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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO


Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil

NARA ALMEIDA

ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICA PARA A UTILIZAÇÃO DE


RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO NO SUBLEITO E NA
BASE DE UM PAVIMENTO EM CONCRETO PERMEÁVEL

Recife, PE
2017
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil

NARA ALMEIDA

ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICA PARA A UTILIZAÇÃO DE


RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO NO SUBLEITO E NA
BASE DE UM PAVIMENTO EM CONCRETO PERMEÁVEL

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação


em Engenharia Civil, da Escola Politécnica de
Pernambuco, da Universidade de Pernambuco para
obtenção do título de Mestre em Engenharia.

Área de Concentração: Construção Civil

Orientadora: Profa. Dra. Yêda Vieira Póvoas


Tavares

Co-orientador: Prof. Dr. José Orlando Vieira Filho

Recife, PE
2017
NARA ALMEIDA

ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICA PARA A UTILIZAÇÃO DE


RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO NO SUBLEITO E NA
BASE DE UM PAVIMENTO EM CONCRETO PERMEÁVEL

BANCA EXAMINADORA:

Orientadora:

_________________________________________
Prof.ª. Dr.ª. Yêda Vieira Póvoas Tavares
Universidade de Pernambuco
Co-orientador:

_________________________________________
Prof. Dr. José Orlando Vieira Filho
Universidade de Pernambuco
Examinadores:

_________________________________________
Prof. Dr. Alexandre Duarte Gusmão
Universidade de Pernambuco

_________________________________________
Prof.ª. Dr.ª. Stela Fucale Sukar
Universidade de Pernambuco

__________________________________________
Prof.ª. Dr.ª. Liv Haselbach
Lamar University, TX, USA.

Recife, PE
2017
À minha família.
AGRADECIMENTOS

Aos professores Dra. Yêda Póvoas Tavares, Dra. Liv Haselbach, Dr. Alexandre Duarte
Gusmão, Dr. José Orlando Vieira Filho e Dr. Ângelo Just. Ao Sr. Bruce Chattin, à Sra. Debra
Lang, ao Sr. Cláudio Freitas, à Sra. Lucia Rosani (Dona Lúcia), ao Sr. Fábio Ferreira, ao Sr.
Eider de Souza Lima, ao Sr. Luís Alberto de Navarro Coutinho, ao Sr. Paulo Cícero Costa
Barbosa da Silva, ao Sr. Erilan Diego Pereira de Lima, ao Sr. Severino Francisco de Arruda
(Sr. Biu), à Luciana Gusmão e ao Sr. Rafael Batezini, pela orientação e pelo constante
estímulo transmitido durante a elaboração da dissertação.

À Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (POLI-UPE), à Associação Brasileira


de Serviços de Concretagem (ABESC), à Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do
Recife – EMLURB, à usina de beneficiamento de Resíduos de Construção e Demolição
(RCD) Ciclo Ambiental, à Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP, à JOV
Engenharia, à empresa de concretagem POLIMIX, à Grace do Brasil Ltda., ao Sr. Jairo Abud,
ao Sr. Arcindo Vaquero e ao Sr. Sérgio Dourado, que ofereceram a assistência e o suporte
necessários ao desenvolvimento da pesquisa.

Aos familiares, especialmente a Fátima, Aurélio, Renata, Guilherme, Carmita e Eduardo, aos
amigos, em especial a Brian McNally, Eudes de Arimatéa Rocha, Kátia Monteiro, Rafaella
Gatis, Victor Estolano, Carolina Brasileiro, Gabriela Matos e a todos que colaboraram direta
ou indiretamente, na execução deste trabalho.
“Transformai as velhas formas do viver”.

Gilberto Gil.
RESUMO
A indústria da construção civil favorece significativamente o desenvolvimento econômico das
grandes cidades. Contudo, o setor também traz contribuições negativas à sociedade e ao meio
ambiente, uma vez que utiliza um grande montante dos recursos naturais finitos existentes no
planeta, gera resíduos de construção e demolição e acaba por impermeabilizar boa parte do
solo natural ao se construírem ruas, edifícios, calçadas e parques de estacionamento, o que
gera ilhas de calor e, com a incidência da chuva, propicia o aumento do escoamento
superficial e a ocorrência de enchentes. A presente pesquisa teve por objetivo analisar a
viabilidade técnica de utilização de Resíduos de Construção e Demolição Reciclados (RCD-
R) no subleito e na camada de base de pavimentos em concreto permeável. As principais
justificativas apoiaram-se na necessidade cada vez maior de reuso dos resíduos, nas altas
taxas de escoamento superficial apresentadas em diversos centros urbanos e no elevado
coeficiente de permeabilidade (k > 10-3 m/s) exigido pela ABNT NBR 16416 (2015), para
subleitos de sistemas de infiltração total em pavimentos de concreto permeável. Tomou-se
como estudo de caso específico a construção de duas vagas de estacionamento da Escola
Politécnica de Pernambuco (POLI-UPE) e o método adotado pode ser dividido em quatro
etapas. A primeira fundamentou-se na caracterização e na análise do solo existente na POLI-
UPE e dos RCD-R que foram empregados no subleito e na camada de base do sistema. A
segunda trata do dimensionamento das duas vagas de estacionamento e respaldou-se nos
dados pluviométricos da cidade do Recife e nos resultados dos ensaios desenvolvidos na
primeira etapa. Na terceira etapa, foram ensaiados os materiais a ser empregados na execução
da obra e, a quarta e última etapa é referente à construção do sistema de pavimentação, onde
imediatamente após a cura do concreto, foi verificada a eficácia hidráulica do sistema. O solo
existente na universidade mostrou-se mecanicamente ruim enquanto material de subleito e
apresentou baixo coeficiente de permeabilidade, tornando seu emprego viável apenas em
sistemas de infiltração parcial ou sem infiltração. O resíduo analisado como substituto deste
subleito mostrou-se adequado a assumir esta função, desde que a quantidade de material
passante na peneira de abertura 0,42mm seja reduzida a um valor entre 10 e 40% do total da
amostra. Além disso, o coeficiente de permeabilidade deste RCD-R foi de 4,48 x 10-6 m/s, o
que permite que o resíduo seja adotado em sistemas de infiltração parcial ou sem infiltração,
conforme referência normativa nacional. Caso seja considerada a ACI 522 R (2010), este
material também pode ser aplicado em sistemas de infiltração total. Os ensaios com o resíduo
da base foram satisfatórios, desde que seja reduzida a quantidade de pulverulentos na amostra.
Além disso, o CBR apresentou valor médio de 60%, o que possibilita seu uso em bases de
pavimentos convencionais, mas impede o seu emprego em pavimentos em concreto
permeável, segundo ABNT NBR 16416 (2015). A estrutura foi dimensionada e,
anteriormente à execução do pavimento, os materiais empregados na obra foram devidamente
caracterizados. Os resultados mostraram-se similares àqueles avaliados primeiramente, com
exceção do Índice de suporte Califórnia do agregado da base, que apontou valor 27% inferior
ao primeiro. A execução das vagas de estacionamento na POLI seguiu recomendações
propostas por Almeida (2016) e o revestimento em concreto foi desenvolvido conforme
indicações de Batezini (2016). Em ambas as vagas, foi adotado o sistema de infiltração total,
mas em uma delas, o pavimento foi construído sobre o subleito existente e na outra, parte do
solo existente foi substituído por RCD-R comercializado como areia grossa. Após a execução
do pavimento, o coeficiente de permeabilidade do sistema revelou-se em conformidade com
as exigências da norma brasileira de pavimentos em concreto permeável.
Palavras-chave: Pavimento. Concreto permeável. Drenagem. Permeabilidade. Reciclagem de
resíduo.
ABSTRACT

The civil construction industry significantly favors the economic development of large cities.
However, the this sector also brings negative contributions to society and the environment,
since it uses a large amount of finite natural resources of the planet, generates construction
and demolition waste and promotes the sealing of much of natural soil when constructing
streets, buildings, sidewalks and parking lots, which generates urban heat islands and, with
the incidence of rain, increases the surface runoff and the occurrence of floods. The present
research aimed to analyze the technical feasibility of using Recycled Construction and
Demolition Waste (RCDW) in the subgrade and the base layer of pervious concrete
pavements. The main justifications were based on the increasing need for reuse of residues,
the high runoff rates presented in several urban centers and the high coefficient of
permeability (k > 10-3 m/s – k > 3.3 10-3 ft/s) required by ABNT NBR 16416 (2015), for
subgrade of pervious concrete pavements with full infiltration systems. The construction of
two parking spaces at the Escola Politécnica de Pernambuco (POLI-UPE) was took as a
specific case study and the method adopted was divided into four stages. The first was based
on characterization and analysis of the existing soil of POLI-UPE and the RCDW used in the
subgrade and the base layer of the system. The second stage addresses the thickness design of
the two parking spaces and was based on the rainfall data of the city of Recife and the results
of tests performed in the first stage. In the third stage, the materials used in the execution of
the work were tested. Finally, the fourth stage referred to the construction of the paving
system, verifying the hydraulic efficiency of the system immediately after the concrete curing.
The existing soil at the university proved to be poor mechanically as a subgrade material, and
had a low coefficient of permeability, making its use feasible only in partial infiltration or no
infiltration systems. The waste analyzed as a substitute for this existing subgrade was
adequate to assume this function, provided that the percentage of material passing the No. 40
(0.42 mm) sieve is reduced to between 10% and 40% of the total sample. In addition, the
coefficient of permeability of this RCDW was 4.48 10-6 m/s (14.7 10-6 ft/s), which allows
the waste to be adopted in partial infiltration or no infiltration systems, according to national
normative resolution. If ACI 522 R (2010) is considered, this material may also be applied in
full infiltration systems. Tests with the waste to be used in base layer were satisfactory,
provide that the amount of fine particles in the sample was reduced. Moreover, the CBR
presented an average of 60%, which allows use of this recycled aggregate in the base layer of
conventional pavements, but prevents its use in pavements in pervious concrete pavements,
according to ABNT NBR 16416 (2015). The structure was dimensioned and, before the
pavement construction, the materials used in the work were properly characterized. The
results were similar to those evaluated in the first stage, except for the California bearing ratio
of the aggregate for the base layer, which showed a value 27% lower than the one obtained by
the first material. The construction of the parking spaces at POLI followed recommendations
proposed by Almeida (2016) and the concrete surface course was developed in accordance
with indications of Batezini (2016). In both parking spaces, the full infiltration system was
adopted, but in one of them, the pavement was built on the existing subgrade and in the other,
part of the existing soil was replaced by the RCDW sold as coarse sand. After the pavement
construction, the coefficient of permeability of the system was in accordance with the
requirements of the pervious concrete pavements Brazilian standard.
Keywords: Pavement. Pervious concrete. Drainage. Permeability. Recycled waste.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Total de RCD coletados no Brasil e regiões, nos anos de 2013 e 2014 (t x
1000/ano). ................................................................................................................................. 27

Figura 2 – RCD coletados per capita no Brasil, Estados Unidos e União Europeia, no ano de
2012. ......................................................................................................................................... 28

Figura 3 – PIB Brasil x PIB Construção Civil (Variação %) – 2004/2015. ............................. 29

Figura 4 – Usinas de reciclagem de RCD classe A inauguradas ao longo dos anos. ............... 30

Figura 5 – Corte esquemático de um sistema de pavimentação convencional flexível. .......... 34

Figura 6 – Alterações no hidrograma e nas inundações, devido à urbanização. ...................... 41

Figura 7 – Gráfico ampliado das curvas IDF do Recife. .......................................................... 43

Figura 8 – Corte esquemático de pavimento em concreto permeável com manta geotêxtil. ... 51

Figura 9 – Confecção dos corpos de prova: desenho feito à mão por Haselbach (2016). ........ 54

Figura 10 – Diagrama esquemático do ensaio de permeabilidade. (2015). .............................. 60

Figura 11 – Fluxograma do procedimento metodológico adotado na pesquisa. ...................... 64

Figura 12 – Perfil geotécnico do terreno da POLI.................................................................... 65

Figura 13 – Resumo dos ensaios laboratoriais e de campo desenvolvidos no solo da POLI-


UPE........................................................................................................................................... 71

Figura 14 – Resumo dos ensaios laboratoriais desenvolvidos no RCD-R areia grossa servível
ao reforço ou à substituição de subleitos de pavimentos em concreto permeável. .................. 72

Figura 15 – Resumo dos ensaios laboratoriais desenvolvidos no RCD-R servível como


material da base de pavimentos em concreto permeável. ......................................................... 74

Figura 16 – Procedimento metodológico adotado para o dimensionamento das camadas do


pavimento. ................................................................................................................................ 75
Figura 17 – Procedimento metodológico para a caracterização do RCD-R substituto do
subleito. .................................................................................................................................... 77

Figura 18 – Procedimento metodológico para a caracterização do RCD-R substituto do


material da base do pavimento. ................................................................................................ 78

Figura 19 – Procedimento metodológico para a caracterização do agregado componente do


concreto permeável e do próprio concreto, empregado no pavimento. .................................... 79

Figura 20 – Procedimento metodológico para a caracterização do concreto empregado em


obra ........................................................................................................................................... 88

Figura 21 – Gráfico de distribuição granulométrica de 3 amostras distintas do solo de subleito


da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (POLI-UPE). ..................................... 91

Figura 22 – Gráfico de Limite de Liquidez – LL da amostra 1. ............................................... 92

Figura 24 – Gráfico de Limite de Liquidez – LL da amostra 2. ............................................... 92

Figura 25 – Gráfico de Limite de Liquidez – LL da amostra 3. .............................................. 93

Figura 26 – Curvas de compactação do solo, a partir de três amostras analisadas. ................. 94

Figura 27 – Curvas de CBR relativas às três amostras do solo. ............................................... 94

Figura 27 – Gráfico de distribuição granulométrica do RCD-R areia grossa, para 3 amostras


distintas do resíduo. .................................................................................................................. 96

Figura 28 – Curvas de compactação do RCD-R, para 3 amostras do RCD-R areia grossa. .... 98

Figura 29 – Curvas de CBR, para 3 amostras distintas do RCD-R areia grossa. ..................... 99

Figura 30 – Gráfico de distribuição granulométrica do RCD-R brita 19mm, para 3 amostras


distintas do resíduo. ................................................................................................................ 103

Figura 31 – Gráfico de compactação com as três amostras de RCD-R brita 19mm. ............. 105

Figura 32 – Gráfico de ISC (CBR) com três amostras de RCR-R brita 19mm...................... 105

Figura 33 – Planta baixa da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (POLI-UPE)


e destaque às duas vagas de estacionamento em concreto permeável. ................................... 110
Figura 34 – Corte esquemático das duas vagas de estacionamento em concreto permeável,
construídas no terreno da POLI-UPE. .................................................................................... 111

Figura 35 – Gráfico de distribuição granulométrica do RCD-R substituto do subleito, em uma


das vagas de estacionamento. ................................................................................................. 112

Figura 36 – Curvas de compactação do RCD-R substituto do subleito, em uma das vagas de


estacionamento. ...................................................................................................................... 113

Figura 37 – Curvas de CBR do resíduo substituto do subleito, em uma das vagas de


estacionamento. ...................................................................................................................... 114

Figura 38 – Gráfico de distribuição granulométrica do RCD-R brita 19mm utilizado na


camada de base do pavimento em concreto permeável .......................................................... 116

Figura 39 – Curvas de compactação do RCD-R substituto da camada de base, empregado em


obra. ........................................................................................................................................ 117

Figura 40 – Curvas de ISC ou CBR do RCD-R substituto da camada de base, empregado em


obra. ........................................................................................................................................ 118
LISTA DE FOTOS

Foto 1 – Diversos tipos de revestimentos para pavimentação permeável. ............................... 22

Foto 2 – Situação das áreas externa e interna da POLI, no dia 09 de Maio de 2016. .............. 23

Foto 3 – Pavimentos em asfalto convencional (A) e em concreto permeável (B), lado a lado,
em dia de chuva, em Mount Vernon-WA. ............................................................................... 36

Foto 4 – Pavimentos em concreto convencional (A) e permeável (B), lado a lado. ................ 37

Foto 5 – Execução de pavimentos em concreto permeável, na USP, com dois diferentes


sistemas de infiltração. ............................................................................................................. 51

Foto 6 – Calçada executada experimentalmente na USP em concreto permeável, sem manta


geossintética ou lona impermeável. .......................................................................................... 52

Foto 7 – Fissuras e musgos em pavimento em concreto permeável. ........................................ 55

Foto 8 – Teste de permeabilidade feito em campo, de acordo com a ASTM C1701/M. ......... 58

Foto 9 – Teste de permeabilidade modificado, segundo a ISO 17785-1 (2016). ..................... 59

Foto 10 – Material utilizado na base de uma calçada em concreto permeável, na USP. ......... 61

Foto 11 – Imagens de uma usina de beneficiamento de RCD, situada no município de


Camaragibe-PE. ........................................................................................................................ 66

Foto 12 – Resíduos de Construção e Demolição utilizados na primeira (A) e terceira (B)


etapas. ....................................................................................................................................... 66

Foto 13 – RCD-R analisados na primeira (A) e na terceira (B) etapas do procedimento


metodológico. ........................................................................................................................... 67

Foto 14 – Coleta do solo do terreno da POLI-UPE para determinação da massa específica, in


situ, com emprego de frasco de areia (A) à profundidade de 0,90m (B) e de 1,50m (C)......... 69

Foto 15 – Amostras secas provenientes das perfurações no solo da POLI-UPE a 0,90m (A) e a
1,50m (B) abaixo da superfície................................................................................................. 70

Foto 16 – Máquina empregada no teste de compactação do solo da POLI-UPE. .................... 71


Foto 17 – Brita 12 (A), água potável e cimento CPV (B) e aditivos (C) componentes do
concreto. ................................................................................................................................... 80

Foto 18 - Aparência fluida do concreto aos 5 minutos de betonada (A), concreto permeável na
betoneira (B) e aparência final do concreto (C). ...................................................................... 80

Foto 19 – Moldagem dos corpos de prova de concreto permeável, para ensaios precedentes à
obra. .......................................................................................................................................... 81

Foto 20 – Preparação das amostras de concreto permeável para o teste de permeabilidade em


laboratório (A) e realização do ensaio (B)................................................................................ 82

Foto 21 – Início da escavação do terreno da POLI-UPE. ......................................................... 83

Foto 22 – Compactação do RCD-R areia grossa substituto de parte do subleito existente. ..... 83

Foto 23 – Controle da densidade do resíduo in situ, a partir do ensaio com frasco de areia.... 84

Foto 24 – Forração do subleito com manta geossintética não-tecido e início da execução da


base. .......................................................................................................................................... 84

Foto 25 – Base do pavimento pronta para receber a camada de revestimento em concreto


permeável.................................................................................................................................. 85

Foto 26 – Aparência do concreto utilizado na obra. ................................................................. 86

Foto 27 – Início da execução da camada de revestimento em concreto permeável. ................ 86

Foto 28 – Compactação do revestimento em concreto permeável. .......................................... 87

Foto 29 – Cobertura do concreto com lona plástica (A) e moldagem de corpos de prova em 3
camadas (B) e em 1 camada (C). .............................................................................................. 87

Foto 30 – Obra de pavimentação concluída (A), materiais empregados no teste (B) e a


montagem dos equipamentos em um dos pontos onde o ensaio de permeabilidade foi
realizado (C). ............................................................................................................................ 88

Foto 31 – Início da sedimentação, aparência do material após 24h e final do ensaio. ............. 97

Foto 32 – Máquina para compactação, material no ramo seco e próximo à umidade ótima. .. 98

Foto 33 – Determinação dos limites de liquidez e plasticidade. ............................................ 100


Foto 34 – Início do ensaio de permeabilidade do solo a carga constante. .............................. 100

Foto 35 – RCD-R brita 19mm (A), processo de quarteamento do material (B) e separação
através da gravimetria (C). ..................................................................................................... 103

Foto 36 – Ensaio de resistência à compressão simples, antes da obra. .................................. 120

Foto 37 – Ensaio de resistência à tração por compressão diametral, antes da obra. .............. 121

Foto 38 – Corpos de prova compactados em uma camada (A), ruptura após ensaio de
compactação por compressão (B) e ruptura após ensaio de tração por compressão diametral
(C). .......................................................................................................................................... 124
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Coleta de RCD no Brasil e nas Regiões brasileiras. ............................................... 27

Tabela 2 – Valores típicos de coeficiente de permeabilidade. ................................................. 47

Tabela 3 – Tipo de infiltração do pavimento em função das condições locais. ....................... 47

Tabela 4 – Coeficiente de permeabilidade em função do tipo de solo. .................................... 48

Tabela 5 – Especificação para o material de sub-base e/ou base. ............................................ 48

Tabela 6 – Distribuição granulométrica recomendada para material de sub-base e/ou base. .. 49

Tabela 7 – Resistência mecânica e espessura mínima do revestimento permeável. ................ 56

Tabela 8 – Proporções da mistura por metro cúbico de concreto. ............................................ 68

Tabela 9 – Proporções da mistura por metro cúbico de concreto. ............................................ 85

Tabela 10 – Densidade e umidade do solo in situ. ................................................................... 90

Tabela 11 – Distribuição granulométrica do solo de subleito da POLI-UPE (Classificação


conforme ABNT NBR 6502, 1995). ........................................................................................ 92

Tabela 12 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização do solo existente na POLI-
UPE........................................................................................................................................... 95

Tabela 13 – Exigências contidas na ABNT NBR 15115 (2004) para o emprego adequado de
RCD-R como material de reforço ou substituição do subleito. ................................................ 99

Tabela 14 – Resumo dos resultados dos ensaios com o RCD-R servível à substituição do
subleito. .................................................................................................................................. 101

Tabela 15 – Resultado do ensaio gravimétrico com o RCD-R componente da base do sistema.


................................................................................................................................................ 102

Tabela 16 – Resumo dos resultados dos ensaios com o RCD-R servível à base do pavimento.
................................................................................................................................................ 106
Tabela 17 – Resultados dos ensaios com o RCD-R areia grossa utilizado em obra e exigências
contidas na ABNT NBR 15115 (2004) e na ABNT NBR 15116 (2004). .............................. 114

Tabela 18 – Resumo dos resultados dos ensaios com o RCD-R servível à substituição do
subleito utilizado em obra....................................................................................................... 115

Tabela 19 – Resumo dos resultados dos ensaios com o RCD-R substituto da base, utilizado
em obra. .................................................................................................................................. 119

Tabela 20 – Resultados dos ensaios desenvolvidos com o concreto permeável, antes da obra.
................................................................................................................................................ 121

Tabela 21 – Densidade in situ do RCD-R substituto do subleito, durante a execução da obra.


................................................................................................................................................ 122

Tabela 22 – Massas específicas do RCD-R areia grossa substituto do subleito existente, em


diferentes fases da pesquisa. ................................................................................................... 123

Tabela 23 – Resultados dos ensaios desenvolvidos com o concreto permeável utilizado na


obra. ........................................................................................................................................ 125

Tabela 24 – Resultados do ensaio de permeabilidade do pavimento, in situ. ........................ 125

Tabela 25 – Resumo dos resultados referentes ao ensaios com o concreto permeável utilizado
como material de revestimento. .............................................................................................. 126
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 19

1.1 Contextualização ........................................................................................................ 19

1.2 Justificativa ................................................................................................................ 22

1.3 Objetivos .................................................................................................................... 24

1.3.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 24

1.3.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 24

1.4 Estrutura da Pesquisa ................................................................................................. 24

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 26

2.1 Resíduos de Construção e Demolição (RCD) ............................................................ 26

2.1.1 Geração de RCD no Brasil ................................................................................. 26

2.1.2 Beneficiamento e preparação do RCD para sua reutilização ou reciclagem ...... 29

2.1.3 Reutilização de RCD a partir de resoluções normativas nacionais .................... 31

2.2 Sistemas de pavimentação ......................................................................................... 33

2.2.1 Pavimentação convencional ............................................................................... 34

2.2.2 Pavimentação permeável .................................................................................... 35

2.3 O concreto permeável ................................................................................................ 36

2.4 Pavimentação em concreto permeável: concepção projetual..................................... 38

2.4.1 Condições de carregamento ................................................................................ 39

2.4.2 Condições pluviométricas .................................................................................. 40

2.4.3 Requisitos do subleito de pavimentos em concreto permeável .......................... 45

2.4.4 Requisitos das camadas de base e/ou sub-base .................................................. 48

2.4.5 Requisitos do revestimento em concreto permeável .......................................... 53

2.5 Utilização de RCD-R em pavimentos em concreto permeável ................................. 60

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ............................................... 63


3.1 Materiais .................................................................................................................... 65

3.1.1 Solo do subleito da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (POLI-


UPE) 65

3.1.2 RCD-R proveniente de usina em Camaragibe-PE .............................................. 65

3.1.3 Material para a composição do revestimento em concreto permeável ............... 67

3.1.4 Material geossintético ......................................................................................... 68

3.2 Procedimento metodológico ...................................................................................... 69

3.2.1 Etapa 1: Caracterização do subleito da POLI-UPE e dos Resíduos de


Construção e Demolição Reciclados (RCD-R) servíveis à substituição do subleito e da
camada de base ................................................................................................................. 69

3.2.2 Etapa 2: Dimensionamento do sistema de pavimentação ................................... 75

3.2.3 Etapa 3: Coleta e caracterização dos materiais utilizados na execução do


pavimento ......................................................................................................................... 76

3.2.4 Etapa 4: Execução do sistema de pavimentação ................................................ 82

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .......................................................... 90

4.1 Etapa 1: Caracterização do subleito da POLI-UPE e dos RCD-R servíveis à


substituição do subleito e da camada de base ....................................................................... 90

4.1.1 Caracterização do solo do subleito da POLI-UPE ............................................. 90

4.1.2 Caracterização do RCD-R substituto do solo do subleito .................................. 96

4.1.3 Caracterização do RCD-R substituto do material da base do pavimento ......... 102

4.2 Etapa 2: Dimensionamento do sistema de pavimentação ........................................ 107

4.3 Etapa 3: Caracterização dos materiais utilizados na execução do pavimento ......... 111

4.3.1 Caracterização do RCD-R substituto do solo do subleito na execução do


pavimento ....................................................................................................................... 111

4.3.2 Caracterização do RCD-R substituto do material da base do pavimento na


execução do pavimento .................................................................................................. 115

4.3.3 Caracterização do pedrisco componente do revestimento em concreto permeável


na execução do pavimento.............................................................................................. 119
4.3.4 Caracterização do revestimento em concreto permeável na execução do
pavimento ....................................................................................................................... 119

4.4 Etapa 4: Execução do sistema de pavimentação ...................................................... 122

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 127

5.1 Conclusões ............................................................................................................... 127

5.2 Sugestões para trabalhos futuros.............................................................................. 128

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 130

ANEXO 1............................................................................................................................142

ANEXO 2............................................................................................................................145

ANEXO 3............................................................................................................................146

ANEXO 4............................................................................................................................147
19

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

A construção civil apresenta grande relevância no cenário econômico brasileiro, tendo


apontando participação de 13,1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no ano de 2010
(IBGE, 2015). Contudo, esta posição de destaque contrapõe-se aos danos socioambientais
trazidos por este setor, sendo cada vez mais urgente o enquadramento do mesmo a estratégias
de desenvolvimento sustentável (GUSMÃO, 2008).

Essa necessidade justifica-se, sobretudo, pelo fato de que novas edificações e reformas
demandam um grande montante de recursos naturais, bem como são geradas, anualmente,
milhares de toneladas de resíduos provenientes da construção e da demolição de edifícios.

O intenso e acelerado processo de urbanização das cidades também provoca a


impermeabilização do solo, o que traz consigo uma série de consequências negativas ao meio
ambiente, tais como altas taxas de escoamento superficial, ilhas de calor, efeito estufa,
aumento da poluição, a falta de reabastecimento do lençol freático, dentre outras questões.

Relativamente ao consumo de matérias primas por parte da construção civil, Taipale (2012)
constata que o setor consome cerca de um terço dos recursos naturais existentes. John (2000)
afirma que é difícil estimar valores precisos. Contudo, cita o estudo desenvolvido por
Sjöström (1996), que cita a construção civil como consumidora de 14 a 50% de todos os
recursos naturais extraídos no planeta. Gusmão (2008) exemplifica o que ocorre com a
produção de concreto na cidade do Recife, que utiliza areia proveniente de um município
localizado a 70km da capital pernambucana. O autor ainda afirma que são encontradas
dificuldades para a obtenção de licenciamento ambiental para a exploração de jazidas.

Quanto à geração de resíduos, pondera-se que aqueles oriundos das atividades construtivas
representem de 41 a 70% de todos os resíduos produzidos em meios urbanos, no país
(GUSMÃO, 2008) e de 30 a 40% dos resíduos sólidos gerados no planeta (TAIPALE, 2012).
Este problema agrava-se devido ao intenso adensamento construtivo nas grandes cidades, uma
vez que se reduzem as áreas de deposição adequada dos rejeitos e é cada vez mais comum seu
despejo ilegal em terrenos baldios e em margens de cursos d’água, “provocando o
assoreamento dos rios, obstrução de canais, poluição ambiental e visual, e o surgimento de
vetores causadores de doenças” (GUSMÃO, 2008, p.16).
20

Formoso et al.(2002) citam duas grandes pesquisas realizadas no Brasil, por volta da década
de 1990 (PINTO, 1989; PICCHI, 1993), que tiveram como objetivo quantificar a geração de
Resíduos de Construção e Demolição (RCD) no país. Embora ambas tenham indicado
números alarmantes, Formoso et al. (2002) afirmam que alguns representantes da indústria
enxergaram grande potencial nos programas de prevenção de resíduos, mas, outras empresas,
preocupadas com sua imagem pública, negaram os resultados apresentados.

Em 2002, contudo, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) criou a resolução de


número 307, que visa “estabelecer diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos
resíduos da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os
impactos ambientais” (CONAMA, 2002, p.1). Tal resolução contribuiu com a elaboração da
Lei nacional 12.305, de Agosto de 2010, que visa o gerenciamento dos resíduos sólidos, a
partir da utilização de instrumentos econômicos viáveis e da atribuição de responsabilidades
ao poder público e aos geradores dos resíduos.

A partir da vigência da Lei 12.305 (2010), setores públicos e privados brasileiros tiveram
maior acesso a informações acerca da destinação correta dos RCD, bem como passaram a
estudar diferentes maneiras de reaproveitá-los. Uma das alternativas eficazes é a sua
reutilização em sistemas de pavimentação. E, para isso, em 2004, foi publicada a norma
ABNT NBR 15115, que estabelece os parâmetros de adequabilidade dos Resíduos de
Construção e Demolição para sua devida aplicação nas diferentes camadas dos pavimentos.

A tecnologia de reaproveitamento de resíduos em pavimentos vem sendo empregada no Brasil


e pode ser considerada como contributo à diminuição da grande quantidade de RCD gerado
atualmente no país. Contudo, é importante frisar que a norma baseia-se em parâmetros e
requisitos relacionados a sistemas de pavimentação convencionais, não sendo citada a
possibilidade de construção de pavimentos permeáveis, a partir do uso de RCD-R.

Conforme dito anteriormente, o processo de urbanização promove a impermeabilização do


solo urbano, dificultando o reabastecimento natural do lençol freático e provocando
alterações, por vezes irreversíveis, no ciclo hidrológico1 das grandes cidades.

De acordo com Tucci (2002),

1
Segundo Paz (2004), o ciclo hidrológico consiste no movimento contínuo da água no planeta e é compreendido
pelos fenômenos de evaporação, precipitação, interceptação, infiltração, escoamento superficial, percolação e
escoamento subterrâneo.
21

O desenvolvimento urbano brasileiro tem produzido um impacto


significativo na infraestrutura de recursos hídricos. Um dos principais
impactos tem ocorrido na drenagem urbana, na forma de aumento da
frequência e magnitude das inundações e deterioração ambiental. Para o
controle deste impacto, é necessário desenvolver uma série de ações
ordenadas de forma a buscar equilibrar o desenvolvimento com as condições
ambientais das cidades (TUCCI, 2002, p.5).

Diante deste contexto, países como Austrália, Estados Unidos e Inglaterra, por exemplo, vêm
adotando o uso de pavimentos permeáveis em ambientes externos, expostos às intempéries, a
fim de mitigar ou solucionar problemas relativos, principalmente, à impermeabilização do
solo, drenagem urbana e emissão de calor nas grandes cidades. Ferguson (2005) defende a
estratégia, apresentando como argumentos a possibilidade de se produzirem pisos drenantes a
baixos custos, além de outras vantagens proporcionadas a partir da sua utilização, como a
filtragem natural das águas pluviais, a melhor distribuição de irrigação para as árvores e
arbustos, maior segurança para os motoristas, dentre outros benefícios.

No Brasil, a primeira norma nacional que trata de pavimentos permeáveis é a ABNT NBR
16416, publicada recentemente, em agosto de 2015 e que é referente apenas a sistemas que
utilizam o concreto – moldado no local, em placas ou em blocos – como material de
revestimento.

Embora a ABNT NBR 16416 (2015) cite apenas os revestimentos em concreto, existem
outros tipos de materiais que podem ser empregados nesta camada, tais como os asfaltos
permeáveis ou compósitos também permeáveis, formados pela mistura entre resina polimérica
e agregados diversos (cerâmica, rochas naturais ou borracha).

De acordo com Garber (2010), contudo, o mais versátil e promissor destes revestimentos é o
concreto permeável moldado no local, que vem sendo bastante utilizado atualmente,
sobretudo nos Estados Unidos e, por esta razão, sistemas de pavimentação permeável com
este tipo de revestimento são o objeto de estudo da presente pesquisa. A Foto 1 apresenta
blocos pré-moldados em concreto convencional com áreas (A) e juntas (B) vazadas, bem
como o asfalto (C) e o concreto (D) permeáveis, ambos moldados no local.
22

Foto 1 – Diversos tipos de revestimentos para pavimentação permeável.

(A) (B) (C) (D)

Fonte: Almeida (2016).

1.2 Justificativa

Diante dos problemas apresentados, relativos ao consumo de recursos naturais, à geração de


RCD e à impermeabilização do solo, faz-se necessário que o setor da Construção Civil busque
soluções e práticas alternativas que visem o desenvolvimento sustentável.

No contexto do gerenciamento de águas pluviais, por exemplo, o uso do concreto permeável


na pavimentação é considerado pela Agência de Proteção Ambiental Americana
(Environmental Protection Agency – EPA) como uma das “Melhores práticas de
gerenciamento” ou Best Management Practices – BMP’s (NATIONAL READY MIXED
CONCRETE ASSOCIATION, 2011).

Pavimentos deste tipo também são adotados em diversos projetos considerados “de baixo
impacto ambiental” (LID - Low Impact Development), além de contar pontuação no sistema
de classificação LEED – Leadership in Energy and Environmental Design, elaborado pelo
USGBC – United States Green Building Council.

O emprego de sistemas de pavimentação em concreto permeável, atrelado à utilização de


Resíduos de Construção e Demolição Reciclados (RCD-R) parece ser uma estratégia bastante
eficaz em termos socioambientais, uma vez que não apenas permite a percolação da água
através da estrutura do sistema, mas sua construção demanda menos recursos naturais que os
pavimentos convencionais, e ainda proporciona o reaproveitamento de materiais descartados
pela população.

No Brasil, algumas pesquisas foram desenvolvidas com o intuito de introduzir RCD-R na


camada de revestimento de pavimentos em concreto permeável. Alves (2016), por exemplo,
analisou a viabilidade de utilização de resíduos em blocos intertravados de concreto
permeável. Tavares; Kazmierczak (2016) estudaram o comportamento do concreto permeável
moldado no local, com adição de RCD-R.
23

Poucos estudos, no entanto, dão enfoque ao uso dos Resíduos de Construção e Demolição nas
demais camadas do sistema. Rahman et al. (2014), entretanto, investigaram a possibilidade de
se empregar RCD-R na camada de base de pavimentos permeáveis. A partir de ensaios
geotécnicos, hidrológicos e químicos, os autores chegaram à conclusão de que os resíduos
empregados na pesquisa são adequados ao uso não somente em pavimentos com revestimento
em concreto permeável, mas em sistemas de pavimentação permeável em geral.

A norma nacional ABNT NBR 16416 (2015) exige que para sistemas de infiltração total, ou
seja, para que a água que passa pelo pavimento seja totalmente direcionada para o subleito, o
solo logo abaixo da estrutura precisa ter um coeficiente de permeabilidade elevado,
equivalente ao de uma areia grossa, dificilmente encontrado na natureza. Desse modo,
também com o intuito de melhorar a eficiência hidráulica do pavimento, faz sentido analisar o
coeficiente de permeabilidade dos RCD-R, considerando utilizá-lo como material de reforço
ou de substituição de solos de subleito, em sistemas de pavimentação em concreto permeável.

Devido à necessidade crescente de alternativas que vise o enquadramento do setor da


Construção Civil às estratégias de desenvolvimento sustentável e em virtude da carência de
estudos relacionados à utilização de RCD-R nas diversas camadas de sistemas de
pavimentação em concreto permeável moldado no local, a presente pesquisa mostra-se
relevante, sobretudo no contexto em que se encontram as grandes cidades contemporâneas.

Como estudo de caso específico, foi escolhido o parque de estacionamento da Escola


Politécnica da Universidade de Pernambuco (POLI-UPE), sobretudo porque o mesmo
apresenta vários pontos de alagamento sempre que ocorrem eventos chuvosos. Quando há
precipitações mais intensas, como a da manhã do dia 09 de Maio de 2016 (Foto 2), por
exemplo, a escola não apresenta condições de funcionar.

Foto 2 – Situação das áreas externa e interna da POLI, no dia 09 de Maio de 2016.

Fonte: A autora (2016).


24

Neste contexto, a execução de um pavimento permeável no parque de estacionamento da


universidade pode ser um instrumento mitigador do problema, uma vez que o novo sistema de
pavimentação permitiria a infiltração da água no solo, diminuindo os pontos críticos de
alagamento.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar a viabilidade técnica de utilização de Resíduos de Construção e Demolição


Reciclados (RCD-R) no subleito e na camada de base de um pavimento em concreto
permeável.

1.3.2 Objetivos Específicos

Para alcançar o objetivo geral, alguns objetivos específicos são necessários:

 Caracterizar e analisar os Resíduos de Construção e Demolição componentes do


subleito e da base do sistema projetado;

 Caracterizar o agregado componente do concreto permeável e o próprio concreto, nos


estados fresco e endurecido;

 Dimensionar, executar e avaliar a eficácia hidráulica de um pavimento em concreto


permeável em duas vagas de estacionamento no terreno da Escola Politécnica de
Pernambuco.

1.4 Estrutura da Pesquisa

O presente estudo está dividido em cinco capítulos. O primeiro deles apresenta a


contextualização e a justificativa da problemática em questão. Também são definidos aí os
objetivos geral e específicos da pesquisa.

O capítulo 2 trata da revisão bibliográfica, conceituando-se Resíduos de Construção e


Demolição, sistemas de pavimentação convencional e permeável e aspectos específicos do
pavimento com revestimento em concreto permeável, sendo evidenciadas questões relativas
ao material em si, ao seu projeto e à sua execução.
25

O capítulo 3 aborda os materiais e procedimentos metodológicos adotados, explicitando-se as


características do solo do terreno em análise, os tipos de RCD-R empregados no subleito e na
camada de base do sistema, e também se indicando quais os ensaios realizados e como foram
desenvolvidos.

Os materiais e métodos relativos ao revestimento em concreto permeável seguiram as


recomendações propostas por Batezini (2016) e, no terceiro capítulo, também é referida esta
questão. Ainda no capítulo 3, é descrito o processo de execução do pavimento, que toma
como base os procedimentos indicados por Almeida (2016) e Batezini (2016).

No capítulo 4, são explanados os resultados dos ensaios laboratoriais e de campo, e também


são tecidos comentários a respeito dos mesmos. Considerações finais são feitas no capítulo 5
e, por fim, são descritas as referências utilizadas.
26

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Resíduos de Construção e Demolição (RCD)

A Política Nacional de Resíduos Sólidos brasileira considera que Resíduos de Construção


Civil (RCC) ou Resíduos de Construção e Demolição (RCD) são aqueles “gerados nas
construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os
resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis” (BRASIL, 2010, Art. 13).

A fim de facilitar e tornar sustentáveis os procedimentos de segregação, acondicionamento,


deposição final e reuso ou reciclagem dos RCD, a resolução de número 307, publicada em
2002 pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), classifica os resíduos em
diferentes categorias, conforme explicitado no Quadro 1.

Quadro 1 – Classificação dos RCD, conforme resolução 307 do CONAMA (2002).


Classe A: São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de
infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos
(tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos,
tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
Classe B: São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel, papelão,
metais, vidros, madeiras, embalagens vazias de tintas imobiliárias e gesso;

Classe C: São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações
economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação;
Classe D: São resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e
outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e
reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais
objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.
Fonte: CONAMA (2002).

2.1.1 Geração de RCD no Brasil

No Brasil, a deposição dos Resíduos de Construção e Demolição é realizada de maneira


inadequada por muitos dos seus geradores, o que dificulta bastante o processo de
quantificação do material. Ainda assim, a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza
Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE, juntamente com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE, realizam anualmente pesquisas com o intuito de contabilizar o
RCD gerado pelos municípios brasileiros.
27

De acordo com a ABRELPE (2014), a média registrada no país, no ano de 2014, foi de
122.262 toneladas de RCD coletado por dia. Dentre as regiões brasileiras, o Sudeste é o maior
produtor de Resíduo de Construção e Demolição, chegando à marca de 63.469 toneladas de
RCD coletado por dia. O Nordeste assume a segunda colocação, com 24.066t/dia. A Tabela 1
ilustra os resultados apurados.

Tabela 1 – Coleta de RCD no Brasil e nas Regiões brasileiras.


RCD coletado (t/dia) Índice (Kg/hab./dia)
BRASIL 122.262 0,603
REGIÃO NORTE 4.539 0,263
REGIÃO NORDESTE 24.066 0,428
REGIÃO CENTRO-OESTE 13.675 0,899
REGIÃO SUDESTE 63.469 0,746
REGIÃO SUL 16.513 0,569
Fonte: ABRELPE; IBGE apud ABRELPE (2014).

Multiplicando-se a média de Resíduo de Construção e Demolição gerado no país pela


quantidade de dias do ano, pode-se afirmar que, em 2014, o Brasil produziu 44.625.630
toneladas de RCD. Comparativamente ao ano anterior, essa média denota um aumento na
quantidade de resíduos gerados pelos municípios de cerca de 4%, conforme ilustrado na
Figura 1.

Figura 1 – Total de RCD coletados no Brasil e regiões, nos anos de 2013 e 2014 (t x 1000/ano).

Fonte: ABRELPE (2014).

Segundo o IBGE (2014), a população brasileira correspondia a cerca de 202.700.000


habitantes, em 2014. Ou seja, a produção de RCD per capita neste ano foi de 0,22 toneladas
por habitante. Esse valor, contudo, parece não representar a realidade brasileira, tendo em
28

vista que Kibert (2013) considera padrão de um país desenvolvido uma média de geração de
RCD per capita igual a 0,5.

Desse modo, a fim de averiguar os números apresentados pela ABRELPE (2014), buscou-se
comparar a produção de resíduos per capita no país com os mesmos dados da União Europeia
e dos Estados Unidos.

As informações mais recentes relativas à geração de RCD na União Europeia datam de 2012 e
então a análise comparativa tomou como referência este ano específico. Observa-se que a
Figura 2 denota, de fato, uma produção muito pequena do resíduo per capita no Brasil,
comparativamente aos Estados Unidos e à União Europeia.

Figura 2 – RCD coletados per capita no Brasil, Estados Unidos e União Europeia, no ano de 2012.
1,8

1,6
RCD coletado per capita (t/hab/ano)

1,4

1,2

0,8

0,6

0,4

0,2

0
BRASIL UNIÃO EUROPEIA EUA

Fonte: IBGE (2012); ABRELPE (2012); EUROSTAT (2012); CENSUS (2012).

Os resultados expostos na Figura 2 podem ser explicados, em parte, pelo fato de que, em
2012, o Produto Interno Bruto (PIB) produzido pelo setor da Construção Civil estava em
declínio no país, conforme mostra a Figura 3.

Segundo Bovea; Powell (2016), uma grande quantidade de resíduos é gerada sempre que há
construções, demolições e obras de Engenharia Civil de modo geral. Concomitantemente,
considera-se que quando há menos construções e reformas no setor da construção civil, são
produzidas menores quantidades de resíduos.
29

Figura 3 – PIB Brasil x PIB Construção Civil (Variação %) – 2004/2015.

Fonte: IBGE (2015).

Contudo, mesmo com o decréscimo do número de obras ocorridas no ano de 2012, é possível
que o RCD coletado no Brasil represente apenas uma pequena parcela de tudo o que é
realmente gerado no país. A deposição inadequada de RCD faz com que a quantificação deste
material seja realizada apenas com base no que é descartado nos logradouros públicos e, a
isso, é preciso que se dê a devida atenção.

2.1.2 Beneficiamento e preparação do RCD para sua reutilização ou reciclagem

De acordo com Cardoso et al. (2015), além do descarte inadequado de Resíduos de


Construção e Demolição, também é comum a deposição dos mesmos em aterros. Contudo,
ainda segundo os autores, por vezes, quantidades significativas de material aterrado retornam
à superfície e então isto volta a ser um problema.

Segundo Miranda et al. (2009), desde a publicação da resolução de número 307 da CONAMA
(2002), esta realidade mudou e o número de geradores que passaram a destinar
adequadamente os resíduos provenientes de obras de construção civil aumentou
consideravelmente.

Ainda segundo os autores, a quantidade de usinas de beneficiamento de RCD classe A


também cresceu, inclusive cedendo espaço ao setor privado neste segmento, antes
predominantemente ocupado por prefeituras de municípios do Sudeste brasileiro. Neste
sentido, a Figura 4 ilustra o que aconteceu no período entre os anos de 1991 e 2008.
30

Figura 4 – Usinas de reciclagem de RCD classe A inauguradas ao longo dos anos.

Fonte: Miranda et al. (2009).

Resíduos de Construção e Demolição Classe A reciclados são classificados conforme sua


composição. No Brasil, a ABNT NBR 15116 (2004) define que Agregados Reciclados de
Concreto (ARC) são aqueles cujo teor de materiais à base de cimento e rochas é maior que
90%, enquanto que em Agregados Reciclados Mistos (ARM), este teor é menor que 90%.

Contudo, a separação entre ARC e ARM, nas usinas de beneficiamento brasileiras e em


diversos países do mundo, é realizada por meio de inspeção visual e catação manual. Miranda
et al. (2009) reiteram que, mesmo que a seleção desses materiais seja feita adequadamente,
sua homogeneidade e sua aceitação no mercado não são garantidas, sobretudo devido à
provável presença de contaminantes (madeiras, plásticos, vidros) nas amostras
comercializadas.

Quanto a essa dificuldade de homogeneização dos materiais reciclados, outra questão


levantada por Cardoso et al. (2015) é que a qualidade do agregado é variável e está muito
ligada à sua origem. Um RDC-R proveniente de um concreto de alta densidade, por exemplo,
vai apresentar maior resistência mecânica que um material com bastante argamassa residual,
por exemplo, sobretudo porque a argamassa é um material de microestrutura porosa e muito
menos densa que o concreto.

Além disso, Angulo (2004) destaca que a separação entre resíduos vermelhos (cerâmicos),
resíduos cinzas (de material cimentício), contaminantes e ainda rochas naturais, por meio de
31

catação, caracteriza-se como um processo barato, porém falho, já que os RCD apresentam
propriedades físico-químicas diversas e isso não se determina apenas através da sua
coloração.

O autor referencia uma técnica denominada separação por líquidos densos, em que se
submergem Resíduos de Construção e Demolição de origens e características distintas em
líquidos de densidades pré-determinadas – neste estudo específico, utilizaram-se líquidos com
1,7; 1,9; 2,2 e 2,5kg/dm³ (ANGULO, 2004).

Angulo (2004) demonstra que este método relaciona a densidade dos materiais com sua
porosidade e, consequentemente, com sua resistência mecânica, que normalmente é o que
importa para quem deseja fazer uso de RCD-R em obras de construção civil. Desse modo,
separam-se, de maneira simples, os contaminantes, as rochas naturais, e as argamassas e
materiais cerâmicos contidos nas amostras analisadas.

Para além do processo de separação dos diversos tipos de resíduos, também é relevante
considerar o processo de beneficiamento dos RCD. Cardoso et al. (2015) afirma que para se
obter maior controle da curva granulométrica do agregado reciclado, o ideal é que o Resíduo
de Construção e Demolição passe pelo processo de britagem pelo menos duas vezes. Os
autores ainda reiteram que quando o material é submetido a um único processo de trituração,
normalmente são produzidos grãos lamelares, ou seja, com alto índice de forma, o que é
considerado uma desvantagem em termos de resistência mecânica, tanto em agregados
naturais quanto em reciclados.

2.1.3 Reutilização de RCD a partir de resoluções normativas nacionais

Conforme dito anteriormente, faz-se necessário que sejam tomadas diversas medidas e
precauções para que Resíduos de Construção e Demolição possam ser empregados como
substitutos do agregado natural, sem que haja descaracterização do material, sobretudo
relativamente à sua resistência mecânica.

Dessa forma, para que o emprego de RCD-R se tornasse uma prática viável no Brasil, foram
publicadas, em 2004, uma série de resoluções normativas que estabelecem parâmetros e
requisitos para a adaptação dos resíduos a variadas situações, conforme explicitado no Quadro
2.
32

Quadro 2 – Normas técnicas relativas aos RCD


Norma Título
ABNT NBR 15.112 (2004) Resíduos de construção civil e resíduos volumosos – áreas de transbordo e
triagem – diretrizes para projeto, implantação e operação.
ABNT NBR 15.113 (2004) Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes. Aterros. Diretrizes para
projeto, implantação e operação.
ABNT NBR 15.114 (2004) Resíduos sólidos da construção civil. Áreas de reciclagem. Diretrizes para
projeto, implantação e operação.
ABNT NBR 15.115 (2004) Agregados reciclados e resíduos sólidos da construção civil. Execução de
camadas de pavimentação. Procedimentos.
ABNT NBR 15.116 (2004) Agregados reciclados e resíduos sólidos da construção civil – utilização em
pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos.
Fonte: Gusmão (2008).

Estudos como o de Proença (2012) e Leite et al. (2011) foram desenvolvidos com o intuito de
comprovar a viabilidade técnica da utilização de Resíduos de Construção e Demolição
Reciclados (RCD-R) em sistemas de pavimentação convencionais, tema abordado pela ABNT
NBR 15.115 (2004). A norma estabelece critérios para a devida aplicação de agregados
reciclados nas camadas de reforço do subleito, sub-base, base e revestimento.

Proença (2012), por exemplo, analisou amostras de RCD-R oriundas da mesma usina de
beneficiamento que forneceu material para o desenvolvimento da presente pesquisa. Após a
realização de ensaios de caracterização física e mecânica, o autor concluiu que o material
adequa-se ao uso em camadas de pavimentação em vias de baixo tráfego.

Leite et al. (2011) submeteu a ensaios físicos e mecânicos agregados reciclados advindos de
outra usina, localizada na região metropolitana de São Paulo. Os resultados obtidos, assim
como os de Proença (2012), foram considerados compatíveis às exigências contidas na ABNT
NBR 15115 (2004), para a utilização do agregado em camadas de vias de tráfego leve.

É importante destacar, contudo, que a ABNT NBR 15.115 (2004) refere-se a sistemas de
pavimentação convencional e não é citada, ao longo do texto, a possibilidade de utilização de
RCD-R em sistemas de pavimentação permeável.

É sabido que o tema desta pesquisa trata de um estudo de viabilidade para a execução de um
pavimento em concreto permeável com adição de RCD-R no subleito e na camada de base do
sistema. É importante que se compreenda, entretanto, como são conformados os pavimentos
convencionais, as principais diferenças entre pavimentos convencionais e permeáveis, quais
as peculiaridades do concreto permeável enquanto material de revestimento, para que, por
fim, se estude a viabilidade da introdução de RCD-R neste contexto.
33

2.2 Sistemas de pavimentação

Tem-se, por definição, que pavimentos são estruturas construídas sobre terraplanagem e
destinadas técnica e economicamente a resistir a esforços verticais (oriundos do tráfego) e
distribuí-los; resistir a esforços horizontais (desgaste), tornando a superfície mais durável e
melhorar as condições de rolamento relativamente ao conforto e à segurança dos usuários
(SENÇO, 2007).

Antes de serem criados os mais diversos tipos de pavimentação existentes nos dias de hoje, as
chuvas eram depositadas diretamente sobre o solo natural, os quais são predominantemente
permeáveis: florestas, prados e campinas, e absorvem grande parte da chuva que cai sobre
eles. Contrariamente, quase tudo que foi e é construído pelo homem durante o processo de
urbanização, como estradas, edificações e parques de estacionamento, são superfícies
impermeáveis (GARBER, 2010), o que dificulta o reabastecimento do lençol freático e causa
uma série de danos, como altas taxas de escoamento superficial, inundações, ilhas de calor e
poluição.

No Brasil, o reaproveitamento da água da chuva advinda de coberturas para fins não potáveis
é adotado em algumas edificações isoladas, tendo sido publicada pela ABNT, no ano de 2007,
a NBR 15527, relativa a essa questão. Contudo, conforme dito anteriormente, a primeira
referência normativa brasileira para pavimentos permeáveis é bastante recente, e ainda não há,
a nível nacional, políticas públicas que, de fato, incentivem satisfatoriamente a sua aplicação.

É importante destacar, entretanto, que é possível que o desenvolvimento urbano ocorra de


maneira sustentável, conforme práticas desenvolvidas pela Environmental Protection Agency
– EPA, nos projetos de desenvolvimento de baixo impacto (Low Impact Development – LID)
e nas obras certificadas pelo Leadership in Energy and Environmental Design – LEED, por
exemplo. Existem diferentes tipos de pavimentação destinados a ambientes externos que não
precisam ser necessariamente impermeáveis, e hoje existem tecnologias que viabilizam sua
execução.

Porém, antes de se conhecerem as características peculiares da pavimentação permeável, faz-


se necessário, prioritariamente, que se compreenda como são definidos e conformados os
sistemas de pavimentação convencional, empregados largamente nos grandes centros urbanos.
34

2.2.1 Pavimentação convencional

O sistema de pavimentação convencional é normalmente constituído de camadas, sendo


considerada racional a utilização de materiais de melhor qualidade nas camadas superiores e
de menor qualidade nas inferiores, uma vez que a carga a que o pavimento é submetido
diminui com o aumento da profundidade. Desse modo, a camada de revestimento deve
apresentar o material mais nobre, seguida da base, sub-base, reforço do subleito e
regularização do subleito (SENÇO, 2007), conforme ilustrado na Figura 5.

Figura 5 – Corte esquemático de um sistema de pavimentação convencional flexível.

Fonte: Brasil (2006).

Cada uma das camadas supracitadas possui características diferentes e assume funções
específicas concernentes ao funcionamento do pavimento. O Quadro 3 explicita os
pormenores relativos ao revestimento, à base, à sub-base, ao reforço do subleito e à camada
de regularização do subleito.

Quadro 3 – Camadas componentes dos sistemas de pavimentação convencional


Camadas Funções e características
Revestimento Também chamado de capa de rolamento ou capa. É a camada, tanto quanto possível,
impermeável, que recebe diretamente a ação do tráfego e é destinada a melhorar a
superfície de rolamento quanto às condições de conforto e segurança, além de resistir ao
desgaste, aumentando a durabilidade da estrutura.
Base Camada destinada a resistir aos esforços verticais oriundos do tráfego e distribuí-los. Na
verdade, os sistemas de pavimentação podem ser conformados apenas por base e
revestimento. Contudo, a base poderá ou não ser complementada por sub-base e reforço do
subleito.
Sub-base Camada complementar à base quando, por circunstâncias técnicas e econômicas, não for
aconselhável construir a base diretamente sobre a regularização ou reforço do subleito. A
sub-base deverá ser composta por material tecnicamente superior ao do reforço e inferior
ao da base.
Reforço do Camada de espessura constante, construída, se necessário, acima da regularização, com
subleito características tecnológicas superiores às da regularização e inferiores às da camada
imediatamente superior (sub-base).
Regularização Camada de espessura irregular, construída sobre o subleito e destinada a conformá-lo,
do subleito transversal e longitudinalmente, com o projeto. Sempre que possível, deve ser executada
com material de aterro.
Fonte: Senço (2007).
35

Na concepção do pavimento convencional, além das camadas componentes, também é preciso


que se considerem as condições mecânicas do subleito, já que, mesmo não fazendo parte do
sistema de pavimentação em si, cabe a ele absorver os esforços transmitidos e distribuídos
pelo pavimento. Brasil (2006) afirma que estes esforços atuam significativamente apenas até
certa profundidade, que corresponde a aproximadamente 1,5m. Contudo, Senço (2007)
ressalta que mesmo se considerando como fundação efetiva do subleito o solo a 1,5m da
superfície, geralmente, as sondagens para amostragem do mesmo são aprofundadas até 3m.

Tendo-se o subleito como esta fração específica do solo, há, entretanto, uma regra em que se
afirma: “subleito ruim e cargas pesadas levam a pavimentos espessos; subleito de boa
qualidade e cargas leves levam a pavimentos delgados” (SENÇO, 2007, p.14).

Os sistemas de pavimentação são classificados, basicamente, como rígidos ou flexíveis, a


depender do seu comportamento mecânico e dos tipos de materiais empregados em suas
camadas componentes. Contudo, segundo Senço (2007), nada impede que existam sistemas
mistos, que apresentem camadas rígidas e flexíveis simultaneamente. Brasil (2006), inclusive,
classifica esse tipo de sistema como semi-rígido. Entretanto, é importante frisar que há
controvérsias quanto à existência desta terceira classificação (VIEIRA FILHO, 2015).

De acordo com Brasil (2006), um pavimento é considerado flexível se todas as camadas que o
compõem sofrem deformação elástica significativa após o carregamento aplicado. Já o
pavimento rígido é aquele cujo revestimento é tão rígido em relação às demais camadas, que
este absorve praticamente todas as tensões provenientes do carregamento aplicado.

Senço (2007) afirma que uma camada rígida é pouco deformável e normalmente constituída
de concreto. Este tipo de camada, segundo o autor, rompe-se, sobretudo, quando submetida à
tração na flexão. No caso da camada flexível, esta se deforma antes da ruptura, principalmente
quando comprimida ou sujeita a esforços de tração na flexão.

2.2.2 Pavimentação permeável

A principal diferença entre o pavimento convencional e o permeável é o fato de que, além de


suportar mecanicamente as cargas às quais é submetido, este tipo de sistema deve apresentar
um coeficiente de permeabilidade mínimo, que permita a percolação de água através de sua
estrutura, mitigando ou solucionando problemas relativos a altas taxas de escoamento
superficial, enchentes, alagamentos, poluição de lagos e rios, dentre outros transtornos,
36

recorrentes, sobretudo, nos grandes centros urbanos. A Foto 3 ilustra a diferença, em termos
de escoamento superficial, entre um pavimento em asfalto convencional (A) e outro em
concreto permeável (B) , em um dia de chuva leve, no município de Mount Vernon, próximo
a Seattle-WA, nos Estados Unidos.

Foto 3 – Pavimentos em asfalto convencional (A) e em concreto permeável (B), lado a lado, em dia de
chuva, em Mount Vernon-WA.

(A)

(B)

Fonte: Almeida (2016).

Dessa forma, o sistema de pavimentação permeável deve apresentar as mesmas camadas


constituintes do pavimento tradicional e deve-se atentar igualmente à caracterização do
subleito, abaixo da estrutura. Contudo, este tipo de pavimento precisa ser composto por
materiais com características pré-determinadas, além de ser executado de maneira peculiar, de
modo que possa apresentar eficiência em termos mecânicos e hidráulicos, simultaneamente.
Normas brasileiras e americanas tratam destas especificidades, as quais serão abordadas ao
longo desta pesquisa.

2.3 O concreto permeável

A identidade do concreto permeável é a inexistência (ou a escassa presença) do agregado


miúdo (areia) em sua composição, o que garante a alta permeabilidade do material. De acordo
com Höltz (2011), sistemas de pavimentação permeável com revestimento em concreto
permeável reduzem a necessidade de serem criados grandes poços de detenção, diminuindo-se
os custos com dispositivos convencionais de drenagem.
37

Além de reduzir o escoamento superficial e os custos com drenagem, esse sistema ainda
possibilita a recarga do lençol freático. Outros benefícios também são citados em
bibliografias, tais como a minimização dos efeitos de ilhas de calor e riscos de aquaplanagem
devido ao acúmulo de água na superfície (HASELBACH ET AL., 2014; HÖLTZ, 2011;
MEHTA; MONTEIRO, 1994; NRMCA, 2011; TENNIS et al., 2004; ACI 522-R, 2010). A
Foto 4 ilustra a diferença entre as texturas dos concretos convencional (A) e permeável (B).

Foto 4 – Pavimentos em concreto convencional (A) e permeável (B), lado a lado.

(A)

(B)

Fonte: Almeida (2016).

De acordo com Tennis et al. (2004), o concreto permeável pode ser utilizado principalmente
quando o objetivo é aproveitar a alta taxa de penetração da água, sendo, portanto, empregado
em rodovias de tráfego leve, áreas de estacionamento, quadras de tênis e estufas. Além disso,
a ACI 522 R (2010) afirma que pavimentos em concreto permeável possuem boas
propriedades acústicas, uma vez que alteram a geração de ruídos minimizando o
bombeamento de ar entre o pneu e a superfície das vias, além de absorver o som através da
fricção interna entre as moléculas do ar em movimento e as paredes dos poros.

Neithalath, Weiss e Olek (2006), ao analisarem o desempenho acústico e hidráulico de


pavimentos em concreto com a porosidade melhorada (percentual de vazios entre 15 e 25%),
concluíram que, apesar de as características de materiais acusticamente e hidraulicamente
eficazes serem diferentes entre si quanto ao tamanho e à disposição dos poros, certas misturas
do concreto podem fornecer ao pavimento melhorias acústicas e hidráulicas simultaneamente.

Algumas propriedades do concreto permeável, entretanto, limitam sua utilização na


pavimentação. Uma delas é a baixa resistência à compressão em relação ao concreto
tradicional, uma vez que esta pode variar, de acordo com a ACI 522 R (2010), de 2,8 MPa a
28 MPa, dependendo da sua execução.
38

Talvez sua baixa resistência à compressão contribua para que haja objeções quanto à
classificação dos sistemas de pavimentação que utilizam o concreto permeável como material
de revestimento. Vieira Filho (2015) afirma que estas estruturas, a rigor, são classificadas
como rígidas. Contudo, considerando-se a existência de sistemas mistos, o autor destaca que
para alguns pesquisadores, esses pavimentos também podem ser tidos como estruturas semi-
rígidas, sobretudo porque a camada de base, formada por material pétreo de granulometria
aberta, é considerada uma camada flexível. Ferguson (2005); Kunkler; Gwilym (2016);
Rangelov (2016) e Nantasai (2016), entretanto, afirmam categoricamente que pavimentos em
concreto permeável são estruturas classificadas como rígidas.

Outra limitação do concreto permeável é o tempo de exposição – intervalo entre a instalação e


o início da cura – do material bastante reduzido, de apenas 20 minutos (NRMCA, 2011) e o
tempo útil de trabalho – que começa a contar a partir do momento em que a água entra em
contato com a mistura do concreto, que corresponde a 60 minutos ou a 90 minutos, caso
sejam empregados aditivos (TENNIS et al., 2004). A ACI 522 R (2010) menciona alguns
outros fatores que dificultam a execução de pavimentos em concreto permeável, tais como a
necessidade de práticas de construção específicas e a inexistência de normas referentes a
certos métodos de ensaio dos materiais.

É importante destacar que o bom desempenho do pavimento de concreto permeável está


diretamente relacionado à qualidade dos materiais utilizados e às técnicas construtivas
empregadas. Por isso, se faz necessário atentar cuidadosamente às etapas de mistura,
adensamento e cura do material. Um bom projeto para produção, portanto, contribui para que
seja garantida a qualidade do sistema (PUTMAN; NEPTUNE, 2011; SHU et al., 2011).

2.4 Pavimentação em concreto permeável: concepção projetual

Na concepção de um projeto de pavimentação em concreto permeável, é preciso atentar aos


principais propósitos do sistema, relacionados ao tipo de uso e às condições locais de
incidência de chuva e de caracterização do subleito. É essencial que o pavimento suporte
adequadamente as cargas provenientes do tráfego, bem como contribua positivamente com a
estratégia de gestão das águas pluviais.

O tipo de uso a ser dado ao sistema de pavimentação irá exercer influência principalmente o
dimensionamento mecânico do revestimento de concreto, uma vez que esta é a camada que
assume maior parte da função estrutural dos pavimentos classificados como rígidos. A
39

pluviometria local afetará de modo mais expressivo a espessura da base, já que esta é a maior
responsável pelo armazenamento de água na estrutura. A caracterização do subleito também
se faz necessária, inclusive porque é a partir dela que será definido o sistema de infiltração a
ser adotado.

É preciso, portanto, que antes de se dimensionar as camadas de base e de revestimento, sejam


avaliadas as condições de carregamento e pluviométricas da região. O subleito local também
deve ser devidamente avaliado.

2.4.1 Condições de carregamento

Considerando-se que pavimentos em concreto permeável são classificados como estruturas


rígidas, isto significa dizer que o revestimento é a camada que assume maior parte da sua
função estrutural. Contudo, vale ressaltar que ainda não foram publicadas normas nacionais
ou internacionais que avaliem especificamente a resistência mecânica do concreto permeável.
Os ensaios de caracterização e o cálculo do dimensionamento de revestimentos compostos por
este material são normalmente desenvolvidos segundo parâmetros concernentes ao concreto
convencional.

Usualmente, para a execução de revestimentos em concreto permeável, espessuras padrão são


tomadas como referência, a depender do uso específico a que o sistema será submetido.
Quanto aos ensaios laboratoriais para a determinação da sua resistência mecânica, Garber
(2010) afirma que os dados mais relevantes a ser avaliados são densidade e o índice de vazios
do concreto. Estas questões relativas ao revestimento em concreto permeável serão abordadas
com mais profundidade no item 2.4.5 desta pesquisa.

Em relação à resistência mecânica da base de pavimentos em concreto permeável, a ABNT


NBR 16416 (2015) exige que o material que a compõe apresente Índice de Suporte Califórnia
(ISC ou CBR) maior ou igual a 80%. É importante salientar, entretanto, que a ABNT NBR
15115 (2004), referente ao uso de resíduos de construção e demolição reciclados em camadas
de pavimentação, estabelece que os RCD-R assumam ISC maior ou igual a 60% para que
possam compreender a base da estrutura.

Esta determinação da ABNT NBR 16416 (2015) parece incitar uma transferência parcial de
cargas para a camada de base do sistema, já que o revestimento em concreto permeável possui
baixa resistência à compressão. A ACI 522 R (2010), por sua vez, não menciona um Índice de
40

Suporte Califórnia mínimo exigido para o material da base de pavimentos em concreto


permeável. O item 2.4.4 deste estudo refere-se especificamente à caracterização da base,
abordando inclusive as questões mecânicas relativas à mesma.

Com relação ao solo do subleito de sistemas de pavimentação em concreto permeável, a


ABNT NBR 16416 (2015) apenas cita a necessidade de verificação do Índice de Suporte
Califórnia (ISC ou CBR) do material, mas não faz menção aos valores mínimos sobre esta
questão. A ABNT NBR 15115 (2004), por sua vez, exige ISC mínimo de 12% para o
emprego de RCD-R como material de reforço ou substituição do subleito.

A ACI 330 R (2008), embora trate de pavimentos convencionais para parques de


estacionamento, apresenta uma tabela que relaciona diferentes tipos de solo a suas
características de drenagem e aos valores típicos de ISC (ANEXO 3). Especificidades
relativas ao subleito serão mais bem abordadas no item 2.4.3 deste estudo.

2.4.2 Condições pluviométricas

A intensidade, a duração e a frequência das chuvas são fatores determinantes para o


dimensionamento apropriado de pavimentos em concreto permeável, já que além de resistir
aos esforços mecânicos, estas estruturas precisam apresentar eficiência hidráulica, mitigando
ou solucionando as altas taxas de escoamento superficial, inundações e alagamentos,
problemas recorrentes em diversos centros urbanos.

De acordo com Paz (2004), o homem vem alterando cada vez mais as formas de uso e
ocupação do espaço urbano com o intuito de adequá-lo melhor às suas necessidades. Essas
mudanças, contudo, promovem o desmatamento, o barramento de rios e a impermeabilização
demasiada do solo, provocando impactos significativos no que é denominado ciclo
hidrológico.

A análise das alterações no ciclo hidrológico de uma determinada bacia hidrográfica pode ser
realizada mediante o estudo do escoamento superficial da região, através do traçado de um
hidrograma, que “consiste em um gráfico da evolução da vazão ao longo do tempo” (PAZ,
2004, p.47). Segundo Paz (2004), esse comportamento da vazão ao longo do tempo é reflexo
de todas as etapas do ciclo hidrológico ocorridas na área em estudo, que são bastante
influenciadas pelo processo de urbanização das cidades.
41

A Figura 6 ilustra o quanto a vazão do escoamento superficial é intensificada após o processo


de urbanização de uma determinada região. O gráfico também denota que, comparativamente
às áreas rurais, o aumento e a diminuição do volume de água na superfície ocorrem de
maneira bem mais acelerada nas cidades.

Figura 6 – Alterações no hidrograma e nas inundações, devido à urbanização.

Fonte: Tucci (2007) apud Recife (2016).

Goldenfum et al. (2010) defendem que o ciclo hidrológico deve ser utilizado como um
elemento-chave na definição da limpeza e da drenagem urbanas. E, para isso, os autores
reiteram que medidas de controle de drenagem devem ser abordadas sob o ponto de vista
ambiental, incorporando-se não somente aspectos da engenharia, mas também perspectivas
técnicas, sanitárias, ecológicas, jurídicas, econômicas e urbanísticas.

O Manual de Drenagem e Manejo das Águas Pluviais do Recife define que medidas de
controle das enchentes são necessárias e podem ser classificadas como estruturais ou não
estruturais. Medidas estruturais são referentes às obras de correção ou de prevenção dos
alagamentos, enquanto que as não estruturais visam controlar esses transtornos por meio de
normas, regulamentos e programas de ordenamento do uso e ocupação do solo, visando a
implantação de sistemas de alerta e de segurança e a sensibilização da população local quanto
à preservação das unidades do sistema de drenagem. Enquanto as medidas estruturais têm um
caráter corretivo, nem sempre eficaz, e são mais onerosas, as segundas compreendem ações
de natureza mais preventiva, de custos de implantação mais baixos e com alcances temporais
mais longos. Ambas as providências, no entanto, são complementares e essenciais a qualquer
sistema de drenagem, existente ou a implantar (RECIFE, 2016).
42

Vale salientar que medidas estruturais e não estruturais relativas aos sistemas de drenagem
urbana nem sempre tomam como base princípios ambientais. De acordo com Recife (2016), o
processo de produção dos serviços infraestruturais da capital pernambucana utilizou como
padrão o modelo higienista, que prioriza medidas estruturais e consome grandes
investimentos. Contudo, o novo Manual de Drenagem e Manejo das Águas Pluviais da
cidade, que se encontra em fase de revisão, estabelece como prioridade medidas não
estruturais, e confere às estruturais um caráter mais moderno e sustentável que o modelo
higienista, aplicado anteriormente.

O manual prevê, por exemplo, a adoção de providências que visam o aumento da capacidade
de retenção e de infiltração da água de chuva no lote, citando o emprego de pavimentos
permeáveis e de reservatórios de acumulação de água como ações que “têm por finalidade a
diminuição ou o retardamento dos deflúvios gerados em cada lote ou área pública, como
parques, praças, estacionamentos” (RECIFE, 2016, p.46).

De fato, pavimentos permeáveis são caracterizados como estruturas de controle de inundações


favoráveis ao meio-ambiente, uma vez que são capazes de reduzir o escoamento superficial, a
partir da infiltração e da percolação da água da chuva através da estrutura do sistema.
Entretanto, para que sua implantação seja eficaz sob este ponto de vista, é preciso que se
considerem as características hidrológicas de onde se pretende implantar um sistema de
pavimentação permeável, uma vez que a espessura do pavimento e a vida útil do mesmo
precisam ser compatíveis com a intensidade pluviométrica local.

Paz (2004) afirma que a caracterização hidrológica de uma dada região normalmente é feita
com base em dados relativos à precipitação máxima local. Essa precipitação máxima, segundo
o autor, caracteriza-se como uma situação de precipitação extrema, distribuída criticamente
em termos espaciais e temporais, em uma determinada bacia hidrográfica.

Contudo, Paz (2004) reitera que a precipitação máxima, isoladamente, não caracteriza
adequadamente o comportamento pluviométrico de uma determinada região, pois é preciso
associar-lhe grandezas relativas à intensidade, duração e frequência ou tempo de retorno. De
acordo com Silva; Araújo (2013), é possível associar essas grandezas e, a partir dessa relação,
estabelecerem-se curvas IDF (Intensidade, Duração e Frequência), que são específicas para
cada região, e são dinâmicas, sendo necessário atualizá-las periodicamente.
43

Silva; Araújo (2013) desenvolveram um algoritmo para a determinação de parâmetros das


equações de Intensidade, Duração e Frequência. A aplicação do algoritmo para as curvas IDF
do Recife foi representada graficamente pelos autores, conforme ilustrado na Figura 7.

Figura 7 – Gráfico ampliado das curvas IDF do Recife.

Fonte: Silva; Araújo (2013).

A equação que define o comportamento das curvas IDF apresenta como variáveis o período
de duração da chuva, medido em minutos, o tempo de retorno2 da mesma, medido em anos,
além de outros parâmetros adimensionais, específicos para cada região (SILVA; ARAÚJO,
2013). Segundo Recife (2016), a rigor, o estabelecimento do período de retorno deve ser feito
em função de um custo mínimo de uma determinada intervenção, que considere as estimativas
de gastos relativas à sua implantação e ao prejuízo causado pela probabilidade de ocorrência
de falhas na mesma.

Contudo, ainda de acordo com Recife (2016), em obras de drenagem de pequeno porte, esses
aspectos quase nunca são priorizados, sobretudo porque parte do que pode ser considerado
prejuízo é imponderável, como a dificuldade de locomoção de transeuntes em uma via
alagada, por exemplo. Desse modo, normalmente, o tempo de retorno é estimado com base
em experiências e em obras existentes. Recife (2016) afirma que é mais comum a adoção de
períodos de retorno que variem entre 5 e 50 anos, podendo-se considerar até 100 anos, em
pontos localizados em calhas de rios.

2
De acordo com Recife (2016), “O período de retorno, "T", é definido como o intervalo médio, em anos, entre a
ocorrência de uma chuva com uma determinada magnitude (intensidade e duração) e outra igual ou maior”.
44

O cálculo para a previsão de descargas pluviais em uma determinada bacia, para um dado
período de retorno, pode ser feito a partir de métodos que relacionam precipitações e
descargas em uma determinada região (RECIFE, 2016). Segundo Recife (2016), o
Hidrograma Sintético desenvolvido pelo Soil Conservation Service (SCS) tem sido o mais
adotado em bacias do porte das existentes na cidade do Recife. Este método correlaciona
precipitação total e precipitação efetiva3, considerando possíveis perdas de água por
evaporação ou por infiltração no solo (PAZ, 2004).

Paz (2004) destaca que o método SCS considera que apenas há precipitação efetiva caso a
precipitação total apresente um montante maior que 0,2S, sendo S uma representação da
retenção potencial do solo, como indicado na Equação 1. O cálculo do valor do S, contudo, é
função de outra grandeza (CN), conforme Equação 2. A determinação do CN é dada em
valores tabelados, que dependem “do solo, da umidade antecedente do solo... e do tipo de
atividade/ocupação que é desenvolvida na bacia” (PAZ, 2004, p. 56).

(Equação 1)

(Equação 2)

Todo este estudo hidrológico é estritamente necessário para o desenvolvimento de obras de


drenagem e pavimentos permeáveis, conforme dito anteriormente. Podem ser empregados
como uma alternativa sustentável ao exacerbado processo de impermeabilização do solo
urbano, que tem provocado danos ao ciclo hidrológico de diversas bacias hidrográficas.

Sistemas de pavimentação em concreto permeável são normalmente constituídos por diversas


camadas, sendo a base pétrea de granulometria aberta a principal responsável pelo
armazenamento temporário de água da chuva. Desse modo, os dados obtidos a partir de um
estudo hidrológico de uma determinada região são essenciais para o dimensionamento desta
porção específica do pavimento, tema que será abordado no item 2.4.4 desta pesquisa.

Vale lembrar que o subleito, que se posiciona logo abaixo da camada de base do pavimento,
também assume grande relevância no que se refere à eficiência hidráulica da estrutura. A
partir do coeficiente de permeabilidade do solo, define-se o tipo de sistema de infiltração a ser
adotado.

3
De acordo com Paz (2004), à parcela da precipitação que produz escoamento superficial dá-se o nome de
precipitação efetiva.
45

2.4.3 Requisitos do subleito de pavimentos em concreto permeável

Constitui requisito prévio para qualquer obra... o conhecimento da formação


geológica local, estudo das rochas, solos, minerais que o compõem, bem
como a influência da presença da água sobre ou sob a superfície da crosta
(CAPUTO; CAPUTO, 2015, p.4).

Nas obras de pavimentação em concreto permeável, não é diferente. De acordo com a ABNT
16416 (2015), faz-se necessário caracterizar o subleito sobre o qual uma obra de concreto
permeável será executada, através do estabelecimento de valores relativos à sua capacidade de
suporte, através da determinação do Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR); à sua
saturação, para os casos de sistemas de infiltração total ou parcial; e ao seu coeficiente de
permeabilidade.

Vale salientar que algumas normas do American Concrete Institute – ACI – e a National
Ready Mixed Concrete Association – NRMCA – solicitam ensaios de caracterização do
subleito diferentes dos requeridos pela norma nacional ABNT NBR 16416 (2015), conforme
descrito no Quadro 4.

A ACI 330 R (2008), diferentemente das demais normas contidas no Quadro 4, é uma
referência normativa não relacionada a pavimentos em concreto permeável, mas a pavimentos
para parques de estacionamento em concreto convencional. A intenção de se destacar os
ensaios requeridos por esta norma é a de comparar as solicitações exigidas para pavimentos
em concreto permeável e em concreto convencional.

Quadro 4 – Referências normativas para ensaios do subleito.


ABNT NRB 16416 ACI 522 R ACI 330 R ACI 522.1 NRMCA
(2015) (2010) (2008) (2013) (2011)
ASTM D422 (tamanho das ASTM D1196 (módulo de
partículas) reação do subleito – k)
ASTM D2487 (classificação) ASTM D2487 (classificação)
ASTM D698 (proctor normal ASTM D698
para compactação de tráfego (proctor
ASTM D698 (proctor normal) leve) normal)
ASTM D1557 (proctor ASTM D1557
ASTM D1557 (proctor modificado para compactação (proctor
modificado) de tráfego pesado) modificado)
NBR 13292/ NBR ASTM D3385
14545 (permeabilidade – double ring ASTM D2844 (valor de ASTM D3385
(permeabilidade) infiltrometer) resistência – R) (permeabilidade)
Ensaios padrão ASTM – a
depender do tipo de solo ASTM D4318 (índice de
(densidade/ compactação) plasticidade)
NBR 9895 (CBR) ASTM D1883 (CBR) ASTM D1883/ D1429 (CBR)
Fonte: Adaptado de ABNT NBR 16416 (2015); ACI 522 R (2010); ACI 330 R (2008); ACI 522-1
(2013); NRMCA (2011).
46

Observa-se que a norma brasileira ABNT 16416 (2015) exige que sejam determinados apenas
o coeficiente de permeabilidade e o índice de suporte Califórnia (CBR) do subleito.
Entretanto, outros ensaios de laboratório são considerados essenciais, no campo da mecânica
dos solos. Além da classificação granulométrica, a verificação dos limites de liquidez e
plasticidade é bastante relevante, uma vez que “a influência das frações finas do solo não fica
definida apenas pela granulometria, e, assim, com apenas este ensaio, não se pode ter noção
exata do comportamento do conjunto de partículas” (SENÇO, 2007, p.92). Portanto, faz-se
necessária uma análise mais profunda do material.

De acordo com Senço (2007), os limites de liquidez e plasticidade dependem não somente da
forma das partículas e da composição química e mineralógica das mesmas, mas estão,
sobretudo, relacionados com o teor de umidade do solo. Caputo; Caputo (2015) afirmam que
se um solo apresenta alto teor de umidade, ele se comporta como um fluido e se diz no estado
líquido. À medida que a água evapora, o solo endurece até atingir o limite de liquidez, ou seja,
o solo encontra-se no estado plástico, podendo ser moldado, conservando-se a sua forma.
Diminuindo-se ainda mais o teor de umidade, atinge-se o limite de plasticidade e o solo passa
a se desmanchar ao ser trabalhado. Esse é o estado semissólido. Continuando a secagem, o
solo alcança o limite de contração, evoluindo aos poucos para o estado sólido.

Outro ensaio que também se relaciona com o teor de umidade das amostras é o ensaio de
compactação do solo. Caputo; Caputo (2015) afirmam que para cada solo, sob uma dada
energia de compactação, existem uma umidade ótima e um peso específico máximo.

É importante frisar, contudo, que o processo de compactação do solo reduz seu volume de
vazios, aumentando a sua resistência mecânica e estabilidade, mas também o torna menos
permeável e com menor capacidade de absorção de água, o que não é adequado às obras de
pavimentação em concreto permeável. A ACI 522 R (2010) recomenda, inclusive, que, na
execução deste tipo de pavimento, a compactação do subleito corresponda a 90% da
densidade seca máxima, obtida através do ensaio de proctor normal. Deste modo, o solo pode
resistir aos esforços mecânicos aos quais é submetido, mas também mantém um percentual de
vazios que permita a passagem da água por sua estrutura.

A ACI 522 R (2010) reitera, portanto, que o nível de compactação do solo pode variar de
acordo com as características do mesmo. A norma considera que um solo argiloso, por
exemplo, pode ter sua permeabilidade seriamente comprometida, caso seja compactado a 90%
47

de sua densidade seca máxima. Um solo arenoso, em contrapartida, pode chegar aos 100% de
compactação sem sofrer grandes alterações em termos hidráulicos.

Além dos ensaios de granulometria, limites de liquidez e plasticidade e de compactação, o


ensaio de permeabilidade é requerido pela ABNT 16416 (2105) e apresenta como resultado o
coeficiente de permeabilidade do subleito (k). Este dado é de grande relevância, pois partir
dele, deve se determinar o sistema de infiltração a ser adotado na estrutura, como sendo de
infiltração total, parcial ou sem infiltração. A Tabela 2 relaciona diferentes coeficientes e
graus de permeabilidade que o solo pode apresentar.

De acordo com a ABNT 16416 (2015), apenas subleitos de alta permeabilidade (k > 10-3 m/s)
permitem o emprego de sistemas de infiltração total, assim como solos com baixa taxa de
permeabilidade (k < 10-5 m/s) admitem somente sistemas sem infiltração, conforme Tabela 2.

Tabela 2 – Valores típicos de coeficiente de permeabilidade.


Coeficiente de permeabilidade do solo (k)
m/s mm/h Grau de permeabilidade do solo
-3
> 10 > 3.600 alta
-3 -5
10 a 10 3.600 a > 36 média
-5 -7
10 a 10 36 a > 0,36 baixa
10-7 a 10-9 0,36 a > 0,0036 muito baixa
< 10-9 < 0,0036 praticamente impermeável
Fonte: ABNT (2015).

A ABNT 16416 (2015) também faz restrições quanto à profundidade do lençol freático e
quanto à presença de contaminantes no subleito. São vetados os sistemas de infiltração total
ou parcial onde haja contaminantes no solo ou onde o lençol freático esteja a menos de 1,0 m
da camada inferior da base do pavimento (Tabela 3).

Tabela 3 – Tipo de infiltração do pavimento em função das condições locais.


Condições locais Infiltração Infiltração Sem
total parcial infiltração
Permeabilidade do subleito definida pelo > 10-3   
coeficiente de permeabilidade k (m/s) -3
10 a 10 -5
X  
10-5 a 10-7 X X 
Máximo registro do lençol freático a pelo menos 1,0m da X X 
camada inferior da base
Presença de contaminantes no subleito X X 
Fonte: ABNT (2015).

Conforme dito anteriormente, a ABNT 16416 (2015) estabelece que só é possível se adotar o
sistema de infiltração total em subleitos com taxa de permeabilidade maior que 10-3m/s, isto é,
solos mais permeáveis que uma areia grossa, como descrito na Tabela 4 (PINTO, 2002).
48

Tabela 4 – Coeficiente de permeabilidade em função do tipo de solo.


Material Coeficiente de permeabilidade k (m/s)
Argilas < 10-9
Siltes 10-8 a 10-9
Areias argilosas 10-7
Areias finas 10-5
Areias médias 10-4
Areias grossas 10-3
Fonte: Pinto (2002).

É importante destacar que a ACI 522 R (2010) indica que, em sistemas de infiltração total, o
coeficiente mínimo (k) de permeabilidade do solo seja de apenas 3,6 x 10-6m/s, desde que este
solo se estenda até uma profundidade mínima de 1,20m da cota de superfície. Apesar desta
determinação, vale frisar que é necessário caracterizar não somente o solo até 1,20m de
profundidade, mas também o que está abaixo dele.

Conforme dito anteriormente, quanto à resistência mecânica do subleito, a ABNT NBR 16416
(2015) não atribui valores mínimos de ISC ou CBR para o solo abaixo de sistemas de
pavimentação em concreto permeável. Contudo, a ABNT NBR 15115 (2004) solicita que o
ISC do RCD-R assuma valor maior ou igual a 12% para ser empregado como material de
reforço ou substituição do subleito.

2.4.4 Requisitos das camadas de base e/ou sub-base

Segundo a ABNT 16416 (2015), as camadas de base e/ou sub-base, para manter a função de
reservatório temporário de água, devem ser constituídas de agregado graúdo de granulometria
aberta, devendo apresentar índice de vazios maior ou igual a 32%. Além disso, também é
necessário que esta camada resista aos esforços mecânicos aos quais é submetida e, por isso, a
mesma precisa apontar Índice de Suporte Califórnia mínimo de 80% e resistência à abrasão,
através do ensaio de abrasão Los Angeles, maior que 40%. A Tabela 5 resume as exigências
contidas na ABNT 16416 (2015).

Tabela 5 – Especificação para o material de sub-base e/ou base.


Propriedade Método Especificação
Abrasão “Los Angeles” ABNT NBR NM 51 < 40%
Índice de vazios ABNT NBR NM 45 > 32%
Índice de suporte Califórnia (CBR) ABNT NBR 9895 > 80%
Material passante na peneira com abertura de ABNT NBR NM 46 < 2%
malha 0,075mm
Fonte: ABNT NBR 16416 (2015).
49

A NRMCA (2011) destaca que a brita utilizada na constituição da base deve apresentar
granulometria uniforme, sobretudo para que se estabeleça uma estrutura com um grande
índice de vazios. A ABNT 16416 (2015), por sua vez, recomenda que a distribuição
granulométrica para o material da base e/ou sub-base siga os dados descritos na Tabela 6, ou
seja, o agregado a ser empregado na base deve ser formado por partículas de dimensões que
variem principalmente entre 2,36 mm e 12,5 mm, enquanto a brita da sub-base pode
apresentar tamanhos maiores, sobretudo, dentro do intervalo entre 19 mm e 50 mm.

Tabela 6 – Distribuição granulométrica recomendada para material de sub-base e/ou base.


Percentagem em massa retida (%)
Peneira com abertura de malha (mm)
Sub-base Base
75 0 -----
63 0 a 10 -----
50 30 a 65 -----
37,5 85 a 100 0
25 90 a 100 0a5
19 95 a 100 0 a 35
12,5 ----- 40 a 75
4,75 ----- 90 a 100
2,36 ----- 95 a 100
Fonte: ABNT NBR 16416 (2015).

Quanto ao dimensionamento da base especificamente em sistemas de pavimentação em


concreto permeável, a ABNT NBR 16416 (2015) e a NRMCA (2011) assumem que, apesar
de serem observados os aspectos estruturais, o desempenho hidráulico desta camada é
considerado mais relevante, ou seja, quanto maior a sua espessura, maior sua capacidade de
armazenamento de água.

Para mensurar adequadamente o sistema, é necessário, antes de tudo, admitir se o este é


qualificado como ativo ou passivo. Para Tennis et al. (2004), o sistema passivo retém a
descarga in situ, desprezando-se a demanda das áreas impermeáveis vizinhas. O sistema ativo
é dimensionado para reter, além do escoamento local, o de superfícies adjacentes,
denominadas áreas de contribuição.

A ABNT NBR 16416 (2015) prevê três concepções quanto à infiltração da precipitação:
sistema de infiltração total, no qual toda a água precipitada é direcionada ao subleito; sistema
de infiltração parcial, no qual parte da água se infiltra no subleito e a outra parte é drenada; e
o sistema sem infiltração, no qual toda a água precipitada é temporariamente armazenada na
estrutura permeável e depois removida por drenos.
50

Com relação aos eventos chuvosos, deve-se considerar não somente a quantidade de chuva
incidente em um determinado período e sua distribuição ao longo deste período, mas também
deve levar em conta um tempo de retorno apropriado, pois isto indica a frequência esperada
de uma dada precipitação. De acordo com a ABNT NBR 16416 (2015), esta frequência pode
ser determinada pelas curvas de intensidade/duração/frequência (IDF) da região, com tempo
de retorno mínimo de dez anos e duração mínima de uma hora.

A capacidade de armazenamento teórica de água do sistema é considerada a partir da soma


entre o índice de vazios do revestimento e o mesmo índice da base. Por exemplo, um
revestimento com altura de 100 mm e 15% de vazios retém em torno de 15 mm de água. Caso
esta camada seja executada sobre uma base pétrea de granulometria aberta com 150 mm de
espessura e 40% de vazios, o pavimento passa a acumular 75 mm.

Vale destacar que um fator crítico nos cálculos do sistema é o nivelamento da estrutura do
pavimento e das áreas de contribuição, além da possibilidade de carreamento do material da
base pela água da chuva, tema abordado por Almeida (2016). A autora destaca a necessidade
de se avaliar, em cada caso específico, a proporção entre áreas permeáveis e áreas de
contribuição, bem como apresenta algumas soluções que evitam o carreamento da brita, como
a criação de barragens na camada de base, que permitem que a água percole normalmente,
mas com menor velocidade.

Outra questão pertinente é a necessidade de se evitar a presença de finos tanto no


revestimento em concreto quanto na camada de base pétrea. Para isso, alguns cuidados devem
ser tomados desde o planejamento da obra, mas, sobretudo no momento da execução do
pavimento.

Uma prática comum neste tipo de construção é a utilização de um material geossintético do


tipo não-tecido entre a parte inferior base ou sub-base e o subleito. Essa solução é adotada
porque a manta geotêxtil permite a passagem de água, mas impede que os finos presentes no
solo se encaminhem para a base, diminuindo assim o índice de vazios dos agregados e,
consequentemente, a taxa de permeabilidade de todo o sistema de pavimentação, conforme
ilustrado na Figura 8.
51

Figura 8 – Corte esquemático de pavimento em concreto permeável com manta geotêxtil.

Fonte: Garber (2010).

A utilização de geossintéticos é válida para sistemas de infiltração total. Caso o sistema


adotado seja sem infiltração, faz-se necessário, ao invés disso, o uso de lonas impermeáveis.
Alunos e professores da Universidade de São Paulo – USP, por exemplo, executaram, no
campus da universidade, uma calçada medindo 90m de comprimento, sendo uma parte dela
com sistema de infiltração total e outra sem infiltração.

Na primeira delas, aplicou-se uma manta geossintética abaixo da base do sistema, e na


segunda, foi empregada uma lona impermeável, e então foram instalados pontos de inspeção,
para verificação da qualidade da água, filtrada após percolação através do pavimento. A Foto
5 mostra partes da manta e da lona expostas, sete dias após a concretagem do revestimento.

Foto 5 – Execução de pavimentos em concreto permeável, na USP, com dois diferentes sistemas de
infiltração.

Fonte: A autora (2016).

Curvo (2016) afirma que anteriormente a esta calçada de 90m de comprimento, foi
construído, também no Campus da Universidade de São Paulo, outro trecho em concreto
permeável que, por razões experimentais, foi executado sem manta de geotêxtil ou lona
impermeável, conforme ilustrado na Foto 6. Ainda segundo Curvo (2016), executou-se um
52

revestimento medindo 8,65m de comprimento por 1m de largura e 10cm de espessura, sobre


uma base pétrea com 15cm de profundidade, acima de um solo argiloso.

É provável que o não emprego de geotêxtil ou de lona impermeável tenha provocado


obstrução parcial do sistema, uma vez que cerca de 4 a 5 meses após a conclusão da obra, o
pavimento apontou coeficiente de permeabilidade em torno de 40% inferior, em relação à
medição inicial (Foto 6).

Foto 6 – Calçada executada experimentalmente na USP em concreto permeável, sem manta


geossintética ou lona impermeável.

Fonte: A autora (2016).

Para a manutenção adequada de sistemas com ou sem infiltração, devem-se evitar também os
finos que vêm de fora da estrutura do pavimento, penetrando através do revestimento em
concreto. Segundo a NRMCA (2011), a conduta mais adotada é a aplicação constante de jatos
de água em conjunto com aspiração do pó, a partir do uso de maquinário específico.

Quanto ao dimensionamento da camada de base, para a NRMCA (2011), a espessura


hidráulica mínima a ser adotada é de 15cm. A ABNT NBR 16416 (2015), por sua vez,
determina que o cálculo de dimensionamento hidráulico da base deve ser desenvolvido a
partir da Equação 3, estabelecida em norma.

Almeida (2016), por exemplo, aplicou à Equação 3 dados relativos à Escola Politécnica de
Pernambuco, com base no perfil geotécnico do solo, na intensidade pluviométrica local e nas
condições de carregamento às quais o piso é hoje submetido. Considerando-se que o material
pétreo da base apresentaria 40% de vazios, a autora chegou à conclusão de que esta camada
do pavimento deveria apresentar 40cm de profundidade.

á (Equação 3)
53

2.4.5 Requisitos do revestimento em concreto permeável

Quanto à eficácia e ao dimensionamento hidráulicos do revestimento em concreto permeável,


encontram-se disponíveis resoluções normativas nacionais e estrangeiras, a exemplo da
ABNT NBR 16416 (2015), da ASTM C1701/M (2009) e da ISO 17785-1 (2016).

A resistência mecânica do material, por sua vez, é, na maior parte dos casos, calculada
conforme requisitos específicos do concreto convencional e seu dimensionamento é
estabelecido a partir de espessuras pré-determinadas, a depender do uso a que o pavimento
será submetido. Há, contudo, algumas especificidades do concreto permeável, que o
diferenciam do convencional e estas precisam ser consideradas.

2.4.5.1 Resistência mecânica e espessura mínima

De acordo com Crouch et al. (2007), uma das questões que interfere na resistência mecânica
do concreto permeável é o tamanho da brita empregada em sua composição. Segundo estudo
desenvolvido pelos autores, quanto menor a dimensão do agregado, maior a resistência à
compressão do material.

Outra abordagem, levantada por Garber (2010), considera que a resistência do concreto
permeável varia principalmente com seu grau de compactação durante a obra. O autor afirma
que enquanto a resistência mecânica do concreto convencional depende, sobretudo, da
proporção de cimento utilizada e da relação água/cimento da mistura, essas proporções
também são relevantes no concreto permeável, mas essencialmente porque exercem influência
no processo de compactação.

Em campo, a compactação de um pavimento em concreto permeável não é uniforme ao longo


de toda a profundidade do revestimento. E, por essa razão, há controvérsias quanto à forma de
confecção de corpos de prova, que simulam, em laboratório, o que acontece durante o
processo de pavimentação. Haselbach (2016), por exemplo, afirma que a compactação das
amostras deve ser realizada em apenas uma camada, de modo que se simule melhor o que
ocorre em escala real (Figura 9).

Para alguns pesquisadores, sobretudo estudiosos de engenharia de materiais, os corpos de


prova em concreto permeável devem ser moldados em duas ou três camadas iguais, de modo
a garantir uniformidade ao material analisado (RANGELOV, 2016; NANTASAI, 2016).
54

Haselbach; Freeman (2007), por sua vez, reiteram que menos poros no topo do pavimento
podem trazer benefícios ambientais, uma vez que a obstrução dos poros próximos à superfície
é de fácil de remediação, mas os autores lembram que a maior porosidade na parte de baixo
do revestimento pode ser prejudicada mecanicamente e, por isso, estudos devem ser
desenvolvidos com o intuito de avaliar seu desempenho ao longo do tempo.

Figura 9 – Confecção dos corpos de prova: desenho feito à mão por Haselbach (2016).

Fonte: Adaptado de Almeida (2016).

A norma americana recém-publicada ISO 17785-1 (2016), por sua vez, permite, para a
realização dos ensaios de permeabilidade em laboratório, que corpos de prova medindo (10 x
20)mm sejam moldados tanto em apenas uma camada quanto em três porções de igual
volume.

Muitos pesquisadores julgam fundamental a verificação da resistência mecânica do concreto


permeável (RANGELOV, 2016; NANTASAI, 2016). Contudo, a ACI 522 R (2010) enfatiza
que normas relativas à resistência mecânica do concreto convencional não são aplicáveis ao
concreto permeável e reitera que ainda não há ensaios deste tipo normatizados para o material.
De acordo com Kunkler; Gwilym (2016), alguns pavimentos em concreto permeável
executados segundo projetos de sua autoria, foram submetidos a ensaios mecânicos
específicos para concreto convencional e foram desaprovados, mesmo funcionando muito
bem em termos estruturais.

Uma alternativa à falta de normas relativas aos ensaios de resistência mecânica do concreto
permeável é levar em consideração a densidade e o índice de vazios do material. Isto se
explica pelo fato de haver uma relação entre essas propriedades e a sua resistência mecânica.
Segundo Garber (2010), quanto maior o índice de vazios do concreto permeável, maiores são
55

a capacidade de armazenamento de água e a permeabilidade do material, mas menor é sua


resistência mecânica. Segundo o autor, para obter o maior índice de vazios possível, devem-se
utilizar agregados de formato angular e de tamanho uniforme, além de compactar
minimamente a mistura.

Quanto aos ensaios de densidade e de índice de vazios do concreto permeável, é praticamente


impossível obter o índice de vazios do concreto no estado fresco, mas consegue-se estabelecer
a sua densidade. No estado endurecido, o índice de vazios do concreto pode ser verificado.

Além da densidade e do índice de vazios, outro fator considerado no dimensionamento


estrutural dos pavimentos em concreto permeável é a sua espessura. A NRMCA (2011)
afirma que, em geral, 15cm de espessura nos pavimentos funcionam bem para áreas de
tráfego leve, e 20cm para locais de carga e descarga de caminhões. Na ABNT (2015), por sua
vez, a espessura mínima para vias pedonais é de 6cm e para vias de tráfego leve, de 10cm.

Apesar dos critérios sobre a espessura do pavimento, expostos pela NRMCA (2011) e pela
ABNT (2015), um parque de estacionamento localizado em Marysville (WA – EUA) foi
construído com apenas 10cm de espessura de concreto, diretamente sobre o solo, sem base ou
sub-base, como ilustra a Foto 7. Embora apresente diversas fissuras e musgos ao longo de sua
estrutura, o piso funciona bem em termos de drenagem, segundo o proprietário, que também
assume manter a integridade do piso a partir da aspiração dos detritos superficiais, ao menos
uma vez por semana.

Foto 7 – Fissuras e musgos em pavimento em concreto permeável.

Fonte: Almeida (2016).


56

De acordo com a ABNT NBR 16416 (2015), a resistência mecânica e a espessura mínima do
concreto permeável devem atender aos parâmetros indicados na Tabela 7.

Tabela 7 – Resistência mecânica e espessura mínima do revestimento permeável.


Tipo de Tipo de Espessura Resistência mecânica
revestimento solicitação mínima característica (MPa) Método de ensaio
(mm)
Peça de concreto Tráfego de 60,0 >35,0 a
(juntas alargadas ou pedestres
áreas vazadas) Tráfego leve 80,0
Peça de concreto Tráfego de 60,0 >20,0 a ABNT NBR 9781
permeável pedestres
Tráfego leve 80,0
Placa de concreto Tráfego de 60,0 >2,0 b
permeável pedestres ABNT NBR 15805
Tráfego leve 80,0
Concreto permeável Tráfego de 60,0 >1,0 c
moldado no local pedestres ABNT NBR 12142
Tráfego leve 100,0 >2,0 c
a
determinação da resistência à compressão, conforme ABNT NBR 9781.
b
determinação da resistência à flexão, conforme ABNT NBR 15805.
c
determinação da resistência à tração na flexão, conforme ABNT NBR 12142.
Fonte: ABNT NBR 16416 (2015).

Quanto à resistência mecânica, a ABNT NBR 16416 (2015) exige ensaios de resistência à
compressão apenas para peças em concreto. O concreto moldado no local deve ser submetido
somente a ensaios de tração na flexão, a ocorrer antes da execução do pavimento, moldando-
se corpos de prova prismáticos de (10x10x40)cm, e dever ser ensaiados conforme a ABNT
NBR 12142 (2010).

A ABNT NBR 16416 (2015) não considera a resistência à compressão do concreto moldado
no local, mas sim sua resistência aos esforços de tração na flexão, sugerindo que este tipo de
revestimento seja classificado como uma camada rígida, já que, de acordo com Senço (2007),
camadas rígidas não se deformam quando comprimidas, mas rompem-se quando tracionadas
na flexão. Além do ensaio de resistência à tração na flexão, a ABNT NBR 16416 (2015) exige
que o concreto moldado no local submeta-se a ensaios de massa específica, conforme ABNT
NBR 9833 (2009) e ABNT NBR 9778 (1987), com o concreto nos estados fresco e
endurecido, respectivamente.

Haselbach (2016), além de algumas normas e referências americanas, indica ensaios


diferentes dos sugeridos pela norma brasileira, todos descritos por normas publicadas pela
American Society for Testing and Materials – ASTM. Vale destacar que a ACI 330 R (2008)
refere-se a pavimentos para parques de estacionamento em concreto convencional (Quadro 5).
57

Quadro 5 – Normas relativas a ensaios laboratoriais do concreto permeável, e do concreto


convencional para pavimentos de estacionamento em concreto convencional.
ABNT NRB 16416 ACI 522 R ACI 330 R Haselbach ACI 522.1 NRMCA
(2015) (2010) (2008) (2016) (2013) (2011)
NBR 13292 / ASTM C78 ASTM C1701M
ANEXO A NBR ASTM C1399 (resistência à (permeabilidade
16416 (permeabilidade) (dureza) flexão) modificado)
NBR 12142 ASTM C39M ASTM C1754M
(resistência à tração na ASTM E1050 (resistência à (densidade do
flexão) (acústica) compressão) concreto endurecido)
NBR 9833 (massa ASTM 1688M ASTM C496M ASTM 1688M ASTM 1688M ASTM 1688M
específica do concreto (densidade do (resistência à (densidade do (densidade do (densidade do
fresco) concreto fresco) tração) concreto fresco) concreto fresco) concreto fresco)
NBR 9778 (massa
específica do concreto ASTM C131 ASTM C944M /
endurecido) (abrasão) C1747M ASTM C94M
Fonte: ABNT NBR 16416 (2015); ACI 522 R (2010); ACI 330 R (2008); Haselbach (2016); ACI 522-
1 (2013); NRMCA (2011).

A quantidade de amostras e ensaios depende do tamanho da obra de pavimentação. Segundo a


ABNT NBR 16416 (2015), a amostragem para os ensaios considera o lote de execução do
pavimento, correspondente a uma área mínima pavimentada de 2500m² e máxima de
10000m². A cada 2500m², contudo, devem ser realizados ensaios conforme Quadro 6 e, a
cada 300m² adicionais de cada lote, acrescenta-se um corpo de prova ou ensaio na
amostragem.

Quadro 6 – Amostragem mínima para ensaio em campo.


Tipo de Amostra mínima para lote de até
revestimento Propriedade 2.500m² de pavimento
prova contraprova
Inspeção visual das peças ou placas 6ᵃ 6
Peças ou placas Avaliação dimensional das peças ou placas 6ᵃ 6
de concreto Resistência mecânica das peças ou placas 6ᵃ 6
Concreto moldado Massa específica do concreto fresco Um ensaio a cada 15m
no local Massa específica do concreto endurecido 3ᵇ 3
Todos Coeficiente de permeabilidade 3 3
ᵃ podem ser utilizadas as mesmas peças ou placas para a inspeção visual, avaliação dimensional e determinação da resistência mecânica.
ᵇ a massa específica no estado endurecido deve ser realizada conforme a ABNT NBR 9778, nos casos de comprovação, sendo
considerada a média dos resultados.
neste caso, deve-se atender ao lote especificado no ANEXO A.
deve ser ensaiada a primeira entrega do dia e na sequência devem ser coletadas amostras a cada 15m³.
Fonte: ABNT NBR 16416 (2015).

2.4.5.2 Coeficiente de permeabilidade

O coeficiente de permeabilidade do concreto permeável deve ser avaliado em campo e “pode


ser previamente avaliado em laboratório, permitindo-se ensaiar apenas a camada de
revestimento ou o revestimento juntamente com toda a estrutura do pavimento” (ABNT NBR
16416, 2015, p.14). Os ensaios em campo e laboratoriais devem seguir os parâmetros
58

descritos no ANEXO A da ABNT NBR 16416 (2015), em segmentos de pavimento com, no


mínimo, 0,5m² de área e apresentar coeficiente de permeabilidade maior que 10-3 m/s.

Nos Estados Unidos, outras normas são referenciadas para os ensaios de permeabilidade do
concreto permeável. Quanto aos ensaios em campo, por exemplo, a ACI 522 R (2010) sugere
a adoção da ASTM D3385, que usa o single infiltrometer como equipamento de medição. A
NRMCA (2011) indica a ASTM C1701/M (2009), cujo texto serviu de base para o ANEXO
A da norma brasileira ABNT NBR 16416 (2015).

O ensaio de permeabilidade proposto no ANEXO A da ABNT NBR 16416 (2015) e na


ASTM C1701/M (2009) demanda poucos materiais: anel de infiltração cilíndrico vazado com
diâmetro de (300+10) mm e altura mínima de 50 mm, balança com resolução de 0,1g,
cronômetro com resolução de 0,1s, recipiente com volume mínimo de 20L, massa de calafetar
e água limpa, conforme ilustrado na Foto 8 (A).

A vazão da água vertida sobre o pavimento (Foto 8 C) é controlada a partir da manutenção do


nível da mesma entre marcações feitas no anel, a 10mm e a 15mm da superfície. Após uma
pré-molhagem, vertem-se 18kg ou 3,6kg de água, a depender do tempo de duração da pré-
molhagem (ABNT NBR 16416, 2015).

Foto 8 – Ensaio de permeabilidade feito em campo, de acordo com a ASTM C1701/M.

(A) (B) (C)

Fonte: Almeida (2016).

Para a análise do concreto em laboratório, a ABNT NBR 16416 (2015) propõe o uso da
ABNT NBR 13292 (1995), que, na verdade, é indicada para solos granulares à carga
constante, ou o ANEXO A da NBR 16416 (2015), que não indica como os corpos de prova
devem ser moldados nem de que modo, exatamente, o ensaio deve ser realizado.
59

Estudiosos vêm adotando diferentes maneiras de se ensaiar o concreto permeável em


laboratório e, recentemente, um ensaio de permeabilidade modificado, que reproduz o ensaio
de campo disposto na ASTM C1701/M (2009), foi inserido em uma resolução normativa da
International Organization for Standardization – ISO, a ISO 17785-1 (2016).

Para simular o que ocorre no pavimento, este ensaio demanda a moldagem de corpos de prova
cilíndricos que, após a cura, são envolvidos por um material plástico sensível ao calor, que
adere à superfície lateral das amostras, quando submetido à incidência de ar quente sob
pressão.

De acordo com a ISO 17785-1 (2016), esta película plástica não deve vedar as sessões
transversais dos cilindros de concreto e precisam sobressair à altura dos corpos de prova em
pelo menos 50 mm, uma vez que a vazão empregada neste ensaio é monitorada pela coluna
d’água sobre o corpo de prova e esta deve se manter entre as alturas de 15 mm e 25 mm.

Assim como o ensaio em campo, o desenvolvimento do ensaio em laboratório demanda a pré-


molhagem do corpo de prova, a partir da aspersão de 1,0 litro de água sobre a sessão
transversal do cilindro. A seguir, verte-se mais um litro de água sobre o mesmo e são medidos
o tempo que a água levou para percolar através da estrutura do concreto e a quantidade de
água remanescente no recipiente abaixo da amostra ensaiada. A Foto 9 apresenta parte do que
é desenvolvido durante o ensaio (ISO 17785-1, 2016).

Foto 9 – Ensaio de permeabilidade modificado, segundo a ISO 17785-1 (2016).

Fonte: Almeida (2016).


60

2.5 Utilização de RCD-R em pavimentos em concreto permeável

A ABNT NBR 16416 (2015) não cita o uso de Resíduos de Construção e Demolição
Reciclados (RCD-R) no subleito ou nas camadas de base e revestimento do pavimento em
concreto permeável. Contudo, alguns pesquisadores vêm analisando a viabilidade técnica do
emprego destes materiais, sendo mais frequentes os estudos relacionados à camada de
revestimento em concreto (ALVES, 2016; TAVARES; KAZMIERCZAK, 2016).

Um grupo de pesquisadores de uma universidade australiana, contudo, estudou a


possibilidade de uso de dois diferentes tipos de Resíduos de Construção e Demolição
Reciclados (RCD-R) na camada de base de pavimentos permeáveis. Os autores compararam
características físicas, químicas, geotécnicas e hidráulicas de resíduos constituídos de asfalto e
de concreto com um agregado graúdo natural (RAHMAN et al., 2015).

Para a realização do ensaio de permeabilidade à carga constante, Rahman et al. (2015)


adicionaram materiais poluentes à água empregada no ensaio. Também foram incluídos dois
conjuntos constituídos de manta geossintética e agregados miúdos acima e abaixo da camada
de base, com o intuito de filtrar melhor a água que passa através do pavimento. A Figura 10
sintetiza o esquema adotado.

Figura 10 – Diagrama esquemático do ensaio de permeabilidade. (2015).

Fonte: Rahman et al. (2015).


61

Concluiu-se, a partir dos ensaios desenvolvidos, que a condutividade hidráulica dos RCD-R
da base cresce com a diminuição da densidade dos seus agregados, com a diminuição do
tamanho dos poluentes e conforme se se aumenta o tamanho das partículas da camada de
filtro. Os pesquisadores comprovaram também que a permeabilidade da camada decresceu
levemente após a execução do décimo ciclo de experimentos.

Rahman et al. (2015) afirmam que para superar o potencial efeito de colmatação da base, faz-
se necessário utilizar agregados maiores e manta geossintética de abertura adequada à
filtragem do sistema. Os autores também recomendam que sejam desenvolvidas pesquisas que
avaliem a condição de colmatação da estrutura a longo prazo.

No Brasil, conforme dito anteriormente, Proença (2012) e Leite et al. (2011) buscaram avaliar
física e mecanicamente resíduos de construção e demolição para fins de utilização em
pavimentos convencionais e concluíram que os materiais analisados demostram-se adequados
à aplicação em camadas estruturais de tráfego leve. Proença (2012) constatou valores de ISC
entre 47,0% e 95,2% na energia de compactação intermediária e valores acima de 60% na
energia modificada. Leite et al. (2011) obteve valores médios de ISC de 73% e de 117% nas
energias de compactação intermediária e modificada, respectivamente.

A exemplo da aplicação prática de RCD-R na camada de base de pavimentos permeáveis, em


maio de 2016, foi executada uma calçada em concreto permeável no Campus da Universidade
de São Paulo-USP e o material utilizado como componente da base foi um RCD-R cinza, cuja
granulometria não foi controlada na obra, mas varia, aparentemente, de 19mm a 25mm,
conforme ilustrado na Foto 10.

Foto 10 – Material utilizado na base de uma calçada em concreto permeável, na USP.

Fonte: A autora (2016).


62

Os resultados positivos apresentados por Rahman et al. (2015), Proença (2012) e Leite et al.
(2011), além da recente utilização de RCD-R na base de uma calçada em concreto permeável
na USP, incentivam a elaboração de novos estudos e a execução de obras de pavimentação
permeável com resíduos de construção e demolição.

Sabe-se que a qualidade e as propriedades dos RCD-R são bastante diversificadas, variando
de acordo com sua origem, composição, processo de beneficiamento, dentre outras
influências. Também por esta razão, quanto mais pesquisas forem desenvolvidas com o
intuito de avaliar a adequabilidade de resíduos à composição de pisos drenantes, maiores
serão as possibilidades de aplicação prática de sistemas de pavimentação deste gênero, o que
favorece a inclusão do setor da construção civil a estratégias de desenvolvimento sustentável.

A presente pesquisa busca contribuir com a sustentabilidade, sobretudo nos grandes centros
urbanos, a partir do estudo da viabilidade técnica do emprego de RCD-R no subleito e na
camada de base de pavimentos em concreto permeável. Para isso, são utilizados materiais e
métodos específicos, os quais serão tratados no capítulo 3 desta pesquisa.
63

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

Esta pesquisa tomou como estudo de caso o parque de estacionamento da Escola Politécnica
da Universidade de Pernambuco (POLI-UPE). Os materiais submetidos à análise laboratorial
e de campo correspondem ao solo existente no terreno da escola e a Resíduos de Construção e
Demolição Reciclados (RCD-R) destinados à substituição do solo do subleito e à composição
da base do pavimento. O concreto permeável e a brita natural que o compõe também
passaram por ensaios investigativos.

O procedimento metodológico adotado na pesquisa é dividido em quatro etapas. A primeira


delas foca na caracterização do solo da escola e dos resíduos servíveis à composição do
subleito e da camada de base, a partir de ensaios realizados em laboratório e em campo. A
segunda concentra-se no cálculo do dimensionamento de cada camada do pavimento, a partir
dos resultados dos ensaios da primeira etapa e dos dados pluviométricos da cidade do Recife.

A terceira etapa refere-se à coleta do material necessário à construção de um pavimento em


concreto permeável em duas vagas de estacionamento, no terreno da POLI-UPE e posterior
caracterização e análise de amostras extraídas deste montante. Foram desenvolvidos ensaios
físicos e mecânicos com os RCD-R constituintes da base e do subleito do pavimento e os
resultados dos ensaios foram confrontados com aqueles realizados na primeira etapa. Também
foram verificadas as propriedades físicas e mecânicas da brita natural integrante do concreto
permeável, bem como o concreto em si, nos estados fresco e endurecido.

A quarta e última etapa trata da construção do sistema de pavimentação das duas vagas de
estacionamento, sendo uma delas executada diretamente sobre o solo da escola e outra sobre o
RCD-R substituto do subleito existente. A execução do pavimento fundamenta-se em
recomendações indicadas por Almeida (2016) e Batezini (2016), e respalda-se nos resultados
da caracterização dos materiais componentes do sistema e no dimensionamento da estrutura,
calculado na segunda etapa da pesquisa.

Durante a execução do pavimento, foram moldados corpos de prova com o concreto da obra
e, posteriormente, o material foi analisado nos estados fresco e endurecido. Imediatamente
após a cura do concreto, foi verificada a eficácia hidráulica do pavimento. A Figura 11
apresenta um fluxograma que sintetiza todo o procedimento metodológico supracitado.
64

Figura 11 – Fluxograma do procedimento metodológico adotado na pesquisa.

Fonte: A autora (2016)


65

3.1 Materiais

3.1.1 Solo do subleito da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (POLI-UPE)

A partir do perfil geotécnico do terreno da universidade (GUSMÃO, 2015), foi possível


analisar preliminarmente os materiais que compõem o solo existente no terreno da Escola
Politécnica da Universidade de Pernambuco (POLI-UPE), a diferentes profundidades (Figura
12). O perfil denota a existência de um material de aterro com 1,0m de altura, seguido de
areia argilosa até à cota dos 5,0m. A seguir, é possível observar uma camada de argila siltosa
orgânica até aos 21m de profundidade, mais 4m de areia média, 3m de argila siltosa e, por
fim, uma porção de 2m de areia grossa. O lençol freático encontra-se a 2,0m da superfície.

Figura 12 – Perfil geotécnico do terreno da POLI.

Fonte: Gusmão (2015).

3.1.2 RCD-R proveniente de usina de beneficiamento em Camaragibe-PE

Tanto os resíduos servíveis à substituição do solo do subleito quanto da camada de base do


pavimento em concreto permeável foram obtidos a partir de uma usina de beneficiamento
localizada no município de Camaragibe, situado a cerca de 12km do Recife, no Estado de
Pernambuco.

Nesta usina, especificamente, a primeira etapa do processo de beneficiamento é realizada por


meio de catação manual, onde são separados os contaminantes dos resíduos classe A. Em
seguida, após separação magnética, todo o material é britado apenas uma vez e é separado de
acordo com sua granulometria. A Foto 11 apresenta estas etapas do processo.
66

Foto 11 – Usina de beneficiamento de RCD no município de Camaragibe-PE, em Maio de 2016.

Fonte: A autora (2016)

3.1.2.1 RCD-R substituto do solo do subleito

O Resíduo de Construção e Demolição Reciclado (RCD-R) servível como substituto do solo


do subleito foi coletado e analisado em Maio de 2016 na primeira etapa e em Dezembro do
mesmo ano na terceira etapa do procedimento metodológico. Ambos são classificados como
resíduos classe “A” (CONAMA, 2002) e são comercializados pela usina como areia grossa.

A partir de análise visual, o resíduo empregado na primeira etapa foi caracterizado como
cinza, sendo considerado um Agregado de Resíduo de Concreto (ARC), cujo teor de materiais
à base de cimento Portland e rochas é maior que 90% (ABNT NBR 15116, 2004). Também
por meio de análise visual, a amostragem do material empregado em obra, ou seja, o RCD-R
analisado na terceira etapa, foi considerado misto, com percentual de materiais à base de
cimento Portland e de rochas menor que 90% (ABNT NBR 15116, 2004). A Foto 12 ilustra
os resíduos empregados na primeira (A) e na terceira (B) etapas do procedimento
metodológico.

Foto 12 – Resíduos de Construção e Demolição utilizados na primeira (A) e terceira (B) etapas.

(A) (B)
Fonte: A autora (2016).
67

3.1.2.2 RCD-R substituto do material da base do pavimento

O material servível como base do sistema de pavimentação em concreto permeável é


comercializado pela usina de beneficiamento de Camaragibe como brita 19mm, embora
pudesse ser classificado como brita 25mm, de acordo com sua curva granulométrica, obtida
em laboratório. Os resultados dos ensaios são descritos no capítulo 4 desta pesquisa.

As amostras de resíduo analisadas nesta pesquisa foram caracterizadas como Agregados de


Resíduo Misto (ARM). Na primeira etapa do procedimento metodológico, em Maio de 2016,
esta verificação foi feita por meio de gravimetria. Na terceira etapa, em Dezembro de 2016,
isto foi feito mediante análise visual. Os RCD-R empregados na primeira (A) e terceira (B)
etapas estão representados na Foto 13.

Foto 13 – RCD-R analisados na primeira (A) e na terceira (B) etapas do procedimento metodológico.
(A) (B)

Fonte: A autora (2016).

3.1.3 Material para a composição do revestimento em concreto permeável

A camada de revestimento do pavimento em concreto permeável foi desenvolvida conforme


recomendações de Batezini (2016). Por razões logísticas, utilizou-se como parâmetro a
composição denominada por ele de “Rj”.

Por razões logísticas, foram empregados brita 12, proveniente de Jaboatão dos Guararapes,
em Pernambuco, e cimento Portland CP V, oriundo do município de Baraúna, no Rio Grande
do Norte. Além de água potável, também se acrescentaram à mistura um aditivo modificador
de viscosidade, que é um superplastificante de elevada eficiência à base de policarboxilatos, e
mais um aditivo retardador de pega, com o intuito de atrasar o tempo de pega do concreto.
68

Considerando-se que as duas vagas de estacionamento medem (2,5 x 5,0)m cada uma e que a
espessura do revestimento adotada para ambas é de 15cm, o volume de concreto que a
execução do pavimento demanda corresponde a 3,75m³.

De acordo com Batezini (2016), o consumo de agregado graúdo deve ser igual a 1.660 kg/m³
e o de cimento, 374kg/m³, com relação água/cimento de 0,3. Na composição “Rj”, o teor do
superplastificante, em relação à massa de cimento, é de 0,35, ou seja, deve-se considerar um
consumo de 1.235ml/m³ de concreto. O teor do aditivo retardador de pega, em relação à
massa de cimento, é de 0,40, o que corresponde a 1.415ml/m³ de concreto. A Tabela 8
sintetiza as proporções adotadas.

Tabela 8 – Proporções da mistura por metro cúbico de concreto.


PEDRISCO CIMENTO CP V SUPERPLASTIFICANTE RETARDADOR DE PEGA RELAÇÃO
ÁGUA/CIMENTO
1.660 kg/m³ 374kg/m³ 1.235ml/m³ 1.415ml/m³ 0,3
Fonte: Adaptado de Batezini (2016).

Os aditivos – superplastificante e retardador de pega – utilizados na composição do concreto


foram concedidos por uma empresa americana com representação no Brasil. O pedrisco (brita
12), o cimento CP V e o serviço de concretagem, por sua vez, foram fornecidos por uma
companhia nacional, com uma de suas sedes localizada em Olinda, município integrante da
Região Metropolitana do Recife (RMR) e situado a cerca de 9km da capital pernambucana.

3.1.4 Material geossintético

O sistema adotado para o pavimento foi de infiltração total e, por isso, foi necessário o
emprego de uma manta geossintética do tipo não-tecido R-16 entre a parte inferior da base do
pavimento e o subleito, de modo a evitar a colmatação da estrutura, a partir da penetração de
finos provenientes do solo do subleito na camada de base.

De acordo com especificações do fabricante, o material empregado é agulhado, de filamentos


contínuos e constituído 100% por poliéster. Sua resistência à tração é de 16 kN/m e o
coeficiente de permeabilidade equivale a 0,38cm/s ou 1.368cm/h ou ainda 3,8 x 10-4 m/s, o
que não contribuirá negativamente com a eficácia hidráulica do sistema de pavimentação em
concreto permeável.
69

3.2 Procedimento metodológico

Os materiais descritos foram devidamente coletados, caracterizados e analisados, bem como


foram posteriormente empregados na construção do sistema de pavimentação em concreto
permeável, conforme procedimentos específicos, listados a seguir.

3.2.1 Etapa 1: Caracterização do subleito da POLI-UPE e dos Resíduos de Construção e


Demolição Reciclados (RCD-R) servíveis à substituição do subleito e da camada de
base

3.2.1.1 Caracterização do solo do subleito da POLI-UPE

As informações a respeito do subleito do terreno da POLI-UPE foram obtidas não apenas a


partir do perfil geotécnico da universidade, mas também foram desenvolvidos ensaios em
campo e em laboratório, com o intuito de caracterizar física e mecânica do material.

Primeiramente, foram coletadas amostras para determinação da massa específica do solo, no


local da obra, a partir do emprego de frasco de areia (ABNT NBR 7185, 2016), conforme
ilustrado na Foto 14 A. Com base na determinação prescrita pela ACI 522 R (2010), que
considera de maior relevância o coeficiente de permeabilidade do subleito até à profundidade
de 1,20m da superfície, extraíram-se três porções do solo à profundidade de 0,90m (Foto 14
B), e outras três a 1,50m (Foto 14 C).

O objetivo de se caracterizar o material dessa maneira, portanto, foi a obtenção de um valor


médio da densidade do solo, segundo requisitos da ABNT NBR 14545 (2000), norma
referente à permeabilidade de solos argilosos. A Foto 14 ilustra o processo de coleta, realizada
de acordo com exigências contidas na norma nacional ABNT NBR 7185 (2016).

Foto 14 – Coleta do solo do terreno da POLI-UPE para determinação da massa específica, in situ, com
emprego de frasco de areia (A) à profundidade de 0,90m (B) e de 1,50m (C).
(A) (B) (C)

Fonte: A autora (2016).


70

Conforme representado na Foto 14 (A), de cada nível do solo, foram extraídos três furos e, de
cada um deles, foram retiradas três pequenas amostras para verificação da umidade, conforme
ABNT NBR 7185 (2016). A partir destes valores relativos à umidade do solo do subleito a
0,90m (Foto 15 A) e a 1,50m de profundidade (Foto 15 B), foram desenvolvidos cálculos
requeridos pela ABNT NBR 7185 (2016) e então foi possível determinar a média da
densidade do material in situ, 1,20m abaixo da superfície.

Foto 15 – Amostras secas provenientes das perfurações no solo da POLI-UPE a 0,90m (A) e a 1,50m
(B) abaixo da superfície.
(A) (B)

Fonte: A autora (2016).

Concomitantemente à verificação da densidade in situ, por meio do frasco de areia, também


foram realizados ensaios laboratoriais nas instalações de uma empresa de manutenção e
limpeza urbana. Os ensaios foram de caracterização física e mecânica do material, a partir de
um montante de 80kg de solo proveniente de uma faixa situada entre a superfície e a
profundidade máxima de 0,90m.

Após ter sido quarteado, este material foi dividido em três porções distintas, e todas foram
submetidas a ensaios de granulometria por meio de peneiramento e de sedimentação, segundo
ABNT NBR 7181 (1984); compactação, conforme ABNT NBR 7182 (1986); Índice de
Suporte Califórnia (ISC ou CBR), de acordo com ABNT NBR 9895 (1987); Limite de
Liquidez (ABNT NBR 6459, 1984) e Limite de Plasticidade (ABNT NBR 7180, 1984). A
Figura 13 sintetiza todos os ensaios realizados com o solo do subleito em estudo, tanto em
campo quanto em laboratório.
71

Figura 13 – Resumo dos ensaios laboratoriais e de campo desenvolvidos no solo da POLI-UPE.

Fonte: A autora (2016).

O ensaio de compactação foi desenvolvido com reuso de material, em cilindros grandes (15 x
30) cm, com discos espaçadores medindo 63,5 mm, e utilizando-se energia de compactação
normal. Após a execução do ensaio, a densidade seca máxima foi comparada à densidade do
solo in situ. A Foto 16 mostra a máquina utilizada no desenvolvimento deste ensaio
específico.

Foto 16 – Máquina empregada no ensaio de compactação do solo da POLI-UPE.

Fonte: A autora.

Para o Índice de Suporte Califórnia, foi tomada a umidade ótima obtida a partir do ensaio de
compactação e, com esta umidade, as três amostras de solo foram ensaiadas.
72

3.2.1.2 Caracterização do RCD-R servível à substituição do solo do subleito

Conforme recomendações designadas por autores e normas (ABNT NBR 16416, 2015;
ABNT NBR 15115, 2004; ABNT NBR 15116, 2004; SENÇO, 2007; CAPUTO; CAPUTO,
2015), o resíduo servível à substituição do subleito do sistema foi submetido aos mesmos
ensaios destinados à caracterização do solo da universidade, tendo sido acrescentado ainda o
ensaio de permeabilidade à carga constante, segundo determinações da ABNT NBR 13292
(1985). A Figura 14 resume os ensaios realizados.

Figura 14 – Resumo dos ensaios laboratoriais desenvolvidos no RCD-R areia grossa servível ao
reforço ou à substituição de subleitos de pavimentos em concreto permeável.

Fonte: A autora (2016).

Com base nos procedimentos metodológicos adotados nesta pesquisa, foram coletados, na
primeira etapa, cerca de 80kg do resíduo, diretamente da usina de beneficiamento situada no
município de Camaragibe-PE, e o material foi devidamente caracterizado e analisado nas
instalações de uma empresa de manutenção e limpeza urbana.
73

O ensaio de compactação foi desenvolvido na mesma máquina utilizada no ensaio com o solo
existente na POLI-UPE, com reuso de material, em cilindros grandes (15x30) cm, com discos
espaçadores de 63,5 mm, e energia de compactação normal. Foi tomada a umidade ótima
obtida no ensaio de compactação para a determinação do Índice de Suporte Califórnia. A
densidade seca máxima obtida por meio da compactação foi adotada no ensaio de
permeabilidade à carga constante.

A decisão de se executar o ensaio de compactação com reuso de material apoiou-se no tipo de


material estudado, que se trata de um Resíduo de Construção e Demolição (RCD-R), com
grande quantidade de areia média e grossa. Santos (2007) desenvolveu ensaios de
compactação com reuso, a partir de um material com granulometria maior, mas muito similar
ao RCD-R em questão e de acordo com o autor, após análise comparativa entre ensaios
granulométricos antes e depois do processo de compactação, verificou-se que os gráficos de
uma das amostras coincidiram, enquanto os pares de gráficos das demais amostras
apresentaram características bastante similares entre si.

A seguir à realização dos ensaios, os resultados foram confrontados com as exigências


requeridas pelas normas nacionais ABNT NBR 16416 (2015), ABNT NBR 15115 (2004) e
ABNT NBR 15116 (2004) e pelas normas americanas ACI 522R (2010) e ACI 522.1 (2013).
Além das referências normativas, também foram consideradas orientações apresentadas por
instituições americanas relacionadas à composição e à execução de pavimentos em concreto
permeável.

3.2.1.3 Caracterização do RCD-R servível como material da base do pavimento

Os ensaios laboratoriais com as amostras de RCD-R comercializado como brita 19mm foram
realizados em uma empresa de manutenção e limpeza urbana, na própria POLI-UPE e em
uma universidade particular da cidade do Recife. Os ensaios seguiram as recomendações
contidas na ABNT NBR 16416 (2015), na ABNT NBR 15115 (2004) e na ABNT NBR 15116
(2004). Estas normas demandaram a execução de ensaios, como de granulometria, abrasão
Los Angeles, índice de vazios, compactação e Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR).

Além das recomendações normativas, com o intuito de caracterizar melhor o material, ainda
foram desenvolvidos uma análise gravimétrica e ensaios de absorção no agregado reciclado.
Também foi determinado o percentual de finos que passam através da peneira 75μm, por
74

lavagem, segundo recomendações contidas na ABNT NBR NM 46 (2003). A Figura 15


sintetiza todos os ensaios realizados em laboratório.

Figura 15 – Resumo dos ensaios laboratoriais desenvolvidos no RCD-R servível como material da
base de pavimentos em concreto permeável.

Fonte: A autora (2016).

A caracterização do resíduo foi desenvolvida a partir de 80kg de material, advindos


diretamente da usina de beneficiamento de Camaragibe. O RCD-R passou pelo processo de
quarteamento e foi separado em três porções distintas. Conforme dito anteriormente, uma
75

amostra adicional de brita natural 19mm também foi testada, de modo que foi possível
comparar os resultados dos ensaios com agregados naturais e reciclados.

O ensaio de compactação da amostra natural e das recicladas foi realizado sem reuso de
material, em cilindros grandes (15x30) cm, com discos espaçadores de 63,5 mm, e energia de
compactação intermediária, segundo exigências contidas na ABNT NBR 15116 (2004). A
umidade ótima obtida no ensaio de compactação serviu de parâmetro para a determinação do
Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR).

Embora Leite et al. (2011) afirmem que o ISC de agregados reciclados aumente
significativamente a partir do emprego de energia modificada ao invés de intermediária,
optou-se, nesta pesquisa, pela adoção da energia intermediária. Esta decisão respalda-se no
fato de que em pavimentos permeáveis, além de resistência mecânica, a camada de base deve
apresentar alto índice de vazios e elevada capacidade de retenção de água. Neste sentido, um
processo de compactação comedido poderá contribuir significativamente com a eficácia
hidráulica do sistema.

3.2.2 Etapa 2: Dimensionamento do sistema de pavimentação

O dimensionamento do pavimento em concreto permeável foi estabelecido de acordo com


aspectos mecânicos e hidráulicos de cada uma das camadas integrantes da estrutura. Foram
tomados como parâmetros para os cálculos, dentre outras referências, os resultados obtidos
nos ensaios da primeira etapa do procedimento metodológico (Figura 16).

Figura 16 – Procedimento metodológico adotado para o dimensionamento das camadas do pavimento.

Fonte: A autora (2016).


76

3.2.2.1 Subleito

Conforme dito anteriormente, a ACI 522 R (2010) considera mais relevante, para a eficácia
hidráulica de pavimentos em concreto permeável, o subleito até à profundidade de 1,20m.
Deste modo, para o desenvolvimento desta pesquisa, a espessura do RCD-R areia grossa que
substituiu o subleito existente de uma das vagas de estacionamento corresponde a 1,20m,
devendo ainda ser descontadas as profundidades das camadas de base e de revestimento.

3.2.2.2 Camada de base

A ABNT NBR 16416 (2015) estabelece que o dimensionamento da base de pavimentos em


concreto permeável seja calculado segundo a Equação 3:

á (Equação 3)

Sendo:

Hmáx: Espessura total da camada do reservatório, expressa em metros (m);


: Precipitação excedente ou efetiva da área de contribuição para uma dada chuva de projeto,
expressa em metros (m);
R: Relação entre a área de contribuição e a área de pavimento permeável (Ac/Ap);
P: Precipitação de projeto, expressa em metros (m);
f: taxa de infiltração do solo, expressa em metros por hora (m/h);
Te: Tempo efetivo de enchimento do reservatório, geralmente igual a 2h, expresso em horas (h);
Vr: Índice de vazios da camada.

3.2.2.3 Camada de revestimento

Em favor da segurança, o dimensionamento da camada de revestimento em concreto


permeável tomou como base determinações da National Ready Mixed Concrete Association –
NRMCA (2011). A adoção desta indicação em detrimento de outras referências americanas e
nacionais justifica-se pelo fato de a NRMCA sugerir espessuras maiores e, portanto, mais
conservadoras que as apresentadas pela ABNT NBR 16416 (2015), por exemplo.

3.2.3 Etapa 3: Coleta e caracterização dos materiais utilizados na execução do pavimento

Após o dimensionamento do sistema de pavimentação em concreto permeável a ser


construído em duas vagas de estacionamento no terreno da POLI-UPE, foram coletados e
caracterizados os materiais a ser empregados na execução da estrutura.
77

É importante frisar que, na terceira etapa do procedimento metodológico, os RCD-R


substitutos do subleito e componentes da camada de base do pavimento foram caracterizados
a partir de um número de ensaios inferior àqueles desenvolvidos na primeira etapa.

Os ensaios laboratoriais realizados com as amostras de resíduo antes da execução da obra


foram os mesmos habitualmente adotados por empresas de pavimentação convencional,
anteriormente à execução das obras. Ao longo desta pesquisa, portanto, os ensaios
desenvolvidos na terceira etapa, em uma empresa de manutenção e limpeza urbana,
caracterizaram os resíduos empregados em obra e os resultados encontrados foram
comparados aos obtidos na primeira etapa.

3.2.3.1 Caracterização do RCD-R substituto do solo do subleito, empregado na execução do


pavimento.

Foram coletados da usina de beneficiamento de Camaragibe, 12m³ de Resíduo de Construção


e Demolição Reciclados (RCD-R) comercializados por eles como areia grossa. Este foi o
volume necessário à substituição do solo de subleito de uma das vagas de estacionamento da
Escola Politécnica de Pernambuco (POLI-UPE). Deste montante de 12m³, foram tomadas três
amostras distintas do resíduo, que foram posteriormente caracterizadas e analisadas conforme
ilustrado na Figura 17.

Figura 17 – Procedimento metodológico para a caracterização do RCD-R substituto do subleito.

Fonte: A autora.
78

3.2.3.2 Caracterização do RCD-R substituto do agregado da base, na execução do pavimento

Para a execução da base, foram tomados da usina de beneficiamento 15m³ de RCD-R


comercializado como brita 19mm, volume suficiente para a conformação da camada de base
das duas vagas de estacionamento. Deste montante, foram extraídas mais três amostras,
submetidas aos ensaios laboratoriais apresentados na Figura 18, em uma empresa de
manutenção e limpeza urbana.

Figura 18 – Procedimento metodológico para a caracterização do RCD-R substituto do material da


base do pavimento.

Fonte: A autora (2016).

3.2.3.3 Caracterização do concreto permeável utilizado na obra e da brita que o compõe

Os componentes e o traço do concreto permeável utilizados neste estudo foram determinados


por Batezini (2016). Relativamente à brita que conforma o revestimento, segundo
recomendações do autor, a empresa fornecedora do agregado concedeu a curva
granulométrica do mesmo e este gráfico foi analisado e comparado àquele correspondente à
brita empregada na pesquisa de Batezini (2016).

Também foi destacada pelo autor a importância de se verificar a densidade do concreto nos
estados fresco e endurecido, com o intuito de se compararem os resultados dos ensaios com os
mesmos ensaios executados por ele. Sugere-se, além disso, que antes da execução da obra,
sejam verificados o índice de vazios e o coeficiente de permeabilidade do concreto em
laboratório, conforme determinações da ASTM C 1754 (2012) e da ISO 17785-1 (2016),
respectivamente.
79

Do mesmo modo, é indicado que se ensaio a resistência mecânica do material, a partir dos
ensaios de resistência à compressão simples (ABNT NBR 5739, 2007) e à tração por
compressão diametral (ABNT NBR 7222, 1994).

A principal justificativa para se caracterizar física, mecânica e hidraulicamente o concreto


permeável nesta pesquisa, em que se estuda a viabilidade técnica de utilização de RCD-R no
subleito e na camada de base do sistema, é garantir o adequado funcionamento da camada de
revestimento, nas duas vagas de estacionamento construídas, de maneira que a base e o
subleito possam ser avaliados com o mínimo possível de interferência do mesmo.

A Figura 19 expõe todos os ensaios requisitados para a caracterização do concreto e da brita


que o compõe. São apresentados tanto o ensaio granulométrico solicitado à empresa
fornecedora do agregado graúdo, como também todos os demais ensaios, executados na
POLI-UPE, com 8 corpos de prova em concreto, moldados individualmente, em 3 camadas de
igual volume, com o auxílio de um soquete de 4,5kg. Os 8 moldes utilizados foram todos
cilíndricos, com 10cm de diâmetro e 20cm de altura.

Figura 19 – Procedimento metodológico para a caracterização do agregado componente do concreto


permeável e do próprio concreto, empregado no pavimento.

Fonte: A autora (2016).


80

Os mesmos componentes do concreto do pavimento construído em escala real foram


empregados nos ensaios de laboratório precedentes à execução da obra. A Foto 17 mostra o
montante de 26,63kg de brita 12 (A), 1,8 litros água potável e 6kg cimento do tipo CP V (B) e
mais 19,81ml de aditivo superplastificante e 22,70ml de retardador de pega (C). Todos estes
materiais foram dosados segundo o traço denominado por Batezini (2016) de “Rj”, para a
obtenção de 0,016m³ de concreto permeável.

Foto 17 – Brita 12 (A), água potável e cimento CPV (B) e aditivos (C) componentes do concreto.
(A) (B) (C)

Fonte: A autora.

Como o traço do determinado por Batezini (2016) contém os aditivos acima descritos, com o
intuito de simular melhor o que ocorreria em campo, o concreto permaneceu na betoneira por
cerca de 20 minutos, até que fosse atingida a consistência ideal do material. A Foto 18 mostra
a aparência fluida do concreto aos 5 minutos de betonada (A), o concreto permeável dentro da
betoneira (B) e a aparência final do mesmo, quando foi utilizado para a moldagem dos corpos
de prova (C).

Foto 18 - Aparência fluida do concreto aos 5 minutos de betonada (A), concreto permeável na
betoneira (B) e aparência final do concreto (C).
(A) (B) (C)

Fonte: A autora.

Os 8 corpos de prova foram moldados em 3 camadas de igual volume cada um, segundo
recomendações da ISO 17785-1 (2016). A Foto 19 ilustra o processo de compactação do
concreto, a partir da utilização de um soquete de proctor, pesando 4,5kg. Imediatamente após
81

a moldagem, as amostras foram cobertas, e só foram descobertas depois de transcorridos 7


dias de cura. Posteriormente à cura, foram desenvolvidos os ensaios indicados por Batezini
(2016), conforme Figura 19.

Foto 19 – Moldagem dos corpos de prova de concreto permeável, para ensaios precedentes à obra.

Fonte: A autora.

Após devidamente moldados, dois dos oito corpos de prova confeccionados foram pesados,
para a determinação da massa específica do concreto fresco. Depois de curadas, outras duas
amostras foram armazenadas em estufa à temperatura de 105°C, por três dias consecutivos, de
modo a serem verificados, posteriormente à secagem, a densidade do concreto endurecido e o
índice de vazios do material, segundo requisitos e parâmetros determinados pela ASTM C
1754 (2012).

As seis amostras que ficaram fora da estufa foram devidamente preparadas para o ensaio de
permeabilidade, de acordo com recomendações da ISO 17785-1 (2016). Esta preparação se
deu a partir da aplicação de três camadas de um filme plástico transparente e sensível ao calor,
sobre a superfície cilíndrica dos corpos de prova de concreto. É importante destacar que o
dimensionamento deste plástico excedeu em 5cm a altura das amostras, com o intuito de
permitir o controle da vazão durante o ensaio de permeabilidade, a partir da incidência de uma
coluna d’água no topo dos corpos de prova, com altura variável entre 15mm e 25mm.

A seguir, foi incidido ar quente sob pressão sobre o material em volta do concreto, que aderiu
completamente à estrutura do material, conforme ilustrado na Foto 20 (A). Posteriormente, as
seis amostras foram submetidas à pré-molhagem e a duas molhagens consecutivas, tendo sido
empregados em todos estes procedimentos o volume de um litro de água potável. Tanto na
pré-molhagem quanto nas duas molhagens, foram medidos o tempo de percolação e a
82

quantidade de água que atravessa verticalmente a estrutura do material, conforme mostra a


Foto 20 (B).

Foto 20 – Preparação das amostras de concreto permeável para o ensaio de permeabilidade em


laboratório (A) e realização do ensaio (B).
(A) (B)

Fonte: A autora.

Após a realização do ensaio de permeabilidade, 3 das 6 amostras foram submetidas ao ensaio


de resistência à compressão simples, segundo a ABNT NBR 5739 (2007) e as outras 3, ao
ensaio de resistência à tração por compressão diametral, de acordo com determinações da
ABNT NBR 7222 (1994).

3.2.4 Etapa 4: Execução do sistema de pavimentação

A execução do pavimento tomou como base os resultados dos ensaios laboratoriais


desenvolvidos na terceira etapa do procedimento metodológico. O dimensionamento do
sistema, calculado na segunda etapa, também foi considerado.

Outro parâmetro empregado na execução das duas vagas de estacionamento foi o passo-a-
passo (ANEXO 1) proposto por Almeida (2016). Ambas as vagas de estacionamento foram
construídas em sistema de infiltração total, tendo sido o pavimento de uma delas construído
diretamente sobre o solo existente no terreno. Na outra vaga, parte do subleito foi substituída
por RCD-R comercializado como areia grossa.
83

A primeira etapa do processo de execução do pavimento em concreto permeável foi a


escavação do terreno, conforme ilustra a Foto 21.

Foto 21 – Início da escavação do terreno da POLI-UPE.

Fonte: A autora.

Após a escavação, deu-se início à substituição de parte do solo natural de uma das vagas de
estacionamento por RCD-R areia grossa. Este procedimento foi realizado em 5 camadas de
10cm cada, e mais uma camada adicional com 15cm de espessura. Após umidificado, o
resíduo foi compactado com o auxílio de uma placa vibratória unidirecional, tendo sido
transcorridos 8 ciclos de compactação por camada. A Foto 22 mostra a compactação do RCD-
R areia grossa e a placa vibratória empregada neste procedimento.

Foto 22 – Compactação do RCD-R areia grossa substituto de parte do subleito existente.

Fonte: A autora.
84

A densidade do RCD-R in situ foi averiguada em três momentos: nos primeiros 20cm
compactados (Foto 23 A), na segunda camada de 20cm (Foto 23 B) e nos 25cm
remanescentes de resíduo (Foto 23 C). A Foto 23 (A, B e C) mostra como foi desenvolvido o
controle dessa densidade, a partir da realização do ensaio com frasco de areia.

Foto 23 – Controle da densidade do resíduo in situ, a partir do ensaio com frasco de areia.

(A) (B) (C)


Fonte: A autora.

Após a substituição de parte do subleito de uma das vagas de estacionamento por RCD-R
areia grossa, toda a área de intervenção foi devidamente forrada com manta geossintética não-
tecido, com o intuito de se separar o material fino do subleito da camada de base, composta
por agregado graúdo reciclado, comercializado como brita 19mm (Foto 24).

Foto 24 – Forração do subleito com manta geossintética não-tecido e início da execução da base.

Fonte: A autora.
85

Depois da colocação de todo o material componente da camada de base (Foto 25), foram
posicionadas fôrmas de madeira em todos os limites da área de intervenção, a fim de garantir
o acabamento adequado do revestimento em concreto permeável.

Foto 25 – Base do pavimento pronta para receber a camada de revestimento em concreto permeável.

Fonte: A autora.

Conforme dito anteriormente, uma empresa de serviços de concretagem localizada no


município de Olinda-PE foi responsável por fornecer o concreto permeável para a execução
das duas vagas de estacionamento. O carregamento do caminhão betoneira foi acompanhado
e, devido à distância entre a empresa e a POLI-UPE, optou-se por se levar até a obra um
volume de 4,5m³ de concreto, dosado segundo descrito na Tabela 9.

Tabela 9 – Proporções da mistura por metro cúbico de concreto.


PEDRISCO CIMENTO SUPERPLASTIFICANTE RETARDADOR DE ÁGUA
CP V PEGA
7.470 kg 1.683 kg 5.557,5 ml 6.367,5 ml 505 L (405 + 100 L)
(100% ADICIONADO NA (SOMENTE 405 L FORAM
CHEGADA À OBRA) ADICIONADOS NA
EMPRESA. 100 L FORAM
ACRESCENTADOS NA
CHEGADA À OBRA)
Fonte: A autora.

Pelo fato de a concretagem ter ocorrido em um dia de sábado, sem a influência do tráfego
intenso de veículos, o trajeto entre a empresa, em Olinda, até à Escola Politécnica de
Pernambuco (POLI-UPE), em Recife, demorou apenas 15 minutos. Deste modo, quando o
aditivo superplastificante foi adicionado, a pasta de cimento se apresentou bastante fluida,
sendo necessário esperar cerca de uma hora até que o concreto permeável atingisse a sua
consistência ideal, assumindo seu brilho metálico característico.

Em razão desta demasiada fluidez, dos 100 litros de água a ser adicionados na obra,
utilizaram-se somente 50 litros, sobretudo devido à demora em se conseguir a consistência
86

ideal e ao risco de se atingir a pega antes da execução do pavimento. Desse modo, foram
empregados no concreto em torno de 90% do volume de água total previsto, ou seja, 455 l. A
Foto 26 mostra a aparência do concreto utilizado na execução da obra, após o período de
espera de aproximadamente uma hora.

Foto 26 – Aparência do concreto utilizado na obra.

Fonte: A autora.

O concreto foi depositado no espaço das duas vagas de estacionamento diretamente do


caminhão betoneira (Foto 27 A). Após espalhado com o auxílio de enxadas (Foto 27 B), o
material foi sarrafeado e devidamente nivelado às fôrmas de madeira e ao pavimento
adjacente, em blocos intertravados de concreto (Foto 27 C). A temperatura do concreto
permeável no início do sarrafeamento era de 42,5°C.

Foto 27 – Início da execução da camada de revestimento em concreto permeável.

(A) (B) (C)


Fonte: A autora.

Concluídos os processos de sarrafeamento e nivelamento, a compactação do concreto foi


realizada com o auxílio de uma máquina acabadora de superfícies em concreto, à rotação lenta
(Foto 28 A). Em seguida, foi adicionada uma determinada quantidade de concreto junto aos
limites das vagas, e este material foi compactado manualmente (Foto 28 B). O objetivo de se
87

executar este procedimento foi aumentar a resistência mecânica do material nos pontos mais
suscetíveis à quebra e evitar seu desgaste por meio da desagregação do revestimento.

Foto 28 – Compactação do revestimento em concreto permeável.

(A) (B)
Fonte: A autora.

Imediatamente após a finalização do piso, toda a área de intervenção foi coberta por uma lona
plástica preta (Foto 29 A), que permaneceu sobre o revestimento até o final do processo de
cura do concreto permeável, que tem duração de sete dias. Vale destacar que durante a
execução do pavimento, foram moldados 8 corpos de prova (Foto 29 B), compactados em
apenas uma camada, com o auxílio de outro corpo de prova já curado (Foto 29 C).

Foto 29 – Cobertura do concreto com lona plástica (A) e moldagem de corpos de prova em 3 camadas
(B) e em 1 camada (C).

(A) (B) (C)


Fonte: A autora.

O objetivo principal de se moldarem corpos de prova durante a execução do pavimento foi


analisar em laboratório as características do concreto utilizado em obra. Também por essa
razão, optou-se por compactar as amostras em uma única camada, de modo a simular melhor
o que ocorre em campo. Com estes corpos de prova, foram realizados os mesmos ensaios
desenvolvidos antes da construção das duas vagas de estacionamento (Figura 20).
88

Figura 20 – Procedimento metodológico para a caracterização do concreto empregado em obra

Fonte: A autora.

Passados os sete dias necessários à cura do concreto permeável foi executado o ensaio de
permeabilidade do sistema de pavimentação in loco, a partir de recomendações da ABNT
NBR 16416 (2015). O ensaio foi realizado em quatro pontos distintos do pavimento, sendo
dois deles em uma das vagas e outros dois na segunda vaga de estacionamento (Foto 30 – A).
Para cada ponto, executou-se o ensaio apenas uma vez, tendo sido utilizados 2 litros de água
na etapa de pré-molhagem e 18 litros na molhagem.

A Foto 30 mostra a obra de pavimentação concluída (A), os materiais empregados no ensaio


(B) e a montagem dos equipamentos em um dos pontos onde o ensaio de permeabilidade foi
realizado (C).

Foto 30 – Obra de pavimentação concluída (A), materiais empregados no ensaio (B) e a montagem
dos equipamentos em um dos pontos onde o ensaio de permeabilidade foi realizado (C).

4
3 1

(A) (B) (C)


Fonte: A autora.
(B) (C)
89

Os resultados dos ensaios foram comparados entre si e também com os ensaios de


permeabilidade em laboratório, transcorridos antes da execução da obra e com o material
empregado na concretagem das vagas.
90

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Com base no procedimento metodológico adotado, apresentam-se os resultados, descritos ao


longo deste capítulo.

4.1 Etapa 1: Caracterização do subleito da POLI-UPE e dos RCD-R servíveis à


substituição do subleito e da camada de base

Os resultados dos ensaios referentes à caracterização do solo existente na POLI-UPE e dos


RCD-R servíveis à substituição do subleito e da camada de base do pavimento são
apresentados a seguir.

4.1.1 Caracterização do solo do subleito da POLI-UPE

Os ensaios de determinação de massa específica aparente, in situ, desenvolvidos com o


emprego de frasco de areia, no solo de subleito da POLI-UPE, apresentaram, entre as
amostras analisadas, valor médio correspondente a 1,49g/cm³ e umidade média de 9,30%.

A massa específica do solo mostrou-se maior à profundidade de 0,90m que à cota de 1,50m.
A justificativa para este resultado pode se respaldar tanto no processo de compactação do
aterro que, de acordo com Gusmão (2015), corresponde ao material até à profundidade de
1,0m, quanto na própria utilização do pavimento enquanto parque de estacionamento, que
acaba por compactar o solo próximo à superfície, devido à pressão exercida pelo peso próprio
e pela movimentação dos automóveis.

A Tabela 10 apresenta os resultados obtidos a partir do ensaio com frasco de areia. São
descritas a massa específica e a umidade do solo in situ, nas profundidades de 0,90m, de
1,50m e a média aritmética entre elas.

Tabela 10 – Densidade e umidade do solo in situ.


DENSIDADE IN SITU (PROFUNDIDADE 90cm)
UMIDADE MÉDIA (%) 9,21
MÉDIA DA MASSA ESPECÍFICA (g/cm³) 1,57
DENSIDADE IN SITU (PROFUNDIDADE 1,50m)
UMIDADE MÉDIA (%) 9,39
MÉDIA DA MASSA ESPECÍFICA (g/cm³) 1,41
UMIDADE MÉDIA DO SOLO (%) 9,30
MÉDIA DA MASSA ESPECÍFICA DO SOLO (g/cm³) 1,49
91

Os ensaios granulométricos por meio de peneiramento e de sedimentação, desenvolvidos com


três amostras do solo até à profundidade de 90 cm, demonstraram grande uniformidade no
material, apresentando inclusive curvas coincidentes no gráfico de distribuição
granulométrica (Figura 21).

O diâmetro efetivo4 médio do solo não pôde ser devidamente mensurado através do ensaio de
granulometria por peneiramento e sedimentação, tendo em vista que mais de 30% do material
é passante na peneira de menor abertura, ou seja, de 0,001mm. Desse modo, os coeficientes
de curvatura5 e de uniformidade6, cujas determinações dependem do diâmetro efetivo, foram
considerados indefinidos.

Figura 21 – Gráfico de distribuição granulométrica de 3 amostras distintas do solo de subleito da


Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (POLI-UPE).
ARGILA SILTE AREIA PEDREGULHO
FINA MEDIA GROSSA FINO MEDIO GROSSO
100%
90%
PORCENTAGEM QUE PASSA (%)

80%
70%
60%
50%
AMOSTRA 1
40%
AMOSTRA 2
30% AMOSTRA 3
20%
10%
0%
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
DIÂMETRO DOS GRÃOS (mm)

A presença de finos no solo analisado é considerável, uma vez que a média entre as três
amostras coletadas denota 49,71% de material é argiloso. Além disso, 56,17% é passante na
peneira de número 200 (abertura de 0,075mm). A Figura 21 e a Tabela 11 ilustram os
resultados de caracterização granulométrica supracitados.

4
O diâmetro correspondente a 10% em peso total de todas partículas menores que ele é indicado por D10 ou Def
– diâmetro efetivo (CAPUTO; CAPUTO, 2015).
5
Segundo Knappett; Craig (2015), o coeficiente de curvatura (Cz) é determinado pela equação: .
6
Segundo Caputo; Caputo (2015), o coeficiente de uniformidade (Cu) é estabelecido pela equação: .
92

Tabela 11 – Distribuição granulométrica do solo de subleito da POLI-UPE (Classificação conforme


ABNT NBR 6502, 1995).
AMOSTRA 1 AMOSTRA 2 AMOSTRA 3
Argila 49,26% 49,95% 49,91%
Silte 5,21% 3,32% 2,00%
Areia Fina 5,12% 6,88% 8,24%
Areia Média 19,94% 19,66% 19,66%
Areia Grossa 12,00% 12,32% 12,32%
Pedregulho Fino 2,00% 1,79% 1,79%
Pedregulho Médio 5,69% 5,36% 5,36%
Pedregulho Grosso 0,76% 0,71% 0,71%

Além da análise granulométrica, foram desenvolvidos ensaios de limites de liquidez e


plasticidade, obtendo-se o índice de plasticidade das amostras. A seguir, o material foi
classificado segundo o sistema de classificação TRB – Transportation Research Board e de
acordo com o Sistema Unitário de Classificação dos Solos – SUCS, que identifica o solo “...
de acordo com suas qualidades de textura e plasticidade” (BRASIL, 2006, p.55). As Figuras
23, 24 e 25 representam os limites de liquidez das amostras 1, 2 e 3, respectivamente.

Figura 22 – Gráfico de Limite de Liquidez – LL da amostra 1.


AMOSTRA 1
58
53
48
UMIDADE (%)

43
38
33
28
23
01 10 100
GOLPES

Figura 23 – Gráfico de Limite de Liquidez – LL da amostra 2.


AMOSTRA 2
58
53
48 LL=36,4%
UMIDADE (%)

43
38
33
28
23
01 10 100
GOLPES
93

Figura 24 – Gráfico de Limite de Liquidez – LL da amostra 3.


AMOSTRA 3
58
53 LL=39,1
48

UMIDADE (%)
43
38
33
28
23
01 10 100
GOLPES

Além do Limite de liquidez, foram desenvolvidos ensaios para a determinação do Limite de


Plasticidade das amostras, conforme determinações da ABNT NBR 7180 (1984). A média dos
valores encontrados foi de 24,77%. A partir dos dados de LL e LP, também foi possível
estabelecer o Índice de Plasticidade do material, cuja média corresponde a 13,20%.

Levando-se em consideração que mais da metade do material analisado é passante na peneira


de número 200 (abertura de 0,075mm) e que a média do Limite de Liquidez (LL) das três
amostras é inferior a 50%, o solo pode ser classificado como uma argila de baixa
compressibilidade (CL), de acordo com o Sistema Unitário de Classificação dos Solos –
SUCS.

Segundo o sistema de classificação de solos TRB – Transportation Research Board, o


material é argiloso do tipo A-6 e o seu comportamento enquanto subleito é considerado
sofrível a mau. O Índice de Grupo (IG) calculado equivale a 6.

Também foram desenvolvidos, com as três amostras de solo, ensaios de compactação. A


partir do gráfico que expressa o resultado dos ensaios (Figura 26), observa-se que a média
entre os valores de umidade ótima é de 17,90% e que a densidade seca máxima apresenta
média de 1,74g/cm³, para a energia de compactação normal.

A marcação em vermelho, na Figura 26 representa a média entre os valores obtidos nos


ensaios de densidade in situ, com frasco de areia. Em campo, o solo existente tem massa
específica de 1,49g/cm³, à umidade de 9,30%. Portanto, a partir do que está exposto no
gráfico, denota-se que, comparativamente à densidade seca máxima, de 1,74g/cm³, e à
umidade ótima, de 17,90%, o material in situ apresenta grau de compactação da ordem de
86% e grande desvio de umidade.
94

Figura 25 – Curvas de compactação do solo, a partir de três amostras analisadas.


ENSAIO DE COMPACTAÇÃO
1,8

1,75
Densidade seca máxima (g/cm³)

DENS. SECA MÁX. MÉDIA: 1,74g/cm³


UMID.ÓTIMA MÉDIA: 17,90%
1,7

1,65

1,6
AMOSTRA 1
1,55 AMOSTRA 2
AMOSTRA 3
1,5 IN SITU
DENS. SECA MÉDIA: 1,49g/cm³
UMID.ÓTIMA MÉDIA: 9,30%
1,45
9% 11% 13% 15% 17% 19% 21% 23%
Teor de umidade (%)

A Figura 27 ilustra graficamente os resultados obtidos através do ensaio de Índice de Suporte


Califórnia (ISC ou CBR), que tomou como base os valores médios da densidade seca máxima
e da umidade ótima, determinados por meio de compactação para a energia de compactação
normal. O CBR médio entre as três amostras foi de 11% e a expansão média foi de 1,1%.

Figura 26 – Curvas de CBR relativas às três amostras do solo.

25,0
ISC MÉDIO: 11%
EXPANSÃO MÉDIA: 1,1%

20,0
PRESSÃO Kg/cm²

15,0

AMOSTRA 1
10,0
AMOSTRA 2

AMOSTRA 3
5,0

0,0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55

PENETRAÇÃO (POLEGADAS)
95

É importante frisar que o Índice de Suporte Califórnia (ISC) deste solo permite caracterizar o
comportamento do mesmo como regular quanto à resiliência como subleito e reforço de
subleito (BRASIL, 2006).

Relativamente ao grau de permeabilidade do material, Pinto (2002) define que solos argilosos
possuem coeficiente de permeabilidade na ordem de 10-9 m/s. A norma brasileira que trata de
pavimentos em concreto permeável, a ABNT NBR 16416 (2015), estabelece que solos com
este coeficiente apresentam grau de permeabilidade muito baixo ou são considerados
praticamente impermeáveis.

A Tabela 12 elenca, de maneira sucinta, todos os resultados dos ensaios desenvolvidos com o
solo existente no terreno da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (POLI-UPE).

Tabela 12 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização do solo existente na POLI-UPE.
AMOSTRAS 1 2 3 MÉDIA ARITMÉTICA
ENSAIO DE GRANULOMETRIA
COEFICIENTE DE CURVATURA --- --- --- ---
TAMANHO EFETIVO DAS PARTÍCULAS (mm) --- --- --- ---
COEFICIENTE DE UNIFORMIDADE --- --- --- ---
MATERIAL PASSANTE NA PENEIRA 200 / 0,075mm (%) 56 56,3 56,3 56,2
ENSAIO DE COMPACTAÇÃO
UMIDADE ÓTIMA (%) 17,9 17,6 18,2 17,9
DESVIO PADRÃO DA UMIDADE ÓTIMA 0,32
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA UMIDADE ÓTIMA (%) 1,76
DENSIDADE SECA MÁXIMA (g/cm³) 1,74 1,75 1,73 1,74
DESVIO PADRÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA 0,01
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA (%) 0,61
ÍNDICE DE SUPORTE CALIFORNIA – ISC (CBR)
EXPANSÃO (%) 1,1 0,9 1,2 1,07
DESVIO PADRÃO DA EXPANSÃO 0,15
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA EXPANSÃO (%) 14,32
ISC / CBR (%) 11 12 11 11,33
DESVIO PADRÃO DO ISC 0,58
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO ISC (%) 5,09
ENSAIO DE LIMITE DE LIQUIDEZ – LL
LIMITE DE LIQUIDEZ (%) 38,4 36,4 39,1 37,97
DESVIO PADRÃO DO LL 1,40
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO LL (%) 3,69
ENSAIO DE LIMITE DE PLASTICIDADE – LP
LIMITE DE PLASTICIDADE (%) 25,2 24,1 25 24,77
DESVIO PADRÃO DO LP 0,59
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO LP (%) 2,37
ÍNDICE DE PLASTICIDADE
ÍNDICE DE PLASTICIDADE (%) 13,2 12,3 14,1 13,20
DESVIO PADRÃO DO IP 0,90
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO IP (%) 6,82

A partir das análises laboratoriais e de campo, conclui-se que, enquanto subleito, o material
em questão não apresenta características mecânicas e hidráulicas ideais para sistemas de
infiltração total, em pavimentação em concreto permeável.
96

4.1.2 Caracterização do RCD-R substituto do solo do subleito

A análise granulométrica do RCD-R substituto do subleito apresentou pouca variabilidade


entre os resultados das três amostras estudadas, o que denota certa uniformidade no processo
de beneficiamento do resíduo.

A Tabela 13 apresenta os percentuais de cada um dos materiais componentes das amostras 1,


2 e 3, de acordo com sua granulometria.

Tabela 13 – Distribuição granulométrica do RCD-R areia grossa, para 3 amostras distintas do resíduo.
AMOSTRA 1 AMOSTRA 2 AMOSTRA 3
Argila 15,63% 13,06% 15,91%
Silte 4,64% 7,23% 4,46%
Areia Fina 16,29% 15,24% 18,57%
Areia Média 24,45% 25,13% 23,68%
Areia Grossa 15,79% 17,73% 16,21%
Pedregulho Fino 22,23% 20,49% 20,17%
Pedregulho Médio 0,97% 1,11% 1,01%
Pedregulho Grosso 0,00% 0,00% 0,00%

A Figura e 27 exprime graficamente o resultado do ensaio granulométrico, realizado com as


três amostras de RCD-R.

Figura 27 – Gráfico de distribuição granulométrica do RCD-R areia grossa, para 3 amostras distintas
do resíduo.
ARGILA SILTE AREIA PEDREGULHO
FINA MEDIA GROSSA FINO MEDIO GROSSO
100%

90%

80%
PORCENTAGEM QUE PASSA (%)

70%

60%

50%

40%
AMOSTRA 1
30%
AMOSTRA 2
20%
AMOSTRA 3
10%

0%
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
DIÂMETRO DOS GRÃOS (mm)
97

A partir dos ensaios realizados, o material pode ser classificado como mal graduado e
desuniforme, uma vez que a média entre os coeficientes de curvatura das amostras é de 7,48 e
o coeficiente de uniformidade médio é de 126,43. Knappett; Craig (2015) definem que solos
bem graduados possuem coeficiente de curvatura entre 1 e 3 e Caputo; Caputo (2015)
afirmam que materiais com coeficiente de uniformidade maior que 15 são considerados
desuniformes.

Segundo o Sistema Unificado de Classificação dos Solos (SUCS), o resíduo analisado pode
ser classificado como uma areia com finos não plásticos, sendo componente do grupo
denominado SF.

De acordo com o sistema de classificação TRB – Transportation Research Board, o Resíduo


de Construção e Demolição Reciclado (RCD-R) em análise é um material granular do tipo A-
2-4. Enquanto subleito, o resíduo se comporta de modo excelente a bom, com índice de grupo
igual a zero.

As amostras do material analisado denotaram a presença de 15% de grãos do tamanho de uma


argila em sua composição. Entretanto, depois de transcorridas 24h do início das medições do
ensaio de sedimentação, o material apresentou coesão aparente das partículas, mas mostrou-se
não plástico. A Foto 31 ilustra a aparência do resíduo no início (A), no final da sedimentação
(B) e após sua conclusão (C), durante a lavagem do RCD-R na peneira de malha 200
(0,075mm).

Foto 31 – Início da sedimentação, aparência do material após 24h e final do ensaio.

(A) (B) (C)

Além do ensaio de granulometria por peneiramento e por sedimentação, também foram


realizados ensaios de compactação. A Foto 32 ilustra a máquina de compactação utilizada no
ensaio (A) e apresenta também a aparência do RCD-R no ramo seco – no início da execução
do ensaio (B), e mais úmido, próximo ao ponto de umidade ótima (C).
98

Foto 32 – Máquina para compactação, material no ramo seco e próximo à umidade ótima.

(A) (B) (C)

A partir da sua execução com energia de compactação normal, foi possível a obtenção da
umidade ótima das amostras, cuja média corresponde a 14,8%. A média da densidade seca
máxima é igual a 1,69g/cm³. A umidade ótima e a densidade seca máxima aparente de cada
uma das amostras estão representadas nas curvas de compactação das mesmas, reproduzidas
graficamente, conforme ilustrado na Figura 28.

Figura 28 – Curvas de compactação do RCD-R, para 3 amostras do RCD-R areia grossa.

1,75
Densidade seca máxima (g/cm³)

1,7
DENS. SECA MÁX. MÉDIA: 1,69g/cm³
UMID. ÓTIMA MÉDIA: 14,8%
1,65

1,6

AMOSTRA 1
1,55
AMOSTRA 2

AMOSTRA 3
1,5

1,45
2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18% 20% 22%

Teor de umidade (%)

O desenvolvimento do ensaio de ISC ou CBR revelou que o material em análise não é


considerado expansivo e apresenta como média um Índice de Suporte California de 13%
(Figura 29), em conformidade com os parâmetros mecânicos mínimos exigidos pela ABNT
NBR 15115 (2004).
99

Figura 29 – Curvas de CBR, para 3 amostras distintas do RCD-R areia grossa.


30,0

25,0
ISC MÉDIO: 13%
PRESSÃO (Kg/cm2)

EXPANSÃO MÉDIA: 0
20,0

15,0

AMOSTRA 1
10,0
AMOSTRA 2
5,0 AMOSTRA 3

0,0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55
PENETRAÇÃO (POLEGADAS)

A Tabela 14 mostra os resultados dos ensaios considerados essenciais para a adequação do


Resíduo de Construção e Demolição enquanto material de subleito, segundo parâmetros
descritos pela ABNT NBR 15115 (2004) e pela ABNT NBR 15116 (2004). Como é possível
observar, o RCD-R em análise atende às exigências contidas em norma, relativas ao
Coeficiente de Uniformidade (Cu), Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR), e expansão.

O único requisito com o qual o RCD-R está em desacordo refere-se ao percentual passante na
peneira com abertura de malha de 0,42mm. A ABNT NBR 15115 (2004) exige que de 10 a
40% do material passe através desta peneira, enquanto que mais de 50% do resíduo analisado
é passante (Tabela 14).

Tabela 14 – Exigências contidas na ABNT NBR 15115 (2004) para o emprego adequado de RCD-R
como material de reforço ou substituição do subleito.
ENSAIO DE GRANULOMETRIA (ABNT NBR ENSAIO DE ÍNDICE SUPORTE ENSAIO DE COMPACTAÇÃO (ABNT NBR
7181) CALIFÓRNIA (ISC) / CALIFORNIA 7182)
BEARING RATIO (CBR) (ABNT NBR
9895)
AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA
01 02 03 01 02 03 01 02 03
COEFICIENTE DE UNIFORMIDADE (≥ 10) ÍNDICE SUPORTE CALIFÓRNIA (≥ 12%) UMIDADE ÓTIMA (%)
145,00 85,71 148,57 11 15 13 15,6 14,8 14,0
PERCENTUAL PASSANTE NA PENEIRA 0,42 EXPANSÃO (≤ 1,0%, com energia de Determinação da umidade ótima (tomá-la
mm (entre 10% e 40%) compactação normal, conforme ABNT como parâmetro no momento da
NBR 7182 e ABNT NBR 6457) execução da camada do subleito).
52,60 52,30 56,12 0 0 0
Dimensão característica máxima dos grãos:
63,5 mm (tolerância de 5% da porcentagem
retida, em massa, na peneira de 63,5 mm),
limitada a 2/3 da espessura da camada
compactada (ABNT NBR NM 248);
100

É importante salientar que a ABNT NBR 15115 (2004) não requer a determinação dos limites
de liquidez e plasticidade do solo. Além disso, os requisitos da norma referem-se apenas a
aspectos mecânicos, não sendo objetivo da norma a determinação do coeficiente de
permeabilidade das amostras. Entretanto, estes dois ensaios foram realizados.

Mediante ensaios laboratoriais, verificou-se que nenhuma das amostras apresentou limite de
liquidez ou plasticidade. O comportamento do RCD-R, no ensaio de limite de liquidez, não
foi condizente com o que é suposto pela ABNT NBR 6459 (1984), apresentando-se
escorregadio, desde os primeiros golpes, no aparelho de Casagrande (Foto 33 A e B). O
material também indicou comportamnto não-plástico, tomando-se como base parâmetros
estabelecidos pela ABNT NBR 7180 (1984), conforme ilustrado na Foto 33 (C e D).

Foto 33 – Determinação dos limites de liquidez e plasticidade.

(A) (B) (C) (D)

Com base na densidade seca máxima obtida a partir da compactação, foi possível executar o
ensaio de permeabilidade à carga constante. Os valores relativos à densidade do resíduo e ao
volume do permeâmetro determinaram a massa de solo seco a ser adicionada ao cilindro. A
Foto 34 representa o desenvolvimento do ensaio de permeabilidade.

Foto 34 – Início do ensaio de permeabilidade do solo a carga constante.


101

O coeficiente de permeabilidade médio entre as amostras é de 4,48 X 10-6 m/s. O resíduo,


portanto, está em desacordo com a ABNT NBR 16416 (2015), para sistemas de infiltração
total, uma vez que a norma exige que subleitos de pavimentos em concreto permeável
denotem coeficiente maior que 10-3 m/s, em sistemas de infiltração deste tipo. Segundo a
norma nacional, este RCD-R é servível como substituto de subleitos de pavimentos em
concreto permeável apenas se o sistema de infiltração for parcial ou sem infiltração.

Destaca-se que mesmo que o resíduo seja incompatível com as exigências da ABNT NBR
16416 (2015) quanto à permeabilidade de subleitos em sistemas de infiltração total, deve-se
considerar o que estabelece a ACI 522 R (2010). Para sistemas de infiltração total, a norma
americana exige que o coeficiente mínimo de permeabilidade do solo (k) seja de até 3,6 x 10-
6
m/s, desde que este se estenda até uma profundidade mínima de 1,20m.

O propósito de se referenciar padrões americanos e confrontá-los com os nacionais é avaliar o


conteúdo da norma brasileira – cuja primeira versão foi publicada em agosto de 2015, a partir
da comparação com resoluções existentes há mais tempo, como a ACI 522 R (2010),
substitutiva da versão de 2006. A Tabela 15 expõe os resultados dos ensaios com o RCD-R.

Tabela 15 – Resumo dos resultados dos ensaios com o RCD-R servível à substituição do subleito.
AMOSTRAS 1 2 3 MÉDIA ARITMÉTICA
ENSAIO DE GRANULOMETRIA
COEFICIENTE DE CURVATURA 9,70 6,10 6,65 7,48
TAMANHO EFETIVO DAS PARTÍCULAS (mm) 0,004 0,007 0,0035 0,0045
COEFICIENTE DE UNIFORMIDADE 145,00 85,71 148,57 126,43
MATERIAL PASSANTE NA PENEIRA 200 / 0,075mm (%) 25,05 23,04 26,53 24,87
ENSAIO DE COMPACTAÇÃO
UMIDADE ÓTIMA (%) 15,6 14,8 14,0 14,80
DESVIO PADRÃO DA UMIDADE ÓTIMA 0,8
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA UMIDADE ÓTIMA (%) 5,4
DENSIDADE SECA MÁXIMA (g/cm³) 1,686 1,708 1,686 1,69
DESVIO PADRÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA 0,012
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA (%) 0,75
ÍNDICE DE SUPORTE CALIFORNIA – ISC (CBR)
EXPANSÃO (%) 0 0 0 0
DESVIO PADRÃO DA EXPANSÃO 0
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA EXPANSÃO (%) 0
ISC / CBR (%) 11 15 13 13
DESVIO PADRÃO DO ISC 2
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO ISC (%) 15,4
ENSAIO DE PERMEABILIDADE À CARGA CONSTANTE
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE (m/s) 4,03x10-6 4,58x10-6 4,84x10-6 4,48x10-6
DESVIO PADRÃO DO COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE 0,42
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE (%) 9,37
ENSAIO DE LIMITE DE LIQUIDEZ
LIMITE DE LIQUIDEZ (%) 0 0 0 0
ENSAIO DE LIMITE DE PLASTICIDADE
LIMITE DE PLASTICIDADE (%) 0 0 0 0
102

Os ensaios laboratoriais realizados com o Resíduo de Construção e Demolição Reciclado


(RCD-R) comercializado como areia grossa expressaram adequabilidade mecânica do
material enquanto substituto de subleitos de pavimentos em concreto permeável, desde que
seja diminuída a quantidade de agregados passantes pela peneira de abertura 0,42mm.

Hidraulicamente, sua utilização é aceitável apenas em sistemas de infiltração parcial ou sem


infiltração, segundo requisitos dispostos na ABNT NBR 16416 (2015). O uso do RCD-R em
subleitos de sistemas de infiltração total é viável, entretanto, se for considerado o conteúdo
disposto na norma americana ACI 522-R (2010).

4.1.3 Caracterização do RCD-R substituto do material da base do pavimento

A primeira análise com o RCD-R servível como componente da base do pavimento em


concreto permeável foi desenvolvida de acordo com sua caracterização gravimétrica. Apesar
da quantidade relevante de rochas naturais e de material cimentício, que somados,
representam 88,61% da amostragem total, os resultados denotaram que o resíduo é
classificado como misto, uma vez que esta parcela RCD cinza não chega à marca dos 90%,
segundo determinações da ABNT NBR 15116 (2004).

A Tabela 16 sintetiza os resultados obtidos, apresentando as porcentagens de cada um dos


componentes, em relação ao montante total.

Tabela 16 – Resultado do ensaio gravimétrico com o RCD-R componente da base do sistema.


COMPONENTES: PESO (g) PORCENTAGEM (%)
RCD CINZA 18.884,9 88,61%
CERÂMICA VERMELHA 1.806,3 8,48%
CERÂMICA BRANCA 294,4 1,38%
11,39%
GESSO 88,6 0,42%
LIXO 237,7 1,12%
TOTAL 21.311,9 100,00%

A Foto 35 (A) representa a composição do RCD-R, conforme coletado na usina de


beneficiamento. Na Foto 35 (B), é ilustrado o processo de quarteamento da amostra. A
separação dos agregados de acordo com seus componentes, por meio da gravimetria, é
apresentada na Foto 35 (C), onde são observados 5 grupos distintos de materiais, quais sejam:
resíduo cinza (rochas naturais e de material cimentício), cerâmica vermelha, cerâmica branca,
gesso e lixo.
103

Foto 35 – RCD-R brita 19mm (A), processo de quarteamento do material (B) e separação através da
gravimetria (C).

(A) (B) (C)


Fonte: Gusmão (2016).

A seguir ao ensaio gravimétrico, três amostras de Resíduo de Construção e Demolição


Reciclados (RCD-R) foram submetidas ao ensaio de absorção, segundo determinações da
ABNT NBR NM 53 (2003), e apresentaram como resultado uma taxa média de 6,1%. O
material também passou por uma caracterização granulométrica por meio de peneiramento.

A Tabela 17 expressa percentualmente a distribuição granulométrica das amostras.

Tabela 17 – Distribuição granulométrica do RCD-R brita 19mm, para 3 amostras distintas do resíduo.
AMOSTRA 1 AMOSTRA 2 AMOSTRA 3
Argila 0,00% 0,00% 0,00%
Silte 0,62% 0,36% 0,44%
Areia Fina 6,07% 5,80% 6,19%
Areia Média 4,16% 5,33% 5,95%
Areia Grossa 6,75% 6,79% 9,53%
Pedregulho Fino 17,98% 19,08% 18,91%
Pedregulho Médio 55,75% 57,25% 53,64%
Pedregulho Grosso 8,67% 5,40% 5,33%

A Figura 30 representa graficamente a distribuição granulométrica das três amostras.

Figura 30 – Gráfico de distribuição granulométrica do RCD-R brita 19mm, para 3 amostras distintas
do resíduo.

100,0
PORCENTAGEM QUE PASA (%)

90,0
80,0
AMOSTRA 01
70,0 AMOSTRA 02
60,0 AMOSTRA 03
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0,01 0,1 1 10 100
DIÂMETRO DOS GRÃOS (mm)
104

A partir do que está disposto na Figura 30, é possível observar a similaridade entre as curvas.
Esta semelhança, atrelada, inclusive, à existência de alguns pontos coincidentes no gráfico,
evidenciam certa uniformidade no processo de beneficiamento do resíduo.

A peneira de menor abertura empregada neste ensaio de granulometria foi a de número 100,
porque apenas 0,5% do resíduo passou por esta malha. Deste modo, foi desenvolvido outro
ensaio, com o intuito de se determinar a porcentagem de material fino passante na peneira de
número 200 (abertura de 75μm), ensaio este realizado através da lavagem do RCD-R, de
acordo com parâmetros dispostos na ABNT NBR NM46 (2003). O resultado denotou a
presença de 3,45% de pulverulentos, em média, nas três amostras analisadas.

De acordo com a ABNT NBR 16416 (2015), a porcentagem de pulverulentos contida no


material da base deve ser de, no máximo, 2%. Assim, para que o resíduo possa ser empregado
adequadamente nesta camada do pavimento, sugere-se que o mesmo passe por uma pré-
lavagem antes de ser aplicado em obra.

A partir do ensaio por meio de peneiramento realizado com as três amostras, denota-se que a
maior parte do material coletado (55,67%) é caracterizado como pedregulho médio. A parcela
equivalente a 18,7% do RCD-R é formada por pedregulho fino e a quantidade de pedregulho
grosso corresponde ao valor médio de 6,33%.

O diâmetro efetivo médio entre as amostras é de 0,97mm. A média entre os coeficientes de


curvatura é de 3,95 e o coeficiente de uniformidade é igual a 14,12. Tomando-se como base
estes valores, o material pode ser classificado como mal graduado e uniforme, de acordo com
definições de Knappett; Craig (2015).

Segundo o Sistema Unitário de Classificação dos Solos – SUCS, o RCD-R em questão pode
ser considerado um pedregulho mal graduado com pouco ou nenhum fino (GP). De acordo
com o sistema de classificação TRB, o material é granular e é classificado como A-1-a ou A-
1-b. Os materiais constituintes das amostras, ainda conforme o TRB, podem ser pedra,
pedregulho fino e areia.

Após a caracterização granulométrica, também foi realizado o ensaio de compactação com as


três amostras de Resíduo de Construção e Demolição Reciclado (RCD-R). A densidade seca
máxima apresentou o valor médio de 1,96g/cm³ e a média da umidade ótima foi de 12,3%. A
Figura 31 expressa graficamente o resultado do ensaio, a partir das curvas de compactação de
cada uma das amostras do material.
105

Figura 31 – Gráfico de compactação com as três amostras de RCD-R brita 19mm.


2,00
DENS. SECA MÁX. MÉDIA: 1,96g/cm³
AMOSTRA 01
Densidade Máxima - g/cm3
UMID. ÓTIMA MÉDIA: 12,3%
AMOSTRA 02
1,95
AMOSTRA 03

1,90

1,85

1,80
6 8 10 12 14 16 18

Umidade ótima - %

O gráfico do Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR), disposto na Figura 32, aponta valor
médio de CBR igual a 60% e expansibilidade nula. Vale salientar que este valor de CBR é
aceitável para resíduos servíveis ao reforço de subleitos, em pavimentos convencionais
(ABNT NBR 15115, 2004). Contudo a ABNT NBR 16416 (2015) exige o índice mínimo de
80%, para estruturas em concreto permeável.

Figura 32 – Gráfico de ISC (CBR) com três amostras de RCR-R brita 19mm.
110,0
100,0
ISC MÉDIO: 60%
90,0
EXPANSÃO MÉDIA: 0
80,0
Pressão Kg/cm²

70,0
60,0
50,0
AMOSTRA 01
40,0
AMOSTRA 02
30,0
AMOSTRA 03
20,0
10,0
0,0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55
Penetração (Pol.)
106

Dois últimos ensaios foram desenvolvidos com o agregado reciclado em estudo. O primeiro
deles está relacionado à eficácia hidráulica de pavimentos permeáveis: a determinação do
índice de vazios do resíduo, a partir de recomendações da ABNT NBR NM45 (2006).

O resultado deste primeiro ensaio indicou média de índice de vazios igual a 38,92%. Neste
quesito, o material é considerado adequado à utilização enquanto componente da base de
pavimentos em concreto permeável, tendo em vista que a ABNT NBR 16416 (2015) exige
índice de vazios mínimo de 32%.

O segundo ensaio está relacionado à resistência do resíduo à abrasão. O resultado do ensaio


de abrasão Los Angeles, que foi executado segundo recomendações da norma ABNT NBR
NM 51 (2001), denotou uma média de 37,70%, dentro do limite estabelecido pela ABNT
NBR 16416 (2015), que exige que este resultado seja menor que 40%.

A Tabela 18 resume todos os ensaios realizados com o RCD-R comercializado como brita
19mm.

Tabela 18 – Resumo dos resultados dos ensaios com o RCD-R servível à base do pavimento.
AMOSTRAS 1 2 3 MÉDIA ARITMÉTICA
ENSAIO DE GRANULOMETRIA
COEFICIENTE DE CURVATURA 5,739 4,74 3,163 3,95
TAMANHO EFETIVO DAS PARTÍCULAS (mm) 1,01 1 0,9 0,97
COEFICIENTE DE UNIFORMIDADE 13,86 13,5 15 14,12
ENSAIO DE COMPACTAÇÃO
UMIDADE ÓTIMA (%) 12,5 12 12,4 12,3
DESVIO PADRÃO DA UMIDADE ÓTIMA 0,26
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA UMIDADE ÓTIMA (%) 2,15
DENSIDADE SECA MÁXIMA (g/cm³) 1,95 1,97 1,96 1,96
DESVIO PADRÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA 0,01
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA (%) 0,38
ÍNDICE DE SUPORTE CALIFORNIA – ISC (CBR)
EXPANSÃO (%) 0 0 0 0
DESVIO PADRÃO DA EXPANSÃO 0
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA EXPANSÃO (%) 0
ISC / CBR (%) 57 62 60 59,67
DESVIO PADRÃO DO ISC 2,52
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO ISC (%) 4,22
ENSAIO DE ABSORÇÃO
ABSORÇÃO (%) 5,63 6,49 6,18 6,1
DESVIO PADRÃO DA ABSORÇÃO 0,44
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA ABSORÇÃO (%) 7,14
ÍNDICE DE VAZIOS
ÍNDICE DE VAZIOS (%) 42,35 37,62 36,79 38,92
DESVIO PADRÃO DO ÍNDICE DE VAZIOS 3,0
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO ÍNDICE DE VAZIOS (%) 7,71
PULVERULENTOS
PORCENTAGEM DE PULVERULENTOS (%) 1,58 4,61 4,17 3,45
DESVIO PADRÃO DOS PULVERULENTOS 1,64
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DOS PULVERULENTOS (%) 47,41
ABRASÃO LOS ANGELES
ABRASÃO LOS ANGELES (%) 38,4 36,86 37,84 37,70
DESVIO PADRÃO DA ABRASÃO LOS ANGELES 0,78
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA ABRASÃO LOS ANGELES (%) 2,07
107

Os resultados dos ensaios desenvolvidos com o RCD-R comercializado como brita 19mm
demonstraram que o uso do resíduo enquanto material da base de pavimentos em concreto
permeável é viável, desde que seja diminuída a quantidade de pulverulentos nas amostras.
Além disso, o desempenho mecânico do pavimento precisa ser avaliado ao longo do tempo,
tendo em vista que embora seu valor de CBR seja aceitável pela ABNT NBR 15115 (2004),
ele é inferior às exigências da ABNT NBR 16416 (2015).

4.2 Etapa 2: Dimensionamento do sistema de pavimentação

Quanto ao cálculo da espessura a se adotar na base de um pavimento em concreto permeável,


a ABNT NBR 16416 (2015) estabelece a seguinte equação (Equação 3):

á (Equação 3)

Sendo:

Hmáx: Espessura total da camada do reservatório, expressa em metros (m);


: Precipitação excedente ou efetiva da área de contribuição para uma dada chuva de projeto,
expressa em metros (m);
R: Relação entre a área de contribuição e a área de pavimento permeável (Ac/Ap);
P: Precipitação de projeto, expressa em metros (m);
f: taxa de infiltração do solo, expressa em metros por hora (m/h);
Te: Tempo efetivo de enchimento do reservatório, geralmente igual a 2h, expresso em horas (h);
Vr: Índice de vazios da camada.

A determinação de depende dos resultados das Equações 1 e 2.

(Equação 1)

(Equação 2)

O valor de CN (Equação 2) é adimensional e é definido em função da cobertura do solo, do


tipo hidrológico de solo e da condição de umidade em que se encontra (ANEXO 2). Segundo
recomendações de Paz (2004), foram consideradas as características das áreas de contribuição
do terreno da POLI-UPE e determinou-se que CN=98 e, consequentemente, S=5,18.

A precipitação de projeto foi calculada conforme a Equação 4, que relaciona a intensidade, a


duração e a frequência das chuvas na cidade do Recife (SILVA; ARAÚJO, 2013).
108

(Equação 4)

Sendo:

I: Intensidade de precipitação em mm/h


Tr: Tempo de retorno em anos;
t: Duração da precipitação em minutos.

O tempo de retorno admitido foi de 100 anos e a duração da precipitação de 60 minutos.


Deste modo, foi determinada uma Intensidade de precipitação de 107,326mm/h e uma
precipitação de projeto de 107,326mm. A partir da aplicação da Equação 1, tem-se que a
precipitação efetiva ou que o é de 101,351mm (0,101m).

Além do (0,101m) e da precipitação de projeto (P=0,107m), o valor de R foi determinado


por Almeida (2016), que considerou toda a área de estacionamento da POLI-UPE como
permeável (4.453,92m²) e as áreas de coberta das edificações existentes como áreas de
contribuição (3.372,76m²). Deste modo, tem-se que R=0,76.

O tempo considerado para o enchimento da camada de reservatório foi de duas horas,


conforme recomendações da ABNT NBR 16416 (2015). O índice de vazios da camada de
base foi aquele determinado a partir de ensaios laboratoriais realizados com o RCD-R brita
19mm. A média calculada foi de 38,92% (Tabela 15).

Quanto à taxa de infiltração no solo (f), foi considerado o coeficiente de permeabilidade do


RCD-R substituto do mesmo (f=1,61 x 10-² m/h). Devido ao caráter experimental da
construção do pavimento em concreto permeável, foi adotada a mesma espessura da camada
de base para ambas as vagas.

Desenvolvidos os cálculos de dimensionamento dispostos na Equação 3, chegou-se à


conclusão de que esta camada deve assumir espessura de 39cm. Em favor da segurança e pela
facilidade durante o processo executivo do pavimento, foi adotada, em obra, uma camada de
base com 40cm de profundidade.

Quanto ao revestimento em concreto permeável, existem diversas referências e resoluções


normativas nacionais e estrangeiras que estabelecem valores mínimos de espessura a ser
adotados, a depender do uso a que o pavimento será submetido.
109

A NRMCA (2011), por exemplo, afirma que hidraulicamente, a espessura mínima para
revestimentos em concreto permeável corresponde a 15cm. A associação também assegura
que esta dimensão adequa-se mecanicamente a áreas de tráfego leve. Deste modo, 15cm foi a
profundidade adotada para esta camada, na construção das duas vagas de estacionamento.

Após o dimensionamento das camadas de base (40cm) e de revestimento (15cm), foi possível
determinar a espessura do RCD-R areia grossa, substituto de parte do subleito existente, em
uma das duas vagas de estacionamento. O material deverá assumir profundidade de 65cm,
uma vez que a ACI 522 R (2010) considera relevante o coeficiente de permeabilidade (k) do
subleito até à profundidade de 1,20m (0,65m = 1,20m – 0,40m – 0,15m).

O solo existente na POLI-UPE apresenta coeficiente de permeabilidade da ordem de 10-9 m/s


e o coeficiente do resíduo servível à sua substituição é igual a 4,48 x 10-6 m/s. Diante das
exigências contidas na ABNT NBR 16416 (2015) e na ACI 522 R (2010), hidraulicamente, o
solo da POLI-UPE é considerado inadequado a sistemas de infiltração total, segundo
requisitos de ambas as resoluções. O RCD-R areia grossa em análise, por sua vez, não se
presta a sistemas de infiltração total, de acordo com a norma nacional, mas pode ser
empregado em sistemas deste tipo, de acordo com determinações da norma americana.

Para além do ponto de vista hidráulico, os ensaios de caracterização física e mecânica do solo
existente da Escola Politécnica e do RCD-R servível à substituição do subleito permitiram
caracterizá-los, enquanto subleito, como sofrível a mau e excelente a bom, respectivamente,
conforme o sistema de classificação TRB.

A partir destas informações, compreende-se que é justificável a substituição de parte do


subleito natural pelo resíduo comercializado como areia grossa. Entretanto, diante do caráter
investigativo da presente pesquisa, optou-se por se construir uma das vagas de estacionamento
sobre o RCD-R substituto de parte do subleito, e outra vaga diretamente sobre o solo
existente.

É importante salientar que foi adotado o sistema de infiltração total em ambas as vagas de
estacionamento, mesmo que em desacordo com a resolução normativa brasileira, no caso da
vaga com substituição do solo por RCD-R. Embora o sistema de infiltração total seja inviável
para a vaga de estacionamento sobre o solo existente na POLI-UPE, este também foi utilizado
nesta situação específica.
110

O intuito de se projetar o pavimento desta maneira tem relação com o caráter experimental da
pesquisa científica, que também tem por objetivo verificar a eficácia hidráulica do sistema de
pavimentação em ambas as situações.

É importante destacar que as duas vagas de estacionamento não foram executadas de maneira
que ficassem confinadas verticalmente. Ou seja, em profundidade, os dois sistemas de
pavimentação não foram hidraulicamente isolados, nem entre si, nem em relação ao solo
adjacente.

As Figuras 33 e 34 sintetizam o projeto e o dimensionamento adotados para o pavimento. Na


Figura 33, observa-se a planta baixa de toda a Escola Politécnica da Universidade de
Pernambuco (POLI-UPE), dando-se evidência às duas vagas de estacionamento construídas
em concreto permeável.

Figura 33 – Planta baixa da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (POLI-UPE) e


destaque às duas vagas de estacionamento em concreto permeável.

A Figura 34 ilustra, a partir de um corte esquemático, o dimensionamento final dos dois


sistemas de pavimentação adotados para ambas as vagas de estacionamento. Também é
possível verificar a presença de uma manta em material geossintético do tipo não-tecido,
posicionada entre o subleito e a camada de base da estrutura.
111

Figura 34 – Corte esquemático das duas vagas de estacionamento em concreto permeável, construídas
no terreno da POLI-UPE.

4.3 Etapa 3: Caracterização dos materiais utilizados na execução do pavimento

Nesta etapa é descrito o resultado da caracterização dos materiais empregados em obra. Esses
resultados também são confrontados com aqueles obtidos na primeira etapa.

4.3.1 Caracterização do RCD-R substituto do solo do subleito na execução do pavimento

Conforme descrito no procedimento metodológico, foram realizados ensaios de caracterização


física e mecânica do resíduo substituto do subleito, quais sejam, ensaios de granulometria por
peneiramento e por sedimentação, limites de liquidez e plasticidade, compactação e Índice de
Suporte Califórnia (ISC ou CBR).

Os resultados dos ensaios de caracterização granulométrica, representados na Tabela 19 e na


Figura 35, denotam que embora o resíduo seja comercializado como areia grossa, este possui
apenas 15% deste material em sua composição. Cerca de 60% do RCD-R são constituídos por
areia fina e média.

Tabela 19 – Distribuição granulométrica do RCD-R substituto do subleito, em uma das vagas de


estacionamento.
AMOSTRA 1 AMOSTRA 2 AMOSTRA 3
Argila 10,89% 10,94% 10,68%
Silte 11,50% 8,83% 8,97%
Areia Fina 32,99% 31,40% 30,45%
Areia Média 29,43% 33,10% 32,54%
Areia Grossa 13,99% 14,68% 16,00%
Pedregulho 1,20% 1,05% 1,35%
112

Comparativamente ao resíduo analisado na primeira etapa do procedimento metodológico,


pode-se afirmar que este material possui aproximadamente o mesmo montante de areia
grossa, maiores quantidades de areias média e fina, menor quantidade de argila e maior
quantidade de silte.

Além disso, enquanto o RCD-R coletado e analisado anteriormente apresentou mais de 20%
de pedregulhos em sua composição, este indica, em média, apenas 1% de pedregulhos. A
Figura 35 mostra a curva granulométrica das três amostras coletadas na terceira etapa do
procedimento metodológico.

Figura 35 – Gráfico de distribuição granulométrica do RCD-R substituto do subleito, em uma das


vagas de estacionamento.

ARGILA SILTE AREIA PEDREGULHO


FINA MEDIA GROSSA FINO MEDIO GROSSO
100
PORCENTAGEM QUE PASSA (%)

90

80

70

60

50

40
AMOSTRA 01
30
AMOSTRA 02
20
AMOSTRA 03
10

0
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
DIÂMETRO DOS GRÃOS (mm)

Assim como o material caracterizado na primeira etapa, o RCD-R apresentou pouca


variabilidade entre os resultados das três amostras e também pode ser classificado como mal
graduado e desuniforme, já que a média entre os coeficientes de curvatura das amostras é de
16,42 e o coeficiente de uniformidade médio é de 125,66.

O diâmetro efetivo médio entre as amostras é igual àquele da primeira etapa, ou seja, de
0,0045mm. O material passante na peneira n° 200 (0,075mm) é menor que o da primeira
etapa, apresentando média de 18,79%. Entretanto, assim como na primeira etapa, o material é
classificado como areia mal graduada argilosa (SC), de acordo com o Sistema Unitário de
Classificação dos Solos – SUCS.
113

Segundo o sistema de classificação TRB, o material, também como aquele da primeira etapa,
é do tipo A-2-4, podendo ser classificado como uma areia argilosa. Ainda segundo o TRB, o
comportamento do resíduo enquanto subleito pode ser considerado de excelente a bom e o
índice de grupo calculado é igual a zero.

É importante destacar que, embora haja diferenças quanto à composição granulométrica dos
dois resíduos comercializados como areia grossa analisados na primeira e na terceira etapas
do procedimento metodológico, ambos se enquadram nos mesmos grupos de classificação, de
acordo com os sistemas de classificação SUCS e TRB.

A partir do ensaio de compactação, observa-se que a umidade ótima deste resíduo, de 14,17%,
mostrou-se menor, mas muito similar àquela obtida na primeira etapa, de 14,80%. O valor da
densidade seca máxima, de 1,83g/cm³, por sua vez, é superior ao RCD-R analisado
primeiramente, cujo valor médio foi de 1,69g/cm³.

A diferença entre as densidades pode ser explicada, sobretudo, pelo montante


expressivamente maior de areia e menor de pedregulho nas amostras analisadas
posteriormente, em relação às primeiras análises. A areia, por ser um material mais fino,
consegue preencher os vazios deixados pelo pedregulho, aumentando, consequentemente, a
densidade do material.

A Figura 36 ilustra as curvas de compactação do resíduo caracterizado na terceira etapa do


procedimento metodológico, apresentando também os valores médios de densidade seca
máxima e umidade ótima, obtidos através da execução do ensaio.

Figura 36 – Curvas de compactação do RCD-R substituto do subleito, em uma das vagas de


estacionamento.
1,90

AMOSTRA 01
Densidade Máxima - g/cm3

1,85 AMOSTRA 02
AMOSTRA 03
1,80

1,75

1,70
DENS. SECA MÁX. MÉDIA: 1,83g/cm³
UMID. ÓTIMA MÉDIA: 14,17%
1,65
8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Umidade ótima - %
114

Como ocorrido na primeira análise, o resíduo servível à substituição do subleito não se


mostrou expansivo, durante a execução do ensaio de CBR. A média entre os ISC das amostras
apresentou maior valor que o do RCD-R caracterizado anteriormente, cujo resultado havia
sido de 13%. A Figura 37 ilustra os ensaios da terceira etapa, com ISC (CBR) médio de15%.

Figura 37 – Curvas de CBR do resíduo substituto do subleito, em uma das vagas de estacionamento.
30,0

ISC MÉDIO: 15%


EXPANSÃO MÉDIA: 0
20,0
Pressão Kg/cm²

AMOSTRA 01
AMOSTRA 02
10,0 AMOSTRA 03

0,0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5
Penetração (Pol.)

A seguir à segunda análise desenvolvida com o Resíduo de Construção e Demolição


Reciclado (RCD-R) comercializado como areia grossa, pode-se afirmar que, em ambas as
caracterizações, o material demonstrou-se servível como substituto de subleitos, em sistemas
de pavimentação em concreto permeável, desde que seja diminuída a porcentagem de
agregados passantes na peneira de abertura 0,42mm.

A Tabela 20 lista os resultados dos ensaios da terceira etapa, e os relaciona às exigências


contidas nas normas nacionais ABNT NBR 15115 (2004) e ABNT NBR 15116 (2004),
referentes à utilização de RCD-R como reforço de subleitos de pavimentos convencionais.

Tabela 20 – Resultados dos ensaios com o RCD-R areia grossa utilizado em obra e exigências contidas
na ABNT NBR 15115 (2004) e na ABNT NBR 15116 (2004).
ENSAIO DE GRANULOMETRIA (ABNT NBR ENSAIO DE ÍNDICE SUPORTE ENSAIO DE COMPACTAÇÃO (ABNT NBR
7181) CALIFÓRNIA (ISC) / CALIFORNIA 7182)
BEARING RATIO (CBR) (ABNT NBR
9895)
AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA
01 02 03 01 02 03 01 02 03
COEFICIENTE DE UNIFORMIDADE (≥ 10) ÍNDICE SUPORTE CALIFÓRNIA (≥ 12%) UMIDADE ÓTIMA (%)
8 18,52 14,32 15 15 14 14 13,9 14,6
PERCENTUAL PASSANTE NA PENEIRA 0,42 EXPANSÃO (≤ 1,0%, com energia de Determinação da umidade ótima (tomá-la
mm (entre 10% e 40%) compactação normal, conforme ABNT como parâmetro no momento da execução
NBR 7182 e ABNT NBR 6457) da camada do subleito).
55,4 51,2 50,1 0 0 0
Dimensão característica máxima dos grãos:
63,5 mm (tolerância de 5% da porcentagem
retida, em massa, na peneira de 63,5 mm),
limitada a 2/3 da espessura da camada
compactada (ABNT NBR NM 248);
115

Não foi realizado, com o resíduo em questão, o ensaio de permeabilidade à carga constante,
na terceira etapa do procedimento metodológico. Mas, devido à similaridade deste material
àquele analisado na primeira etapa e, sobretudo, por este possuir menor quantidade de argila
em sua composição, é provável que o coeficiente de permeabilidade do RCD-R utilizado em
obra seja similar ou até mesmo maior que aquele apresentado anteriormente. A Tabela 21
sintetiza os resultados dos ensaios desenvolvidos.

Tabela 21 – Resumo dos resultados dos ensaios com o RCD-R servível à substituição do subleito
utilizado em obra.
AMOSTRAS 1 2 3 MÉDIA ARITMÉTICA
ENSAIO DE GRANULOMETRIA
COEFICIENTE DE CURVATURA 8 18,52 14,32 16,42
TAMANHO EFETIVO DAS PARTÍCULAS (mm) 0,0049 0,004 0,0049 0,0045
COEFICIENTE DE UNIFORMIDADE 102,04 135 116,33 125,66
MATERIAL PASSANTE NA PENEIRA 200 / 0,075mm (%) 19,36 18,02 18,98 18,79
ENSAIO DE COMPACTAÇÃO
UMIDADE ÓTIMA (%) 14 13,9 14,6 14,17
DESVIO PADRÃO DA UMIDADE ÓTIMA 0,38
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA UMIDADE ÓTIMA (%) 2,67
DENSIDADE SECA MÁXIMA (g/cm³) 1,829 1,84 1,832 1,83
DESVIO PADRÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA 0,0040
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA (%) 0,22
ÍNDICE DE SUPORTE CALIFORNIA – ISC (CBR)
EXPANSÃO (%) 0 0 0 0
DESVIO PADRÃO DA EXPANSÃO 0
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA EXPANSÃO (%) 0
ISC / CBR (%) 15 15 14 14,67
DESVIO PADRÃO DO ISC 0,58
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO ISC (%) 3,94

4.3.2 Caracterização do RCD-R substituto do material da base do pavimento na execução


do pavimento

Conforme descrito no procedimento metodológico desta pesquisa, a caracterização física e


mecânica do resíduo comercializado como brita 19mm, empregado na obra de pavimentação
como camada de base, foi realizada a partir do desenvolvimento dos ensaios de granulometria
por meio de peneiramento, do ensaio de compactação e da determinação do Índice de Suporte
Califórnia (ISC ou CBR).

Assim como em todos os outros resíduos caracterizados ao longo do presente estudo, este
material mostrou pouca variabilidade em relação à composição granulométrica das três
amostras analisadas, o que expressa uniformidade durante o processo de beneficiamento do
RCD. Dentre as amostras questão, observam-se pouquíssimas diferenças entre as proporções
dos materiais que as compõem, conforme ilustrado na Tabela 22 e na Figura 38.
116

Tabela 22 – Distribuição granulométrica do RCD-R brita 19mm utilizado na camada de base do


pavimento em concreto permeável.
AMOSTRA 1 AMOSTRA 2 AMOSTRA 3
Argila 0,00% 0,00% 0,00%
Silte 1,30% 1,20% 1,40%
Areia Fina 4,37% 4,23% 4,35%
Areia Média 4,66% 4,73% 5,08%
Areia Grossa 5,41% 6,14% 6,17%
Pedregulho Fino 27,46% 26,86% 28,34%
Pedregulho Médio 55,60% 55,09% 53,08%
Pedregulho Grosso 1,19% 1,75% 1,58%

O RCD-R comercializado como brita 19mm, na primeira etapa do procedimento


metodológico, apresentou porcentagem média de pedregulho fino igual a 18,67%, enquanto
que na terceira etapa, este valor passa a ser de 27,67%. Pode-se afirmar, entretanto, que a
soma de todos os tipos de pedregulhos (fino, médio e grosso), nas duas etapas no
procedimento metodológico, são similares entre si.

Em ambos os materiais analisados, a quantidade de argila é muito pequena. Na primeira etapa,


menos de 1% dos agregados analisados são argilosos e na terceira etapa, este valor não chega
à marca dos 2%. A Figura 38 ilustra as curvas granulométricas, quase que coincidentes entre
si, referentes à brita 19mm caracterizada durante a terceira etapa do procedimento
metodológico.

Figura 38 – Gráfico de distribuição granulométrica do RCD-R brita 19mm utilizado na camada de


base do pavimento em concreto permeável
100

90 AMOSTRA 01
80 AMOSTRA 02
AMOSTRA 03
PORCENTAGEM QUE PASA (%)

70

60

50

40

30

20

10

0
0,01 0,1 1 10 100
DIÂMETRO DOS GRÃOS (mm)
117

O diâmetro efetivo médio entre as amostras é de aproximadamente 2,0mm. A média entre os


coeficientes de curvatura é de 2,56 e do coeficiente de uniformidade é de 5,2. O resíduo é
classificado como bem graduado e uniforme, de acordo com definições de Knappett; Craig
(2015) e Caputo; Caputo (2015).

Diferentemente do resíduo classificado na primeira etapa como mal graduado com pouco ou
nenhum fino (GP), o RCD-R desta terceira etapa é classificado como pedregulho bem
graduado com pouco ou nenhum fino (GW), segundo o Sistema Unitário de Classificação dos
Solos – SUCS.

De acordo com o sistema de classificação TRB, o agregado comercializado como brita 19mm
aplicado na obra de pavimentação é um material granular, podendo ser classificado como A-
1-a ou A-1-b, assim como o resíduo primeira etapa. Ainda conforme o TRB, podem ser
constituintes das amostras fragmentos de pedra, pedregulho fino e areia.

Além da caracterização granulométrica, o RCD-R foi submetido a ensaios de compactação


nas três amostras analisadas. O valor médio da densidade seca máxima foi de 1,94g/cm³, à
umidade ótima média de 12,67%. Estes resultados deste ensaio foram muito similares aos da
primeira etapa, cuja densidade seca máxima média foi de 1,96g/cm³, à umidade ótima média
de 12,30%. A Figura 39 ilustra as curvas de compactação, resultantes dos ensaios em
laboratório da terceira etapa.

Figura 39 – Curvas de compactação do RCD-R substituto da camada de base, empregado em obra.


2,00
DENS. SECA MÁX. MÉDIA: 1,94g/cm³
AMOSTRA 01
UMID. ÓTIMA MÉDIA: 12,67%
1,95 AMOSTRA 02
Densidade Máxima - g/cm3

AMOSTRA 03

1,90

1,85

1,80

1,75
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Umidade ótima - %
118

A Figura 40 ilustra graficamente as curvas referentes ao ensaio de Índice de Suporte


Califórnia. O ISC (CBR) médio entre as amostras foi bastante inferior àquele do material da
primeira etapa. Enquanto os primeiros resultados de ISC chegaram aos 60%, os últimos
alcançaram apenas 44%.

Esta diferença entre os dois resultados de CBR pode ser explicada pelo fato de os materiais
serem classificados como cinza e misto na primeira e terceira etapas, respectivamente.
Embora a coloração dos resíduos não tenha relação direta com sua resistência mecânica, em
geral, os materiais de origem cimentícia tendem a atingir valores de Índice de Suporte
Califórnia maiores que aqueles provenientes de resíduo cerâmico.

A expansão de ambos os materiais foi considerada nula.

Figura 40 – Curvas de ISC ou CBR do RCD-R substituto da camada de base, empregado em obra.
90,0

80,0
ISC MÉDIO: 44%
70,0 EXPANSÃO MÉDIA: 0

60,0
Pressão Kg/cm²

50,0

40,0
AMOSTRA 01
30,0 AMOSTRA 02
AMOSTRA 03
20,0

10,0

0,0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55

Penetração (Pol.)

É importante destacar que, dentre todos os ensaios de caracterização desenvolvidos com o


RCD-R substituto do material da base do pavimento em concreto permeável, o Índice de
Suporte Califórnia foi o que apresentou maior discrepância em relação aos ensaios
laboratoriais da primeira etapa do procedimento metodológico. A Tabela 23 sintetiza todos os
resultados dos ensaios com a brita 19mm, desenvolvidos nesta terceira etapa.
119

Tabela 23 – Resumo dos resultados dos ensaios com o RCD-R substituto da base, utilizado em obra.
AMOSTRAS 1 2 3 MÉDIA ARITMÉTICA
ENSAIO DE GRANULOMETRIA
COEFICIENTE DE CURVATURA 2,36 2,56 2,56 2,56
TAMANHO EFETIVO DAS PARTÍCULAS (mm) 2 2 2 2
COEFICIENTE DE UNIFORMIDADE 5,19 5,2 5,2 5,2
MATERIAL PASSANTE NA PENEIRA 200 / 0,075mm (%) 1,3 1,2 1,4 1,3
ENSAIO DE COMPACTAÇÃO
UMIDADE ÓTIMA (%) 13 13 12 12,67
DESVIO PADRÃO DA UMIDADE ÓTIMA 0,58
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA UMIDADE ÓTIMA (%) 4,56
DENSIDADE SECA MÁXIMA (g/cm³) 1,93 1,93 1,95 1,94
DESVIO PADRÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA 0,01
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA (%) 0,71
ÍNDICE DE SUPORTE CALIFORNIA – ISC (CBR)
EXPANSÃO (%) 0 0 0 0
DESVIO PADRÃO DA EXPANSÃO 0
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA EXPANSÃO (%) 0
ISC / CBR (%) 43 44 44 43,67
DESVIO PADRÃO DO ISC 0,58
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO ISC (%) 1,32

4.3.3 Caracterização do pedrisco componente do revestimento em concreto permeável na


execução do pavimento

Com o intuito de interferir minimamente nos materiais e métodos propostos por Batezini
(2016), a curva granulométrica (ANEXO 4) do agregado natural componente do revestimento
em concreto permeável foi concedida pelo fornecedor da brita, e analisada e aprovada pelo
pesquisador, de modo que foi possível sua utilização na presente pesquisa.

4.3.4 Caracterização do revestimento em concreto permeável na execução do pavimento

Embora tenham sido utilizados, neste estudo, a composição e o traço do concreto permeável
indicados por Batezini (2016), fez-se necessário, anteriormente à execução da obra, que se
verificassem algumas propriedades do material, nos estados fresco e endurecido.

Conforme descrito no procedimento metodológico, a massa específica do concreto permeável


foi calculada a partir da média entre as massas de dois dos corpos de prova confeccionados
em moldes cilíndricos com 10cm de diâmetro e 20cm de altura. O valor médio foi de
1.818,22kg/m³, mais que o mínimo de 1.600kg/m³ requerido pela ABNT NBR 16416 (2015).

Segundo determinações da ASTM C 1754 (2012), também foram calculados a massa


específica do concreto endurecido e o índice de vazios do material. A massa específica média
verificada foi de 1.787,37kg/m³ e os corpos de prova analisados apresentaram índice de
vazios médio de 29,71%. Estes valores estão em conformidade com a ASTM C 1754 (2012),
que admite densidades entre 1.650 kg/m³ a 1.943 kg/m³ e índices de vazios de 22,6% a 37%.
120

Foi verificado o coeficiente de permeabilidade de seis das oito amostras, mediante exigências
da ISO 17785-1 (2016). A média entre os valores encontrados foi de 10,83mm/s ou 1,08 x 10-
2
m/s, dentro dos limites recomendados pela ABNT NBR 16416 (2015).

Os dois últimos ensaios com concreto permeável estão relacionados à resistência mecânica do
material e foram realizados com corpos de prova cilíndricos, segundo parâmetros de normas
específicas para o concreto convencional. O valor médio de resistência à compressão foi de
10,45MPa e a média da resistência à tração por compressão diametral foi de 2,81MPa.

Ao longo da realização dos ensaios de resistência mecânica, verificou-se que corpos de prova
em concreto permeável não rompem exatamente da mesma maneira que os de concreto
convencional. Nestes ensaios, especificamente, as amostras foram confeccionadas em três
camadas de igual volume, resultando nos tipos de ruptura ilustrados nas Fotos 36 e 37.

A Foto 36 (A) representa a amostra cilíndrica no início do ensaio de resistência à compressão


simples. Na Foto 36 (B) observa-se a ruptura do corpo de prova logo após a finalização do
ensaio e a Foto 36 (C) ilustra a aparência final do material, cuja ruptura se assemelha ao tipo
“A”, descrita pela ABNT NBR 5739 (2007) como “cônica afastada 25mm do capeamento”.

Foto 36 – Ensaio de resistência à compressão simples, antes da obra.

(A) (B) (C)

O ensaio de resistência à tração por compressão diametral está representado na Foto 37, onde
é possível verificar o início do ensaio na Foto 37 (A), a ruptura do concreto na Foto 37 (B) e a
aparência final do corpo de prova na Foto 37 (C).
121

Foto 37 – Ensaio de resistência à tração por compressão diametral, antes da obra.

(A) (B) (C)

A ABNT NBR 7222 (1994) não classifica os diferentes tipos de ruptura decorrentes do ensaio
de resistência à tração por compressão diametral. Contudo, amostras em concreto
convencional costumam ser rompidas no sentido longitudinal, em duas porções de igual
volume. Neste caso, houve também uma segunda ruptura, no sentido transversal ao cilindro,
exatamente no limite da primeira camada compactada.

A Tabela 24 resume os resultados de todos os ensaios realizados com o concreto permeável,


antes da execução da obra.

Tabela 24 – Resultados dos ensaios desenvolvidos com o concreto permeável, antes da obra.
AMOSTRAS 1 2 3 MÉDIA ARITMÉTICA
MASSA ESPECÍFICA DO CONCRETO FRESCO
MASSA ESPECÍFICA DO CONCRETO FRESCO (kg/m³) 1813,12 1823,31 1818,22
DESVIO PADRÃO DA MASSA ESPECÍFICA 7,21
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA (%) 0,40
MASSA ESPECÍFICA DO CONCRETO ENDURECIDO
MASSA ESPECÍFICA DO CONCRETO ENDURECIDO (kg/m³) 1770,44 1804,31 1787,37
DESVIO PADRÃO DA MASSA ESPECÍFICA 23,95
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA (%) 1,34
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE (K)
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE (K) AMOSTRAS 1,2,3 (mm/s) 11,84 11,83 10,53
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE (K) AMOSTRAS 4,5,6 (mm/s) 10,95 9,71 10,11 10,83
DESVIO PADRÃO DO K 0,39
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO K (%) 3,65
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES (MPa) 10,46 11,25 9,64 10,45
DESVIO PADRÃO DA RESISTÊNCIA 0,80
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA (%) 7,68
RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL
RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL (MPa) 3,09 2,79 2,55 2,81
DESVIO PADRÃO DA RESISTÊNCIA 0,27
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA (%) 9,62
ÍNDICE DE VAZIOS
ÍNDICE DE VAZIOS 30,25 29,17 29,71
DESVIO PADRÃO DO ÍNDICE DE VAZIOS 0,76
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO ÍNDICE DE VAZIOS (%) 2,56
122

A partir dos resultados dos ensaios, pode-se afirmar que o concreto analisado adequa-se aos
requisitos mecânicos e hidráulicos para que seja empregado como material de revestimento.
A ABNT NBR 16416 (2015) não exige a realização do ensaio de resistência à compressão
simples, mas o concreto alcança mais que o valor mínimo de 2,0 MPa, referente à resistência
à tração por compressão diametral.

Hidraulicamente, o concreto permeável avaliado ao longo da pesquisa também se encontra em


conformidade com o índice de vazios e o coeficiente de permeabilidade em campo requeridos
pela ABNT NBR 16416 (2015), e ao coeficiente de permeabilidade mínimo, determinado em
laboratório, exigido pela ISO 17785-1 (2016).

4.4 Etapa 4: Execução do sistema de pavimentação

Conforme descrito no procedimento metodológico, parte do subleito de uma das vagas de


estacionamento da POLI-UPE foi substituída por um RCD-R comercializado como areia
grossa. Para que o processo de substituição fosse realizado adequadamente, foi utilizada uma
placa vibratória, com o intuito de se compactar este resíduo, alcançando-se a densidade seca
máxima do material, estabelecida através do ensaio de compactação, em laboratório.

O RCD-R foi compactado a cada camada com 10cm de espessura e sua massa específica
verificada por meio do frasco de areia, a cada 20cm. Como o material substituto do subleito
corresponde à profundidade total de 65cm, foram compactadas 5 camadas com 10cm e a
última delas, com 15cm de espessura. A Tabela 25 sintetiza os resultados encontrados.

Tabela 25 – Densidade in situ do RCD-R substituto do subleito, durante a execução da obra.


FURO: MASSA ESPECÍFICA (g/cm³):
FURO 1 (CAMADA 1: 10cm + 10cm) 1,52
FURO 2 (CAMADA 1: 10cm + 10cm) 1,54
FURO 3 (CAMADA 1: 10cm + 15cm) 1,56
MASSA ESPECÍFICA MÉDIA: 1,54

É importante destacar que, mesmo a partir da utilização da placa vibratória com 8 ciclos por
camada, não se conseguiu alcançar a densidade seca máxima do RCD-R verificada por meio
de ensaio laboratorial. Contudo, vale observar o que ocorre atualmente com o solo existente
na Escola Politécnica, que apresenta densidade in situ correspondente a apenas 86% de sua
densidade seca máxima.

Do mesmo modo, a densidade in situ do resíduo compactado em obra, de 1,54g/cm³, equivale


a 84% da sua densidade seca máxima. Comparativamente ao RCD-R areia grossa
123

caracterizado na primeira etapa do procedimento metodológico, a sua densidade in situ é 91%


do valor de densidade seca máxima, obtido por meio do ensaio de compactação.

Esta comparação entre os níveis de compactação do solo de subleito existente e do resíduo


substituto deste subleito respalda-se no fato de que, mecanicamente, o solo existente já resiste
bem às cargas dos veículos que circulam no parque de estacionamento. Concomitantemente,
mesmo que o RCD-R não seja compactado até ao limite da sua densidade seca máxima, é
possível que o mesmo resista aos esforços aos quais será submetido.

Além disso, devido ao fato de pavimentos em concreto permeável precisarem ser assentados
sobre subleitos hidraulicamente eficazes, a ACI 522-R (2010) recomenda que o nível de
compactação do mesmo atinja apenas 90% de sua densidade seca máxima. A Tabela 26
resume as massas específicas do solo e do resíduo que o substitui, valores estes constatados
por meio de ensaios laboratoriais e de campo.

Tabela 26 – Massas específicas do RCD-R areia grossa substituto do subleito existente, em diferentes
fases da pesquisa.
DESCRIÇÃO: DENSIDADE (IN SITU/SECA MÁXIMA):
SOLO DE SUBLEITO EXISTENTE NA POLI-UPE IN SITU: (g/cm³) 1,49
SOLO DE SUBLEITO EXISTENTE NA POLI-UPE SECA MÁXIMA: (g/cm³) 1,74
RCD-R AREIA GROSSA SERVÍVEL À SUBSTITUIÇÃO DO SUBLEITO SECA MÁXIMA: (g/cm³) 1,69
(PRIMEIRA ETAPA)
RCD-R AREIA GROSSA SERVÍVEL À SUBSTITUIÇÃO DO SUBLEITO SECA MÁXIMA: (g/cm³) 1,83
(TERCEIRA ETAPA)
RCD-R AREIA GROSSA SUBSTITUTO DO SUBLEITO, JÁ COMPACTADO, IN SITU: (g/cm³) 1,54
NA OBRA (QUARTA ETAPA)

Ao longo da execução do pavimento, não foram desenvolvidos ensaios com o material da


base. Após a colocação da manta geossintética sobre o subleito, os agregados componentes
desta camada foram devidamente assentados, sem o auxílio de placa vibratória ou outro
maquinário compactador. Tanto o subleito quanto a camada de base foram devidamente
umedecidos antes da concretagem.

No momento da aplicação do revestimento em concreto permeável, entretanto, foram


moldados 8 corpos de prova cilíndricos com o mesmo concreto utilizado na obra, e que
posteriormente, foram submetidos aos ensaios realizados antes da construção do pavimento.

Diferentemente dos corpos de prova moldados antes da execução do pavimento, as amostras,


em obra, foram compactadas em apenas uma camada, de modo a simular a compactação em
124

campo. A densidade do concreto no estado fresco apresentou valor médio igual a


1.883,73kg/m³, mais que o mínimo de 1.600kg/m³ requerido pela ABNT NBR 16416 (2015).

A densidade do concreto da obra no estado endurecido e o índice de vazios do mesmo foram


determinados após a secagem de duas amostras em estufa a 105°C, por três dias consecutivos.
O valor médio da densidade foi de 1770,76kg/m³ e a média do índice de vazios foi de 30,29%,
em conformidade com a ASTM C 1754 (2012).

O coeficiente de permeabilidade dos corpos de prova confeccionados durante a execução do


pavimento apresentou média de 3,82 mm/s, ou seja, 3,82 x 10-3 m/s. Apesar de este valor ser
inferior ao das amostras caracterizadas antes da obra, o concreto permeável foi analisado
segundo determinações da ISO 17785-1 (2016) e foi considerado adequado à utilização
enquanto material de revestimento, segundo requisitos da ABNT NBR 16416 (2015).

Após a execução do ensaio de permeabilidade, as amostras foram submetidas aos ensaios de


resistência à compressão simples e de resistência à tração por compressão diametral, tendo
apresentado como resultado os valores médios de 7,83MPa e 2,72MPa, respectivamente.

A Foto 38 (A) mostra a aparência das amostras em concreto permeável confeccionadas em


uma camada e é notório o nível de compactação maior no topo dos corpos de prova. A Foto
38 (B) ilustra o concreto rompido, após a realização do ensaio de resistência à compressão
simples. O tipo de ruptura da amostra é semelhante ao tipo “B”, descrito pela ABNT NBR
5739 (2007) como “cônica e bipartida”.

Na Foto 38 (C), observa-se como o material se apresentou após finalizado o ensaio de


resistência à tração por compressão diametral, segundo recomendações da ABNT NBR 7222
(1994). Além da ruptura longitudinal da amostra, houve uma quebra no sentido transversal de
uma das porções, no limite da camada superior, compactada.

Foto 38 – Corpos de prova compactados em uma camada (A), ruptura após ensaio de compactação por
compressão (B) e ruptura após ensaio de tração por compressão diametral (C).

(A) (B) (C)


125

Os valores de resistência mecânica resultantes de ambos os ensaios apresentaram valores


inferiores aos dos ensaios desenvolvidos antes da execução da obra. Como o coeficiente de
permeabilidade do concreto empregado no pavimento também foi menor que aquele calculado
anteriormente, pode-se considerar a possibilidade de que a concentração de pasta no concreto
da obra tenha sido exacerbada. A Tabela 27 resume todos os resultados dos ensaios
desenvolvidos com o concreto empregado em obra.

Tabela 27 – Resultados dos ensaios desenvolvidos com o concreto permeável utilizado na obra.
AMOSTRAS 1 2 3 MÉDIA ARITMÉTICA
MASSA ESPECÍFICA DO CONCRETO FRESCO
MASSA ESPECÍFICA DO CONCRETO FRESCO (kg/m³) 1868,22 1899,24 1883,73
DESVIO PADRÃO DA MASSA ESPECÍFICA 21,93
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA (%) 1,16
MASSA ESPECÍFICA DO CONCRETO ENDURECIDO
MASSA ESPECÍFICA DO CONCRETO ENDURECIDO (kg/m³) 1770,74 1770,77 1770,76
DESVIO PADRÃO DA MASSA ESPECÍFICA 0,02
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA (%) 0
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE AMOSTRAS 1,2,3 (mm/s) 2,69 4,07 3,24
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE AMOSTRAS 4,5,6 (mm/s) 7,60 2,615 2,72 3,82
DESVIO PADRÃO DO K 0,86
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO K (%) 22,62
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES (Mpa) 9,67 7,86 5,96 7,83
DESVIO PADRÃO DA RESISTÊNCIA 1,85
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA (%) 23,67
RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL
RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL 2,08 3,01 3,08 2,72
DESVIO PADRÃO DA RESISTÊNCIA 0,56
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA (%) 20,48
ÍNDICE DE VAZIOS
ÍNDICE DE VAZIOS 30,08 30,50 30,29
DESVIO PADRÃO DO ÍNDICE DE VAZIOS 0,30
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO ÍNDICE DE VAZIOS (%) 0,98

Após o desenvolvimento dos ensaios em laboratório, também foi verificado o coeficiente de


permeabilidade do sistema de pavimentação como um todo, in situ. Conforme determinações
da ABNT NBR 16416 (2015), obtiveram-se os resultados descritos na Tabela 28.

Tabela 28 – Resultados do ensaio de permeabilidade do pavimento, in situ.


PONTOS DE REALIZAÇÃO DO ENSAIO 1 2 3 4 MÉDIA ARITMÉTICA
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE DO PAVIMENTO IN SITU (K)
K IN SITU (mm/h) 6955,49 3882,82 11523,26 3957,58 6579,79
DESVIO PADRÃO DE K 3592,99
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DE K 54,61
K IN SITU (mm/s) 1,93 1,08 3,20 1,10 1,83
K IN SITU (m/s) 1,93X10-3 1,08 X10-3 3,20 X10-3 1,10 X10-3 1,83 X10-3

É relevante destacar que os pontos 1 e 4, descritos na Tabela 23, estão situados em uma das
vagas de estacionamento em que houve substituição de parte do subleito por RCD-R
comercializado como areia grossa. Os outros dois pontos de execução do ensaio (2 e 3)
localizam-se na segunda vaga, sem substituição do solo.
126

Diante dos resultados apresentados neste ensaio, pode-se afirmar, a princípio, que o
coeficiente de permeabilidade calculado nas duas vagas não sofreu grandes alterações em
razão da substituição do solo do subleito existente. Contudo, vale frisar que o pavimento não
foi construído ou ensaiado de maneira confinada, o que permitiu que a água incidente sobre
ele percolasse não apenas verticalmente, mas também através das laterais da estrutura do
pavimento.

Comparativamente aos ensaios realizados com o concreto antes da obra e com o material da
execução do pavimento, o coeficiente de permeabilidade do sistema in situ foi o mais baixo
dentre os três resultados obtidos, apresentando como valor médio 1,83x10-3m/s. Ainda assim,
coeficientes da ordem de 10-3m/s encontram-se dentro dos limites exigidos pela ABNT NBR
16416 (2015).

A Tabela 29 compara os resultados dos diferentes ensaios realizados na primeira e na quarta


etapas do procedimento metodológico com o coeficiente de permeabilidade do sistema,
verificado em campo, após a cura do concreto.

Tabela 29 – Resumo dos resultados referentes ao ensaios com o concreto permeável utilizado como
material de revestimento.
PRIMEIRA ETAPA QUARTA ETAPA (DURANTE APÓS A CONCLUSÃO
(ANTES DA OBRA) A EXECUÇÃO DA OBRA) DA OBRA
DENSIDADE DO CONCRETO FRESCO 1.818,22 1.883,73
(kg/m³)
DENSIDADE DO CONCRETO 1.787,37 1.770,76
ENDURECIDO (kg/m³)
ÍNDICE DE VAZIOS (%) 29,71 30,29
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE 1,08x10-2 3,82x10-3 1,83x10-3
(m/s)
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO 10,45 7,83
SIMPLES (MPa)
RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR 2,81 2,72
COMPRESSÃO DIAMETRAL (MPa)
127

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do que foi desenvolvido ao longo da pesquisa, foi possível se chegar a algumas
conclusões, bem como sugerir propostas para trabalhos futuros.

5.1 Conclusões

Com base nos resultados dos ensaios de laboratório e de campo, pode-se concluir que o solo
existente no subleito da área de estacionamento da Escola Politécnica da Universidade de
Pernambuco, onde foi construído o pavimento em concreto permeável:

 É caracterizado como uma argila arenosa, de classificação SC pelo Sistema Unificado


de Classificação dos Solos (SUCS), A-6 pelo TRB – Transportation Research Board,
com Índice de Grupo IG = 6, propostos pela AASHTO – American Association of
State Highway and Transportation Officials;
 Ainda segundo o sistema de classificação TRB, o solo tem capacidade de suporte
considerada de sofrível a baixa. Igualmente, não é adequado a subleitos de pavimentos
em concreto permeável em sistemas de infiltração total, pelo seu baixo coeficiente de
permeabilidade.

O Resíduo de Construção e Demolição Reciclado (RCD-R), utilizado na substituição do solo


do subleito existente:

 Apresentou classificação A-2-4 pelo TRB, não plástico e não expansivo, de Suporte
Califórnia médio de 13%, para a energia de compactação normal, o que indica uma
boa capacidade de suporte;
 O resíduo denotou coeficiente de permeabilidade médio de 4,48 x 10-6 m/s, não
atendendo neste aspecto a norma brasileira ABNT NBR 16416 (2015), para sistemas
de infiltração total, mas atendendo, no entanto, a norma americana ACI 522 R (2010).

O agregado RCD-R estudado para a camada de base permeável do pavimento, comercializado


como brita 19mm:

 Apresentou cerca de 90% de resíduo cinza (resíduo proveniente do concreto de


cimento Portland), com Índice de Suporte Califórnia ou CBR médio de ordem de
60%, com índice de vazios de cerca de 39%, de acordo com a norma ABNT NBR
16416 (2015) quanto à permeabilidade, mas inferior ao CBR exigido mínimo de 80%;
128

Considerando-se o sistema de infiltração total, o dimensionamento do pavimento resultou em:

 Uma camada de base em RCD-R comercializado como brita 19mm com 40cm de
espessura;
 Um revestimento em concreto permeável de 15cm;
 A substituição de parte do subleito de uma das vagas de estacionamento de 65cm.

Os ensaios realizados na fase construtiva do pavimento evidenciaram:

 Para o RCD-R substituto do subleito, Índice de Suporte Califórnia de mesma grandeza


do previamente estudado;
 Resultado inferior de CBR para a camada de base executada, provavelmente devido ao
processo de separação, na usina de beneficiamento, não ser eficaz entre as classes de
resíduos comercializados.

A análise do concreto utilizado no revestimento, com base nos estudos desenvolvidos por
Batezini (2016), apresentou:

 Concordância de massa específica nos estados fresco e endurecido, índice de vazios,


permeabilidade e resistência à compressão simples e à tração por compressão
diametral, atendendo aos requisitos de execução e de propriedades mecânicas e
hidráulicas da ABNT NBR 16416 (2015).

Os valores da resistência mecânica das amostras de concreto, na fase construtiva:

 Foram inferiores aos da fase de estudo, assim como os coeficientes de permeabilidade.

O coeficiente de permeabilidade in situ, após a execução e a cura do concreto:

 Foi inferior ao das amostras, tanto na fase construtiva quanto na fase de estudo;
 Apresentou valores da mesma ordem de grandeza para o pavimento construído com e
sem substituição do solo do subleito, provavelmente devido ao não confinamento e/ou
não impermeabilidade das superfícies de contato verticais, permitindo também a
percolação horizontal da água.

5.2 Sugestões para trabalhos futuros

Diante de todas as considerações feitas ao longo desta pesquisa, sugere-se, para o


desenvolvimento de trabalhos futuros:
129

 A avaliação do desempenho mecânico e hidráulico das vagas de estacionamento em


concreto permeável, construídas no terreno da POLI-UPE, ao longo do tempo;
 A análise da influência do uso de RCD-R em pavimentos em concreto permeável,
relativamente ao seu desempenho mecânico e hidráulico;
 O desenvolvimento de um sistema que permita estudar o comportamento hidráulico do
pavimento, in loco, de maneira confinada;
 O estudo da viabilidade de utilização de outros tipos de RCD, como o asfáltico, na
composição do subleito e da base de pavimentos em concreto permeável;
 A análise das manifestações patológicas que podem vir a surgir no pavimento em
concreto permeável ao longo do tempo.
130

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VIEIRA FILHO, José Orlando Vieira Filho. José Orlando Vieira Filho: depoimento [out.
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142

ANEXO 1

PASSOS: O QUE FAZER:


01 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA 1. DECIDIR QUE O TIPO DE REVESTIMENTO A SER APLICADO NO
A SER IMPLANTADO PAVIMENTO SERÁ O CONCRETO PERMEÁVEL MOLDADO NO
LOCAL;
2. CARACTERIZAR O USO A SER DADO AO PAVIMENTO;
3. DEFINIR O TIPO DE SISTEMA A SER ADOTADO (SISTEMA ATIVO
OU PASSIVO).
02 CARACTERIZAÇÃO DO SOLO 1. SONDAGEM E MONTAGEM DO PERFIL GEOTÉCTICO DO TERRENO;
ONDE O SISTEMA SERÁ 2. ENSAIO DE GRANULOMETRIA COMPLETA DE CADA TIPO DE
IMPLANTADO SOLO (NBR 7181);
3. ENSAIO DE LIMITE DE LIQUIDEZ E DE LIMITE DE PLASTICIDADE
DE CADA TIPO DE SOLO (NBR 6459 / NBR 7180);
4. ENSAIO DE COMPACTAÇÃO DE CADA TIPO DE SOLO (NBR 7182);
5. ENSAIO DE CBR DE CADA TIPO DE SOLO (NBR 9895);
6. ENSAIO DE PERMEABILIDADE DE CADA TIPO DE SOLO (NBR
13292/ NBR 14545).
03 DIMENSIONAMENTO DA BASE / APLICAÇÃO DA FÓRMULA:
SUB-BASE
04 DEFINIÇÃO DAS MATÉRIAS- 1. MATERIAL CIMENTÍCEO: CPI, CPI-S, CPII-E, CPII-Z, CPII-F, CPIII,
PRIMAS A SEREM UTILIZADAS CPIV E A MAIOR PARTE DOS CIMENTOS RESISTENTES A
SULFATOS;
2. BRITA PARA BASE / SUB-BASE: BRITA DE GRANULOMETRIA
UNIFORME E FORMATO ARREDONDADO OU ANGULAR;
1. BRITA PARA REVESTIMENTO: BRITA ZERO DE GRANULOMETRIA
UNIFORME E FORMATO ANGULAR;
3. ÁGUA: POTÁVEL;
4. ADITIVOS: VERIFICAR ADITIVO ADEQUADO ÀS CONDIÇÕES
CLIMÁTICAS E DO CONCRETO.
05 CARACTERIZAÇÃO DA BRITA A 1. ENSAIO DE GRANULOMETRIA COMPLETA (NBR NM46);
SER UTILIZADA NA BASE / SUB- 2. ENSAIO DE ABSORÇÃO (NBR NM53);
BASE
3. ENSAIO DE ÍNDICE DE VAZIOS (NBR NM45);
4. ENSAIO DE CBR (NBR 9895);
5. ENSAIO DE ABRASÃO LOS ANGELES (NBR NM51).
06 CARACTERIZAÇÃO DA BRITA A 2. ENSAIO DE GRANULOMETRIA COMPLETA (NBR NM46);
SER UTILIZADA NO 3. ENSAIO DE ABSORÇÃO (NBR NM53);
REVESTIMENTO EM CONCRETO
PERMEÁVEL 4. ENSAIO DE ABRASÃO LOS ANGELES (NBR NM51).
07 DETERMINAÇÃO DA PROPORÇÃO ADOTAR UMA PROPORÇÃO JÁ UTILIZADA EM OUTRA SITUAÇÃO E TESTAR
DOS MATERIAIS DO CONCRETO MISTURAS COM QUANTIDADES APROXIMADAS, PELO MÉTODO DE
PERMEÁVEL TENTATIVAS.
08 ENSAIOS COM O CONCRETO 1. ENSAIO DE MASSA ESPECÍFICA COM CONCRETO FRESCO (NBR
FRESCO 9833).
09 MONTAGEM DOS CORPOS DE OPTAR ENTRE AS POSSÍVEIS FORMAS DE COMPACTAÇÃO: EM UMA, DUAS
PROVA CILÍNDRICOS OU TRÊS CAMADAS, COM BASE EM RESULTADOS DE PESQUISAS
ANTERIORES.
10 ENSAIOS COM O CONCRETO 1. ENSAIO DE MASSA ESPECÍFICA COM O CONCRETO ENDURECIDO
ENDURECIDO (NBR 9778).
11 MONTAGEM DOS CORPOS DE MONTAR CORPOS DE PROVA PRISMÁTICOS EM FORMA DE
PROVA PRISMÁTICOS PARALELEPÍPEDO, MEDINDO (10x10x40) cm, SEGUINDO RECOMENDAÇÕES
CONTIDAS NA NBR 5738.
12 ENSAIOS DE RESISTÊNCIA 1. ENSAIO DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO
MECÂNICA COM CORPOS DE DIAMETRAL (NBR 7222);
PROVA CILÍNDRICOS 2. ENSAIO DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES (NBR 5739);
3. ENSAIO DE MASSA ESPECÍFICA COM O CONCRETO ENDURECIDO
(NBR 9778).
13 ENSAIOS DE RESISTÊNCIA 1. ENSAIO DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO NA FLEXÃO (NBR 12142).
MECÂNICA COM CORPOS DE
PROVA PRISMÁTICOS
14 ENSAIO DE PERMEABILIDADE 1. ENSAIO MODIFICADO, COM BASE NA ASTM C1701M.
COM CORPOS DE PROVA
143

CILÍNDRICOS
15 CONTATO COM EMPRESAS E 1. APROVAÇÃO DO PROJETO DE PAVIMENTAÇÃO PERANTE
ENTIDADES GOVERNAMENTAIS ENTIDADES GOVERNAMENTAIS RESPONSÁVEIS;
ENVOLVIDAS COM O 2. CONTRATAÇÃO DE EMPRESAS E PROFISSIONAIS
DESENVOLVIMENTO URBANO E ESPECIALIZADOS E COM EXPERIÊNCIA NESSE TIPO DE PROJETO E
COM O GERENCIAMENTO DE OBRA DE PAVIMENTAÇÃO.
ÁGUAS PLUVIAIS DO MUNICÍPIO
16 LAYOUT E GERENCIAMENTO DO 1. DEFINIÇÃO DO PROJETO DE LAYOUT DO CANTEIRO;
CANTEIRO DE OBRAS 2. DEFINIÇÃO DO NÚMERO DE ENSAIOS A SER REALIZADOS
DURANTE A OBRA;
3. CUIDADOS COM A NÃO PERTURBAÇÃO DO TERRENO AO LONGO
DA EXECUÇÃO DO PAVIMENTO;
4. VERIFICAÇÃO DAS EXIGÊNCIAS DE PROPORÇÃO E NÍVEL DE
COMPACTAÇÃO, DEFINIDAS EM PROJETO;
5. ARMAZENAMENTO ADEQUADO E CONTROLE DA QUALIDADE
DOS MATERIAIS.
17 PREPARAÇÃO DO CANTEIRO COM O CANTEIRO DE OBRAS MONTADO DE ACORDO COM O PROJETO DE
LAYOUT, VERIFICAR SE TODOS OS MATERIAIS E MÁQUINAS ESTÃO
PREPARADOS PARA O INÍCIO DA PAVIMENTAÇÃO.
18 PREPARAÇÃO DO SUBLEITO E DA 1. CHECAR SE DISPOSITIVOS ALTERNATIVOS DE DRENAGEM ESTÃO
BASE / SUB-BASE ADEQUADAMENTE INSTALADOS;
2. CASO O SUBLEITO SEJA MUITO INCLINADO, VERIFICAR
INSTALAÇÃO DE BARRAGENS;
3. CHECAR DISPOSIÇÃO DE VARAS GRADUADAS, COM AS ALTURAS
DA BASE / SUB-BASE;
4. O SUBLEITO E A BASE / SUB-BASE DEVEM ESTAR DEVIDAMENTE
ÚMIDOS NO MOMENTO DA INSTALAÇÃO;
5. O SUBLEITO E A BASE / SUB-BASE DEVEM ESTAR DEVIDAMENTE
COMPACTADOS.
19 PREPARAÇÃO DAS FÔRMAS 1. AS FÔRMAS DEVEM POSSUIR A EXATA PROFUNDIDADE DO
PAVIMENTO E PODEM SER CONFECCIONADAS EM MADEIRA,
PLÁSTICO OU AÇO;
2. MANTER AS FÔRMAS SEMPRE LIMPAS E, SE NECESSÁRIO,
OLEADAS COM DESMOLDANTE;
3. VERIFICAR NECESSIDADE DO USO DE TIRAS DE ELEVAÇÃO (9 A
19mm DE ALTURA), CASO A INSTALAÇÃO SEJA EM DUAS ETAPAS;
4. VERIFICAR NECESSIDADE DE PINOS E/OU ESTACAS, PARA
AUMENTAR A RESISTÊNCIA DAS FÔRMAS A MOVIMENTAÇÕES
LATERAIS.
20 DISPOSIÇÃO DO CONCRETO 1. VERIFICAR A QUANTIDADE E AS FUNÇÕES DOS
TRABALHADORES ENVOLVIDOS NA OBRA;
2. DEFINIR O TIPO DE INSTALAÇÃO (UMA OU DUAS ETAPAS) E
PROVIDENCIAR MAQUINÁRIO ESPECÍFICO;
3. NUNCA BOMBEAR O CONCRETO PERMEÁVEL;
4. VERIFICAR NECESSIDADE DE EQUIPAMENTOS QUE AUXILIEM NA
DISPOSIÇÃO DO CONCRETO, CASO ISSO NÃO POSSA SER FEITO
DIRETAMENTE DA TAMPA DO CAMINHÃO-BETONEIRA;
5. ACOMODAÇÃO DO CONCRETO EM SEMICÍRCULOS;
6. EVITAR A CONTAMINAÇÃO DO CONCRETO COM MATERIAIS
DELETÉRIOS;
7. EVITAR MOVIMENTAÇÕES INDEVIDAS SOBRE O CONCRETO E EM
ÁREAS ADJACENTES À OBRA.
8. EVITAR O USO DE FERRAMENTAS INDEVIDAS.
21 CONSOLIDAÇÃO DO CONCRETO 1. USAR ROLOS DE COMPACTAÇÃO CILÍNDRICOS COM LARGURA
MAIOR QUE A DAS FÔRMAS (LARGURA MÉDIA = 3,70m), PESO
MÉDIO DE 320kg E QUE FORNEÇAM FORÇA VERTICAL DE, NO
MÍNIMO, 0,07MPa;
2. ROLOS MENORES PODEM SER USADOS EM ÁREAS MAIS
APERTADAS. SEU PESO DEVE VARIAR ENTRE 90kg E 140kg;
3. É PERMITIDO O USO DE UMA FERRAMENTA DENOMINADA
“CROSS-ROLL”, EM ÁREAS ONDE HÁ RESTRIÇÕES QUANTO À
QUALIDADE DO PASSEIO.
22 JUNTAS 1. RECOMENDADAS EM PASSEIOS COM DIMENSÃO MAIOR QUE
4,60m EM QUALQUER DIREÇÃO;
2. AS JUNTAS NÃO DEVEM DISTAR MAIS QUE 6,10m UMAS DAS
144

OUTRAS, EM QUALQUER DIREÇÃO;


3. EXECUTAR TODAS AS JUNTAS DE CONTROLE, ISOLAMENTO E
CONSTRUÇÃO, SEMPRE QUE NECESSÁRIO;
4. O IDEAL É EXECUTAR AS JUNTAS COM O CONCRETO FRESCO;
5. A PROFUNDIDADE DA JUNTA DEVE TER DE 1/3 A ¼ DA
ESPESSURA DO REVESTIMENTO.
6. O ACABAMENTO DAS JUNTAS DEVE SER ARREDONDADO.
23 CURA E PROTEÇÃO 1. A LONA UTILIZADA PARA COBRIR O REVESTIMENTO DEVE SER
EM POLIETILENO, DEVE POSSUIR, NO MÍNIMO, 0,15 mm DE
ESPESSURA E TER COLORAÇÃO ESCURA;
2. O TEMPO DE EXPOSIÇÃO DO CONCRETO PERMEÁVEL (TEMPO
ENTRE A DISPOSIÇÃO E O ÍNÍCIO DA CURA) É DE, NO MÁXIMO 20
MINUTOS;
3. EM CONDIÇÕES ADVERSAS, BORRIFAR ADITIVO ADEQUADO NO
CONCRETO, ANTES DO INÍCIO DA CURA;
4. TEMPO MÍNIMO DE CURA: 7 DIAS PARA MISTURAS COM CIMENTO
PURO E 10 DIAS PARA MISTURAS COM MATERIAIS CIMENTÍCEOS
SUPLEMENTARES;
5. EVITAR A PRESENÇA DE MATERIAIS GRANULARES OU
PULVERULENTOS PRÓXIMOS À OBRA, DURANTE A CURA.
24 REPAROS E MANUTENÇÃO 1. EXECUTAR O PAVIMENTO CORRETAMENTE É A FORMA MAIS
EFICAZ DE AUMENTAR A SUA DURABILIDADE;
2. PARA GARANTIR A PERMEABILIDADE DO PAVIMENTO, DEVE-SE
EVITAR A PENETRAÇÃO DE FINOS ATRAVÉS DA INSTALAÇÃO DE
MANTA GEOTÊXTIL ABAIXO DA BASE DO PAVIMENTO E DO USO
DE ÁGUA E AR SOB PRESSÃO E DE ASPIRAÇÃO, COM MÁQUINAS
ESPECIAIS;
3. VARRIÇÕES, POR VEZES, SÃO CONSIDERADAS INEFICAZES
CONTRA A OBSTRUÇÃO DO SISTEMA;
4. EM CASO DE DESAGREGAÇÃO DE UMA PEQUENA PARTE DO
PAVIMENTO, ESTA PODE SER SUBSTITUÍDA POR UMA MISTURA
DE AGREGADO COM EPÓXI. PARA FICAR COM A MESMA COR DO
RESTANTE DO PISO, O AGREGADO PODE SER REVESTIDO COM
CIMENTO ÚMIDO E CURADO, ANTES DO REPARO;
5. EM CASOS DE GRANDES DESAGREGAÇÕES, DEVE HAVER
SUBSTITUIÇÃO DA SEÇÃO COMPLETA DO PAVIMENTO, NO
LIMITE DAS JUNTAS, OU ATÉ MESMO DO PISO INTEIRO. NESSE
CASO, UTILIZA-SE A MESMA MISTURA EMPREGADA NO
CONCRETO ORIGINAL;
6. QUANDO HOUVER SUBSTITUIÇÃO DO PAVIMENTO, A BASE DEVE
SER CHECADA, PARA QUE NÃO HAJA DETRITOS DA DEMOLIÇÃO
OBSTRUINDO O SISTEMA.
Fonte: Almeida (2016).
145

ANEXO 2

Seguem abaixo tabelas utilizadas para o cálculo do dimensionamento da base do pavimento


em concreto permeável, de acordo com o método SCS:

Tipos de solo considerados pelo SCS para escolha do CN.


GRUPO DESCRIÇÃO
A Solos arenosos com baixo teor de argila total, inferior a 8%, não havendo rocha nem camadas
argilosas, e nem mesmo densificadas até a profundidade de 1,5 m. O teor de húmus é muito
baixo, não atingindo 1%.
B Solos arenosos menos profundos que os do Grupo A e com menor teor de argila total, porém
ainda inferior a 15%. No caso de terras roxas, esse limite pode subir a 20% graças à maior
porosidade. Os dois teores de húmus podem subir, respectivamente, a 1,2 e 1,5%. Não pode haver
pedras e nem camadas argilosas até 1,5m, mas é, quase sempre, presente camada mais densificada
que a camada superficial.
C Solos barrentos com teor de argila de 20 a 30%, mas sem camadas argilosas impermeáveis ou
contendo pedras até profundidades de 1,2m. No caso de terras roxas, esses dois limites máximos
podem ser de 40% e 1,5m. Nota-se a cerca de 60 cm de profundidade, camada mais densificada
que no Grupo B, mas ainda longe das condições de impermebialidade.
D Solos argilosos (30 - 40% de argila total) e ainda com camada densificada a uns 50 cm de
profundidade. Ou solos arenosos como do Grupo B, mas com camada argilosa quase
impermeável, ou horizonte de seixos rolados.
Fonte: Porto (1995) citado por Paz (2004).

Condições de umidade antecedente do solo considerados pelo SCS para escolha do CN.
CONDIÇÃO DESCRIÇÃO
I Solos secos: as chuvas, nos últimos cinco dias, não ultrapassaram 15 mm.
II Situação média na época das cheias: as chuvas, nos últimos cinco dias, totalizaram de 15 a 40
mm.
III Solo úmido (próximo da saturação): as chuvas, nos últimos cinco dias, foram superiores a 40
mm, e as condições meterológicas foram desfavoráveis a altas taxas de evaporação.
Fonte: Porto (1995) citado por Paz (2004).

Valores de CN em função da cobertura do solo e do tipo hidrológico de solo, para a condição de


umidade II.
USO DO SOLO/TRATAMENTO/ GRUPO HIDROLÓGICO DE SOLOS
CONDIÇÕES HIDROLÓGICAS
A B C D

Estacionamentos pavimentados, telhados. 98 98 98 98


Fonte: Adaptado de Porto (1995) citado por Paz (2004).
146

ANEXO 3

Categorias Sigla Nome Características de CBR


drenagem
GW Pedregulhos bem graduados ou Excelente 40 a 80
Misturas de pedregulho e areia,
com pouco ou nenhum fino
Pedregulhos e GP Pedregulhos mal graduados ou Excelente 30 a 60
solos Misturas de pedregulho e areia,
pedregulhosos com pouco ou nenhum fino
d Pedregulhos siltosos, misturas de Sofrível a mau 40 a 60
GM u pedregulho, areia e silte Mau a 20 a 30
Solos praticamente
granulares impermeável
GC Pedregulhos argilosos, misturas de Mau a 20 a 40
pedregulho, areia e argila praticamente
impermeável
SW Areias bem graduadas ou areias Excelente 20 a 40
pedregulhosas, com pouco ou
nenhum fino
Areias e solos SP Areias mal graduadas ou areias Excelente 10 a 40
arenosos pedregulhosas, com pouco ou
nenhum fino
d Areias siltosas, Sofrível a mau 15 a 40
SM u Misturas de areias siltosas Mau a 10 a 20
praticamente
impermeável
SC Areias argilosas, Misturas de areias Mau a 5 a 20
argilosas praticamente
impermeável
ML Siltes inorgânicos e areias muito Sofrível a mau 15 ou
finas, rochas granulares, areias menos
finas argilosas ou siltosas ou
Siltes e sedimentos argilosos com ligeira
argilas, plasticidade
LL < 50 CL Argilas inorgânicas de plasticidade Praticamente 15 ou
baixa a média, argilas impermeável menos
Solos pedregulhosas, argilas arenosas,
finos argilas siltosas, argilas magras
OL Siltes orgânicos e argilas siltosas Mau 5 ou
orgânicas de baixa plasticidade menos
MH Siltes inorgânicos, micáceos ou Sofrível a mau 10 ou
diatomaceous, areias finas ou solos menos
Siltes e siltosas, siltes elásticos
argilas, CH Argilas inorgânicas de alta Praticamente 15 ou
LL > 50 Plasticidade, argilas gordas impermeável menos
OH Argilas orgânicas de média a alta Praticamente 5 ou
plasticidade, siltes orgânicos impermeável menos
Solos altamente orgânicos Pt Turfa e outros Sofrível a mau ------
Solos orgânicos
Fonte: ACI, 330-R (2008)
147

ANEXO 4

ENSAIO DE CARACTERIZAÇÃO DE AGREGADO GRAÚDO PARA CONCRETO


COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA
ENSAIOS REALIZADOS - AGREGADO GRAÚDO
(NBR NM 248/2003)

PENEIRAMENTO PERCENTUAL PERCENTUAL


PENEIRA
PESO RETIDO (g) RETIDO ACUMULADO DESCRIÇÃO DO ENSAIO NORMA UNIDADE RESULTADOS

(mm) 01 2 MÉDIA (%) (%)


75 0,00 0,00 0,00 0,0 0 MASSA ESP. DO AGREGADO SECO 2,78
63 0,00 0,00 0,00 0,0 0 MASSA ESPECÍFICA DO AGREGADO NBR NM
g/cm³ 2,74
50 0,00 0,00 0,00 0,0 0 EM CONDIÇÃO (SSS)³ 53:2009
37,5 0,00 0,00 0,00 0,0 0 MASSA ESPECÍFICA APARENTE 2,73
31,5 0,00 0,00 0,00 0,0 0 ÍNDICE DE FORMA PELO MÉTODO NBR
- -
25 0,00 0,00 0,00 0,0 0 DO PAQUÍMETRO 7809:2006
19 0,00 0,00 0,00 0,0 0 MASSA UNITÁRIA DO COMPACTADO 1510
kg/m³
12,5 12,10 0,00 6,05 0,2 0 AGREGADO SOLTO NBR NM 1390
9,5 365,80 421,00 393,40 14,4 15 COMPACTADO 45:2006 -
ÍNDICE DE VAZIOS %
6,3 1367,90 1230,70 1299,30 47,5 62 SOLTO -
4,75 806,70 782,10 794,40 29,0 91 NBR NM
MATERIAL PULVERULENTO % 1,0
2,36 179,10 206,30 192,70 7,0 98 46:2003
1,18 3,20 9,90 6,55 0,2 98 MÓDULO DE FINURA NBR NM - 5,97
0,6 0,70 1,90 1,30 0,0 98 DIÂMETRO MÁXIMO 248:2003 mm 12,5
0,3 1,30 1,80 1,55 0,1 98 NBR NM
ABSORÇÃO DE ÁGUA % 0,7
0,15 4,90 5,30 5,10 0,2 99 53:2009
FUNDO 36,70 35,40 36,05 1,3 100 ARGILA EM TORRÕES E MATERIAIS NBR
% -
TOTAL 2778,4 2694,4 2736,4 100 759 FRIÁVEIS 7218:2010
CURVA GRANULOMÉTRICA

OBSERVAÇÕES:

INFORMAÇÕES DA AMOSTRA
REGISTRO DA AMOSTRA DATA DA COLETA LOCAL DE COLETA FORNECEDOR
CGAG-038.16-00 - - -
MATERIAL ENSAIADO DATA DE ENTRADA DATA DO ENSAIO
BRITA 12 28/3/2016 04/05/2016

Fonte: Tecomat (2016).

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