Contempla no edital:
PRINCÍPIOS DE INTERSETORIALIDADE
A subjetividade no diagnóstico
Isso se deve ao fato de haver alguma confusão entre as concepções das ciências médicas
e as concepções das ciências do sujeito, isto é, entre a Psiquiatria e a Psicopatologia. Até
certo ponto, a judicialização dos comportamentos consequentes da sociedade disciplinar
e da sociedade do controle direciona este processo (cf. FOUCAULT, 1987; DELEUZE:
1992). Mas, não podemos deixar de lado a força da indústria farmacêutica que promete
a cura das dores psíquicas com a administração das pílulas da felicidade (cf. ROSE,
NOVAS: 2005; ROSE, MARTINS: 2010) que somadas à tentativa de unificação das
linguagens sobre o sofrimento humano, na figura dos Manuais Diagnósticos, sejam da
Organização Mundial da Saúde (CID) ou da Associação Americana de Psiquiatria
(DSM), são responsáveis pela captura do sofrimento humano e pela tentativa de tornar
qualquer sofrimento um problema médico.
Para ser singular, agora, o sujeito precisa de uma nova atitude, precisa buscar um
novo comportamento que não seja previamente classificado, mas também que não seja
algo muito assustador, sob pena de exclusão social. Daí surge um novo comportamento,
um modo razoavelmente transgressor do establishment, uma singularidade visual,
marcada no próprio corpo. Com suporte tecnológico, as drogas e as próteses corporais
de todos os tipos (de escaras e tatuagens até as cirurgias plásticas) vêm preencher este
espaço não possível, portanto utópico, de busca de singularidade e expressão da
insatisfação consigo mesmo.
Tal qual um artista sem talento que ao filiar-se a uma escola de arte reproduz
determinadas linhas de expressão e seus traços, ao invés de tornarem-se uma
demonstração criativa de uma época, tornam-se uma repetição rígida e previsível do
mundo imediato, os profissionais do campo psicológico estabelecem diagnósticos que
nada dizem respeito ao (do) sujeito que sofre, dizem apenas de seus índices normativos,
de seus desvios da média e de seus neurotransmissores deficitários.
Considerações finais
Portanto, tal qual o sujeito emerge na sua resistência aos discursos, a prática da
clínica da subjetividade só pode se efetivar no enfrentamento das técnicas que propõem
o controle dos comportamentos e das práticas utilizadas independentemente de quem
seja o terapeuta ou o cliente. O desenvolvimento da clínica da subjetividade opõe-se ao
tipo de intervenção que funciona na exclusão do saber subjetivo e que não funciona se
um de seus elementos, terapeuta ou cliente, emerge como sujeito.
Apesar de tanto se falar nessas novas praticas de cuidado, é preciso estar atento
para não reproduzir a instituição manicomial perante outras roupagens, pois como
alertam Pande e Amarante (2011, p. 2075): "[...] os serviços podem, a um só momento,
cronificar, restringir, segregar, proteger, bem como libertar, favorecer autonomia,
cidadania e protagonismo".
Yasui (2010) aponta que a atenção psicossocial deve inventar um novo modelo
de cuidar do sofrimento psíquico através da criação de espaços de constituição de
relações sociais baseadas em princípios e valores que possibilitam reinventar a
sociedade, de forma que haja um espaço para o sujeito dito louco.
REABILITAÇÃO/REINSERÇÃO PSICOSSOCIAL
Inclusão:
'' Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados
de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de
fraternidade.''
Exclusão:
Desemprego;
Desvalorização;
Precarização do trabalho;
Pobreza;
Violência;
Insegurança;
Injustiça social;
Desqualificação social;
Desigualdade educacional;
Falta de acesso a bens e serviços.
Emprego;
Promoção do Emprego
Promoção da Educação
Promoção da Saúde
Proteção de Idosos
violência, não por ser oficial ou legal, mas por ser utilizada como meio de manutenção
de relações de poder na dinâmica social.
só a força física, mas também a simbólica, se revela como uma ação destrutiva que
ameaça a autoridade e o poder e a diluição do diálogo como linguagem necessária no
âmbito da política. Como uma ação antipolítica, a violência manifesta entre os homens
aniquila o sentido e a força da palavra, brutaliza as relações sociais e condena o homem
contemporâneo a conviver com a insegurança e o medo. Ao subjulgar o discurso e a
ação coletiva, ao uso da força desmedida, o homem destitui o mundo comum, como um
lugar de entendimento e sociabilidade.
grupo. Assim como para trabalhar em instituição, por meio da Psicologia Institucional, a
dinâmica de grupo é uma técnica para enfrentar os problemas organizacionais. Por isso
um dos problemas das organizações, não apenas a dinâmica intragrupal, mas intergrupal
(BLEGER, 1998).
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Material organizado pela psicóloga e pedagoga Esp. Andrea Girard Página 23
CONCURSO DA PREFEITURA DE BELÉM - IPAMB
PRINCÍPIOS DE INTERSETORIALIDADE – VIOLÊNCIA –
EXCLUSÃO/INCLUSÃO SOCIAL
______. Os alemães – a luta pelo poder e a evolução do habitus nos séculos XIX e XX.
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FOUCAULT, Michael. Microfísica do poder. 13. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1998.
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