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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2018.0000013587

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos de Declaração nº


0002634-50.2014.8.26.0075/50000, da Comarca de Bertioga, em que é embargante
ALEXANDRE FERNANDES RODRIGUES, é embargado SERRAMAR
EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA (NÃO CITADO).

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 13ª Câmara de Direito Privado


do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Rejeitaram os embargos.
V. U., de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores HERALDO DE


OLIVEIRA (Presidente) e ANA DE LOURDES COUTINHO SILVA DA FONSECA.

São Paulo, 19 de janeiro de 2018 .

Cauduro Padin
RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

VOTO Nº: 28.072


Embargos de Declaração Nº: 0002634-50.2014.8.26.0075/50000
COMARCA: Bertioga
Embargante: Alexandre Fernandes Rodrigues
Embargado: Serramar Empreendimentos Imobiliarios Ltda

Embargos de declaração. Ausência de omissão, obscuridade


ou contradição no acórdão. Inocorrente as hipóteses do
artigo 1.022 do Código de Processo Civil/2015. Nítido caráter
infringente. Embargos de declaração rejeitados.

Vistos.

Trata-se de embargos de declaração opostos contra


acórdão de fls. 540/555, que deu parcial provimento ao recurso de
apelação interposto pelo autor, ora embargante, apenas para
reformar a decisão no que se refere à revogação da gratuidade, em
ação de manutenção de posse.

Recorrem o autor.

Sustenta que houve omissão já que deveria ter


havido enfretamento no que diz respeito à perícia; que o apelante
não admite que sua posse pertence a área pretendida pela apelada,
mas tão somente, esclareceu que sua posse se encontra abrangida
pela ação de embargos de terceiro; que não deveria ter mantido a
decisão de primeira instância no que se refere à aplicação da pena

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por litigância de má-fé, já que a má-fé não restou comprovada.


Sustenta, ainda, que existe nos autos uma perícia para distinguir a
real localização das áreas, que não foi apreciada; que tem posse de
boa-fé. Pretende o efeito modificativo da decisão.

Tempestivo, o recurso foi regularmente


processado.

Em decorrência de acordo havido entre as partes


noticiado em outro processo, este Relator determinou a intimação
das partes para informarem acerca do acordo. Manifestação do
embargante às fls. 622/625 e da embargada às fls. 631/639.

É o relatório.

O acórdão apreciou e esgotou as questões


suscitadas, com a fundamentação pertinente.

Não há omissão, contradição, obscuridade alguma


no acórdão embargado, inocorrente as hipóteses previstas no art.
1.022 do Código de Processo Civil/2015, revelando-se o recurso
mero inconformismo do embargante.

Confira-se:

”( ...) O autor pleiteia perícia técnica com fins de restar


comprovado que os lotes pretendidos pela Serramar nos autos de
embargos de terceiro, identificados como lotes RW12, 13, 14, 15,
não se trata do mesmo bem que usufruiu a posse a fim de dirimir
qualquer dúvida a respeito de estar ou não o imóvel do autor

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abrangido por aquela decisão.

Não há cerceamento de defesa.

O autor já propôs embargos de terceiro contra a


Serramar (autos nº 0000774-14.2014.8.26.0075) cuja inicial foi
indeferida, ausente recurso (trânsito em julgado em
setembro/2014). Após a sentença, veio o autor e propôs a
presente ação querendo rediscutir a mesma matéria, ou seja,
defender a sua posse novamente, o que não se pode permitir já
que tal atitude beira à má-fé. Se entendia que tinha direito ao
prosseguimento do feito, com dilação probatória, deveria ter
feito uso do recurso cabível, ao invés disso, ficou inerte.

No mais, reconhece que a posse do autor é aquela


advinda dos direitos possessórios de Antônio Ferreira Neto, que
é a área, cuja posse já foi reconhecida como da Serramar, nos
autos de embargos de terceiro que esta última propôs contra o
espólio de Antônio. Fala que a Serramar pretendia a posse
naqueles embargos de terceiro, celebrando termo de intenção
com a Municipalidade, sobre área onde se situa fração do autor.
Confira-se (fls. 02 da petição inicial da presente ação):

“Assevera-se, ainda que, inobstante isso, a Requerida,


obvia, e ardilosamente celebrou 'acordo' com a Municipalidade,
para regularização fundiária de área maior, onde se situa a
fração de posse do Autor e onde residem, aproximadamente, 900
(novecentas) famílias, no bairro denominado 'Jardim Ana
Paula', há mais de décadas, sendo certo que, após obter do Sr.
Prefeito, a feitura do 'Termo de Intenção', conforme anexo,
firmado anteriormente a finalização e conclusão do supra citado

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laudo pericial.

Após tais fatos, em parceria com seus prepostos e aliada


ao Poder Público, induziu o ilustre Membro do Ministério
Público ao erro de admitir a existência de remanescente de área
de terra de sua propriedade, dentro da faixa de terras ocupada
pelo bairro Jdm. Ana Paula, de onde se destaca a fração ocupada
pelo Autor, e, de posse do parecer do 'Parquet' passou a
imprimir verdadeira tortura nos moradores do referido núcleo
habitacional, em inconteste TURBAÇÃO, com vistas de
locupletamento ilícito.”

Desta forma, não há razão em requerer a perícia, já que


reconhece na inicial que sua área está abrangida por aquela
decisão.

MÉRITO DA AÇÃO POSSESSÓRIA

Já houve sentença que indeferiu a petição inicial e


julgou extinta a presente ação, reconhecida a litispendência e
coisa julgada, decisão que foi reformada em 2º grau pela 38ª
Câmara de Direito Privado (rel. César Peixoto, j. 23.09.2015),
nos seguintes termos:

“(...) tampouco se cogitou de falta de condições da ação


ou de pressupostos ao desenvolvimento válido e regular do
processo, uma vez que a petição inicial foi apta, contendo pedido
e causa de pedir inteligíveis, acompanhada de documentos que
corroboram, a princípio, a problemática narrada, tornando-se
aparente a necessidade de processamento da ação possessória
para a efetiva demonstração da área ocupada pelo
autor/apelante, sobretudo se localizada em extensão não

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pertencente ao réu/apelado, ou em área remanescente do


loteamento denominado Jardim Ana Paula ou Jardim das
Canções, conforme determinação do art. 282 do Código de
Processo Civil.

Por fim, não se cogitou de desrespeito à litispendência


ou coisa julgada, a uma pela ausência de identidade de partes,
causa de pedir e pedido, eventualmente existentes entre a
presente ação e os embargos de terceiro nº
0000555-60.1998.8.26.0075, julgados pela egrégia 13ª Câmara
de Direito Privado, de relatoria do eminente Des. Cauduro
Padin (Apelação n. 9154303-19.2000.8.26.0000), que manteve a
reintegração de posse ao apelado Serramar Empreendimentos
Imobiliários Ltda. contra Aparecida Silvano Ferreira, porque o
autor/apelante sequer compôs aquela demanda, a duas porque o
fenômeno da coisa julgada deve obedecer aos limites objetivos e
subjetivos da lide, não sendo possível prejudicar terceiros
estranhos à relação jurídica processual.

Daí a desconstituição do julgado, para o regular


seguimento do feito na origem, com o recebimento da petição
inicial, em observância aos princípios de acesso à justiça, do
contraditório e da ampla defesa, com a avaliação de todas as
teses, supostamente não enfrentadas” (fls. 178/180).

A fim de melhor compreensão da controvérsia,


necessário a exposição do histórico de ações que envolvem a ré.

O autor alega ser possuidor de uma área situada no


Município de Bertioga. O autor descreve a área como lote de
terreno com 538m2, sem vegetação, aterrado e praticamente

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nivelado, com sobrados residenciais de 216 m2, construídos pelo


possuidor há 09 anos, onde habitam 3 pessoas, sendo que
edificou mais duas casas para locação. Alega que, em
decorrência de litígio havido entre a Serramar, ora apelada, e
Espólio de Antonio Ferreira Neto, ação de Embargos de
Terceiro 2, em fase de cumprimento de sentença, houve prática de
turbação à sua posse. Diz que a apelada celebrou “acordo com a
Municipalidade para regularização de área fundiária, onde se
situa a fração da posse do autor e onde residem,
aproximadamente, 900 famílias, no bairro denominado 'Jardim
Ana Paula', há mais de décadas, sendo certo que, após obter do
Sr. Prefeito, a feitura do 'Termo de Intenção', conforme anexo,
firmado anteriormente a finalização e conclusão do supra citado
laudo pericial. Após tais fatos, em parceria com seus prepostos e
aliada ao Poder Público, induziu o Ilustre Membro do
Ministério Público ao erro de admitir a existência de
remanescente de área de terra de sua propriedade, dentro da
faixa de terras ocupada pelo bairro Jdm. Ana Paula, de onde se
destaca a fração ocupada pelo Autor, e, de posse do parecer do
'Parquet', passou a imprimir verdadeira tortura nos moradores
do referido núcleo habitacional, em inconteste turbação, com
vistas de locupletamento ilícito” (fls. 02). Afirma que
“inobstante os meios de comunicação a disposição da requerida,
para os fins nefastos, grande parcela de moradores se viram
obrigados a firmar acordos, assim como, obrigados a adquirir da
Requerida as frações de suas próprias posses, por meio de venda
e compra, conforme anexos documentos, em evidente e

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Autos nº 0000555.60.1998.8.26.0075.

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inconteste crime de estelionato, já que a mesma não possui


terras naquela faixa, e, sequer, seu título dominial, abrange a
propriedade do bairro Jdm. Ana Paula. Frisa-se, a pratica ilícita
da requerida se apoia, tão somente, no fato de se ver coberta pelo
manto da coisa julgada, naqueles autos de embargos de terceiro,
processo número de ordem 139/98, da 1º vara Judicial desse Foro
e que, porém, como dito anteriormente, não envolve a faixa de
terras onde se encontra a posse do Autor, e , sequer, o Autor não
é parte no citado processo”. Defende que, a coisa julgada só se
operou naquela ação, sendo cabível na presente lide a apreciação
de laudo pericial produzido em outro processo, que envolve a
área litigiosa, que lhe é favorável. Informa que a 13ª Câmara de
Direito Privado, ao julgar o AI nº 2073385-59.2014.8.26.000 3,
disse que: “A rediscussão pretendida à luz da nova perícia
também dependeria de instrução probatória, inclusive com uma
possível terceira perícia; inadmissível nesta via estreita”. Narra
que sente que seu patrimônio está ameaçado, exercendo posse
longeva, mansa e pacífica, assim como seus antecessores,
operando-se a prescrição aquisitiva.

Dos documentos que acompanham a inicial, verifica-se


que houve transferência da posse através de instrumento
particular de doação (fls. 16/18) de Gervásio Antonio Rodrigues
para o autor. Em tal instrumento consta que Gervásio é
possuidor de uma ”chácara urbana localizada na Praia da
Enseada, Jardim Ana Paula, contígua ao Jardim das Canções,

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Só para esclarecer: Exceção de pre-executividade proposta por Aparecida Silvano Ferreira oposta nos
autos de Embargos de Terceiro opostos pela Serramar contra Espólio de Antonio Ferreira Neto (autos nº
0000555.60.1998.8.26.0075) e, sua esposa, Aparecida Silvano Ferreira. Tais Embargos de Terceiro foram
opostos no curso de ação de reintegração de posse proposta por Antonio Ferreira Neto e, sua esposa,
Aparecida Silvano Ferreira contra Dulcinéia Zapielo.

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município de Bertioga, comarca de Santos, medindo, mais ou


menos, 27,00 ms. (vinte e sete metros) de frente para Rua “A”;
36,00ms (trinta e seis metros), mais ou menos, da frente aos
fundos, divisando com propriedade de espólio de Antonio
Ferreira Neto, ou quem de direito, do lado direito de quem da
rua “A” olha para dita área de terras; 36,00 (trinta e seis
metros) mais ou menos, pelo lado esquerdo, divisando com
propriedade do dito espólio e 27,00 ms. (vinte e sete metros)
mais ou menos, nos fundos , divisando e fazendo frente para a
Rua projetada “B”, do Jardim Ana Paula, encerrando
aproximadamente, uma área total de 972,00 (novecentos e
setenta e dois metros quadrados)”, posse oriunda de aquisição de
Marina Angelo, através de instrumento de transferência de
direitos possessórios datado de 17.5.1998, e que é objeto da
doação uma fração de área menor da qual é possuidor, sendo de
um quarto da área maior, consistente em 243 metros quadrados,
com frente da Rua “A” do Jardim Ana Paula, divisando nos
fundos com a rua projetada “B” do Município Bertioga,
instrumento celebrado em 27.05.1998. Esta é a descrição do
terreno que consta nos autos, objeto de discussão na presente
lide.

Há que se observar, que o autor propôs embargos de


terceiro, já mencionada, indeferida a petição inicial e julgada
extinta a ação sem resolução do mérito em 08.04.2014, com
trânsito em julgado em setembro/2014. A presente ação foi
distribuída em agosto de 2014.

A controvérsia reside no fato de se saber se o lote de


terreno em discussão está abrangido na decisão dos embargos de

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terceiro (autos nº 0000555-60.1998.8.26.0075), que julgou


procedente a ação para reintegrar a embargante na posse da área
remanescente contígua ao Jardim das Canções, decisão que foi
mantida por este Tribunal, transitada em julgado em 2007 e se o
autor está submetido àquela decisão, já que não é parte naquele
processo.

Importante salientar que não será objeto de análise


aquela decisão que transitou em julgado, com análise de outro
laudo pericial, discutindo-se a posse da Serramar, se é legítima
ou não em relação aos lotes do Jardim Ana Paula. Tal
rediscussão pretendida é inviável aqui na reintegração, visando
desconstituir decisão transitada em julgado. A coisa julgada
impede justamente a rediscussão infinita da mesma questão. A
revisão, excepcional, só pode ocorrer nas hipóteses e pelo meio
previsto no ordenamento jurídico.
E nem se cogite da relativização da coisa julgada, assim
entendida pela doutrina: “Atualmente, começa-se a admitir,
tanto na doutrina como na jurisprudência, a possibilidade de,
em circunstâncias excepcionais, mitigar-se a autoridade da coisa
julgada material, quando ela contrariar valores que a
ultrapassem em importância. Sua finalidade é dar segurança e
estabilidade às relações jurídicas na busca da pacificação social.
Mas ela não pode ser tal que imunize julgados violadores de
garantias ou direitos constitucionais, ou que transgridam
valores éticos ou jurídicos cuja ofensa fere gravemente o
ordenamento jurídico. A relativização deve ser aplicada em
situações excepcionais. Do contrário, colocar-se-iam em risco a
estabilidade e a segurança das decisões judiciais. Somente

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naquelas teratológicas, cujo cumprimento redundaria em grave


ofensa a valores éticos e garantias constitucionais, ela deve ser
utilizada. [...]” (Marcus Vinicius Rios Gonçalves, Novo Curso
de Direito Processual Civil, São Paulo: Ed. Saraiva, p. 51/52).
E, como já dito, nos autos da execução de
preexecutivadade oposta por Aparecida Silvano Ferreira (AI nº
2073385-59.2014.8.26.0000): “não há teratologia na decisão”.

O imóvel do autor, Rua “A”, nº 47, identificado pela


requerida, como ele própria afirma, como lotes RW 12, 13, 14,
15 da rua “A”, Jardim Ana Paula, são objeto de mandado de
reintegração de posse expedido nos autos dos embargos de
terceiro opostos pela Serramar e que, por cautela, ficou
suspenso, indeferida a reintegração dos lotes RW 13, RW 14,
RW 15, em decorrência da presente ação.

Verifica-se dos autos que a suposta posse do autor é


derivada de instrumento de doação da posse de seu genitor,
Gervásio Antônio Rodrigues, que, por sua vez, é derivada da
posse de Marina Angelo, que segundo o laudo juntado pelo
autor, é derivada de Aparecida Silvano Ferreira e parte de
Marina Ângelo, que, por sua vez, adquiriu a posse da mesma
cedente Aparecida, ou seja, a posse é derivada de Aparecida, que
é ré, junto com seu marido, Antônio Ferreira Neto, na ação de
embargos de terceiro proposta pela Serramar, cuja decisão, como
já dito, já transitou em julgado.

A ação de embargos de terceiro proposta pela Serramar


foi distribuída em 05.03.1998 e os direitos possessórios do
genitor do autor e deste último foram adquiridos em maio de

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1998, quando já havia litígio sobre a área.

O autor é tão somente parte na modalidade sucessória.


Com efeito, a sentença proferida nos embargos de terceiro
opostos pela Serramar estendeu seus efeitos jurídicos aos
adquirentes, nos termos do art. 109, § 3º do Código de Processo
Civil/2015.

Havendo cessão de direitos possessórios no decorrer da


demanda aplica-se o art. 109, § 3º do CPC/2015, posto que,
desta forma, os efeitos daquela sentença se estenderiam ao autor,
não sendo caso, sequer, da oposição de embargos de terceiro,
como já havia feito o autor.

Também há que se salientar que o pedido do autor está


fundamentado na alegação de turbação devido às consequências
da ação proposta pela Serramar, a que se submete, como já dito,
por decisão transitada em julgado. Não há como se interpretar
tal situação como turbação, já que aquela decisão não se discute
mais, não havendo que se falar em embaraço da posse, mas em
cumprimento de decisão judicial.

LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ E ATENTADO À


DIGNIDADE DA JUSTIÇA

Como já dito, o autor propôs embargos de terceiro


contra a Serramar. Na sentença, o juízo de 1º grau deixou
consignada advertência que, em caso de ajuizarem outras
demandas para rediscutirem os mesmos fatos seria aplicada a
pena por litigância de má-fé. Assim, tem-se presente a hipótese
do art. 80, VI do CPC/2015. Não é caso de aumentar a
penalidade fixada, já que suficiente a desestimular a conduta do

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autor.

Quanto à aplicação de multa por atentado à dignidade


da justiça, esta não cabe, inexistente requisito legal para a
aplicação da multa prevista no art. 77, § 1º, já que não houve
advertência específica anterior neste aspecto.

No mais, a questão da prescrição do direto da Serramar


em relação ao direto de posse pleiteado nos embargos de terceiro
não pode ser aqui discutida, visto o reconhecimento dos direitos
possessórios da Serramar nos autos naqueles embargos, por
decisão transitado em julgado.

Ante o exposto, o meu voto dá provimento parcial ao


recurso apenas para reformar a decisão no que se refere à
revogação da gratuidade, reconhecida a concessão do benefício ao
autor, mantida, no mais, a sentença.”

Não há contradição ou omissão no julgado.

No caso, o v. aresto trouxe as razões que justificam


o entendimento adotado, valorando os elementos dos autos, de
acordo com o entendimento do julgador.

Ora, tendo a Turma Julgadora apresentado os


fundamentos necessários ao embasamento da decisão, não há que se
falar em ofensa ao art. 1.022 do Código de Processo Civil.

Assim, por haver fundamentação suficiente ao


enfrentamento da questão trazida a julgamento, vê-se que o
presente recurso não preenche os objetivos que a lei lhe reservou,
pois não tenciona suprir quaisquer dos vícios acima referidos,

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buscando o recorrente, em verdade, o rejulgamento da matéria, para


que lhe sejam dadas as consequências jurídicas que entende
corretas, o que não se admite em sede de embargos.

Nítido o caráter infringente. Os embargos de


declaração, em regra, não têm caráter substituto, modificador ou
infringente do julgado.

Verifica-se que não incide a solução em nenhum


dos vícios do artigo 1.022 do CPC/2015, como já mencionado,
devendo os embargos ser rejeitados.

Aliás, foi noticiado acordo nos autos nº


0000555-60.1998.8.26.0075, o que poderia tornar, inclusive,
prejudicado o presente recurso, devendo ser aquele analisado e
homologado em primeira instância a fim de produzir as
consequências jurídicas pretendidas.

Ante o exposto, o meu voto rejeita os embargos de


declaração.

CAUDURO PADIN

Relator

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