Resumo
Este presente trabalho tem por finalidade apresentar os fundamentos teóricos utilizados para
explicar e aplicar os ensaios não destrutivos, utilizados para determinar as propriedades
mecânicas de uma forma prática e direta. Este fato é comprovado pelo simples motivo que, na
indústria em particular na aeronáutica, é muito comum à necessidade de se inspecionar
máquinas e peças no dia a dia de suas vidas úteis, sem que haja a perda e a possível
inutilização da mesma posteriormente, logo o preceito de utilizar uma parte ou até mesmo o
objeto inteiro como corpo de prova, para serem determinadas suas propriedades mecânicas,
está completamente fora de cojitação. Em consequência a esta realidade, diversos ensaios
foram criados, entre eles temos, Emissão de Raios X e Raios γ, Ultrassom, Ensaios por
liquídos penetrantes e dentre outros.
Palavras-chave: Ensaios Nao Destrutivos. Vida Útil. Raios X. Raios γ. Ultrassom. Líquidos
Penetrantes.
Introdução
E de fato saber que existem atualmente uma gama de ensaios, que podem ser utilizados para a
determinação das propriedades mecânicas dos materias, como por exemplo, os ensaios de
tração, flexão, torção, cisalhamento, compressão, e entre outros. Todos estes ensaios citados
são de natureza destrutiva, ou seja, para que se possa realizar um destes ensaios, tem-se a
necessidade de se utilizar a peça como um todo ou parte dela, para a criação do corpo de
prova que será ensaiado. Em consequencia disto, todos eles causaram uma destruição parcial
ou total da peça, pois a origem de trincas de fadiga ou imperfeições internas em produtos
acabados poderá comprometer o sucesso do componente em operação, que por sua vez,
deixará o sistema como um todo da qual a peça foi retirada inutilizável. Este é um preço baixo
a se pagar, se tomarmos por nota que, muitas vezes estas peças são produzidas em larga escala
e que uma unica peça será utilizada para determinar as propriedades mecânicas desta e de
todas as outras, ou seja, da mesma maneira como a peça a ser ensaiada foi produzida, todas as
outras foram ou seram, logo e inrrelevânte as consequências destes ensaios.
Entretanto, nem sempre aquele corpo de prova a ser diagnosticado, poderá ser substituido ou
até mesmo retornado ao local de origem após a sua destruição. Este fato corriqueiro é visto na
indústria aeronáutica, pois a necessidade de inspecionar máquinas e peças durante o periodo
de vida útil das mesmas é constante. Nestes casos outros ensaios podem ser aproveitados para
a determinação das propriedades, que são os ensaios não destrutivos. Estes ensaios permitem
analisar a peça obtendo-se informações tanto quantitativas como qualitativas sobre a
integridade de um componente mecânico, permitindo assim ao profissional encarregado
garantir sua troca ou reparo antes qua a mesma venha a falhar e desutrurar um sistema como
um todo. Os ensaios não destrutivos também podem ser utilizados, dependendo do tipo de
ensaio, com um baixo custo de operação, praticidade e rapidez de ensaio.
Sabendo que a ruptura de peças metálicas é dividida em quatro espécies principais, os estudos
apontam que 90% das fraturas que ocorrem nas peças, são devido à fádiga que o mesmo sofre,
pelo fato que a resistência dos metais a fádiga é extremamente baixa, isto é devido pelas
descontinuidades nos metais. Por este e vários outros motivos os ensaios não destrutivos são
aplicados, algumas das vantagens são:
Os ensaios são realizados diretamente nos elementos a serem utilizados
posteriormente; conseqüentemente, eles anulam a dúvida quanto ao elemento.
Os ensaios podem ser realizados em todos os elementos constituintes de uma estrutura,
se economicamente justificável.
Várias regiões críticas de uma mesma peça podem ser examinadas simultâneamente
ou sucessivamente.
Os ensaios auxiliam a manutenção preventiva, permitindo repetições de ensaio em
uma ou em várias unidades, durante um periodo de tempo.
Materiais e peças de altos custos de produção não são perdidos pelos ensaios.
Em geral, eles requerem pouca ou nenhuma preparação de amostras, podem ser
portáteis e comumente mais baratos e mais rápidos que os ensaios destrutivos.
Porém, estes ensaios também apresentam algumas desvantagens:
Por envolverem medições indiretas de suas propriedades, o comportamento em serviço
da peça ensaiada é resultado de um significado indireto.
São, em geral, qualitativos e poucas vezes quantitativos.
Na interpretação das indicações dos ensaios, são necessárias experiências prévias.
Somente para alguns tipos de defeitos são aplicados os ensaios não destrutivos, são eles:
Defeitos inerentes.
Defeitos do processo.
Defeitos de serviço.
Partindo então destes princípios, será abordado logo em seguida mais a fundo sobre alguns
desses ensaios.
Raios X e Raios γ
Raios X
O método de raios x é empregado para a detecção da presença de descontinuidade na massa
do material, como inclusões, bolhas, mudança na densidade, microtrincas etc. Este ensaio é
realizado com três propósitos, investigação, inspeção de rotina e controle de qualidade, tanto
no produto final como também nas etápas de produção da peça. O processo emprega energia
proveniente dos raios X, descoberta por Roentgen em 1895 (figura 1). Os comprimentos de
ondados raios X, em comparação com a luz visível, são pequenos – variam de 0,01 Ã a 1,0 Ã.
Este ensaio consiste em um feixe de eletrons altamente acelerados por meio do choque entre
duas placas de alta tensão (cátodo e ânodo). O cátodo consiste em uma bobina de tugstênio, e
o ânodo, em um disco de tugstênio ou molibdênio (placa).
Raios γ
O método por emissão de Raios γ consiste de radiações eletromagnéticas, idênticas aos raios
X, com comprimento de onda menor que os raios X (0,01 – 0,005 Ã) e que prevêm de reações
no núcleo de isótopos radioativos. Devido ao diversos tipos de reações internas ao núcleo, os
átomos radioativos podem emitir três tipos de radiação: particulas alfa, beta e gama. A
desintegração dos átomos de um corpo radioativo efetua-se de tal forma que o numero de
átomos que se desintegram em um determinado intervalo de tempo é proporcional à totalidade
dos átomos do corpo radioativo.
Ultrassom
Para a indústria aero espacial, automobilística, petroquímica, química e outras, utiliza-se um
ensaio com bastante frequência, que o de Ultrassom. Este ensaio é aplicado por dois métodos
diferente que se completam: Metodo de transparência e Metodo de Reflexão (figura 3), onde
que o primeiro utiliza-se vibrações constantes ultrassônicas para materiais metálicos
pequenos, onde o mesmo é aplicado pelo seu eixo transversal para a determinação do tamanho
do defeito. O outro utiliza-se pulsos ultrassônicos, para materiais metálicos grandes e
pequenos, sendo aplicado ao eixo longitudinal das peças, e pode determinar a profundidade do
defeito e sua area. Os sinais recebidos são mostrados em um instrumento eletrônico,
comummente chamado de osciloscópio, onde o eixo horizontal do mostrador representa o
tempo de propagação do sinal acústico e o eixo vertical representa a amplitude do sinal.
Conhecendo a velocidade de propagação das ondas sonoras no material analisado isento de
defeitos, pode se determinar com precisão o tempo ed viagem das ondas, e assim, verificar se
um sinal demorou para retornar ou se chegou mais rápido, o que indica que a onda encontrou
um defeito que alterou sua propagação normal (figura 4).
Figura 2 – Separação dos raios Alfa Beta e gama, mediante campo elétrico.
Fonte: Adaptado de Garcia; Alvares; Alexandre, (Ensaios dos Materiais, 2000).
Figura 3 – Ilustração dos métodos de ensaio por ultrassom (A) transparência e (B) reflexão.
Fonte: Adaptado de Garcia; Alvares; Alexandre, (Ensaios dos Materiais, 2000).
Figura 5 – Esboço do campo magnético desviado por uma trinca e sua visualização.
Fonte: Adaptado de Garcia; Alvares; Alexandre, (Ensaios dos Materiais, 2000).
Segundo Garcia et. al. (2000, p. 189) “os ensaios não destrutivos são ensaios que, quando
realizados sobre peças semi-acabadas ou acabadas, não prejudicam ou interferem com o
futuro das mesmas (no todo ou em parte). Em outras palavras, são ensaios que não deixam
vestígios de sua utilização na peça ensaiada”.
Com relação aos três grupos de defeitos citados: Trincas e fissuras
(superficiais subsuperficiais e internas); defeitos típicos de fundição,
laminação, usinagem e de recobrimento; faltas de continuidade, inclusões e
segregações; falta de penetrações de soldas; defeitos originados por fadiga;
defeitos ocasionados por corrosão. Também podem ocorrer por variações
quanto ao tamanho do grão, ao tratamento térmico e à composição química
do material ou da peça. (GARCIA; ALVARES; ALEXANDRE, 2000, p.
191).
Garcia et. al. (2000, p. 195) ainda nós diz que “devido ao baixo comprimento de onda (λ)
emitido pelos raios X, estes são altamente penetrantes no material, e tem a capacidade de
sensibilizar um filme fotográfico de emulsão na saída do material”.
Para o metodo de Ultrassom Garcia et. al. (2000, p. 200) nos afirma que,
tanto num método como no outro ( Transparência, Refelxão), quanto maior a
frequência de vibração menor é o tamanho do defeito possível de ser
detectado (o menor tamanhho detectável é aproximadamente um terço do
comprimento de onda). Por outro lado quanto maior a frequência , maior é a
absorção por sinal, principalmente para materiais mais elásticos, como por
exemplo, a borracha. Para aços as frequências atingem até 10 MHz,
enquanto para a borracha é indicada a frequência de 100KHz. No primeiro
caso, é possivel detectar falhas de até 1 µm, e, no segundo, só falhas maiores
de 5 mm.
“A intensidade e a distribuição do campo magnético são afetadas pela quantidade e pelo tipo
de corrente utilizados para magnetização, podendo se citar a alternada e contínua.” (GARCIA;
ALVARES; ALEXANDRE, 2000, p. 207).
“Quanto às partículas, estas podem ser aplicadas na forma de pós ou suspensas em líquido, geralmente
querosene ou similar. Os pós secos, são partículas metálicas ou magnéticas, selecionadas por tamanho,
forma e propriedades magnéticas, e, geralmente, são de coloração cinza, vermelha ou preta.”
(GARCIA; ALVARES; ALEXANDRE, 2000, p. 207).
Referências
GARCIA, Amauri; SPIN, Jaime Alvares; DOS SANTOS, Carlos Alexandre. Ensaios dos
Materiais. 1ª Edição. São Paulo: LTC – Grupo GEN, 2000.
Bibliografia Consultada
Associação Brasileira de Ensaios não destrutivos. Ensaios não destrutivos. Disponível em:
<www.abendi.org.br/abendi/defalt. Aspx?Mn=7098&c>. Acesso em: 11 dez. 2014.