NARA ALMEIDA
Recife, PE
2017
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil
NARA ALMEIDA
Recife, PE
2017
NARA ALMEIDA
BANCA EXAMINADORA:
Orientadora:
_________________________________________
Prof.ª. Dr.ª. Yêda Vieira Póvoas Tavares
Universidade de Pernambuco
Co-orientador:
_________________________________________
Prof. Dr. José Orlando Vieira Filho
Universidade de Pernambuco
Examinadores:
_________________________________________
Prof. Dr. Alexandre Duarte Gusmão
Universidade de Pernambuco
_________________________________________
Prof.ª. Dr.ª. Stela Fucale Sukar
Universidade de Pernambuco
__________________________________________
Prof.ª. Dr.ª. Liv Haselbach
Lamar University, TX, USA.
Recife, PE
2017
À minha família.
AGRADECIMENTOS
Aos professores Dra. Yêda Póvoas Tavares, Dra. Liv Haselbach, Dr. Alexandre Duarte
Gusmão, Dr. José Orlando Vieira Filho e Dr. Ângelo Just. Ao Sr. Bruce Chattin, à Sra. Debra
Lang, ao Sr. Cláudio Freitas, à Sra. Lucia Rosani (Dona Lúcia), ao Sr. Fábio Ferreira, ao Sr.
Eider de Souza Lima, ao Sr. Luís Alberto de Navarro Coutinho, ao Sr. Paulo Cícero Costa
Barbosa da Silva, ao Sr. Erilan Diego Pereira de Lima, ao Sr. Severino Francisco de Arruda
(Sr. Biu), à Luciana Gusmão e ao Sr. Rafael Batezini, pela orientação e pelo constante
estímulo transmitido durante a elaboração da dissertação.
Aos familiares, especialmente a Fátima, Aurélio, Renata, Guilherme, Carmita e Eduardo, aos
amigos, em especial a Brian McNally, Eudes de Arimatéa Rocha, Kátia Monteiro, Rafaella
Gatis, Victor Estolano, Carolina Brasileiro, Gabriela Matos e a todos que colaboraram direta
ou indiretamente, na execução deste trabalho.
“Transformai as velhas formas do viver”.
Gilberto Gil.
RESUMO
A indústria da construção civil favorece significativamente o desenvolvimento econômico das
grandes cidades. Contudo, o setor também traz contribuições negativas à sociedade e ao meio
ambiente, uma vez que utiliza um grande montante dos recursos naturais finitos existentes no
planeta, gera resíduos de construção e demolição e acaba por impermeabilizar boa parte do
solo natural ao se construírem ruas, edifícios, calçadas e parques de estacionamento, o que
gera ilhas de calor e, com a incidência da chuva, propicia o aumento do escoamento
superficial e a ocorrência de enchentes. A presente pesquisa teve por objetivo analisar a
viabilidade técnica de utilização de Resíduos de Construção e Demolição Reciclados (RCD-
R) no subleito e na camada de base de pavimentos em concreto permeável. As principais
justificativas apoiaram-se na necessidade cada vez maior de reuso dos resíduos, nas altas
taxas de escoamento superficial apresentadas em diversos centros urbanos e no elevado
coeficiente de permeabilidade (k > 10-3 m/s) exigido pela ABNT NBR 16416 (2015), para
subleitos de sistemas de infiltração total em pavimentos de concreto permeável. Tomou-se
como estudo de caso específico a construção de duas vagas de estacionamento da Escola
Politécnica de Pernambuco (POLI-UPE) e o método adotado pode ser dividido em quatro
etapas. A primeira fundamentou-se na caracterização e na análise do solo existente na POLI-
UPE e dos RCD-R que foram empregados no subleito e na camada de base do sistema. A
segunda trata do dimensionamento das duas vagas de estacionamento e respaldou-se nos
dados pluviométricos da cidade do Recife e nos resultados dos ensaios desenvolvidos na
primeira etapa. Na terceira etapa, foram ensaiados os materiais a ser empregados na execução
da obra e, a quarta e última etapa é referente à construção do sistema de pavimentação, onde
imediatamente após a cura do concreto, foi verificada a eficácia hidráulica do sistema. O solo
existente na universidade mostrou-se mecanicamente ruim enquanto material de subleito e
apresentou baixo coeficiente de permeabilidade, tornando seu emprego viável apenas em
sistemas de infiltração parcial ou sem infiltração. O resíduo analisado como substituto deste
subleito mostrou-se adequado a assumir esta função, desde que a quantidade de material
passante na peneira de abertura 0,42mm seja reduzida a um valor entre 10 e 40% do total da
amostra. Além disso, o coeficiente de permeabilidade deste RCD-R foi de 4,48 x 10-6 m/s, o
que permite que o resíduo seja adotado em sistemas de infiltração parcial ou sem infiltração,
conforme referência normativa nacional. Caso seja considerada a ACI 522 R (2010), este
material também pode ser aplicado em sistemas de infiltração total. Os ensaios com o resíduo
da base foram satisfatórios, desde que seja reduzida a quantidade de pulverulentos na amostra.
Além disso, o CBR apresentou valor médio de 60%, o que possibilita seu uso em bases de
pavimentos convencionais, mas impede o seu emprego em pavimentos em concreto
permeável, segundo ABNT NBR 16416 (2015). A estrutura foi dimensionada e,
anteriormente à execução do pavimento, os materiais empregados na obra foram devidamente
caracterizados. Os resultados mostraram-se similares àqueles avaliados primeiramente, com
exceção do Índice de suporte Califórnia do agregado da base, que apontou valor 27% inferior
ao primeiro. A execução das vagas de estacionamento na POLI seguiu recomendações
propostas por Almeida (2016) e o revestimento em concreto foi desenvolvido conforme
indicações de Batezini (2016). Em ambas as vagas, foi adotado o sistema de infiltração total,
mas em uma delas, o pavimento foi construído sobre o subleito existente e na outra, parte do
solo existente foi substituído por RCD-R comercializado como areia grossa. Após a execução
do pavimento, o coeficiente de permeabilidade do sistema revelou-se em conformidade com
as exigências da norma brasileira de pavimentos em concreto permeável.
Palavras-chave: Pavimento. Concreto permeável. Drenagem. Permeabilidade. Reciclagem de
resíduo.
ABSTRACT
The civil construction industry significantly favors the economic development of large cities.
However, the this sector also brings negative contributions to society and the environment,
since it uses a large amount of finite natural resources of the planet, generates construction
and demolition waste and promotes the sealing of much of natural soil when constructing
streets, buildings, sidewalks and parking lots, which generates urban heat islands and, with
the incidence of rain, increases the surface runoff and the occurrence of floods. The present
research aimed to analyze the technical feasibility of using Recycled Construction and
Demolition Waste (RCDW) in the subgrade and the base layer of pervious concrete
pavements. The main justifications were based on the increasing need for reuse of residues,
the high runoff rates presented in several urban centers and the high coefficient of
permeability (k > 10-3 m/s – k > 3.3 10-3 ft/s) required by ABNT NBR 16416 (2015), for
subgrade of pervious concrete pavements with full infiltration systems. The construction of
two parking spaces at the Escola Politécnica de Pernambuco (POLI-UPE) was took as a
specific case study and the method adopted was divided into four stages. The first was based
on characterization and analysis of the existing soil of POLI-UPE and the RCDW used in the
subgrade and the base layer of the system. The second stage addresses the thickness design of
the two parking spaces and was based on the rainfall data of the city of Recife and the results
of tests performed in the first stage. In the third stage, the materials used in the execution of
the work were tested. Finally, the fourth stage referred to the construction of the paving
system, verifying the hydraulic efficiency of the system immediately after the concrete curing.
The existing soil at the university proved to be poor mechanically as a subgrade material, and
had a low coefficient of permeability, making its use feasible only in partial infiltration or no
infiltration systems. The waste analyzed as a substitute for this existing subgrade was
adequate to assume this function, provided that the percentage of material passing the No. 40
(0.42 mm) sieve is reduced to between 10% and 40% of the total sample. In addition, the
coefficient of permeability of this RCDW was 4.48 10-6 m/s (14.7 10-6 ft/s), which allows
the waste to be adopted in partial infiltration or no infiltration systems, according to national
normative resolution. If ACI 522 R (2010) is considered, this material may also be applied in
full infiltration systems. Tests with the waste to be used in base layer were satisfactory,
provide that the amount of fine particles in the sample was reduced. Moreover, the CBR
presented an average of 60%, which allows use of this recycled aggregate in the base layer of
conventional pavements, but prevents its use in pavements in pervious concrete pavements,
according to ABNT NBR 16416 (2015). The structure was dimensioned and, before the
pavement construction, the materials used in the work were properly characterized. The
results were similar to those evaluated in the first stage, except for the California bearing ratio
of the aggregate for the base layer, which showed a value 27% lower than the one obtained by
the first material. The construction of the parking spaces at POLI followed recommendations
proposed by Almeida (2016) and the concrete surface course was developed in accordance
with indications of Batezini (2016). In both parking spaces, the full infiltration system was
adopted, but in one of them, the pavement was built on the existing subgrade and in the other,
part of the existing soil was replaced by the RCDW sold as coarse sand. After the pavement
construction, the coefficient of permeability of the system was in accordance with the
requirements of the pervious concrete pavements Brazilian standard.
Keywords: Pavement. Pervious concrete. Drainage. Permeability. Recycled waste.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Total de RCD coletados no Brasil e regiões, nos anos de 2013 e 2014 (t x
1000/ano). ................................................................................................................................. 27
Figura 2 – RCD coletados per capita no Brasil, Estados Unidos e União Europeia, no ano de
2012. ......................................................................................................................................... 28
Figura 4 – Usinas de reciclagem de RCD classe A inauguradas ao longo dos anos. ............... 30
Figura 8 – Corte esquemático de pavimento em concreto permeável com manta geotêxtil. ... 51
Figura 9 – Confecção dos corpos de prova: desenho feito à mão por Haselbach (2016). ........ 54
Figura 14 – Resumo dos ensaios laboratoriais desenvolvidos no RCD-R areia grossa servível
ao reforço ou à substituição de subleitos de pavimentos em concreto permeável. .................. 72
Figura 28 – Curvas de compactação do RCD-R, para 3 amostras do RCD-R areia grossa. .... 98
Figura 29 – Curvas de CBR, para 3 amostras distintas do RCD-R areia grossa. ..................... 99
Figura 31 – Gráfico de compactação com as três amostras de RCD-R brita 19mm. ............. 105
Figura 32 – Gráfico de ISC (CBR) com três amostras de RCR-R brita 19mm...................... 105
Foto 2 – Situação das áreas externa e interna da POLI, no dia 09 de Maio de 2016. .............. 23
Foto 3 – Pavimentos em asfalto convencional (A) e em concreto permeável (B), lado a lado,
em dia de chuva, em Mount Vernon-WA. ............................................................................... 36
Foto 4 – Pavimentos em concreto convencional (A) e permeável (B), lado a lado. ................ 37
Foto 8 – Teste de permeabilidade feito em campo, de acordo com a ASTM C1701/M. ......... 58
Foto 10 – Material utilizado na base de uma calçada em concreto permeável, na USP. ......... 61
Foto 15 – Amostras secas provenientes das perfurações no solo da POLI-UPE a 0,90m (A) e a
1,50m (B) abaixo da superfície................................................................................................. 70
Foto 18 - Aparência fluida do concreto aos 5 minutos de betonada (A), concreto permeável na
betoneira (B) e aparência final do concreto (C). ...................................................................... 80
Foto 19 – Moldagem dos corpos de prova de concreto permeável, para ensaios precedentes à
obra. .......................................................................................................................................... 81
Foto 22 – Compactação do RCD-R areia grossa substituto de parte do subleito existente. ..... 83
Foto 23 – Controle da densidade do resíduo in situ, a partir do ensaio com frasco de areia.... 84
Foto 29 – Cobertura do concreto com lona plástica (A) e moldagem de corpos de prova em 3
camadas (B) e em 1 camada (C). .............................................................................................. 87
Foto 31 – Início da sedimentação, aparência do material após 24h e final do ensaio. ............. 97
Foto 32 – Máquina para compactação, material no ramo seco e próximo à umidade ótima. .. 98
Foto 35 – RCD-R brita 19mm (A), processo de quarteamento do material (B) e separação
através da gravimetria (C). ..................................................................................................... 103
Foto 37 – Ensaio de resistência à tração por compressão diametral, antes da obra. .............. 121
Foto 38 – Corpos de prova compactados em uma camada (A), ruptura após ensaio de
compactação por compressão (B) e ruptura após ensaio de tração por compressão diametral
(C). .......................................................................................................................................... 124
LISTA DE TABELAS
Tabela 12 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização do solo existente na POLI-
UPE........................................................................................................................................... 95
Tabela 13 – Exigências contidas na ABNT NBR 15115 (2004) para o emprego adequado de
RCD-R como material de reforço ou substituição do subleito. ................................................ 99
Tabela 14 – Resumo dos resultados dos ensaios com o RCD-R servível à substituição do
subleito. .................................................................................................................................. 101
Tabela 16 – Resumo dos resultados dos ensaios com o RCD-R servível à base do pavimento.
................................................................................................................................................ 106
Tabela 17 – Resultados dos ensaios com o RCD-R areia grossa utilizado em obra e exigências
contidas na ABNT NBR 15115 (2004) e na ABNT NBR 15116 (2004). .............................. 114
Tabela 18 – Resumo dos resultados dos ensaios com o RCD-R servível à substituição do
subleito utilizado em obra....................................................................................................... 115
Tabela 19 – Resumo dos resultados dos ensaios com o RCD-R substituto da base, utilizado
em obra. .................................................................................................................................. 119
Tabela 20 – Resultados dos ensaios desenvolvidos com o concreto permeável, antes da obra.
................................................................................................................................................ 121
Tabela 25 – Resumo dos resultados referentes ao ensaios com o concreto permeável utilizado
como material de revestimento. .............................................................................................. 126
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 19
4.3 Etapa 3: Caracterização dos materiais utilizados na execução do pavimento ......... 111
ANEXO 1............................................................................................................................142
ANEXO 2............................................................................................................................145
ANEXO 3............................................................................................................................146
ANEXO 4............................................................................................................................147
19
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
Essa necessidade justifica-se, sobretudo, pelo fato de que novas edificações e reformas
demandam um grande montante de recursos naturais, bem como são geradas, anualmente,
milhares de toneladas de resíduos provenientes da construção e da demolição de edifícios.
Relativamente ao consumo de matérias primas por parte da construção civil, Taipale (2012)
constata que o setor consome cerca de um terço dos recursos naturais existentes. John (2000)
afirma que é difícil estimar valores precisos. Contudo, cita o estudo desenvolvido por
Sjöström (1996), que cita a construção civil como consumidora de 14 a 50% de todos os
recursos naturais extraídos no planeta. Gusmão (2008) exemplifica o que ocorre com a
produção de concreto na cidade do Recife, que utiliza areia proveniente de um município
localizado a 70km da capital pernambucana. O autor ainda afirma que são encontradas
dificuldades para a obtenção de licenciamento ambiental para a exploração de jazidas.
Quanto à geração de resíduos, pondera-se que aqueles oriundos das atividades construtivas
representem de 41 a 70% de todos os resíduos produzidos em meios urbanos, no país
(GUSMÃO, 2008) e de 30 a 40% dos resíduos sólidos gerados no planeta (TAIPALE, 2012).
Este problema agrava-se devido ao intenso adensamento construtivo nas grandes cidades, uma
vez que se reduzem as áreas de deposição adequada dos rejeitos e é cada vez mais comum seu
despejo ilegal em terrenos baldios e em margens de cursos d’água, “provocando o
assoreamento dos rios, obstrução de canais, poluição ambiental e visual, e o surgimento de
vetores causadores de doenças” (GUSMÃO, 2008, p.16).
20
Formoso et al.(2002) citam duas grandes pesquisas realizadas no Brasil, por volta da década
de 1990 (PINTO, 1989; PICCHI, 1993), que tiveram como objetivo quantificar a geração de
Resíduos de Construção e Demolição (RCD) no país. Embora ambas tenham indicado
números alarmantes, Formoso et al. (2002) afirmam que alguns representantes da indústria
enxergaram grande potencial nos programas de prevenção de resíduos, mas, outras empresas,
preocupadas com sua imagem pública, negaram os resultados apresentados.
A partir da vigência da Lei 12.305 (2010), setores públicos e privados brasileiros tiveram
maior acesso a informações acerca da destinação correta dos RCD, bem como passaram a
estudar diferentes maneiras de reaproveitá-los. Uma das alternativas eficazes é a sua
reutilização em sistemas de pavimentação. E, para isso, em 2004, foi publicada a norma
ABNT NBR 15115, que estabelece os parâmetros de adequabilidade dos Resíduos de
Construção e Demolição para sua devida aplicação nas diferentes camadas dos pavimentos.
1
Segundo Paz (2004), o ciclo hidrológico consiste no movimento contínuo da água no planeta e é compreendido
pelos fenômenos de evaporação, precipitação, interceptação, infiltração, escoamento superficial, percolação e
escoamento subterrâneo.
21
Diante deste contexto, países como Austrália, Estados Unidos e Inglaterra, por exemplo, vêm
adotando o uso de pavimentos permeáveis em ambientes externos, expostos às intempéries, a
fim de mitigar ou solucionar problemas relativos, principalmente, à impermeabilização do
solo, drenagem urbana e emissão de calor nas grandes cidades. Ferguson (2005) defende a
estratégia, apresentando como argumentos a possibilidade de se produzirem pisos drenantes a
baixos custos, além de outras vantagens proporcionadas a partir da sua utilização, como a
filtragem natural das águas pluviais, a melhor distribuição de irrigação para as árvores e
arbustos, maior segurança para os motoristas, dentre outros benefícios.
No Brasil, a primeira norma nacional que trata de pavimentos permeáveis é a ABNT NBR
16416, publicada recentemente, em agosto de 2015 e que é referente apenas a sistemas que
utilizam o concreto – moldado no local, em placas ou em blocos – como material de
revestimento.
Embora a ABNT NBR 16416 (2015) cite apenas os revestimentos em concreto, existem
outros tipos de materiais que podem ser empregados nesta camada, tais como os asfaltos
permeáveis ou compósitos também permeáveis, formados pela mistura entre resina polimérica
e agregados diversos (cerâmica, rochas naturais ou borracha).
De acordo com Garber (2010), contudo, o mais versátil e promissor destes revestimentos é o
concreto permeável moldado no local, que vem sendo bastante utilizado atualmente,
sobretudo nos Estados Unidos e, por esta razão, sistemas de pavimentação permeável com
este tipo de revestimento são o objeto de estudo da presente pesquisa. A Foto 1 apresenta
blocos pré-moldados em concreto convencional com áreas (A) e juntas (B) vazadas, bem
como o asfalto (C) e o concreto (D) permeáveis, ambos moldados no local.
22
1.2 Justificativa
Pavimentos deste tipo também são adotados em diversos projetos considerados “de baixo
impacto ambiental” (LID - Low Impact Development), além de contar pontuação no sistema
de classificação LEED – Leadership in Energy and Environmental Design, elaborado pelo
USGBC – United States Green Building Council.
Poucos estudos, no entanto, dão enfoque ao uso dos Resíduos de Construção e Demolição nas
demais camadas do sistema. Rahman et al. (2014), entretanto, investigaram a possibilidade de
se empregar RCD-R na camada de base de pavimentos permeáveis. A partir de ensaios
geotécnicos, hidrológicos e químicos, os autores chegaram à conclusão de que os resíduos
empregados na pesquisa são adequados ao uso não somente em pavimentos com revestimento
em concreto permeável, mas em sistemas de pavimentação permeável em geral.
A norma nacional ABNT NBR 16416 (2015) exige que para sistemas de infiltração total, ou
seja, para que a água que passa pelo pavimento seja totalmente direcionada para o subleito, o
solo logo abaixo da estrutura precisa ter um coeficiente de permeabilidade elevado,
equivalente ao de uma areia grossa, dificilmente encontrado na natureza. Desse modo,
também com o intuito de melhorar a eficiência hidráulica do pavimento, faz sentido analisar o
coeficiente de permeabilidade dos RCD-R, considerando utilizá-lo como material de reforço
ou de substituição de solos de subleito, em sistemas de pavimentação em concreto permeável.
Foto 2 – Situação das áreas externa e interna da POLI, no dia 09 de Maio de 2016.
1.3 Objetivos
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Classe C: São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações
economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação;
Classe D: São resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e
outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e
reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais
objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.
Fonte: CONAMA (2002).
De acordo com a ABRELPE (2014), a média registrada no país, no ano de 2014, foi de
122.262 toneladas de RCD coletado por dia. Dentre as regiões brasileiras, o Sudeste é o maior
produtor de Resíduo de Construção e Demolição, chegando à marca de 63.469 toneladas de
RCD coletado por dia. O Nordeste assume a segunda colocação, com 24.066t/dia. A Tabela 1
ilustra os resultados apurados.
Figura 1 – Total de RCD coletados no Brasil e regiões, nos anos de 2013 e 2014 (t x 1000/ano).
vista que Kibert (2013) considera padrão de um país desenvolvido uma média de geração de
RCD per capita igual a 0,5.
Desse modo, a fim de averiguar os números apresentados pela ABRELPE (2014), buscou-se
comparar a produção de resíduos per capita no país com os mesmos dados da União Europeia
e dos Estados Unidos.
As informações mais recentes relativas à geração de RCD na União Europeia datam de 2012 e
então a análise comparativa tomou como referência este ano específico. Observa-se que a
Figura 2 denota, de fato, uma produção muito pequena do resíduo per capita no Brasil,
comparativamente aos Estados Unidos e à União Europeia.
Figura 2 – RCD coletados per capita no Brasil, Estados Unidos e União Europeia, no ano de 2012.
1,8
1,6
RCD coletado per capita (t/hab/ano)
1,4
1,2
0,8
0,6
0,4
0,2
0
BRASIL UNIÃO EUROPEIA EUA
Os resultados expostos na Figura 2 podem ser explicados, em parte, pelo fato de que, em
2012, o Produto Interno Bruto (PIB) produzido pelo setor da Construção Civil estava em
declínio no país, conforme mostra a Figura 3.
Segundo Bovea; Powell (2016), uma grande quantidade de resíduos é gerada sempre que há
construções, demolições e obras de Engenharia Civil de modo geral. Concomitantemente,
considera-se que quando há menos construções e reformas no setor da construção civil, são
produzidas menores quantidades de resíduos.
29
Contudo, mesmo com o decréscimo do número de obras ocorridas no ano de 2012, é possível
que o RCD coletado no Brasil represente apenas uma pequena parcela de tudo o que é
realmente gerado no país. A deposição inadequada de RCD faz com que a quantificação deste
material seja realizada apenas com base no que é descartado nos logradouros públicos e, a
isso, é preciso que se dê a devida atenção.
Segundo Miranda et al. (2009), desde a publicação da resolução de número 307 da CONAMA
(2002), esta realidade mudou e o número de geradores que passaram a destinar
adequadamente os resíduos provenientes de obras de construção civil aumentou
consideravelmente.
Além disso, Angulo (2004) destaca que a separação entre resíduos vermelhos (cerâmicos),
resíduos cinzas (de material cimentício), contaminantes e ainda rochas naturais, por meio de
31
catação, caracteriza-se como um processo barato, porém falho, já que os RCD apresentam
propriedades físico-químicas diversas e isso não se determina apenas através da sua
coloração.
O autor referencia uma técnica denominada separação por líquidos densos, em que se
submergem Resíduos de Construção e Demolição de origens e características distintas em
líquidos de densidades pré-determinadas – neste estudo específico, utilizaram-se líquidos com
1,7; 1,9; 2,2 e 2,5kg/dm³ (ANGULO, 2004).
Angulo (2004) demonstra que este método relaciona a densidade dos materiais com sua
porosidade e, consequentemente, com sua resistência mecânica, que normalmente é o que
importa para quem deseja fazer uso de RCD-R em obras de construção civil. Desse modo,
separam-se, de maneira simples, os contaminantes, as rochas naturais, e as argamassas e
materiais cerâmicos contidos nas amostras analisadas.
Para além do processo de separação dos diversos tipos de resíduos, também é relevante
considerar o processo de beneficiamento dos RCD. Cardoso et al. (2015) afirma que para se
obter maior controle da curva granulométrica do agregado reciclado, o ideal é que o Resíduo
de Construção e Demolição passe pelo processo de britagem pelo menos duas vezes. Os
autores ainda reiteram que quando o material é submetido a um único processo de trituração,
normalmente são produzidos grãos lamelares, ou seja, com alto índice de forma, o que é
considerado uma desvantagem em termos de resistência mecânica, tanto em agregados
naturais quanto em reciclados.
Conforme dito anteriormente, faz-se necessário que sejam tomadas diversas medidas e
precauções para que Resíduos de Construção e Demolição possam ser empregados como
substitutos do agregado natural, sem que haja descaracterização do material, sobretudo
relativamente à sua resistência mecânica.
Dessa forma, para que o emprego de RCD-R se tornasse uma prática viável no Brasil, foram
publicadas, em 2004, uma série de resoluções normativas que estabelecem parâmetros e
requisitos para a adaptação dos resíduos a variadas situações, conforme explicitado no Quadro
2.
32
Estudos como o de Proença (2012) e Leite et al. (2011) foram desenvolvidos com o intuito de
comprovar a viabilidade técnica da utilização de Resíduos de Construção e Demolição
Reciclados (RCD-R) em sistemas de pavimentação convencionais, tema abordado pela ABNT
NBR 15.115 (2004). A norma estabelece critérios para a devida aplicação de agregados
reciclados nas camadas de reforço do subleito, sub-base, base e revestimento.
Proença (2012), por exemplo, analisou amostras de RCD-R oriundas da mesma usina de
beneficiamento que forneceu material para o desenvolvimento da presente pesquisa. Após a
realização de ensaios de caracterização física e mecânica, o autor concluiu que o material
adequa-se ao uso em camadas de pavimentação em vias de baixo tráfego.
Leite et al. (2011) submeteu a ensaios físicos e mecânicos agregados reciclados advindos de
outra usina, localizada na região metropolitana de São Paulo. Os resultados obtidos, assim
como os de Proença (2012), foram considerados compatíveis às exigências contidas na ABNT
NBR 15115 (2004), para a utilização do agregado em camadas de vias de tráfego leve.
É importante destacar, contudo, que a ABNT NBR 15.115 (2004) refere-se a sistemas de
pavimentação convencional e não é citada, ao longo do texto, a possibilidade de utilização de
RCD-R em sistemas de pavimentação permeável.
É sabido que o tema desta pesquisa trata de um estudo de viabilidade para a execução de um
pavimento em concreto permeável com adição de RCD-R no subleito e na camada de base do
sistema. É importante que se compreenda, entretanto, como são conformados os pavimentos
convencionais, as principais diferenças entre pavimentos convencionais e permeáveis, quais
as peculiaridades do concreto permeável enquanto material de revestimento, para que, por
fim, se estude a viabilidade da introdução de RCD-R neste contexto.
33
Tem-se, por definição, que pavimentos são estruturas construídas sobre terraplanagem e
destinadas técnica e economicamente a resistir a esforços verticais (oriundos do tráfego) e
distribuí-los; resistir a esforços horizontais (desgaste), tornando a superfície mais durável e
melhorar as condições de rolamento relativamente ao conforto e à segurança dos usuários
(SENÇO, 2007).
Antes de serem criados os mais diversos tipos de pavimentação existentes nos dias de hoje, as
chuvas eram depositadas diretamente sobre o solo natural, os quais são predominantemente
permeáveis: florestas, prados e campinas, e absorvem grande parte da chuva que cai sobre
eles. Contrariamente, quase tudo que foi e é construído pelo homem durante o processo de
urbanização, como estradas, edificações e parques de estacionamento, são superfícies
impermeáveis (GARBER, 2010), o que dificulta o reabastecimento do lençol freático e causa
uma série de danos, como altas taxas de escoamento superficial, inundações, ilhas de calor e
poluição.
No Brasil, o reaproveitamento da água da chuva advinda de coberturas para fins não potáveis
é adotado em algumas edificações isoladas, tendo sido publicada pela ABNT, no ano de 2007,
a NBR 15527, relativa a essa questão. Contudo, conforme dito anteriormente, a primeira
referência normativa brasileira para pavimentos permeáveis é bastante recente, e ainda não há,
a nível nacional, políticas públicas que, de fato, incentivem satisfatoriamente a sua aplicação.
Cada uma das camadas supracitadas possui características diferentes e assume funções
específicas concernentes ao funcionamento do pavimento. O Quadro 3 explicita os
pormenores relativos ao revestimento, à base, à sub-base, ao reforço do subleito e à camada
de regularização do subleito.
Tendo-se o subleito como esta fração específica do solo, há, entretanto, uma regra em que se
afirma: “subleito ruim e cargas pesadas levam a pavimentos espessos; subleito de boa
qualidade e cargas leves levam a pavimentos delgados” (SENÇO, 2007, p.14).
De acordo com Brasil (2006), um pavimento é considerado flexível se todas as camadas que o
compõem sofrem deformação elástica significativa após o carregamento aplicado. Já o
pavimento rígido é aquele cujo revestimento é tão rígido em relação às demais camadas, que
este absorve praticamente todas as tensões provenientes do carregamento aplicado.
Senço (2007) afirma que uma camada rígida é pouco deformável e normalmente constituída
de concreto. Este tipo de camada, segundo o autor, rompe-se, sobretudo, quando submetida à
tração na flexão. No caso da camada flexível, esta se deforma antes da ruptura, principalmente
quando comprimida ou sujeita a esforços de tração na flexão.
recorrentes, sobretudo, nos grandes centros urbanos. A Foto 3 ilustra a diferença, em termos
de escoamento superficial, entre um pavimento em asfalto convencional (A) e outro em
concreto permeável (B) , em um dia de chuva leve, no município de Mount Vernon, próximo
a Seattle-WA, nos Estados Unidos.
Foto 3 – Pavimentos em asfalto convencional (A) e em concreto permeável (B), lado a lado, em dia de
chuva, em Mount Vernon-WA.
(A)
(B)
Além de reduzir o escoamento superficial e os custos com drenagem, esse sistema ainda
possibilita a recarga do lençol freático. Outros benefícios também são citados em
bibliografias, tais como a minimização dos efeitos de ilhas de calor e riscos de aquaplanagem
devido ao acúmulo de água na superfície (HASELBACH ET AL., 2014; HÖLTZ, 2011;
MEHTA; MONTEIRO, 1994; NRMCA, 2011; TENNIS et al., 2004; ACI 522-R, 2010). A
Foto 4 ilustra a diferença entre as texturas dos concretos convencional (A) e permeável (B).
(A)
(B)
De acordo com Tennis et al. (2004), o concreto permeável pode ser utilizado principalmente
quando o objetivo é aproveitar a alta taxa de penetração da água, sendo, portanto, empregado
em rodovias de tráfego leve, áreas de estacionamento, quadras de tênis e estufas. Além disso,
a ACI 522 R (2010) afirma que pavimentos em concreto permeável possuem boas
propriedades acústicas, uma vez que alteram a geração de ruídos minimizando o
bombeamento de ar entre o pneu e a superfície das vias, além de absorver o som através da
fricção interna entre as moléculas do ar em movimento e as paredes dos poros.
Talvez sua baixa resistência à compressão contribua para que haja objeções quanto à
classificação dos sistemas de pavimentação que utilizam o concreto permeável como material
de revestimento. Vieira Filho (2015) afirma que estas estruturas, a rigor, são classificadas
como rígidas. Contudo, considerando-se a existência de sistemas mistos, o autor destaca que
para alguns pesquisadores, esses pavimentos também podem ser tidos como estruturas semi-
rígidas, sobretudo porque a camada de base, formada por material pétreo de granulometria
aberta, é considerada uma camada flexível. Ferguson (2005); Kunkler; Gwilym (2016);
Rangelov (2016) e Nantasai (2016), entretanto, afirmam categoricamente que pavimentos em
concreto permeável são estruturas classificadas como rígidas.
O tipo de uso a ser dado ao sistema de pavimentação irá exercer influência principalmente o
dimensionamento mecânico do revestimento de concreto, uma vez que esta é a camada que
assume maior parte da função estrutural dos pavimentos classificados como rígidos. A
39
pluviometria local afetará de modo mais expressivo a espessura da base, já que esta é a maior
responsável pelo armazenamento de água na estrutura. A caracterização do subleito também
se faz necessária, inclusive porque é a partir dela que será definido o sistema de infiltração a
ser adotado.
Esta determinação da ABNT NBR 16416 (2015) parece incitar uma transferência parcial de
cargas para a camada de base do sistema, já que o revestimento em concreto permeável possui
baixa resistência à compressão. A ACI 522 R (2010), por sua vez, não menciona um Índice de
40
De acordo com Paz (2004), o homem vem alterando cada vez mais as formas de uso e
ocupação do espaço urbano com o intuito de adequá-lo melhor às suas necessidades. Essas
mudanças, contudo, promovem o desmatamento, o barramento de rios e a impermeabilização
demasiada do solo, provocando impactos significativos no que é denominado ciclo
hidrológico.
A análise das alterações no ciclo hidrológico de uma determinada bacia hidrográfica pode ser
realizada mediante o estudo do escoamento superficial da região, através do traçado de um
hidrograma, que “consiste em um gráfico da evolução da vazão ao longo do tempo” (PAZ,
2004, p.47). Segundo Paz (2004), esse comportamento da vazão ao longo do tempo é reflexo
de todas as etapas do ciclo hidrológico ocorridas na área em estudo, que são bastante
influenciadas pelo processo de urbanização das cidades.
41
Goldenfum et al. (2010) defendem que o ciclo hidrológico deve ser utilizado como um
elemento-chave na definição da limpeza e da drenagem urbanas. E, para isso, os autores
reiteram que medidas de controle de drenagem devem ser abordadas sob o ponto de vista
ambiental, incorporando-se não somente aspectos da engenharia, mas também perspectivas
técnicas, sanitárias, ecológicas, jurídicas, econômicas e urbanísticas.
O Manual de Drenagem e Manejo das Águas Pluviais do Recife define que medidas de
controle das enchentes são necessárias e podem ser classificadas como estruturais ou não
estruturais. Medidas estruturais são referentes às obras de correção ou de prevenção dos
alagamentos, enquanto que as não estruturais visam controlar esses transtornos por meio de
normas, regulamentos e programas de ordenamento do uso e ocupação do solo, visando a
implantação de sistemas de alerta e de segurança e a sensibilização da população local quanto
à preservação das unidades do sistema de drenagem. Enquanto as medidas estruturais têm um
caráter corretivo, nem sempre eficaz, e são mais onerosas, as segundas compreendem ações
de natureza mais preventiva, de custos de implantação mais baixos e com alcances temporais
mais longos. Ambas as providências, no entanto, são complementares e essenciais a qualquer
sistema de drenagem, existente ou a implantar (RECIFE, 2016).
42
Vale salientar que medidas estruturais e não estruturais relativas aos sistemas de drenagem
urbana nem sempre tomam como base princípios ambientais. De acordo com Recife (2016), o
processo de produção dos serviços infraestruturais da capital pernambucana utilizou como
padrão o modelo higienista, que prioriza medidas estruturais e consome grandes
investimentos. Contudo, o novo Manual de Drenagem e Manejo das Águas Pluviais da
cidade, que se encontra em fase de revisão, estabelece como prioridade medidas não
estruturais, e confere às estruturais um caráter mais moderno e sustentável que o modelo
higienista, aplicado anteriormente.
O manual prevê, por exemplo, a adoção de providências que visam o aumento da capacidade
de retenção e de infiltração da água de chuva no lote, citando o emprego de pavimentos
permeáveis e de reservatórios de acumulação de água como ações que “têm por finalidade a
diminuição ou o retardamento dos deflúvios gerados em cada lote ou área pública, como
parques, praças, estacionamentos” (RECIFE, 2016, p.46).
Paz (2004) afirma que a caracterização hidrológica de uma dada região normalmente é feita
com base em dados relativos à precipitação máxima local. Essa precipitação máxima, segundo
o autor, caracteriza-se como uma situação de precipitação extrema, distribuída criticamente
em termos espaciais e temporais, em uma determinada bacia hidrográfica.
Contudo, Paz (2004) reitera que a precipitação máxima, isoladamente, não caracteriza
adequadamente o comportamento pluviométrico de uma determinada região, pois é preciso
associar-lhe grandezas relativas à intensidade, duração e frequência ou tempo de retorno. De
acordo com Silva; Araújo (2013), é possível associar essas grandezas e, a partir dessa relação,
estabelecerem-se curvas IDF (Intensidade, Duração e Frequência), que são específicas para
cada região, e são dinâmicas, sendo necessário atualizá-las periodicamente.
43
A equação que define o comportamento das curvas IDF apresenta como variáveis o período
de duração da chuva, medido em minutos, o tempo de retorno2 da mesma, medido em anos,
além de outros parâmetros adimensionais, específicos para cada região (SILVA; ARAÚJO,
2013). Segundo Recife (2016), a rigor, o estabelecimento do período de retorno deve ser feito
em função de um custo mínimo de uma determinada intervenção, que considere as estimativas
de gastos relativas à sua implantação e ao prejuízo causado pela probabilidade de ocorrência
de falhas na mesma.
Contudo, ainda de acordo com Recife (2016), em obras de drenagem de pequeno porte, esses
aspectos quase nunca são priorizados, sobretudo porque parte do que pode ser considerado
prejuízo é imponderável, como a dificuldade de locomoção de transeuntes em uma via
alagada, por exemplo. Desse modo, normalmente, o tempo de retorno é estimado com base
em experiências e em obras existentes. Recife (2016) afirma que é mais comum a adoção de
períodos de retorno que variem entre 5 e 50 anos, podendo-se considerar até 100 anos, em
pontos localizados em calhas de rios.
2
De acordo com Recife (2016), “O período de retorno, "T", é definido como o intervalo médio, em anos, entre a
ocorrência de uma chuva com uma determinada magnitude (intensidade e duração) e outra igual ou maior”.
44
O cálculo para a previsão de descargas pluviais em uma determinada bacia, para um dado
período de retorno, pode ser feito a partir de métodos que relacionam precipitações e
descargas em uma determinada região (RECIFE, 2016). Segundo Recife (2016), o
Hidrograma Sintético desenvolvido pelo Soil Conservation Service (SCS) tem sido o mais
adotado em bacias do porte das existentes na cidade do Recife. Este método correlaciona
precipitação total e precipitação efetiva3, considerando possíveis perdas de água por
evaporação ou por infiltração no solo (PAZ, 2004).
Paz (2004) destaca que o método SCS considera que apenas há precipitação efetiva caso a
precipitação total apresente um montante maior que 0,2S, sendo S uma representação da
retenção potencial do solo, como indicado na Equação 1. O cálculo do valor do S, contudo, é
função de outra grandeza (CN), conforme Equação 2. A determinação do CN é dada em
valores tabelados, que dependem “do solo, da umidade antecedente do solo... e do tipo de
atividade/ocupação que é desenvolvida na bacia” (PAZ, 2004, p. 56).
(Equação 1)
(Equação 2)
Vale lembrar que o subleito, que se posiciona logo abaixo da camada de base do pavimento,
também assume grande relevância no que se refere à eficiência hidráulica da estrutura. A
partir do coeficiente de permeabilidade do solo, define-se o tipo de sistema de infiltração a ser
adotado.
3
De acordo com Paz (2004), à parcela da precipitação que produz escoamento superficial dá-se o nome de
precipitação efetiva.
45
Nas obras de pavimentação em concreto permeável, não é diferente. De acordo com a ABNT
16416 (2015), faz-se necessário caracterizar o subleito sobre o qual uma obra de concreto
permeável será executada, através do estabelecimento de valores relativos à sua capacidade de
suporte, através da determinação do Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR); à sua
saturação, para os casos de sistemas de infiltração total ou parcial; e ao seu coeficiente de
permeabilidade.
Vale salientar que algumas normas do American Concrete Institute – ACI – e a National
Ready Mixed Concrete Association – NRMCA – solicitam ensaios de caracterização do
subleito diferentes dos requeridos pela norma nacional ABNT NBR 16416 (2015), conforme
descrito no Quadro 4.
A ACI 330 R (2008), diferentemente das demais normas contidas no Quadro 4, é uma
referência normativa não relacionada a pavimentos em concreto permeável, mas a pavimentos
para parques de estacionamento em concreto convencional. A intenção de se destacar os
ensaios requeridos por esta norma é a de comparar as solicitações exigidas para pavimentos
em concreto permeável e em concreto convencional.
Observa-se que a norma brasileira ABNT 16416 (2015) exige que sejam determinados apenas
o coeficiente de permeabilidade e o índice de suporte Califórnia (CBR) do subleito.
Entretanto, outros ensaios de laboratório são considerados essenciais, no campo da mecânica
dos solos. Além da classificação granulométrica, a verificação dos limites de liquidez e
plasticidade é bastante relevante, uma vez que “a influência das frações finas do solo não fica
definida apenas pela granulometria, e, assim, com apenas este ensaio, não se pode ter noção
exata do comportamento do conjunto de partículas” (SENÇO, 2007, p.92). Portanto, faz-se
necessária uma análise mais profunda do material.
De acordo com Senço (2007), os limites de liquidez e plasticidade dependem não somente da
forma das partículas e da composição química e mineralógica das mesmas, mas estão,
sobretudo, relacionados com o teor de umidade do solo. Caputo; Caputo (2015) afirmam que
se um solo apresenta alto teor de umidade, ele se comporta como um fluido e se diz no estado
líquido. À medida que a água evapora, o solo endurece até atingir o limite de liquidez, ou seja,
o solo encontra-se no estado plástico, podendo ser moldado, conservando-se a sua forma.
Diminuindo-se ainda mais o teor de umidade, atinge-se o limite de plasticidade e o solo passa
a se desmanchar ao ser trabalhado. Esse é o estado semissólido. Continuando a secagem, o
solo alcança o limite de contração, evoluindo aos poucos para o estado sólido.
Outro ensaio que também se relaciona com o teor de umidade das amostras é o ensaio de
compactação do solo. Caputo; Caputo (2015) afirmam que para cada solo, sob uma dada
energia de compactação, existem uma umidade ótima e um peso específico máximo.
É importante frisar, contudo, que o processo de compactação do solo reduz seu volume de
vazios, aumentando a sua resistência mecânica e estabilidade, mas também o torna menos
permeável e com menor capacidade de absorção de água, o que não é adequado às obras de
pavimentação em concreto permeável. A ACI 522 R (2010) recomenda, inclusive, que, na
execução deste tipo de pavimento, a compactação do subleito corresponda a 90% da
densidade seca máxima, obtida através do ensaio de proctor normal. Deste modo, o solo pode
resistir aos esforços mecânicos aos quais é submetido, mas também mantém um percentual de
vazios que permita a passagem da água por sua estrutura.
A ACI 522 R (2010) reitera, portanto, que o nível de compactação do solo pode variar de
acordo com as características do mesmo. A norma considera que um solo argiloso, por
exemplo, pode ter sua permeabilidade seriamente comprometida, caso seja compactado a 90%
47
de sua densidade seca máxima. Um solo arenoso, em contrapartida, pode chegar aos 100% de
compactação sem sofrer grandes alterações em termos hidráulicos.
De acordo com a ABNT 16416 (2015), apenas subleitos de alta permeabilidade (k > 10-3 m/s)
permitem o emprego de sistemas de infiltração total, assim como solos com baixa taxa de
permeabilidade (k < 10-5 m/s) admitem somente sistemas sem infiltração, conforme Tabela 2.
A ABNT 16416 (2015) também faz restrições quanto à profundidade do lençol freático e
quanto à presença de contaminantes no subleito. São vetados os sistemas de infiltração total
ou parcial onde haja contaminantes no solo ou onde o lençol freático esteja a menos de 1,0 m
da camada inferior da base do pavimento (Tabela 3).
Conforme dito anteriormente, a ABNT 16416 (2015) estabelece que só é possível se adotar o
sistema de infiltração total em subleitos com taxa de permeabilidade maior que 10-3m/s, isto é,
solos mais permeáveis que uma areia grossa, como descrito na Tabela 4 (PINTO, 2002).
48
É importante destacar que a ACI 522 R (2010) indica que, em sistemas de infiltração total, o
coeficiente mínimo (k) de permeabilidade do solo seja de apenas 3,6 x 10-6m/s, desde que este
solo se estenda até uma profundidade mínima de 1,20m da cota de superfície. Apesar desta
determinação, vale frisar que é necessário caracterizar não somente o solo até 1,20m de
profundidade, mas também o que está abaixo dele.
Conforme dito anteriormente, quanto à resistência mecânica do subleito, a ABNT NBR 16416
(2015) não atribui valores mínimos de ISC ou CBR para o solo abaixo de sistemas de
pavimentação em concreto permeável. Contudo, a ABNT NBR 15115 (2004) solicita que o
ISC do RCD-R assuma valor maior ou igual a 12% para ser empregado como material de
reforço ou substituição do subleito.
Segundo a ABNT 16416 (2015), as camadas de base e/ou sub-base, para manter a função de
reservatório temporário de água, devem ser constituídas de agregado graúdo de granulometria
aberta, devendo apresentar índice de vazios maior ou igual a 32%. Além disso, também é
necessário que esta camada resista aos esforços mecânicos aos quais é submetida e, por isso, a
mesma precisa apontar Índice de Suporte Califórnia mínimo de 80% e resistência à abrasão,
através do ensaio de abrasão Los Angeles, maior que 40%. A Tabela 5 resume as exigências
contidas na ABNT 16416 (2015).
A NRMCA (2011) destaca que a brita utilizada na constituição da base deve apresentar
granulometria uniforme, sobretudo para que se estabeleça uma estrutura com um grande
índice de vazios. A ABNT 16416 (2015), por sua vez, recomenda que a distribuição
granulométrica para o material da base e/ou sub-base siga os dados descritos na Tabela 6, ou
seja, o agregado a ser empregado na base deve ser formado por partículas de dimensões que
variem principalmente entre 2,36 mm e 12,5 mm, enquanto a brita da sub-base pode
apresentar tamanhos maiores, sobretudo, dentro do intervalo entre 19 mm e 50 mm.
A ABNT NBR 16416 (2015) prevê três concepções quanto à infiltração da precipitação:
sistema de infiltração total, no qual toda a água precipitada é direcionada ao subleito; sistema
de infiltração parcial, no qual parte da água se infiltra no subleito e a outra parte é drenada; e
o sistema sem infiltração, no qual toda a água precipitada é temporariamente armazenada na
estrutura permeável e depois removida por drenos.
50
Com relação aos eventos chuvosos, deve-se considerar não somente a quantidade de chuva
incidente em um determinado período e sua distribuição ao longo deste período, mas também
deve levar em conta um tempo de retorno apropriado, pois isto indica a frequência esperada
de uma dada precipitação. De acordo com a ABNT NBR 16416 (2015), esta frequência pode
ser determinada pelas curvas de intensidade/duração/frequência (IDF) da região, com tempo
de retorno mínimo de dez anos e duração mínima de uma hora.
Vale destacar que um fator crítico nos cálculos do sistema é o nivelamento da estrutura do
pavimento e das áreas de contribuição, além da possibilidade de carreamento do material da
base pela água da chuva, tema abordado por Almeida (2016). A autora destaca a necessidade
de se avaliar, em cada caso específico, a proporção entre áreas permeáveis e áreas de
contribuição, bem como apresenta algumas soluções que evitam o carreamento da brita, como
a criação de barragens na camada de base, que permitem que a água percole normalmente,
mas com menor velocidade.
Foto 5 – Execução de pavimentos em concreto permeável, na USP, com dois diferentes sistemas de
infiltração.
Curvo (2016) afirma que anteriormente a esta calçada de 90m de comprimento, foi
construído, também no Campus da Universidade de São Paulo, outro trecho em concreto
permeável que, por razões experimentais, foi executado sem manta de geotêxtil ou lona
impermeável, conforme ilustrado na Foto 6. Ainda segundo Curvo (2016), executou-se um
52
Para a manutenção adequada de sistemas com ou sem infiltração, devem-se evitar também os
finos que vêm de fora da estrutura do pavimento, penetrando através do revestimento em
concreto. Segundo a NRMCA (2011), a conduta mais adotada é a aplicação constante de jatos
de água em conjunto com aspiração do pó, a partir do uso de maquinário específico.
Almeida (2016), por exemplo, aplicou à Equação 3 dados relativos à Escola Politécnica de
Pernambuco, com base no perfil geotécnico do solo, na intensidade pluviométrica local e nas
condições de carregamento às quais o piso é hoje submetido. Considerando-se que o material
pétreo da base apresentaria 40% de vazios, a autora chegou à conclusão de que esta camada
do pavimento deveria apresentar 40cm de profundidade.
á (Equação 3)
53
A resistência mecânica do material, por sua vez, é, na maior parte dos casos, calculada
conforme requisitos específicos do concreto convencional e seu dimensionamento é
estabelecido a partir de espessuras pré-determinadas, a depender do uso a que o pavimento
será submetido. Há, contudo, algumas especificidades do concreto permeável, que o
diferenciam do convencional e estas precisam ser consideradas.
De acordo com Crouch et al. (2007), uma das questões que interfere na resistência mecânica
do concreto permeável é o tamanho da brita empregada em sua composição. Segundo estudo
desenvolvido pelos autores, quanto menor a dimensão do agregado, maior a resistência à
compressão do material.
Outra abordagem, levantada por Garber (2010), considera que a resistência do concreto
permeável varia principalmente com seu grau de compactação durante a obra. O autor afirma
que enquanto a resistência mecânica do concreto convencional depende, sobretudo, da
proporção de cimento utilizada e da relação água/cimento da mistura, essas proporções
também são relevantes no concreto permeável, mas essencialmente porque exercem influência
no processo de compactação.
Haselbach; Freeman (2007), por sua vez, reiteram que menos poros no topo do pavimento
podem trazer benefícios ambientais, uma vez que a obstrução dos poros próximos à superfície
é de fácil de remediação, mas os autores lembram que a maior porosidade na parte de baixo
do revestimento pode ser prejudicada mecanicamente e, por isso, estudos devem ser
desenvolvidos com o intuito de avaliar seu desempenho ao longo do tempo.
Figura 9 – Confecção dos corpos de prova: desenho feito à mão por Haselbach (2016).
A norma americana recém-publicada ISO 17785-1 (2016), por sua vez, permite, para a
realização dos ensaios de permeabilidade em laboratório, que corpos de prova medindo (10 x
20)mm sejam moldados tanto em apenas uma camada quanto em três porções de igual
volume.
Uma alternativa à falta de normas relativas aos ensaios de resistência mecânica do concreto
permeável é levar em consideração a densidade e o índice de vazios do material. Isto se
explica pelo fato de haver uma relação entre essas propriedades e a sua resistência mecânica.
Segundo Garber (2010), quanto maior o índice de vazios do concreto permeável, maiores são
55
Apesar dos critérios sobre a espessura do pavimento, expostos pela NRMCA (2011) e pela
ABNT (2015), um parque de estacionamento localizado em Marysville (WA – EUA) foi
construído com apenas 10cm de espessura de concreto, diretamente sobre o solo, sem base ou
sub-base, como ilustra a Foto 7. Embora apresente diversas fissuras e musgos ao longo de sua
estrutura, o piso funciona bem em termos de drenagem, segundo o proprietário, que também
assume manter a integridade do piso a partir da aspiração dos detritos superficiais, ao menos
uma vez por semana.
De acordo com a ABNT NBR 16416 (2015), a resistência mecânica e a espessura mínima do
concreto permeável devem atender aos parâmetros indicados na Tabela 7.
Quanto à resistência mecânica, a ABNT NBR 16416 (2015) exige ensaios de resistência à
compressão apenas para peças em concreto. O concreto moldado no local deve ser submetido
somente a ensaios de tração na flexão, a ocorrer antes da execução do pavimento, moldando-
se corpos de prova prismáticos de (10x10x40)cm, e dever ser ensaiados conforme a ABNT
NBR 12142 (2010).
A ABNT NBR 16416 (2015) não considera a resistência à compressão do concreto moldado
no local, mas sim sua resistência aos esforços de tração na flexão, sugerindo que este tipo de
revestimento seja classificado como uma camada rígida, já que, de acordo com Senço (2007),
camadas rígidas não se deformam quando comprimidas, mas rompem-se quando tracionadas
na flexão. Além do ensaio de resistência à tração na flexão, a ABNT NBR 16416 (2015) exige
que o concreto moldado no local submeta-se a ensaios de massa específica, conforme ABNT
NBR 9833 (2009) e ABNT NBR 9778 (1987), com o concreto nos estados fresco e
endurecido, respectivamente.
Nos Estados Unidos, outras normas são referenciadas para os ensaios de permeabilidade do
concreto permeável. Quanto aos ensaios em campo, por exemplo, a ACI 522 R (2010) sugere
a adoção da ASTM D3385, que usa o single infiltrometer como equipamento de medição. A
NRMCA (2011) indica a ASTM C1701/M (2009), cujo texto serviu de base para o ANEXO
A da norma brasileira ABNT NBR 16416 (2015).
Para a análise do concreto em laboratório, a ABNT NBR 16416 (2015) propõe o uso da
ABNT NBR 13292 (1995), que, na verdade, é indicada para solos granulares à carga
constante, ou o ANEXO A da NBR 16416 (2015), que não indica como os corpos de prova
devem ser moldados nem de que modo, exatamente, o ensaio deve ser realizado.
59
Para simular o que ocorre no pavimento, este ensaio demanda a moldagem de corpos de prova
cilíndricos que, após a cura, são envolvidos por um material plástico sensível ao calor, que
adere à superfície lateral das amostras, quando submetido à incidência de ar quente sob
pressão.
De acordo com a ISO 17785-1 (2016), esta película plástica não deve vedar as sessões
transversais dos cilindros de concreto e precisam sobressair à altura dos corpos de prova em
pelo menos 50 mm, uma vez que a vazão empregada neste ensaio é monitorada pela coluna
d’água sobre o corpo de prova e esta deve se manter entre as alturas de 15 mm e 25 mm.
A ABNT NBR 16416 (2015) não cita o uso de Resíduos de Construção e Demolição
Reciclados (RCD-R) no subleito ou nas camadas de base e revestimento do pavimento em
concreto permeável. Contudo, alguns pesquisadores vêm analisando a viabilidade técnica do
emprego destes materiais, sendo mais frequentes os estudos relacionados à camada de
revestimento em concreto (ALVES, 2016; TAVARES; KAZMIERCZAK, 2016).
Concluiu-se, a partir dos ensaios desenvolvidos, que a condutividade hidráulica dos RCD-R
da base cresce com a diminuição da densidade dos seus agregados, com a diminuição do
tamanho dos poluentes e conforme se se aumenta o tamanho das partículas da camada de
filtro. Os pesquisadores comprovaram também que a permeabilidade da camada decresceu
levemente após a execução do décimo ciclo de experimentos.
Rahman et al. (2015) afirmam que para superar o potencial efeito de colmatação da base, faz-
se necessário utilizar agregados maiores e manta geossintética de abertura adequada à
filtragem do sistema. Os autores também recomendam que sejam desenvolvidas pesquisas que
avaliem a condição de colmatação da estrutura a longo prazo.
No Brasil, conforme dito anteriormente, Proença (2012) e Leite et al. (2011) buscaram avaliar
física e mecanicamente resíduos de construção e demolição para fins de utilização em
pavimentos convencionais e concluíram que os materiais analisados demostram-se adequados
à aplicação em camadas estruturais de tráfego leve. Proença (2012) constatou valores de ISC
entre 47,0% e 95,2% na energia de compactação intermediária e valores acima de 60% na
energia modificada. Leite et al. (2011) obteve valores médios de ISC de 73% e de 117% nas
energias de compactação intermediária e modificada, respectivamente.
Os resultados positivos apresentados por Rahman et al. (2015), Proença (2012) e Leite et al.
(2011), além da recente utilização de RCD-R na base de uma calçada em concreto permeável
na USP, incentivam a elaboração de novos estudos e a execução de obras de pavimentação
permeável com resíduos de construção e demolição.
Sabe-se que a qualidade e as propriedades dos RCD-R são bastante diversificadas, variando
de acordo com sua origem, composição, processo de beneficiamento, dentre outras
influências. Também por esta razão, quanto mais pesquisas forem desenvolvidas com o
intuito de avaliar a adequabilidade de resíduos à composição de pisos drenantes, maiores
serão as possibilidades de aplicação prática de sistemas de pavimentação deste gênero, o que
favorece a inclusão do setor da construção civil a estratégias de desenvolvimento sustentável.
A presente pesquisa busca contribuir com a sustentabilidade, sobretudo nos grandes centros
urbanos, a partir do estudo da viabilidade técnica do emprego de RCD-R no subleito e na
camada de base de pavimentos em concreto permeável. Para isso, são utilizados materiais e
métodos específicos, os quais serão tratados no capítulo 3 desta pesquisa.
63
Esta pesquisa tomou como estudo de caso o parque de estacionamento da Escola Politécnica
da Universidade de Pernambuco (POLI-UPE). Os materiais submetidos à análise laboratorial
e de campo correspondem ao solo existente no terreno da escola e a Resíduos de Construção e
Demolição Reciclados (RCD-R) destinados à substituição do solo do subleito e à composição
da base do pavimento. O concreto permeável e a brita natural que o compõe também
passaram por ensaios investigativos.
A quarta e última etapa trata da construção do sistema de pavimentação das duas vagas de
estacionamento, sendo uma delas executada diretamente sobre o solo da escola e outra sobre o
RCD-R substituto do subleito existente. A execução do pavimento fundamenta-se em
recomendações indicadas por Almeida (2016) e Batezini (2016), e respalda-se nos resultados
da caracterização dos materiais componentes do sistema e no dimensionamento da estrutura,
calculado na segunda etapa da pesquisa.
Durante a execução do pavimento, foram moldados corpos de prova com o concreto da obra
e, posteriormente, o material foi analisado nos estados fresco e endurecido. Imediatamente
após a cura do concreto, foi verificada a eficácia hidráulica do pavimento. A Figura 11
apresenta um fluxograma que sintetiza todo o procedimento metodológico supracitado.
64
3.1 Materiais
A partir de análise visual, o resíduo empregado na primeira etapa foi caracterizado como
cinza, sendo considerado um Agregado de Resíduo de Concreto (ARC), cujo teor de materiais
à base de cimento Portland e rochas é maior que 90% (ABNT NBR 15116, 2004). Também
por meio de análise visual, a amostragem do material empregado em obra, ou seja, o RCD-R
analisado na terceira etapa, foi considerado misto, com percentual de materiais à base de
cimento Portland e de rochas menor que 90% (ABNT NBR 15116, 2004). A Foto 12 ilustra
os resíduos empregados na primeira (A) e na terceira (B) etapas do procedimento
metodológico.
Foto 12 – Resíduos de Construção e Demolição utilizados na primeira (A) e terceira (B) etapas.
(A) (B)
Fonte: A autora (2016).
67
Foto 13 – RCD-R analisados na primeira (A) e na terceira (B) etapas do procedimento metodológico.
(A) (B)
Por razões logísticas, foram empregados brita 12, proveniente de Jaboatão dos Guararapes,
em Pernambuco, e cimento Portland CP V, oriundo do município de Baraúna, no Rio Grande
do Norte. Além de água potável, também se acrescentaram à mistura um aditivo modificador
de viscosidade, que é um superplastificante de elevada eficiência à base de policarboxilatos, e
mais um aditivo retardador de pega, com o intuito de atrasar o tempo de pega do concreto.
68
Considerando-se que as duas vagas de estacionamento medem (2,5 x 5,0)m cada uma e que a
espessura do revestimento adotada para ambas é de 15cm, o volume de concreto que a
execução do pavimento demanda corresponde a 3,75m³.
De acordo com Batezini (2016), o consumo de agregado graúdo deve ser igual a 1.660 kg/m³
e o de cimento, 374kg/m³, com relação água/cimento de 0,3. Na composição “Rj”, o teor do
superplastificante, em relação à massa de cimento, é de 0,35, ou seja, deve-se considerar um
consumo de 1.235ml/m³ de concreto. O teor do aditivo retardador de pega, em relação à
massa de cimento, é de 0,40, o que corresponde a 1.415ml/m³ de concreto. A Tabela 8
sintetiza as proporções adotadas.
O sistema adotado para o pavimento foi de infiltração total e, por isso, foi necessário o
emprego de uma manta geossintética do tipo não-tecido R-16 entre a parte inferior da base do
pavimento e o subleito, de modo a evitar a colmatação da estrutura, a partir da penetração de
finos provenientes do solo do subleito na camada de base.
Foto 14 – Coleta do solo do terreno da POLI-UPE para determinação da massa específica, in situ, com
emprego de frasco de areia (A) à profundidade de 0,90m (B) e de 1,50m (C).
(A) (B) (C)
Conforme representado na Foto 14 (A), de cada nível do solo, foram extraídos três furos e, de
cada um deles, foram retiradas três pequenas amostras para verificação da umidade, conforme
ABNT NBR 7185 (2016). A partir destes valores relativos à umidade do solo do subleito a
0,90m (Foto 15 A) e a 1,50m de profundidade (Foto 15 B), foram desenvolvidos cálculos
requeridos pela ABNT NBR 7185 (2016) e então foi possível determinar a média da
densidade do material in situ, 1,20m abaixo da superfície.
Foto 15 – Amostras secas provenientes das perfurações no solo da POLI-UPE a 0,90m (A) e a 1,50m
(B) abaixo da superfície.
(A) (B)
Após ter sido quarteado, este material foi dividido em três porções distintas, e todas foram
submetidas a ensaios de granulometria por meio de peneiramento e de sedimentação, segundo
ABNT NBR 7181 (1984); compactação, conforme ABNT NBR 7182 (1986); Índice de
Suporte Califórnia (ISC ou CBR), de acordo com ABNT NBR 9895 (1987); Limite de
Liquidez (ABNT NBR 6459, 1984) e Limite de Plasticidade (ABNT NBR 7180, 1984). A
Figura 13 sintetiza todos os ensaios realizados com o solo do subleito em estudo, tanto em
campo quanto em laboratório.
71
O ensaio de compactação foi desenvolvido com reuso de material, em cilindros grandes (15 x
30) cm, com discos espaçadores medindo 63,5 mm, e utilizando-se energia de compactação
normal. Após a execução do ensaio, a densidade seca máxima foi comparada à densidade do
solo in situ. A Foto 16 mostra a máquina utilizada no desenvolvimento deste ensaio
específico.
Fonte: A autora.
Para o Índice de Suporte Califórnia, foi tomada a umidade ótima obtida a partir do ensaio de
compactação e, com esta umidade, as três amostras de solo foram ensaiadas.
72
Conforme recomendações designadas por autores e normas (ABNT NBR 16416, 2015;
ABNT NBR 15115, 2004; ABNT NBR 15116, 2004; SENÇO, 2007; CAPUTO; CAPUTO,
2015), o resíduo servível à substituição do subleito do sistema foi submetido aos mesmos
ensaios destinados à caracterização do solo da universidade, tendo sido acrescentado ainda o
ensaio de permeabilidade à carga constante, segundo determinações da ABNT NBR 13292
(1985). A Figura 14 resume os ensaios realizados.
Figura 14 – Resumo dos ensaios laboratoriais desenvolvidos no RCD-R areia grossa servível ao
reforço ou à substituição de subleitos de pavimentos em concreto permeável.
Com base nos procedimentos metodológicos adotados nesta pesquisa, foram coletados, na
primeira etapa, cerca de 80kg do resíduo, diretamente da usina de beneficiamento situada no
município de Camaragibe-PE, e o material foi devidamente caracterizado e analisado nas
instalações de uma empresa de manutenção e limpeza urbana.
73
O ensaio de compactação foi desenvolvido na mesma máquina utilizada no ensaio com o solo
existente na POLI-UPE, com reuso de material, em cilindros grandes (15x30) cm, com discos
espaçadores de 63,5 mm, e energia de compactação normal. Foi tomada a umidade ótima
obtida no ensaio de compactação para a determinação do Índice de Suporte Califórnia. A
densidade seca máxima obtida por meio da compactação foi adotada no ensaio de
permeabilidade à carga constante.
Os ensaios laboratoriais com as amostras de RCD-R comercializado como brita 19mm foram
realizados em uma empresa de manutenção e limpeza urbana, na própria POLI-UPE e em
uma universidade particular da cidade do Recife. Os ensaios seguiram as recomendações
contidas na ABNT NBR 16416 (2015), na ABNT NBR 15115 (2004) e na ABNT NBR 15116
(2004). Estas normas demandaram a execução de ensaios, como de granulometria, abrasão
Los Angeles, índice de vazios, compactação e Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR).
Além das recomendações normativas, com o intuito de caracterizar melhor o material, ainda
foram desenvolvidos uma análise gravimétrica e ensaios de absorção no agregado reciclado.
Também foi determinado o percentual de finos que passam através da peneira 75μm, por
74
Figura 15 – Resumo dos ensaios laboratoriais desenvolvidos no RCD-R servível como material da
base de pavimentos em concreto permeável.
amostra adicional de brita natural 19mm também foi testada, de modo que foi possível
comparar os resultados dos ensaios com agregados naturais e reciclados.
O ensaio de compactação da amostra natural e das recicladas foi realizado sem reuso de
material, em cilindros grandes (15x30) cm, com discos espaçadores de 63,5 mm, e energia de
compactação intermediária, segundo exigências contidas na ABNT NBR 15116 (2004). A
umidade ótima obtida no ensaio de compactação serviu de parâmetro para a determinação do
Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR).
Embora Leite et al. (2011) afirmem que o ISC de agregados reciclados aumente
significativamente a partir do emprego de energia modificada ao invés de intermediária,
optou-se, nesta pesquisa, pela adoção da energia intermediária. Esta decisão respalda-se no
fato de que em pavimentos permeáveis, além de resistência mecânica, a camada de base deve
apresentar alto índice de vazios e elevada capacidade de retenção de água. Neste sentido, um
processo de compactação comedido poderá contribuir significativamente com a eficácia
hidráulica do sistema.
3.2.2.1 Subleito
Conforme dito anteriormente, a ACI 522 R (2010) considera mais relevante, para a eficácia
hidráulica de pavimentos em concreto permeável, o subleito até à profundidade de 1,20m.
Deste modo, para o desenvolvimento desta pesquisa, a espessura do RCD-R areia grossa que
substituiu o subleito existente de uma das vagas de estacionamento corresponde a 1,20m,
devendo ainda ser descontadas as profundidades das camadas de base e de revestimento.
á (Equação 3)
Sendo:
Fonte: A autora.
78
Também foi destacada pelo autor a importância de se verificar a densidade do concreto nos
estados fresco e endurecido, com o intuito de se compararem os resultados dos ensaios com os
mesmos ensaios executados por ele. Sugere-se, além disso, que antes da execução da obra,
sejam verificados o índice de vazios e o coeficiente de permeabilidade do concreto em
laboratório, conforme determinações da ASTM C 1754 (2012) e da ISO 17785-1 (2016),
respectivamente.
79
Do mesmo modo, é indicado que se ensaio a resistência mecânica do material, a partir dos
ensaios de resistência à compressão simples (ABNT NBR 5739, 2007) e à tração por
compressão diametral (ABNT NBR 7222, 1994).
Foto 17 – Brita 12 (A), água potável e cimento CPV (B) e aditivos (C) componentes do concreto.
(A) (B) (C)
Fonte: A autora.
Como o traço do determinado por Batezini (2016) contém os aditivos acima descritos, com o
intuito de simular melhor o que ocorreria em campo, o concreto permaneceu na betoneira por
cerca de 20 minutos, até que fosse atingida a consistência ideal do material. A Foto 18 mostra
a aparência fluida do concreto aos 5 minutos de betonada (A), o concreto permeável dentro da
betoneira (B) e a aparência final do mesmo, quando foi utilizado para a moldagem dos corpos
de prova (C).
Foto 18 - Aparência fluida do concreto aos 5 minutos de betonada (A), concreto permeável na
betoneira (B) e aparência final do concreto (C).
(A) (B) (C)
Fonte: A autora.
Os 8 corpos de prova foram moldados em 3 camadas de igual volume cada um, segundo
recomendações da ISO 17785-1 (2016). A Foto 19 ilustra o processo de compactação do
concreto, a partir da utilização de um soquete de proctor, pesando 4,5kg. Imediatamente após
81
Foto 19 – Moldagem dos corpos de prova de concreto permeável, para ensaios precedentes à obra.
Fonte: A autora.
Após devidamente moldados, dois dos oito corpos de prova confeccionados foram pesados,
para a determinação da massa específica do concreto fresco. Depois de curadas, outras duas
amostras foram armazenadas em estufa à temperatura de 105°C, por três dias consecutivos, de
modo a serem verificados, posteriormente à secagem, a densidade do concreto endurecido e o
índice de vazios do material, segundo requisitos e parâmetros determinados pela ASTM C
1754 (2012).
As seis amostras que ficaram fora da estufa foram devidamente preparadas para o ensaio de
permeabilidade, de acordo com recomendações da ISO 17785-1 (2016). Esta preparação se
deu a partir da aplicação de três camadas de um filme plástico transparente e sensível ao calor,
sobre a superfície cilíndrica dos corpos de prova de concreto. É importante destacar que o
dimensionamento deste plástico excedeu em 5cm a altura das amostras, com o intuito de
permitir o controle da vazão durante o ensaio de permeabilidade, a partir da incidência de uma
coluna d’água no topo dos corpos de prova, com altura variável entre 15mm e 25mm.
A seguir, foi incidido ar quente sob pressão sobre o material em volta do concreto, que aderiu
completamente à estrutura do material, conforme ilustrado na Foto 20 (A). Posteriormente, as
seis amostras foram submetidas à pré-molhagem e a duas molhagens consecutivas, tendo sido
empregados em todos estes procedimentos o volume de um litro de água potável. Tanto na
pré-molhagem quanto nas duas molhagens, foram medidos o tempo de percolação e a
82
Fonte: A autora.
Outro parâmetro empregado na execução das duas vagas de estacionamento foi o passo-a-
passo (ANEXO 1) proposto por Almeida (2016). Ambas as vagas de estacionamento foram
construídas em sistema de infiltração total, tendo sido o pavimento de uma delas construído
diretamente sobre o solo existente no terreno. Na outra vaga, parte do subleito foi substituída
por RCD-R comercializado como areia grossa.
83
Fonte: A autora.
Após a escavação, deu-se início à substituição de parte do solo natural de uma das vagas de
estacionamento por RCD-R areia grossa. Este procedimento foi realizado em 5 camadas de
10cm cada, e mais uma camada adicional com 15cm de espessura. Após umidificado, o
resíduo foi compactado com o auxílio de uma placa vibratória unidirecional, tendo sido
transcorridos 8 ciclos de compactação por camada. A Foto 22 mostra a compactação do RCD-
R areia grossa e a placa vibratória empregada neste procedimento.
Fonte: A autora.
84
A densidade do RCD-R in situ foi averiguada em três momentos: nos primeiros 20cm
compactados (Foto 23 A), na segunda camada de 20cm (Foto 23 B) e nos 25cm
remanescentes de resíduo (Foto 23 C). A Foto 23 (A, B e C) mostra como foi desenvolvido o
controle dessa densidade, a partir da realização do ensaio com frasco de areia.
Foto 23 – Controle da densidade do resíduo in situ, a partir do ensaio com frasco de areia.
Após a substituição de parte do subleito de uma das vagas de estacionamento por RCD-R
areia grossa, toda a área de intervenção foi devidamente forrada com manta geossintética não-
tecido, com o intuito de se separar o material fino do subleito da camada de base, composta
por agregado graúdo reciclado, comercializado como brita 19mm (Foto 24).
Foto 24 – Forração do subleito com manta geossintética não-tecido e início da execução da base.
Fonte: A autora.
85
Depois da colocação de todo o material componente da camada de base (Foto 25), foram
posicionadas fôrmas de madeira em todos os limites da área de intervenção, a fim de garantir
o acabamento adequado do revestimento em concreto permeável.
Foto 25 – Base do pavimento pronta para receber a camada de revestimento em concreto permeável.
Fonte: A autora.
Pelo fato de a concretagem ter ocorrido em um dia de sábado, sem a influência do tráfego
intenso de veículos, o trajeto entre a empresa, em Olinda, até à Escola Politécnica de
Pernambuco (POLI-UPE), em Recife, demorou apenas 15 minutos. Deste modo, quando o
aditivo superplastificante foi adicionado, a pasta de cimento se apresentou bastante fluida,
sendo necessário esperar cerca de uma hora até que o concreto permeável atingisse a sua
consistência ideal, assumindo seu brilho metálico característico.
Em razão desta demasiada fluidez, dos 100 litros de água a ser adicionados na obra,
utilizaram-se somente 50 litros, sobretudo devido à demora em se conseguir a consistência
86
ideal e ao risco de se atingir a pega antes da execução do pavimento. Desse modo, foram
empregados no concreto em torno de 90% do volume de água total previsto, ou seja, 455 l. A
Foto 26 mostra a aparência do concreto utilizado na execução da obra, após o período de
espera de aproximadamente uma hora.
Fonte: A autora.
executar este procedimento foi aumentar a resistência mecânica do material nos pontos mais
suscetíveis à quebra e evitar seu desgaste por meio da desagregação do revestimento.
(A) (B)
Fonte: A autora.
Imediatamente após a finalização do piso, toda a área de intervenção foi coberta por uma lona
plástica preta (Foto 29 A), que permaneceu sobre o revestimento até o final do processo de
cura do concreto permeável, que tem duração de sete dias. Vale destacar que durante a
execução do pavimento, foram moldados 8 corpos de prova (Foto 29 B), compactados em
apenas uma camada, com o auxílio de outro corpo de prova já curado (Foto 29 C).
Foto 29 – Cobertura do concreto com lona plástica (A) e moldagem de corpos de prova em 3 camadas
(B) e em 1 camada (C).
Fonte: A autora.
Passados os sete dias necessários à cura do concreto permeável foi executado o ensaio de
permeabilidade do sistema de pavimentação in loco, a partir de recomendações da ABNT
NBR 16416 (2015). O ensaio foi realizado em quatro pontos distintos do pavimento, sendo
dois deles em uma das vagas e outros dois na segunda vaga de estacionamento (Foto 30 – A).
Para cada ponto, executou-se o ensaio apenas uma vez, tendo sido utilizados 2 litros de água
na etapa de pré-molhagem e 18 litros na molhagem.
Foto 30 – Obra de pavimentação concluída (A), materiais empregados no ensaio (B) e a montagem
dos equipamentos em um dos pontos onde o ensaio de permeabilidade foi realizado (C).
4
3 1
A massa específica do solo mostrou-se maior à profundidade de 0,90m que à cota de 1,50m.
A justificativa para este resultado pode se respaldar tanto no processo de compactação do
aterro que, de acordo com Gusmão (2015), corresponde ao material até à profundidade de
1,0m, quanto na própria utilização do pavimento enquanto parque de estacionamento, que
acaba por compactar o solo próximo à superfície, devido à pressão exercida pelo peso próprio
e pela movimentação dos automóveis.
A Tabela 10 apresenta os resultados obtidos a partir do ensaio com frasco de areia. São
descritas a massa específica e a umidade do solo in situ, nas profundidades de 0,90m, de
1,50m e a média aritmética entre elas.
O diâmetro efetivo4 médio do solo não pôde ser devidamente mensurado através do ensaio de
granulometria por peneiramento e sedimentação, tendo em vista que mais de 30% do material
é passante na peneira de menor abertura, ou seja, de 0,001mm. Desse modo, os coeficientes
de curvatura5 e de uniformidade6, cujas determinações dependem do diâmetro efetivo, foram
considerados indefinidos.
80%
70%
60%
50%
AMOSTRA 1
40%
AMOSTRA 2
30% AMOSTRA 3
20%
10%
0%
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
DIÂMETRO DOS GRÃOS (mm)
A presença de finos no solo analisado é considerável, uma vez que a média entre as três
amostras coletadas denota 49,71% de material é argiloso. Além disso, 56,17% é passante na
peneira de número 200 (abertura de 0,075mm). A Figura 21 e a Tabela 11 ilustram os
resultados de caracterização granulométrica supracitados.
4
O diâmetro correspondente a 10% em peso total de todas partículas menores que ele é indicado por D10 ou Def
– diâmetro efetivo (CAPUTO; CAPUTO, 2015).
5
Segundo Knappett; Craig (2015), o coeficiente de curvatura (Cz) é determinado pela equação: .
6
Segundo Caputo; Caputo (2015), o coeficiente de uniformidade (Cu) é estabelecido pela equação: .
92
43
38
33
28
23
01 10 100
GOLPES
43
38
33
28
23
01 10 100
GOLPES
93
UMIDADE (%)
43
38
33
28
23
01 10 100
GOLPES
1,75
Densidade seca máxima (g/cm³)
1,65
1,6
AMOSTRA 1
1,55 AMOSTRA 2
AMOSTRA 3
1,5 IN SITU
DENS. SECA MÉDIA: 1,49g/cm³
UMID.ÓTIMA MÉDIA: 9,30%
1,45
9% 11% 13% 15% 17% 19% 21% 23%
Teor de umidade (%)
25,0
ISC MÉDIO: 11%
EXPANSÃO MÉDIA: 1,1%
20,0
PRESSÃO Kg/cm²
15,0
AMOSTRA 1
10,0
AMOSTRA 2
AMOSTRA 3
5,0
0,0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55
PENETRAÇÃO (POLEGADAS)
95
É importante frisar que o Índice de Suporte Califórnia (ISC) deste solo permite caracterizar o
comportamento do mesmo como regular quanto à resiliência como subleito e reforço de
subleito (BRASIL, 2006).
Relativamente ao grau de permeabilidade do material, Pinto (2002) define que solos argilosos
possuem coeficiente de permeabilidade na ordem de 10-9 m/s. A norma brasileira que trata de
pavimentos em concreto permeável, a ABNT NBR 16416 (2015), estabelece que solos com
este coeficiente apresentam grau de permeabilidade muito baixo ou são considerados
praticamente impermeáveis.
A Tabela 12 elenca, de maneira sucinta, todos os resultados dos ensaios desenvolvidos com o
solo existente no terreno da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (POLI-UPE).
Tabela 12 – Resumo dos resultados dos ensaios de caracterização do solo existente na POLI-UPE.
AMOSTRAS 1 2 3 MÉDIA ARITMÉTICA
ENSAIO DE GRANULOMETRIA
COEFICIENTE DE CURVATURA --- --- --- ---
TAMANHO EFETIVO DAS PARTÍCULAS (mm) --- --- --- ---
COEFICIENTE DE UNIFORMIDADE --- --- --- ---
MATERIAL PASSANTE NA PENEIRA 200 / 0,075mm (%) 56 56,3 56,3 56,2
ENSAIO DE COMPACTAÇÃO
UMIDADE ÓTIMA (%) 17,9 17,6 18,2 17,9
DESVIO PADRÃO DA UMIDADE ÓTIMA 0,32
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA UMIDADE ÓTIMA (%) 1,76
DENSIDADE SECA MÁXIMA (g/cm³) 1,74 1,75 1,73 1,74
DESVIO PADRÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA 0,01
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA (%) 0,61
ÍNDICE DE SUPORTE CALIFORNIA – ISC (CBR)
EXPANSÃO (%) 1,1 0,9 1,2 1,07
DESVIO PADRÃO DA EXPANSÃO 0,15
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA EXPANSÃO (%) 14,32
ISC / CBR (%) 11 12 11 11,33
DESVIO PADRÃO DO ISC 0,58
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO ISC (%) 5,09
ENSAIO DE LIMITE DE LIQUIDEZ – LL
LIMITE DE LIQUIDEZ (%) 38,4 36,4 39,1 37,97
DESVIO PADRÃO DO LL 1,40
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO LL (%) 3,69
ENSAIO DE LIMITE DE PLASTICIDADE – LP
LIMITE DE PLASTICIDADE (%) 25,2 24,1 25 24,77
DESVIO PADRÃO DO LP 0,59
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO LP (%) 2,37
ÍNDICE DE PLASTICIDADE
ÍNDICE DE PLASTICIDADE (%) 13,2 12,3 14,1 13,20
DESVIO PADRÃO DO IP 0,90
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO IP (%) 6,82
A partir das análises laboratoriais e de campo, conclui-se que, enquanto subleito, o material
em questão não apresenta características mecânicas e hidráulicas ideais para sistemas de
infiltração total, em pavimentação em concreto permeável.
96
Tabela 13 – Distribuição granulométrica do RCD-R areia grossa, para 3 amostras distintas do resíduo.
AMOSTRA 1 AMOSTRA 2 AMOSTRA 3
Argila 15,63% 13,06% 15,91%
Silte 4,64% 7,23% 4,46%
Areia Fina 16,29% 15,24% 18,57%
Areia Média 24,45% 25,13% 23,68%
Areia Grossa 15,79% 17,73% 16,21%
Pedregulho Fino 22,23% 20,49% 20,17%
Pedregulho Médio 0,97% 1,11% 1,01%
Pedregulho Grosso 0,00% 0,00% 0,00%
Figura 27 – Gráfico de distribuição granulométrica do RCD-R areia grossa, para 3 amostras distintas
do resíduo.
ARGILA SILTE AREIA PEDREGULHO
FINA MEDIA GROSSA FINO MEDIO GROSSO
100%
90%
80%
PORCENTAGEM QUE PASSA (%)
70%
60%
50%
40%
AMOSTRA 1
30%
AMOSTRA 2
20%
AMOSTRA 3
10%
0%
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
DIÂMETRO DOS GRÃOS (mm)
97
A partir dos ensaios realizados, o material pode ser classificado como mal graduado e
desuniforme, uma vez que a média entre os coeficientes de curvatura das amostras é de 7,48 e
o coeficiente de uniformidade médio é de 126,43. Knappett; Craig (2015) definem que solos
bem graduados possuem coeficiente de curvatura entre 1 e 3 e Caputo; Caputo (2015)
afirmam que materiais com coeficiente de uniformidade maior que 15 são considerados
desuniformes.
Segundo o Sistema Unificado de Classificação dos Solos (SUCS), o resíduo analisado pode
ser classificado como uma areia com finos não plásticos, sendo componente do grupo
denominado SF.
Foto 32 – Máquina para compactação, material no ramo seco e próximo à umidade ótima.
A partir da sua execução com energia de compactação normal, foi possível a obtenção da
umidade ótima das amostras, cuja média corresponde a 14,8%. A média da densidade seca
máxima é igual a 1,69g/cm³. A umidade ótima e a densidade seca máxima aparente de cada
uma das amostras estão representadas nas curvas de compactação das mesmas, reproduzidas
graficamente, conforme ilustrado na Figura 28.
1,75
Densidade seca máxima (g/cm³)
1,7
DENS. SECA MÁX. MÉDIA: 1,69g/cm³
UMID. ÓTIMA MÉDIA: 14,8%
1,65
1,6
AMOSTRA 1
1,55
AMOSTRA 2
AMOSTRA 3
1,5
1,45
2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18% 20% 22%
25,0
ISC MÉDIO: 13%
PRESSÃO (Kg/cm2)
EXPANSÃO MÉDIA: 0
20,0
15,0
AMOSTRA 1
10,0
AMOSTRA 2
5,0 AMOSTRA 3
0,0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55
PENETRAÇÃO (POLEGADAS)
O único requisito com o qual o RCD-R está em desacordo refere-se ao percentual passante na
peneira com abertura de malha de 0,42mm. A ABNT NBR 15115 (2004) exige que de 10 a
40% do material passe através desta peneira, enquanto que mais de 50% do resíduo analisado
é passante (Tabela 14).
Tabela 14 – Exigências contidas na ABNT NBR 15115 (2004) para o emprego adequado de RCD-R
como material de reforço ou substituição do subleito.
ENSAIO DE GRANULOMETRIA (ABNT NBR ENSAIO DE ÍNDICE SUPORTE ENSAIO DE COMPACTAÇÃO (ABNT NBR
7181) CALIFÓRNIA (ISC) / CALIFORNIA 7182)
BEARING RATIO (CBR) (ABNT NBR
9895)
AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA
01 02 03 01 02 03 01 02 03
COEFICIENTE DE UNIFORMIDADE (≥ 10) ÍNDICE SUPORTE CALIFÓRNIA (≥ 12%) UMIDADE ÓTIMA (%)
145,00 85,71 148,57 11 15 13 15,6 14,8 14,0
PERCENTUAL PASSANTE NA PENEIRA 0,42 EXPANSÃO (≤ 1,0%, com energia de Determinação da umidade ótima (tomá-la
mm (entre 10% e 40%) compactação normal, conforme ABNT como parâmetro no momento da
NBR 7182 e ABNT NBR 6457) execução da camada do subleito).
52,60 52,30 56,12 0 0 0
Dimensão característica máxima dos grãos:
63,5 mm (tolerância de 5% da porcentagem
retida, em massa, na peneira de 63,5 mm),
limitada a 2/3 da espessura da camada
compactada (ABNT NBR NM 248);
100
É importante salientar que a ABNT NBR 15115 (2004) não requer a determinação dos limites
de liquidez e plasticidade do solo. Além disso, os requisitos da norma referem-se apenas a
aspectos mecânicos, não sendo objetivo da norma a determinação do coeficiente de
permeabilidade das amostras. Entretanto, estes dois ensaios foram realizados.
Mediante ensaios laboratoriais, verificou-se que nenhuma das amostras apresentou limite de
liquidez ou plasticidade. O comportamento do RCD-R, no ensaio de limite de liquidez, não
foi condizente com o que é suposto pela ABNT NBR 6459 (1984), apresentando-se
escorregadio, desde os primeiros golpes, no aparelho de Casagrande (Foto 33 A e B). O
material também indicou comportamnto não-plástico, tomando-se como base parâmetros
estabelecidos pela ABNT NBR 7180 (1984), conforme ilustrado na Foto 33 (C e D).
Com base na densidade seca máxima obtida a partir da compactação, foi possível executar o
ensaio de permeabilidade à carga constante. Os valores relativos à densidade do resíduo e ao
volume do permeâmetro determinaram a massa de solo seco a ser adicionada ao cilindro. A
Foto 34 representa o desenvolvimento do ensaio de permeabilidade.
Destaca-se que mesmo que o resíduo seja incompatível com as exigências da ABNT NBR
16416 (2015) quanto à permeabilidade de subleitos em sistemas de infiltração total, deve-se
considerar o que estabelece a ACI 522 R (2010). Para sistemas de infiltração total, a norma
americana exige que o coeficiente mínimo de permeabilidade do solo (k) seja de até 3,6 x 10-
6
m/s, desde que este se estenda até uma profundidade mínima de 1,20m.
Tabela 15 – Resumo dos resultados dos ensaios com o RCD-R servível à substituição do subleito.
AMOSTRAS 1 2 3 MÉDIA ARITMÉTICA
ENSAIO DE GRANULOMETRIA
COEFICIENTE DE CURVATURA 9,70 6,10 6,65 7,48
TAMANHO EFETIVO DAS PARTÍCULAS (mm) 0,004 0,007 0,0035 0,0045
COEFICIENTE DE UNIFORMIDADE 145,00 85,71 148,57 126,43
MATERIAL PASSANTE NA PENEIRA 200 / 0,075mm (%) 25,05 23,04 26,53 24,87
ENSAIO DE COMPACTAÇÃO
UMIDADE ÓTIMA (%) 15,6 14,8 14,0 14,80
DESVIO PADRÃO DA UMIDADE ÓTIMA 0,8
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA UMIDADE ÓTIMA (%) 5,4
DENSIDADE SECA MÁXIMA (g/cm³) 1,686 1,708 1,686 1,69
DESVIO PADRÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA 0,012
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA (%) 0,75
ÍNDICE DE SUPORTE CALIFORNIA – ISC (CBR)
EXPANSÃO (%) 0 0 0 0
DESVIO PADRÃO DA EXPANSÃO 0
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA EXPANSÃO (%) 0
ISC / CBR (%) 11 15 13 13
DESVIO PADRÃO DO ISC 2
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO ISC (%) 15,4
ENSAIO DE PERMEABILIDADE À CARGA CONSTANTE
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE (m/s) 4,03x10-6 4,58x10-6 4,84x10-6 4,48x10-6
DESVIO PADRÃO DO COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE 0,42
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE (%) 9,37
ENSAIO DE LIMITE DE LIQUIDEZ
LIMITE DE LIQUIDEZ (%) 0 0 0 0
ENSAIO DE LIMITE DE PLASTICIDADE
LIMITE DE PLASTICIDADE (%) 0 0 0 0
102
Foto 35 – RCD-R brita 19mm (A), processo de quarteamento do material (B) e separação através da
gravimetria (C).
Tabela 17 – Distribuição granulométrica do RCD-R brita 19mm, para 3 amostras distintas do resíduo.
AMOSTRA 1 AMOSTRA 2 AMOSTRA 3
Argila 0,00% 0,00% 0,00%
Silte 0,62% 0,36% 0,44%
Areia Fina 6,07% 5,80% 6,19%
Areia Média 4,16% 5,33% 5,95%
Areia Grossa 6,75% 6,79% 9,53%
Pedregulho Fino 17,98% 19,08% 18,91%
Pedregulho Médio 55,75% 57,25% 53,64%
Pedregulho Grosso 8,67% 5,40% 5,33%
Figura 30 – Gráfico de distribuição granulométrica do RCD-R brita 19mm, para 3 amostras distintas
do resíduo.
100,0
PORCENTAGEM QUE PASA (%)
90,0
80,0
AMOSTRA 01
70,0 AMOSTRA 02
60,0 AMOSTRA 03
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0,01 0,1 1 10 100
DIÂMETRO DOS GRÃOS (mm)
104
A partir do que está disposto na Figura 30, é possível observar a similaridade entre as curvas.
Esta semelhança, atrelada, inclusive, à existência de alguns pontos coincidentes no gráfico,
evidenciam certa uniformidade no processo de beneficiamento do resíduo.
A peneira de menor abertura empregada neste ensaio de granulometria foi a de número 100,
porque apenas 0,5% do resíduo passou por esta malha. Deste modo, foi desenvolvido outro
ensaio, com o intuito de se determinar a porcentagem de material fino passante na peneira de
número 200 (abertura de 75μm), ensaio este realizado através da lavagem do RCD-R, de
acordo com parâmetros dispostos na ABNT NBR NM46 (2003). O resultado denotou a
presença de 3,45% de pulverulentos, em média, nas três amostras analisadas.
A partir do ensaio por meio de peneiramento realizado com as três amostras, denota-se que a
maior parte do material coletado (55,67%) é caracterizado como pedregulho médio. A parcela
equivalente a 18,7% do RCD-R é formada por pedregulho fino e a quantidade de pedregulho
grosso corresponde ao valor médio de 6,33%.
Segundo o Sistema Unitário de Classificação dos Solos – SUCS, o RCD-R em questão pode
ser considerado um pedregulho mal graduado com pouco ou nenhum fino (GP). De acordo
com o sistema de classificação TRB, o material é granular e é classificado como A-1-a ou A-
1-b. Os materiais constituintes das amostras, ainda conforme o TRB, podem ser pedra,
pedregulho fino e areia.
1,90
1,85
1,80
6 8 10 12 14 16 18
Umidade ótima - %
O gráfico do Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR), disposto na Figura 32, aponta valor
médio de CBR igual a 60% e expansibilidade nula. Vale salientar que este valor de CBR é
aceitável para resíduos servíveis ao reforço de subleitos, em pavimentos convencionais
(ABNT NBR 15115, 2004). Contudo a ABNT NBR 16416 (2015) exige o índice mínimo de
80%, para estruturas em concreto permeável.
Figura 32 – Gráfico de ISC (CBR) com três amostras de RCR-R brita 19mm.
110,0
100,0
ISC MÉDIO: 60%
90,0
EXPANSÃO MÉDIA: 0
80,0
Pressão Kg/cm²
70,0
60,0
50,0
AMOSTRA 01
40,0
AMOSTRA 02
30,0
AMOSTRA 03
20,0
10,0
0,0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55
Penetração (Pol.)
106
Dois últimos ensaios foram desenvolvidos com o agregado reciclado em estudo. O primeiro
deles está relacionado à eficácia hidráulica de pavimentos permeáveis: a determinação do
índice de vazios do resíduo, a partir de recomendações da ABNT NBR NM45 (2006).
O resultado deste primeiro ensaio indicou média de índice de vazios igual a 38,92%. Neste
quesito, o material é considerado adequado à utilização enquanto componente da base de
pavimentos em concreto permeável, tendo em vista que a ABNT NBR 16416 (2015) exige
índice de vazios mínimo de 32%.
A Tabela 18 resume todos os ensaios realizados com o RCD-R comercializado como brita
19mm.
Tabela 18 – Resumo dos resultados dos ensaios com o RCD-R servível à base do pavimento.
AMOSTRAS 1 2 3 MÉDIA ARITMÉTICA
ENSAIO DE GRANULOMETRIA
COEFICIENTE DE CURVATURA 5,739 4,74 3,163 3,95
TAMANHO EFETIVO DAS PARTÍCULAS (mm) 1,01 1 0,9 0,97
COEFICIENTE DE UNIFORMIDADE 13,86 13,5 15 14,12
ENSAIO DE COMPACTAÇÃO
UMIDADE ÓTIMA (%) 12,5 12 12,4 12,3
DESVIO PADRÃO DA UMIDADE ÓTIMA 0,26
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA UMIDADE ÓTIMA (%) 2,15
DENSIDADE SECA MÁXIMA (g/cm³) 1,95 1,97 1,96 1,96
DESVIO PADRÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA 0,01
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA (%) 0,38
ÍNDICE DE SUPORTE CALIFORNIA – ISC (CBR)
EXPANSÃO (%) 0 0 0 0
DESVIO PADRÃO DA EXPANSÃO 0
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA EXPANSÃO (%) 0
ISC / CBR (%) 57 62 60 59,67
DESVIO PADRÃO DO ISC 2,52
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO ISC (%) 4,22
ENSAIO DE ABSORÇÃO
ABSORÇÃO (%) 5,63 6,49 6,18 6,1
DESVIO PADRÃO DA ABSORÇÃO 0,44
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA ABSORÇÃO (%) 7,14
ÍNDICE DE VAZIOS
ÍNDICE DE VAZIOS (%) 42,35 37,62 36,79 38,92
DESVIO PADRÃO DO ÍNDICE DE VAZIOS 3,0
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO ÍNDICE DE VAZIOS (%) 7,71
PULVERULENTOS
PORCENTAGEM DE PULVERULENTOS (%) 1,58 4,61 4,17 3,45
DESVIO PADRÃO DOS PULVERULENTOS 1,64
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DOS PULVERULENTOS (%) 47,41
ABRASÃO LOS ANGELES
ABRASÃO LOS ANGELES (%) 38,4 36,86 37,84 37,70
DESVIO PADRÃO DA ABRASÃO LOS ANGELES 0,78
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA ABRASÃO LOS ANGELES (%) 2,07
107
Os resultados dos ensaios desenvolvidos com o RCD-R comercializado como brita 19mm
demonstraram que o uso do resíduo enquanto material da base de pavimentos em concreto
permeável é viável, desde que seja diminuída a quantidade de pulverulentos nas amostras.
Além disso, o desempenho mecânico do pavimento precisa ser avaliado ao longo do tempo,
tendo em vista que embora seu valor de CBR seja aceitável pela ABNT NBR 15115 (2004),
ele é inferior às exigências da ABNT NBR 16416 (2015).
á (Equação 3)
Sendo:
(Equação 1)
(Equação 2)
(Equação 4)
Sendo:
A NRMCA (2011), por exemplo, afirma que hidraulicamente, a espessura mínima para
revestimentos em concreto permeável corresponde a 15cm. A associação também assegura
que esta dimensão adequa-se mecanicamente a áreas de tráfego leve. Deste modo, 15cm foi a
profundidade adotada para esta camada, na construção das duas vagas de estacionamento.
Após o dimensionamento das camadas de base (40cm) e de revestimento (15cm), foi possível
determinar a espessura do RCD-R areia grossa, substituto de parte do subleito existente, em
uma das duas vagas de estacionamento. O material deverá assumir profundidade de 65cm,
uma vez que a ACI 522 R (2010) considera relevante o coeficiente de permeabilidade (k) do
subleito até à profundidade de 1,20m (0,65m = 1,20m – 0,40m – 0,15m).
Para além do ponto de vista hidráulico, os ensaios de caracterização física e mecânica do solo
existente da Escola Politécnica e do RCD-R servível à substituição do subleito permitiram
caracterizá-los, enquanto subleito, como sofrível a mau e excelente a bom, respectivamente,
conforme o sistema de classificação TRB.
É importante salientar que foi adotado o sistema de infiltração total em ambas as vagas de
estacionamento, mesmo que em desacordo com a resolução normativa brasileira, no caso da
vaga com substituição do solo por RCD-R. Embora o sistema de infiltração total seja inviável
para a vaga de estacionamento sobre o solo existente na POLI-UPE, este também foi utilizado
nesta situação específica.
110
O intuito de se projetar o pavimento desta maneira tem relação com o caráter experimental da
pesquisa científica, que também tem por objetivo verificar a eficácia hidráulica do sistema de
pavimentação em ambas as situações.
É importante destacar que as duas vagas de estacionamento não foram executadas de maneira
que ficassem confinadas verticalmente. Ou seja, em profundidade, os dois sistemas de
pavimentação não foram hidraulicamente isolados, nem entre si, nem em relação ao solo
adjacente.
Figura 34 – Corte esquemático das duas vagas de estacionamento em concreto permeável, construídas
no terreno da POLI-UPE.
Nesta etapa é descrito o resultado da caracterização dos materiais empregados em obra. Esses
resultados também são confrontados com aqueles obtidos na primeira etapa.
Além disso, enquanto o RCD-R coletado e analisado anteriormente apresentou mais de 20%
de pedregulhos em sua composição, este indica, em média, apenas 1% de pedregulhos. A
Figura 35 mostra a curva granulométrica das três amostras coletadas na terceira etapa do
procedimento metodológico.
90
80
70
60
50
40
AMOSTRA 01
30
AMOSTRA 02
20
AMOSTRA 03
10
0
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
DIÂMETRO DOS GRÃOS (mm)
O diâmetro efetivo médio entre as amostras é igual àquele da primeira etapa, ou seja, de
0,0045mm. O material passante na peneira n° 200 (0,075mm) é menor que o da primeira
etapa, apresentando média de 18,79%. Entretanto, assim como na primeira etapa, o material é
classificado como areia mal graduada argilosa (SC), de acordo com o Sistema Unitário de
Classificação dos Solos – SUCS.
113
Segundo o sistema de classificação TRB, o material, também como aquele da primeira etapa,
é do tipo A-2-4, podendo ser classificado como uma areia argilosa. Ainda segundo o TRB, o
comportamento do resíduo enquanto subleito pode ser considerado de excelente a bom e o
índice de grupo calculado é igual a zero.
É importante destacar que, embora haja diferenças quanto à composição granulométrica dos
dois resíduos comercializados como areia grossa analisados na primeira e na terceira etapas
do procedimento metodológico, ambos se enquadram nos mesmos grupos de classificação, de
acordo com os sistemas de classificação SUCS e TRB.
A partir do ensaio de compactação, observa-se que a umidade ótima deste resíduo, de 14,17%,
mostrou-se menor, mas muito similar àquela obtida na primeira etapa, de 14,80%. O valor da
densidade seca máxima, de 1,83g/cm³, por sua vez, é superior ao RCD-R analisado
primeiramente, cujo valor médio foi de 1,69g/cm³.
AMOSTRA 01
Densidade Máxima - g/cm3
1,85 AMOSTRA 02
AMOSTRA 03
1,80
1,75
1,70
DENS. SECA MÁX. MÉDIA: 1,83g/cm³
UMID. ÓTIMA MÉDIA: 14,17%
1,65
8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Umidade ótima - %
114
Figura 37 – Curvas de CBR do resíduo substituto do subleito, em uma das vagas de estacionamento.
30,0
AMOSTRA 01
AMOSTRA 02
10,0 AMOSTRA 03
0,0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5
Penetração (Pol.)
Tabela 20 – Resultados dos ensaios com o RCD-R areia grossa utilizado em obra e exigências contidas
na ABNT NBR 15115 (2004) e na ABNT NBR 15116 (2004).
ENSAIO DE GRANULOMETRIA (ABNT NBR ENSAIO DE ÍNDICE SUPORTE ENSAIO DE COMPACTAÇÃO (ABNT NBR
7181) CALIFÓRNIA (ISC) / CALIFORNIA 7182)
BEARING RATIO (CBR) (ABNT NBR
9895)
AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA AMOSTRA
01 02 03 01 02 03 01 02 03
COEFICIENTE DE UNIFORMIDADE (≥ 10) ÍNDICE SUPORTE CALIFÓRNIA (≥ 12%) UMIDADE ÓTIMA (%)
8 18,52 14,32 15 15 14 14 13,9 14,6
PERCENTUAL PASSANTE NA PENEIRA 0,42 EXPANSÃO (≤ 1,0%, com energia de Determinação da umidade ótima (tomá-la
mm (entre 10% e 40%) compactação normal, conforme ABNT como parâmetro no momento da execução
NBR 7182 e ABNT NBR 6457) da camada do subleito).
55,4 51,2 50,1 0 0 0
Dimensão característica máxima dos grãos:
63,5 mm (tolerância de 5% da porcentagem
retida, em massa, na peneira de 63,5 mm),
limitada a 2/3 da espessura da camada
compactada (ABNT NBR NM 248);
115
Não foi realizado, com o resíduo em questão, o ensaio de permeabilidade à carga constante,
na terceira etapa do procedimento metodológico. Mas, devido à similaridade deste material
àquele analisado na primeira etapa e, sobretudo, por este possuir menor quantidade de argila
em sua composição, é provável que o coeficiente de permeabilidade do RCD-R utilizado em
obra seja similar ou até mesmo maior que aquele apresentado anteriormente. A Tabela 21
sintetiza os resultados dos ensaios desenvolvidos.
Tabela 21 – Resumo dos resultados dos ensaios com o RCD-R servível à substituição do subleito
utilizado em obra.
AMOSTRAS 1 2 3 MÉDIA ARITMÉTICA
ENSAIO DE GRANULOMETRIA
COEFICIENTE DE CURVATURA 8 18,52 14,32 16,42
TAMANHO EFETIVO DAS PARTÍCULAS (mm) 0,0049 0,004 0,0049 0,0045
COEFICIENTE DE UNIFORMIDADE 102,04 135 116,33 125,66
MATERIAL PASSANTE NA PENEIRA 200 / 0,075mm (%) 19,36 18,02 18,98 18,79
ENSAIO DE COMPACTAÇÃO
UMIDADE ÓTIMA (%) 14 13,9 14,6 14,17
DESVIO PADRÃO DA UMIDADE ÓTIMA 0,38
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA UMIDADE ÓTIMA (%) 2,67
DENSIDADE SECA MÁXIMA (g/cm³) 1,829 1,84 1,832 1,83
DESVIO PADRÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA 0,0040
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA (%) 0,22
ÍNDICE DE SUPORTE CALIFORNIA – ISC (CBR)
EXPANSÃO (%) 0 0 0 0
DESVIO PADRÃO DA EXPANSÃO 0
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA EXPANSÃO (%) 0
ISC / CBR (%) 15 15 14 14,67
DESVIO PADRÃO DO ISC 0,58
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO ISC (%) 3,94
Assim como em todos os outros resíduos caracterizados ao longo do presente estudo, este
material mostrou pouca variabilidade em relação à composição granulométrica das três
amostras analisadas, o que expressa uniformidade durante o processo de beneficiamento do
RCD. Dentre as amostras questão, observam-se pouquíssimas diferenças entre as proporções
dos materiais que as compõem, conforme ilustrado na Tabela 22 e na Figura 38.
116
90 AMOSTRA 01
80 AMOSTRA 02
AMOSTRA 03
PORCENTAGEM QUE PASA (%)
70
60
50
40
30
20
10
0
0,01 0,1 1 10 100
DIÂMETRO DOS GRÃOS (mm)
117
Diferentemente do resíduo classificado na primeira etapa como mal graduado com pouco ou
nenhum fino (GP), o RCD-R desta terceira etapa é classificado como pedregulho bem
graduado com pouco ou nenhum fino (GW), segundo o Sistema Unitário de Classificação dos
Solos – SUCS.
De acordo com o sistema de classificação TRB, o agregado comercializado como brita 19mm
aplicado na obra de pavimentação é um material granular, podendo ser classificado como A-
1-a ou A-1-b, assim como o resíduo primeira etapa. Ainda conforme o TRB, podem ser
constituintes das amostras fragmentos de pedra, pedregulho fino e areia.
AMOSTRA 03
1,90
1,85
1,80
1,75
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Umidade ótima - %
118
Esta diferença entre os dois resultados de CBR pode ser explicada pelo fato de os materiais
serem classificados como cinza e misto na primeira e terceira etapas, respectivamente.
Embora a coloração dos resíduos não tenha relação direta com sua resistência mecânica, em
geral, os materiais de origem cimentícia tendem a atingir valores de Índice de Suporte
Califórnia maiores que aqueles provenientes de resíduo cerâmico.
Figura 40 – Curvas de ISC ou CBR do RCD-R substituto da camada de base, empregado em obra.
90,0
80,0
ISC MÉDIO: 44%
70,0 EXPANSÃO MÉDIA: 0
60,0
Pressão Kg/cm²
50,0
40,0
AMOSTRA 01
30,0 AMOSTRA 02
AMOSTRA 03
20,0
10,0
0,0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55
Penetração (Pol.)
Tabela 23 – Resumo dos resultados dos ensaios com o RCD-R substituto da base, utilizado em obra.
AMOSTRAS 1 2 3 MÉDIA ARITMÉTICA
ENSAIO DE GRANULOMETRIA
COEFICIENTE DE CURVATURA 2,36 2,56 2,56 2,56
TAMANHO EFETIVO DAS PARTÍCULAS (mm) 2 2 2 2
COEFICIENTE DE UNIFORMIDADE 5,19 5,2 5,2 5,2
MATERIAL PASSANTE NA PENEIRA 200 / 0,075mm (%) 1,3 1,2 1,4 1,3
ENSAIO DE COMPACTAÇÃO
UMIDADE ÓTIMA (%) 13 13 12 12,67
DESVIO PADRÃO DA UMIDADE ÓTIMA 0,58
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA UMIDADE ÓTIMA (%) 4,56
DENSIDADE SECA MÁXIMA (g/cm³) 1,93 1,93 1,95 1,94
DESVIO PADRÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA 0,01
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA DENSIDADE SECA MÁXIMA (%) 0,71
ÍNDICE DE SUPORTE CALIFORNIA – ISC (CBR)
EXPANSÃO (%) 0 0 0 0
DESVIO PADRÃO DA EXPANSÃO 0
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA EXPANSÃO (%) 0
ISC / CBR (%) 43 44 44 43,67
DESVIO PADRÃO DO ISC 0,58
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO ISC (%) 1,32
Com o intuito de interferir minimamente nos materiais e métodos propostos por Batezini
(2016), a curva granulométrica (ANEXO 4) do agregado natural componente do revestimento
em concreto permeável foi concedida pelo fornecedor da brita, e analisada e aprovada pelo
pesquisador, de modo que foi possível sua utilização na presente pesquisa.
Embora tenham sido utilizados, neste estudo, a composição e o traço do concreto permeável
indicados por Batezini (2016), fez-se necessário, anteriormente à execução da obra, que se
verificassem algumas propriedades do material, nos estados fresco e endurecido.
Foi verificado o coeficiente de permeabilidade de seis das oito amostras, mediante exigências
da ISO 17785-1 (2016). A média entre os valores encontrados foi de 10,83mm/s ou 1,08 x 10-
2
m/s, dentro dos limites recomendados pela ABNT NBR 16416 (2015).
Os dois últimos ensaios com concreto permeável estão relacionados à resistência mecânica do
material e foram realizados com corpos de prova cilíndricos, segundo parâmetros de normas
específicas para o concreto convencional. O valor médio de resistência à compressão foi de
10,45MPa e a média da resistência à tração por compressão diametral foi de 2,81MPa.
Ao longo da realização dos ensaios de resistência mecânica, verificou-se que corpos de prova
em concreto permeável não rompem exatamente da mesma maneira que os de concreto
convencional. Nestes ensaios, especificamente, as amostras foram confeccionadas em três
camadas de igual volume, resultando nos tipos de ruptura ilustrados nas Fotos 36 e 37.
O ensaio de resistência à tração por compressão diametral está representado na Foto 37, onde
é possível verificar o início do ensaio na Foto 37 (A), a ruptura do concreto na Foto 37 (B) e a
aparência final do corpo de prova na Foto 37 (C).
121
A ABNT NBR 7222 (1994) não classifica os diferentes tipos de ruptura decorrentes do ensaio
de resistência à tração por compressão diametral. Contudo, amostras em concreto
convencional costumam ser rompidas no sentido longitudinal, em duas porções de igual
volume. Neste caso, houve também uma segunda ruptura, no sentido transversal ao cilindro,
exatamente no limite da primeira camada compactada.
Tabela 24 – Resultados dos ensaios desenvolvidos com o concreto permeável, antes da obra.
AMOSTRAS 1 2 3 MÉDIA ARITMÉTICA
MASSA ESPECÍFICA DO CONCRETO FRESCO
MASSA ESPECÍFICA DO CONCRETO FRESCO (kg/m³) 1813,12 1823,31 1818,22
DESVIO PADRÃO DA MASSA ESPECÍFICA 7,21
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA (%) 0,40
MASSA ESPECÍFICA DO CONCRETO ENDURECIDO
MASSA ESPECÍFICA DO CONCRETO ENDURECIDO (kg/m³) 1770,44 1804,31 1787,37
DESVIO PADRÃO DA MASSA ESPECÍFICA 23,95
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA (%) 1,34
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE (K)
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE (K) AMOSTRAS 1,2,3 (mm/s) 11,84 11,83 10,53
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE (K) AMOSTRAS 4,5,6 (mm/s) 10,95 9,71 10,11 10,83
DESVIO PADRÃO DO K 0,39
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO K (%) 3,65
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES (MPa) 10,46 11,25 9,64 10,45
DESVIO PADRÃO DA RESISTÊNCIA 0,80
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA (%) 7,68
RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL
RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL (MPa) 3,09 2,79 2,55 2,81
DESVIO PADRÃO DA RESISTÊNCIA 0,27
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA (%) 9,62
ÍNDICE DE VAZIOS
ÍNDICE DE VAZIOS 30,25 29,17 29,71
DESVIO PADRÃO DO ÍNDICE DE VAZIOS 0,76
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO ÍNDICE DE VAZIOS (%) 2,56
122
A partir dos resultados dos ensaios, pode-se afirmar que o concreto analisado adequa-se aos
requisitos mecânicos e hidráulicos para que seja empregado como material de revestimento.
A ABNT NBR 16416 (2015) não exige a realização do ensaio de resistência à compressão
simples, mas o concreto alcança mais que o valor mínimo de 2,0 MPa, referente à resistência
à tração por compressão diametral.
O RCD-R foi compactado a cada camada com 10cm de espessura e sua massa específica
verificada por meio do frasco de areia, a cada 20cm. Como o material substituto do subleito
corresponde à profundidade total de 65cm, foram compactadas 5 camadas com 10cm e a
última delas, com 15cm de espessura. A Tabela 25 sintetiza os resultados encontrados.
É importante destacar que, mesmo a partir da utilização da placa vibratória com 8 ciclos por
camada, não se conseguiu alcançar a densidade seca máxima do RCD-R verificada por meio
de ensaio laboratorial. Contudo, vale observar o que ocorre atualmente com o solo existente
na Escola Politécnica, que apresenta densidade in situ correspondente a apenas 86% de sua
densidade seca máxima.
Além disso, devido ao fato de pavimentos em concreto permeável precisarem ser assentados
sobre subleitos hidraulicamente eficazes, a ACI 522-R (2010) recomenda que o nível de
compactação do mesmo atinja apenas 90% de sua densidade seca máxima. A Tabela 26
resume as massas específicas do solo e do resíduo que o substitui, valores estes constatados
por meio de ensaios laboratoriais e de campo.
Tabela 26 – Massas específicas do RCD-R areia grossa substituto do subleito existente, em diferentes
fases da pesquisa.
DESCRIÇÃO: DENSIDADE (IN SITU/SECA MÁXIMA):
SOLO DE SUBLEITO EXISTENTE NA POLI-UPE IN SITU: (g/cm³) 1,49
SOLO DE SUBLEITO EXISTENTE NA POLI-UPE SECA MÁXIMA: (g/cm³) 1,74
RCD-R AREIA GROSSA SERVÍVEL À SUBSTITUIÇÃO DO SUBLEITO SECA MÁXIMA: (g/cm³) 1,69
(PRIMEIRA ETAPA)
RCD-R AREIA GROSSA SERVÍVEL À SUBSTITUIÇÃO DO SUBLEITO SECA MÁXIMA: (g/cm³) 1,83
(TERCEIRA ETAPA)
RCD-R AREIA GROSSA SUBSTITUTO DO SUBLEITO, JÁ COMPACTADO, IN SITU: (g/cm³) 1,54
NA OBRA (QUARTA ETAPA)
Foto 38 – Corpos de prova compactados em uma camada (A), ruptura após ensaio de compactação por
compressão (B) e ruptura após ensaio de tração por compressão diametral (C).
Tabela 27 – Resultados dos ensaios desenvolvidos com o concreto permeável utilizado na obra.
AMOSTRAS 1 2 3 MÉDIA ARITMÉTICA
MASSA ESPECÍFICA DO CONCRETO FRESCO
MASSA ESPECÍFICA DO CONCRETO FRESCO (kg/m³) 1868,22 1899,24 1883,73
DESVIO PADRÃO DA MASSA ESPECÍFICA 21,93
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA (%) 1,16
MASSA ESPECÍFICA DO CONCRETO ENDURECIDO
MASSA ESPECÍFICA DO CONCRETO ENDURECIDO (kg/m³) 1770,74 1770,77 1770,76
DESVIO PADRÃO DA MASSA ESPECÍFICA 0,02
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA (%) 0
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE AMOSTRAS 1,2,3 (mm/s) 2,69 4,07 3,24
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE AMOSTRAS 4,5,6 (mm/s) 7,60 2,615 2,72 3,82
DESVIO PADRÃO DO K 0,86
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO K (%) 22,62
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES (Mpa) 9,67 7,86 5,96 7,83
DESVIO PADRÃO DA RESISTÊNCIA 1,85
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA (%) 23,67
RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL
RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL 2,08 3,01 3,08 2,72
DESVIO PADRÃO DA RESISTÊNCIA 0,56
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA (%) 20,48
ÍNDICE DE VAZIOS
ÍNDICE DE VAZIOS 30,08 30,50 30,29
DESVIO PADRÃO DO ÍNDICE DE VAZIOS 0,30
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DO ÍNDICE DE VAZIOS (%) 0,98
É relevante destacar que os pontos 1 e 4, descritos na Tabela 23, estão situados em uma das
vagas de estacionamento em que houve substituição de parte do subleito por RCD-R
comercializado como areia grossa. Os outros dois pontos de execução do ensaio (2 e 3)
localizam-se na segunda vaga, sem substituição do solo.
126
Diante dos resultados apresentados neste ensaio, pode-se afirmar, a princípio, que o
coeficiente de permeabilidade calculado nas duas vagas não sofreu grandes alterações em
razão da substituição do solo do subleito existente. Contudo, vale frisar que o pavimento não
foi construído ou ensaiado de maneira confinada, o que permitiu que a água incidente sobre
ele percolasse não apenas verticalmente, mas também através das laterais da estrutura do
pavimento.
Comparativamente aos ensaios realizados com o concreto antes da obra e com o material da
execução do pavimento, o coeficiente de permeabilidade do sistema in situ foi o mais baixo
dentre os três resultados obtidos, apresentando como valor médio 1,83x10-3m/s. Ainda assim,
coeficientes da ordem de 10-3m/s encontram-se dentro dos limites exigidos pela ABNT NBR
16416 (2015).
Tabela 29 – Resumo dos resultados referentes ao ensaios com o concreto permeável utilizado como
material de revestimento.
PRIMEIRA ETAPA QUARTA ETAPA (DURANTE APÓS A CONCLUSÃO
(ANTES DA OBRA) A EXECUÇÃO DA OBRA) DA OBRA
DENSIDADE DO CONCRETO FRESCO 1.818,22 1.883,73
(kg/m³)
DENSIDADE DO CONCRETO 1.787,37 1.770,76
ENDURECIDO (kg/m³)
ÍNDICE DE VAZIOS (%) 29,71 30,29
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE 1,08x10-2 3,82x10-3 1,83x10-3
(m/s)
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO 10,45 7,83
SIMPLES (MPa)
RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR 2,81 2,72
COMPRESSÃO DIAMETRAL (MPa)
127
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do que foi desenvolvido ao longo da pesquisa, foi possível se chegar a algumas
conclusões, bem como sugerir propostas para trabalhos futuros.
5.1 Conclusões
Com base nos resultados dos ensaios de laboratório e de campo, pode-se concluir que o solo
existente no subleito da área de estacionamento da Escola Politécnica da Universidade de
Pernambuco, onde foi construído o pavimento em concreto permeável:
Apresentou classificação A-2-4 pelo TRB, não plástico e não expansivo, de Suporte
Califórnia médio de 13%, para a energia de compactação normal, o que indica uma
boa capacidade de suporte;
O resíduo denotou coeficiente de permeabilidade médio de 4,48 x 10-6 m/s, não
atendendo neste aspecto a norma brasileira ABNT NBR 16416 (2015), para sistemas
de infiltração total, mas atendendo, no entanto, a norma americana ACI 522 R (2010).
Uma camada de base em RCD-R comercializado como brita 19mm com 40cm de
espessura;
Um revestimento em concreto permeável de 15cm;
A substituição de parte do subleito de uma das vagas de estacionamento de 65cm.
A análise do concreto utilizado no revestimento, com base nos estudos desenvolvidos por
Batezini (2016), apresentou:
Foi inferior ao das amostras, tanto na fase construtiva quanto na fase de estudo;
Apresentou valores da mesma ordem de grandeza para o pavimento construído com e
sem substituição do solo do subleito, provavelmente devido ao não confinamento e/ou
não impermeabilidade das superfícies de contato verticais, permitindo também a
percolação horizontal da água.
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142
ANEXO 1
CILÍNDRICOS
15 CONTATO COM EMPRESAS E 1. APROVAÇÃO DO PROJETO DE PAVIMENTAÇÃO PERANTE
ENTIDADES GOVERNAMENTAIS ENTIDADES GOVERNAMENTAIS RESPONSÁVEIS;
ENVOLVIDAS COM O 2. CONTRATAÇÃO DE EMPRESAS E PROFISSIONAIS
DESENVOLVIMENTO URBANO E ESPECIALIZADOS E COM EXPERIÊNCIA NESSE TIPO DE PROJETO E
COM O GERENCIAMENTO DE OBRA DE PAVIMENTAÇÃO.
ÁGUAS PLUVIAIS DO MUNICÍPIO
16 LAYOUT E GERENCIAMENTO DO 1. DEFINIÇÃO DO PROJETO DE LAYOUT DO CANTEIRO;
CANTEIRO DE OBRAS 2. DEFINIÇÃO DO NÚMERO DE ENSAIOS A SER REALIZADOS
DURANTE A OBRA;
3. CUIDADOS COM A NÃO PERTURBAÇÃO DO TERRENO AO LONGO
DA EXECUÇÃO DO PAVIMENTO;
4. VERIFICAÇÃO DAS EXIGÊNCIAS DE PROPORÇÃO E NÍVEL DE
COMPACTAÇÃO, DEFINIDAS EM PROJETO;
5. ARMAZENAMENTO ADEQUADO E CONTROLE DA QUALIDADE
DOS MATERIAIS.
17 PREPARAÇÃO DO CANTEIRO COM O CANTEIRO DE OBRAS MONTADO DE ACORDO COM O PROJETO DE
LAYOUT, VERIFICAR SE TODOS OS MATERIAIS E MÁQUINAS ESTÃO
PREPARADOS PARA O INÍCIO DA PAVIMENTAÇÃO.
18 PREPARAÇÃO DO SUBLEITO E DA 1. CHECAR SE DISPOSITIVOS ALTERNATIVOS DE DRENAGEM ESTÃO
BASE / SUB-BASE ADEQUADAMENTE INSTALADOS;
2. CASO O SUBLEITO SEJA MUITO INCLINADO, VERIFICAR
INSTALAÇÃO DE BARRAGENS;
3. CHECAR DISPOSIÇÃO DE VARAS GRADUADAS, COM AS ALTURAS
DA BASE / SUB-BASE;
4. O SUBLEITO E A BASE / SUB-BASE DEVEM ESTAR DEVIDAMENTE
ÚMIDOS NO MOMENTO DA INSTALAÇÃO;
5. O SUBLEITO E A BASE / SUB-BASE DEVEM ESTAR DEVIDAMENTE
COMPACTADOS.
19 PREPARAÇÃO DAS FÔRMAS 1. AS FÔRMAS DEVEM POSSUIR A EXATA PROFUNDIDADE DO
PAVIMENTO E PODEM SER CONFECCIONADAS EM MADEIRA,
PLÁSTICO OU AÇO;
2. MANTER AS FÔRMAS SEMPRE LIMPAS E, SE NECESSÁRIO,
OLEADAS COM DESMOLDANTE;
3. VERIFICAR NECESSIDADE DO USO DE TIRAS DE ELEVAÇÃO (9 A
19mm DE ALTURA), CASO A INSTALAÇÃO SEJA EM DUAS ETAPAS;
4. VERIFICAR NECESSIDADE DE PINOS E/OU ESTACAS, PARA
AUMENTAR A RESISTÊNCIA DAS FÔRMAS A MOVIMENTAÇÕES
LATERAIS.
20 DISPOSIÇÃO DO CONCRETO 1. VERIFICAR A QUANTIDADE E AS FUNÇÕES DOS
TRABALHADORES ENVOLVIDOS NA OBRA;
2. DEFINIR O TIPO DE INSTALAÇÃO (UMA OU DUAS ETAPAS) E
PROVIDENCIAR MAQUINÁRIO ESPECÍFICO;
3. NUNCA BOMBEAR O CONCRETO PERMEÁVEL;
4. VERIFICAR NECESSIDADE DE EQUIPAMENTOS QUE AUXILIEM NA
DISPOSIÇÃO DO CONCRETO, CASO ISSO NÃO POSSA SER FEITO
DIRETAMENTE DA TAMPA DO CAMINHÃO-BETONEIRA;
5. ACOMODAÇÃO DO CONCRETO EM SEMICÍRCULOS;
6. EVITAR A CONTAMINAÇÃO DO CONCRETO COM MATERIAIS
DELETÉRIOS;
7. EVITAR MOVIMENTAÇÕES INDEVIDAS SOBRE O CONCRETO E EM
ÁREAS ADJACENTES À OBRA.
8. EVITAR O USO DE FERRAMENTAS INDEVIDAS.
21 CONSOLIDAÇÃO DO CONCRETO 1. USAR ROLOS DE COMPACTAÇÃO CILÍNDRICOS COM LARGURA
MAIOR QUE A DAS FÔRMAS (LARGURA MÉDIA = 3,70m), PESO
MÉDIO DE 320kg E QUE FORNEÇAM FORÇA VERTICAL DE, NO
MÍNIMO, 0,07MPa;
2. ROLOS MENORES PODEM SER USADOS EM ÁREAS MAIS
APERTADAS. SEU PESO DEVE VARIAR ENTRE 90kg E 140kg;
3. É PERMITIDO O USO DE UMA FERRAMENTA DENOMINADA
“CROSS-ROLL”, EM ÁREAS ONDE HÁ RESTRIÇÕES QUANTO À
QUALIDADE DO PASSEIO.
22 JUNTAS 1. RECOMENDADAS EM PASSEIOS COM DIMENSÃO MAIOR QUE
4,60m EM QUALQUER DIREÇÃO;
2. AS JUNTAS NÃO DEVEM DISTAR MAIS QUE 6,10m UMAS DAS
144
ANEXO 2
Condições de umidade antecedente do solo considerados pelo SCS para escolha do CN.
CONDIÇÃO DESCRIÇÃO
I Solos secos: as chuvas, nos últimos cinco dias, não ultrapassaram 15 mm.
II Situação média na época das cheias: as chuvas, nos últimos cinco dias, totalizaram de 15 a 40
mm.
III Solo úmido (próximo da saturação): as chuvas, nos últimos cinco dias, foram superiores a 40
mm, e as condições meterológicas foram desfavoráveis a altas taxas de evaporação.
Fonte: Porto (1995) citado por Paz (2004).
ANEXO 3
ANEXO 4
OBSERVAÇÕES:
INFORMAÇÕES DA AMOSTRA
REGISTRO DA AMOSTRA DATA DA COLETA LOCAL DE COLETA FORNECEDOR
CGAG-038.16-00 - - -
MATERIAL ENSAIADO DATA DE ENTRADA DATA DO ENSAIO
BRITA 12 28/3/2016 04/05/2016