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Giselle Pavanelli
Teorias da
Administração
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Apresentação
É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Teorias da Administração,
parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo
que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apre-
sentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br,
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bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................... 5
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................ 7
1 AS TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO........................................................................................... 11
1.1 A Ênfase nas Tarefas......................................................................................................................................................12
1.2 A Ênfase na Estrutura Organizacional ...................................................................................................................13
1.3 A Ênfase nas Pessoas....................................................................................................................................................15
1.4 A Ênfase no Ambiente.................................................................................................................................................15
1.5 O Estágio Atual da Teoria da Administração.......................................................................................................16
1.6 O Futuro das Teorias da Administração, os Temas Emergentes ..................................................................16
1.7 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................17
1.8 Atividades Propostas....................................................................................................................................................17
2 OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO................................................................................... 19
2.1 Planejamento..................................................................................................................................................................19
2.2 Organização.....................................................................................................................................................................21
2.3 Direção...............................................................................................................................................................................22
2.4 Controle.............................................................................................................................................................................22
2.5 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................23
2.6 Atividades Propostas....................................................................................................................................................23
5 A ADMINISTRAÇÃO NO BRASIL................................................................................................. 29
5.1 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................31
5.2 Atividade Proposta........................................................................................................................................................31
9 TEMAS EMERGENTES........................................................................................................................ 81
9.1 Administração Participativa......................................................................................................................................81
9.2 Aprendizagem Organizacional................................................................................................................................82
9.3 Empreendedorismo e Liderança ............................................................................................................................87
9.4 Benchmarking ................................................................................................................................................................92
9.5 Empowerment.................................................................................................................................................................94
9.5 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................96
9.6 Atividades Propostas....................................................................................................................................................96
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................. 97
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS...................................... 99
REFERÊNCIAS............................................................................................................................................103
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APRESENTAÇÃO
Caro(a) aluno(a),
As mudanças são cada vez mais rápidas e inesperadas, principalmente no campo do conhecimento
e da explosão populacional. Tais mudanças impõem novas e crescentes necessidades. Nesse contexto, o
crescimento das organizações as torna complexas e sem fronteiras. As diversas Teorias da Administração
serão estudadas no decorrer da nossa disciplina, na qual veremos suas contribuições e diferentes enfo-
ques para a melhoria da gestão nas organizações.
As organizações enquanto culturas são vistas como um lugar onde residem ideias, valores, normas,
rituais e crenças que as sustentam como realidades socialmente construídas. Esse enfoque tem recebido
crescente atenção nos últimos anos, especialmente dos estudiosos em cultura organizacional, que de-
fendem administrar e planejar organizações através de valores, crenças e outros padrões de significados
compartilhados que orientam a vida nas organizações.
As discussões sobre os modelos e metáforas organizacionais estão intimamente ligadas ao geren-
ciamento ou gestão das organizações. Os trabalhos que estudam o processo gerencial são inúmeros e os
argumentos de diversas naturezas. Alguns autores defendem a ideia de que se trata de um processo es-
sencialmente objetivo, por outro lado, há uma segunda vertente que defende a ideia da gerência como
essencialmente dinâmica e subjetiva. Entendemos que o gerenciamento não pode ser inflexível a ponto
de adotar uma das duas vertentes excluindo a outra.
Os autores parecem concordar que a organização é um organismo complexo, que precisa ser es-
tudada com profundidade e competência e que simplificações exageradas da realidade prejudicam o
entendimento e a aplicação de ferramentas para condução das situações que envolvem as organizações.
A ferramenta da metáfora favorece o entendimento e as perspectivas do comportamento organizacional
face os diferentes ambientes e sistemas de organização, possibilitando transcender os modelos estereo-
tipados das escolas da administração. Esta apostila, como um todo, busca apresentar todos estes aspec-
tos na sua profundidade.
Seja bem-vindo(a) ao mundo de Teorias da Administração.
Giselle Pavanelli
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INTRODUÇÃO
Cada teoria surgiu em resposta a algum problema empresarial da sua época. As teorias atenderam
e apresentaram soluções aos problemas encontrados e, de certo modo, todas as teorias administrativas
são aplicáveis às situações de hoje.
Segundo Motta (2001), no início do século XX despontaram as primeiras teorias das organizações.
As teorias são conhecimentos organizados, produzidos pela experiência e prática nas organizações. Or-
ganizações são grupos sociais deliberadamente orientados para a realização de objetivos ou finalidades.
A organização burocrática, sistema social dominante nas sociedades modernas, é uma estratégia de ad-
ministração e de dominação, fruto e berço da burocracia.
Weber (1992) argumenta que o entendimento das organizações modernas baseia-se em leis, que
as pessoas aceitam por acreditarem que são racionais, isto é, definidas em função do interesse das pró-
prias pessoas e não para satisfazer aos caprichos arbitrários de um dirigente. As pessoas que integram as
organizações modernas também aceitam que algumas outras representem a autoridade da lei. A auto-
ridade é a contrapartida da responsabilidade que essas pessoas têm de zelar pelo cumprimento da lei.
De acordo com Morgan (1996), Weber estava interessado nas consequências sociais da proliferação
da burocracia e assim preocupou-se com o efeito que isso poderia ter sobre o lado humano da sociedade.
O cientista alemão viu que o enfoque burocrático tinha potencial para rotinizar e mecanizar quase cada
aspecto da vida humana, corroendo o espírito humano e a capacidade de ação espontânea, o que pode-
ria ter graves consequências políticas ao minar o potencial de formas mais democráticas de organização.
Em contraste com Weber, teóricos profissionais em administração da América do Norte e da Euro-
pa estabeleceram as bases daquilo que é agora conhecido como “a Teoria da Administração Clássica” e
“Administração Científica”. As Teorias da Administração ganharam outros enfoques ao longo do tempo e
procuraram oferecer soluções universais para todos os problemas e situações vividos nas organizações.
Os enfoques da produção em massa e da eficiência, a Escola do Humanismo e o foco comportamental
das relações sociais no trabalho, a Escola da Qualidade e do Processo Administrativo, o enfoque Sistêmi-
co e Contingencial são algumas abordagens desenvolvidas e difundidas pela Administração moderna.
Segundo Bergamini (1996), a compreensão das organizações enquanto corporações de trabalho é
uma arte. De acordo com a autora, a obra de Morgan caracteriza as organizações por metáforas, que po-
dem ser utilizadas para entender os processos organizacionais, enfatizando que é necessário lançar mão
de várias delas e não de uma única para melhorar a nossa habilidade compreensiva de “ler e interpretar”
os diferentes aspectos que coexistem e se complementam dentro da realidade organizacional, por mais
paradoxal que esta possa parecer.
Morgan (1996) interpreta as organizações a partir de metáforas, comparando-as a imagens que
permitem vê-las enquanto máquinas, organismos vivos, cérebros, culturas, sistemas políticos, prisões
psíquicas, fluxos e transformações e, finalmente, enquanto instrumentos de dominação. O autor busca
a integração das metáforas para compreensão da realidade complexa, ambígua e repleta de paradoxos
da organização.
Para o autor, usando diferentes metáforas para entender o caráter complexo e paradoxal da vida
organizacional, somos capazes de administrar e planejar organizações de formas não pensadas como
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possíveis anteriormente. Para o autor, qualquer abordagem realista da análise organizacional deve ser
iniciada a partir da premissa de que organizações podem ser muitas ao mesmo tempo.
Segundo Wheatley (1999), alguns acreditam que há riscos em brincar com a ciência e em abstrair
suas metáforas porque, depois de um certo grau de distensão, as metáforas perdem sua relação com as
rigorosas teorias científicas que as originaram. Outros, no entanto, alegam que tudo na ciência é me-
táfora, uma descrição hipotética de como refletir sobre uma realidade que nunca podemos conhecer
plenamente.
As metáforas de Morgan nos ajudam a ir além das teorias das organizações, facilitando a análise
crítica e a interpretação das faces organizacionais, que não estão restritas a explicações acabadas ou a
um conjunto de referenciais definidos, mas que transitam entre diferentes maneiras de pensar.
De acordo com a obra do autor, a metáfora da máquina ilustra como esse estilo de pensamen-
to alicerçou o desenvolvimento da burocracia. Conforme o autor, quando os administradores pensam
nas organizações como máquinas, tendem a administrá-las e planejá-las como máquinas feitas de par-
tes que se interligam, cada uma desempenhando um papel claramente definido no funcionamento do
todo. Enquanto algumas vezes isso pode comprovar-se eficaz, outras vezes pode ter muitos resultados
desastrosos. Um dos problemas mais básicos da administração moderna é que a forma mecânica de
pensar está tão arraigada nas nossas concepções diárias de organização que é frequentemente muito
difícil organizá-la de outra forma.
Wheatley (1999) afirma que à medida que deixamos para trás o modelo mecanicista das organiza-
ções, e a ideia de trabalhadores como engrenagens substituíveis do maquinário de produção, começa-
mos a ver a nós mesmos em dimensões muito mais ricas, a apreciar a totalidade que somos e, quem sabe,
planejar organizações que honrem e façam uso dessa grande dádiva que é aquilo que, na qualidade de
seres humanos, todos nós somos.
A metáfora dos organismos de Morgan corrobora o pensamento de Wheatley, pois o foco da com-
paração é sua atenção em compreender e administrar necessidades organizacionais e as relações com o
ambiente. Essa metáfora pressupõe que diferentes tipos de organizações pertencem a diferentes espé-
cies, das quais a burocrática é apenas uma.
O autor afirma que diferentes espécies são mais talhadas para lidar com as demandas de diferentes
ambientes e, dessa forma, aumenta-se a capacidade de desenvolver interessantes teorias sobre as rela-
ções entre as organizações e os seus ambientes. A metáfora analisa as organizações como organismos
que nascem, crescem, desenvolvem-se, declinam e morrem, além de possuir a capacidade de se adapta-
rem a ambientes em mutação. Essa imagem está muito ligada às relações entre as espécies e os padrões
de evolução encontrados na ecologia interorganizacional, e a sua perspectiva contribuiu muito para o
desenvolvimento da teoria da administração moderna.
A metáfora do cérebro foca a importância do processamento de informações, aprendizagem e
inteligência nas organizações, permitindo ao leitor uma forma de compreensão e avaliação das orga-
nizações modernas sob essa perspectiva. Duas linhas de interpretação das organizações vistas como
cérebro são enfatizadas, uma do tipo computador ou processador de informações, e outra do tipo holo-
grama. Segundo o autor, essas imagens, especialmente a do holograma, ressalta princípios importantes
de auto-organização para concepção de organizações nas quais um alto grau de flexibilidade e inovação
é necessário.
Um conhecido especialista em cultura corporativa, Schein (1985), afirma que não se pode construir
um conceito comum se não houver concordância em como defini-lo, como medi-lo, como estudá-lo e
como aplicá-lo no mundo real das organizações. Para ele, cultura apresenta aspectos como estabilidade,
compartilhamento, padronização, dinâmica e vida em grupo; resultando em um padrão de suposições
básicas, inventadas, descobertas ou desenvolvidas por um dado grupo, que aprende a lidar com seus
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problemas de adaptação externa e integração interna, que foram suficientemente bem trabalhadas para
serem consideradas válidas e assim deve ser ensinada aos novos membros do grupo como a forma cor-
reta de perceber, pensar e sentir em relação àqueles problemas.
Segundo Schein (1985), a cultura de um dado grupo refletirá o que aquele grupo aprendeu ao re-
solver os problemas ao longo de sua história. A adaptação externa é realizada com a definição da missão
da empresa e suas funções, o estabelecimento das metas, os critérios para a mensuração dos resultados
e os ajustes nas estratégias caso as metas não estejam sendo alcançadas e a integração interna é rea-
lizada pela definição de uma linguagem comum, a delimitação das “fronteiras” do grupo e os critérios
de inclusão, os critérios para a atribuição de status, poder e autoridade, os critérios para a atribuição de
recompensas e punições e conceitos para gerenciar o não gerenciável (ideologia e religião).
A cultura nas organizações, segundo Motta (2001) é um sistema de símbolos e significados com-
partilhados, que serve como mecanismo de controle. A ação simbólica necessita ser interpretada, lida ou
decifrada para que seja entendida. É essa ação simbólica que ocorre em torno da oposição mais relevante
num dado grupo, instituição ou sociedade.
A metáfora da política, discutida por Morgan (1996), focaliza diferentes conjuntos de interesses,
conflitos e jogos de poder que moldam as atividades organizacionais. As organizações são vistas como
sistemas de governo baseados em vários princípios políticos que legitimam diferentes tipos de regras
assim como fatores específicos que delineiam a política da vida organizacional.
De acordo com Morgan (1996), os seres humanos possuem uma inclinação especial em caírem
nas armadilhas criadas por eles mesmos. Através de uma metáfora mais abstrata, o autor enxerga as
organizações enquanto “prisões psíquicas”, nas quais pessoas caem nas armadilhas dos seus próprios
pensamentos, ideias e crenças ou preocupações que se originam na dimensão inconsciente da mente. A
imagem da visão psíquica convida a examinar a vida organizacional para ver se, e de que forma caímos
na armadilha dos processos conscientes e inconscientes da nossa própria criação. Assim a metáfora da
“prisão psíquica” examina a psicodinâmica e a ideologia nas organizações.
Em complemento à metáfora das “prisões psíquicas”, a metáfora das organizações como “instru-
mentos de dominação” é interpretada por Morgan sob a perspectiva dos aspectos potencialmente
exploradores das organizações. O autor mostra como as organizações frequentemente usam os seus
empregados, as comunidades hospedeiras e o mundo econômico para atingirem seus fins e como a
essência da organização repousa sobre um processo de dominação em que certas pessoas impõem os
seus objetivos sobre as outras.
Segundo Freitas (2002), existe uma crise no processo de identificação dos indivíduos das socieda-
des modernas e essa crise é fator-chave na legitimação das organizações atuais e em especial nas grandes
empresas como ator social central. A crise de âmbito social é resultante de mudanças decorrentes das
fragilidades apresentadas pela desagregação da família; o fracasso do Estado como provedor de bens e
serviços; a descrença na religião como meio para solucionar os problemas; a ausência de clareza sobre o
papel da educação; a tecnologia que deixa de ser um modo de fazer para transformar-se em um modo
de ser; a presença feminina no mercado de trabalho; e a consolidação definitiva do capitalismo como o
modo de produção global. Diante desse contexto, que provoca desorientação, dúvida e confusão, geran-
do um futuro incerto e crise de identidade, a organização apresenta-se como a “tábua de salvação”.
Freitas (2002) afirma que a sedução e o carisma são formas de poder, que convidam as pessoas a te-
rem lugar em uma fantasia de rara beleza que não se presta a provas da realidade cotidiana nem precisa
se justificar. Esses elementos estão presentes nas organizações modernas, que têm uma enorme capaci-
dade de criar ou despertar um mundo de ilusões, de lidar com uma série de signos vazios e fortuitos, mas
que levam o indivíduo a defendê-la com grande fanatismo.
A metáfora do “fluxo de transformação”, de acordo com Morgan (1996), requer uma mudança de
concepção. Para o autor, o segredo de compreender a organização a partir dessa perspectiva reside na
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compreensão lógica de mudança que dá forma à vida social. Três vertentes dessa metáfora são discuti-
das pelo autor, uma enfatiza como as organizações são sistemas autoprodutores que se criam nas suas
próprias imagens; outra enfatiza como são produzidas enquanto resultado de fluxos circulantes de fee-
dback positivo e negativo; e a terceira sugere que sejam o produto de uma lógica dialética por meio da
qual todos os fenômenos tendem a gerar o seu oposto. As descobertas daí decorrentes podem ajudar a
compreender e administrar a mudança organizacional, bem como compreender as forças que moldam a
natureza da organização no âmbito social.
De acordo com Wheathley (1999), o nosso conceito de organização está se afastando das criações
mecanicistas que floresceram da era da burocracia. Começamos a falar sério de estruturas mais fluidas e
orgânicas e até de organizações como sistemas inteiros, concebendo-as como organizações capazes de
aprender, creditando-lhes algum tipo de capacidade de autorrenovação e percebendo que as pessoas
têm a capacidade de se organizar sozinhas.
As metáforas ou imagens das organizações, apresentadas por Morgan, são corroboradas por ou-
tros autores e permitem enxergar as organizações de muitas formas ao mesmo tempo.
Uma organização do tipo máquina, concebida a partir de objetivos específicos, pode ser simulta-
neamente uma espécie de organismo capaz de sobreviver em determinados ambientes, mas não em
outros; um sistema de processamento de informações que se revela especializado para certos tipos de
aprendizagem, mas não para outros; um meio cultural caracterizado por valores, crenças e práticas so-
ciais distintos, ou uma prisão psíquica, em que várias lutas subconscientes ou ideológicas brigam pela
dominação das pessoas; um sistema político no qual as pessoas lutam pelo poder para garantir seus
próprios fins; ou, ainda, a organização pode se apresentar como um sistema aberto e complexo onde as
mudanças são constantes e sofrem interferência do ambiente em que estão inseridas, assim como inter-
ferem na ecologia social a que pertencem.
As discussões sobre os modelos e metáforas organizacionais estão intimamente ligadas ao geren-
ciamento ou gestão das organizações. Os trabalhos que estudam o processo gerencial são inúmeros e
os argumentos de diversas naturezas. Alguns autores defendem a ideia de que se trata de um processo
essencialmente objetivo, por outro lado há uma segunda vertente que defende a ideia da gerência como
essencialmente dinâmica e subjetiva. Entendemos que o gerenciamento não pode ser inflexível a ponto
de adotar uma das duas vertentes excluindo a outra.
Conforme Motta (2001), a gerência contemporânea é uma atividade permeada por controvérsias,
e, portanto, não há uma definição muito precisa do que é, de fato, ser um gerente, principalmente por-
que as variáveis do processo decisório gerencial estão em constante mutação. Isso faz da gerência uma
atividade que requer um aprendizado constante.
Motta (2001) faz uma analogia entre uma organização e um grande monstro desconhecido que
precisa ser dominado, evidenciando que, para que esse monstro seja de fato sobrepujado, é necessário
que os grandes dirigentes sintam suas necessidades e indiquem alguns caminhos a serem seguidos.
Consideramos um dos caminhos para dominar o monstro da gestão nas organizações a aplicação dos
princípios de liderança, tema que será aprofundado nas próximas seções.
Os autores parecem concordar que a organização é um organismo complexo, que precisa ser estu-
dada com profundidade e competência e que simplificações exageradas da realidade prejudicam o en-
tendimento e a aplicação de ferramentas para a condução das situações que envolvem as organizações.
A ferramenta da metáfora favorece o entendimento e as perspectivas do comportamento organizacional
face aos diferentes ambientes e sistemas de organização, possibilitando transcender os modelos estere-
otipados das escolas da Administração.
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Teorias da Administração
É a abordagem que enfatiza as pessoas den- Apesar de todos os problemas, a teoria re-
tro das organizações, relegando a estrutura e as presentou uma saudável renovação e a abertura
tarefas a um segundo plano. Distinguem-se duas de novas frentes de estudo na Teoria da Adminis-
teorias: das relações humanas e do comporta- tração. Também explicaremos com mais detalhes
mento organizacional. essa teoria, logo mais, ainda nesta apostila.
a) por fazer parte de um sistema maior; A grande vantagem do estudo das organi-
b) pela interdependência dos subsistemas; zações como sistemas abertos é a possibilidade
de uma visão holística, ou seja, mais ampla da es-
c) pela existência de fronteiras definidas
trutura e dos comportamentos organizacionais.
com capacidade de modificação de si
mesmas; É extremamente importante estudar as va-
riáveis exógenas, ou seja, aquelas situadas fora
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dos limites da organização e que afetam com O desenvolvimento desses estudos leva à
maior ou menor intensidade, ao invés de se estu- criação da Teoria da Contingência (1972). De
dar apenas as variáveis endógenas, ou seja, intra- acordo com essa teoria, três variáveis são impor-
organizacionais. tantes: tamanho da organização, tecnologia e na-
O papel da tecnologia na determinação tureza do ambiente.
da estrutura e do comportamento organizacional Na Teoria Contingencial não há tratamen-
tem sido objeto de estudos na teoria organiza- to único para a organização – existe um íntimo
cional. Esses estudos são recentes e têm como relacionamento entre o trabalho, organização e
ponto de partida os trabalhos de Joan Woodward o ambiente. A Teoria Contingencial se dedica ao
na Inglaterra. estudo do clima organizacional e os diferentes es-
tilos de liderança.
Com base no exposto até agora, cabe inda- que exigirão a máxima capacidade criativa e todo
gar a respeito do futuro da teoria da administra- empenho dos administradores.
ção. Será possível imaginá-lo? A tarefa é extrema- Kast e Rosenzwieg (1996) assinalam que as
mente complexa. Parece razoável esperar que a empresas dinâmicas e flexíveis prevalecerão no
teoria da administração sofra mudanças e trans- futuro. Algumas das principais causas apontadas
formações de difícil previsão. por eles:
Acredita-se que as incertezas acentuar-se-
-ão, exigindo constantes revisões e, acima de tudo, a) as empresas viverão num ambiente tur-
muita flexibilidade por parte dos administradores. bulento, que delas exigirá alterações e
As organizações sofrerão inúmeros impactos, en- ajustamentos contínuos;
frentando períodos prolongados de turbulência,
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Teorias da Administração
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos as teorias da administração de uma forma abrangente,
percorrendo a ênfase nas tarefas, na estrutura organizacional, no ambiente, no estágio atual da teoria e
no futuro das teorias da administração com os temas abrangentes.
Vamos agora avaliar sua aprendizagem.
1. Em Administração há termos muito importantes e comumente utilizados. São eles: teoria, ad-
ministração, recursos, decisões, objetivos, funções administrativas, teorias da administração,
escolas, modelos de gestão e modelos de organização. Defina todos esses termos.
2. As abordagens das Teorias de Administração, de forma geral, podem ser classificadas quanto à
sua ênfase. Quais são essas ênfases?
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2 OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO
Caro(a) aluno(a), vermos neste capítulo os planejamento, preparo (hoje, organização), con-
princípios da administração e como estes se refle- trole e execução. Como visto anteriormente, esses
tem no dia a dia. princípios eram considerados em relação à tarefa.
Segundo Maximiano (2004), para entender Henry Fayol empregava, embora em relação
o que significa Administração, é preciso ir além da às tarefas administrativas, os princípios previsão,
interpretação da palavra. É preciso compreender organização, comando, coordenação e controle.
o papel que a administração desempenha para as A evolução das teorias trouxe, naturalmente, uma
organizações e para a sociedade. evolução na conceituação dos princípios de ad-
Ainda conforme Maximiano (2004), pode- ministração.
mos definir Administração a partir de objetivos, Assim sendo, hoje, quatro princípios são
decisões e recursos – essas são palavras-chave. considerados de fundamental importância nas
Administração é o processo de tomar e colocar Teorias da Administração:
em prática decisões sobre objetivos e utilização
de recursos. O processo administrativo abrange a) Planejamento;
quatro tipos principais de decisões, também cha- b) Organização;
mados de processos ou funções: planejamento,
c) Direção;
organização, execução e controle. As decisões re-
sumem os Princípios da Administração. d) Controle.
Acredita-se que, a partir do conhecimen-
Saiba mais
to das Teorias da Administração, haja condições
para a análise dos Princípios da Administração.
Esses princípios, com elevada probabilidade, terão
Convém destacar, inicialmente, que os princípios importância cada vez mais acentuada. Detalha-
fundamentais de administração vieram se conso- remos cada um desses itens para evidenciar a im-
lidando através de todas as teorias já vistas, com portância de seu conhecimento para a gestão das
organizações sob a perspectiva de quaisquer das
o decorrer do tempo. Teorias da Administração.
Frederick Taylor, já na escola de Administra-
ção Científica, utilizava quatro princípios básicos:
2.1 Planejamento
Segundo Chiavenato (1995), o planejamen- racionais para que se organize e dirija a empresa
to é a função administrativa que determina ante- ou seus departamentos ou divisões a partir de
cipadamente o que se deve fazer e quais objeti- certas hipóteses a respeito da realidade atual e
vos devem ser alcançados, e visa dar condições futura.
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2.2 Organização
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2.3 Direção
Do ponto de vista didático, a função admi- A Direção é a função que envolve a maior
nistrativa de direção vem após o planejamento e interação humana. Como assegura Chiavena-
a organização. Assim, enquanto o planejamento to (1995) assegura que é “a função que exige a
estabelece o que fazer, como fazer e para quem maior dose de flexibilidade, de amortecimento
fazer; a organização estabelece a estrutura, os de impactos e, principalmente, de orientação das
meios para a execução; a direção se preocupa pessoas quanto ao rumo certo no alcance dos
com a execução das operações propriamente di- objetivos pretendidos.”
tas, tendo em vista o alcance dos objetivos. A Direção é extremamente dinâmica, ocorre
em todos os níveis da empresa e está relacionada
ao planejamento, à organização e ao controle.
Atenção
Como a função Direção diz respeito ao processo
A Direção é, inegavelmente, uma das comple- de interação entre pessoas, três assuntos ineren-
xas funções da administração. Isso se deve à sua tes a ela são de capital importância: comunicação,
abrangência e ao fato de estar intimamente rela- liderança e motivação.
cionada às pessoas.
Assim sendo, para dirigir pessoas são ne-
cessários profundos conhecimentos a respeito
A execução de qualquer ação envolve sem- do processo de comunicação, das teorias de li-
pre pessoas e grupos. Toda a implementação do derança e da motivação. Como nas funções pla-
planejamento e da organização é efetuada por nejamento e organização, a direção pode ser
um conjunto de pessoas, e normalmente são os considerada em função dos níveis da empresa:
recursos mais complexos existentes nas empresas. institucional, intermediário e operacional.
2.4 Controle
O termo controle tem muitos significados acordo com o nível da empresa onde ocorrem.
e, não raro, se associa a atitudes coercitivas, prin- Assim, há o controle estratégico, o controle tático
cipalmente quando envolve pessoas. O controle e o operacional.
deve ser entendido como uma função adminis- Em termos de controle operacional, Litterer
trativa, como o planejamento, a organização e a (1990) propõe um modelo básico que compreen-
direção. de três fases:
Os autores Koontz e O’Donnel (1998) espe-
cificam que controle é a função administrativa a) coleta de dados sobre o desempenho;
que consiste em medir e corrigir o desempenho
b) comparação dos dados com um pa-
de colaboradores para assegurar que os objetivos
da empresa e os planos delineados para alcançá- drão;
-los sejam realizados. É, pois, a função segundo a c) ação corretiva.
qual cada administrador, do presidente ao super-
visor, certifica-se de que aquilo que é feito está de
acordo com o que se tencionava fazer. Certamente, cada uma dessas fases pode
ser desenvolvida através de diversas formas, que
O controle também está intimamente rela-
sempre devem considerar as peculiaridades de
cionado com o planejamento, a direção e a orga-
nização. Os controles podem ser classificados de cada empresa.
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Teorias da Administração
Caro(a) aluno(a),
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3 O PAPEL DO ADMINISTRADOR
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Caro(a) aluno(a),
Ao longo dos estudos deste capítulo percebemos como o administrador exerce um papel funda-
mental dentro das empresas modernas. No exercício desse papel, alinhamos a importância dos diversos
modelos de Teorias da Administração para o administrador.
Vamos agora avaliar seu aprendizado.
1. A utilidade do estudo das Teorias da Administração para o administrador pode ser estabelecida
por diversas razões. Comente quais são essas razões.
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DA REVOLUÇÃO URBANA À
4 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
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É a força do sindicalismo que, gerando leis (materiais versus humanos) e, portanto, a procu-
de proteção ao trabalhador e associada ao pensa- rar, na otimização do uso dos recursos, novos mé-
mento socialista desenvolvido no século XlX, por todos e processos de racionalização do trabalho,
Karl Marx e Friedrich Engels, acaba por obrigar o processos estes que metodicamente expostos
capitalista a redistribuir a alocação dos recursos coincidem com o início do século XX.
Caro(a) aluno(a), este movimento da Revolução Urbana à Revolução Industrial foi determinante
para criar o que conhecemos hoje sobre as organizações. Foi este o intuito deste capítulo.
Vamos identificar, neste momento, seu nível de assimilação ao conteúdo estudado.
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5 A ADMINISTRAÇÃO NO BRASIL
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Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos o administrador, esta figura tão necessária nos dias atu-
ais, bem como a diferença que ele faz nas organizações modernas. O desenvolvimento deste capítulo
teve ainda a intenção de mostrar estes aspectos a você.
Vamos, neste momento, verificar sua aprendizagem.
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Caro(a) aluno(a), neste capítulo você perce- Enquanto algumas vezes isso pode comprovar-se
berá que quando os administradores pensam nas eficaz, outras vezes pode ter muitos resultados
organizações como máquinas, tendem a adminis- desastrosos.
trá-las e planejá-las como máquinas feitas de par-
Saiba mais
tes que se interligam, cada uma desempenhando
um papel claramente definido no funcionamento Um dos problemas mais básicos da administração
do todo. moderna é que a forma mecânica de pensar está
tão arraigada nas nossas concepções diárias de or-
Segundo Morgan (1996), a metáfora da ganização que é frequentemente muito difícil orga-
máquina ilustra como esse estilo de pensamen- nizá-la de outra forma.
to alicerçou o desenvolvimento da burocracia.
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As causas das disfunções da burocracia re- soas) que necessariamente introduz variações no
sidem basicamente no fato de que a burocracia desempenho das atividades organizacionais. Em
não leva em conta a chamada organização infor- face da exigência de controle que norteia toda a
mal que existe fatalmente em qualquer tipo de atividade organizacional é que surgem as conse-
organização, nem se preocupa com a variabilida- quências imprevistas da burocracia.
de humana (diferenças individuais entre as pes-
Frederick Taylor foi o criador, e participan- Harvard. Segundo seus biógrafos, Taylor tomou
te mais destacado, do movimento da Adminis- essa decisão porque os estudos prejudicaram
tração Científica. Nasceu em 1856, na Pensilvâ- sua visão.
nia, tornou-se trabalhador manual, apesar de Trabalhou para uma empresa fabricante de
ter sido aprovado para a Escola de Direito de bombas hidráulicas, onde começou a observar o
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que achava má administração. Em 1878, retomou acreditavam que seu esforço beneficiava somente
os estudos, dessa vez em engenharia; obteve o o seu patrão, com isso eles não se empenhavam
título de mestre em 1883. Começou a desenvol- no trabalho, a forma de pagamento fazia com que
ver, também, os primeiros de uma série de muitos eles acreditassem nisso. Para resolver tal impasse,
aprimoramentos técnicos. surgiu a possibilidade de os empregados começa-
Foi na Midvale que observou os problemas rem a ter participação nos lucros, ganhar bônus da
das operações fabris que podemos encontrar em empresa e aumento de salário. Taylor achava que
algumas empresas até hoje. Por exemplo: se cronometrasse o tempo máximo de trabalho e
medisse o espaço que o homem precisa para exe-
A administração não tinha noção clara cutar uma tarefa com eficiência, pouparia mais
da divisão de suas responsabilidades tempo e assim subiria a produção e o lucro da em-
para com o trabalhador. presa. Esse sistema foi a base para o começo da
administração de tarefas, foi com ele que começa-
Não havia incentivos para melhorar o
ram a selecionar trabalhadores, dando pagamen-
desempenho do trabalhador.
tos de incentivo. Com a seleção de trabalhadores,
Muitos trabalhadores não cumpriam estes eram postos nos setores adequados com os
suas responsabilidades. seus perfis; com isso permitia que a administração
As decisões dos administradores basea- controlasse a produção, dispondo do trabalho pa-
vam-se na intuição e no palpite. dronizado, que era essencial para a eficiência.
Não havia integração entre os departa- A segunda fase da Administração Científica
mentos da empresa. concentrou a aplicação de escoro da tarefa para
Os trabalhadores eram colocados em a administração e a definição de princípios de
tarefas para as quais não tinham apti- administração do trabalho. Essa fase ficou conhe-
dão. cida como shop management (administração de
Os gerentes pareciam ignorar que a operadores fabris). O homem precisa de motiva-
excelência no desempenho significava ções para fazer um bom trabalho; tanto o homem
recompensas, tanto para eles próprios de primeira classe quanto o homem de classe
quanto para a mão de obra. média tornam-se ineficientes, se lhes faltar incen-
tivo. O shop management defendia os seguintes
Havia conflitos entre capatazes e operá-
princípios:
rios a respeito da quantidade da produ-
ção.
Uma boa administração deve pagar sa-
lários altos e ter baixos custos de produ-
Taylor procurou resolver esses e outros pro- ção.
blemas que eram e continuam sendo comuns
A administração deveria aplicar mé-
nas empresas, desenvolvendo, através de suas
observações e experiências, seu sistema de ad- todos de pesquisas, para determinar a
ministração de tarefas ou também como sistema melhor maneira de executar tarefas.
de Taylor, taylorismo e, finalmente, Administração Os empregados deveriam ser selecio-
Científica. nados, e treinados, de uma maneira
A Administração Científica é um sistema qualificada, e para que as tarefas fos-
que economiza trabalho, produzindo mais em sem compatíveis.
menos tempo.
A primeira fase da Escola da Administração Segundo seu precursor, deveria haver uma
Científica se caracterizou por problemas de salá- relação mais informal entre trabalhador e patrão
rios, estudo do tempo, definição de tempo-pa- para garantir um ambiente mais cordial e favo-
drão e administração das tarefas. Os trabalhadores rável à aplicação desses princípios, produzindo
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ciclos de qualidade. Taylor também tratou de ou- encararem o trabalho de uma forma mais cordial.
tros aspectos, como padronização de ferramen- A produtividade é gerada através da eficiência,
tas e equipamentos, sequência e programação de não da escravização do trabalhador e sim da inte-
operações e estudo dos movimentos. Isso tudo ligência de como se trabalha.
para economizar tempo, obtendo o aumento da Outros integrantes do movimento foram
produção e dos lucros na empresa. Frank e Lillian Gilbreth, Henry Gantt e Hugo Muns-
Na terceira e última fase da Administração terberg. As críticas ao movimento da Administra-
Científica, Taylor enfocou os seguintes pontos: ção Científica foram largamente difundidas pelas
comunidades acadêmicas, como, por exemplo:
Consolidação dos princípios.
Proposição de divisão de autoridade e Com o mecanismo, não houve preocu-
responsabilidades dentro da empresa. pação com o elemento humano.
Distinção entre técnicas e princípios. Com a superespecialização do operário
e o fracionamento das tarefas, a execu-
ção tornou-se totalmente padronizada.
Nessa fase Taylor sintetiza os objetivos da
Com a visão microscópica do homem,
Administração Científica: desenvolver uma ciên-
considerava-se o empregado individu-
cia para substituir o velho método empírico; sele-
almente, esquecendo-se que ele é um
cionar o trabalhador, treiná-lo e instruí-lo, já que
ser social.
no passado eles escolhiam o próprio trabalho; co-
operar com os trabalhadores, para que o trabalho
seja feito de acordo com a ciência desenvolvida. Segundo especialistas, provavelmente o
No passado, no trabalho, quase toda a responsa- taylorismo tivesse tido sucesso, independente-
bilidade caía na mão de obra, nessa nova fase a mente do estágio de desenvolvimento da indús-
administração tem que estar mais bem preparada tria e do contexto ideológico. O taylorismo jun-
que o trabalhador, para não haver erro novamen- tou-se com a indústria e a linha de montagem de
te. Taylor também acreditava no incentivo do tra- Henry Ford. O princípio de Ford já era conhecido
balhador individual que significa ganho material, mesmo antes do nascimento da Administração
e estímulo pessoal. Nessa última fase a principal Científica. Bicicletas, armas, peças etc. já tinham
mudança foi a criação de um departamento de sua produção em massa desde a Revolução Indus-
planejamento. As técnicas desse princípio eram: trial; ou seja, a produção em massa de determina-
dos produtos já existia. Um exemplo disso eram
Estudos de tempos e movimentos. os venezuelanos, que dominavam a montagem
Padronização de ferramentas e instru- em série de navios. Thomas Jefferson, em 1785,
mentos. visitou uma fábrica em Versailles que utilizava o
conceito de peças intercambiáveis, que consistia
Padronização de movimentos.
em fazer peças semelhantes que pudessem ser
Conveniência de uma área de planeja- usadas em todos os mosquetes existentes em ar-
mento. mazém.
Cartões de instruções. Henry Ford criou inúmeros avanços, deixan-
Sistema de pagamento de acordo com do sua marca na Teoria e Prática da Administração.
o desempenho. Exalou os dois princípios da produção em massa a
Cálculo de custos. níveis altíssimos. A figura de Ford está mais asso-
ciada à linha de montagem móvel. Cada peça ou
componente pode ser montado em qualquer sis-
A Administração Científica foi tida como
tema ou produto final. Para a padronização, Ford
uma revolução mental e uma maneira das pessoas
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utilizou o mesmo sistema de calibragem para uma tarefa. Ele não comandava componentes,
todas as peças. Procurou também, simplicidade, não preparava ou reparava equipamentos, nem
reduzindo o número de peças de seus produtos. inspecionava a qualidade. Para isso, planejar e
O produto era dividido em partes e sua fabricação controlar as tarefas, surgiu a figura do engenheiro
dividida em etapas. Cada operário tem uma tarefa industrial. Os princípios da Administração Cientí-
fixa dentro de um processo predefinido. Isso cau- fica e da Linha de Montagem Móvel tiveram gran-
sa a especialização do trabalhador. de aceitação; esta foi responsável pela expansão
A Linha de Montagem de Henry Ford foi um da atividade industrial em todo o mundo.
marco para a Administração Científica. No come- Alfred Sloan entrou na história com o pro-
ço, a Ford trabalhava artesanalmente. Cada tra- pósito de consertar algumas falhas na adminis-
balhador estava sempre na mesma área de mon- tração deixadas por seus antecessores, como
tagem e tinha a responsabilidade de apanhar as Ford, que não se preocupou com a estrutura or-
peças no estoque e levá-las para sua área de tra- ganizacional necessária para a administração das
balho. Isso tomava um tempo enorme, e o traba- fábricas, atividades de engenharia e marketing;
lhador tinha que ir atrás do trabalho. Para tornar e Taylor, que não organizou a empresa como um
esse trabalho mais eficiente, começou a entregar todo. Então, Alfred Sloan finalizou o modelo da
as peças em cada posto. Em seguida, decidiu que grande corporação.
o montador executaria uma única tarefa, indo de Sloan nasceu em 1875 e se formou como
um carro a outro. Porém, a movimentação levava engenheiro em 1895. Em 1909 assumiu o controle
tempo e, como os montadores tinham velocida- de uma empresa fabricante de autopeças da qual
des diferentes, os mais lentos atrapalhavam os seu pai era acionista. Em 1916, esta foi comprada
mais rápidos, que perdiam sua eficiência quando pela United Motors, de William C. Durant, funda-
os encontravam pela frente. dor e presidente da General Motors (GM).
Em 1910, Ford desenvolveu uma planta de- A United Motors era formada por várias em-
dicada à montagem final das peças, que continha presas que forneciam componentes para a Gene-
plantas distintas de cada uma delas e que faziam ral Motors. Já a GM foi criada no início do século
parte de um processo produtivo comum. A linha XX por meio da compra de uma empresa após
de montagem móvel, onde os trabalhadores fi- a outra, formando assim uma constelação de
cam parados e o produto desloca-se ao longo de negócios independentes. Após a compra, Sloan
um percurso, veio logo depois. Esse conceito, sem tornou-se presidente da United Motors e um dos
mecanização, foi aplicado à fabricação de moto- principais acionistas. Em 1918 a United Motors foi
res, radiadores e componentes elétricos. Em 1914, absorvida pela GM. Sloan passou a ocupar, além
Ford adotou a linha de montagem móvel, meca- da presidência da United, a vice-presidência da
nizada, na montagem do chassi. Com a imobili- GM.
dade do trabalhador, o tempo do ciclo de monta- Para resolver o problema da administração,
gem diminuiu. Sloan criou divisões descentralizadas e as transfor-
Henry Ford inovou também em outros as- mou em centros de lucro. Cada um produzia um
pectos. Duplicou o salário para cinco dólares por componente, como baterias, caixas de direção,
dia e adotou o dia de trabalho de oito horas. Quem carburadores etc. Esses centros eram administra-
comprava o Ford Modelo T, recebia um manual dos pelo quartel-general, que recebia, em inter-
com perguntas e respostas que explicavam como valos regulares de tempo, relatórios detalhados
usar ferramentas simples para resolver problemas sobre vendas, participação no mercado, estoques,
lucros e perdas e orçamentos de capital. Com isso,
que poderiam ocorrer. O Modelo Ford tornou-se
Sloan resolveu os problemas que dificultaram a
o padrão de organização nas empresas industriais
expansão da produção em massa. Surgiram espe-
americanas. Em contraste com o que acontecia
cialistas em administração financeira e marketing,
no sistema manual, o trabalhador tinha apenas dividindo ainda mais o trabalho a nível executivo.
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Do início do século até aproximadamente a A partir dos anos 70, porém, começaram
metade dos anos 70, o mundo das organizações a tornar-se conhecidas palavras e nomes vindos
foi dominado pelos conceitos e técnicas dissemi- do Japão. Desde então, as ideias vindas do Japão
nados com a expansão das empresas americanas também começaram a fazer parte do vocabulário
e europeias. Onde quer que fabricassem ou ven- e do currículo do estudo de administração.
dessem seus produtos e serviços, essas empresas
levavam junto sua tecnologia e seu vocabulário
de administração.
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alta e média gerência. Nesta época, a JUSE conse- mais frequentemente usado. No entanto, quando
guiu ampliar os horizontes dos gerentes partici- este termo é usado no exterior, as pessoas podem
pantes, mostrando que o controle da qualidade pensar que estejamos imitando a abordagem do
não se aplicava apenas à manufatura e à inspe- Dr. Feigenbaum, o que não é verdade.
ção, mas também a todas as áreas funcionais e a
A expressão que se consagrou no Japão
todas as operações da organização.
como Controle da Qualidade Total combina a de-
finição de Feigenbaum e a de Ishikawa: a quali-
O TQC Japonês dade é responsabilidade de todos, coordenada e
orientada por uma gerência de qualidade.
Os japoneses foram além das técnicas e
criaram uma filosofia de administração da quali- Sistema Toyota de Produção
dade, à qual por coincidências também deram o
nome de Controle da Qualidade Total. No entan-
A escola da qualidade criou raízes fortes no
to, de acordo com o professor Ishikawa, a aborda-
Japão e influenciou profundamente a filosofia de
gem japonesa e a de Feigenbaum são distintas,
administração das empresas. Uma das empresas
embora tenham a mesma denominação.
que mais aproveitou os princípios dessa escola foi
a Toyota. Porém, sua contribuição foi muito além
O conceito de controle da qualidade total da simples incorporação e disseminação da filo-
foi criado pelo Dr. Armand Feigenbaum.
De acordo com Feigenbaum, o contro- sofia e das técnicas da qualidade. A maior parte
le da qualidade total pode ser definido das modernas técnicas japonesas de administra-
como um sistema eficaz de integrar os ção de empresas nasceu com o chamado sistema
esforços de desenvolvimento, manuten- Toyota de produção, criado nos anos 50 por Eiji
ção e aprimoramento da qualidade para
Toyoda (da família proprietária da Toyota) e Taiichi
levar a produção e o serviço aos níveis
mais econômicos que resultam em plena Ohno, chefe de engenharia da empresa. Os dois
satisfação do consumidor. O TQC requer princípios mais importantes do sistema são: eli-
a participação de todas as divisões, in- minação de desperdícios e fabricação com qua-
clusive, marketing, projeto, manufatura, lidade.
inspeção e expedição. Temendo que a
qualidade, que é um trabalho de todos, O princípio da eliminação do desperdício,
se tornasse um trabalho de ninguém, aplicado primeiro à fábrica, fez nascer a produção
Feigenbaum sugeriu que o TQC ficasse enxuta, ou seja, fabricar com o máximo de eco-
dentro de uma bem organizada área cuja nomia de recursos. O princípio da fabricação com
única especialização fosse a qualidade do
produto e cuja única tarefa fosse o con-
qualidade tem por objetivo produzir virtualmen-
trole da qualidade. Seu profissionalismo te sem defeitos. Esses dois princípios possibilita-
ocidental levou-o a advogar que o TQC riam a manufatura de produtos de alta qualidade
fosse dirigido essencialmente por espe- e baixo preço, levando a Toyota, de empresa in-
cialistas em controle de qualidade. significante, à posição de terceira montadora do
mundo, atrás de General Motors e Ford.
A abordagem japonesa foi diferente da do Para o bom funcionamento desses dois
Dr. Feigenbaum, pois desde 1949 tem insistido princípios, o sistema Toyota depende do compro-
em que todas as divisões e todos os empregados metimento e envolvimento dos funcionários. Por
se envolvam no estudo e na promoção do con- isso, a administração participativa, que promove
trole de qualidade – nunca foi um domínio exclu- o envolvimento dos funcionários no processo de-
sivo dos especialistas em controle da qualidade. cisório, tornou-se o terceiro elemento importante
Isso se manifesta em todas as nossas atividades. do sistema Toyota.
O termo controle da qualidade total tem sido o
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eficiência dos produtos. Essa ideia disseminou-se No Brasil, em alguns casos, os círculos pas-
rapidamente. No começo dos anos 70, começaram saram a discutir problemas relacionados às polí-
no Brasil as primeiras experiências com a implan- ticas de administração de pessoal – carreiras, sa-
tação de círculos da qualidade. Johnson&Johnson, lários e benefícios. Com o tempo, trabalhadores e
Volkswagen, Metal Leve, Artex, Hering e Fundição empresas aprenderam a separar as coisas, deixan-
Tupy foram algumas empresas que introduziram do essas questões para serem resolvidas por meio
a técnica em nosso país. O formato original foi de outros mecanismos (comissões de fábrica e
adaptado e modificado conforme a ideia se disse- sindicatos) e reservando os círculos estritamente
minou. Por exemplo, algumas empresas formaram para os problemas de qualidade e eficiência. Em
círculos com pessoas de diferentes áreas de traba- outros países, os resultados dos círculos são reco-
lho. mendados com prêmios, que dependem do valor
Há diferentes tipos de problemas de quali- das economias ou ganhos proporcionados pelas
dade e eficiência que podem ser atacados pelos soluções propostas. No Brasil, poucas empresas
círculos da qualidade: qualidade dos produtos, adotaram esta mesma política.
produtividade dos recursos, custos, condições do Os círculos funcionam de acordo com uma
ambiente físico de trabalho, racionalização dos sequência de procedimentos, que começam com
processos produtivos, condições e segurança do a identificação do problema e terminam com a
trabalho, análise de refugos e reclamações dos apresentação à empresa de um relatório com a
clientes. Ao mesmo tempo, os círculos da qualida- solução e as diretrizes para sua implantação. Para
de atacam problemas do ambiente de trabalho, o estudo de um problema específico, os círculos
relacionados com a segurança, higiene, limpeza, de qualidade usam duas técnicas principais: o
ruído e iluminação, que frequentemente são cau- princípio de Pareto e o diagrama espinha de pei-
sadores de insatisfação e reclamações. Por causa xe (ou diagrama Ishikawa).
disso, os círculos de qualidade são entendidos
também como técnica de administração partici- Diagrama de Ishikawa
pativa.
O objetivo imediato do círculo da qualidade
Criado por Kaoru Ishikawa, o diagrama que
– resolver problemas de qualidade e eficiência – é
tem a forma de uma espinha de peixe é um gráfi-
complementado por uma série de outros objeti-
co cuja finalidade é organizar o raciocínio e a dis-
vos explícitos e implícitos, como, por exemplo:
cussão sobre as causas de um problema prioritá-
rio de qualidade. Também chamada de diagrama
Envolver os funcionários no processo de Ishikawa ou diagrama 4M, a espinha de peixe
de análise e resolução de problemas, foi desenvolvida para ser usada pelos círculos da
alargando seu campo de visão, suas res- qualidade, para estudar aqueles problemas iden-
ponsabilidades e, consequentemente, tificados como prioritários pela análise de Pare-
seu sentido de realização. to. Em geral, os problemas estudados por meio
Melhorar a comunicação dentro do pró- da espinha de peixe são enunciados como uma
prio grupo de trabalho fica prejudicado pergunta que tem a seguinte estrutura: “por que
no sistema tradicional do trabalho iso- ocorre este problema?” Por exemplo: por que
lado da linha de montagem. ocorrem golpes com os usuários de cartão nos
Estimular um clima de criatividade, caixas automáticos?
mentalidade da qualidade, autocontro- Para desenhar o diagrama, traça-se uma li-
le e prevenção de falhas. nha principal, na extremidade direita da qual se
coloca o problema. Nos dois lados dessa espinha
dorsal, traçam-se linhas inclinadas.
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Para identificar as causas, as pessoas encar- Problemas de fábrica, de forma geral, têm quatro
regadas de estudar o problema participam de tipos de causas, das quais saiu a designação 4M:
uma ou mais sessões de brainstorming, ou con- mão de obra, método, materiais e máquinas. Ou-
sultam outras pessoas, ou fazem levantamentos tros critérios de organização podem ser usados,
no local da ocorrência. Cada uma das causas iden- dependendo do tipo de problema e empresa,
tificadas é então classificada de acordo com as como é o caso do exemplo abaixo:
categorias representadas pelas linhas inclinadas.
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a pessoa tem oportunidades quase infinitas. Por forma que ela parasse automaticamente assim
exemplo, nos escritórios que utilizam telefones que a operação fosse completada.
com extensão, um funcionário poderia sugerir a Depois, foi estabelecido um ciclo para cada
colocação da mesma cor de aparelhos em todas operária, de forma que ela pudesse trabalhar em
as extensões do mesmo número, para conveni- várias máquinas de costura em um ciclo. Isso sig-
ência. Muitos dos mecanismos a prova de falhas nificou que o comportamento das operárias teve
são instalados nas máquinas como resultado das de ser alterado para que elas ficassem em pé ao
sugestões dos operários. lado das máquinas e passassem de uma máqui-
O ponto de partida do Kaizen é a adoção, na para a seguinte junto com o fluxo de trabalho.
por parte do operário, de uma atitude positiva em Atualmente, cada operária cuida de doze máqui-
relação à mudança e ao melhoramento da manei- nas, andando de uma máquina para a seguinte,
ra como ele trabalha. Se um operário que realiza o trajando um agasalho esportivo. Nas empresas do
seu serviço sentado ao lado de uma máquina mu- grupo Toyota, cada operário pode estar cuidando
dar o seu comportamento e ficar em pé ao lado de até oitenta máquinas diferentes em um ciclo.
dela, isso é um melhoramento, pois ele adquire Essas designações múltiplas de serviços são pos-
flexibilidade e pode operar mais de uma máqui- síveis porque a administração foi bem-sucedida
na. na mudança do comportamento dos operários.
Quando Taiichi Ohno, o executivo que ini- Kaizen orientado para pessoa é frequentemente
ciou o Kanban e o “Just in Time” na Toyota, tor- visto como incentivador do moral e a adminis-
nou-se conselheiro da Toyota Shokki (fábrica de tração nem sempre exige o retorno econômico
tecidos para automóveis), ele descobriu que as imediato de cada sugestão. A atenção e a recepti-
operárias estavam operando sentadas as máqui- vidade da administração são essenciais se os ope-
nas de costura. Ele imediatamente inaugurou um rários devem se tornar “operários pensantes”, ao
projeto de melhoramento e projetou caracterís- se procurar maneiras melhores de realizar o seu
ticas especiais para cada máquina de costura, de serviço.
Caro(a) aluno(a), ao longo deste capítulo você estudou a mecanização nas organizações: a teoria
clássica, as funções da gerência administrativa, a críticas à teoria clássica. Vimos também aspectos do
estudo da burocracia, o modelo japonês e administração da qualidade.
Vamos, agora, identificar seu nível de assimilação ao conteúdo estudado.
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A Teoria das Relações Humanas surgiu nos Os estudos em Hawthorne de Elton Geor-
Estados Unidos como consequência imediata das ge Mayo (1880-1949) foram a base para a Teoria
conclusões obtidas na Experiência em Hawthor- das Relações Humanas. A Western Eletric era uma
ne, desenvolvida por Elton Mayo e seus colabora- companhia norte-americana que fabricava equi-
dores. Foi basicamente um movimento de reação pamentos para empresas telefônicas. A empresa
e de oposição à Teoria Clássica da Administração. sempre se caracterizara pela preocupação com o
bem-estar de seus funcionários, o que lhe propor-
Atenção cionava um clima constantemente sadio de rela-
ções industriais.
A origem da Teoria das Relações Humanas con-
siste nos seguintes princípios: Durante mais de 20 anos não se constatara
• A necessidade de humanizar e democratizar nenhuma greve ou manifestação. Um diagnósti-
a administração, libertando-a dos conceitos co preliminar nos diria que o moral na companhia
rígidos e mecanicistas da Teoria Clássica e ade-
quando-a aos novos padrões de vida do povo era alto e os funcionários confiavam na compe-
americano; tência de seus administradores.
• Desenvolvimento das chamadas ciências hu-
manas, principalmente a psicologia e a socio- No período entre 1927 e 1932 foram realiza-
logia; das pesquisas em uma das fábricas da Western Elec-
• As ideias da filosofia pragmática de John
Dewey e da Psicologia Dinâmica de Kurt Lewin
tric Company, localizada em Hawthorne, distrito
foram capitais para o humanismo na adminis- de Chicago. A fábrica contava com cerca de 40 mil
tração; empregados e as experiências realizadas visavam a
• As conclusões da Experiência em Hawthorne,
desenvolvida entre 1927 e 1932, sob a coorde- detectar de que modo fatores ambientais – como
nação de Elton Mayo. a iluminação do ambiente de trabalho – influen-
ciavam a produtividade dos trabalhadores. Essas
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experiências foram realizadas por um comitê cons- A primeira experiência, que contou com a
tituído por três membros da empresa pesquisada e participação da equipe de Harvard, teve início em
quatro representantes da Escola de Administração 1927, e foi denominada Sala de Provas de Monta-
de Empresas de Harvard. gem de Relés. Sua finalidade era realizar um estu-
Em 1924, com a colaboração do Conselho do da fadiga no trabalho, e dos efeitos gerados
Nacional de Pesquisas, iniciara na fábrica de Ha- por mudanças de horários ou introdução de in-
wthorne uma série de estudos para determinar tervalos de descanso no período de trabalho. Fo-
uma possível relação entre a intensidade da ilu- ram selecionadas para a experiência seis moças –
minação do ambiente de trabalho e a eficiência cinco montadoras e uma fornecedora de material
dos trabalhadores, medida pelos níveis de produ- – que trabalhavam no departamento de monta-
ção alcançados. Essa experiência, que se tornaria gem dos relés de telefone, já que nesse departa-
famosa, foi coordenada por Elton Mayo, e logo se mento haviam sido constatadas ligeiras modifica-
estendeu ao estudo da fadiga, dos acidentes no ções nos ritmos de produção de peças. A função
trabalho, da rotação de pessoal e do efeito das das funcionárias era colocar bobinas, armaduras,
condições físicas de trabalho sobre a produtivida- molas de contato e isolantes elétricos numa base
de dos empregados. mantida por quatro parafusos. Sua medida de
Entretanto a tentativa foi frustrada, os pes- produção era de cinco relés em 6 minutos e o tra-
quisadores não conseguiram provar a existência balho era realizado de forma contínua.
de qualquer relação simples entre a intensidade A ênfase dada pelos pesquisadores estava
de iluminação e o ritmo de produção. Reduziu-se em se manter o ritmo de produção, controlando
a iluminação na sala experimental e esperava-se com maior exatidão algumas condições físicas,
uma queda na produção, mas o resultado foi o como temperatura, umidade da sala, duração do
oposto, a produção na verdade aumentou. sono na noite anterior, alimentos ingeridos etc.
Os pesquisadores verificaram que os resul- Para isso, eles acreditavam que seria necessário
tados da experiência eram prejudicados por vari- isolar a influência do fator psicológico, e isso só
áveis de natureza psicológica. Tentaram eliminar seria possível com a colaboração das funcionárias,
ou neutralizar o fator psicológico, o que é estra- que não deveriam alterar seu ritmo de produção
nho e impertinente, razão pela qual a experiência
prolongou-se até 1932, quando foi suspensa em
razão da crise econômica de 1929.
Os estudos básicos efetuados por Mayo e
seu grupo tiveram três fases:
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Duração
Período Condições experimentais
Semanas
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As conclusões dessa primeira fase das expe- sensíveis mudanças no modo de supervisão.
riências de Hawtorne foram: As entrevistas inicialmente tinham duração
de meia hora e eram pautadas em perguntas pre-
As moças alegavam gostar de trabalhar estabelecidas. Com o decorrer do tempo, perce-
na sala de provas, porque era divertido beu-se que, além de muito curtas, as entrevistas
e a supervisão branda, o que lhes per- não possibilitavam que os operários falassem
mitiam trabalhar com mais liberdade e de todos os seus problemas, aflições e medos; a
menor ansiedade; partir daí, o processo passou a ser mais longo e
Havia um ambiente amistoso e sem caracterizado como uma conversa informal entre
pressões, a conversa era permitida, au- supervisor e operário.
mentando a satisfação no trabalho; O resultado das entrevistas foi a constata-
Não havia temor ao supervisor; ção de que a maioria dos funcionários agia e pen-
Houve um desenvolvimento social do sava de modo obsessivo, apesar de nunca ter tido
grupo experimental. As moças faziam problemas mentais. Havia detalhes que incomo-
amizades entre si e essas amizades davam de maneira excessiva algumas pessoas, o
estendiam-se para fora do trabalho. As que acabava por interferir no ambiente de traba-
moças passaram a se preocupar umas lho. Um exemplo foi relatado por um dos funcio-
com as outras. Tornaram-se uma equi- nários: seu supervisor tinha uma aparência física
pe. muito semelhante à de seu padrasto, e isso o fazia
sentir-se pressionado frente ao homem.
O grupo desenvolve liderança e objeti-
vos comuns. A conclusão do Programa de Entrevistas
constatou que os fatores psicológicos alteravam
de maneira significativa o comportamento dos
A segunda fase das experiências consistiu funcionários. Ao mesmo tempo, o Programa pos-
em entrevistas. Seriam entrevistados todos os sibilitou que os funcionários mostrassem à dire-
funcionários da empresa, anualmente. O objetivo ção quais são suas angústias mais frequentes,
era desvendar os motivos que levavam os funcio- a partir daí, elas poderiam ser estudadas e seus
nários a adotar posturas tão diferentes nos seus efeitos minimizados.
departamentos e na sala de provas. A partir dessa Através dessa organização informal, os ope-
fase as pesquisas passaram a ter um enfoque nas
relações humanas e não mais na parte científica. Saiba mais
Nessa fase, a maioria dos supervisores foi
A principal descoberta dos pesquisadores nessa
incluída no programa como entrevistadores. O
fase foi a existência dos chamados grupos informais,
programa foi bem aceito tanto pelos operários formados pelos operários nos periféricos da empre-
quanto pelos supervisores, já que os primeiros sa para zelar pelo seu bem-estar. A formação de um
grupo informal refletia-se na produção controlada.
encontravam a possibilidade de falar o que sen-
tiam a respeito da organização como um todo,
enquanto os últimos poderiam conhecer os pro-
blemas e anseios que afligiam seus subordinados. rários mantinham-se unidos por meio de uma
O resultado do início do programa foi senti- certa lealdade entre si. Porém, os pesquisadores
do imediatamente: a produtividade dos operários notaram que, muitas vezes, o operário pretendia
aumentou e a supervisão melhorou. A melhoria também ser leal à empresa. Essa lealdade, dividi-
dos resultados dos operários foi atribuída a um sen- da entre o grupo e a companhia poderia trazer
timento de importância desencadeado pelo pro- certo conflito, tensão, inquietação e provável des-
grama. No caso dos supervisores, o conhecimento contentamento.
dos interesses dos operários foi o responsável pelas
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poder oferecer um esquema orientador e útil para Fatores relacionados ao próprio traba-
a ação do dirigente empresarial. lho, chamados fatores motivacionais ou
Outra teoria que se baseia na ideia das ne- intrínsecos;
cessidades foi proposta por David McClelland. Ele Fatores relacionados com as condições
identificou e estudou três necessidades específi- de trabalho, chamados fatores extrínse-
cas, que se encaixam nas propostas de Maslow, cos ou higiênicos.
ou a elas acrescentam-se. Essas necessidades
específicas são as seguintes: necessidade de rea-
lização, necessidade de poder e necessidade de As teorias de Maslow, McClelland e Herz-
associação ou filiação. berg apresentam pontos de concordância que
A teoria de Frederick Herzberg explica como permitem um quadro mais amplo e rico sobre o
o ambiente de trabalho e o próprio trabalho inte- comportamento humano nas organizações.
ragem para produzir motivação. Segundo Herz-
berg, a motivação resulta de fatores que podem
ser divididos em duas categorias principais:
As Teorias das Relações Humanas e Com- Segundo a psicóloga Ana Cristina Limongi
portamentais permitiram o desenvolvimento de (2001), coordenadora do Núcleo de Pesquisa em
conceitos que utilizamos no cotidiano das orga- Gestão de Qualidade de Vida no Trabalho (USP),
nizações contemporâneas. Entre estes estão a
Qualidade de Vida no Trabalho e a Ética nas Or- qualidade de vida pode representar o
ganizações. resgate da valorização e da humanização
A Qualidade de Vida no Trabalho pode ser da pessoa no trabalho, integrando todos
os fatores críticos determinantes de uma
definida como uma forma de pensamento envol-
boa gestão de pessoas. Esses fatores críti-
vendo pessoas, trabalho e organizações, em que cos são a política de qualidade de vida, a
se destacam dois aspectos importantes: a preo- produtividade, a legitimidade, a lideran-
cupação com o bem-estar do trabalhador e com ça, a cultura organizacional e a rede de
a eficácia organizacional; e a participação dos tra- competências dos especialistas internos
balhadores nas decisões e problemas do trabalho. e externos à empresa, que são capazes de
oferecer produtos e serviços que geram o
Toda empresa é um conjunto sociocultural bem-estar.
muito complexo e que tem na organização do
trabalho um papel preponderante para a saúde
de seus trabalhadores. Limongi (2001) acredita que essa preocu-
Sem qualidade de vida, as pessoas traba- pação com a qualidade de vida não é passageira,
lham desmotivadas e o resultado disso é visível pois há uma crescente pressão da sociedade por
nos níveis de produtividade, nas perdas registra- melhores condições de vida, incluindo-se o traba-
das, nos trabalhos que precisam ser refeitos, na lho.
desmotivação dos funcionários. Existem empresas que pensando nisso e
Para que possa existir qualidade de vida verificando que existe um retorno financeiro em
dentro de uma organização é preciso estimular a suas ações, promovem atitudes de melhoria na
cooperação e a criatividade, mudando a política qualidade de vida dos seus funcionários. Estão
do sucesso a qualquer preço que premia o indivi- investindo em espaços mais agradáveis, esti-
dualismo e a competição destrutiva. mulando a prática de exercícios físicos entre os
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Schein (1985) afirma que não se pode cons- nas estratégias, caso as metas não estejam sen-
truir um conceito comum (cultura organizacional) do alcançadas e a integração interna é realizada
se não houver concordância em como defini-lo, pela definição de uma linguagem comum, a deli-
como medi-lo, como estudá-lo e como aplicá-lo mitação das “fronteiras” do grupo e os critérios de
no mundo real das organizações. Para ele, cultura inclusão, os critérios para a atribuição de status,
apresenta aspectos como: estabilidade, compar- poder e autoridade, os critérios para a atribuição
de recompensas e punições e conceitos para ge-
tilhamento, padronização, dinâmica e vida em
renciar o não gerenciável (ideologia e religião).
grupo resultando em um padrão de suposições
básicas, inventadas, descobertas ou desenvolvi- A partir desta definição, Schein (1985) diz
das por um dado grupo, que aprende a lidar com que a cultura se manifesta e pode ser estudada
seus problemas de adaptação externa e integra- em diferentes níveis e propõe 3 níveis para a cul-
ção interna, que foram suficientemente bem tra- tura organizacional: os artefatos (a estrutura orga-
balhadas para serem consideradas válidas e assim nizacional visível e os processos que são difíceis
deve ser ensinada aos novos membros do grupo de decifrar); os valores (estratégias, objetivos, filo-
como a forma correta de perceber, pensar e sentir sofias) e as suposições básicas (são inconscientes,
em relação àqueles problemas. crenças dadas como certas, hábitos adquiridos
por percepção, pensamentos e sentimentos).
A cultura de um dado grupo refletirá o que
ele aprendeu ao resolver os problemas ao longo Em relação à empresa em análise podemos
de sua história. A adaptação externa é realizada observar que há uma grande ênfase em gerenciar
com a definição da missão da empresa e suas fun- a cultura organizacional que foi definida e comuni-
ções, o estabelecimento das metas, os critérios cada aos demais níveis da empresa pelo fundador e
para a mensuração dos resultados e os ajustes “aperfeiçoada” pelo aprendizado.
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Caro(a) aluno(a), concluímos neste capítulo o estudo das teorias das relações humanas e compor-
tamental. Percorremos os aspectos da hierarquia das necessidades e motivação, qualidade de vida no
trabalho e ética e por fim, a cultura organizacional.
Neste momento vamos avaliar seu nível de aprendizagem.
1. A origem da Teoria das Relações Humanas consiste em alguns princípios. Comente quais são
eles.
2. A Teoria das Relações Humanas foi alvo de muitas críticas. Cite quais foram essas críticas e seus
fundamentos.
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Fronteiras
Diferenciação
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Outro esquema conceitual provém de al- Na Abordagem Sistêmica há uma forte ten-
guns dos membros do instituto Tavistok de Lon- dência em se enfatizar as funções (ou conjunto
dres, que sublinham a relação meio ambiente- de atividades) exercidas pelos indivíduos nos
-grupos de trabalho, mostrando relações entre a subsistemas. Essa tendência faz surgir uma teoria
parte formal da organização (dimensão técnica) da organização de sistemas de papéis. Os autores
e os aspectos grupais (dimensão social). Desse Maynts, Luhmann, Gross, McEachner, e Getzels,
modo, as organizações de trabalho podem ser por exemplo, apresentam esquemas conceituais
definidas como sistemas sociotécnicos estrutura- nos quais a Retroalimentação na organização é
dos, e os subsistemas psicossocial e técnico de- entendida como um sistema de papéis, mediante
vem ser encarados como parte da organização. o qual as pessoas mantêm-se inter-relacionadas.
Na abordagem sistêmica das organiza- Em outros termos, se nas outras abordagens a ên-
ções, estas são vistas como sistemas sociotécni- fase estava na questão do papel dos indivíduos,
cos estruturados. Essa abordagem apresenta vá- este é o ponto focal. O conjunto dos comporta-
rios aspectos de interesse. As organizações são mentos esperados de uma determinada posição
analisadas como sistemas abertos, relacionados social no sistema social (que se transforma em
com outros sistemas, com os quais trocam infor- comportamento esperado na organização) rela-
mações. São sistema dinâmicos, em constante ciona-se com outros indivíduos nos seus respec-
adaptação e mudança, buscando o equilíbrio, a tivos papéis. É o chamado conjunto de papéis or-
homeostase. Como sistemas que são, estão su- ganizacionais – cada indivíduo com o seu papel.
jeitos a receber insumos (inputs), analisá-los e O modelo de sistema de papéis baseia-se
liberá-los como resultados (produtos/ serviços, na noção do papel social como sendo fundamen-
outputs). Em função desses produtos, o sistema tal. É a ideia de que, existindo papéis, existem
é então retroalimentado (por feedback) segundo também funções na organização que alteram ou
suas necessidades. Estabelece-se, então, um ciclo. reforçam o comportamento destes papéis, con-
A compreensão dos processos administrativos foi forme a expectativa de valores percebida, ou seja,
auxiliada pelo enfoque sistêmico, na medida em o comportamento potencial, no qual cada papel
que este demonstra um aspecto de organização funciona como um sistema. Quando a expectati-
ainda não abordado. Ele oferece uma visão mo- va coincide com o esperado, será obtido o com-
derna e abrangente, mostrando a parte formal portamento desejado.
da organização (técnico) e também aspectos gru- Nessa abordagem, as variáveis organiza-
pais (social). Fornece, assim, meios de analisar as cionais são as que intervêm na relação social, tais
organizações com seu atual estágio de desenvol- como a personalidade dos indivíduos e a relação
vimento e complexidade. interpessoal. São variáveis que se referem à po-
Para os autores Kast e Rosenzweig, o en- sição, de caráter flexível ou rígido, o que é uma
foque sistêmico apresenta algumas limitações, extração do papel independentemente do papel
que derivam de alguns aspectos em si presentes. social no qual o indivíduo está inserido. Esse in-
A principal é que, por derivar muito das ciências divíduo é o chamado Homem Organizacional, so-
exatas, a abordagem trata a organização de forma bre o qual a predisposição a atuar encaminhe-se
a criar um modelo. Mas as organizações são ainda rumo às metas organizacionais.
mais complexas do que os sistemas físicos ou bio-
lógicos. A visão da empresa como sistema parece,
às vezes, muito mecanizada, como se esta fosse
uma máquina física. Destacados estes aspectos, o
enfoque sistêmico ainda oferece grande utilidade
nos estudos sobre a organização.
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8.2 Cibernética
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implicações, exige mudanças na estrutura da em- autoridade aos escalões inferiores, isso, por sua
presa, que demandam mexer com gente. E isso vez, pode acarretar perda de poder e insegurança
é complicado. É possível que para se tornar mais aos gerentes e demais pessoas que exercem car-
ágil seja necessário dar mais responsabilidade e gos mais altos dentro da empresa.
Segundo Cavalcanti (2003), a ideia do Pla- Para Porter, há cinco forças que dirigem a
nejamento Estratégico surgiu há 40 anos, no auge concorrência na indústria:
da expansão e diversificação dos negócios, na dé-
cada de 60. A autora menciona que recentemen- a ameaça de entrada de novas empre-
te o Planejamento Estratégico não estava entre as
sas nesse mesmo mercado;
prioridades mais altas dos executivos, no entanto,
na passagem do milênio esta situação mudou e a a intensidade da rivalidade entre os
estratégia está no topo das preocupações. concorrentes existentes;
A autora traça a evolução do Pensamento a pressão dos produtos substitutivos;
Estratégico, partindo da década de 60 e início de poder de negociação dos compradores;
70, quando o formalismo e rigidez dos modelos
poder de negociação dos fornecedores.
eram as características marcantes. O trabalho de
H. Mintzberg, o modelo básico de Análise SWOT
(Strenghts = forças, Weaknesses = fraquezas, Op- Segundo o autor há três abordagens gené-
portunities = oportunidades, Threats = ameaças) ricas, potencialmente bem-sucedidas que são: a
define o pensamento estratégico preponderante liderança no custo total, a diferenciação e o foco.
da década.
Vantagem Competitiva trata do modo como uma
O Planejamento Estratégico nos anos 80
empresa coloca de fato em prática as estratégias
respondeu à rigidez das décadas anteriores com
genéricas (PORTER, 1989).
o celebre trabalho de Michael Porter, quando, se-
gundo a autora, as empresas passaram a enfren- A perspectiva dos autores Prahalad e Ha-
tar uma concorrência crescente e, portanto, a ne- mel, citados por Mañas (2003), defende que uma
cessidade de testar vantagem competitiva. organização tem que criar a perspectiva de com-
Segundo o autor Antonio Vico Mañas (em petências essenciais. Os trabalhos apresentam ta-
Gestão Estratégica de Negócios, 2003), o posicio- refas de administração de competências, que são:
namento estratégico conforme um dos maiores
precursores do pensamento estratégico atual, identificar competências essenciais
Michel Porter, tem uma essência básica que é a existentes;
escolha das atividades que sejam diferentes das
definir uma agenda de aquisição de
dos concorrentes. Isso garante o que se chama de
diferencial de competitividade, a vantagem com- competências;
petitiva. desenvolver as competências;
Michael Porter (1989) afirma que muitas distribuir as competências;
empresas perderam de vista a vantagem com- proteger e defender a liderança das
petitiva em sua luta por crescimento e busca de
competências.
diversificação e que o fracasso das estratégias de
muitas empresas deve-se à incapacidade de tra-
duzir uma estratégia competitiva geral em etapas Os princípios do pensamento estratégico
de ação específicas, necessárias para se obter a atual estão significativamente fundamentados
vantagem competitiva.
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por estes autores e são amplamente difundidos O pensamento estratégico voltado para o
e debatidos pelos acadêmicos e executivos, cujo futuro também deve sofrer os impactos das for-
interesse é a estratégia. ças globais de mudança. Segundo os autores
Ainda segundo o autor, o pensamento es- mencionados, este pensamento é considerado a
tratégico no futuro estará voltado para a seguinte partir de questões como a transformação das re-
pauta: lações entre empresa e colaboradores, a criação
de novos mercados, a reinvenção de sistemas de
gestão, a criação de novos métodos de planeja-
Transformar empregados de tarefas em
mento e a administração do conhecimento orga-
profissionais pensantes;
nizacional.
Repensar os papéis dos administrado-
As forças globais de mudança são explora-
res e dos empregados nas empresas es-
das pelos autores Hodges e Grayson (2003) que
truturadas por processos;
enfatizam a necessidade de uma nova postura
Reinventar os sistemas de gestão de re- estratégica frente à revolução na tecnologia, nos
cursos humanos desde os treinamentos mercados, na demografia, no desenvolvimento
até os esquemas de reconhecimento das sociedades e seus valores. Segundo estes au-
dos esforços; tores, tais forças têm um impacto significativo na
Fazer com que o aprendizado seja parte formulação das estratégias empresariais, pois te-
do dia a dia dos negócios da empresa; mas emergentes, decorrentes dessas mudanças,
Moldar uma cultura que dê suporte à como a ecologia e o meio ambiente, a saúde e o
nova maneira de trabalhar. bem-estar, a diversidade, os direitos humanos e
a organização das comunidades são fatores que
impõem questões difíceis de prever, difíceis de
O autor Belmiro João (2003), participante ignorar e muito difíceis de gerir quando dão erra-
da mesma obra, ainda propõe outras estratégias do. Portanto, representam riscos e oportunidades
voltadas para o futuro, estratégias cujo foco são para a estratégia empresarial.
as conversações e conexões com funcionários,
Ainda segundo Prahalad e Hart (1999), ou-
consumidores, não consumidores e parceiros. En-
tras questões impactam diretamente na formu-
tre as estratégias emergentes citadas pelo autor
lação de estratégias para o futuro. Os autores
estão:
afirmam que há quatro bilhões de pessoas nas
camadas mais pobres da população mundial (na
Atrair novos mercados; base da pirâmide), com necessidades humanas
Construir novas organizações; básicas a serem supridas, quando a sociedade já
pressiona as grandes corporações para o desen-
Criar novos métodos de planejamento;
volvimento de tecnologias, políticas ambientais e
Assumir riscos. produtos sustentáveis. Este quadro forçará gran-
des corporações a repensarem suas estratégias
Uma outra visão de estratégia para o novo de mercado, de escala e modos de produção. Esta
contexto competitivo, segundo Moacir de Miran- questão será aprofundada pelo trabalho quando
da Oliveira Jr. (2003), é de que o conhecimento tratarmos das estratégias que buscam o desen-
constitui o principal ativo estratégico das em- volvimento sustentável.
presas. Segundo o autor, a administração do co- A Administração por Objetivos (APO) ou ad-
nhecimento torna-se um processo crítico, pois ministração por resultados constitui um modelo
fatores como tipos de conhecimento na empresa, bastante difundido e plenamente identificado
transferência do conhecimento, criação de novos como o espírito pragmático e democrático da te-
conhecimentos e a relação da aprendizagem or- oria neoclássica. Seu aparecimento é recente: em
ganizacional com o conhecimento exigem da es- 1954, Peter f. Drucker publicou um livro que carac-
tratégia empresarial uma forma de administração terizava pela primeira vez a APO, tornando-se, por
orientada para um desempenho superior. isso, o criador da Administração por Objetivos.
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A maior parte dos sistemas da APO envol- processo frequentemente usado é muito mais
ve mais o superior do que o subordinado. Há controle por objetivos do que administração por
casos em que o superior estabelece os objetivos, objetivos.
“vende-os”, mensura-os e avalia o progresso. Esse
Caro(a) aluno(a), finalizamos aqui o aprendizado sobre a teoria contingencial e dos sistemas, os
tipos de sistemas: entropia, equifinalidade, mecanismos de feedback, homeostase, diferenciação, hierar-
quias, fronteiras e inputs e outputs. Cobrimos também a cibernética, administração estratégica e adminis-
tração por objetivos.
2. A Administração por Objetivos (APO) tem um ciclo que envolve algumas etapas. Cite quais são
essas etapas.
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9 TEMAS EMERGENTES
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prática ou experiência anterior, que pode vir, ou behaviorista (a aprendizagem ocorre através de
não, a manifestar-se em uma mudança perceptí- estímulos e respostas que, consequentemente,
vel de comportamento. ocasionarão uma mudança no comportamento);
b) cognitiva (a aprendizagem ocorre quando o in-
Atenção divíduo busca algo novo em seus conhecimentos
antigos); c) construtivista (a aprendizagem ocorre
O autor Peter Senge (2003) afirma que o ser hu-
mano vem ao mundo motivado a aprender, ex-
através da relação entre o indivíduo e o meio em
plorar e experimentar e para o autor “as melhores que vive); d) significativa (a aprendizagem ocorre
organizações do futuro serão aquelas que desco- quando o indivíduo estabelece uma relação da
brirão como despertar o empenho e a capacida-
de de aprender das pessoas em todos os níveis
nova informação com algo relevante para seu co-
da organização”. nhecimento).
Conforme as definições de aprendizagem
destes autores, o aprendizado faz parte da natu-
O processo de aprendizagem é definido reza humana e os seres humanos (isentos de pa-
através de algumas características básicas, citadas tologia mental ou física que os bloqueie) gostam
pelo artigo de Oliveira e Vanalle (2001): de aprender algo novo, que instigue a mente e
a alma, que os desafie, desde que o processo de
processo dinâmico: a aprendizagem aprendizagem seja concebido em um ambiente
não é um processo de absorção passiva favorável.
pois é realizada através da atividade do A aprendizagem está relacionada com os
aprendiz, envolve a participação total e símbolos humanos ou o que “significa” para o ser
global do indivíduo, seus aspectos físi- humano. Portanto, por seu intermédio, nós recria-
co, emocional, intelectual e social. mos, tornamo-nos capazes de fazer aquilo que
processo contínuo: desde o início da não fazíamos antes, adquirimos uma nova visão
vida, a aprendizagem está presente no do mundo e da nossa relação com ele, ampliamos
cotidiano do ser humano. nossa capacidade de fazer parte do processo de
processo global: a aprendizagem inclui desenvolvimento humano.
todos os aspectos motores, emocionais, O autor Peter Senge (2003) afirma que as
ideativos e mentais do indivíduo. organizações só aprendem através de indivíduos
processo pessoal: ninguém aprende que aprendem e o aprendizado individual não
por outrem. A aprendizagem é intrans- garante o aprendizado organizacional, mas sem
ferível e individual. Cada indivíduo tem ele não há como ocorrer aprendizado organiza-
seu ritmo de aprendizagem. cional.
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criatividade: sob a ótica da flexibilida- Sob a perspectiva dos parágrafos acima, é pos-
de ou interesse dos indivíduos em mu- sível constatar que há uma crescente preocupação
dar comportamentos e situações e libe- com o “aprender” nas organizações, no entanto, im-
rar a flexibilidade pessoal, sem medo do plementar modelos organizacionais que facilitem a
fracasso. aprendizagem não é tarefa fácil, pois o próprio apren-
eficácia pessoal: comportamento a der é complexo, além de ser particular e individual.
partir do qual os membros da organiza- Os modelos podem ser úteis e os princípios,
ção sentem que podem e devem apren- pertinentes. Entretanto, as organizações devem
der a influenciar significativamente seu considerar a aprendizagem respeitando a indivi-
mundo. dualidade e autonomia dos sujeitos no desenvol-
empatia: aprender a usar habilidades vimento do trabalho.
de pensar do ponto de vista da outra A motivação das pessoas para o aprendizado
pessoa ou examinar novas dimensões a e resolução de problemas complexos é outro fa-
fim de estabelecer e reestabelecer rela- tor que deve ser levado em conta no processo de
cionamentos. aprendizado, pois a “vontade” da natureza humana
pode mover ou estagnar o processo de aprendiza-
gem, inclusive no ambiente organizacional.
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Richard Cantillon: agente especial liderança, tão pouco, não é de se estranhar que a
dentro do capitalismo, árbitro, participa palavra liderança reflita coisas diferentes para di-
e se retira, imprevisível. ferentes pessoas. Assim sendo, os pesquisadores
Jean Baptiste Say: capacidade de frequentemente passam a definir liderança par-
avaliação, julgamento, percepção do tindo de uma perspectiva individual, ressaltando
cenário, visão da oportunidade. Ação aquele aspecto do fenômeno que seja mais signi-
humana, combinação de objetos apa- ficativo para eles.
rentemente sem conexão entre si, for- Yuki apud Bergamini (1994) faz uma revisão
mando um novo objeto, capacidade de nos trabalhos e pesquisas realizadas sobre o tema
inovação. liderança. Entre as principais definições estão:
Kirzner: alerta a atração de oportuni-
dades de lucro. Liderança é o comportamento de um
Schumpeter: produção de algo novo indivíduo quando está dirigindo as ati-
e revolucionário que empresta do que vidades de um grupo em direção a um
já existe para criar o novo. O sucesso objetivo comum (HEMPHILL; COONS,
depende da intuição, do que depois se 1957).
provará ser o certo, completar tarefas Liderança é um tipo especial de relacio-
que a maioria não tem ideia da existên- namento de poder caracterizado pela
cia, foco na oportunidade e nada mais. percepção dos membros do grupo no
sentido de que outro membro do gru-
po tem o direito de prescrever padrões
Os motivos para o empreendedor, apesar
de comportamento na posição daque-
dos riscos, sonho e desejo de fundar seu próprio
le que dirige, no que diz respeito à sua
“reino/dinastia”, provam-se superior aos demais.
atividade na qualidade de membro do
Experimentar o sucesso, prazer de criar, exercitar
grupo (JANDA, 1960).
energias e ingenuidade não passam necessaria-
mente pelo dinheiro, mas pela experiência do Liderança é influência pessoal, exercida
domínio, da admiração. Então, o empreendedor em uma situação e dirigida através do
combina as mesmas coisas de maneira diferente, processo de comunicação, no sentido
novas combinações, introdução de um novo pro- de alcançar um objetivo específico ou
duto, novo método de produção, conquista fon- objetivos (TANNENBAUM; WESCHLER;
te de matéria-prima, abertura de novo mercado, MASSARIK, 1961).
uma empresa que busca o monopólio ou a que- Liderança é uma interação entre pesso-
bra de monopólio. as na qual uma apresenta informação
Segundo Kouzes e Posner (1996), liderança de um tipo e de tal maneira que os ou-
é relacionamento entre líder e seguidores. Um tros se tornam convencidos de que seus
quadro completo da liderança somente pode ser resultados serão melhorados, caso se
desenvolvido se perguntarmos aos seguidores o comporte da maneira sugerida ou de-
que eles buscam ou admiram em um líder. A pes- sejada (JACOBS, 1970).
quisa dos autores mostra que a maioria das pes- Liderança é o início e a manutenção da
soas quer líderes que sejam honestos, competen- estrutura em termos de expectativa e
tes, visionários e inspiradores. Em resumo, Kouzes interação (STOGDILL, 1974).
e Posner (1996) dizem querermos líderes que te- Liderança é o incremento da influência
nham credibilidade e um claro senso de direção. sobre e acima de uma submissão mecâ-
Bergamini (1994) afirma que não existe ain- nica com as diretrizes rotineiras da or-
da um consenso quanto à definição do fenômeno ganização (KATZ; KAHN, 1978).
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Kotter (1992) afirma que a liderança é um encontrada, e cada vez mais necessá-
assunto obscuro em que sobejam as opiniões. ria, em praticamente todos os níveis da
Contudo, é possível fazer algumas afirmações hierarquia das organizações. Sem ela,
básicas sobre o que ela é dentro do contexto da as empresas parecem ter dificuldade
complexa organização moderna. As conclusões para lidar com o ambiente de negócios
básicas do autor assim se resumem: complexos e de grande intensidade
competitiva.
A liderança eficaz para qualquer ativi- A aparência real desta liderança – que
dade em organizações complexas é o envolva charutos e vozes ríspidas, can-
processo de criar uma visão do futuro ções e cadillacs cor-de-rosa, quer en-
que leve em consideração legítimos volva algo bem menos importante que
interesses a longo prazo das partes en- qualquer dessas coisas - varia muito
volvidas nessa atividade. Além disso, em setores e níveis diferentes da em-
refere-se também ao desenvolver uma presa. As variações refletem um pouco
estratégia racional para se mover em o contexto específico envolvido – por
direção a essa visão, conquistar o apoio exemplo, o tipo das pessoas, o tipo e a
dos principais centros de poder cuja escala das atividades. Em certo sentido,
cooperação, anuência ou trabalho de a abordagem ou estilo associado à li-
equipe sejam necessários para produzir derança eficaz muitas vezes parece “se
esse movimento e motivar em alto grau adaptar” à situação específica em que é
esse grupo central de pessoas cujas encontrado.
ações são fundamentais para implantar
a estratégia.
Segundo Kouzes e Posner (1996), um con-
Neste sentido, liderança em geral não junto de estudos de pesquisa sobre liderança
é a mesma coisa que aquilo a que cha- vem sendo conduzido nas três últimas décadas.
mamos de “administração”, embora, Best-sellers recentes focalizam a liderança e líde-
com certeza, os dois não sejam incom- res. Entretanto, esse campo carece de consenso
patíveis – na verdade, nos dias de hoje, exatamente sobre o que é liderança, como ela se
ambos são cada vez mais necessários diferencia da gerência e se pode ser medida e de-
em cargos gerenciais. No fundo, admi- senvolvida.
nistração é processo de planejar, orçar,
organizar e controlar alguma atividade Maquiavel – Manutenção do Poder
através do emprego de técnicas (mais através da Lei e da Força.
ou menos) científicas e de autoridade Teoria dos Traços – Características indi-
formal. viduais associadas ao Líder.
Este tipo de liderança é também dife- Behaviorismo – Estilos de Liderança –
rente daquilo que muitas pessoas as- Autocrático – Democrático.
sociam a espírito empreendedor. Os
Teorias Situacionais – Contingenciais –
empreendedores bem-sucedidos são
Situacional.
com frequência (nem sempre) muito
independentes, obstinados e provincia- Teorias Transacionais – Influência no re-
nos, e, por isso, não se adaptam bem a lacionamento entre líderes e liderados.
organizações complexas, exceto como Teoria Transformacional – Interação
diretores-presidentes. entre líderes e liderados: Emancipação-
O tipo de liderança discutido pelo autor -Moralidade-Motivação.
não é do domínio exclusivo do diretor- Teoria da Atribuição – Percepção da
-presidente ou da alta administração. É mente dos seguidores.
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9.4 Benchmarking
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Benchmarking surgiu como uma necessida- indicando níveis de desempenho atingidos pre-
de de informações e desejo de aprender depres- viamente em um processo de parceiro do estudo.
sa, como corrigir um problema empresarial. Um senso de competitividade surge à medida
A competitividade mundial aumentou que uma equipe reconhece oportunidades de
acentuadamente nas últimas décadas, obrigan- melhorias, além de suas observações diretas, e
do as empresas a um contínuo aprimoramento os membros da equipe tornam-se motivados a se
de seus processos, produtos e serviços, visando empenhar por excelência, inovação e aplicação
oferecer alta qualidade com baixo custo e assu- de pensamento inovador a fim de conseguir sua
mir uma posição de liderança no mercado em própria melhoria de processo.
que atua. Na maioria das vezes, o aprimoramento É necessário que as organizações que bus-
exigido, sobretudo pelos clientes dos processos, cam o benchmarking como uma ferramenta de
produtos e serviços, ultrapassa a capacidade das melhoria, assumam uma postura de “organiza-
pessoas envolvidas, por estarem elas presas aos ção que deseja aprender com os outros” para que
seus próprios paradigmas. possam justificar o esforço investido no processo,
Na aplicação do benchmarking, como todo pois essa busca das melhores práticas é um traba-
o processo, é preciso respeitar e seguir algumas lho intensivo, consumidor de tempo e que requer
regras e procedimentos para que os objetivos se- disciplina. Portanto, benchmarking é uma escola
jam alcançados e exista uma constante melhoria em que se aprende a aprender.
do mesmo. Neste processo existe um controle Saber fazer e adaptar benchmarking no
constante desde sua implantação (plano do pro- processo da organização pode nos permitir vis-
cesso) até a sua implementação (ação do proces- lumbrar oportunidades e também ameaças com-
so). petitivas, constituindo um atalho seguro para a
A empresa interessada em implantar bench- excelência, com a utilização de todo um trabalho
marking deve analisar os seguintes fatores: ramo, intelectual acumulado por outras organizações,
objetivo, amplitude, diferenças organizacionais e evitando os erros e armadilhas do caminho.
custos, antes da definição ou aplicação do melhor Mais do que uma palavra mágica, o bench-
método, pois cada empresa individualmente tem marking é um conceito que está alterando con-
as suas necessidades que devem ser avaliadas an- sideravelmente o enfoque da administração, em
tecipadamente à aplicação do processo. que o mesmo é composto de atributos que deter-
Outra vantagem do benchmarking é a mu- minarão o sucesso ou ainda a sobrevivência das
dança da maneira de uma organização pensar so- empresas.
bre a necessidade para melhoria. Benchmarking
fornece um senso de urgência para melhoria,
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9.5 Empowerment
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10 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado(a) aluno(a), o intuito desta apostila foi apresentar os conceitos básicos da Administração,
definindo o significado dessa ciência e de seus processos. Analisamos também o papel do administrador
e suas principais atribuições no âmbito da organização.
Verificamos como o advento da Sociedade Industrial influiu na evolução da Teoria Administrativa
e ainda apresentamos os principais autores da Escola Clássica da Administração, destacando como suas
teorias, elaboradas no auge das mudanças ensejadas pela industrialização, conferem às tarefas o status
de questão central para a administração.
Estudamos as teorias e abordagens que não estão incluídas na Escola Clássica da Administração.
Iniciamos essa abordagem com a Escola das Relações Humanas, cujos autores se distinguem de Taylor,
Fayol, Ford e Weber por sua ênfase nas pessoas, e não na tarefa ou na estrutura. Finalmente, vimos o sur-
gimento de novas ideias no campo da Administração, consequência das mudanças ocorridas na década
de 50, após a Segunda Guerra Mundial.
Espero que tenham tido um bom proveito. Até a próxima!
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CAPÍTULO 1
1. Prezado(a) aluno(a), foi solicitado que definisse alguns termos importantes em Administração.
Vamos a eles:
Teoria é uma representação abstrata do que se percebe da realidade. São explicações, in-
terpretações ou proposições sobre a realidade.
Administração é o processo de tomar e colocar em prática decisões sobre objetivos e utili-
zação de recursos.
Recursos: pessoas, informação, espaço, tempo, dinheiro, instalações.
Decisões: planejamento, organização, execução e direção, controle (também conhecidos
como Princípios da Administração).
Objetivos: resultados esperados.
Funções Administrativas: planejamento, organização, execução e controle.
Teorias da Administração são conhecimentos organizados, produzidos pela experiência
prática das organizações.
Escolas: é uma linha de pensamento ou conjunto de autores que usaram o mesmo enfoque
para analisar e tratar a administração.
Modelos de Gestão: conjunto de doutrinas e técnicas, como, por exemplo, modelo japonês
de administração.
Modelos de Organização: produto da adoção de determinado modelo de gestão, por
exemplo, mecanicista, comportamental etc.
2. As abordagens das Teorias da Administração podem ser classificadas quanto a sua ênfase:
nas tarefas;
na estrutura organizacional;
nas pessoas;
no ambiente;
na tecnologia.
CAPÍTULO 2
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b) Organização;
c) Direção;
d) Controle.
2. Uma das definições mais comumente utilizada para “organização” foi feita por Chiavenato
(1997, p. 16):
Uma função administrativa através da qual a empresa reúne e integra os seus recursos, define a estru-
tura de órgãos que deverão administrá-los, estabelece a divisão de trabalho através da diferenciação,
proporciona os meios de autoridade e de responsabilidade e, assim por diante. A organização repre-
senta, no fundo, todos aqueles meios que a empresa utiliza para pôr em prática o planejamento, o
controle e a avaliação para atingir os seus objetivos.
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
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CAPÍTULO 6
1. Um dos problemas mais básicos da administração moderna é que a forma mecânica de pensar
está tão arraigada nas nossas concepções diárias de organização que é frequentemente muito
difícil organizá-la de outra forma. Nesta questão você pode explorar fatores como excessiva
burocratização leva a uma situação de engessamento dos processos, das decisões.
2. Dentre várias podemos citar como principais críticas: com o mecanismo, não houve preocupa-
ção com o elemento humano; com a super especialização do operário, e o fracionamento das
tarefas, a execução tornou-se totalmente padronizada e com a visão microscópica do homem,
considerava-se o empregado individualmente, esquecendo que ele é um ser social.
CAPÍTULO 7
1. Alguns princípios foram fundamentais para originar a Teoria das Relações Humanos, como, por
exemplo: a necessidade de humanizar e democratizar a administração, libertando-a dos con-
ceitos rígidos e mecanicistas da Teoria Clássica e adequando-a aos novos padrões de vida do
povo americano; desenvolvimento das chamadas ciências humanas, principalmente a psicolo-
gia e a sociologia; as ideias da filosofia pragmática de John Dewey e da Psicologia Dinâmica de
Kurt Lewin foram capitais para o humanismo na administração; as conclusões da Experiência
em Hawthorne, desenvolvida entre 1927 e 1932, sob a coordenação de Elton Mayo.
2. Caro(a) aluno(a), nesta questão você pode citar a Negação do conflito empresa-funcionário;
a restrição de variáveis e da amostra (pesquisa feita em fábricas); a concepção utópica (visão
idealizada de um funcionário feliz e integrado ao ambiente de trabalho); ênfase excessiva nos
grupos informais; ausência de novos critérios de gestão; não apresentou uma visão socioeco-
nômica realista das relações empresa-funcionário.
CAPÍTULO 8
1. A Teoria Geral dos Sistemas tem por finalidade identificar as propriedades, princípios e leis ca-
racterísticos dos sistemas em geral, independentemente do tipo de cada um, da natureza de
seus elementos componentes e das relações entre eles. De acordo com o autor, existem certos
modelos ou sistemas que, independentemente de sua especificidade, são aplicáveis a qual-
quer área de conhecimento. Tais modelos impulsionariam uma tendência em direção a teorias
generalizadas.
2. A APO envolve as seguintes etapas: fixação dos objetivos globais da empresa; elaboração do
planejamento estratégico; fixação dos objetivos departamentais para o ano; elaboração do
plano tático do departamento; desdobramento do plano tático em planos operacionais; avalia-
ção dos resultados alcançados em comparação com os objetivos departamentais; revisão nos
planos ou nos objetivos departamentais; avaliação dos recursos alcançados em comparação
com os objetivos departamentais.
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CAPÍTULO 9
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