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12 Seccionalizador
O seccionalizador é um dispositivo automático projetado para operar em série
com um equipamento de retaguarda que pode ser um religador ou o conjunto
relé/disjuntor. Apresenta um custo de aproximadamente 40% em comparação aos
religadores conencionais, o que torna a sua aplicação altamente desejável do ponto de
vista econômico.
O seccionalizador é basicamente uma chave a óleo, monofásica ou trifásica, de
controle hidráulico ou eletrônico que se assemelha pela aparência a um religador.
Entretanto, ele não tem capacidade para interromper a corrente de defeito. Ele abre
seus contatos quando o circuito é desenergizado por outro dispositivo situado à
montante e equipado com dispositivo para religamento automático.
Cada vez que o seccionalizador opera por ocasião de uma sobrecorrente, cujo
valor seja maior ou igual à corrente de acionamento, o seccionalizador é armado e
preparado para a contagem. A contagem se inicia quando a corrente cai abaixo de
determinado valor. Após um determinado número dessas ocorrências, que
corresponde ao ajuste do número de contagens do seccionalizador, ele abre seus
contatos e permanece na posição “aberto”, isolando o trecho sob falta.
Não existe nenhuma conexão elétrica ou mecânica entre ambos. Dessa forma, um
trecho sob condições de falta permanente pode ser isolado permanecendo o
dispositivo de retaguarda e os demais trechos em situações normais de
funcionamento.
Embora o seccionalizador não interrompa a corrente de defeito, ele pode
interromper uma corrente proporcional a sua corrente nominal e ser empregado como
chave desligadora para seccionamento manual sob carga. Deste modo, o mesmo
possui as características de um equipamento de manobra.
O seccionalizador pode ser instalado em (CPFL, 2003):
• Pontos da rede onde a corrente é muito alta para a utilização de elos fusíveis;
• Pontos onde a coordenação com elos fusíveis não é suficiente para o objetivo
pretendido;
• Ramais longos e problemáticos;
• Após consumidores que podem suportar as operações dos religadores, mas não
suportam longas interrupções, no caso do bloqueio do religador.
As vantagens dos seccionalizadores são citadas a seguir:
• Os seccionalizadores não possuem curvas características tempo x corrente, o que
simplifica grandemente os estudos de coordenação;
• Se o seccionalizador abrir definitivamente, ele poderá ser rapidamente recolocado
em serviço pela simples manipulação de uma alavanca com uma vara de manobra;
• Coordenação efetiva em toda faixa comum com o equipamento de retaguarda
(religador);
• No caso dos elos fusíveis, a faixa de coordenação com o religador é bastante
limitada, o que resulta em perda de seletividade, desligamento desnecessário de
parte do alimentador com a queima precipitada do elo‐fusível do ramal antes que
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o dispositivo de retaguarda tenha oportunidade de eliminar uma falta,
possivelmente temporária.
• Eliminação da possibilidade de erro humano, quando da troca dos fusíveis,
considerando ainda o elevado número de elos‐fusíveis num alimentador;
• Interrompe as três fases simultaneamente, o que não ocorre com os fusíveis, que
isolam monofasicamente;
• Ajustes independentes para operação de fase e terra. No caso dos fusíveis, existe
só um ajuste para proteção de fase e terra;
• Pode ser usado como chave de manobra sob carga, possibilitando enorme
flexibilidade operacional ao sistema;
O uso de um seccionalizador em substituição a chaves‐fusíveis só é viável em áreas
para as quais o mesmo pode ser economicamente justificado, tendo em vista:
densidade de carga, consumidores industriais e cargas especiais.
12.1 Classificação dos Seccionalizadores Quanto ao Número de Fases
Monofásicos. São utilizados exclusivamente para seccionamento automático de
sistemas monofásicos primários de distribuição.
Trifásicos. São utilizados exclusivamente para seccionamento automático de
sistemas trifásicos primários de distribuição.
A Figura 12.1 mostra os seccionalizadores quanto ao número de fases.
Figura 12.1 – Seccionalizadores Monofásico (a) e Trifásico (b) (POWER SYSTEMS COOPER).
12.2 Classificação dos Seccionalizadores Quanto ao Tipo de Controle
Controle Hidráulico: O controle hidráulico de um seccionalizador é usado
principalmente em seccionalizadores monofásicos ou trifásicos com bobinas menores.
Este tipo de controle sente a sobrecorrente por meio de uma bobina conectada em
série com a linha. Seccionalizadores controlados hidraulicamente necessitam ser
fechados manualmente.
Um seccionalizador hidráulico opera quando sua bobina série é percorrida por um
fluxo de corrente que excede em 160% a capacidade nominal de sua bobina.
Controle Eletrônico: O controle eletrônico é usado principalmente em redes
trifásicas, com bobinas com maior capacidade nominal.
O controle da corrente de linha é obtido por um transformador de corrente que
envia sinais ao circuito eletrônico que, por sua vez, conta o número de operações e
também comanda a abertura.
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A aplicação adequada de seccionalizadores frequentemente necessita da
utilização de restritores (disponíveis soemente em unidades trifásicas), o que habilita o
seccionalizador a discriminar entre a operação de dispositivos de proteção no lado da
fonte ou no lado da carga (CEMIG, 1994). Alguns acessórios permitem expandir
enormemente a aplicação dos seccionalizadores, ou seja:
Restritor de tensão: este acessório é projetado para ser inserido em
seccionalizadores hidráulicos e faz com que sejam contadas somente as operações do
dispositivo situado a montante, ou seja, deve impedir a contagem se ainda houver
tensão no ponto de instalação do seccionalizador, após ter cessado a corrente de
defeito. É indicado para permitir que a seqüência de operações do religador de
retaguarda possa ter duas operações rápidas e duas temporizadas (CPFL, 2003). Por
exemplo, caso o elo‐fusível situado à jusante do seccionalizador interrompa uma
corrente de falta, a tensão continua presente no seccionalizador e este, então, poderia
realizar uma contagem mesmo que o religador não efetue nenhuma abertura. Porém,
caso seja aplicado o restritor de tensão este acessório impede que o seccionalizador
conte uma interrupção (CEMIG, 994).
Restritor de corrente: disponível para seccionalizadores eletrônicos e
desempenha a mesma função que o acessório restritor de tensão. Evita que o
seccionalizador opere para defeitos que farão operar dispositivos de proteção à sua
frente, por exemplo, os elos fusíveis. Este dispositivo tem como função impedir a
contagem do seccionalizador quando a corrente cai para valores abaixo do valor de
disparo do equipamento, mas ainda exista uma corrente na linha maior que o limite de
sensibilidade (em A) do restritor de corrente (CPFL, 2003).
Restritor de corrente de inrush: em sistemas onde a coordenação é prejudicada
por altas correntes de inrush e quando este problema não é solucionado pelo aumento
da corrente de atuação do seccionalizador, pode‐se utilizar o restritor de corrente de
inrush em seccionalizadores eletrônicos.
Quando o religador abre o circuito, deixando, portanto, de haver tensão no lado
da fonte do seccionalizador, o controle deste equipamento verifica se a corrente
através do mesmo estava acima ou abaixo da sua mínima corrente de atuação. Se a
corrente estava abaixo, a corrente mínima de atuação é aumentada automaticamente
segundo um multiplicador pré‐determinado (2, 4, 6 ou 8 vezes), permanecendo com
este nível elevado de corrente por um período de 5, 10, 15 ou 20 ciclos depois do
retorno da tensão. Evidentemente, quando o religador fecha o circuito e a corrente de
inrush circula pelo seccionalizador, o nível de corrente mínima de atuação é então,
suficientemente alto para impedir a contagem (Eletrobrás, 1982). Este acessório não
permite a contagem quando a corrente for transitória de magnetização de
transformadores e de cargas indutivas (CPFL, 2003) e está projetado somente para os
seccionalizadores com controle eletrônico (Cemig, 1994).
Intervalo de religamento.
Proteção de terra: a proteção de terra é feita por um sensor eletrônico utilizado
em seccionalizadores eletrônicos para detectar correntes de desequilíbrio e de falta
para terra, cujos níveis são inferiores aos níveis de atuação da proteção de fase, e atua
de forma independente. O restritor de corrente e restritor de corrente de inrush
acompanham o sensor de terra para evitar operações indevidas do seccionalizador
(Cemig, 1994)
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Da mesma forma que acontece com os seccionalizadores com controle hidráulico
as unidades controladas eletronicamente preparam‐se para contar quando ocorre uma
sobrecorrente e realizam a contagem quando o circuito for desenergizado. A diferença
está no fato de que os seccionalizadores com controle eletrônico têm suas operações
supervisionadas por circuitos de estado sólido. A Figura 12.2 mostra as formas de
seccionalizador quanto ao tipo de controle
Figura 12.2 – Típicos Seccionalizadores com Controle hidráulico (a) e Eletrônico (b) (POWER
SYSTEMS COOPER 270-10, 2003).
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12.3 Classificação dos seccionalizadores quanto ao meio de interrupção
Seccionalizador a óleo: podem ser monofásicos ou trifásicos e a interrupção da
corrente de carga é realizada através do óleo. O mecanismo de controle pode ser
atuado através de uma bobina série ou por derivação (shunt) através de TCs. A
temporização, reinicialização, contagem e outras operações de controle podem ser
realizadas através de dispositivos eletromecânicos ou eletrônicos.
Seccionalizadores a vácuo: pode ser monofásicos ou trifásicos. O interruptor de
corrente é composto de dois contatos separados que trabalham no vácuo dentro de
uma cápsula hermética, o que permite a interrupção da corrente de carga.
Geralmente, estes seccionalizadores utilizam óleo mineral de alta qualidade que
lubrifica e isola os interruptores a vácuo, não requerendo manutenção periódica. Estes
seccionalizadores atuam pela perda do sinal de tensão e utilizam temporizadores para
controlar as operações de disparo, fechamento e bloqueio.
12.4 Aplicação e Dimensionamento do Seccionalizador
Para seleção e aplicação de seccionalizadores, devem ser considerados os
seguintes requisitos, que podem ser verificados por meio da Tabela 12.1:
Tensão do sistema: A tensão nominal do seccionalizador deverá ser maior ou igual
do que a tensão do sistema (geralmente a tensão fase‐fase).
Máxima corrente de carga: Geralmente, a corrente máxima nominal não é um
fator limitante, contanto que o seccionalizador funcione em conjunto com os
dispositivos de proteção do lado da fonte e esteja coordenado com eles. Os ajustes do
seccionalizador são dependentes do dispositivo de proteção do lado da fonte (a
montante). A corrente nominal do seccionalizador deve ser selecionada de forma que
seja maior ou igual à corrente de carga prevista, considerando a possibilidade de
transferência de carga.
Máxima corrente de falta: A corrente de curto‐circuito trifásica (simétrica ou
assimétrica) disponível no ponto de instalação deve ser menor ou igual a capacidade
suportável da bobina série ou sensor de corrente do seccionalizador (CPFL, 2003).
Tabela 12.1 – Capacidade suportável de corrente dos seccionalizadores OYS e GN3E.
Tipo Sensor Sensor Capacidade suportável de corrente (A)
de de 10 s 1s Momentânea
fase terra (simétrica) (simétrica) (assimétrica)
OYS Bobina série Resistor 600 2000 10000
20‐30‐35
Bobina série Resistor 1290 3640 10000
50
Bobina série Resistor 1510 4690 10000
75
Bobina série Resistor 1860 5940 10000
100
GN3E Resistor Resistor 2600 5700 9000
Coordenação com outros dispositivos de proteção tanto do lado de carga quanto
da fonte. O tempo total acumulado do dispositivo de retaguarda (exceto para a
primeira abertura) deverá ser menor que o tempo de memória do seccionalizador.
Portanto, o tempo de memória do seccionalizador deve ser definido de modo a
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permitir a coordenação com os religadores, quaisquer que sejam os seus ajustes de
seqüência de operação (ELETROBRAS, 1982).
12.5 Condições básicas para instalação de seccionalizadores
Os seguintes princípios básicos de coordenação devem ser levados em conta
durante a aplicação dos seccionalizadores:
• O seccionador deve ser o dispositivo protetor e o religador (ou disjuntor) o
dispositivo protegido;
• O dispositivo protegido deve ser capaz de detectar a corrente mínima de falta na
zona de atuação do seccionador;
• A corrente mínima de curto‐circuito na zona de proteção do seccionalizador deve
ser maior que a corrente mínima de disparo do seccionalizador. Ou seja, toda a
zona de proteção do seccionalizador deve estar contida na zona de proteção do
equipamento de retaguarda (CPFL, 2003);
• A corrente mínima de disparo das unidades de fase e terra do seccionalizador
devem ser ajustadas para operarem com no máximo 80% dos respectivos ajustes
do equipamento de retaguarda (religador) (CPFL, 2003). Para unidades eletrônicas,
o nível mínimo de atuação é usado diretamente. Nas unidades hidráulicas, o que se
especifica é a capacidade nominal da bobina série. Neste caso, a corrente mínima
de disparo dos seccionalizadores é 1,6 vezes maior que a capacidade nominal de
sua bobina;
• A corrente nominal da bobina série deverá ser maior do que a corrente de carga
máxima no ponto de instalação, incluindo manobras usuais.
• Para sistemas solidamente aterrados é recomendável o uso de dispositivos de
disparo para faltas à terra (norma Bandeirante).
• Demais características de seccionalizador tais como tensão nominal, freqüência
nominal e NBI, deverão ser compatíveis com os valores do sistema no qual será
instalado (norma Bandeirante).
• Os seccionalizadores que não forem equipados com sensor de faltas para a terra
devem ser coordenados com a corrente mínima de disparo de fase do dispositivo
de retaguarda (ELETROBRAS, 1982);
• O nível básico de isolamento deve ser compatível com a tensão do sistema
(ELETROBRAS, 1982);
• Os seccionalizadores trifásicos exigem dispositivos de retaguarda trifásicos com
abertura simultânea em todas as fases (GUIGUER, 1988). A abertura não
simultânea do circuito pelo religador pode ocasionar a interrupção de uma
corrente de falta pelo seccionador, o que não é uma operação adequada para o
equipamento;
• O seccionador equipado com dispositivo de disparo de terra exige o emprego de
religador equipado com dispositivo de disparo de terra;
• O número de contagens do seccionalizador deve ser pelo menos, uma unidade a
menos que o número de operações do dispositivo de retaguarda (religador). Caso
sejam usados mais que um seccionalizador em série, o dispositivo protetor deverá
ser ajustado para uma contagem a menos que o dispositivo protegido, conforme
mostra a Figura 3.25. No caso de se usar seccionalizadores em paralelo,
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comandados pelo mesmo dispositivo de retaguarda, estes deverão ser ajustados
para um mesmo número de contagem.
• Os tempos de abertura e religamento do dispositivo de retaguarda devem estar
coordenados com o tempo de memória do seccionalizador. O tempo total
acumulado do dispositivo de retaguarda (sem incluir o tempo da primeira
abertura) deve ser menor que o tempo de memória do seccionalizador como
mostra a Figura 12.4.
TAT = t RELIG 1 + t AT RLG 2 OP + t RELIG 2 + t AT RLG 3 OP + ... + t RELIG N + t AT RLG ( N +1) OP
Onde:
tRELIG 1, tRELIG 2, tRELIG N = Intervalos de religamento.
tAT RLG 2 OP, tAT RLG 3 OP, tAT RLG N OP = Tempos de atuação na segunda, terceira, e-
nésima atuação do religador, de acordo com as curvas escolhidas.
Terceira contagem do Seccionalizador
Primeira contagem do Seccionalizador
R1 R2
Tempo
Figura 12.4 – Tempo de memória e três contagens para abertura definitiva do seccionalizador
(McGRAW-EDISON COMPANY).
Se o tempo total acumulado do dispositivo de retaguarda for maior que o tempo
de memória do seccionalizador, o seccionalizador apagará de sua memória o número
de operações realizadas pelo dispositivo de retaguarda. Isso resultará num
desligamento definitivo do dispositivo de retaguarda para faltas além do
seccionalizador, resultando em descoordenação entre os dispositivos.
• As capacidades momentâneas e de curta duração com relação as correntes de falta
no ponto de locação do seccionalizador não deverão ser ultrapassadas. A duração
considerada, para suportabilidade térmica e dinâmica para as correntes de falta,
será função do tempo acumulado de abertura do equipamento de proteção de
retaguarda (norma Bandeirante).
Exemplo 1: O dispositivo protegido em relação ao seccionador (religador) é
ajustado para duas atuações na curva rápida, mais duas atuações na curva
temporizada. O intervalo de religamento é de 2 segundos, conforme a Figura 12.5.
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Figura 12.5 – Exemplo 1.
Como o religador está programado para 4 operações, o número de contagens do
seccionador foi ajustado em 3.
TAT = 2 + 0,6 + 2 + 5,1 = 9,7s.
Logo o tempo de memória do seccionador deverá ser superior a 9,7s.
Os seccionadores com controle hidráulico possuem tempo de memória em torno
de 60 a 90 segundos, enquanto os seccionadores com controle eletrônico possuem
tempos de memória ajustáveis em 30, 45 e 90 segundos.
12.6 Coordenação Religador – Seccionalizador
12.6.1 Coordenação entre Dispositivos Hidráulicos
Os seccionalizadores não possuem curvas características tempo X corrente,
portanto a coordenação com o mesmo não requer o uso destas curvas. Uma aplicação
típica está mostrada na Figura 12.6 e Figura 12.7. O religador de retaguarda foi
ajustado para quatro operações, após as quais, ocorre um desligamento definitivo.
Essas quatro operações podem ser de qualquer combinação (1A ‐ 3B, ou 2A ‐ 2B, entre
outras) entre as curvas rápidas (A) e temporizadas (B). Como dito anteriormente, o
seccionalizador deve ser ajustado para pelo menos uma operação a menos, que o
dispositivo de retaguarda. Se uma falta permanente ocorrer além do seccionalizador, o
seccionalizador irá operar e isolar a falta durante o terceiro religamento do religador.
Em seguida, o religador re‐energiza os trechos que não estão sob falta.
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um determinado valor de corrente de carga através do seccionalizador, a elevação de
temperatura é adicionada à temperatura ambiente do seccionalizador de modo a se
determinar o valor máximo aproximado da temperatura do óleo.
A Figura 12.9 indica as regiões de tempo onde ocorrem as seqüências de operação
do dispositivo de retaguarda e que devem ser consideradas ao se determinar a
coordenação entre um religador ajustado para quatro operações e um seccionalizador
ajustado para três contagens.
Na Figura 12.9 são mostrados os tempos de atuação de falta (F1, F2 e F3) e de
religamento (R1 e R2) do dispositivo de retaguarda e os tempos no qual o
seccionalizador deve fazer a sua contagem. O intervalo de tempo medido entre o
instante da primeira interrupção de falta (F1) até o instante da penúltima interrupção
de falta (F3), instante este onde o seccionalizador realiza o desligamento definitivo, é
chamado de tempo total acumulado.
Quando um seccionalizador hidráulico for ajustado para desligar definitivamente
depois de três contagens de correntes de falta, o tempo total acumulado (TAT) do
dispositivo de retaguarda será a soma: R1+F2+R2+F3, em segundos. Se o
seccionalizador for ajustado para desligar definitivamente depois de duas contagens, o
TAT será R1+F2. Se o seccionalizador for ajustado para uma contagem não será
necessário ter tempo de memória. Para isso, duas exigências devem ser levadas em
consideração para garantir que o seccionalizador hidráulico seja coordenado com o
dispositivo de retaguarda, ou seja:
• Para uma determinada temperatura de óleo (ambiente + elevação) o TAT não pode
exceder o valor indicado pela curva do seccionalizador representada na Figura 12.9
(TAT).
• Para duas ou três contagens do seccionalizador, o tempo total de durações das
faltas, F2 ou F2+F3, respectivamente, não poderá exceder a 70% do TAT, visto que
para uma única contagem não haverá temporização do seccionalizador. Por
exemplo, se o seccionalizador possuir uma seqüência de duas contagens, F2 não
pode exceder a 70% do TAT = R1+F2. Caso o seccionalizador possua uma seqüência
de três contagens, F2+F3 não pode exceder a 70% de R1+F2+R2+F3.
12.6.2 Coordenação entre Dispositivos Eletrônicos
A coordenação de seccionalizadores eletrônicos com religadores exige que a
corrente nominal do seccionalizador seja maior ou igual do que a corrente de carga no
ponto de aplicação deste, e que o ajuste mínimo de atuação do seccionalizador seja
selecionado com base no ajuste mínimo de disparo do religador a montante.
Os seccionalizadores eletrônicos possuem valores pré‐determinados de tempos de
memória. Esses valores são mínimos e estão sujeitos a variações. O tempo de reset
pode variar com o tempo de memória e com o número de contagens do
seccionalizador. A Tabela 12.3 mostra um exemplo disso. A Figura 12.10 e a Figura
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12.11 mostram o tempo de reset de um seccionalizador para uma e duas contagens,
respectivamente.
Tabela 12.3 – Tempo de reset do Seccionalizador Eletrônico (McGRAW-EDISON COMPANY).
Tempo de memória Tempo de Reset (minutos)
selecionado (segundos) Uma Operação Duas Operações
30 5 7,5
45 7,5 11,25
90 15 22,5
Figura 12.10 – Tempo de reset para seccionalizador com uma operação (McGRAW-EDISON
COMPANY).
Figura 12.11 – Tempo de reset para seccionalizador com duas operações (McGRAW-EDISON
COMPANY).
Como pode ser visto, para um seccionalizador eletrônico, o seu tempo de reset,
após um pré‐determinado número de faltas, depende tanto do seu tempo de memória
quanto do seu número de contagens. Esse tempo pode variar num intervalo que vai de
5 a 22 minutos. O tempo de reset dos religadores eletrônicos varia de 10 a 180
segundos. Isso pode causar perda de coordenação, o que pode implicar num
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desligamento desnecessário se uma outra falta ocorrer durante o tempo em que o
seccionalizador estiver em processo de reset.
Para suprir esse problema, pode‐se instalar um acessório de tempo de Reset que
tem a função de diminuir o tempo do reset do seccionalizador depois de se ter obtido
um bom desempenho com a atuação do dispositivo de retaguarda (religador) na
eliminação de uma falta temporária (McGRAW‐EDISON COMPANY).
12.7 Coordenação Religador – Seccionalizador – Fusível
Neste tipo de coordenação, além de serem preenchidos os requisitos da
coordenação Religador‐Seccionalizador e Religador‐Fusível descritas anteriormente,
deverá ser estritamente observada a seqüência de operação do religador (GUIGUER,
1988).
A Figura 12.12 ilustra um exemplo de coordenação usando os três dispositivos.
Depois que o fusível eliminar a falta, os mecanismos do religador e do
seccionalizador rearmam de modo a permitir uma nova seqüência completa de
operações.
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Caso se queira manter a primeira seqüência de coordenação descrita
anteriormente (religador com duas operações rápidas e duas temporizadas), o uso de
um acessório restritor de tensão torna possível a coordenação entre o seccionalizador
e o fusível, caso o seccionalizador seja do tipo hidráulico. Com isso, quando o fusível
interromper o trecho com falta na terceira operação do religador e se o
seccionalizador não estiver equipado com o referido acessório, ele irá interpretar a
abertura do circuito pelo fusível como uma interrupção de corrente e abrirá seus
contatos desnecessariamente, com prejuízo na seletividade da coordenação.
Entretanto, para essa seqüência de operação a seletividade ainda dependeria da
relação entre o tempo de fusão do fusível e o tempo de operação do religador em sua
curva temporizada, por isso, não é muito recomendável este tipo de ajuste.
No caso de seccionador eletrônico, nada impede o ajuste do religador para duas
operações rápidas e duas lentas, pois esse equipamento já traz incorporado ao seu
circuito o acessório restritor de corrente, cuja função é a mesma exercida pelo restritor
de tensão nos seccionadores hidráulicos, embora os princípios de operação sejam
diferentes (ELETROBRAS, 1982).
12.8 Coordenação Relé – Seccionalizador – Fusível
Neste caso deve ser empregado relé de religamento e a coordenação com o
seccionalizador deve obedecer aos critérios já mencionados, bem como aos critérios
definidos para coordenação Religador‐Seccionalizador‐Fusível.
21 A
30 A
5A
30
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