação não
prescindirem de algum tipo de vocabulário con­
trolado para a constituição de seus dispositivos
informacionais, sejam eles de uso local ou
disponibilizados para públicos amplos, através
de redes eletrônicas.
A utilização crescente de linguagens docu­
mentárias baseia-se na evidência de que, sem
uma linguagem compartilhada, não é possível a
comunicação entre serviços de informação e seus
usuários. Em vista disso, as linguagens docu­
mentárias se oferecem como instrumentos po­
derosos de socialização da informação. E a in­
fom1ação, na medida em que está diretamente
relacionada ao conhecimento, tem papel deci­
sivo na mudança dos destinos da humanidade.
Espera-se que sua leitura contribua para apri­
morar a formação daqueles que já atuam ou
atuarão profissionalmente no vasto campo da or­
ganização e transferência da informação.
Anna Maria Marques Cintra
Maria de Fátima Gonçalves Moreira Tálamo
Marilda Lopes Ginez de Lara
Nair Yumiko Kobashi

1PARA ENTENDER
AS
LINGUAGENS
DOCUMENTARIAS
2 J edição revista e an1pliada

! editora polis
2002
Copyright CD 2002 das autL)ras
Capa: Ivone Cludzal
1/ustraçiio da capa: Ben Nicholson, Agosto de 1956 (Vaid'Orcia).
Rcvi5,fo: N3.ir Yumiko Kobashi e Marcos Frederico
Editoraç5.o eletrônica: Editora Pulis

Ficli,1 catalugr,ític;1

CI1'-:TR,\ .'\11,1 M,1ria t'l ;1[. Paril cnkmkr ns lingu;igc11s ducu­


mrnt;íri;1s. 2cd r-cv. e ampl.. - 5:ill l',rnlo l'ulis, 2002.

ISBN 83-7228-00 12-X

1 Linguc1gcns ducurncnLíri;is. I. Título.

CDD - 025.4
CDU - 025.4

Direi tos rtscn·,1dos pcb


EL)]TORA POLIS lTDA
Rua Car.1n1Lirll, 1196 - Sa(1dc - 04138-00:2 - Szio Pnulo SP
""
Tcl.: ( 11 )5 :Nt- 7 6tl 7 e ( 11):275-7 5 tl6 - F,lX ( 11)l75- 75 8 6
e-mail: polis(éê cdi tom polis .com. \Jr
O .scnticlo Ili/Oi 11w1rn llln:1 eFiclência.
Ed,,v:1rJ Lopes
Sumário
... ..

Apresentação 9

Introdução 13

1. Conhecimento, informação e linguagem 19


1.1 Conl1ecimcnto e informZJçiio 19
1 2 Linguagem: car.JclerísticZJs gcrZJis 26

2. Linguagens documentó.rias 33
21 NZJtun-zZJ, especificicbde e fun\'Õcs 3.3
22 ConfigurZJçi'io d.Js linguagens documentárias 42

3. Sistem<.1 nocional 49
3.1 Rdüçõcs hierárquirns 55
3.1. 1 Relaç,1o genérica 58
3 12 Rebçi'ío pürtitiva 61
3 2 Relações ni'ío-lmrárquicas ou seqi.lfnci.Jis 62

4. Relaçôes lingüísticas e docurnent,1ç,1o 67


4.1 PolisscmiZJ e ambigL1icbdc 70
4.2 Sinonímia 74
4.3 1-!iponírniJ 11

Bibliografia 87

7
Apresentação

O homem vive entre os c.:1mpos scmiológicos No seu


cotidiano, c1minha de um p,1r<1 oulro, consciente ou incons­
cientemente. Enreda-se nas construções :1rquitetônic:1s, p:1s­
Si1 por escull ums (Zis vezes sem ver), ouve "sons" perdidos
de músicas ou de grilos, restos de conversi.1S - agressiv,1s ou
c:irinliosos. C1da um desses campos pelos quais ele transiL1
diari,1mentc tem seu código específico. E ele trans-ita nu Sêll­
lido primeiro: vüi através de (trans) um crnninho (ito) que
as gerações passadas conslruíram parn ele e que su,1 própria
condiçR.o de humano lhe pl:Tmi�e "receber" de v6rios mudos:
cm um dos pólos, não "percebendo" a cxlcnsZio do mundo
cm que vive; no oulro pólo, "pcrccbcm!o" tal cxtensZio, apro­
priando-se dele e mm!ificmdo-o, construindo novo mundo,
novos mundos. Re-conslruinclo-sc no faur.
l:sscs Ci1mpos scmiológicos, com seus cóLhgos próprios,
muilos deles nZio-vcrbnis, cntrd.:.1çil111-se e manifcst:1111, na
vcrcbde, n conc!içfü> da sociedade naquele momento históri­
co. Essa inter-rcbçiio cnlrc os c;_impos, essa "costura" é 1Ta­
liz,1da pelo código vcrbill, pelo signo verld, pclzi p,1bvra Ou
SCJ<L os cnmpos semiológicos -;iiu m,111ifcst:1�:ões sócio­

cul ur;ús de uma dacb sociedade. Emliorn com suas espe-

9
cificidzidcs, eles revelam a cu]tura cbquela sociedade, n;:iquc­
la et<1pa de desenvolvimento. E a culturn é lransmitidâ, pre­
dominantemente, peln palnvra Por isso, só a palavrZJ lem ..1
condiç5o de penetrar lodos eles, de "interpenetr;í-los".
Esse é um cios motivos porque se afirma a import5ncizi
da pzilavra Su.:i condiç:io dt." plasticidade permite-lhe ser o
suporte do conhecimento. Sem conhecimento, o homem per­
manece sempre muito próximo do pólo dos que não perce­
bem a exlens.'io do mundo em qllc vivem, cm que circulnm.
E aí está um dos aspectos d.:i import."lnci.:i di.l informaçéfo.

Nesse sentido, parece que a infonnaç5o cumpre papel de­


cisi1'0 na 111uclança lias clcst.irws da humanidade, uma Fez
que ela está clirctarnmtc li.gacía ao conhecimento e ao dc­
scm•olvirncnto de cada wna elas áreas elo sabcr,já que todo
co11/1ecirncnto começa por alg um tipo ele i1forrnaçiio e se
constitui cm i11formaçc'io ( .. )E para que o conhecimento ela
sociec/J.de não se perca e possa ser compartilhado, ele é re­
gistrado num claclo suporte: l.ivm, imaw111, fulo, disco ele.
passanclo a se constituir num documento.

A informaç5.o n3o é \1111 e/ado. Ela se constrói no encon­


tro de duas din5rnic.:1s: .:i din5mica de quem "emite", di: quem
"rrnmci.:i" (o cnunci,Hlor) e a din.Rrnic.:1 de quem "recebe" o
cnunci.:ido (o enunciütáriLl). Eb ocorre sempri: num espaço
onde as posições de quem "fob" e de qllem "ouvi:" s,10
intcrcambiadas, num jogo de forças perm;rnente.
Aí começa a linguagem clocumcntária. Corno conseguir
que o conhecimento �1eumuléiJo niio se perca, que se lenha
acesso .:i rlc, de tal modo que 11.10 seja necessó.rio "reinvent.1r
a roda" é:1 rnda gernç5o? A memória coletiva, a tr,msmissão

10
oral da cultura são aspectos fundament,lis, mas como, nas
nrcas científicas, fazer conhecer o conteúdo de aproximadn­
mC'nte 60.000 revistas científicas e cerca de um milh5o de
artigos individu,1is? Esses dados, citados neste livro, rcvebrn
;:i estimativa de 1960. Certamente a produçi'io cienlífica é mui­
to maior.
Ninguém ousaria pensar que é possível conhecer to(b �1
produçi'io de um;:i determinacb área cio so.ber. Mas é nccess.:í­
rio, pelo menos, ter acesso ;:i seus o.v;:inços e po.rlir deles 110.
construçJo do novo conhecimento. Eis aí, de novo, ;:i lingua­
gem documentária.
Os desafios s5o numerosos. Num mundo cm que, <10
(JllC parece, o homem "nJo diz", ,iprnns "é dito" pelas p,1la­
vr;is; em que se tem, prcdomini.mtfmente, "a voz do dono"
f n."io o homem como "dono da voz"; cm qne os discurSl)S
ele rnúscar.:i circulam corno mcrc.:idori.J.s de maior valor, como
trabalkir zi linguagem clocumentúria? Afinzil, el;i pressupõe,
por nm ];:ido, a irnportf1ncia da divulgaçJo cb i1'.form<1ção
p;:irn que o homem assuma sua própria voz; por outro lado,
ela pressupõe o sujeito que v;Ji "püssür" o conhecimento
cirntífico, cbborndo na linguagem polissfrnic1, para outra -
a linguagem d.ocumc11tciria.
A pal,1v1'i1 carreg.:i J. próticJ social cb sociedadf, enfrixc1 os
valores de um determin;:1do momento histórico. É sub-n'/ll fria
Atuél, sem que tenhamos consciência de seu papel. Este s10eito
ri11e v,1i "!rndm:ir" o texto científico p:.ira c1 linguagem c/ocu-
111cntiÍria rnrrcga consigo essa formaçJo. T<1mbérn o stijeito
que cbborou o texto científico. N;_1 condiçJo de Sl�jeito, cad.:i
um tcri.'í seu universo de v,1lorcs, que lhe foi tr,msmiticlo peL1
culturJ. Como cvit.:ir os desvios nessa lr<1duçã.o?

1J
Como dizfm as autoras, de um sistema de relações que
se caracteriza pela virtualidude, a LN (Língua Nutural), usa­
da pelo sqjcito do texto cirntífico e pelo sujcilo que f"ar:i. a
··trnduçifo" (e ;1indt1 pelo sujeito que "receber,/' a informaç/io,
é bom não esquecer) 1x1ss;1-sf para um sistema de rebçõcs
11.10-virt uni - a LD (Lingu,1gem D0cumenl.íri;1J

i\1Ias, cliferc11tcmc11le ela LN, o sistema ele relações elas LNs


niio € virtuaL hem como seus mecanismos ele articulaçiio
s,10 cxtrcma111c11tc precários, cmfncc claCJucles existentes nas
línguas, cm geral. Hcn, ao cont drio, elementos dessa li11gua­
ge111 cspccí(ica são selecionados ele universos cletcnninilclos
e seu sistcnlél clt: rclilç6cs { construíâo, sendo inclispcns.ivd,
para ui i/iz;-í-la, a o:ist(;ncia de rt'gras cxplfcitns. Por esse
motirn, as LYs siio linguugrns CtJnstruíclas.

O mundo contemporâneo se dcsnucl.1 cm sua comple­


xidade: todos os povos lutam paru ter vez e voz no concerto
das n,1çõcs. A constituiç.10 de ptJ]os hcgcmônicos consolida­
se a partir uo conhecimento. [ ;1 linguagem clocwncntâria jogi..l
p;:_1pd decisivo nessa re.1lid,1dc.
O des,1fiu é grande. .r\s pi1bvrns, "suspensas no ,:ir ", pu­
rarn su,1 da11(,:;:_1. i\ll;1s ,1s ,1Llll)réls desse livro, com cifr1ei,1 e
cornpdfnciJ, top,1111 o dcsnl"io. E vcnctm. t ler p;1rn crer.

Alaria 1lparccida Bacce,ga


Profrssora Livrc-d,.>ernll'
da E,,:ol,1 dt: Con1trnic;1çÕêS ,, ,·\t'les
d;:i llnivcrsid, de (k São Pm!lo

12
Introducão )

Se no 1x1ss,Klo :1s diCcffntes form.1s de nomc,1r o �1rco-íris


entre povos, ou .:is rebções diversas entre língu:1s p:ir:1 dizer
"cu estou com dor de c1beç:1" eram percebidas como c,1sos par­
ticuln rcs ou idiotismos, hoje, sJo en t endi(lé1s como 111�1-
nifrsL:içõcs naturais, gera(bs pelas diferenças de signific.:.mll' e
de subst.ínci:1 semJnlic.1, um.1 vez que o signifiG1do compôe,
indíssociavelmenle, i.1 tmid.1de numa cfod,1 língu:1
Com ef'cito, enq11,mto n:1 nossa cultura distinguimos
sele cores no :1rco-íris, entre os brct:'ios e os gauleses esse
11(1mcro cai pJr.:.1 quntro, por exemplo, 11;1 zon:1 onde distin­
guimos :1zul e verde, des idcntific:1111 ,1pcn:1s o ºgl:is" E, de
form:1 semelh:rnte ?1 noss.1 expressJo ''Eu tenho um:1 dor de
c:1bcç:1" correspondem cm fr:111cês ou em it:ili:1110 outr:1s rc-
1.:içõcs: "J'ai 111;:il ?! b U:te" ou "J'vli dt1olc il c:1po".
Ev1denlementc, cm muitos rnsos pode-se ter .1 ilus:'io de
mer:1 t r:rnsposiçiio de ncimcs ou t roc:1 de significan lcs, corno
cm "ciio: dog/chien". EntrcL111lo, a esses sig11ific.1 11tcs corres­
pondem signific,1dos rcbcion:1clos ,1 tocb expcriêncin cultu­
r:11 dos fol.:intes de c.:.1(1::! língun, o que Icv:ir:í, irrcmedi,1vcl-
111cnle, .1 signific1dos diferentes, portanto ,1 signos diferentes.
Pode-se, pois, dizer que cada língua néltural - LN - ana­
lisa os dados da experiência segundo padrões que dependem
da trmliç.:'io culturéll e do momento social do povo que a fala.
Isso fziz com que possamos dizer que cada LN f, J. rigor, umé1
ilnálise da sociedade, cio homem particip.:i.nte de um grupo e
de suJ. cultura.
MJ.rtinet (1969) diz: "Urna línguu é um instrumento
de comunicação segundo o qual de modo vc1rióvel de comu­
nicbcle p,ffél comunicbcle se anc1lis3 3 experiênciJ. hurnAnél em
unidzides provi<lc1s de conteúdo semâ.nlico e de expressão
fônica e em unidades clistintiv.:is sucessivas".
Mils isso n3o permite dizer que rn1rnél. mesmn comuni­
cbde as cstruturéls lingüístic1s sc;jarn homogêneéls. focilmcntc
obscrvzt-sc que as pessoas de umi1 mesmél comunidade lin­
gt"ríslica nno falam do mesmo modo. Entretanto, desde que
essc1s difrrcn�·as scjc1m tais que n3o impeço.ma comunicação,
dizemos q11e estamos diante de uma mesma língua.
Seguramente, se fizéssemos uma an6.lise cios sons pro­
duzidos pelas pessoas de um grupo culturztlmente homogê­
neo e de mesma língu:1, encontrnrí.Jmos inúmeré.lS difercn­
ç.::is No entonto, essüs diferenças de timbre, de intcnsicL::ide,
de c1ltur:1 etc., n5o s3o, freqüentemente, sentidas nem pelo
emissor, nem pelo receptor, nemtampouco como impeditivas
de comunicnção.
/\ "posiç3o" rebtivc1 do signo explicitc1 a noção de valor.
O.llémdo dizemos que umc1 peça ele abbastro Vi1le x, dizemos
que cb pode ser trocada por um outro ol�jeto de nal ureza
diferente dinheiro, ouro ele. Portanto seu poder de trocc1 esló
condicionado a relações fixéls existcn tes entre ele e objetos dc1

14
mesma natureza, como outras peçns de nlabastro, prove­
nientes de outros lugnres.
Na LN, o elemento ele troca é o signo lingüístico, que
associa um significante (imagem ncúslicJ.) a um significado
(conceito). Seu poder de troca esUí ligé!do ao falo de poder
servir para designilr urna realidade lingüística que lhe é es­
tranha (reillidnde atingic!J. por intermédio de seu significado,
mas que n3.o é seu significado). Méls esle poder significativo
que constitui o signo é eslrilamenle condicionéldo pelas re­
lações que o unem aos oulros signos da língua, de sorle que
n.10 se pode escolhê-lo sem o recolocilr numa rede de relações
intra-lingüísticas.
Com os limites próprios de umél linguagem construída,
as linguagens clocumenUirias � LDs � se valem de quase to­
dos os conceitos apresentados para a LN, constituem sisternns
onde as unicb.des se organizam cm rel,1ç·õcs de dependência.
No entanto, n3.o se pode dizer que s�jil.m signos, urnn
vez que faltürn a suas unidades caraclerísticüs bi\sicas ele sig­
no: significante e significado articulados segundo pmlrões
sócio-culturais com clisponibilidaclcs virtuais de significaç3.o.
Também n.'io dependem nem da lradiç3.o cultural, nem
do momento social e sim de convenções cstélbclccidas no cem­
junto do próprio sistema que é, por isso, est:ílico e homogêneo.
N3.o se processa com essas Iinguügens uma cornunicél­
ção no sentido estrilo. Processa-se, antes, urna decodificação
purél e simples, à rn,meira de códigos csUílicos.
Ivlas, a utilização de unidades retiradas da LN, dá às LDs
um carMer parlicubr que as lorna, de certa forma, diferen­
tes dos sistemos esltilicos. Na sua utilizaçôo h;:í, como que
uma contnrninüção da mobilidade da LN, passnda via esco-

15
lbzis lexicais que se tr<1nsform<1m cm unidzidcs clocu­
mcntárié.ls. Assim, JS LDs n5o se livrarn completamente de
interferências culturais que acahnm por exigir um trabalho
qu<'.1se permanente de atu,1lizaçiio.
O c.1rátcr sistémico fica garuntido com zi impossibilidade
de se ler uma unicbdc cm scpar;)do. De foto, c.:lll.1 unid;-1de só
pode ser ''lida" 11,1 sua relação com élS demziis unicbdcs com­
ponentes do sistema.
Por serem sistemas cunstruíclos, ns LDs sfio cconômic.1s.
Só que 11;10 se trata da ,1plicaçZio cio princípio de cconomiu da
LN e sim de t1rn,1 r.1cion,1liz.:içJo de escollws e de procedimen­
tos, que pcrrnit:1111 um,1 utilizac_:;.1.0 eficaz do sistcm.1.
;\s rcluçê5cs pé1r,1digrnáticas e sintagmáticil.s também
ocorrem, só que de forma basl:mtc rcstritn, especi,1lmentr
n;_is construçôes dos sinlélgm,1s.
No cnL:rnto, n.is LDs fic.:1 evidente o poder de troc.i di1S
unidades, num,1 posiçi'io bastante próxim,1 d,1 LN. Cad,1 uni­
d;idc don1111cntária clcsign,1 t1m<1 re;:i]idadc drntro do sistema
construído, o que lornü. evidente o v.ilor e él possihilid,1de de
troca, de representação.
!)e toda fornw, as LDs sfio trihut,irias da LN, n;i rncdidd
cm que silo construíd.is a p;_irtir deb. Embora haja um esfor­
Çl) de ncutraliz.içZio de tTi-lÇOS que fazem da LN um sistema

aberto, hetcrogrneo e multiforme, ,is l.Ds ac;1ham por assirni­


J:cir nlgum;_1s particul.iridades, um:1 vez que se vokm de uni­
dades chi l.N e sfio m:mipubd,1s, freqüentemente por seres que
têm nc1 LN c1lgo, nutur;1lrnc11tc. incorpora.do ci su,1 existência.
/\ funç;10 da I.D {: trnt;ir o conhecimento dispondo-o
como infornwç.'iu Em outr:1s p.il:nTns, compete i1s Ll)s trans­
formar estoques ele conhecimentos cm informilções a.dcqu.1-

16
cbs nos diferentes segmentos sociais. É esse partilhamento
que esló. na b.Jse do cm6.ter público da inforrnaçi'i:o e que não
pode ser obtido nu a.usência de 11rna LD. De f,.1to, duranle
muito tempo acreditou-se que a disponibilização dos esto­
ques seria. suficiente pari1 .:1 sua socialização. Mas, allu:il­
menle, o fundamenl,11 é a existência de uma forma de or­
g;rnizüção que güranta o partilk1rnento. Ess;:i org;:iniz.:1ç,10 é
,, LD.
Coya.ud (1972) c1ponti1va, na rebç:i.o entre a Lingüísti-­
ca e n Documentação, ilquilo que consider.wa ser 11111 gr;in­
de defeito: por 11111 belo, os teóricos cb Lingúíslirn ac1hav;im
lrab;ill1,111do sobre questões ahstrnt;is, ficarnlo inlciramcnle
ausentes inf'orrna�:õcs sobre as línguas concrct;is. A seu ver
os lingüistas poderiam ser divididos cm dois grupos: os teó­
ricos que pendiam pziri-1 ;i lógica, p,1r<1 a busca de L111ivl'Tsais
dü li11g1wgem, ignor;indo mesmo i.lS línguas concretas; e os
especialistas numu dada língua que ,1rnbarn por se fechar
nclu e por força de um terminologia prôprÍ3 chcg�1Varn ao
limite da inconrnnic;ibi!iclade, até mesmo com o grupo lcó­
nco. Entre estes dois extremos 11,wia um v,1zio.
Evidentemente que esto quest}o nem é l,fo simples, nem
li'io clara. De todn forma, parecem faltar lrahal11os de rnrá­
lcr extcnsiLll1é11 que poss;:irn f.1zcr de for111a produtiv.:1 a lign­
çJo de teorias conlemporé1neas com prMicas soci,lis.
Conhecer primeiro os meandros cb linguc1gern p,1rcce
ser pré-requisito, r;iúi.o pela qu;il fori1111 introduzidos nesse
livro conceitos qur pcr111Íli1111 ;iprof'undar conhecírncnlos Ji.1
,1c11mulaclos.
Oo ponto de vist;i cb lingu,1gcrn três aspectos rncrecnn
dest;ique: ;i de111,1rc;içJo, a signific1çJo e a comunic.1ção. 5,°io

l7
esses aspectos que, segundo Kristevo (1969:14), permitem
dizer que todas élS µr6.ticas human;_is sJo tipos de linguagens.
Quanto us linguagens documentários, é necessário que
scjJ.rn vislAs, simultJ.ne:uncnte, como sistemas e como prá­
ticas sociois com lod;_is as suas implicações que vão de seu
aspecto moteriol, consubstanciado cm codeias ele unidades, ?!
sua 11::-ilurcz,1 comunicativa que pressupõe acordo entre su­
jeitos que dela se valem. !\!esse sentido, urna LO n:'io se apre­
sent<1 como uma construçil.o univcrsol, segue princípios (mi­
cos, mas reflete práticas soci<1is distintas relacion;:ic!as 1150 só
às nccessicbdcs cspecífic<1s de informação dos v{trios scg­
rn enlos sociais mas também aos vjrios consensos que os
rnracteriz:1m.
O livro orgonizil-sc, além d.1 Introcluçi:io, em quatro ca­
pítulos O primeiro trnz considerações, como o título sin<1li­
z<1, sobre conhecimento, informnção e linguilgcm vcrb.Jl ou
natural - LN. O segundo enfoca asµeclos importantes das
linguagens JocumenUírias - LDs. O terceiro discute relüções
intervenientes nas linguagens document.:írias e o qumto re­
lomi:l conceitos de se111ilntic;1 lingüístirn que têm µapel f un­
d<1rnenlal n<1 construçi'io de LDs.

18
1
Conhecimento, informação e
linguagem
.. � ...

1 .1 CONHECIMENTO E INFORivl:\Çi\O

E m est:ido dicionário informação significa "aç3o ou efei­


to de informar", "instruçâo", "indagélçJo", "investigc1ção",
"notícia".
O significêido de i1!formaç/ío implic.J a presençi-1 de serné.ls
que envolvem apresentaçJo, representação ou criação de idéia,
segundo uma forma. Em sumi1, a informação constitui, ela
mesmc1, um conhecimento potencialmente tro.nsmissível.
Sob outro ângulo, pode-se dizer que a i,formação rela­
ciom1-se ,?i identifirnção de um ''sinal" e supõe umil "forma"
p;:1ssívrl de ser interprelé:1dé.1 como mensagem.
De outr;:i ótirn, ainda, sabe-se que a i,�formação se cons­
titui, ni.l sociedade modern<1, em ingrediente indispensável do
dia-<1-dia dc1s pessoas, graças, de modo especial, aos veículos
de comunicação de mass<1
Entretanto, é em sentido específico de algum tipo de co­
nhecimento produzido no nível do mundo científico e
tecnológico que interessa fazer considerações.
Dü mesma forma que a informação acontece nos dois

19
cxtn-mos do circuito da comunicnção, o conhecimento Jcon­
tece no extremo do emissor, responsável peb criaçiio cm si e
no extremo do receptor, onde se e.ló. il recepção du inform<1ção
criach
Neste sentido, 1x.1rcce indiscutível que il infonnaç.io cum­
pre p:ipel decisivo na mudanç:i dos destinos dü llllmanicbde,
uma vez que ela está, dirct1mcnte, ligada ao conhecimento e
;10 desenvolvimento ck cadn um.:i das ,Ín'as do saber, )<"i que
todo conhfcirnento começi.1 por algum tipo de infonn;1çôo e
se constitui em inforrnilçi'io.
A purtir da déc1cb de 1970, a noção de informaçiio, hem
como os lermos que ;1 represcntnm tomam vulto, seja 11;1
constituiçJ.o dos discursos, seja n.1 crinç.:io de disciplinas cs­
pecífico1s. ;\credita-se mesmo que a sua expansifo represente,
na sociedade ocidt'nl�1l, um elos maiores sucessos de uma p:i­
lavra no século XX.
i\ utilizaçJo rccorrrntt' da p<1bvra gerou, como é natu­
ral, urn<.1 variaç5o conceit u<1l. Assim, fab-se do conceito de
informação em diferentes áreas de conhecimento, podendo a
rel<1ção infon11;1ção/conhecimento ser observadJ ;1 partir de
trfs aspectos que se complcmcnt;1m:
• engu;rnto o conhecimento é estruturado, coerente e
frcgiientemcnle univcrs,1!, il inforrn:1ção é atomizada,
fra.gmenladc1 e p,1rticular;
• cngu;mto o conhecimento é ele duração significc1.tiv.1,
a informação é lcrnporáriil, transitória, U1lvcz mes­
mo efêmera;
• enquanto o Clll1hccimcnto é um estoque, �1 inforrné1-
ção t um fluxo de mensagens.

20
Com efeito, o estoque de conhecimentDs é alterado com
o input ele novas informações, em virtude ele adições, reestru­
turnç·ões ou mudanç<1s.
l'vlas, para que o conhecimento <ln sociedade não se perc.1
e possa ser compartilhé!do, ele é registrado num do.do su­
porte: livro, imagem, foto, disco etc., passando ;-1 se consti­
tuir um documento.
O desenvolvimento científico e tecnológico tem
proporcionado ;'i sociccbde um.1 massn enorme de inforrn;-1-
1;:ôes ger,1doras de conhecimentos, portanto de documentos,
que precisam ser tratados ,1dequadamc11te para que h,�j;i n.io
só a sua divulgaçJo, como também .:.1 criaçJo de novos co­
nhecimentos, cumprindo ;1ssim a rotina natur.:.11 d,1 própri.:.1
ciência.
Daí o papel fundilmcntal da {irea de documentuçiio,
respons;ívcl pela tri,1gem, orgzrnização e c011scrv.:.1çJo cb in­
formaçc°io, bem como pela viabi!i7.élç:io a seu acesso.
Hé'í que se considerar que i'l massa considerável de docu­
mentos em papel que constitui volume consider.ível vêm se
jtmLmdo, de forma t<1mbém crescente, documentos cm ou­
tros suportes como disco, fotogr;if'i.1, fit.1 111;1gnétic1, vídeo etc.
Scgt111do Waddington (1975), é pr:1ticamcnte impossível
cbr uma imagem do mundo moderno, ciue chegue próxim.1
da cxzitidiio, cm termos Jc conhecimentos acunll!bdos. En­
trel,mto, pode-se chegar a ter uma idéia parci,.1! do probk­
n1:1, qunnclo se consideram os estudos sobre o crescimento
d:1 inlormziçJo científica e técnica nos últimos dois séculos,
;Jlr,1vés só das publicações Je rcvistc1s especializadas desses
,luis campos.
As dui.15 primeirns revistils inteiramente dedicadas ;'i ciên-

2]
eia começaram em 1665: The Philosophical Transactions of
thc Royal Society of London e Journal eles Sçavants (frança). A
partir de 1760, houve uma implcmcntaç5o de publicações
desta natureza que, pouco él pouco, prt1ticamcntc duplica­
r,1m i1 cada quinze anos.
Sabe-se que ;:i.té meados da segunda metade do século
XX. for.::1111 fund.::idas mais de ·100.000 rcvistns cicniífirns. No
entanto, n5o se sabe qu;:inLJs dcsapareccr;im e, hoje, é pratiGl-
111.ente impossível dizer o número ddns. Para se ter uma idéia,
em 1938, c;ilculou-se ern 33.000 o número de revistas cien­
tíficns publicadas, sendo que no final dos ;inos "J 960, ele atin­
gi;i cerca de 60.000, com um milh5o de artigos in<lividun.is
por ,u10 Estimava-se, cm 1996, que havia 200 000 perió­
dicos em circulação, número que continun crescendo pri11ci­
p,.1lmentc <1 pürlir de sua difusão em formato eletrônico
Os cbdos s.'i:o, sem dúvidn, imprecisos, méls suficientes
para demonstrar a dimensão do probkrna ct�jo desdobra­
mento pode ser observado por meio da criação de revist;:i.s
secundárias e terciárias, do fenômeno da "redcscoberlé1" cien­
tífic1, da tendência.:) cspeci,1liz<1ção e d;i rApida obsolescência
da informaçno
Com efeito, i1 primeira revisla secundária, n�ja fun�·Jo
é resumir e sintetizar os artigos publicados nas revisL:is pri­
mártas, surgiu na A.lcm,111ha em 1714. De b par<1 có, esse
tipo dr periódico veio aumcnt.:rndo, cheg,rndo mesmo é1 mul­
tiplicar-se com, praticamente, ,1 mesma taxél exponencial d,1s
revistas prím:.irias. Em 1960, czilcu!ou-se em 1.900 o nú­
mero desL1s revist.1s secumtirias.
O volume de revist<ts sccund.:í.rias levou à cri,içJo de re­
visléls tercüírias que informavam sobre as revist<1s de sín-

22
tese. Sob essa mesmi'l perspectiva, criou-se o Sistema Uni­
versal de lnformaçiio Científica (UNIS!ST), com o patrocínio
dé1s Nações Unidns, com .:, tarefa central de arm.:1zené1r toda
a informJção científirn em um comJmlJdor central, dotado
de um sistema de busca.
O terceiro desclobré1mento diz respeito il um frnômeno
muito comum hc�je: é mnis fócil redescobrir J.lgo que saber
se zilguérn jtí o descobriu antes. /\creditam alguns que este
fenômeno cb "rcdescobcrt:1" poss:1 tornar-se um dos princi­
pais fotores limit:.H.lores da li.1xa de .:iv;_rnc,:o da ciênciil na so­
ciedade contemporé'\nc:1. H;:í, por vezes, um dispêndio enor­
me de recursos ln1111anos e materíélis p,1rzi drscohrir o j6
descoberto
/\ trndênciil fi rspccic1liJ;:.1dc constituiu um;_1 c.1r ;_1eterís­
tica muito presente 11,1s décad.:is p�1ss,1<las, chegando mesmo
:1 motivar filósofos e cduc1dorcs p,1r;_1 discutir ;1 questão da
intcrdisciplinaricbcle. Nos úllimos anos, embora oinda per­
sista, com s;_1liência, esln c.:iracterística, assish:-sc a urna for­
te reaçilo à alta especialidade, de modo pélrticular com os
movimentos denominados pós-modernos.
;\ velocicbde de procliH;,"ío ele inforrn.:içilo tem como con­
scqiif'ncia quase imcdiat:1 ,1 obsolcscênciil de conhecimentos.
De .Soll:1 Pricc discutiu isto cm krrnos cio que ck chzunou de
coeficiente de irncdialismo: se ,1 qu;:mlicfade de infor111.1ç'i'10
dobra cm quinze anos, rb sCTin ,r\ no início deste período e
lA no fim do mesmo período O acdscimo de A é A e o
coeficiente de imecli<1tismo é i\./21\ = 1/2. lslo é, ao c.1bo de
quinze ;_mos, 50% chs i11forrn;1\·õrs disponíveis ser3o fruto
de descohcrL1s rcaliLi1cli1s durc111lc o pcríudo cm qucst.:io (Pricc,
·1965)

__
'.)�)
Não é difícil perceber que em áreas de awmço muito
veloz, como n computaç.10, o período de duplicaçJo não é
15 anos, mas muito menor, talvez 4, o que ampli,� b.1stante
o índice de obsolescfnci.J.
/\.ssim, cieiro esl{i que ninguém pode, nem mesmo numn
área de especiulidadc, avenlurar-se a "conhecer" ludo o que se
publica. f'vfas também é cbro que uma pessoa pode conseguir
informações p,nciais em níveis satisfolórios, gri..lps aos meios
desenvolvidos pnrn gu:irda e rccuperaç.10 e.la informaçiio.
As necessidades, 11.:üurülmrnte, v.:iriam de um domínio
parJ. outro, de um grupo para outro, segundo o eslé.Ígio de
Jcst'nvolvimenlo da .íreo., a n.:itureza cios usu.:ít·ios, seus ob­
jetivos A.pesar dessas variações, é preciso que as informa­
ções srj;:im confiAvcis, atuais e inwcfoltamcnle disponíveis.
Para se chrgar i.l isso é indispens,1vel um trabalho sistc­
míltico que se compõe de um conjunto de opernções cm ca­
dei,1, isto é, operações marcadas por íntima relação entre cada
urna das etapas: .:is últinrns oper;-1ções estão ligadas .:)s pri­
meiras e as primeiras v.10 conduzindo às últimas.
Numa extrc111id�1de da rnciciJ. estJo os documentos que
seriio [ralados e, na outra, os resultados desse processo ex­
pressos em produtos docume11l,írios cio tipo: rdcrêncii.ls, des­
crições de documentos, publicações secuncli5ri.:is e terciéÍrias.
O processo começa peln opcraçi=io ele coleta Jc dados que
se constillli num procedimento ele alimcntaçi'io, por meio do
con1unto de documentos que p,1ss;1rn a intcgri1r umJ. unida­
Jc ele informc.1çfio
A primeiri1 rJ.se que se decompõe em éllgumJ.s eli.1p�1s
sucessiv,1s (loc;ilizaçâo de documentos, triagem e escolha,
procedimentos de üquisiç<lo propriamente ditos) exige pro-·

24
fissionais atualizados em relação à evolução <lo conhecimento
e à produção no domínio considerado, o que supõe que a
unidndr dr informação esteja bem integra.da no circuito cien­
tífico nacion:.11 e internacional, formal e informal.
Quando se trüta de publicações disponíveis no merca­
do, a coktn npóia-sc em fontes identificáveis e acessíveis: dc­
pósilo leg.Jl, bibliografias nacionais, G1ti.Í]ogos de editores, ou
c:1tólogos coletivos, índices, repertórios, bibliografids de toda
espécie. Mas, quando se trata de localizm um.:i lilerntura dita
sublcrrânca, é fund,1mcntdl que se poss.J dispor de umél rede
de perrnul;1 e de aquisição sistern.ítica, o que implica inte­
gração no circuito científico da ,írc�1.
A scgundn fase do processo consiste cm opernções de
controle e registro do materi,11. Nesta fase, é frito o tratü­
mcnto intelcctlwl dos documentos, por meio <le descriç,10 lii­
bliogrófica. descrição do conteúdo, cstoc�1gem, busca e difu­
são. Todüs essas opt.>rações visam cncontrnr, de imedi,ito, a
informnção necessúria pari1 responder à dcrnand,1.
i\ tmefo inicial consiste cm proceder à idrntific1ção do
documento, o que é feito por intermédio de urna dcscriç5o hi­
bliogrMiG1 ou de u1Lílogo que explicita Slli.1S c:11-;_1cteríslicas for­
m.:i.is: autor. título, fonte, formato, língua, data da ecliçJo etc.
Em scguicb, é frit:1 a descrição do conteúdo, dcnomina­
cb análise clocumcnlária. Esta etap.:i. recobre oper<1ções de des­
crição das informac,-õcs que trazem o documento, e i1 trndu­
ç.3.o dessas informações 11u111<1 formubçâo aceiLí.vel pelo
sistema adolado.
Daí nasce il rclé1ção cb ciência da inforrnaçZín com a lin­
guagem nnturnl, rclnr,10 que p1-ccisc1 ser ;111<1lis;1da do iln­
gulo dil guarda e da recuperação dos documentos, por meio

25
de sistemas que fazem a representação dJ inform;:içiio que
veiculam conhecimento.
Não só o volume de documentos constituídos cm lin­
guagem natural, corno também a nJ.turezJ. da linguagem
verbal, justificam um;i reflex."io e specífica

1.2 LINCUAGEM: CAR,-\CTERÍSTlCAS GERAIS

A linguagem, enquanto ol�jeto de reflexão, perde-se no


tempo; entrelirnto, enquanto objeto de uma ciência, é relati­
vamente recente.
O rnrcJ.tcr científico deu à lingungem um.1 f"orp t"1l que,
hoje, pode-se dizer que da é tornadiJ como chave ele acesso
do home m moderno .:'is lei s do funcionamento social
(Kristeva, 1969).
Embora, desde sempre, da tenha sido considcrad.:1 na
sué.l articulação hornt'm/socicd"1dc, hoje, busca-se um isola­
mento metodológico na tentativa de vê-b corno ol�cto par­
ticulJ.r em si mesmél. O homem como que se distancia, se
descola dn Jinguagrm que o constitui e obriga-se n "dizer o
modo como diz". (Kristeva, I 969, p. 14)
Neste esforço de m:lis e melhor conhecer .:1 lingw1gcm,
os primeiros aspectos que se sobressaem s3o ,1 dcrnarcaç.10,
a significação e .:1 comunic.:1ção.
Em primeiro lugar, é preciso dizer que todJ.s as pdti­
c;:1s humanas s:io tipos dt' linglli1gcns, j;í qut' cbs têm :1 fun­
ç5o de c.lcm,irc1r, significar e comunicar. Entrd:111to, como
c1ssi11:1b Barlhes (1964), C]lli1lqucr sistem:1 scmiológico repas­
sa-se de linguagem verbal.

26
Ao longo <los tempos, a concepção <le linguagem foi se
modificando, à mercê do saber constituído e <la ideologia rei­
nante. J\lé o século XVIII, predominou uma concepção teoló­
gica que colocava cm primeiro plano sua origem e as regras
universais da sua lógica. O século XIX foi marc1do por uma
concepçô.o liisloricisla que via a linguagem como um pro­
cesso cm cvoluç.:io alr.Jvés dos tempos. Hoje predominam as
concepções <la linguagem corno sistema ern funcionamento.
J\ prática da linguagem é marcc1dc1 por umc1 tendência
n.Jtural do homem: compreender, governar e modificar o
mundo. Com efeito, o homem busca, incansavelmente, e11-
ccmtr,1r um.:i ordem para as coisas, j.5. que um mundo caóti­
co seria incompreensível, insuportável; por isso ele busca
encontrar, em meio n aparência caóliG1, uma ordem mesmo
que sul�jacenle, uma estruluré1 capaz de explicar JS coisns.
Nél sua busca ref1exiva, o homem trabalha com umn es­
trutura que é, a um só tempo, estMica e dini'imica, isto é, que
permite .J fixaç.:io de cada c1parência dentro do esquema geral
de referência, ao mesmo tempo em que deixa esp,1ço para que
essa mesn1,1 aparência su1ja num outro ponto do quadro, a
partir de outras relações, repelindo o mesmo processo.
/\ssim, situa-se numa ponta a .:_1preensão e, na outra, a
compreensz"i.o O primuro esforço, o de fixaçô.o, equivale ,1
uma Céltalogaçô.o do mundo. O segundo, o de coordenação,
equivale a uma hierarquizaç.'io do mundo
E dentre :1s coisas a conhecer, provavelmente, seja a lin­
gu.:1gem verbal uma das mais 111trigilntcs, jó. que ela se foz
presente no dia-,1-dia, de forma inalienável, participando do
processo e do produto deste conhecer.
Como é feita <le palavras, a grande maioria dos dados

27
de que o homem dispõe, daquilo que forma seu intelecto,
p.::in:cc importante pensar a p;:ilavrn, unidade recoberta por
inúmeras dificuldades, entre élS quais pode-se cit;:ir o fato de
nem todJs as línguas possuírem escrita e, portanto, ;:i idcn­
tificaçiio da 1x1lavr;:i com o espaço em branco ser, cm alguns
cé:lsos, inviável.
f!usser (1963, p. 22) lenta atingir um nível de explirn­
ção pélra a palavra, construimlo uma imagem que tenta ex­
pressar él passogem das sensações para a lingu.::igern. Diz ck:
"Há, ap;_irenternente, um,1 insU\ncia entre sentido e intelec­
to, que transforma dado cm p3!.:lVrél. O intelecto sensu stricto
é uma tecel<1gem que usa pabvr;:is como fios. O intelecto
smsu lato tem uma ante-s<1la n:1 qual funciona uma fü1çi-'io
que tr,rnsform,1 o.lgod.'io bruto (dados dos sentidos) em fios
(p,1lavras). A maioriz1 Uél m:1téria-prima, porém, jA vem cm
forma de fios."
Para ele, :10 se dd"inir realid<1de como conjunto de dados,
se estéí concebendo que .1 vid.i do homem se passa numa du­
pli:1 realidade: por um lado, ,� re.:1lid<1dc cbs palavrns; por ou­
tro, a rei1lidack dos dac.los brutos ou imediatos. Co11siderc1ndo
que os e.lodos brutos oliqj;:im o intelecto nJ. forma de p,1la­
vrJs, pode-se dizer que a rco.lidacJc se f;iz com p;1bvrns e p<1-
bvr.1s in statu nasccncli.
Na prcítica da linguilgcm !1é.llural, sabe-se que ;is p:1la­
vras chegam até ,1s pessoo.s por intermédio cios sentidos de
forma org,rniz;i(b, isto é, si'io agrupadas ele acordo com re­
gras preestahclecicJas, formando frnses.
De um bdo, entJo, ;1 língua pode ser vist;:i como um
sistema cuj;is unidades se articul:1m nu pbno da expressão e
do conteúdo, planos que se unificam como o ímico modo de

28
ser do pensamento, a sua realidade e a sua rc<1lizaçô.o. As­
sim, a língua integra o universo mais amplo da linguagem e
atua corno elemento fundamental na comunicaç5o social.
Da mcsrnél forn,il que não há socied;-i<le sem linguagem,
nzio há sociedélde sem comunicação. "Tudo o que se produz
como linguagem tem lugm· nél trnc.:1 soci;1l para ser comuni­
cado" (Flusser, 1963, p. 12).
Nél comunicação, ohserva-se que todo f,1Lmte assume
o cluplo pélpcl de destinador e destinaUírio Jc mensagem, pois
�10 mesmo tempo cm que é capaz de emiti-Ias, sabe decifrá­
Lis. Ou sejél, na situação natur;1l de cornunicaçJ.o, o fa!.,mtc
n;:io emite mensagem que ele nôo sc:ja capaz ele decifrar.
Assim se introduz o fobntc no complexo domínio do
sL�jcito, isto é, no universo ela sua constituiçJ.o e da sua rrla­
ç;fo com o outro. Na rclé1Çi10 consigo mesmo e com o outro
fabnlc, opera com o ato de nomrnr que é frito com ,1 língua,
exterior élo indivíduo e submissa a umél espécie de contrato
soci;1] firmado, n,:lluralmente, para garantir J comunicação .
.r\ língua é, pois, um sisternél de signos e regras com­
binütórias que, de fato, nzi:o se rrnliza completamente na fola
ele nenhum sujeito. Ele, só existe completamente na massa,
no co11JU1lto de uma socied,1c!c. Mas t;imbérn é um sislemél
ele relações virtuais cm permanente disponibi!i(bclc para o
folante.
Enqu,mto realizaçzi:o, pode-se dizer que, qu.:mdo as pa­
bvL1s s.'io percebidas, percebe-se uma realid,xle ordenada,
um cosmo, o que permite di7.er que a língua é também o
coi'.junto de frases percebidas e perceptíveis
Por outro lado, as p;1bvr;1s sJo aprccmlidas e compreen­
didas como símbolos, isto é, como tendo significado, por-

29
que, por meio de um <lcordo entre vários contratantes, elas
substituem algo, apontam para algo, são "procuradoras" de
algo.
É, pois, <l partir de um acordo entre st�jeitos que os sinélis
são apreendidos e compreendidos, reJ.lizando, em sociedmle, o
GHi.'íter simbólico cl.J. língua, condição do pensamento.
Tradicionalmente, são distinguidéls as palavras él pü.rtir
de seus significJ.dos em substantivos, acljetivos, verbos etc. A
mesma tradiçJ.o ensina que substantivos significam "subs-
15 .ncias", que acljetivos signific.J.m "qualidades", que verbos
signifirnm "processos modific.J.nclo substilnciéls", que prepo­
sições e conjunções significam "relações" entre substâncias
Essa classif'irnç:ão, nJ.o obstante ser enfatizada, oferece
pontos de conflito muito evidentes. A.ntes de mais nada, ela
pressupõe umél realidade absolut<l, um universo uniforme­
mente ordeno.do, urna estrutura rígida de mundo, e'.Spclhada
na estrutura da língua. É mais ou menos como na concep­
ção platônica em que o fenomen.J.l espelha a estrutura do
mundo cl<ls idéias.
Se <l realid.J.de rn,iis ampla mostrn línguas como o chinês
e, de resto, as língu;is ,iglutinadas f assil{1bicas onck esta divi­
são não faz sentido, <l. presença mais imedi3ta da língu.J. m.J.­
lern3 mostra reéllidades que põem cm cheque esta divisão.
Enquanto n<l. frase "Isto é uma caixa grande", "caixa" e
"grande" são expressões .J.utênticas, respectivamente, das sig-
11ifiu1ç:ões substâncii.l e qualidade, n,1 frnse "Isto é um cai­
xão" a qualicl.J.de como que vem engolicl.J. pela substância. J{J
nil frase "Viver é luti.lr" observam-se processos assumidos
como substil.ncias.
Os exemplos poderiam ser multiplicados, 1jara mostrar

30
que a cla.ssifirnção absoluta n3o corresponde à re<1lidade.
Entrclémto, é preciso éldmitir que a classificação tradicional,
mesmo com possíveis defeitos, oferece vantagens, na medi­
da cm que e!J. permite ver a língua corno um sistema de
símbolos apontando parél <1lgo, ou significando <1lgo. Na
rez1lidade, a línguél não se constitui num cortjunto de símbo­
los equivJkntcs, rnc1s, antes, num conjunto de símbolos
hiern.rquicamcnte difcrenciJc!os. O signific<1clo de c;1cla sím­
bolo só se torna compreensível dentro do conjunto do siste-
1m1 inteiro.
A língua não é funçJo do sL0eito falante nem sucessão
de pé1lavr,1s correspondentes ü outras equiv,1lentcs. É um sis­
tem,1-estrulura de valores e formns. Os sistcmJs de v.Jlores
nfio sZío construções p<1rticubres de um indivíduo; s.10, ,m­
ies, o resultado de todo um contexto socioh1stórico que de­
terrnin.:i ;.1s condições de produç.10 do discurso.

31
2
Linguagens documentárias

2. N:\TLIREZA, ESPECIFICIDADE E FLIN<_:ÔES

llrn rJpido retrospecto sohre a ií.re.i da documentaç,.fo


moslr,1 que, nas décadas de 1950 e 1960, com o crescimento
do conlwcirncnto científico e tecnológico, houve dificuldades
para arm.izenar e rccuper:ir informações. A soluç:'io foi en­
contrada com uma mud:inça do enfoque e da nmccituaçJo
da recupcro.ç3o da informa1,::'io. Com efeito, foi 3.Jxrndonada
él JKrspecliva preferencial de rccuper.:içõ:o bibliogrófica e nor-­
malização cli1ssiricatória e descritivo., buscando-se a cons­
trução de linguagens próprias.
Vem dest.1 époc,1 a ulilizaç.'io de Linguagens Docu­
rnent,írias - LDs, par:1 ,1 recupernçi'io Ja informaçZio. Essas
lingu,1gens sJo, pois, construícbs para indexaç:10, arma­
ZfI1<1rnento e rccupcraç:'io da i11formdçiio e correspondem ,1
sistemas de símbolos destinados a "tu.1duzir" os conteúdos
dos documentos
Como decorrênciil destil 111ucbn�·a de conu:il uaçZio da
6rea, houve grande concentraçJo cm cst udos de Lingüística
e de Eslillística, especi,1lmente para viabilizor ,1 ;mtomc1çi:i.o
do tratamento cfa informc1ç,10.
Com os estudos de Ling i.iístirn esprrava-se resolver pro-

33
blemas de vocabuljrio, tendo em vista a construçno de ins­
trumentos nrnis adequndos Estes estudos lev.::m:im a an;'íli­
ses de conteúdos e.la Linguagem N;:itural - LN, a buscas de
métodos de padronizaçõ.o relativos à pass<1gem d.1 LN p<1rn a
LlJ, ;.io estabelecimento de mecanismos para é1 est ruturciç3o
de campos scrn.5.nticos, df c;:impos associativos e de c.1tego­
ri;_1s funcionc1is.
/\ EstAtística, por su;:i vez, foi tom.1dc1 como instrumento
de apoio, tendo cm vist.1 determinar freqüênciéls de descri­
tores, mapeamento Jc ocorrências e <111iÍ!ise de citações, o que
levou élO desenvolvimento da Bibliomctria.
No .1mplo universo da linguagem, éls LDs possuem um
status muito p;:irticul,ir: por meio delas pode-se representar,
de 111z111cira sintética, as informações materiéilizacbs nos
textos.
Tal como a LN, as LDs são sistem,,s simbólicos instituí­
dos que visam facilitélr a cornunicaç3o. Sua funçJo cnrnuni­
Céltiv.:.i, entretanto, é restrita a contextos document;'írios, ou
sej.:i, ns L.Ds devem torn;_ir possível a comtmirnç5o usu,-írio­
sistema.
Grande pc1rte das discussões teóricas sobré' LDs inserem­
sr no 5mbito cb /\nólise Documrntjria que, por su,1 vez, se
define corno uma atividade mclodo!ógicé1 específicé1 no inte­
rior d.1 Documcntaç5.o, que trata d.:.i análise, síntese e repre­
scntaç.10 da inform.:içâo, com o objetivo de recuperá-la e
clisseminá-b.
Nesse contexto, as LDs são, pois, instrumentos inter­
mediários, ou instrumentos de comutação, através dos quais
se realiza a "tr;.idução" d<.1 síntese dos textos e das perguntas
dos usuários. Estél "tradução" é feita em unidades infor-

34
macionais ou conjunto de unidades aptas a integrar siste­
mas documenti'írios. !\ formalização d<1s perguntas dos usuá­
rios é feitzi rn.1 linguagem do próprio sistema. É por esta ra­
zão que as LDs podem ser concebidas como instrumentos de
comutação documentária.
Ivl3s, diferentemente da LN, o sistema de relações das
LDs não é virtual, hem corno seus rneGmismos de articub­
çii:o s.10 extremamente precários, em frice daqueles existen­
les nas língu.:is em geral. Bem uo contréÍrio, elementos dessa
linguagem específica sBo selecionados de universos determi­
n.:1dos e seu sistema c.le rclaçües é construído, sendo indis­
pens:i.wl, para utilizj-Ja, n existência de regras explícitas Por
esse motivo, as LDs são linguagens construídas.
C.:ida LD específirn representa, por outro Indo, um pon­
to de vist.1 p;:irticubr sobre a rcalidé1de. Como sistem.:i de
rclaçües construído, o signific1do c.le cada um de seus ele­
mentos vai estar direL'..1mente subordinado às definições cor­
respondentes .:ios elementos colocados nas posições supe­
riores do sistema.
Segundo Gardin, uma LO é um conjunto ele termos, pro­
vidos mi n-10 de regras sintiitici.1s, utilizadas pnra represen­
tar conteúdos de documentos técnico-científicos com fins de
clé1ssific.1ção ou busc;1 relrospectivn de inform.:içõcs (Gardin
ct al, ]968).
Para o autor, umél. LD deve integrnr três ekrnentos
b;isicos:
• um léxico, identificado como urna list.::i de elementos
descritores, devidnmente filtrados e depurndos;
• urna rede paradigrn.:ítica pnra traduzir certzis relações
essenciais e, geralmente estáveis, entre descritores. Essa

35
rcclc lógico-sem5.ntirn, corresponde i'1 org;:mizaç3o clos
descritores numa forma que, lato sensu, poder-se-ia
chamar classificaçJo; e
• uma rede sint<1grn;Hiu-1 destinada a express.:ir as re!u­
ções contingentes cntrc os descritores, rcluções que s<"i.o
v,ílidas no contexto particllbr onde aparecem. A cons­
truç.:io de "sinlagm.1s" é feita por meio de regrns sin­
táticas destinadas J. coorden.:ir os termos ciue dão conl,1
do tema.
Embora 11.1 LN haja diferl'nça conceitua] clara entre lé­
xico, vocabul.írio, nomencblura e terminologia, observurn­
se usos sinonírnicos dC' léxico e voc,1bul:.írio por um lado, e
nomencbt ura e lerminologi,1 por outro.
Nas LJJs, por sua vez, é bastante freqi"icntc o uso
inJiscriminziclo destas p,1lavr;1s, o que pode compromder o
próprio conceito ele reprcsent,içiio clocumcntária, na medida
cm que a cada lermo deveria corresponder urna funç.:io dife­
rente dentro du linguagem.
Entret.1nto, cadél urna dess.:is pnlavras remele ,1 conceitos
específicos, o que nos permite dizer que cada umn tem
c;ir;iclcrísticJs e funções própri,1s, fator suficiente p;_ir�1 im­
pedir sua lltilizé1çôo indiscriminadél.
Embor�1 mesmo nos L'St udos das ciênci.1s d.:i linguagem
h;�j;1, eventualmente, refcrênci..1 a léxico e vocahul,írio como
conjunto de pabvr,1s de uma língua CHI de um autor, de um,1
arte otl de um meio social, a rigor, léxico design,1 o conjunto
de unidades re.:iis e virtu,1is que formam a língua de uma
comtmid,HJc, algo como um depósito de dcrnentos cm C'sla­
do irlua.l e dt' regras que permitem a construçi'io ck novas
unidmlcs, ncccssJri;1s para a atividade lrnm,rna da fala.

36
Já vocabulário refere-se ao conjunto de ocorrênciéJs que
integrom um determinado corpus discursivo, como uma
lista de unicbdes d.::i fzt!a (Duhois ct al., 1973) Assim, pode­
se fribr no voc;ilnil,írio que encontr,1mos no trilbalho de
Cu11ha, rebtivc1mcntc i1s ocorrências rcgistmdas nos discur­
sos sobre polílicn colonial de 1\driano J\11oreiro (Cunb.::i, 1990),
ou no vocabul6rio médico, a partir de lcva11larncnlo cm
dcterminacbs obras médirns, por exemplo.
Em termos de L!Js, nâo foz. sentido folar nC'm cm léxico,
nem cm vocabulário nas :1cepções d,1 Lingüístirn, uma vez
que esses ekmcntos s.10 específicos da LN. As LDs, lingu:1-
gcns construícbs que s:io, com finalidades espccffic1s de
rcprcscntaç:io Jocument;'iria, nJo sJo suíicicntcmcntc ,1rli­
cubdns, 11cm se constituem cm unidades geradoras de no­
vos elementos.
Também !l:i.o inlegr,rn1 vocabulírios propriamcnlc di­
los porque suo formadas de 1x1bvr;1s preferenciais, comhi­
n,1ndo pabvr�1s de vornbul,írios de dctermi11aclos domínios e
palavras utiliz:-icfas pelos us11Jrios. Desta forma, englolx11n
vúrios voc:ibul.írios, representativos ele vúrios discursos /\s­
sim qu:rndo :1 p,1bvr�1 vocabutírio rdffr-sc ?t LD, eleve ser
entendida segundo esta úllim:1 :1cepçiio, que privilegi:1 um,1
constituição a partir de origens diferentes
Urna 11oml'ncliltura, por sua vez, como sugere ,1 própri;1
p,1l,1vra, diz respeito ú açZio de cl1arnm algo por seu nome.
,·\ssim, se constitui cm list:1 de nomrs que- st1põem biuní­
vocidade dn rcbçJo significudo-signilic,rnte (Dubois ct ai.,
1973). T1lvez se poss,1 melhor car<.1ctcrizar uma nomencb­
luri-1 como ctiquctils que dcsign;irn coisas ou conceitos pré­
cxislcnlcs, como a nomcnclatur,1 d,1 QuímiG1, por exemplo,

37
fül qual, independentemente de um sistema nocional porti­
cular, algo se cbamél ouro, nitrogênio ou potássio.
Diferentemente de um.1 nomenclatura, uma terminologia
refere-se élO conjunto de termos de um.1 área, termos rclacio­
n.:1dos e definidos rigorosamente para designar as noções que
lhe são úteis (idem, ibidem). Assim, por exemplo, a termino­
logia da educação hrnsileira pode ser encontrada no Glossá­
rio de termos em educaç3o (Br.1sil, Ministério da Edurnção e
Cultura, 1980). Trata-se de um sisternél de termos orgt1nizc1-
dos a partir de noções particulares.
É bom lembrar que todo conhecimento Léc nico-cienlí­
fico desdobra-se num universo de linguzigem. ,\ lingua­
gem condiciona o conhecimento objetivo, determina os li­
mites e su.:1 formulação (Grangcr, 1974). As linguagens
construídas exigem formulações rigoros,1s de sentido <"i me­
did.1 que a próprin ;:itividade se encontro subordinoda lt
articulação da linguagem. Desse modo, c1 atividade termi­
nológica é parte constitutiva da ativid.1de lécnico-científirn
e diz respeito, dirct.J.mentc, a um conjunto de termos
organizados.
Tod.Js as defi nições c1nalísadas anteriormente ifv,1111-
nos a concluir que as LDs nfío se confundem com léxicos,
vocc1bul6.rios, nomenclaturas e terminologias, embora i n­
corporem elementos dl' todos eles. É importante que ess.J
difcrenciüção sejJ. feita, para melhor delimitélr suas carnctc­
rístirns em f,1ce d.1 funçZio que devem desempcnl 1c1r 11;1 re­
presentação da informaçâo documentária.
A represenl<1çi'io documentári;i é obtida por meio de um
processo que se inici,1 pela éln,íli�e do texto, com o objdivo
ele identific;.1r conteúdos pertinentes em função diJS finali-

38
dades do sistema - e da representação desses conteúdos -
numa forma sintética, padronizada e unívoca.
A síntfsf f i1 representnç3.o documentárias <1dvindas do
processo de .:mzilise podem apresent.:i.r-se, geralmente, sob
du:-is formas: o resumo, que é feito sem n intermcdiélÇJO de
um;_1 LD e o índice, que , para maior qualidade, deve ser ela­
borado a partir de uma LD.
A opcr.:iç.10 de traduç3.o de textos cm LN para um.:1 LD
denomina-se indexaçJo. lnfrente .:io processo de index;içJo
c,t3.o oper.1çcJes de cbssificaç5o.
As várias Cases do processo an,1lítico apresent.:1111 uma
complexicfadc considerável, pois n.1.0 se trata de adquirir os
documentos e armazenéÍ-los numa ordem lógic;i /\ docu­
mcnU1çZio é memória, seleção de idéias, reagrupamento de
noções e de conceitos, síntfse de dados Trata-se de tri,1r, de
av::1!i.Jr, de analisar, de "trnduzir", de encontrar respost;:is para
necessidades específicas.
A utilizaç3o da LN neste processo leva, seguri.lmente, ;'i
incompreensão e ?1 confus.10, devido a fenômenos nilturaís
como il redundânci.:i., a ;1mhigüidade, i1 polissemi;1 " ;1s va­
riações idioletais.
A condiçZio p.:ira se obter resultados positivos na busc;1
de inf"ormaç,'io é que i1 pcrguntil e é1 resposta sejam /"ormub­
lbs no mesmo sistema. J\ssirn, é neccssé'írio converter t1111,�
pergunta frita cm LN par.:i o sistcm.:i cm que foi traduzido o
conteúdo do documento, isto é, parn uma LD.
Dito de outro modo, uma LD é utilizadi1 na entrada do
sistema, quando o documento é analisado p<.1ra registro. Seu
conteúdo é idcntiricado e "trnduzido", de acordo com os ter­
mos da LI) utilizada e segundo él política de indcx.Jçiio

39
estabelecida. É da mesma forma utilizado à saída do sistema,
quando, a partir da solicit.1ção da informação pelo usuiírio,
é feita a reprcscnt..1çJo p ara busca. Assim, seu pedido é an.1-
lisat.lo, seu conteúdo identific.1do e devidamente "lr:1duzido"
nos termos cb l.D ulilizé1da.
Para realiwr lêlis funções de intermediaçi'io, as LDs de­
vem ser construídas <lc tal forrn;1 qur seja possível o contro­
le sobre o vocabulcírio. Tal controle é necess;_frio pnrJ que, ;1
rnda tmidé1de preferencial integrnda numa LD, correspondo
um conceito ou noçJo Essa correspondênci;1 só é assegura­
da por intermédio das terminologias de espcci.:1lid.::1Je.
Vale Jernbr<lr que, isolad.:1s, élS palavras nJo lrrn signifi­
rndo ou lêm tod,)s os signiCirndos possíveis. É só no discur­
so, ou sc_:j;1, no uso, que as p;1bvrns .:1ssumcm signific1dos
p3rliculares. Como, vi,1 de regrn, os ckmcnlos das LDs sJo
desvincubdos dos contextos omk ilj).lIYcem, pode-se correr
o risco de que as p;1]avras que as inlegr;im ;1ssum.:.H11 todos
ou nenhum significado. Por meio das terminologias de espc­
c:i,1licfade, .is p,.1bvras pass,1rn a ser lermos, assumindo sig­
nificados vincut1dos ;1 sistemas dt' conceitos delcrrnin,1dos.
CDnfrre-sc, desse modo, rdáênci.::i /is p,11Jvr:1s, CJlll' passam
a signilicnr segundo delcrmin.:idos sistemas nocion;lis, ,1.s­
scgur;1mlo interprcl,1ções pertinentes.
1\s LDs m;iis c,rnbecidas são os tcsauros e os sistemas
de cbssilirnç:êio lJihliogré'lfirn (Gomes, 1990). 1\s clifcrcnç;_1s
cnt re esses dois tipos de l.Ds residem no 111:1ior ou menor
grau de reproduç5o das rebçõcs presentes nc1 LN e no uni­
verso de conhccirncnlo que prclendem cobrir.
Os pnmóros sistemas ck classific;1ç:êio bibliográfica co­
nhecidos são de natureza enciclopéclico, corno a CDD - Dei-vcy

40
Decimal Class(fication, a CDU - Classificação Decimal Univer­
sal C: él LC - Lilm.uy of Congrcss, f visam cohrir lodo o C:speclro
do conhccimcnlo. Sislcm;-is posteriores como ,is cbssificaçõcs
faccladas desenvolvidas a p.:irlir do CRG - Class1fication
Rcscarch Group, com base 11;1 Colon ClassU"ication, de R;-in­
g,malhan, visam a domínios parlicubres. l)s les,1uros, por
seu lado, originaram-se de cbssificações fa.celadas com um;:i.
prcocupaç3o adicio11;1l: ;:i do controle Jo voc;1bulúrio.
Historicamenle, verifica-se conlínua progressão das L.Ds
a c,1minho dé1 cspeci,1lização. Conseqt"ienlcmenlc, ab;.rndona­
se ,1 prelensii.o de cobrir lodo o universo do conhccimenlo
para vollnr-se a domínios c;.1da vez m;.1is específicos.
Todns as LDs, cnlrelanlo, si'io ulili1.adas para rcprcsen­
ti1r o conlet'1do dos lcxlos, rn;-is 1130 os lexlos eks mC:smos.
A funçJo ele represcnl;1çJo deve ser entendida, neste conlcx­
lo, como sendo de nalurezil eminenlemenle rcfcrenci.::il: ;is
unid;1dcs de umJ LD devem ser utilizadas como índices reb­
livos a assunlos lr,1L1dos nos lcxtos, nJo lendo, porl;mto, ,1
funç.:io de subslituí-los.
Os produtos oblidos por meio d;i intcrmedia�:Jo d,1s LDs
s3o, desse modo, gcncr:díz,111lcs. 1"130 se rcprcscnla o texto
individual, 111,1s :1 cl:isse ck ;1ssu11lo Z1 qu,11 ele se refere. /\
m,iior ou menor espcciticid:1ck cio assunto a ser representado
depende cb m,iior ou menor correspondência d,1 Ln com o
sislcma nocional dos domínios de cspccialilbde. /\ssim, por
mlcrméclio de um sislem,1 de clnssificaç.:io enciclopédico, tC'x­
los muito específicos sJn cbssificados cm classes de assunto
mais gcr,.1is; a rcprcse11t,1çiio cll cspecificidilclc dos assunlos
de L1is Lexlos é mais \'i,ívcl com o uso de uma UJ voltada,
cspccificomcntc, porn o domí1110 correspondcnlc.

41
Os estudos das LDs têm avançado progressivamente, nc1
direção dc1 definiç3o dos constiluintes e de sué:ls in terrebções,
ger;mdo vári.is lingu.igcns, de acordo com o domínio de es­
pecialidade. lsto, por um bdo, permite que a :í.rca se libere
do monopólio das classificações universais; por outro, tem
mostrado inúmeros problemcJ.s ligados n falta de rigor na
construção de LDs. Tais problemas referem-se n clefiniç3o do
conjunto de termos que comporJo c1 lista de descritores; n
orgzrniznç:io dos termos nurn.1 rede pnradigrnátirn (úrvores
d.1ssificatórias ou refações vertic.Jis) péirél reunir descritores;
ao estabelecimento clé1 rrde sintagméltica (rclc1ções horizon­
tais entre descritores e mecanismos de sintaxe) para permi­
tir maior possibilidade de reprcsenlução de novos conceitos e
a agilizaç3o na recupcraç3o de assuntos; à definiç3o das cha­
ves de acesso ao sistemo (compatibilizaçi:io ele linguc1gem
usuário/sistema).

2.2 CONFICUR!\C,:/\0 0/\S LINGUA.CENS D0CUJ'v1ENTÁRIA':i

1\s LDs mais consistentes para a representação docu­


rncn Uiria dispõem de um vocahul;1rio que integra elementos,
de um bdo, d:1 linguagem de especicJ.lidade e das termino­
logic1s e, lk outro, da LN que é a linguagem dos usuários.
Essas unicbdes, acornp;rnhadas ou n.:io de urna notação,
constituem o ''léxico" cbs LDs, denominadas, diferentemente,
conforme o sistema e a époccJ., corno: pabvrzis-cbavc, descri­
tores, c.1beçzill10s de assunto etc.
O vocabul6rio Jocumenló.rio tem por objetivo reunir
unidades depuradas de tudo aquilo que possa obscurecer o

42
sentido: ambigüi dade de vocábulo ou de construção,
sinonímiél, pobreza informJ.tiva, redundâncizi etc. Além dis­
so, ek é fixado de tal f'ormJ. que seu uso, hem como su;:is
relações estrut11r.:i.is szio codifirndos e não podem mudor ao
sabor dos usuArios. Assim, chegJ.-se J. um instrumento re­
btivamente est;.ívd.
Toda LD tem, também, uma sintJ.xe. Ela é bJ.stanle ru­
dimentar nos sistem<1s de cbssifirnção bibliográfiG1 (/ldd no­
tes, na CDD; uso ele + / , : na CDU, por exemplo) e m.iis
desenvolvida nos tesauros, com 3 utilizaçzi.o de operc1dores
boolcJ.nos. O esquema sintático de t1ma LO permite n deli­
miL1ção mais precisi.1 de um üssunto, por meio dzi combin.1-
çAo de seus elementos.
Nos sistemas de classifiG1ç.10 convencionais, 11.1011,í gr.111-
de preoctqx1çâo com o controle do voc.1b1116.rio. J� freqüente a
(
utiliz.:içno de frnses, como ocorre, por exemplo, na CDU. J í
nos tcsauros, a funçé'1o de controle do vocabul.írio está m.iis
presente. Par.:i este fim, as LDs incorporam procedimentos de
normnlizaç.'io grc1m.:1tical e sem5ntic.:i.. A normalização grzi­
matirnl refere-se à forma de apresentaçi10 dos seus elemen­
tos quanto .:10 gêm:To (geralmente masculino), <10 número
(uso de singular ou plural) e ,10 gr.:1t1 (Par.:i. rnnis informa­
ções, ver Comes, 1990) ;\ norm;_ilizc1çi'i.o scmântirn procura
garantir a univocicbck na rqJresentnção dos conceitos de éÍrens
dr cspeci:1lidade, pm meio d.:1s relaçl>cs lógico-scmântic1s.
O co1�junto noc:ion:11 b6sico é .:i.prcscntado cm hierar­
quias (na vertical), cm torno das quais se ngregam ;-1s uni­
d.:idcs informacionais que se relacionam liorizont ..1lmente.
Nenhuma llnidzide pode figurar n11ma LD sem que est�ji.l re­
lacionada a uma outrn unidade d.i mesma linguagem.

43
Nos t sauros, os dif'ercntes lipos de relações rnlrc as uni­
dades sZio 111.:iis clar.::nnente .:1prcsentados enquanto sistemas
de classificaç.:io bibliogri.fficn, n5o raras vezes é1malgarnam,
numa mesma hierarquia, rebções de natureza diferente.
As varinçõrs na form,1 de ;1prcsent.1ção dns LDs devfm­
se ,1 m;iior Oll menor incorpornçi10 dos difcrrntcs Lipos ele
rcbções existentes rntre .1s paléJvr:1s n;1 LN e rnlrc os termos
de espccialid;cick. T;ris v:iri,1çôes exprimem, télmbém, o llli.lÍl)r
Oll menor .:-1primornmento d.1 funç:io de reprcsenlaç5o
documcntúrio.
Algumas LDs foram construídas visimdo, principéllmcn­
te, il organização dos documentos rn1s fstnntes, sendo que
sua funçJo de rcpresent.:içJo deve ser difcrenci:1da: a rcpre­
senlação nesse caso (.kvc ser entendidü como ,1 identiricaçi'io
de documentos com cbsses genérirns de assuntos lradicio­
tlillmentc reconhecidos.
A. estruturn b,ísic:1 de um.:1 LD é d:id:i por rebçõcs hie­
r{irquirns, que podem ser gcnéric;is, específirns ou parlilivns.
( rebções genéricas r relações p.1rtit iv.1s Sfr.10 trati::idas no Cil­
pítu lo 3). O vértice de c:1cb liieLirquia é o gêmro ou o
todo A.s suhdivisües sucessivas 11�1 liier.:irqui,1 constituem os
rspécirs e/ou :1s p;1rlcs, qur podem, nov,1rncnle, se subdivi­
dir. As rebçc>cs hier,írcp1iG1s provêem as unidéldcs supcror­
Je11ndas e ,1s unidades subordin:1LL1s. Uni(bdcs subordinad,1s
,w mesmo vértice, quirndo no mesmo nível d.:i cadri,1, drno­
rninam-sc coordcnad;1s.
Nos sistcmns de cbssific;1ção bibliogrMica, ,1 estrutura
hicr;írquicJ é d:i(b pela not;1çc10 (decirmil, no c.::iso cb CDD e
da CDU). O vértice d:is c;1deias hierJ.r(Juic,1s é constiluído J)l)l"
disciplinas cunvcncion:lis que se subdividem sucessivamen-

44
Nos lesauros, os diferentes tipos de rebções enlre as uni­ te. /\ indicação dos assuntos é feit;:i por meio ela notação nu­
dades são mais claramenlc apresent.1dos enquo.nlo sistemas mérica ou ;:ilfa-numérica, conforme o tipo de sistema.
de cl;issifiG1ç3o bibliográfica, n:fo r;_iras vezes amalgam;1m, A organiz,1ção b6sica dos lesauros também é hicr:1rq11i­
num;_\ mesma hicr:irquia, rcbçõcs ele natureza difrrenle. c;1, existindo l,mtos vértices, que cqLiivalem a cbsses, quantos
As variações na form;_1 de ;�presenlaçi'io das Ll)s devem­ forem os aspectos escolhidos p.1ra org:mizar o domínio de
se ,1 m,1ior ou menor incorporação dos difrrentes tipos de especi,1li c.bde. Nos tesauros mais modernos, tais vértices s?io
rcbçõcs cxistentes cnlre as palavras na LN e enlre os lermos denornin<.1dos Top Tcrms e não constil uem descr itores, mas
de cspeci;1lidade. ·1:lis variações exprimem, também, o maior idcntific;1111 ,1s classes escolhicbs par,1 reunir os descritort's.
ou menor aprimor:1mcnlu da função de rcprcscnlaç.10 Vi:1 de regra, são utilizadas not;içôes numéricas :1pcn:1s p.:ira
documenlóri,1. apresentar as hiernrqui:1s b;isirns e suas princip;ús subdivi­
Algum;_1s LDs for;1m conslruícbs visando, principzilmcn­ sões. Ji1is notaçc"ies, entrclzmlo, rar<.1rnenlc s5o utilizad,1s [Klri.l
h:, A urg,miz,1çô:o dos clucumcnlos n.is cslantcs, sendo que descrever o conteúdo dos textos 1\ lig<.1ç.°10 lógico-liicr:.írqui­
sua funçôo de rcprcsentaç-:io deve ser dih:Tcnci,1da: ,1 rcpre­ rn fntre descritores é, no u1so dos tesauros, mais cLir:1, uma
scnlaçJo nesse caso deve ser cnlendid,1 crnno ;1 idenlif"ic1çJo vez que é ide11tific1c.b pelos códigos TG crermo Genérico ou
ck documentos com classes genéric.is de assunlos lri1dicio­ ·rtrmo Geral), T[ ('[ermo Específico). Alguns tes:1uros utili­
n,1lmcnle reconhecidos. zam, t1mhém, os códigos TCI' (Termo Genérico l\1rtitivo) e
;\ e:=;trulura lxísic;1 de uma LIJ é daLb pur rebçôes hie­ T[P crermo Específico P;:irtitivo) para aprcsc11l.:.1r ,1s rebçõcs
rárqlliG1s, que podem ser genériG1s, especffiG1s ou p;:irtitivas. hier,írquirns do tipo todo/1xirte.
(rd,1ções gcnéricns e rel:1ções p;irlil1v;1s scri'io lr;Jt<1Lbs no ca­ As LDs ;1prescnt;1m, aincb, unidades que si.io rebcion;_1-
pílulo 3). O vértice de cada liiernrquia é o gênero ou o lbs ele form;1 n?io-liicrúrquic:1. As rcbções n::io-hinárquicas
todo. i\S subdivisões sucessivas n;-i liier,1rquia constitt1cm ;1s são, norm:1lmente, de11orninad,1s ;issocialivJs, muilo cml)l)­
espécies e/ou ;:1s p,nles, que podem, ntJv;1rncnle, se subdivi­ r;i ni.io se poss:1 afirm:1r que :is rcl.içôes hier:'IrquiG1s também
dir. i\S relaçêks 1I icr6rquirns provêcm ;1s unid,1dcs st1pcrnr­ n:io o sc_j;m1. É preciso kmbr;ir, enlrcl:rnto, que :1s relações
dcn�1di1s e as unicbdcs stliJordinndas. Unid;1des suhordin,Hbs hier;írquic.1s representam :1ssociaçõcs m:iis esl:.íveis entre ti:T­
<10 mesmo vértice, quandu no mesmo nívL·I c..b cncki;1, deno­ mos, cnqu.into que .1s relações nôo-hicr:.írquicas ex pressam
minam-se coordenadas outro gênero de proxirnic.bde entre os lermos Os rel;1cion:1-
Nos sistemas de classificnç3o bibliogrMica, a cslrnlura mcntos não-hier,írquicos indicam ;1 ligaç,10 entre termos que
hier6rquica é dada pelei notaçzio (decimal, no caso d,1 CDD e est?io cm campos semânticos distintos, porém próximos. Cacb
da (DU). O vértici.> c.bs c1dcias Iiicrárquic<1s é constituído por termo relacionado pode se constituir no ponto de partid<1 p,ir:1
disciplinas convencion;iis que se subdividem succssiv.imcn- uma fomíli:1 de lermos aparentados.

44 45
A porlir das noções de geral/particular e de todo/parte, NoçClO gen0rica
A (marnikro)

1
él aniílisc e.li-is rel.:1.çôcs liier{irquirns mostra, pelo menos, três
tipos característicos: as rel;:1çõcs genéricas, as relações espe­ Supcrordcnação 1 Subordinação
(so.:melhança) 1 (diferenças)
cífirns e é1S relações partitiv.1s que, como os nomes indic:un,
marcam rebçõcs de t">oêncro' llOrlanto no lohais ou t,ªL'r"i· c; 1·D_
n ., t: h e
No�ões l:spccíficas
laçôes ck espécie, logo parliculan."s e relações de parir de um (racional)
(irracio,wl)

,._ _______ ____.


Coordc.:n:içiio
todo.
i\s rel;ições genéricas definem-se como rebções liirr.:í.r­
quiG1s, basczidéls 11;1 idcnticbclc parci:11 do conjunto de Glrac­ Fig 2 - [squc111.1 iÍL' rel.içãv senérica.

terístic.1s cbs noc,_·ões superorclenacbs e subordinadas 11el.1s


envolvidas. O gênero, nesse sentido, é entcnclido como no­ Na rebçiio genfric:1, a supcrordena�:.10 caminh;:i cbs di­
ção supcrordenada que cornporl;1 <-1s mesm,1s Cé1ractrríslic1s ferenças para ,is semelhanças, ou sej,1, da espécie para o gê­
das noções subon!in,1d;is, a p:irlir dela. nero e, invers.1.mcntc, ;i subordi11;1ç."io cami11k1 das semclhan-­
. J ,í as rebções específicas definem-se como reL\:Ões v1s p;:ir;1 as diferenps, a partir d;:is primeiras, islo é, do gênero
liier,írquicas su!Jordinacbs que, rilém de comp.1.rtilli,1r UZ!s JJi.lI\J éJS espécies.
mesmas ciraclerístiG1s da noção que lhes f superorden;:ida, Exemplificmdo: ;i noç5o de "embarcaçii.o" subclivide-se,
Ziprcscnt.1, pelo menos, uma rnré1cterística .1. mais que as segundo o "tipo", cm noções mais cspecífirns como a de iate,
diferencia. jangada, canoél, navio, chata etc Em rclaçJu é1 essas últimé1s,
l·\ noç,10 genfric1 impõe-se, portanto, como cortjunçJo a noçJo específic1 "embarcação" é ;i noç3o s11perorclrn,1da. É
de carnctcrístiG1s comuns, enqwmto que 3 noção espccffirn <1 p..1rlir dessas relé1ções que se pode afirmar que iate é uma
eslé1belece uma diajun�<fo, ,3 p,1rtir cb con_1t111çiio clé1da. espécie de "cmharrnção; que ·'embarcaç;:io" {: um gênero; e
/\ noção espccífic;i é, port;-rnto, urn.1 noçi:io subordinada que iate e canoa são noções coorden:id.is.
que indicé1 a existência de uma dífercnçZl, cm f;Ke de um .1,í a rcbç}o p:irliliva é um lipo de rclaç,10 hicrárquirn,
conjunto de carncterístic;is comuns. /\o mesmo tempo, aprc­ n;:i qual a noção superordenada refere-se a um objeto consi­
scnt1 élS car,1Clcrísliu1s comuns e, pelo menos, um,1 rnr.:1cte­ der:1do corno um todo e as noções subonlin,1das a o�jctos
ríslica que a di/"crrnci,1 da noçJo gcnérirn consider,-1dos como suas pi1rles_ Em relaç.:io a "navio", a no­
Assim, por exemplo, ;io subdividir o conjunto dos mél­ ç3o de "casco" é um.:i noçJo específic.1 1x1rtiliva, denotando
míferos cm racion�1is e irrncil)n<1is, afirtné1-se, simultanea­ que n,1vio é umél noçfio rd"crentc ao Lodo (supcrorclenud.1.) e
mente, a exislf'nci;1 de uma diferença. (r,3cion;1l e irr,1cional) quc ,;G1sco" é urn.1 noç.'Jn rcCcrl 'nte o. parte (subordinad.1).
sobre um plano comum ou semelhzmte (mamíferos) Do mesmo modo, él noç3o "convés" denota uma subdivisão

52 53
te. A. indico.ção dos o.ssuntos é feita por meio da notaç5o nu­
mérica ou alfo-nurnérica, conforme o tipo de sistema.
J\ orgnnizaç5o b;.ísica dos tesauros também é hierúrqui­
c,1, existindo t;mlos vértices, que equivalem a ci,Jsses, qu;rnlos
forem os aspectos escolhidos para orga.nizar o <lomínio de
CSJ)('Cié.1licbde. Nos tes;rnros mais modernos, tais vértices s:=io
denominados Top 'frrn1s e n5o constituem descritores, mos
ic.knlificam .:is cbsses escolhi<las para reunir os descritores.
Vi:i. de regra, são utilizadas notações numéricas apcn.is par.i
;1presrnlm as hier.irquias b.1sirns e stws principais su!Jdivi­
sôcs. "fois notações, entretanto, r:1ramentc silo utilizadas para
descrever o conteúdo dos textos. J\ ligaçJo lógico-hier:irqui­
GJ entre Jescritorcs é, no rnso dos tesü.uros, mc1is cbra, umél.
vez que é idcnlifiG1d.:.1 pelos códigos TG crermo Genérico ou
·1crmo Ccr:1!), TE (Termo Específico). Alguns lesauros tilili­
z;im, li.m1bé111, os códigos TCP (Termo Genérico P.:.1rlitivo) e
TU' /Termo Específico Partitivo) 1x1ri.l aprcsenlm ,1s relnçôcs
hicr.:írquirns do tipo lodoip.:.1rtc.
As LDs aprrsenUun, c1inJa, unidades que s.iio relé1ciona­
das de forma nzio-hierzírquica. As rebções n50-hicr.:1rquic;.1s
sã.o, norrn;:ilrnenlc, dcnomin<1cbs ;1ssoci.:.1Livas, muito cmho-­
ra n5o se possa afirmar que ,1s relações hiedrquicas também
n:io o sej,1111. É prCL:iso km\Jr;1r, enlrcLrnto, que i!S rcbções
llicr.:irquic;1s representam .:1ssociac;ões mnis esti.Ívcis entre ler­
mos, cnqu.1nlo que ,1s relações n.10-hierúrquic;is expressam
outro gênero de proximidmk entre os lermos. Os rcbcion.:1-
mcnlos n,10-liirr{irquicos indirnm a ligaçJo entre termos que
esl3o cm campos semânticos distintos, porém próximos C1eb
lermo relacionado pode se constituir no ponlo de partid,1 p�1r,1
uma fomília de lermos aparentados.

45
Nos sistemas de classificação bibliográfica, os relacio­
namentos não-hierárquicos, quando ocorrem, são erronea­
mente ''enrnixados" nas hierarqt1ias. É só nos tesauros que
estas rebçõcs são explicitamente identificadas pelo código TR
(Termo Relacionado).
Adicionalmente, é1S LDs apresentam relações de equiva­
lência. Este tipo de relacionc1mento entre os termos permite
a compatibilidade entre a linguagem do sistema e a do usu{i­
rio, operando no nível da sinonímia. Desse modo, criam-se
as remissivas, indicc1cbs nos tesc1.uros pelas expressões USE
(Use) e l!P (Usado Para), quase inexistentes nos sistemas de
cbssificziç3o bibliogr6fica. As relações de equivalência reme­
tem o conjunto dos não-termos ou não-descritores para o
conjunto dos termos ou descritores /\ finalidade dessas re­
missivas é encaminhar o usu(irio para os termos preferidos
pelo sistem,1. Constitui-se, desse modo, um.1 chave de aces­
so ao sistema.
O co1"Dunto de relações que constitui a estrutura do
tesauro é "um elemento importante para que ele possa cum­
prir sua funç3o: ela permite ao usu(irio (indexador ou
consulente) encontrar o(s) tcrmo(s) mais adcquado(s), mes­
mo si::m Si.lbcr, de início, o nome específico pc:ir;1 representar
a idéia ou o conceito que ele procura. A p;1rtir de um termo
que o l1Sllé1rio conhece, o tesauro, através de sua estrutura,
mostra diversos outros que podem ser ti'io oportunos ou
mnis do que aquele que lhe veio à mente" (Gomes, 1990,
p.16).
Vale ressaltar, ;1inda, que no uso das LDs, podem ser
construídns novns relações entre os termos a partir do con­
junto de operadores sintfiticos disponíveis, como, por exem-

46
pio, as adcl notes, na CDD; + / : ::, no caso da CDU; opera­
dores booleanos, no caso dos tesauros.
Uma vez elaboradas e postas em uso, as LDs mais
desenvolvidas como os tcsa11ros, sJ:o permanentemente atuéJ­
lizildils, mediante operações de supressão de termos em de­
suso, re.:i.grupamento de descritores em funçiio ela existência
de palavras raramente utilizadas e/ou adiçi'io de termos no­
vos. Só .:i.ssim as 1.Ds se rnJ.ntêm como instrumentos dinf\­
rnicos capazes de incorporar os avanços do conhecimento e
as modific.Jções de significado de lermos jú existentes.

47
3
Sistema nocional

:\ todo e qualquer rnmpo de conhecimrnlo corresponde


um conjunto Jc noções que lhe é próprio i\s .:íreas cspe­
cializad;is J,1 experiênci.1 humané:l elevem ler seu universo
nocional dcvicbmenle identificado J partir de um dado pon­
to de vista, püra que seja possível organizó.-lo de forma sis­
temMicé!, 011 s�ja, inler--relacionada. Só a organização no­
cional de um;.1 5rrn permite ;:i ulilizaç5o de instrnrnentos
eficazes para o tratZimento e recupcrnç5o cb informê!ç.:'io.
A aus�ncio. de um sislemél de noções devidamente siste­
m�1lizado, invi;::ibilizo. o empreendimento de dar formZI a um
conjunto de pahwms, nJ medida em que esharrn, neccss;::iria­
mentc, cm dificuldades é!dvincbs cb folta de comprecnsiio ou
da compreensão incorretJ d�1s possibilicbdcs de relacionamen­
to entre terrnüs.
Consickrzrnclo que as LDs, normalmente, funcionam a
partir do controle do "vocabulário" ela áreZI, pode-se facil­
mente depreender que o sistemZI nocional de umcJ área cons­
titui-se em um pur5metro básico, ou em umJ viga-meslrn
de sustentaçJo das LDs.
1\ssirn, na pró.tirn, êl aus0nciu de um sistema nocional
compromete não só a indexação, mas também, é) economia

49
da próprio ntivicbde documentiiria, fragmenl;:111do-a com
q11estões relativils ao significado e à compreensão dos ler­
mos. Além disso, nJo raro, as respostas às questões formu­
ladas submetem-se a varinções, segundo o entendimento
CJllC cada indexador lem da .:írea, ou segundo o humor no
morncnlo cbquek qt1e opera com a inforrnnçào, o que, fa­
talmente, introduz deformações, descaracteriznn<lo os ins­
lrumentos docurnent.:írios.
Desta mancirc1, faz-se necessiirio estabelecer, a priori,
que ,1 utilização ele qualquer LO supõe é1 explicitac,:Jo nocional
da ;írca i1 que se refere e é1 su;i organiznç5o na f'orrnc1 de um
sistema.
Segundo a norma ISO 108 7, um sislcma nocion;il ckfi-
11e-sc como um '·conjunlo estrulurndo de noçôcs que rcflele
as relações cslahclecidéls entre ,is noçôcs que o compõem e
no qual cada noç5o é dctcrrninnda pela sua posiçào no siste­
ma". Nii.o hast;i, porlnnto, recuperar as noções, enurnernn­
do-,1s. É preciso ir além e estc1beleccr suc1s posições relativas,
o que se oblém por meio da cklerminaç5o dc1s relaçôes que
.1.s associam.
J\ noção ou o co11ccito, por suo vez, define-se corno
·'unidade de pcns;imento constituído por propriedades co­
muns :1 um.:i cbssc de objetos"(ISO 108 7). Emborn n.10 estc­
j.:1rn lig ..1déls é1 línguas específicas, ;is noções s5o express<1s
por termos e símbolos, sendo influenci;idas pelo contexto
sócio-cultt1r.:il.
i\s noções, devidamente relacionadé1s, constituem, pois.
o :1rcabouço fundarnent:1! parn ;:i organiz:iç5o de uma áreé1,
na medicb em que pl)ssihililam um ponto de vislé1 rnuteric1-
lizmlo no sistemc1 de noções, para o trabalho documfntário.

50
As relações entre as noções materializam o sistema de
noções, que se express;:im, documentariamente, em relações
hierárquicas e relações não-bierórquicJ.s.
As relações hierárquicas são aquelas que se definem en­
tre noções subordinadas em um ou viírios níveis (]SO 108 7)
Dilo de outra forma, as relações bied.rquic;:1s são aquelas
que acontecem entre termos de um conjunto, onde cada ter­
mo é superior ao termo seguinte, por uma característica de
natureza normativa
No conjunto das relações hierárquicas, hú que se levar
em conta o conceito de ordem e de subordinação i\ ordem
deve ser observnd;:i como urn;:i superordennçiio que consiste
na possibilid;:ide de subdivisão de uma noção hirr2írquica mais
alla em um certo número de noções de nível inferior, chil­
madas noções subordinadas. É este processo de subdivis.'io
que se denomina subordinc1c;ão. Invers<1rnente, a noçiio su­
bordinada é a noç5o que, num "sistem;i hierárquico", pode
ser agrupada com uma cm mais noções do mesmo nível (no­
ções coordenadas entre si), pi.lra formar urna noção de nível
superior (ISO 108 7), ou seja, umc1 superordenação .

l
.·\

r
Supen>nknaç:10 1 S" 'º"' ü,c,çáo

>
b
..._. - - - -f - - _.,..
-

Fig 1 - Esqurma de rdaçôi:5 hierárquicas.

51
, \ 1'·" 111 .J.1:-. 11oi;ões de geral/pnrticular e de todo/parte,
a ,::mj!ise dns 1Tlações hicrúrquicas mostra, pelo menos, três
tipos c;1racterísticos: as relações genfricas, as relações espe­
cífirns e as relações p<1rtitiw1s que, como os nomes indic.:un,
mé11rcam rcb<;ões de gênero, portanto glolx1is ou gerais, re­
];1\·ôcs de espécie, logo particulares f relações de parte> de t1111
l\1du.
As relaçêSes genC'ricas definem-se como relações hier,ír­
quicas, baseadíl.s na identid;1dc parcial do conjunto de carac­
tfríslicas das noções supfrorden.:1d.1s f subordinadas nelas
envolvidds. O gênero, nesse sentido, é entendido como no­
çJ.o superordcnada que comporta as mesmas carc1clerístic1s
dDs noçc"5cs subordin.:1das, i1 p,irtir dela
Jj as reiaç("5cs t?specíficas definem-si? como relações
hicrúrquirns subordina<l;:is que, .:ilém de cornpmti\11ar c_fas
mcsm.:is característic;1s da noçi.i.o que lhes é supcronlcnada,
e1prescnL:i, pelo menos, urna car,1ctcrística a mais que as
di fercncia.
J\ noç.'io genérica impõe-se, portanto, como conjunçJo
de car;1cteríslicas comuns, enqtwnlo que a noçJo espccífirn
esta!Jekce urna disjunç.'io, a partir d,1 co11il111çiio dada.
A noç,10 cspecífic1 é, pl)rtrn1 to, uma noção subordi nnda
que indica a cxislênciél de uma diferença, cm focc de um
corüunlo de características comuns. 1\0 mesmo tempo, ;.1prc­
senta as características comuns e, pelo menos, uma caracte­
rísticél que a di!crcnci,1 da noçi'io genérica.
Assim, por exemplo, ao subdividir o conjunto dos rna­
mífcros cm racion:1is e irracionais, élfirmél-se, sirnultanca­
mcnte, a existênci;i de uni;1 difcrenp (r;1cionc1I e irr,,cional)
sobre um plano comum ou scmclh.:rntc (mamíferos).

52
/\ (mamíkrn)
Noçiio genérica

Supcrordcnação Subordinação

r
1 scmellwni;a) 1 ( di fcrcnças)

(racional) (irracional)

Coordcnai;ão
.-----------.
Fig 2 - Es,1uc11w de rclaçiio genérica.

Na relação genérica, a superordenação caminha d.1s di­


ferenças para as semelhanças, ou seja, dil espécie pélr,1 o gê­
nero e, inversamente, a subordinaçJo caminha das semelhan­
ças pdra as diferenças, a partir das primeiras, isto é, do gênero
para as espécies
Exemplificando: a noçJo de "embarcaçJo" subdivide-se,
segundo o "lipo", em noções m,lis específicas como a de iate,
jangada, canoa, navio, chata ele. Em relação a essas últimas,
a noçJo específica "embarcação" é a noçJo superordenmb. É
a p.Jrlir dessas relações que se pode afirmar que iate é uma
espécie de "embarc1çJo; que "embJrcaçJo" (, um género; e
que iate e canoa sã.o noções coordenadas
.J,í a relação partitiva é um tipo de relação hier{irquirn,
na qual a noç3o superordeno.da refere-se a um ol<jeto consi­
der,1do como um todo e as noções subordinadas a objetos
considerados como suas pürles. Em rclaçiío a "n,wio", a no­
i.·ão de "casco" é uma noção específica partitiva, denot.:rndo
que n,wio é uma noçôo referente ao todo (superordcna(b) e
que "casco" é 11111a noçJo referente Zi parle (subordinada).
Do mesmo modo, a noção "convés" denota urna subdivisão

53
por partes da noção "navio". Relacionadas por coordenação,
as noções "convés" e "quilha" são denominaci.J.s noções
coordenadas.

Noçfio gcnL�rica partiliva


Navio
(todo)

r
Supc,rordcnaçJo Subordinação

1
b e d

,._ _______ _.
quilha convc's maslio Noção partitiva
(partl'.S)
CDorcknação

Fig, 3 - Esc1w·ma ele rclaç5o partitiva.

As relações não-hierárquicas, por sua vez, definem-se


pela neg;:üiva. Elas recobrem o conjunto de relações que nzi.o
são passíveis de serem descritas como hierárquicas.
É evidente a insuficiência dessa abordagem. No ent.:m­
to, concretamente, pouco se pode a ela acrescentél.r. Se as re­
lações hierárquicas supõem ordem e subordinação lógicas,
;is 11.10-hieré'írquicas não podem supor, ex;itél.menle, essas ca­
racterísticas.
As relações que não se submetem a uma hierarquia são
aquelas que aprescntél.m entre si conligiiiclade espaciôl ou
temporal. Por esta razão, tais relações t.::imbém são chama­
das de relações seqüenciais
Consideram-se relações sequenna1s as de oposiç5o, él.S
de Cilusa-efeito, as de contradição e outrns menos evidentes
como aquelas eslabelccid;is entre as etél.pas de um processo,

54
Exemplificando: conceito que pertence à categoria do conceito específico (a
ANIMAIS /\NUvlJ\15 espécie) é parte da extensão do conceito [ltnplo (o gênero).
Mnmíferos Carnívoros Um conceito específico possui todas as rnracterísticas do ccm­
Aves I lcrbívoros cei to mais amplo, mais, pelo menos, uma C[lrélcterística dis­
Répteis tintiva adicional que serve para diferenciar conceitos especí­
Balráquios ficos no mesmo nível de élbstração" (ISO 704).
Peixes ;\ extcnsZío ele urna noção corresponde ao ''conjunto de
indivíduos aos qu.:lis uma noção pode ser aplicada (Boutin­
Cada umél dess;:is construções delimita e conforma as O.uesnel ct al., 1985) e diz respeito à "totalidc1de de todas as
noções ou conceitos a serem representados, refletindo esco­ espécies que pertencem ao mesmo nível de abstração ou à
lhas de determinadc1s propriedades, tal como numa árvore totalidade dos objetos que têm todas as cü.racterísticas do
de Porffrio. "O lwrnern é necessariamente mortal somente conceito"(ISO 704).
numa éÍrvore de Porfírio pJ.rticularrnente fornhzadiJ. no pro­ A noção de extensão vem sempre associada à de intcnsão
blenrn d;:i dur;:ição diJ. vidü" (Eco, 1984, p 51 ). ou comprccnsc'i.o. lntensão de uma noção é o corüunto de rn­
Refletindo Uiis princípios de organização, a configura­ racterísticas que compõem esta noç3.o (Boutin-Quesnel d. al.,
ção das LDs é fruto da organização empírica das proprieda­ 1985 ). ;\ intens3.o de um conceito diz respeito 21 toL1lidade
des das palavras (e não das coisas), est;mdo fundament;:ida das característirns deste conceito ( 150 704). Portanto, quan­
em postulados sócio-culturais. A.s cldsses, assim obtidas, re­ to maior a intensão do conceito, menor sua extensão e vice­
presentmn, portanto, ponlos de vist[l determinados sobre os versa. Ou seja, qu.Jnto maior o número de características
JSSLmlos. que compõem um. conceito, menor é o número de objetos
que compdrtilhü.m destü.s características (lei dô correlação
3.1. 1 Relaçc'io genfrica reversa).
lima rebçJo genérica supõe uma noç5o fundamental í\ validade de uma relaç.'io genéric.:i pode ser constat[lda
que inclui noções específicas que, por suu vez, nrnntém com por meio de um esquema lógico do tipo "lodos,'ulguns".
ela rebções hierárquicas (Boutin-0.uesnel ct al., 1985).
INSETOS

/
Por exemplo, a noção de árFore agrupc1 noções mais es­
pecífirns de folhas e de con(feras; por su;::i vez, as con(feras
são, segundo a persistência das folhas, caducas e não-caclu­ ALGUNS sAo TODOSS/\0

cas (idem, ibiclcm).


Desse modo, "as relações genéricas indicam que todo �
G,\Fi\NHOTOS

58 59
O esquema precedente (JB!CT, 1984, p. 26; ISO 2 788- rnr.:1cterístic.:1. São, portanto, coordenacbs às noções obtidas
1986, 1989, p. 605) indica que olguns membros da classe a partir de "máquina", resultante da subdivisão por tipo: má­
''Insetos" szio conhecidos como "g::ifanhotos", enq uJ.nto que quina de moer carne, de costura, de fresar, de macarrJo etc.
todos os "gafanhotos" são "insetos", por definiç5o e inde­
pendentemente do contexto. Isso porque a cbssificaç:io t em 3.1.2 Relação partitiva
por base as c<lracteríslicas que sZío necessárias e suficientes A rclilçii:o partitiva expressa i1 relaçfio entre o todo e su,1s
paro distinguir noções. O co1�junto de objetos ao qual se ,:ll"ri­ partes. É preciso observar que a relaçõ.o partitiva nõ.o se con­
bui rnracteríslicas ou propriec.bdes comuns, ou sc:jél, ao qual lunde com ;:i relaçõ.o genérica, embora geralmente elas sejam
foi a plic.:i.da �1 mesma car<lcterístic;i de divisão, form;i a classe. representadas do mesmo modo.
!'elo teste de cbsse, gMélnte-se que o lermo ''gafanho­ Na relaç."ío partiliv:i, o conceito dé.1 parte deprnde do ccm­
tos" não sejél indevic.lamrnte subordinado ;'i classe de ''prn­ ceito do lodo e não pode ser definido previ,1menlc à ddiniçJo
gas", conforme o esquemn abaixo: do conceito elo todo. Não podemos definir ·'um motor de au­
tomóvel", ;mtcs de definirmos "um .Jutomóvel" (ISO 704).
PK/\G.'\S

/
r\s direl rizes parc1 a clabor;:içôo de tesauros da UNESCO
� rcc()nhecem quatro tipos principc1is de cbsses que represen­
:\LCiUMAS sAo AI.GUNSS,\O lilm relücionamcnto todo/parte: sislern;:is e órgãos do cor­
po, localidades gcogriificas, disciplinas ou ó1-e,1s de estudo e
G1\FANHOTOS estruturos soci2is hier;::irquiz;:1d;_1s (IBICT, 1984)
Os conceitos que est.:io em urna relação partitiva podem
fo rmar séries horizontais e verticilis similares às séries hori­
Podem existir, tcxbvi.:i., casos especiais nos quais o cc1mpo zontais e verticais forméldas por relações genéricas (ISO 704),
"controle de prng.:1s" clctcrmin.:i. ,1 subordinnçi10 de "gaf.:i.nho­ como no exemplo:
tos" .:i. "pr;igas", atmdcndo a objelivos muilo específicos (idem,
ibide111). SlSTt::M,\ NERVOSO No1:to g�n.'ric1 partiliva
.'ilSTEM,\ NE!Z\/050 CENTR,\L No,·õcs parlilivas
Conforme jj mrncion.:i.do, uma seqtiêncié! de conci:itos Ct:REIWO
subordinéldos forma uma si:qüênci,1 vertic.:i.l, enqu,rnto que ,\\EJJUL-\ ESPINHAL
noções diferencia(bs no mesmo nível de abstração formam 1h111tc IHICT. "\',)�4. p . .'.:'J
uma seqi_'1ência horizontal, denornin,1da coordenação.
A coorden.:1ç.:io resulL1, pois, d;1 üSSl)CÍ:iç:io entre noções Tais relações i:stii.o presentes nos sistemas de cbssific1-
obtidas por intermédio di.1 divisão J. partir de um.:1 mesma ÇJO bibliogriífic:.i como a CDD e a CDU.

60 61
Também os relacionamentos enumerativos podem ser podem ser subdivididas em ações partitiv;:is, tomando lugar
considerados como uma modéllidade de relação partitivél, na consecutivamente ou simult;:meamente (ISO 704).
medida em que indicam "a conexão existente entre uma /\ orande dificuld,:ide para definir as relações associativas
LJ

categoria geral de objetos ou ;:icontccimentos expressos me­ não-hierárquicas provém do foto de que toc!J.s as pabvras,
di.:mte um substzmtivo comum e um caso individu;:il de tal termos ou conceitos podem se relacionar entre si em algum
rntegoria, que constitui um exemplo ou classe de um só momento. Isto porque élS ,:issociaçõcs dependem, em larga
elemento, representado por um nome próprio", como em: medidél, do universo de referência considerado.
REC!C)ES MONT:\i\'liOS:-\5 As ,:issoci,:ições entre termos pertencentes a c,:itcgorias
diferentes são dadas ,:i partir do universo de referência indivi­
/\ndcs
dual. Paro. o controle de vocabulário, entretanto, é essencial
1 limalaia conhecer e explicitar determinados universos de referência
Fonte: (IS() 27HH) Tais referências só podem estar asscntacfos em princí­
pios funcionais, como reconhece Dahlbcrg, parn quem um
Neste c:1so, Andes e Himolaia são subordinodos hiernr­
rebcionamcnto funcional é "aquele em que um termo que
quicé1mente, porque, mesmo que não sejüm tipos nem par­
denote éltividéldc ou operação se liga, conceitualmente, a
tes de "regic1cs mont;:inlioszis", representam exemplos ou
um;:i enticL:ide 011 propriedade" (apud IHJCJ, 1984, p. 31 ).
casos específicos do termo genérico (idem, ibidem).
Assim sendo, zi delimitação das nssociüções entre os termos
deve se ligar à estrutura conceituai de domínios específicos,
operacionalizada pcln terminologia, n::i quéll os conceitos de­
3 .2 REL\ÇÕES N:\0-HJERÁRO.UICAS OU SEQÜENC!1\IS
vcrJ.o estar mape;:1dos e definidos. Esrnpa-se, dcst:1 m,:ineirn,
do virtualicli.1de associativa passível de ser descnc1dcadn cm
As reloçcJcs sequcnc1,:us sJo relações que apresentam,
IN; confere-se, por outro lado, consistência aos procedi­
como vimos, umd dependência resultante de um;:i conti­
mentos pürél a dctcrminaçfio das ;1ssocinções cm domínios
güidade espaci;:iJ ou tcmporc1! (13outin-O.ucsncl et a!., 1985),
específicos.
do tipo causa/efeito, ;:mtes/depois, esquerdaídireita, acim;_1/
Como ressalt.:1 o documento do !BICT, ' 11,10 existe pes­
1

abaixo, produtor/produto, m;:iterial/produto


quisa suficiente parn cleterminélr as bases teóric1s d,1s re­
Tais re!J.ções podem, também, representar estágios de
lações associativas" (IBICT, 1984, p. 31) Em foce desse pro­
um processo de desenvolvimento ou de produção, procedi­
blema, a nrnior parte das recomencbções existentes nos
mentos legais, procedimentos odministrativos. Conceitos
milnuais e normds par;i construçi"io de LDs s.:io resultantes
deste tipo, com ;:ilgumo freqüência, representam ações que
d;:i przítíc,:i (idem, ibidem).

62 63
q) CoisiJ/seu contra-agente:
INSETOS li'!SETICIDA5
4
r) .f\lividude/produto: Relações lingüís ticas e
TEAR TECIDO

s) Pessoas ou coisns/suzis origens: documentacão


HR,.\SILEIROS BR:\SIL
:\UTOMÓVEL li'!DL!STRL-\
AUTOMOHll .ÍST!Ct\

t) Ass,>ei.1ç;io implícili1:
Hr\LANÇO DE PAG:-\J\IIENTO COivlÉRClO ll\:TERN.·\CION,\I.
Ohs.: Esl,1 .:issoci,1çiiu indt1i, segundo iV!ol la, lod,1s ,1qucl<1s que Jl;J () s,·
Urn.1 vez estabelecido um sistcmzi nocional, existem
conform;ir,1m ,1os l'Xl'lllplos ankriormcnk rcfrridos (idem, ibidem ). condições para estabelecer relações entre termos. O rigor
u) Expressões sinc.1l cgorem6l ic.1s/subst.1ntivos nclos incluídos: com que tais relações se propõem determin.1 o grau de con­
PEIXES fÓSSEIS PEIXES trole de uma linguagem construída. Dito de outro modo,
FLORES DE P.Al'EL FLORES urna linguagem construída é produto de uma operação nas
pabvras que ilS tr;insforma em termos. De foto, d linguil­
v) lntcrfoccta:
POLÍTICA Iv!Oi\:ET.ÁR!A
gem construída neutraliza as diferenças existentes na re­
NÍVEL DE ATJ\'IDADE ECO,\JÔivUCA
lação entre a pabvra e seus significados em LN. Nela n5o
Obs: l'ulític.:i tvlonctCtria (B) é- ;1ssl>ci,1d,1 ;i Nível de Alivid,1dc Económica
(..-\) '·porque .\j�í liavi;1 sido ilssociado il B, prcvi.1mc11lc, pelo foto de,-\ ser podem coexistir, por exemplo, duas ou mais palavrns que
lltnil d.:is c;.1r.1clcríslicils de B, e sem que B sc_ja, ncccssari;1111cnlc u111<1 d,1s se refiram a um mesmo conceito, ou uma palavra para
,·arad,rísl icis de .-\" (,\\olla, J 98 7, p. 49).
designar vários conceitos, sem que o futo seja suficiente­
mente registrado, e seja devic.bmente control<1do. Por essa
razão as linguagens document;_1rii.1S integram vornbuli.írios
controlados.
Para Girilcteriz<1r o que vem iJ ser o controle do voca­
bulário, é preciso entender como se comporta a significaçõ.o.
Bilkhtin ( 1981) observa que, no plano ideológico, a palavra
é uma unicbde "neutra", isto é, apta a se .:idequar a dife­
rentes padrões culturais. E isso ocorre, porque ela é por­
tadora ele umi.1 gama de significação que a torna capaz ele

66 67
produto e produtor, instrumento e processo. É import<1nle
salientar que tais relo.çõcs não podem ser definido.s em toda
sua cxlenSélO.
De certo modo, a difirnld.Jde de definir as relações n5o­
hierórquicas encontra-se enunci,1da na sua denominação
usual: rdo.ções associativas. A. impropriedade do termo "as­
sociação" deve-se, neste caso, c10 fato ele que qualquer que
sc:ja J. niJ.lureza da rebção, ela é, em certo grau, associo.livo..
O probkrno. cnl3.o continuarin: haveria relações associativos
hier.írquicas e rebções associativas n.10-hierárquicas
Por isso é preciso restabelecer o contexto que a v:11ide,
ou seja, irnbgo.r a sua naturez:1. O exemplo trcrnscrito .:1b:1i­
xo, da Norma ISO 108 7, ilustr<1 este aspecto.

REL.·\(,':',0 ASSOCl1\TJV;\

DOENÇ,\ TR.·\:\"51\-\TTIJ);\ 5EXLl,\LME:s.'T[ ,\LI EN:\Ç".\O /\lENTAL 11\!CLI R,\VEl.

Demência
Sífilis [sq11izofrc1iia
PsicoSl' 111,mbcn depressiva
Li11fngra11ulomalosr inguin,il

Fig. 4 - MoliJ1os rm;iÍicos juridicam,'nlc aceitos para o c/i1.·ôrcio.

3.1 RF.LAÇÔE.S l llER:\RQUIC-\S

/\ m,1cro-organização d.:1 maior parte das LDs funda-se


na organização lógico-hierárquica de suas unidades. A deli­
mito.çilo de classes de .issunto é feité1 .i pé1rtir de pontos de
vista determinJ.dos. Tais pontos de vista., por sué1 vez, eslJo

55
baseados em postulados df signifirndo ou cunvenções cul­ universo global de conhecimento, tendo-se curvodo, para
turais e ideológicas. tanto, ,'is referências postubcbs por 13.:icon par.:::i a orgJniza­
Esse é o caso dos sistemas de cbssific.:1ç3o bibliogr.:ffic::i çào do conhecimento; já os tesauros voltam-se para domí­
corno él [)[\'VEY DECII'vlJ\L CLASSIFIC.,\TION, CDD e él CL,\551fl­ nios cmb vez m.:iis p:1rticubrrs, sendo construídos cm fun­
CAÇ:\O DECIM.,\L UNIVERS.,\L, CDU. Esses sistcm.1.s secubres c..·Jo de universos muito delerminmlos. SJo, por essa raz3.o,
s5o atualizados por ediçôes periódiec1s que buscam solucionJr mais flexíveis quanto Zl estruturaçJo do esquema classi­
problemas d,1 conternpor.:.rneicbde, já que eles foram org;rni­ ficalório básico e rn;i.is ,1dequ,1dos ao :itendimcnto das neces­
z.:1dos, na sua form,1 inici;i.l cm 1 O cbsses principi.lis que co­ sidades i11formc1tiv.:1s de domínios especié.llizados.
briam, consensu.:1lmcnte, o conhccimc11to de entJo. Tais cbs­ ;\ flexibilidade dos tcsauros vincub-se a um princípio
ses, por suzi vez, subdividem-se sucessivamente. c.le utilicbde Desse modo, pode-se construir, pzira lll1l cam­
A organizaçJo lcígico-hierárquic:1 r t,1mbém .:1 base dJ po p.:irticubr do conhecimento, tantos tesauros quantos fo­
organizaç5o dos tcsauros. Corno jj mencion.:ido, os tesauros rem necess;írios. Cada um deles procurariÍ org.:mizar um dado
têm sua origem llél Colon Classification de Ranganathan e nas universo nocional, de .:1cordo com o ponto de vist:i que se
experiências posteriores dcscnvolvid.:is pelo Classification imprirne ao domínio, para responder a diferentes necessicb­
Rcsearch Gruup, referentes à estruturação do conhccirncnl"o, dcs. Para a ISO 704, "um ol�jcto cspccífirn pode ser visto de
a pnrtir da noçJo de ''faceta", ou seja, dn noçiio que privile­ diferentes pontos de vist<.1 por disciplinas diferentes".
gia determinados pontos de vista no arranjo dos domínios e 1\ssim, por exemplo, '·cm termodinfünirn as caracterís­
subdomínios porhcul.:ires, em função de objetivos específico s tic.::1s essenciais do conceito 'líquidu' sõ.o aqueb.s que indirnm
do sistema document.:írio em questi1o. A fonte ele rderênci.:i que ele é 'umn substância cm cstaclv condensado, intermediário
para a construção cbs hier:1rquizis, neste caso, é .:i estrutur.:::i entre sólido e gasoso"' (idem, ibidem)_ "Em hidrornecânica, as
leórico-conceitual de domínios específicos, determinzinc..lo-se rnractcrístic.:is rssrnci,1is do conceito 'líquido' s3o que ele é
cortjuntos de termos do domínio nuckar - n ,írea de especia­ uma subsU1ncia que é 'inco111press(vcl' 1 'cle11sa e capaz ele.fluir'"
liz.::ição propriamente dila-, e domínios periféricos, ou é.Írcas (idem, ibidem).
complernentzires, conforme necessidac..les ohjetiv.:is do siste­ No exemplo d,1 ISO, .:is Glr�ictcrístic::is (propriecbdcs) pri­
ma em questão. vilegiadas n:1 dcfi11içã.o de "líquido" em termoclinJ.mic.:i ou
No caso dos sistemas de classificaçzio e dos tes:1uros, é.l em hidromecJnic.:i, determinnm .:i definiçJo, implicando, por­
organização dzi macro-hierarquia e das liier.:irquias subse­ tanto, modos específicos de abordagem do .:::issunto e, conse­
qüentes depende, porlémto, dos princípios ou carc1cterísticé.ls qüentemente, construção e.las hierarquias.
de divisão :idoL1dos :1 L"ilUé.l passo, vnriando conforme objeti­ DcsL1 form.:i, é pussível construir t,rntas hiernrquias
vos dclerminzidos: a CDD e .:i CDU pretendem rcfcrir-se .:io quantas diferentes conjunções realiz.:::irmos entre as p.:11.:::ivras.

56 57
1 1•,,,1d\ 1s • 111 pnst ulados de significado ou convenções cul-
l I ir,1is e ideológic.:is.
Esse é o Glso dos sistcrn<1s de classificaçJ'o bibliográfica
como a DEWEY DECIMAL CL\SSIFICATION, CDD e él CL\SSIFl­
C.'\ÇÃO DECIJvtAL ll.NIVEJ:1.S;\L, CDU. Esses sislenrns secubres
s3o ,1tu<1liz<1dos por ediçõt:s pcriódic.1s que busrnm solucionar
problemas cb conlcrnpor,:meidadc, jó que eks foram orgc111i­
zados, na sua formc1 inicial em 10 classes principais que co­
briam, consensualmt:ntt:, o conhecimento de entJo. T.::iis clas­
ses, por sua vez, subdividem-se succssiv.1menlc.
A organiz.-içJo lógico-hierárquica é larnbém a lx1se tb
organização dos tes;1uros. Como jó. mencionado, os tes;1uros
lêm su,1 origem n;i Co/011 Class(fication de �.mg�1natilan e nas
experiências posleriorcs dcsenvolvicbs pelo Class(fication
Rcscarch Grou 11, referentes c1 esln1luraçno do conhecimento,
a p,:,rtir do noçJo de "faceta", ou s�jo., da noçiio qlle privile­
gia determinados pontos de vista no c11-rc1njo dos domínios e
subdomínios p,1rticubres, em funç5o de objetivos específicos
do sislema document,írio em queslJo. A fonte de referência
parn a conslrução cbs biernrquias, neste ciso, é a estrulura
tcórico-conccitu.1.l de domínios específicos, dctermin,1ndo-se
coqjuntos de termos do domínio 11uclcc1r - ,1 círea de especi�1-
lizaç5o propri,1menlc Jit;i -, e domínios periféricos, 0t1 .ire.JS
complcment.:1res, conforme neccssicbdes ol�jetiv;:is do sisle­
mn em questão.
No c1so dos sistemas de classific;1ç5o e dos tesat1ros, a
org.::mizaçâo dn m;:icro-hicrarquia e das liicrarqui;is subse­
qücnlcs depende, port<1nlo, dos princípios ou características
de <livisiio adolados ,1 c:idn passo, variando conforrnc objeti­
vos determino.dos: a CDD e a CDU pretendem referir-se <10

56
t m1vcrso global de conhecimento, tendo-se curvado, para
l.. mto, Zls referências postubdas por Bacon para a organiza­
ç:1o do conhecimento; _j;í os tesauros voltam-se para domí­
nios cada vez mais particulares, sendo construídos cm fun­
ç:'ío de universos muito determinados. 55:o, por essa razJo,
mais f1cxívcis quanto à estruturação do esquema classi­
ficatório b..isico e mais adequndos ao ,1lcndimento das neces­
sidades informativas de domínios especializados.
A f1exibilidade dos tesauros vincula-se a um princípio
de utilidéldc. Desse modo, pode-se construir, pélra um cam­
po parlicular do cu11liccimcnlo, tanlos les�1uros quanlos fo­
rem necessários. Cada um deles procurnrú organizar um dado
universo nocional, de acordo com o ponto de vista que se
imprime ao domínio, para responder él diferentes necessicb­
clcs. Para a ISO 704, "um objeto específico pode ser visto de
difcrcntcs pontos de vista por disciplinas difcrcntes".
Assim, por exemplo, "cm tcrmodinfimica élS caractcrís­
liG1s essenciais do conceito 'líquido' são aquelas que indico.m
que ele é 'umo. subst,focia cm estado conclensacio, intermecliário
entre sólido e gasoso"' (iclcm, ibidem). "Em hidromecfinica., as
caro.cterísticas essenciais do conceito 'líquido' sJo que ele é
uma subsUincia CJUe l 'incomprcss(i:eL 'c/cnsa e capaz defluir"'
(idem, ibiclcm).
No exemplo da 150, c1s características (propriedades) pri­
vilcgiéldas na clefiniç3:o de ''líquido" cm tcrmodinJmica ou
cm hidromcdinica, determinam a dcfiniç.10, implicando, por­
tanto, modos específicos de abordagem do assunto e, consc­
qücntcmcntc, construçi'iu das hierarquias.
DcsL1 forma, é possível construir tantas hicrarquio.s
quantas diferentes conjunções rcalizo.rmos entre as palavras.

57
---
Exemplificando:
/\Nl1\1./\IS /\NIM1\IS
Mnmífrros Carnívoros
J\ves l ierhívoros
Répteis
Batráquios
Peixes

Cnda um.::i clessns construções delimita e conforma as


noções ou conceitos u serem representados, refktindo esco­
lhi.is de determinadas propriedades, tal como numa Jrvore
de Porfírio. "O homem é nccessarimnente mort.11 somente
num.1 árvore de Porfírio particularmente fornliz.:ida no pro­
blema da dur;iç3.o da vida" (Eco, 1984, p. 51 ).
Refletindo tais princípios de organização, a conrig ura­
ção das LDs é fruto do organizaç3.o empírica das proprieda­
des das pabvr�1s (e n;io das coisas), est�mdo fundamentada
em postulados sócio-culturais. As classes, assim obtid;:is, re­
presentam, portanto, pontos de vista determinados sobre os
assuntos.

3.1.1 Rclaçiio ,gcnéricc1


Uma rel.J.ção genérico supõe uma noção fundamental
que inclui noções cspecífic.:1s que, por sua vez, mantl'm com
ela relações hierjrquicas (Boutin-Ouesncl ct ai., 1985).
Por exemplo, a noção de úrvorc .::tgrupa noções mais es­
pecíficas de folhas e de con(leras; por sua vez, as coníferas
são, segundo a persistência das folb.1s, caducas e não-cadu­
cas (idem, ibiclcm)
Desse modo, "as rebções genéricas indicam que todo

58
conceito que pertence à rntegoria do conceito específico (a
espécie) é parte da extensão do conceito amplo (o gênero).
Um conceito específico possui todas as c.:iracterísticas do con­
ceito mais amplo, mais, pelo menos, uma característica dis­
tintiva adicional que serve para diferenciar conceitos especí­
ficos no mesmo nível de abstração" (ISO 704).
A extcnsJo de urna 1wç,Io corresponde ao "coruunto de
indivíduos .:ios quais uma noção pode ser aplicada (Boutin-
0.uesnel ct al., 1985) e diz respeito à "totc1lidade de todas as
espécies que pertencem ao mesmo nível de c1bstr;:1ção ou à
totalidade dos objetos que têm todas as característicc1s do
conceito"(ISO 704).
A noção de extensão vem sempre associada à de intcnsão
ou compreensão. lntensão de uma noç3o é o conjunto de ca­
racterísticzis que compõem esta noção (Boutin-Quesnel ct al.,
1 985). A intensão de um conceito diz respeito ú totalidade
dr1s características deste conceito (ISO 704). Portanto, quan­
to maior a intensão do conceito, menor sua extensão e vice­
versa. Ou se:jo, quanto maior o número de características
que compõem um conceito, menor é o número de objetos
que compartilham destas características (lei da correlação
reversa).
A validaJe dr umo relação genérica pode ser constatCida
por meio de um esquc111C1 lógico do tipo "Lodos/Cilguns".

INSF.TOS

/
;\LCUNS si,o TODOS Si,O


G,\lº/\NHOTOS

59
O esquema precedente (IBICT, 1984, p. 26; 150 2 788-
1986, 1989, p. 605) indica que alguns membros da cbsse
"Insetos" são conhecidos como "gafanhotos", cnqu;:into que
todos os ·' gafanhotos" são "insetos", por definiç3o e inde­
pendentemente do contexto. Isso porque a classificaç.:10 tem
por b;:isc> as caraclerístic.::1s que szio necessárias e suficirntes
para distinguir noções. O conjunto de objetos ao qual se c1lri­
bui cc1r;:ictcrísticas ou propriedades comuns, ou S('.j.'.1, ao qual
foi :1plicada a mesma célractc>ríslirn de divisão, formé1 é1 cbsse.
Pelo leste ele classe, garante-se que o lermo "g<1fonho­
tos" não seja indevicfamentc subordinado A classe de "prn­
g::is", conforme o esquema abaixo:

PRAGAS

/
ALGU1vfAS SAO i\LGUNSS.'\O


CiAl:,\NHOTOS

Podem existir, todaviél, rnsos especiais nos quais o campo


"controle de prag.1s" cletcrminc1 :1 subordinaç:io ck "gnfanlio­
tos" a "pragas", éltendemlo a ol�jelivos muito específicos (idem,
ibidem).
.
Conforme jií mcncion:1do, umu seqi 1ência de conceitos
st1bordinaclos forma 11111a seqüênci,1 vertic.11, cnqwmlo que
noções difrrenciad:1s no mesmo nível t.!e abslr.1ção Corrnarn
urn.1 scqúência horizontal, clenomin:1clé1 coordenação.
A coorclcn;ição resulta, pois, da üssocic1ç:'io cntri.> noções
obtidas por intermédio da divis3o a partir de umü mesma

60
;\ experiência na elaboração de LDs permitiu rnumernr
vários lipos de associação, segundo ü sua natureza. Entretan­
to, a ocorrência e utilidade desta ou daquela .:lssociação depen­
de do modo de org,rnização dos domínios de especi�1lidade.
Confrontando-se ;:is recomend;-iç('5cs do IBJCT e aquelas
�1presrntadél.s por Lmcaster (1987) e por Molla ('] 987), ob­
serv::i-sc grande v�iricdack de rcla1;:ôes mJ.rcadas por diferen­
tes pontos de visL1. Abaixo estão reunidos exemplos dcsti­
n<1dos a cscbrecer ns complexas relações entre termos, cuj.1
:1ssociaçiio resulla ele contigiiicl,1de temporal ou espacinl:
<1) RcbçJo de 1\tribui(io:
l::CONOMI,\ NÍVEL DE ,\Tl\'11):\DE ECONÔJ\·llC-\
b) Discíplinil ot1 c.1rnµo de csludot objetos ou fenêimcnos cs­
tudi1dos:
ENTOMOLOGI,\ 1;-...:snos
ESlÍ:TICA MELEZ.\
PAClfJSMO p,\Z
e) Processo ou opt'r ;1çiio/seu ngentc ou instrumento:
CONTROLE DA T[MPERATUIU TERMOS.JAIOS
ILUM[ 1r\(,\O L: \PADA'i
AUTOI·d..·\�:.�o COMJ'LIT·\DORE:i
.\QUI:CíMENTO COi\rnUSTÍVUS
POLÍTICA MONI:T.-\RL·\ L·\X\.'i DE JURO.'i
c\J Relação de [nl1ui?ncia:
l'OLÍTJCA I\\ONET.-\RIA
e) ivL:itérié:l-prima,rproduto:
n:\LIXIT·\ .-\LU '1ÍNIO
f) Coiso, élplirnção
r\lt·\STECJ;\:\ENTO DE ,\CU-\ IRRIGAÇÃO

64
g) Aç3o/resultado da ação
TECELAGE1\l TECIDOS
PINTURA (Arte) MURAIS
CR[SCIMENTO ECONé\v!ICO DESENVOLV!MEN·ro
ECONÔ1vl!CO
h) C:n1s.1lidade ou cous,vconscqliência:
CRESCI1\lt.:i\:TC) ECON, M[CO DE5ENVOLVIMENTO
EC01 'ÔMICO
iJ Efrilo/c;1usa:
FEBRE JNFECÇ-\0

j) Ocpend[·nci;i c;1usol:
DOE 1
.r\5 PATOGÊ IJCr\S ,\CENTES P.-\TOCÍ:N!COS
kJ 1\tividade/,1gcntc:
·1:-\Br\GIS1V\O FUMO

1) Alividi1dc/propried:1de
COlffE LISJNr\BILlDADE

m) 1\livicbdes complementares:
COMPRA VENDA
n) Opnslos:
\'][");\ ;\lORT[
1:Ml'RECO

o) ;\ç:1o. seu paciente:


EXTRJ\l)IÇ-\0 CRIJ\\INU505
l'ESC:\ PléSCADU

p) Coiso ou nlivicbde,suas propriedades ou agentes


VI.::NEi\'.05 TOX!n\D[
l!SINA.BIUDADE
CRL\f\(:\ Slll'EIWOT\D,-\ INTl:UCÊ1 1 C!A

65
4
Relações lingüísticas e
documentação
......
Uma \/ez estabelecido um sistema nocional, existem
condições parn. estabelecer relações entre termos. O rigor
com que tais rebções se propõem determina o grnu de con­
trole de urna linguagem construídd. Dito de outro modo,
uma linguagem construícfa é produto de uma operaç5o m1s
palavras que as transforma em termos. De fato, a lingua­
gem construída neutraliza as diferenças existentes na re­
laç5o entre a palavra e seus significados em LN. Nela não
podem coexistir, por exemplo, duils ou mais palnvras que
se refiram a um mesmo conceito, ou uma p,1!J.vra para
designar vários conceitos, sem que o fato seja suficiente­
mente registrado, e seja devidamente controlado. Por essa
rnz5o as linguagens document/irias integram vornbulé.hios
controlados.
Para rnracteriz<1r o que vem a ser o controle cio voca­
bultirio, é preciso entender corno se comporta a significaçi.io.
Bakhtin ( 1981) observa que, no pbno ideológico, a palavra
é umd unidade "neutra", isto é, apta a se .Jdequélr a dife­
rentes padrões culturilis. E isso ocorre, porque ela é por­
tadorn de uma gama de significação que a torna capaz de

67
.. ..
LD LN
... ... sdol
..
Stc Sdo. Stc
... sdo2
... .. sdo3

É preciso entender, port.1nto, que é intrínseco ií. p;:i_lavra


signifiGJr de 111,1neir:i própri;:i_ .1 c;:i_da ocorrênci.1. Esse n.'i.o e
lllll defeito. É ,rntes uma G1r.1etcrístic;:i_ irnporlimtíssimn p,1r;1

,1 inlcrprcl<1ç.'i.o dl) mundo. Ni'io se pode exigir que a LN de­


cline d:i su;-i funç.'i.o t:imbém inlcrprcL1liva e criildora para
e.xcrcil;:ir �1pc11:1s a runç.'io informativa. i\s LDs, ,10 contró.rio,
porque s3o ebboracbs p:1ra o exercício estrito da funç.'i.o in­
forrnntiv:1, compreendem unicbdcs c.1pnzcs de representar
inforrnziçJo. ,\.!Jo é suficiente que l:iis unicbcks signifiquem.
É ncccss,írio que ebs signifiquem de 111<1ncira determinillh
Portanto, qunndo se ,1firm:1 que ;:is lingu,1gcns docu­
mcnl,íri,1s supõem o controk do voca!Jul.írio, afirma-se, si­
multar 1carnc11tl':
,1) il exislêncii1 de mcc111isrnos inlnprclativos próprios,
uma vrz qur nJo se pode utilizar o mcc:1nismo
inlcrprcL1livo d,1 LN p:ira determinar significados Lbs
unil!ddes dcsli11;1d,1s ,) reprcsenl,1çJo d,1 i11forrn<1çJo;
b) ;1 possibilil.bdc de se produzir linguagens de 11,llurc­
z,1 mcmossêmica que participam cb ebboraç3o de LDs.
Em Lice da nc1lurez�1 plurissl:'mica da LN, a elahora­
ç3o de LDs supõe alterar ;:i fonte de significaç.10, isto
é, alterar ;i possibilidade de significar, orientando-a
par,1 a necessid:idc de fix;:ir significados. Este processo

69
permite a transformação da unidade de significnç3o
em unidade de informaç3o;
c) a existêncio de um vornbulário próprio de uma LD
que comporta, prefcrenci.:ilmente, unidades de lingu::i­
gens de especialidade, isto é, termos, também deno­
minados "vocabulários especializados". O vocabulá­
rio ger.:il que se compõe de palavrns, se, por um lado,
é mais rico que o primeiro, por outro, do ponto de
visla do tratamento da informoçâo, é m<1is limit<1do.

4.1 POL155Ei'v1IA E AMBIGÜJDADE

Par.J a Lingüístic.::i, a pabvra é sempre fonte de signifi­


cação J\1J.s h6 que se distinguir a plurissignifirnç5o corno
[cnômeno geral, decorrente da organizaç5o sintático-semJ.n­
tica de enunci::idos, e J. polissemia, fenômeno específico da
árc<1 vocabulo.r.
A ambigüidnde, por sun vez, é cntenclid�1 como i1 possi­
bilidade de uma comunicaç3o lingi.iístirn prestar-se a mais
de uma interpretaç3o e ocorre em funç3o, tanto da pluris­
signifie:1ç3o como da polissemia.
De [ato, a ambigiiidmk pode ser conseqüência, nél i'írea
vocabular, da polissemiJ ou da homonímia e, no pbno n1Z1is
geral, de deficiências na utiliz<1ção de példrões sintático­
sem5nticos.
Peb polissemia, como foi mencionado élnteriormente,
observa-se que uma palavra pode comportar mais de um
significado, como em "I-Iojc trabnlhei muito conz ar-condicio­
nado", onde o enunü:idor tanto pode estar dizendo que tra-

70
normalmente, com os mernnismos interpretativos habituais
e nos ncostumamos com signifirndos repetitivos. Isso diz
respeito .::i.os nossos h.:í.bitos e n5o uo sislcmn lingü[slico.
Por estarem num sistrma relacionnl, as p,-1lavrns de­
vem ser ohservacl;is cm oposiçé'io um,1s ;)s outros. Em si
mesma, por exemplo, .:i palavra ''all:1'' pode ser incorrcla­
mL'.11te i nterpret<1<.fo como ambígua, j;1 que pode estar nsso­
ci:1eb .1 signifirnções difrrcn tes, como: crizmç�1 alta e mulher
alta. O mesmo pode-se :1firmAr cm rclaçé'io .1 pabvr,1 "b:1i­
xo", um,1 vez que ''criança baixa" e "mulher baixa" ;iprc­
scnb.1111 igu,1lrnente significações divcrs<1s A .:imbigi.iidade
(bs pal.:.1vr.1s inexiste se :1s observamos como oposiç::io. fic,1
evidente, desse mo<lo, que '·cri,mp b;:1ix;1"/"cri,111ça alta" é
11111n oposiçJo ,m,ílog:1 à oposiçZio '·nndher b:lixa"/''nrnlhcr
,11la". !\ signiCic-1ç;:io, nesse caso, denomin,1-sc oposicion,il e
possibilita delcrmin,1r o sentido, propondo limites par::i :1
indelerminaçJo original.
E.sl:imos diélnlc, cnt.::io, de dois fenômenos que devem
ser objeto Lbs opera�-t'5es de dabor�1çJo de linguagens doc11-
mcrll,1ri,1s: a polissemic1 e a monossemia. A polissemia é rcs­
ponsúvcl pcb p:1ssagcm de umil significaç:io 3 outr,1, c..lc modo
que <1s u11id,1des scj,1111 G1p,11.es de represcnlnr ,1 informélçZio.
;\ infornuçJo, ao contrúrio di.l signific:ic)io geral, deve ser
dctcrminnd:1. Para que da o s�ja, <1 signifiu1çifo que a reprc­
senl.:1 nfio pode ser de nat111Y2a polissi?mirn. í\ monossemizi,
por su,1 vez, desej:ivd n;1s LDs, é obtida por meio de redes
rcbcionélis e definições dos termos. Isto quer dizer que, :io
contré1rio dél LN, onde ;1 riquezil vincula-se él polisscmi,1, a
fix:1ç5o de rd,içõcs e definições prcc1s:1s é seu princípio
organizador ckment:ir e lx:ísico.

72
/\ssim, .:10 oper.ir com LDs, devemos .inalisá-las, tendo
t·m vista desvcnd.ir o modo pelo qu.:11 ncbs .is signiíic<1ções
siio orgilnizadas.
i\ rigor, n5o se destja que um termo se enriqueça. Exi­
ge-se que ele expresse conceitos c.lcterminodos ...·\ definiç3.o
deve propor um�1 cxprcssZío (sinl.:1gm:1 ou p<1hvra) sem<1nli­
c.:1menle equiv,1lenle .� unidade a ser dcfiniclii. N,10 se deve
descrever, por exemplo, o objeto concreto ferro ou úgua, 111;1s
o f'tmcion<1rnenlo lingüíslico <lo lermo m1n1 sistema nocional
em quesliio, l;il como Fe e H_,O, respectivamente, p,1rn o vo­
cabulário J.i Química
O turno, larnbém, define-se por suas relações com ou­
lros termos. Extraindo o lermo do lug,11' que ocup,1, o qual
lhe confere sei I valor, privamo-nos do único meio possível par.:1
definir suzi cxistênci,1 li11giústic;1, rigoros;1 o suticicnle par.:1 ga­
rantir seu f11ncion;_ime11lo como unidade <le inform<1çi10.
Sendo ;1ssim, Fc e 11 2 0 pass:rn1 ,1 ler signifirndos fixa­
dos e determinados Integram um vocaht1lário espcciillizado
(técnico ou científico) Seus corrcl,ll os ferro e {igu;.1 integram
o vocabu!.:í.rio geral d<1 LN, no qual podem ;1ssu111ir signifi­
cações <.hvcrsas. Por exemplo, ferro, em relaçiio ,10 objeto, ;i
conceito etc
Por vezes , observ,1-se confus,}o cnlrL· ,1mbigi"iic!mlc e
polissemia A nrnbigiiidadc lcxic<1l impõe-se por rncío d,1
polisscmin e da hornonímio. Na lingu,1gcm uocumcnl,íria, a
:1mbigüidade {: Lrnlada com o auxílio de moc!ifirndores que
contexhwlizam o sentido. Ex.: planta (botJnica), planta (ar­
quiteturéi); comp<1nlii.1. (empres:J), comp.inliia (1xssoa).
[rn princípio, cm LN, a ambigüicbde é focilrncntc resol­
vida pelo contexto. O mesmo 11.10 ocorre com a polissemiJ.

7�
_)
;\ visEio ingêmlé1 que identifiG1 ;:imbigüidade e polissemia,
acaba por acreditar que apenas a ambigüidade leva c1 inde­
terminação do s,ntido. Ela é, ele fato, o fenômeno maisª!-'ª­
rente e o menos grave. A armadilha é acreditar que J pa­
lavr<1 tenha um único significé)do. Nega-se a polissemi<1 como
fenômeno global e estalielccem-se operé)dores de sentido que
pouco têm a ver com o rnrnpo nocional, isto é, substitui-se
o conceito ou a noçi'io própria dos vocabulários especializ;:idos
pelas indeterminações do vocabulário geral.
Para nn1tralizar c.1 polissemia, é preciso bnçm mão de
dois recursos: ebhoração de redes rebcion<1is e estabeleci­
mento de definições e notas de escopo, srmpre que as redrs
sr mostri.lt-crn insuficientes para <1 interpretação tmívoca d3
significação. Té)is recursos impõem operadores de sentido,
isto é, elementos que conduzem o indexador a intcrprel.J.r
adequad.:uncnte, cm conformicléide com o sistema nocional
cm questão .

4.2 SINONÍMI1\

A sinonímia é uma relação de equivalênci.1 entre, ao me­


nos, duas pJ.IAvras. Por meio clcb nJo st' afirma i1 identidade
entre L)S demcnlos envolvidos na relação. Isto é, x equivzile i1
y indica que x pode, cm detcrminaJo.s circunstJncias, subs­
tituir '>1- i\. equivalência é um recurso norrnaliz;:idor impor­
tante parü o. compreensão de uma linguagem documcntiíria.
De um lado, permite normalizar a polissemia, indicando que
várias pulavras, umn vez que compartilham signific1dos pró­
ximos, expressam-sr por um mesmo descritor. De outro,

74
assumir sentidos ou valores diferentes, dependendo do con­

.. ..
LO LN
lexto.
Sle. Sdo. Stc selo!
/\ssirn, a despeito de seus semas básicos que constitunn

..
sdo2
o que se poderia chamar de núcleo "duro" de significaç5o da
p;:ilavr,1, ela como que se amolda a cada realidade contfxtu,1!, sdo3
permitindo diferentes focalizações.
Desta forma, é impróprio dizer que um;:i cbda palavr;1
tem o significado y, embora s(-:ja viável, a p,1rtir de um sig­ t preciso entender, porlanto, qur é rnlrínscco i1 p;:ilé!vra
nific;:ido b:ísico, ,1í"irrn,ir que ela .1ssume vó.rios senlidos ou significar de m,111eira própria a cada ocorrênci,1. Esse 1150 e
v,1lores, dependendo de contextos. N?ío é por acaso, pois, que um dcfeilo. t ,111tes uma caraeterística impurL111tíssirn,1 p,1ri1
i1 LN se propõe como esp:1ço para o exercício dn li1)Cnbdc. O :1 inlcrprelaçJu do mundo. NJ.o se pode exigir que i1 LN de­
sujeito folante nôo é ;:ipenas um reprodulur de sentido. A.o se cline d,1 su,1 funç:io tom!Jém i11lerpret,1liva e cri,1dora pnra
<1poss:1r dil linguagem, ele rxcrcila o ato de signif"ic1r, que cxerciL1r apen,1s a funçôo inlormaliva. As LDs, ao conlri'írio,
supõe liberdade de escolh,1. porque s:io cbbo1\1cbs para o exercício estrito da funçôo in­
Esta é umn das riJZCJes pelas quais a L r se define, inv.J­ form,1liva, compreendem unidades capazes de representar
riavclmente, pela Sllil dinarnicicbdc, jó. que, é1 cada momen­ informaç5o. NJ.o é suf"icicnlc que tais unidades signifiquem.
to, cb se lransform.J, evolui. É o instrumento de represen­ í:: nccess,írio que elas signifiquem de maneir,1 dctcrminé!d,1.
taç5o da renlid,1de que deve ser carnctcrizodo corno mCilliplo Port:mlo , qu,mdo se ,1firma que ;:is linguagens docu­
e plurissigniíicalivo. mcnliíriils supõem o conlrolc do voc;:ibul;írio, afirma-se, si­
!\s unicbcles conslitulivos das linguagens conslruídas, m ui l :mc,1mcn te:
ilO conldrio, significam de m,111eir,1 precisa. Contrapõem-se a) a cxislência de mcrnnismos inlcrprclalivos próprios,
,'is unidades ÔJ LN, jusléirnente por imporem significados fi­ uma vez que 11,10 se pode utilizar o mecanismo
xos, de rnaneir;:i coercitiva. /\o contr,írio da pal,nT,1 polis­ inlcrprcL1livo cb LN p,1ra delerminar significados das
sêmic;:i do vou1bu]3rio geral d,1 LN, o lamo do voG1bul.írio unidades dcslinacbs i1 reprcscntz1çJ.o da inform.:iç5o;
especializado das linguagens construídas tende a se compor­ b) a possibilidade de se produzir linguagens de nature­
tar de m,meira uniforme, com pequenos variZJções, isto é, za rnonossêmica que p,irtic1p:1111 da ebburaç5o de LDs.
nele as rebçõcs cnlre forma si�0 nificZJnte. r sionifie1d
. V � c) l•"n-
� Em L1.ce da naturcz:1 plurissêmica da LN, a clahora­
demo ser unívocas. Diz-se, nesse caso, que o termo, ao ccrn­ \·5o de LDs supõe alterar a fonte de signiíic:iç?i.o, islo
tr,írio do pabvra polissêmic1, é de naluru,1. monossêmica é, alterar a possibilicLide ck significar, oricnl;imJo-�1
Em diagram:1: par,1 ,1. necessidade de fixar signií icados. Esle processo

68
69
permite a transformação da unidade de significação balhou em aparelhos de ar-condicionado, quanto cm ;1111-
em unidade de informuç5o; bienlc refrigerado ou aquecido por ar-condicionado. Ou 11él
c) a existência de um voc:1bulc1rio próprio de urna fr.:1sc "O cachorro do meu vizinho uivou ;_1 noite toda", onde
LD
que comporl.i, JJrefcrcncialmente, unidades de linoua- ele pode estar dizendo que o cachorro pertence ao vizinho,
,·,
gens de especialidélde, isto é, lermos, também deno- ou que o vizinho é um cachorro.
minc1dos "vocabulzírios espccialin1dos". O vocabulá­ -n-1mbém a hornonímia, que consiste cm uma mesm.:1
rio geral que se compõe de palavras, se, por um lado, formd significante remeter a duas realid.Jdes vocabulares di­
é mais rico que o primeiro, por outro, do ponto de versas, sej.:i.rn unidades com idcntid.:i.de ftmica (]10111ofonin)
vista do tratamento da inforrnZJ.ção, é mais limitado. ou identidade uorMica (homoçzrafia),,., 1Jo<lc ,....,Qernr ambi{), üidn-
e..

de. Por exemplo, num;i frase corno "O mestre entn:gou a ca­
deira ao coleoa"..:-, , o sionificanlc
D "cadeirn" t;:rnto lJOde remeter
4.1 POLIS5EiV1I/\ E AJ\lBIGÜJD/\DE i\ palavra c;1deira = objeto para sentnr, quanto a cadeirn =
cátedra de um docente.
Para a Lingiiística, a pZ1lavra é sempre fonte de signifi­ Pelas deficiências no uso de pdclrõcs sintáti cos, eviden­
caçi10. J\1c.1s hó que se distinguir a plurissignificaç5o como ciam-se também :11nbigüidadcs, geralmente, resolvidas em
fenômeno geral, decorrente da organização sintMico-semân­ LN com modiriG1çõcs de colocaç:10, como em "Os juízes cn­
tica de enunciados, e a polissemia, fenômeno específico da c:1ravam os réus cnigrnMicos", onde tanto él signific;iç:10 pode
área vocabular. ser relélliva à atitude dos juízes, quanto ;_10 estzido dos réus.
A .:i.mbigüidadc, por su.:i. vez, é entendida como a possi­ ;\ colocação dos sintagmzis, ou a seleção de padrões sintMi­
bilidade de uma comunicoçiio lingiiístic:1 prestar-se a mais cos pode, entretanto, des:1mbigüi7-.:1r a frase "Os JUÍ7-es cnig­
de urna interpretação e ocorre em função, tanto da pluris­ mólicos encnravarn os réus" ou ''l)s juízes encaravam os réus
significação como da polissemia que eram (estavam) cnigm,ílicos.
De fnto, a ambigüidade pode ser conseqüência, na área Num,1 linguagem clocumcnt:íria, tanto a polissemia,
voc;ibular, da polissemia ou da homonírnia e, no plano rnnis qu;_mlo a ambigüidade devem ser neutralizadas, par.:1 que
ger.11, de deficiências na utilização de pzidrõcs sintMi co ­ seja gnranlidn a rnonosscmi:1 entre a formd do significante e
semânticos. a elo significado.
Pela polissemia, como foi mencionado anteriormente, A ambigúid.1de evidencia, de maneira inequívoca, a di­
observa-se que uma palavra pode comporlnr mais de um veroêncin entre ,1 a1J,.1rência e a realidéldc cio sistema e nos
" t
significado, como em "Hoje trabalhei muito conz ar-condicio­ permite dizer que :1 aparênci:1 ni'io é sempre a pista inter-
nado", onde o enunciador Urnto pode estar dizendo que tra- 1xctativa mais segura. Levados pela aparência, operamos,

70 71
rios cu111 ,1 1111
A visão ingênua que identifica ambigüidade e polissemia, permite compatibilizar a linguagem dos usuá
o op erador de
acaba por élcreditar qu e apenas a arnbigüidnde leva à inde­ guagem do sistema, funcionando, assim, com
terminaçJ o do sentido. Eb é, de frlto, o fenômeno mais apa­ sentido.
ncia do
rente e o menos grav e. /\ arn1adilha é acreditar que a pél­ É importmte enlendê-la sempre co mo conseqüê
como urna ope­
lavra tenha um único si!�J.?.nif'icado Ncaa-se a lJolissemia como contexto. Este folor caracteriza <1 equivalência
co importan­
V

fenômeno glob,11 e esL1belccem-se operadores de sentido que raçi.'io relativamente arbilrária, mas isso é pou
da.
pouco têm ;:i ver com o c.1111po nocional, isto é, substilui-se te, urna vez que a arbilrmie<lade esteja registra
ificaç5o cm
o conceito ou a noção própria elos vornbulúri os especié1lizados De fato, ;:i transformaç5 o da unidade de sign
ental do con­
pebs indete rminações do vocabulário geral unidade de informação é .J carnclcrística fundam
construída, a
Para neutralizar a polissemi;:i, é preciso lançar m.:'io de lrole ele v ocabulário, jj que numa linguagem
nder um único
dois recursos: clahornçi'i o de redes relacionais e cst;:ibeleci­ cada unidade de informação deve correspo
ment o ele definições e notas de escopo, sempre que éJS redes sentido referencial.
se sinôni-
se mostrnrcm insuficientes para a interpretaçZio unívorn da No entanlo, c1 existência J e sinônimos ou qu;:i
ivalência p ara o
signific1.ção. Tais recurs os impõem opcr;idorcs de sentido, mos nos lcvJ a considerar rebções de equ
isto é, elementos que conduzem o indexador a interpretar trabalho documcntiírio.
ivalência
c1dequadarncnle, em conformidade com o sistema nocion.11 A LJarande irn1)o rtância das relações de equ
de controle
em questão. advém do fal o que elas intensificüm o processo
maior rigor no
sohre a variaç.:io de signifirndo, permilindo
recup eração.
tratamento da informação e eficácia na sua
�1das anlerior­
4.2 SINONÍMli\ Como os outros gêneros de rebções mencion
p;1rârn elros
mente, as relações de equivalênciu introduzem
um g ru p o.
:\ sinonímia é urna relação de equivalência entre, ao me­ pma o uso da linguagem determinadas p or
ida corno
nos, duas palavras. Por meio dela não se élfirma a idcnticbdc No sentido estrilo, a sinonímia pode sn defin
ais, p orém, a
entre os elementos envolvidos na relação. Isto é, x rquiv,1lc a identidade de significaçJo entre elementos lexic
a, sendo G.1usa
y indica que x p ode, cm deterrnina(bs circunsUi.nci<1s, subs­ existência de sinonímia ;:ibsolut<1 é controvers
;iclmitcm sua
tituir y. A equivnlência é um recurso normalizador impor­ de debates entre lexicólogos. Alguns alltorcs
s línguas fun­
tante para a compreensi.'i o de tuna linguagem documentúria. existênci<1 para o caso da cqllivalência entre du.J
/Larus - nome
De um lado , permite normalizar a polissemi<1, indicando que cionais, como cm gaivolas - nome popular
equivalências
v.:irias p:1bvras, urn<1 vez que cornpmtilham significados pró­ científico; outros, <10 contrário, tratam tais
ximos, expressam-se J)l)r um mesmo descritor. De oulro, como quase-sinonímia

74 75
ximos e se intcrsect;::im, co1T10 belo/bonito; casa/resi­
Entre lingüistas é mais freqüente n ;:iceit.1ção do concei­
dência; L::ilecimenlo lrnorle.
to de qu.1se-sinônimo, ou de para-sinônimo, uma vo. que
es e­
péirecc muilo pouco provável que, cm LN, dui.ls palavras Na claboraçZío de LDs é fundamental urn trabalho p
que css:1s
portadoras de exatamente o mesmo significado poss.:im so­ cífico com sinônimos e quase-sinônimos, um;i vez
menos du;1s
b1Yvivcr. lingu.:igcns lêm por funçifo compalihilizar pelo
r,llur.:i em
Entre documenl.:ilislas, larnhérn, silo utilizados os ccm­ oul r .1s linglwgcns: a de especialidade ou c.b litt:
renciais.
ccilos de sinônimo e qw1se-sinônimo. Enquanto sinônimo questzio e i1 do usuá r io, por meio de Lermos prefe
ímia
indica cad;i um dos te r mos de urn;1 lín"ll,1

dad,1 que desio-
. V
Num.:i accpçZío mé,is ampb, corno é o caso da sinon
sJo sinôni­
na1T1 urn,1 rncsma noçJo, 111;1s que se situ,1111 cm níveis da utiliz,1d,1 né1 clabor,1ç3o de tes;:iuros, dois Lermos
se suhslilt1í­
língt1a ou de conccplu,1liz,1çJo clifcrentcs, ou que se empre­ mos quando têm a possibilicbdc funcional de
sinonímia
gam cm silunç-õcs de comunic.1(10 diferentes; qu,1sc-sin611i­ rem um ao oulro, podendo comprccmlcr tanto :1
ni.ls I.Ds é de
mos cksign,1rn fonn;1s que nJo são inlcrc.1rnhiávcis cm to­ <1hsoluta (L)l110 i.l q11<1se-sinonímia. ;\ sinonírniü
o 11st1:.í.rio
dos os enunciados r eblivos ;_1 um mesmo domínio c1rAter C'minenlcrnentc pref'rrcncial e visa n:meler
sdccion.:1do,
:\ v,1ri,1da g:1m,1 ck qu,1se-sinônirnos, talvez, poss;� ser de um lermo n3o-prcfercnci;il, p;1ra um lermo
rcs u micb cm ;1lguns tipos: ou preferencial.
pabvras pertrnccnles ,1 c.fr1ktos diferentes (dialetos
regionais, soci;iis, eLírios etc.), como pcsquis<1 (Br,1-
4.3 Hll'ONÍMI!\
sil)/lnvcslig,1çJo (Porl ugal); aviJo/acroplnno;
r i.'ir­
- palavr,1s pcrlcncenlcs a diferentes estilos ou regis­ Do ponto ele visla c.b Lingúíslic.1, a cslrill l!l·:1ç.'i.o llic
os: p or
tros, como dor de cahcç;1/ccfoléi;1; gnivoL1S/brídcos; quirn de t1rn voc1buli.Írio pode ser dacb sob dois mod
lodo
:kido clorídrico (química), ,ícic.lo muri:ítico (conslru­ 11111;1 rrbç:'í.o de l i iponímia ot1 por meio d:1 rchç6o p;1rle
1

signifi­
ç,10 civil); No nível das relações de sentido o probkrn,1 lb
n p;1rtir
p;:ibvrns que gu,1rcbm ,1pen,1s u111;1 difrrcnç;1 cmoliv;1 l-,HJio pode ser vislo sob diversos ic"\11gulos, ou s\j,1,
ou Vi.1lor:1tivd, como países cm vii.lS de dcsenvolvimcn­ lk diversas categorias.
no(JO
to/p,1Íses subdesenvolvidos; /\ categoria denominada hiponími;i opc r r1 com :1
ir lmicbdcs
- palavras que têm su,1 ocorrêncin limil:1cla, n,1 medida de ínclus.'io, a mcsm,1 noç.'io que pe r mite reun
lor, ou
cm que só aparecem com outr,1s, como "de lx1rbc,1r" 11uma classe. r\ssim, rosa e cral'LJ esL'io incluíclas cm f
que vem com 15.minas: gilctcs/lfimin,1s de barbct.1r; ,,1•.ilo e l ccfo csl.'i.o incluídos
cm a11i111.-il, ou cscarlalt' csUí in-

- p,1bvrns cujos s ignificados sJo. ele foto, muito pró- 1·\11íc.lo em vermelho.

77
76
Enh·c lingüistas é m<1is freqüente n aceitação do concei­ ximos e se intersectam, como belo/bonito; cas;i/rrsi
to de quase-sinônimo, ou de para-sinônimo, uma vez que dência; falecimento/morle
parece muito pouco provável que, em LN, duas palélvras
Na eJabnra\·Jo de LDs é fundamenlc1l um tr.:1b.:1lho espe­
portadoréJS de o:aL1mente o mesmo significado possam so­
cífico com sinônimos e qunsc-sinônimos, um;i vez que essas
breviver.
linguagens têm por Cunçifo compatibíli1ar pelo rnt'nos duas
Entre documcntJ!istJs, tan1bém, s.10 u lilizi'!dos os con­
outrns ling u agens: a de espec i alidade OLI da Jiteralnrn em
ceitos de sinônimo e quase-sinônimo. Enquanto sinônimo
quest3o e c1 do usui.Írio, por me i o de lermos prefcrencié1is.
indirn Cé1CÍí1 um dos termos de uma língu.:i dadu que desig­
Nu mil .:icepçi'io rnnis :1mpl.:i, como é o caso da sinonímia
nam u rn a mesma noçJo, mas que se situam em níveis da
ulilizilda na ebboraçôo de tcsauros, dois lermos s5o sinôni­
líng t1 é1 ou de CO!lcept twlizé1ç5o difo-rentes, ou que se emprc­
mos qu,mdo têm a possibilid.:ide funcion ..iJ ele se substituí­
g�1m cm sit u::içocs de comunic;:1çiio diferentes; q u ,1se-sinôni­
rem um :10 oulro, podendo compreender tanlo a sinonímia
mos dcsig n ,1 1 11 form.:is que n<':io sfío intcrcamhii-1vcis em to­
ilhsoluL1 como a qu;1se-sinonímic1. A sinonímia rn1s Ll)s é de
dos os enunciados relativos a um mesmo domínio
c::ir,:Hcr eminentemente preferencial e visa remeter o usu,.írio
A v,1r i ad,1 g;im,1 de qu,1se-sinéinimos, t il!vcz, possa ser
de um lermo 11Zío-prcfere11ci<1l, para um termo selecionado,
resumidn cm i!lguns tipos:
ou preferencial.
- 1x1!avras pertencentes a dialetos diferentes (dialetos
reg i onais, soci,1is, cL:irios etc.), como pesquisn (Bré1-
sil)/!nvestigaç;10 (Portug:1!); aviiio/c1eropln n o; 4.3 Hll'ONÍiv1l/\

- p,1lilvras pertencentes ,1 diferentes estilos ou regis­


t rns, como dor ele caheça/ceL1léi,1; gi1ivot,1s/brícl eo s; Do ponto de vista da Lingi1íslirn, a cstrul uraçJo llier.:ír­
,kido clorídrico (química). ,kido muri,ílico (constru­ q11irn de um voc;ibul,hio poJe ser dada sob dois modos: por
çJo civil); um,1 rcbçi'io de hiponími:1 ou por meio dél rebção parle ·todo.
No nível dc1s rcbçõcs de sentido o problema d:1 sig n if'i­
- p:iL1vr,1s q u e gué!rdan1 apenas um;1 difcre11çé1 cmotiv,1
c;içc10 pode ser visto sob diversos ângulus, ou scj,1, a p�irtir
ou v;ilorativ:1, como p�1íses cm vias ele clesenvoJvirn cn­
de clivers3s categorias.
to/paísfs subdesenvolvidos;
/\. rnlcgoría denominada hiponímia opera com a no1;.-Jo
pé!l,1vrns que têm su:1 ocorrência limit;1da, na medicb de inclusi'io, a mcsrn:1 noç<'fo que permite reunir unidades
t'l11 qul' só é1p,1reCt'rn com out rns, como "de b;irl i cnr" nunrn classe. :\ssim, rosa e cranJ esU:io incl u ídas cm.flor, ou
q u e vem com L1111i11<1s: gilctcs,: Jilmin:-1s de barbc�1r; ,gato e lciio estilo incluídos em ,111i1na/ 1 ou escarlate estéi in­
- p.1Javré1 S cujos signifirndos são, de f.:i to, muito pró- cluído cm l·'Cl'lllclho.

76 77
espéne (ou
A inclusão tem a ver, pois, com a inserção de um dado podem ser feitos segundo a fórmula 'x é um<1
elemento numa classe. Isso dito de outra forma, indica que tipo) de y ': o gato é uma espécie de animal.
ão /
a hiponímia expressa ";i relação existente entre um lexema ;\ relação de hiponímia/hiperonímia (ou subordinaç
pertence,
müis específico ou subordinüdo, e um lexema mais geral ou superorden<1ção) permite verificar que um termo
mas não
superorden,1clo, tal como é exemplificacl.1 por 1x1res corno ou suhordin<1-se a um outro mais geral, o gênero,
se llíie-
'vaca': 'animal', 'rosa': 'flor' etc." (Lyons, 1977, p. 235). permite identificar em que os termos subordinados
Nesta reliição há que se consiclerélr dois termos: o supe­ renciam entre si.
a
rior, denominado por Lyons ('! 977) Superordem1do, e o in­ Por outro lado, em virtude da polissemia, uma mesm
. Palmer
ferior, Hipônimo. palavra pode aparecer em vúrios pontos da hicnirqui<1
que pode
Os termos constitutivos de uma classe são, p01s, co­ (1976) menciona corno exemplo .::i palavra c111imal
h1pô111mos. Entretanto, é necessário observm que nem toda ser usada cm três pontos cb cadeia:
classe dispõe de um superordenado. E mais: él existênciél de 1. em contraste com ''vegetc.11", incluindo, nrste caso aves1
um superordenado encabeçando uma cbssc pode v.::iri<1r de peixes, insetos, mamíferos;
língua para língua. 2. no sentido de "mamífero", contrapondo-se a ans, pci­
I.yons menciona <l existênci,1, em grego clássico, de uma xcs e insetos, mas incluindo seres humanos e bichos;
form.:1 superordenada p.::ira abranger todus as profissões e ofí­ 3. no sentido de "bicho", opondo-se <l sen:s humanos.
na
cios, desde Si1patciro, médico, passando por tocador de flau­ Assim, a palavra animal pockri.Í surgir três vezes
Pa.lmer
t.:1 e timoneiro. Em inglês e em português não há pi1bvra classificação hierárquica da natureza, como mostra
que possa encabeçar conjunto tão v;:iriado. Neste caso, tem­
(p 91):
se umn lacuna lcxico.l. Se111 l'id"
Cn111 l'iclo l-"S
A hiponímia pode ser drfinida., também, em termos de
implirnç3o unilnter.:11 e representa uma rebção transitiva, de
tal modo que, se ' x' é hipônimo de \1' e 'y' é hipônimo de
'z', então 'x' é liipônim.o de 'z'.
;:we pei.,l": inseto wrinwl

Exemplo: vaca --.....�


... mü.mífero animal
humano wtiowl

v.ica -----1...
� animal

;\ hiponímia é, ninda, uma propositur.::i analítica, sendo Os cxrm pios poderiam ser mui tiplicados. No entanto,
que a leitura e compreensão do significüdo dos hipônimos parece ser suficiente levar em conta que, em r<1zão da

78 79
espécie (ou
A inclusiio tem a ver, pois, com a inserção de um déldo podem ser feitos segundo a fórmula 'x é uma
elemento numa cbsse. Isso dito de outra forma, indica que tipo) de y': o galo é uma espécie de animal.
rclinaç5o/
a hiponímia expressa "a relação existente entre um lexema J\ relnçào de biponímin/hiperonímia (ou subo
termo p ertence ,
nrnis específico ou subordinado, e um lexema mais geral ou superordcnação) per mite verificar que um
ro, mas não
superordenado, tnl corno é exemplificada por pares como ou subordinél-se a um outro mais gernl, o gêne
dos se dife-
'vaca': ';:mimai', 'roso': 'flor' etc." (Lyons, 1977, p. 235). permite identificar cm que os ter mos subordina
Nesta relação há que se considerar dois termos: o supe­ rcncium entre si.
i1
rior, denominado por Lyons ( 19 77) Superorden;:ido, e o 111- Por outro lado, em virtude da polissemia, uma mcsm
rquia. Palmer
frrior, Hipônimo. palavra pode aparecer cm v.:írios pontos da hiera
al que pode
Os termos constitutivos ele uma classe são, pois, co­ ( 1976) menciona como exemplo a pulavra anim
hipônimos. Entretanto, é necessário obscrvnr que nem toda ser usada em três pontos d;:i cadeia:
classe dispõe de um superordenndo. E mnis: a existência de 1. em contraste com ''vegetal", incluindo, neste caso él\'cS,
um superorden<1do encabeçando urna cbsse pode variar de peixes, insetos, 111c1111ífcros;
língua para líng11a. 1. 110 sentido de "mamífero", contrélpondo-se a aves, pei­
Lyons mencionzi a existên cia, em grego clóssico, de uma xes e insetos, mi1S incluindo Sl'rcs lwmil!WS t' /Jichos;
form.:1 supcrorclcnada p;:ira abranger tod.:1s as profissões e ofí­ 3. no sentido de "bicho", opondo-se i1 seres liwnanos.
cios, desde snpatciro, m�dico, passando por tornclor de flau­ Assim, n palavra animal podcr.:í surgir três ve zes na
t o e timoneiro. Em inglês e cm português nJo há palavra cbssifiG1ção hierárquic1 da natur eza, como mostra Palmer
que possa encabeçJr co1""0unto tão variado. Neste caso, tem­ (p. 92):
se uma lacuna lexi c;:11. Sem ,·id(I
CuJ/1 t·idu \"S
A hiponímia pode ser definida, também, em termos de
implicação unilateral e representa urna relação transitiva, de /�
vcg(:t�I cminwl
tal modo que, se 'x' é hipônimo de 'y' e 'y' é hipônirno de
'z', então 'x' é hipônimo de 'z'. ��

-----1... ..
ave pc:ixc inseto wii11wl

Exn11plo: varn mi1mífero animal


humano <I/IÍ/11(1/

VaCi1 __....,.... animal


Os exemplos poderiam ser rnultiplirndos. No entanto,
A hiponímiil é, ninda, uma propositura analítica, sendo
que a leitura e compreensão cio significa.do dos hipônimos parece ser sufici e nte levar em conta q ue, e m razJo da

78 79
polissemia, um termo corno do pode, por ser o genérico da
Por exemplo: - "Que espécie de animal era?"
cbsse, ser tomado como superonknado c corno hipônirno, - "Ern um elefante."
respeit:1dC1s, naturalmente, as situoções conlextuois. Dito de outro modo, é\ resposta ;i perguntas desse gêne­
ro - e oulT,1s similares, do tipo 'como .. ?', 'de que maneira
Ci/,)

... ?' _ se dilo a partir da introdução de uma diferença, que


>� produz i.1S subclasses.
ceio n1del" Cflc/1orro Os co-hipônimos - ou os termos coon.len;1do s que tor­
mam uma mesma série - contrast.::i.m em sentido, sendo que
RcsL1 observar que além da noç:1 0 Je inclus5o, ,1 a naturcz,1 do contraste pode ser explicada em termos de di­
hiponírnio contém implíciL1, tnmbfo1, a rcbç::io lógica de ccm­ ferentes modificações adjetivais (Lyons, 19 77).
seqi"iênci:1, j;,1 que i!O dizer "Isto é uma rosa", lcm-sc, ncccs­ Pode-se dizer que as modificações füijctiva1s no léxico
corresponde111, nas LDs, a ca1 · ..c1C t· e,,'tsL 1c;is
· ou 1Jro1xied.:ides
sariDmcnte, o pressuposto ''Jslo é uma flor". Ou scj:1, a fr,1se
que rc:1liz.::i.m a indivic.luaçfio de termos. Do ponto do vista
que contém o liipônimo pressupõe, nccessari;1mentc, o
extrnsion;_i], 05 termos que se subordinam a 11m s11peror­
superorde1rndo. O inverso, cvidcnlcrncnte, nJo é venl.ldci ro .
c.lenado contêm todas as rnractcrístirns que identific;im a
.Se os membros de uma clilsse s.'io cspccificndos com "lo­
cl<1.sse, mais um;i que os distingue dos demais .
dos", o corre o inverso: "Todas as flores s,10 belas" inclui
/\ rclaç;io de hiponímia colocadi1 pela lingiíístic.:i. permi­
"Todas c1s rosas sfio belas", mas o inverso 11,10 é verdackiro .
te explicar, nas LDs, v;írios tipos de rclacion.::imentos to111a­
Pode-se dizer que ;i rcfoç.'io de liiponímia representa um;i
dos como hierúrquicos que não cabem cknlro da cl.:i.ss1hca-
op1:raçiio de conjunçiio cm foce do termo supcrorckn;ido, bem
ÇEio oênero ·'esJJécie (e t3o pouco nas relc1çõcs todo/parte,
e:,
como de disjun�·,10, tomando-se a série de lerm os obtidos ;i
parte/pmte)
J)i.lrtir Ja divisJo n-:1liz;1d,1.
Há casos, por exemplo, em que dois ou mais termos
Como 11il LN, nzis LDs a s11pcrordcn,1ç,1 0/subordin,1ç5o
enconlrnm-se em conlr.:.1sle e nõ.o existem, no léxico, pala­
representa um c.1so de implicaçJo tmiblcral, onde o lermo
vras (ou term.os, no c.:i.so das LDs) que lhes sej:_1111 superor­
supcrordcnado implirn termos subordinzidos, den ominados
cknac.Jos e, a n.10 ser que se utilizem elernenll)S de natureza
liipônimos.
diferente, provenientes de outras parles do discurso, não é
Em lermos do léxic o, o sentido de um hipônimo (: pro­
possível reuni-los.
duto do sentido de um nome superordcnnd o e de um
rnodificélJor :1qjetivé-1l IY,Jl ou potencial, que responde ;i per­ cidade, médias �
Tamanho das cidade,
cidades pequenas �
gunlns do seguinte tipo: 'que espécie de .. !'; 'que tipo dr .. 7'. rncgalópolcs

80
81
polissemia, um termo como cão pode, por ser o genérico da
Por exemplo: - "Que espécie de animal era?"
clo.sse, ser tomado como superordenéldo e como hipônimo, - "Era um elefante."
respciL1d.is, na! uralmcnle, as situações contcxt lli.1Ís. Dito de outro modo, a resposta a pcrgunt.:is desse gêne­
ro_ e outr;1s similares, do tipo 'como ... ?', 'de que maneira
Cúo
... 7' _ se dão 3 p.:irtir cb. introdução de uma difercnç.J, quc
produz as subclasses.
Os co-hipônimos - ou os t·ermos coordenados que J-or­
m,1m uma mesma série - contrastam em sentido, sendo que
Rcsl:1 observur gue il!Lç m da noç;'io de inclusJo, a a natureza do contraste pode ser explicado. em lermos de di­
hiponímia conlém implíciLJ, também, J rebç;1o lógica de con­ ferentes modificações nqjetivo.is (Lyons, 1977).
scqi'1ênci<1, _j ;i que ,10 dizer ·'Islo é uma rosn", lcm-se, neccs­ Pode-se dizer que as modificações aqjelivnis no léxico
s<1riamcnle, o prcss11posto "lslo é ll111é1 flor". Ou scj;i, a fr,1sc correspondem, nas· LDs, il caia -- ct·e1-'1.s11·c,íl.s. ou 1no1)riedndes
.
.
que Cllntém o hipônimo prcssupõe, neccssari,1mentc, o que rc.1lizi1m a individuaçôo de termos. Do ponto do vista.
superordenado O inverso, evidentemente, nJo é vcrd<1 dei ro. extcnsional, os termos que se subordinam a um superor­
clenado contêm todJs Js CJ.rJcterísticas que idcntificm1 a
Se os membros de uma classe siio especificados com '·to­
cbssc, mais uma que os distingue dos (km.1.is
dos", ocorre o invcrso: "1c)do.s :is flores sJo lxbs" inclui
J\ relaçi'io de hiponímia colocad.:i pela lingC1ístirn permi­
""füdas �is rosas s,10 belas", 111,1s o inverso n.'io é verJ il deiro.
te explirnr, nas LDs, v6rios tipos de rcbcionamentos to�1n­
Pode-se dizer qut: a rebçiio ele hiponímia representa um;i
dos corno hier:irquicos que não cnbem dentro da dass1f1ca­
op cr:.iç.10 de corvunçiio cm face do lermo superordrn ndo, bem
ç;ío gênero'espécie (e tJo pouco n.1s relações todo;parte,
corno de Lfi�junçJo, lomarnlo-se a série de termos o!Jtidos a
pa.rtc/purte).
p <1 rlir da divisiio rcaliz;ich .
IM casos, por exemplo, em que dois ou mms termos
Corno na L , n.is lDs a superordrnnç:1o,'subordinaçJo
1:ncontram-se cm contraste e n5o existem, no léxico, p;:Jia­
representa um ciso de i111plic.1çc10 unilateral. onde o lermo
vrc1s (ou termos, no c.:1so di!s LDs) que lhes se:jcim superor­
superordcn,1do implica termos subordinados, d l' nomin.:idos
den:iJos e, iJ não ser que se utilizem elementos de nal urez;,
liipônimos.
diferente, provfnifntes de outras p.1rtes do discurso. n5o é
Em lermos do kxico, o sentido de um liipônimo € prn­
possível rrnni-los.
du lo do se:ntido de um nome supcrordrn�1do e de um
111odifiG1dor a<.tjcliv,1! real ou potcncid !, que responde ,1 per­ cidades núlias --------=----
cidade; pcquc11:1s �
Tamanho das cidades
guntas do seguinte lipo: ·que espécie de ... ?'; 'que tipo de ... ?'. mcgalopoks

80
81
Este é um caso de relação quase-pJ.radigmática (ou uma O exemplo anteriormente mencionado:
quase-hiponímia), uma vez que se utilizJ. um3 expressão INSETOS

/
m;_iis geral ("tamzmho") pü.ra reunir os diferentes tipos de
cidil.de. �
Aqui, entretanto, n3o é Véfüdu a aplicação du fórmula ALGUNS TODOS SÃO

"x é um gênero de y". A. frase obtida da sua aplicação não é


natural ou é inaceiUvel. A. estrut urnç3o do voczibulário, �
GAFANHOTOS
/
neste cziso, é feita por outrns pülavrzis ou sintzigrnas que
sugere o esquema como meio para a validação de um rela­
desempenham o mesmo papel de "que gênero de .. " (ou que
cionamento aenérico indicando que alguns membros da clas-
ê) ,
espécie de ...).
se "insetos" são conhecidos como "gafanhotos", enquanto
"Comparáveis ,'is questões Que gênero ele animal era?1 e
que todos os "gafanhotos" são "insetos", por definição e in­
Era uma Faca ou outra espécie de ani111al?1 s3o Como é que ele
dependentemente do contexto (IBICT, 1984, p. 26; ISO 2 788,
obteve isso -- comprando-o ou roubando-o? e Ele comprou isso 1986, 1989, p. 605).
ou arranjou-o de algum outro modo?" (Lyons, 1977, p.237) Entretanto, ele n5o funcionariél no exemplo ;_mterior, re­
ou ainda, no caso ele aqjetivos "Quando clizes que o teu lativo a 'cidades'. A língua, nn verdade, n3o é rigidamente
vesticlu é carmim, queres dizer que é em tons de vermelho ou de estruturada em termos lógicos.
outra cor? i-'..ssim como podemos dizer /1 vaca é um animal As diferentes séries formadas a pzirtir de um mesmo
ele um certo g(�nero, também podemos dizer .. . Comprar algu­ termo podem ser vistas como o resultado de diferentes mo­
ma coisa (; obtê-la ele uma determinada maneira e Um objeto dos de rezilizar é1 coqjunção, oriunda dos diferentes pontos
camwn é um objeto vermelho de uma certa maneira" (iclcm, tomados como orioem cb subdivis5o eiou das diferentes ca-
i:)

ibidem). racterísticas tom.1dZJ.s para .:1 construção de cadJ. hierarquia.


Em resumo, responde-se, nestes casos, a perguntas do Esse aspecto relaciona-se com. a adoção das categorias
tipo ''corno" e "de que maneira", muito emborn elas n.'io aristotélicas de predicuç5o - substância, modo, quuntidade,
possam, também, ser zimplamente empregadas com suces­ qualidade etc. e suas Jtua!izZJ.ções nos seus desenvolvimen­
so. A hiponímia, na verdade, pode manifestzir-se de muit3s tos subseqüentes. Em Documentação, por exemplo, Ranga­
111dllC!ri1S. nathan utilizou cinco categorias para agrupm os assuntos:
Isto explica porque não é possível aplicar, muitas ve­ personalidade, matéria, energia, espaço e tempo.
zes, o esquema lógico "todos/alguns" sugerido pelos ma­ P;:ira i.l. úrea de Ciência e Tecnologia, o Classification
nuais de elaborJ.ç3o de vornbuló.rios documentários. Rcscarch Group - CRG sugeriu que os termos fossem agrupa-

82 83
Este é um caso de relação quase-paradigmática (ou uma O exemplo anteriormente mencionado:
qunse-hiponímia), uma vez que se utiliza umn expressão INSETOS

/
mais geral ("t.:imanho") para reunir os diferentes tipos de
cid.1de.
ALGUNS TODOS SÃO
Aqui, entreL:mto, nno é válida a aplicação da fórmula
"x é um gênero de y". A. frase obtidn da sun aplicação não é
nc1l ural ou é inilceitável. A. estruturnção do vocabulúrio, �
GAFANHOTOS
/
neste rnso, é feita por outras pnbvras ou sintagrn3s que
sugere o esquema como meio parn a validação de um reb­
desempenhéirn o mesmo papel de "que gênero de ... " (ou que
cionnmento genérico, indicando que alguns membros da clé.1s­
espécie de . )
se "insetos" são conhecidos como "gafanhotos", enquanto
"Comparáveis às questões Que gênero ele animal era.?, e
que todos os "gafanhotos" são "insetos", por definiç5o e in­
Era uma vaca ou outra espécie de animal?, são Co1110 é que ele
dependentemente do contexto (IBICT, 1984, p. 26; ISO 2788,
obtcFe isso - comprando-o ou roubando-o'? e Ele comprou isso 1986, 1989, p. 605).
ou arranjou-o ele algum outro modo?" (Lyons, 1977, p.23 7) Entfftanto, ele não funcionaria no exemplo anterior, re­
... ou ilinda, no caso de .:1cijelivos "Quando clizes que o teu lativo J. 'cidndcs'. i\ língua, na verdade, não é rigidomente
vestido é carmim, c1ueres dizer que é em tons de vermelho ou ele estruturada em termos lógicos.
outra cor? Assim corno podemos dizer A vaca é um animal As diferentes séries formadas a portir de um mesmo
de um certo gênero, também podemos dizer . . . Compr-ar algu­ termo podem ser vistas como o resultado de diferentes mo­
ma coisa é obtê-la de uma determinada maneira e Um ol�jeto dos de realizar a conjunção, oriunda dos diferentes pontos
carmim é um objeto vermelho ele uma certa maneira" (i clem , tomados como origem da subdivisão e/ou das diferentes ca­
ibidem). racterísticas tomadas para a construção de cada hierarquié.1
Em resumo, responde-se, nesles casos, .:i perguntas do Esse aspecto relaciona-se com a adoção das categorias
tipo ''como" e ''de que mémeira", muito emborn elas nJo aristoté]iG1s ele predicaçJo - substância, modo, quantir.bdc,
possam, tnrnbém, ser J.mplamente empregadas com suces­ qui1lidzic!e etc. e suas atuzilizações nos seus desenvolvimen­
so. ;\ hiponímia, na verdade, pode manifcsl,ir-se de muit.Js tos subseqüentes. Em Documentação, por exemplo, Ranga­
maneiras. nJ.than utilizou cinco G1tegorias para .:igrup.:ir os assuntos:
lslo explica porque niio é possível aplicar, muitas ve­ pcrsona.lidade, matéria, energia, espa.ço e tempo.
zes, o esq ucma lógico ··todos/Dlguns" sugrrido pelos ma­ Para a área. de Ciênci�1 e Tecnologi.:i, o Class{fication
nuais de claboraç5o de vocabuL:írios documentários. Research Group - CRC sugeriu que os termos fossem agrupa-

82 83
•,11 · 1 1 ide, .1s seguintes categoriéls fundamentais: substância
1 /1,, são conjuntos de le.xemzis muito gerais - '"pessoa' (ou 'indi­
[1wud tlo), órgão, constituinte, estrutura, forma, propriedade, víduo'), ',mimai', 'peixe', 'ave', 'inseto', 'coisa', 'lugar', 'subs­
objeto da ação (materi.:iis brutos, materiais não tratados), tâ.ncia', 'rn;itéria', 'qw,lidadc', 'cs tndo' etc. - que s5o
ação, operação, procc-ssos, agente, cs1x1ço e tempo. Barbar;:i superorden,idos em rcbçfüi a subconjuntos maiores ou me­
Kylc, também integnrnle do CRG, distinguiu as artes, as ati­ nores desU1s subclasses de nomes" (Lyons, 1977).
vidades, os objetivos, os objetos, as idéias, as abstroções. Em resumo, pzira o autor não existe ordenação bieu.í.r­
J\imb na ,Írea de Documentação, Shera & Egan ( 1969) quico a pzirtir de um lexema superordenndo único, foto que
propuseram as rntegori;is agente, aç5o, modo, objeto, o�jcto se estende ;1 diversas parles do discurso, pois, além dos no­
de açâo, tempo, espaço e produto. Grolier (1962), por seu mes, isso se aplica oos verbos e aos ac\jetivos.
lado, sugeriu categorias const.:rntes de tempo, espaço, aç.:io e Entrclanlo, se nos casos de hiponímia pode-se élfir111<1r
GltcQorias variáveis: subst.1.ncia / ói-aão
t, analítico sintético, que existe umzi relaçJo paradigmáticzi de sentido cnlre os
\ ·' f ,

propriedade, forma e organização. lexemas, na ausência de superordcnados pziradigmMicos p;irn


Na ú1-c;1 da Lingüística vzile ress,1ltar os "casos concep­ a reunião de lexemas pode ocorrer um.:i relzição qtwse­
tuais" de Pottier (1974): c.1usalivo instrumental ziorntivo
I • I ("} /
paradigmática (idem, ibidem).
nominntivo, erg;itivo, ,1cusalivo, associ;:llivo, locativo, dativo, /\ssirn, pmzi reunir os zidjctivos 'vermelho', 'nmzirelo',
Iieneficiativo, finalidnde. 'azul' etc., pode-se utilizar: 'cor'; para fobr de 'redondo',
De um modo ou outro, todas essas noções ou focel,1s quadrado', 'oblongo': 'forma'.
remonlnm às cl assificações ziristolélica e knntiana. /\ Mas h() casos cm que n.10 hi.Í, no vocabulário, lexemas
estruturação do vocabulário cm kÍreas distintas definir;-1 as ]Jélr<l oroaniz
t">
ar' hicr;irquic.1mcnte / os termos. Trat.:i-se das
noções funcionais mais generalizantes a serem adotad zis Por ''lacunds lcxirnis", dcvid;1s, na m<1ior parte cbs vezes, n fato-
outro Indo, tal estruturziç.10, dada cm função ele relações de 1-cs culturais.
hiponími;:i e quase-hiponímia, pode ser rcalizil.da por meio Urna !clcuna lexical pode ser descrita como um "buraco
de um peq11cno n(uncro ele lexemas (noções gencralizzinte s, no modelo", ou sejél, J. i.lUsêncii.l de um lexema num cbdo
categorias, facetas) com sentido muito ger;:il. lugar da estrutura ele um campo lexiczil" (Lyons, 1977)
Pode-se afirmzir, com Lyons, que nem sempre é possí­ A rcbção hiponímia/supcrordenac,'<'io corresponde, em
vel estrulur;u hierzirquiczimente os kxcmas em termos de lóoicn D , csJJfrie
;) rebç.:i.o aênero/ . (ou esJJécie/Qêncro
•J..
). O con-
� ,

hiponímia, dé1cb zi ausência de kxiczilizoção, em algumas lín­ junto desse tipo de relücionamento é denominado, via de re-
guas. Não hó, em português, por exemplo, nenhum lexema grJ., relacion,1rncnto genérico.
que seja superordenaclo zi todos os nomes abstr.:ilos, ou a
todos os nomes concretos. O que se encontr.1, ao contr:írio,

84 85

__- ___
dos segundo as seguintes cntcgorias fundamentais: substânci <1 sJo conjuntos de lexemas muito gerais - '"pessoa' (ou 'indi­
(produto), órgão, constituinte, estrutura, forma, propriedade, víduo'), 'animal', 'peixe', 'ave', 'inseto', 'coisa', 'lugar', 'subs­
oqjeto da ação (materiais brutos, materiais não tratados), t5.ncia', 'matéria', 'qualidade', 'estado' etc. - que sJo
élÇifo, opcraç5o, processos, <1gcnte, espnço e tempo. Barbara superordenados em rebç5o a subconjuntos maiores ou me­
Kyle, também intcQrante do CRG I dislinauiu as• <1rtes• I as élti- nores clest1s subclasses de nomes" (Lyons, 1977) .
..._., LJ

vidndes, os objetivos, os objetos, as idéias, as nbstrações. Em resumo, para o autor ni'io existe orden.1çi'io hieri.Í.r­
J\jnda na área de Documentação, Shera & Egan (1969) quica a partir de um lexema superordenado único, foto que
propuseram os categorias agente, �1ç3o, modo, objeto, objeto se estende a diversas partes cio discurso, pois, além dos no­
de açi'io, tempo, espnço e produto. Crolier (1962), por seu mes, isso se aplic.1 aos verbos e aos acUetivos.
lado, sugeriu rntegorias constantes de tempo, esparo, aç5o e Entrd.Jnlo, se nos casos de hiponímin pode-se afirmar
cate gorias variáveis: subst<'lnci<1, órg5.o, <1nalítico, sintético, que existe uma relaçJo paradigméilirn de sentido entre os
propriedade, forma e organizaçi'io. lexemas, na ausência de superordenados p.1radigmáticos p;1ra
Na ,í.rea da Lingiiístic<1 vnle rrssaltar os "casos concep­ a reuni,10 de lexem::is pode ocorrer um.J relnç.'fo qu;ise-
tuais" de P ollier ( 1974): c.:rnsativo , instrumental, <1aenlivo
i:"> , lJaradio" miilica (idem, ibidem).
nominativo, erc:ativo, ncusalivo ossocialivo Iocotivo clativcJ
I • f 1 I
Assim, pnr.::i reunir os adjetivos 'vermelho', 'amarelo',
'azul' ele., pode-se utilizar: 'cor'; para falar de 'redondo',
1...1

benefici<1tivo, finalidzide
De um modo ou outro, tocbs cssns noções ou facetns qtwdr<1do', 'oblongo': 'forma'.
remontam i'ts clnssificações aristotélica e kantiana. A Mas há casos em que niio há, no voc;1buJjrio, lexemas
estruturação do vocabulário cm óreas distintas clefinir,í as para org,rnizar, hicr<1rquicamenle, os lermos Tralc1-se das
noções funcion;Jis mais gencrnlizanlcs a serem adot.:idas. Por "lacunns lcxirnis", devidas, na moior pc1rte das vezes, a fato­
outro bdo, L:il estruturaçâo, dnda em funç5.o de relações de res culturais.
liiponírnia e q11ase-hiponírnia, pode ser realizacb por meio Urna lncuna lexic1l pode ser descrita como um ''buraco
de um pequeno ní1mcrn de lexem:1s (noções gencr<1liz.111les, no modelo", ou seja, a m1sência de um lexema num dado

.
calegori<1s, facetas) com sentido muito �oer;:il. lugar da estrutura de um campo lexical" (Lyons, 1977)
Pode-se afirmar, com Lyons, que nem sempre é possí­ J\ relnção hiponími.:i/superordenaç5o corresponde, em
vel estrutur<1r hiernrquic;imenle os lexemas em termos de Jóoirn à rebçzio aênero/es1Jécie (ou es1Jécie/Qênero) O cem-
,:-, 1 Ô
LJ

hiponímii'l, dad.1 n ausência de IexicnlizaçJo, em algumas lín­ junto desse tipo de rebcionamcnto é denominado, via de re-
guns. N,10 há, cm português, por exemplo, nenhum lexema erra relacionamento o.enérico.
t-) I lJ

que seja supernrcknndo a todos os nomes abstratos, ou a


todos os nomes concretos. O que se encontra, no contrário,

84 85
dos segundo as seguintes categorias fundamentais: substância são conjt1ntos de lexemas muito gerais - '"pessoa' (ou 'indi­
(produto), órgão, constituinte, estrutura, forma, propriedade, víduo'), 'animal', 'peixe', 'i.1ve', 'inseto', 'coisa', 'lugiJr ', 'subs­
objeto da Jção (materiais brutos, materiais não trntados), ti.1ncii1', 'm.:itérin', 'qualid.:ide', 'est ado' etc. - que são
ação, opcraçiio, processos, c1gente, espaço e tt>mpo. Bi.irb,1ra supcrorden<ldos em relaçJo a subconjuntos maiores ou me­
Kyle, também integrante do CRG, distinguiu as artes, as iJti­ nores destas subclasses de nomes" (Lyons. 1977).
vidades, os ol�jetivos, os ol�jetos, as idéias, as abstrações. Em resumo, para o ;rntor não existe ordenação hier!1r­
1\i11da n;i {1rea de DlKUmcntação, Shera & Eg:m ( 1969) quica n pürlir de um lexema supcrordcnado único, fato que
propuseram as categorias agente, üção, modo, objeto, objeto se estende a diversas p<lrtes do discurso, pois, além dos no­
de aç3o, tempo, esp,1ço e produto. Grolier (196'.2.), por seu mes, isso se o.plica aos wrbos e aos adjetivos.
lüdo, sugrriu categori.1s const.:rntes de tempo, csp,1ço, ,1çJo e Enlrelanlo, se nos casos de hiponírnia pode-se afirmar
rntegorias varióveis: suhstnncia, órgão, iJnalítico, sintéti co, que existe urna rcl.:içJo p.::ir i.!digmática de sentido entre os
propric-d;-1de, forma e org.:rnização. lexemas, na ;rnsênci,1 de supcrorden.:1dos par<ldigrnfiticos par.:i
Na área du Lingüístirn vale ress3ltnr os "c3sos concep­ i.l reuniJo de lexem:-is pode ocorrer um.1 rclaç.'io qu:-ise­
tw1is" de Pottier (1974): causativo, instrumental, agentivo, paradigrnMic.:i (idem, i/Jidcm).
nomirn1livo, ergativo, ac11s3tivo, ;:issociativo, locativo, (lé.itivo, Assim, p.:ir:-1 reunir os <ldjetivos 'vermelho', '3111,irelo',
beneficialivo, finalidade. 'ilztil' etc., pode-se utiliz.:1r: 'cor'; para fobr de 'redondo',
De 11m modo ou outro, todas essas noções ou focetas quadr.::ic!o', 'oblongo': ·forma'.
remonta m Às classificações aristotélica e Lrnt iana. /\ Mas hú c3sos em que n3o h!1, no vocabulório, lexemas
estrulurélção do vocabul{irio cm áreus distintas definirá él.S para organizar, hierzirquicamcnte, os termos. Tr.::it.::1-se das
noções funcion<1is mais generalizantes n serem adot..1das. Por "l<-Kllni1s lcxicnis", devidas, na rno.ior parle d.:.is vezes, a fato­
outro bdo, tal estrutur.:iç.'io, dada cm funç5o de relações de res cullur,1is.
hiponímia e quase-hiponírnia, pode ser rcalizod.:i por meio Urna bcuna lcxirnl pode ser descrita como u111 "buraco
de um pequeno número de lcxern:1s (noçoes generali 7.é.ll1tcs, no modelo", ou seja, n ausência de um lexema num dado
Gitegorii1s, ÜJCetas) com senlido muito geral. lug.:1r da eslruturn ele um campo lexical" (Lyons, 'J 977).
Pode-se .:ifirm<lr, com Lyons, que nem sempre é possí­ A rebção hiponími.:i/superordenação corresponde, cm
vt'l estruturar hierarquicamente os lexern;is cm termos de I<wici1 ,'i relação ofnero/
;::, · 1 D es•Jécie
t (ou es1Jécie/gê11cro). O con-
1..

liiponírnia, d,1d.'l n ausência de lexic;1Iização, cm algumns lín­ junto desse tipo de rcbcionarnento é drnornin<ldo, via de re-
guas. Nifo há, em português, por exemplo, nenhum lexcmé.1 nra rclacionamenlo Qenérico.
C) I lJ

que sej.1 superorden<ldo a todos os nomt's abstr.:ltos, ou a


todos os nomes concretos. O que se encontrél, ao contrório,

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