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Os Lusíadas terminam de forma muito diferente da Mensagem e

simultaneamente de forma similar. Explicamos. Camões e Pessoa exortam.


Camões exorta um rei vivo às conquistas ainda possíveis, embora se adivinha
já o fim do Império. Pessoa já não tem Império em que ter esperança e a sua
exortação é necessariamente interior, espiritual. O que é parecido em ambos é
a esperança positiva na mudança – não há um fatalismo triste, como se
costuma julgar. Ambos esperam a mudança para melhor, acreditam num futuro
melhor. A “apagada e vil tristeza” de Camões, o “fulgor baço da terra” de
Pessoa, são maneiras semelhantes de caracterizar o presente do país – agora
como então. Ambos estão desapontados com a realidade e querem a mudança
– um pela guerra, o outro pela irmandade. Aí reside talvez a principal diferença
entre ambos.

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Fernando Pessoa e Luís Vaz de Camões, são dois poetas que usaram a
poesia para mostrarem os valores de um mesmo feito, a glória de Portugal, não
hesitando na crítica e nos elogios. Este ensaio colocará em tensão o poema
Nevoeiro de Fernando Pessoa e o Canto X estrofe 145 de Luiz Vaz de
Camões, contextualizando ambos no seu período histórico.

Nossa análise começa por Luíz Vaz de Camões.

Luís Vaz de Camões foi o único poeta português nacionalista da renascença,


que por sua excelência pode ser colocado par a par com Homero e Virgílio.

Ele cantou as glórias e os feitos portugueses, que se lançaram por oceanos


desconhecidos e descobriram, em nome do rei de Portugal, terras incultas,
levando até elas a salvação da fé, do catolicismo.

"Vós que esperamos jugo e vitupeio


do torpe Ismaelita cavalleiro
o Turco Oriental e do Gentio
que inda bebe o licor do sancto rio".

Com esses versos Camões relembra ao novo monarca português D. Sebastião


que a missão que tiveram os reis seus antepassados de cristianizar o mundo,
também a ele lhe cabe e é essa ânsia, esse desejo de cristianizar o mundo
muçulmano que será a perdição de D. Sebastião.

Os Lusíadas, segundo Bueno, cantam a grande epopéia "do patriotismo do


amor, do mar e do comércio e do catolicismo em sua luta contra o islamismo,
de um Portugal que no século XVI atingiu um apogeu de glória, quando as
riquezas confluíam de todas as partes do mundo, convergindo para um único
porto, o de Lisboa, que se tornaria o maior empório do Atlântico.

Com todo esse luxo e riqueza, o ímpeto heróico português, degenerou-se,


adormeceu, convertendo-se num materialismo, a que o destino da pátria não
parecia mais dizer respeito.
O trono enfraqueceu, sem herdeiros diretos. As chagas de Cristo que
tremulavam no símbolo da bandeira portuguesa não mais tinham a força de
outrora. É neste clima de dissolução que Camões escreve sua obra maior, Os
Lusíadas, cantando os feitos dos heróis antigos como, Nuno Alvares, Egas
Muniz, Dom Fuas , Vasco da Gama entre outros, que ele descreve como
super-homens. Ele tenta assim acordar e sacudir o patriotismo e o orgulho
português, incentivando mesmo o jovem rei D. Sebastião a novos feitos "Hum
novo exemplo de amor dos patrios feitos valorosos".

Todo o conteúdo dos Lusíadas é um canto de glória ao passado, mas no canto


final Camões parece antever os anos terríveis que se sucederam ao reinado
efêmero de D. Sebastião, com a ameaça e depois certeza do domínio espanhol
em Portugal por 60 longos anos onde Filipe I (II da Espanha), Filipe II (III da
Espanha) e Filipe III (IV da Espanha), se sucederam no trono português, após
o desaparecimento de D. Sebastião, na fatídica batalha de Alcácer Quibir.

Camões também tentará sacudir a nobreza da época com seus versos, a qual
não julgava mais digna de si guerrear, deixando essa incumbência ao povo, e o
poeta tristemente diz:

"A disciplina militar prestante


não se aprende, senhor, na phantasia,
sonhando, imaginando ou estudando,
senão vendo, tratando e pelejando" ( X, 153)

E o desalento total do poeta de não conseguir mais despertar para as


conquistas e descobertas os nobres portugueses, se vê nos seguintes versos:

"No mais, Musa no mais, que a lyra tenho


destemperada e a voz enrouquecida,
e não do canto, mas de ver que venho
cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se accende o engenho
não no dá a patria, não que está mettida
no gosto dea cubiça e na rudeza
de huã austera apagada e vil tristeza". (Canto X estrofe 145)

Séculos mais tarde um outro poeta se levantou, e desta feita, para cantar de
novo Portugal de uma forma gloriosa, o passado heróico de Portugal, que
passou e não mais volta. Esse poeta foi Fernando Pessoa. O poeta tão grande
quanto a glória de Portugal, escreveu a Mensagem que, segundo Leyla
Perrone-Moisés, "....em Mensagem, o poeta aparentemente alarga seu EU
lírico , para ser o vate das antigas grandezas portuguesas e o profeta do V
Império, a epopéia redunda também em auto-análise. A navegação se
metaforiza como o anseio da descoberta de um EU que é ao mesmo tempo, a
identidade nacional e auto-identidade pessoal." E mais na frente ela continua
dizendo: "O nevoeiro em que Portugal jaz, é a mesma névoa que separa
Pessoa do mundo. A queda e a impotência portuguesas são suas próprias. Ao
debruçar-se sobre a história de seu País, Pessoa encontra um espelho que,
por sua vez ele espelha... Encantados e nostálgicos, Portugal e Pessoa se
desconhecem na incerteza imobilizante, perdem-se em fragmentos sem um
todo ‘tudo é incerto e derradeiro, tudo é disperso nada é inteiro’ ".

Fernando Pessoa, ao escrever a Mensagem, fala de um Super-Camões. Ele


tenta seguir o mesmo caminho de Camões, no entanto, no tocante à
religiosidade, ele não canta o catolicismo como o fez Camões, chegando até
mesmo próximo da blasfêmia, quando diz:

"Quando virás a ser o Christo


De quem morreu o falso
Deus".

A religiosidade de Fernando Pessoa é meio visionária, mítica, ele é cristão,


mas um cristão avesso ao catolicismo, não se encaixando nos padrões do
catolicismo vigentes na sua época. Ele crê em algo, porém sua crença é
mística, é sobrenatural , é irreal.

Camões teve problemas com a igreja ( apesar de clamar em altos brados a


existência firme de Deus), pois sua obra colocou em estado de alerta os
‘Santos Inquisidores", no entanto, para satisfazer o rei D. Sebastião, os
prelados decidiram aprovar "Os Lusíadas" para publicação, citando entre
outras coisas :

"... todavia, como isto he poesia e fingimento,


e o author como poeta não pretende mais
que ornar o estilo poetico, não tivemos
por inconveniente ir esta fabula dos
Deoses na obra, conhecendo-a por tal,
e ficando sempre salva a verdade
de nossa sancta fé, que todos os
deoses dos gentios são ‘demonios’..."

Fernando Pessoa não sofreu pressão de ter aprovada ou não sua obra pela
igreja ( que naturalmente ele ignorava, desprezando-a até), mas a obra não
teve a recepção que merecia, pois ao publicar seu livro Mensagem (única obra
do poeta publicada em vida), ganhou em 3l de dezembro de 1934, somente o
prêmio Antero de Quental de segunda categoria do Secretariado de
Propaganda Nacional.

O tema principal da Mensagem são os feitos heróicos de outrora, e, segundo


Fernando Segolin, "Não é propriamente a epopéia marítima dos portugueses e
os indícios nela ocultos de um futuro redentor para a nação portuguesa que
são o alvo último dos poemas de Mensagem. O Portugal desses textos
identifica-se também com o próprio poeta, com todos os homens pertencentes
à raça dos sonhadores, que buscam, movidos pela chama do desejo, do
sonho, o sentido do ser...".

Fernando Pessoa, ao escrever Mensagem, se voltou para um passado que


tinha sido a glória do povo português, e jazia na memória do tempo e do povo.
O poeta, com seu saudosismo, quis ser o portador dessa "memória" e mostrar
a todos que nem tudo tinha ficado no esquecimento, na bruma levantada pelo
nevoeiro que "engoliu " D. Sebastião. O poeta, ao enaltecer os feitos passados
de Portugal, quis talvez demonstrar que na vida o Homem é feito de muitas
máscaras, e a dele era a de ser sonhador, devaneando pelo inconsciente de
sua alma para arrancar dela o que tinha de mais precioso e, só dele, o direito
de sonhar.

Passamos então a analisar o último poema de Mensagem, "Nevoeiro" . O


poeta inicia seu canto dizendo:

"Nem rei, nem lei, nem paz nem guerra,


Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra".

Nada mais parece sacudir a inércia na qual Portugal mergulhou, nem rei nem
lei, nem paz nem guerra", podem simbolizar , encorajar ou até mesmo conduzir
o povo a algum lugar. O desencanto do poeta se sente quando ele escreve:

"Define com perfil e ser


Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer".

Ele canta o Portugal de outrora, mas historicamente, no seu presente, Portugal


está exatamente "a entristecer", pois a subida de Salazar em Julho de 1932 ao
poder mergulha o país num poder algoz de totalitarismo, cujo símbolo ilusório
era "Deus Pátria e Família", que logicamente teve alguma influência na
sensibilidade do poeta.

Claro, Salazar pessoalmente nada importava ao poeta, pois ele é um


saudosista monárquico, do retorno de D. Sebastião que seria a catapulta para
o retorno do passado histórico grandioso de Portugal, e ele escreve:

"Este fulgor baço da terra


Que é Portugal a entristecer

Fulgor que ficou opaco, não deixando mais ver os grandes heróis do passado.
Ele continua:

"Brilho sem luz e sem arder,


Como o que o fogo- fátuo encerra"

O esplendor do passado nada mais é que memória. Memória que perdura no


orgulho dos portugueses e o poeta tenta resgatá-la com seus versos, mas ela
nada mais é do que "fogo-fátuo" um fogo falso, um clamor ilusório.
Estes primeiros versos podem se contrapor aos de Luis Vaz de Camões da
estrofe 145 do Canto X, quando o poeta diz:

"No mais Musa, no mais que Lyra tenho


destemperada e a voz enrouquecida,
e não do canto, mas de ver que venho
cantar a gente surda e endurecida".

O início dos versos :

"No mais Musa, no mais que a Lyra tenho


destemperada e a voz enrouquecida",

mostra o desalento, a tristeza do poeta, pois nada mais incentiva o povo à


glória, nada mais o demove para tentar fazer algo que enalteça Portugal, que
nessa época atravessava um período de decadência moral, e o nacionalismo
era memória, não prática. O clero, com sua riqueza era em parte culpado por
essa falta de incentivo, pois não se apercebia que o mundo religioso estava em
franca revolução com a reforma da religião. Os prelados achavam que com o
luxo e a opulência conseguidos na terra já tinham alcançado o Céu.

O poeta continua:

"e não do canto, mas de ver que venho


cantar a gente surda e endurecida"

Ele está cansado, triste até, pois seu canto não encoraja mais as pessoas:

"cantar a gente surda e endurecida"

Para quê?

É como Fernando Pessoa, que numa outra época mais adiante, se identifica
com o desalento que o pais está atravessando e escreve:

"Ninguém sabe que cousa quere


Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ancia distante perto chora?)

Quem sabe talvez todo o clima político de brigas pelo poder, culminadas com a
instalação da ditadura de Salazar, levem o poeta a um mergulho na incerteza,
no saudosismo de um passado que não retornará nunca mais, pois ele olha ao
seu redor e nada vê de concreto.

Camões sente isso também na sua época:

"O favor com que mais se acende o engenho


não no dá a pátria, não que esta mettida
no gosto da cubiça e na rudeza
de hua austera, apagada e vil tristeza".

O povo não colocava mais os interesses da pátria em primeiro plano, pois


estava cego pelo conforto que o dinheiro trouxe. O clero dominava com pulso
de ferro desde o reinado de D. João III, predecessor de D. Sebastião. A alegria
, e a humanidade do reinado de D. Manuel ( rei que antecedeu D. João III), e o
orgulho das conquistas, tinham dado lugar à austeridade eclesiástica, à inércia
da nobreza, e o ardor combativo do catolicismo não mais era levado nos navios
a terras distantes e ficava agora indolente, adormecido nas igrejas revestidas
de ouro porém... vazias.

"de hua austera, apagada e vil tristeza"

"vil tristeza", sim pois nunca se erigiu tanto templo para a glória de abade e
bispo, numa religião cuja base era a pobreza, não deveria esse clero dar o
exemplo para o povo?

Camões mostra toda a sua desilusão na expressão "Vil tristeza"".

E o poeta Fernando Pessoa, também se sente triste inconstante, quando


escreve:

"Tudo é incerto e derradeiro


tudo é disperso, nada é inteiro
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!".

Para o poeta não há amanhã, "Tudo é incerto e derradeiro", não há mais um


caminho a seguir "Tudo é disperso, nada é inteiro", pois tudo é fragmentado "Ó
Portugal! Hoje és nevoeiro...". O mesmo nevoeiro que engoliu D. Sebastião
naquela fatídica manhã na batalha de Alcácer Quibir, está envolvendo
lentamente Portugal, tornando-o opaco, sem sensações, imobilizado, só.

"É a hora!".

Clama o poeta, Hora com letra maiúscula, como um grito lancinante de ataque
"É a Hora" de acordarem, de se unirem, e de fazerem voltar tudo de novo, e
quem sabe D. Sebastião não aparecerá fulgurante, do opaco nevoeiro em que
sumiu, montado no seu cavalo branco, e o mito e a glória de Portugal
ressurgirão das cinzas, como o Fênix o faz na sua recriação de nova vida após
a morte.

Tanto Luis Vaz de Camões quanto Fernando Pessoa encontram na poesia uma
forma de levantarem um estandarte de aclamações, de denúncia, de fuga, de
sonho, enfim, de mergulharem nos grandes feitos de outrora da história de
Portugal como se mergulhassem no próprio EU, pois como diz Leyla Perrone
Moisés "O Homem e a Hora são um só", no próprio sonho de existir.

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