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Gabarito: 1 - D / 2 - B / 3 - C / 4 - D / 5 - C / 6 - A / 7 - D / 8 - B / 9 - D / 10 - B / 11 - V e V
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No período colonial do Brasil (1500 a 1822), as doenças eram encaradas pelos índios como
castigo ou provação, cujas causas eles reconheciam como reflexo da vontade de um ser
sobrenatural, ação de astros e dos agentes climáticos ou força de uma praga ou feitiço. Dentro da
concepção empírica, mística e mágica da doença, quando as pessoas adoeciam, recorriam ao pajé,
que exorcizava os maus espíritos e utilizava plantas e substâncias diversas no tratamento dos
enfermos.
Faremos uma viagem na história da saúde do Brasil Colônia.
Os primeiros colonizadores, obviamente, não
endossavam o sistema de atendimento à saúde dos índios. Um
dos objetivos dos portugueses era converter os indígenas ao
cristianismo e isso significava neutralizar a influência do pajé;
e talvez, principalmente, cuidar da saúde dos habitantes da
terra. Os padres jesuítas tiveram papel importante na
assistência aos doentes, levando medicamentos, por eles
manipulados em suas boticas, e alimentos aos pacientes, além
de aproveitarem aquele momento para a catequese.
Figura 1 - Curandeirismo
O progressivo desenvolvimento da colonização levou ao
desaparecimento da assistência médica jesuítica, substituída pelos físicos, como eram conhecidos
os médicos da época, e pelos cirurgiões barbeiros1.
1
No Brasil dos séculos XVI e XVII, os barbeiros-cirurgiões eram portugueses e espanhóis, cristãos-novos e meio-cristãos-novos
que praticavam pequenas cirurgias, além de sangrar, sarjar, lancetar, aplicar bichas e ventosas e arrancar dentes. Também
cortavam o cabelo e a barba. Negros e mestiços também começaram a atuar a partir da metade do século XVII e enquanto os
barbeiros escravos trabalhavam para os seus senhores, os livres amealhavam para sí mesmo os rendimentos de suas atividades e
muitas vezes mantinham em treinamento escravos. Dentre seus instrumentos constavam navalha, pente, tesoura, lanceta,
ventosa, sabão, pedra de amolar, bacia de cobre, escalpelo, boticão, escarificador, turquês e sanguessuga (Hirudo medicinalis). Os
mais humildes praticavam suas atividades na própria rua, enquanto os mais preparados tinham suas lojas nas ruas principais. As
atividades dos barbeiros-cirurgiões perdurou até o século XIX.
19
2
A primeira Santa Casa de Misericórdia no Brasil foi inaugurada em Santos, no ano de 1543, construída por Braz Cubas. A
segunda foi fundada em Salvador, no ano de 1549, para cumprir a sua missão de tratar dos doentes. No final do século XVI,
construiu o Hospital São Cristóvão em Salvador-BA.
20
Somente a partir do século XIX, estruturam-se ações que visam à promoção da saúde, antes
mesmo da ocorrência das doenças.
Com a chegada da família real ao
Brasil, em 1808, incorporou-se o caráter de
ação denominado de Polícia Médica,
originário da Alemanha do século XVIII.
Essa concepção propunha a intervenção nas
condições de vida e saúde da população,
com o propósito de vigiar e controlar o
aparecimento de epidemias. Tratava-se de
um controle-profilaxia, de vigilância da
cidade, para controlar as instalações de
Figura 3 - Teoria Miasmática
minas e cemitérios, o comércio do pão,
vinho e carne.
A concepção adotada, sobre as causas das doenças baseava-se na teoria miasmática3, que
concebia as emanações de elementos do meio físico como seus agentes responsáveis, considerados
insalubres porque ainda não se conhecia a existência dos microrganismos.
Considerava-se que o ar era o principal causador de doenças, pois carregava gases
pestilenciais oriundos de matéria orgânica em putrefação. Essa matéria em decomposição
resultaria de águas estagnadas nos pântanos, para onde seriam carreadas substâncias animais e
vegetais de cemitérios localizados, na maioria das vezes, no centro das cidades, “infeccionando o
ar”. Os serviços de saúde, organizados à semelhança de Portugal, tinham sua atenção voltada para
a profilaxia das moléstias epidêmicas, baseada no saneamento do meio.
Para combater esses males, propunha-se a urbanização da cidade, com aterros de pântanos,
demarcação de ruas e lugares de construção, implantação de rede de água e esgoto, organização
dos cemitérios, criação de normas higiênicas para enterro dos mortos, etc.
3
A teoria miasmática ou teoria miasmática das doenças foi uma teoria biológica formulada por Thomas Sydenham e Giovanni
María Lancisi durante o século XVII. Segundo a teoria, as doenças teriam origem nos miasmas: o conjunto de odores fétidos
provenientes de matéria orgânica em putrefação nos solos e lençóis freáticos contaminados.
21
Outra causa a que se atribuía a doença seria a circulação das pessoas e mercadorias pelos
portos. Para evitá-la, propõe-se a criação de um lazareto4 para quarentena dos escravos portadores
de moléstias epidêmicas e cutâneas. Essas ações de profilaxia das moléstias transmissíveis
consistiam, fundamentalmente, na fiscalização rigorosa das embarcações que poderiam trazer a
peste ou outras moléstias epidêmicas, o que viria a constituir a vigilância sanitária dos portos. A
depender das moléstias que trouxessem ou do número de óbitos ocorridos a bordo, procedia-se à
quarentena dos navios, dos indivíduos ou dos doentes nos “Lazaretos”. Somente a autoridade
sanitária poderia conceder a essas pessoas visto de entrada na cidade. Aqui, já aparece a
preocupação com o indivíduo, esboçando-se a noção de caso, além da vigilância da cidade já
citada. Sobre essa noção de caso, fundamentam-se, progressivamente, ações restritas ao indivíduo
portador: isolamento do paciente, seu controle, manipulação e até punição.
No ano de 1810, o Alvará de 22 de janeiro determina a construção de Lazareto para
quarentena de viajantes e ancoradouro especial para embarcações suspeitas, inclusive com taxas
públicas para este serviço de saúde. Trata-se de um dos primeiros regulamentos para o controle
sanitário de pessoas/viajantes, cargas/mercadorias e embarcações nos portos no Brasil. É o
nascimento da vigilância em saúde nos portos, aeroportos e fronteiras baseada em medidas de
controle para doenças contagiosas.
As preocupações com a saúde da população, principalmente com a saúde da Corte, bem
como a necessidade do saneamento dos portos como estratégia para o desenvolvimento de
relações mercantis, trouxeram uma nova organização para o governo, em que se buscava o
controle das epidemias e do meio ambiente.
Com o desenvolvimento da bacteriologia (Era Bacteriológica) e da utilização de recursos
que possibilitaram a descoberta dos microrganismos, surgiu a identificação do agente etiológico da
doença, concretizada na segunda metade do século XIX e início do século XX. O consequente
desenvolvimento de métodos que possibilitavam o combate aos agentes etiológicos (soroterapia,
quimioterapia) propiciou a execução da vacinação antivariólica, iniciando uma nova prática de
controle das doenças, com repercussões na forma de organização de serviços e ações em saúde
coletiva no Brasil.
4
Estabelecimento existente junto aos portos, ao qual se recolhem viajantes procedentes de países onde grasse moléstia
epidêmica ou contagiosa; hospital de quarentena.
22
5
Com a era bacteriológica, a teoria da unicausalidade teve sua grande época. Esta teoria baseava-se no conceito de que uma vez
identificados os agentes vivos específicos de doenças, os chamados agentes etiológicos e os seus meios de transmissão, os
problemas de prevenção e cura das doenças correspondentes estariam resolvidos, esquecendo-se dos demais determinantes
causais relacionados ao hospedeiro e ao ambiente.
23
6
A chamada Revolta da Vacina ocorreu de 10 a 16 de novembro de 1904 na cidade do Rio de Janeiro. O motivo que desencadeou
isso foi a campanha de vacinação obrigatória, imposta pelo governo federal, contra a varíola.
24
Como fator limitante para a ação da Saúde Pública, figurava o próprio alcance do
conhecimento científico e tecnológico referente ao diagnóstico, prevenção e terapia das doenças,
quando comparado aos parâmetros atuais.
Em 1923, o estabelecimento de convênio entre o governo brasileiro e a Fundação
Rockefeller garantiu a cooperação médico-sanitária e educacional para a implementação de
programas de erradicação das endemias, sobretudo nas regiões do interior, onde os trabalhos se
concentraram no combate à febre amarela e, mais tarde, à malária. Como iniciativa de ação
coadjuvante com aos serviços estaduais e municipais no combate a doenças como ancilostomíase,
esse acordo tinha duplo interesse para o País: científico e econômico, porque, além de proteger as
populações, aumentaria a sua produtividade.
É importante compreendermos a evolução histórica da saúde no período colonial até o
republicano do Brasil. Não há necessidade de decorarmos detalhes sobre esse assunto.
Mais uma vez, a questão apresenta-se correta.
25
COMENTÁRIOS:
Item A. Correto. Durante o período da República Velha (conhecida como Primeira
República), a proteção da saúde era prestada pelo Estado de forma isolada e incipiente, limitando-
se a campanhas de prevenção e combate a algumas doenças transmissíveis e endemias rurais. A
assistência médica era prestada à população carente por meio de instituições de caridade, a
exemplo das Santas Casas de Misericórdia. As pessoas com alto poder econômico eram assistidas
por médicos e serviços de saúde particulares.
Nessa época, a assistência à saúde pública e privada era de baixa qualidade e resolutividade.
Destaca-se ainda que, em 1923, foram criadas as Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAP), dando
início à assistência médica previdenciária, restrita a trabalhadores de determinadas empresas.
Item B. Correto. Na Era Vargas, a saúde pública (que tratava do combate a doenças
transmissíveis, endemias e programas específicos) ficava a cargo do Ministério da Educação e
Saúde (MESP) e posteriormente do Ministério da Saúde (MS), ao passo que a assistência médica
era prestada, por meio dos Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAP), apenas aos trabalhadores
que exerciam atividade remunerada de determinadas categorias profissionais. Registra-se também
que os IAP substituíram as CAPS, a partir de 1933.
Item C. Correto. Na realidade, a unificação de todos os IAP deu origem ao Instituto
Nacional de Previdência Social (INPS), em 1966. O Instituto de Nacional de Assistência Médica
da Previdência Social (INAMPS) foi criado apenas, em 1977, desmembrando as ações de
assistência médica do INPS. Apesar desse erro conceitual, a alternativa foi considerada correta.
Nobre concurseiro, cuidado para não se perder com tantas siglas (CAP, IAP, INPS e
INAMPS).
Vamos ver, no esquema abaixo, a evolução histórica do sistema médico-previdenciário, que
ofertava, entre outros serviços, assistência à saúde para os empregados formais e seus
dependentes.
26
CAP (1923-1933)
Veja que a medicina previdenciária, que era restrita a pequena parcela da sociedade
(trabalhadores formais e seus dependentes), foi extinta com a criação do SUS.
Fique tranquilo, pois, no decorrer dessa obra, detalharemos cada uma dessas modalidades do
sistema médico-previdenciário.
Item D. Incorreto. As políticas de saúde executadas durante o período do
27
28
7
A Primeira República, também conhecida como República Velha, constitui a primeira fase da organização republicana nacional
e vai desde a Proclamação da República em 1889 até a chamada Revolução de 1930.
29
As CAP eram organizadas por empresa e os IAP que eram organizados por
categorias profissionais.
CAP - Cada empresa tinha seu sistema próprio de previdência social e assistência médica.
Não sofriam interferência externa, tampouco de outras empresas (1923-1933).
Por exemplo, o banco Gama tinha sua CAP e o banco Beta tinha sua CAP. Uma não sofria
interferência da outra.
IAP - Cada categoria profissional (ex.: reunião de todos os bancários em um único instituto)
tinha seu sistema próprio de previdência social e assistência médica. Não sofriam interferência
externa de outras categorias profissionais (1933-1966).
Por exemplo, os bancos Gama, Beta e demais tinham um instituto próprio, o Instituto de
Aposentadoria e Pensão dos Bancários (IAPB). Esse instituto não sofria interferência dos demais,
a exemplo do Instituto de Aposentadoria dos Portuários e Marítimos (IAPM).
INPS - Todas as categorias profissionais (marítimos, comerciários, bancários, servidores
públicos etc.) passaram a ter apenas um sistema previdenciário, o Instituto Nacional de
Previdência Social (INPS), que unificou todos os IAP. Esse instituto era gerido pelo governo. Era
responsável pela assistência médica e previdência social de seus integrantes (trabalhadores formais
e respectivos dependentes). O INPS teve curta duração (1966-1977).
INAMPS - O INPS administrava tanto os serviços de assistência médica como os de
previdência social. Imagine como era a bagunça desse instituto. Em 1977, por meio da Lei nº
6439/77 que instituiu o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), o
governo desdobrou o INPS em Instituto de Administração da Previdência Social (IAPAS),
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) e Instituto Nacional de Assistência Médica da
Previdência Social (INAMPS).
O INAMPS passou a ser a autarquia responsável pela assistência à saúde dos trabalhadores e
seus dependentes inscritos no sistema de previdência social.
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8
MPS
31
32
( ) A saúde brasileira era organizada de duas formas distintas: (a) saúde pública prestada pelo
MESP para toda a população, especialmente a mais carente; (b) assistência médica previdenciária
prestada pelos IAP e posteriormente pelo INPS e INAMPS apenas aos trabalhadores com carteira
de trabalho assinada.
( ) A partir da nova Constituição Federal de 1946, as ações específicas e horizontais de saúde
pública foram fortalecidas, com ênfase para os programas de pré-natal, vacinação, puericultura,
tuberculose, hanseníase, doenças sexualmente transmissíveis e outros.
( ) O Ministério da Saúde (MS) foi criado em 1953, desvinculado as ações de saúde pública do
antigo Ministério da Educação e Saúde (MESP).
a) F – V – V – V– F.
b) F – F – V – V– V.
c) V – V – F – V– V.
d) V – V – V – F– V.
e) V – V – V – V– V.
COMENTÁRIOS:
Durante o período da medicina previdenciária (CAPS, IAP, INPS e INAMPS), era evidente
a disjunção entre saúde pública (voltada para o modelo de atenção à saúde sanitarista 9 e
campanhista) e assistência médica (exclusiva para os trabalhadores com vínculos trabalhistas
formais).
9
O modelo de atenção à saúde sanitarista surgiu a partir do início do século XX, expandindo a partir da década de 1930 com a
instalação de centros e postos de saúde para atender, de modo rotineiro, determinados problemas de saúde. É caracterizado por
campanhas sanitárias, programas especiais, vigilância epidemiológica, vigilância sanitária, etc. Formado por programas que se
desenvolvem por meio de administração única e verticalizada.
33
O único item falso é o IV, já que as ações específicas de saúde pública (pré-natal,
vacinação, puericultura, tuberculose, hanseníase, doenças sexualmente transmissíveis e outros)
eram verticais, ou seja, eram desenvolvidas sem participação da população na sua elaboração e
condução.
Ora, durante o período da Constituição de 1946, existiam ações específicas de saúde pública
(pré-natal, vacinação, puericultura, tuberculose, hanseníase, doenças sexualmente transmissíveis e
outros). No entanto, essas ações eram específicas e verticais, ou seja, não levavam em
consideração o acolhimento, vínculo, responsabilização pelo cuidado, busca ativa etc.
Perceba que essas ações específicas de saúde pública eram realizadas com a abordagem no
procedimento, na técnica e não centradas no individuo, família e comunidade.
Por outro lado, o SUS preconiza ações de saúde pública centradas nos princípios da
integralidade, equidade, universalidade, acolhimento, vínculo, responsabilização com o cuidado,
humanização etc.
Nessa esteira, o gabarito da questão é a letra D.
34
COMENTÁRIOS:
Com o desgaste da Ditadura Militar no final da década de 1970, os movimentos contrários
ao regime ganharam força. Dentro desse contexto, a área da saúde fortaleceu o movimento
sanitarista, iniciado por movimentos populares, nos anos 70, como forma de oposição à política do
Estado autoritário.
Neste caminho, as
discussões consolidadas na VIII
Conferência de Saúde foram
materializadas na Constituição
Federal em 1988, com a criação do
SUS.
35
Item D. Correto. A VIII Conferência Nacional de Saúde diferiu das demais pelo seu caráter
democrático e pela sua dinâmica processual. As conferências nacionais de saúde anteriores eram
cartoriais e burocráticas. Não havia participação da população nas decisões.
Item E. Incorreto. O SUS foi criado pela Constituição Federal de 1998, sendo regulamentado
pelas Leis 8.080, de 19 de setembro de 1990 e 8.142, de 28 de dezembro de 1990.
O gabarito da questão, portanto, é a letra D.
36
37
VIII Conferência Gerou ampla discussão sobre os rumos do sistema de saúde e sugeriu
Nacional de propostas para a Assembleia Constituinte.
Saúde
(realizada em 1986)
As Ações Integrais de Saúde (AIS) foram uma estratégia de extrema importância para o
processo de descentralização da saúde.
Em síntese, as AIS:
deram origem aos convênios com municípios e estados, permitindo pela PRIMEIRA
vez o uso de recursos da previdência para financiar serviços de saúde oferecidos a toda
população.
tinham o objetivo da universalização da acessibilidade da população aos serviços de
saúde;
abriram a possibilidade de participação dos estados e, principalmente, municípios na
política nacional de saúde;
A instituição das AIS ocorreu devido à pressão do movimento da Reforma Sanitária contra
o Governo Militar. Contudo, a implementação dessas ações foi parcial, já que sofreram diversas
barreiras e entraves provocados pelos grupos corporativistas de empresários da saúde e pelo
Governo Militar.
38
39
COMENTÁRIOS:
Item I. Correto. A 8.ª Conferência Nacional de Saúde, ocorrida em 1986, é o maior marco
do Movimento da Reforma Sanitária Brasileira.
Item II. Correto. De forma genérica, até 1988, somente os trabalhadores com vínculo
formal no mercado de trabalho tinham direito à assistência em saúde.
Todavia, é importante destacar que os dependentes dos trabalhadores tinham direito à
assistência em saúde na época da medicina previdenciária e que no final da ditadura militar essa
assistência foi estendida aos trabalhadores rurais.
A banca considerou esse item correto, pois explorou o conhecimento desse assunto de forma
GENÉRICA, sem atentar-se aos detalhes. Infelizmente, esse tipo de questão aparece em
concursos.
Item III. Incorreto. O movimento da Reforma Sanitária iniciou na década de 1970, sendo
presente até os dias atuais. Atualmente sua bandeira de luta é a consolidação do SUS.
Portanto, o gabarito da questão é a letra C. Essa questão deveria ter sido anulada, pois
induziu o candidato ao erro.
40
COMENTÁRIOS:
Item I. Correto. Constitui uma proposta abrangente de mudança social e um processo
de transformação sanitária gestada desde a década de 70 do século XX.
Item II. Incorreto. A Reforma Sanitária Brasileira foi proposta num momento de
intensas mudanças e sempre pretendeu ser mais do que apenas uma reforma setorial.
Almejava-se, desde seus primórdios, que pudesse servir à democracia e à consolidação da
cidadania no País10.
Item III. Incorreto. Na busca de viabilidade para as intervenções propostas pela
Reforma Sanitária, utilizou-se da participação social, com o envolvimento da sociedade, e
10
ENSP-FIOCRUZ
41
COMENTÁRIOS:
Item I. Incorreto. Durante o período da medicina previdenciária (CAPS, IAP, INPS e
INAMPS), inclusive na época do Estado Novo11, era evidente a disjunção entre saúde pública
(voltada para o modelo de atenção à saúde sanitarista e campanhista) e assistência médica
(exclusiva para os trabalhadores com vínculos trabalhistas formais).
Item II. Incorreto. A unificação de todos os IAP deu origem ao Instituto Nacional de
Previdência Social (INPS), em 1966. Com essa unificação, a medicina especializada e de baixa
qualidade, oferecida aos trabalhadores formais e seus dependentes foi expandida. A Saúde pública
continuou sendo uma política marginalizada por parte do Estado, sendo caracterizada por ações
pontuais e esporádicas. Logo, a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) não
instituiu um padrão de atenção à saúde voltada para a saúde pública.
Item III. Incorreto. A extensão do direito à saúde para toda a população brasileira somente
ocorreu a partir de 1988 com a criação do SUS.
Item IV. Correto. Até os dias atuais, verificamos que o projeto de saúde, articulado ao
mercado tem como uma de suas tendências a contenção dos gastos com racionalização da oferta.
A insuficiência de recursos para a Saúde é um dos maiores entraves desse setor.
A partir dos comentários, verificamos que o gabarito da questão é a letra E, pois apenas o
item IV apresenta-se correto.
11
Estado Novo é o nome do regime político brasileiro fundado por Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937, que durou até 29
de outubro de 1945, que é caracterizado pela centralização do poder, nacionalismo, anticomunismo e por seu autoritarismo.
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10. (INMETRO/2010/CESPE) Assinale a opção correta, com referência à história das políticas
de saúde no Brasil.
a) As primeiras ações de saúde pública desenvolvidas no país eram movidas pelo interesse em
manter uma mão de obra saudável e apta a preservar os negócios da família real.
b) O movimento sanitarista ocorrido durante a primeira república reforça o papel descentralizado
dos governantes com ênfase na saúde integral.
c) Nos anos do desenvolvimentismo ocorreram mudanças significativas quanto à lógica da
organização do modelo para a saúde com a unificação das ações e serviços de saúde pública e do
sistema previdenciário.
d) O contexto de realização da VII Conferencia Nacional de Saúde representa um importante
marco na história da política de saúde, pois nela foi assegurada a discussão de uma política setorial
pelos representantes dos usuários.
e) As regras para regulação do setor privado foram definidas em momento anterior à aprovação e
legalização do SUS devido à resistência por parte do referido setor e da medicina autônoma.
COMENTÁRIOS:
Item A12. Correto. As primeiras ações de saúde pública desenvolvidas no país eram movidas
pelo interesse em manter uma mão de obra saudável e apta a preservar os negócios da família real.
As primeiras ações de saúde pública implementadas pelos governantes foram executadas no
período colonial com a vinda da família real para o Brasil (1808) e o interesse na manutenção de
uma mão de obra saudável e capaz de manter os negócios promovidos pela realeza.
Até a chegada da família real, o assistir à saúde era uma prática sem qualquer
regulamentação e realizada de acordo com os costumes e conhecimento de cada um desses grupos.
A população recorria, em situações de doença, ao que fosse viável financeiramente ou fisicamente.
Existia o barbeiro ou prático, um conhecedor de algumas técnicas utilizadas pelos médicos
europeus, tais como as sangrias, que atendia à população capaz de remunerá-lo. Existiam os
curandeiros e pajés, pertencentes à cultura negra e indígena, mais acessíveis à maioria da
população, que se utilizavam das plantas, ervas, rezas e feitiços para tratar os doentes. Havia
também os jesuítas, que traziam algum conhecimento da prática médica europeia utilizando-se
principalmente da disciplina e do isolamento como técnica para cuidar dos doentes.
12
Políticas de Saúde: organização e operacionalização do SUS.
43
A vinda da família real para o Brasil possibilitou também a chegada de mais médicos e o
aumento da preocupação com as condições de vida nas cidades, possibilitando o início de um
projeto de institucionalização do setor saúde no Brasil e a regulação da prática médica
profissional. Foi assim que, no mesmo ano da chegada da família ao Brasil (1808), foi inaugurada
a primeira faculdade de medicina, a Escola médico-cirúrgica, localizada em Salvador na Bahia,
com vistas à institucionalização de programas de ensino e à normalizaçao da prática médica em
conformidade aos moldes europeus.
Item B. Incorreto. De acordo com o CONASS, um ativo movimento de Reforma Sanitária
emergiu no Brasil durante a Primeira República (1889-1930), sob a liderança da nova geração de
médicos higienistas, que alcançou importantes resultados. Entre as conquistas, destaca-se a criação
do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), em 1920. Durante a Primeira República,
foram estabelecidas as bases para a criação de um Sistema Nacional de Saúde, caracterizado pela
CONCENTRAÇÃO e pela VERTICALIZAÇÃO das ações no governo central.
significativas quanto à lógica da organização do modelo para a saúde e não houve a unificação
das ações e serviços de saúde pública e do sistema previdenciário.
13
Dá-se o nome de desenvolvimentismo a qualquer tipo de política econômica baseada na meta de crescimento da produção
industrial e da infraestrutura, com participação ativa do estado, como base da economia e o consequente aumento do consumo.
44
Item D. Incorreto. Em 1980, ocorreu a VII Conferência Nacional de Saúde ainda no período
do regime militar. Os principais temas debatidos eram relacionados à implantação e
desenvolvimento do Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (Prev-saúde). Essa
conferência não é considerada um importante marco na história da política de saúde. Por outro
lado, a VIII Conferência Nacional de Saúde foi o marco mais importante na construção de um
novo sistema de saúde (SUS), universal e integral.
Item E. Incorreto. Todas as regras atuais da saúde, inclusive aquelas para regulação do
setor privado foram definidas após a aprovação e legalização do SUS, na Constituição Federal
de 1988. As principais normas que regulamentam esse setor são as seguintes: Leis nºs 8.080/90,
8.142/90, 141/12.
O gabarito da questão, portanto, é a letra A.
O desenvolvimentismo é uma política de resultados, e foi aplicado essencialmente em sistemas econômicos capitalistas, como
no Brasil (governo do Juscelino Kubitschek) e no governo militar, quando ocorreu o "milagre econômico brasileiro".
14
A regulação no setor público de saúde no Brasil: os (des) caminhos da assistência médico-hospitalar
45
• incipiente regulação;
II
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15
PAC
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