“Vizinho,
Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita
do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o
barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal –
devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que
estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio
é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia.
Quem trabalha o dia inteiro tem direito a repouso noturno e é impossível
repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor; é
impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu
nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois
números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo
1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao
alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor.
[…] Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em
que um homem batesse à porta do outro e dissesse: ‘Vizinho, são três horas da
manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou’. E o outro respondesse: ‘Entra
vizinho e come do meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar
e a cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela’. E o homem
trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho
entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio
da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o
amor e a paz.”
Adaptado de (https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/cronica-
genero-entre-jornalismo-e-literatura.htm)
1) Analise as alternativas:
a) I e II
b) I, II e III
c) I, II, III e IV
d) I, II, III e V
e) II e III
2) O morador do 1003 recebeu, consternado, a visita do zelador que falava
sobre a reclamação de barulho desse apartamento. Em relação à palavra
consternado, podemos substituí-la, sem prejuízo do sentido contextual por:
a)comovido
b)lisonjeado
c)ignorado
d)chateado
e)feliz
b) C – C – C
c) D – D – D
d) D – C – C
e) D – C – D
a) pouca intensidade.
b) muita intensidade.
c) neutralidade.
d) motivação.
e) consciência ecológica.
Recuperação paralela 2001
CIDADANIA X CORRUPÇÃO
Indignar-se é preciso! Exercer cidadania, que só encontra cenário
propício em sistema democrático, implica a noção mínima dos direitos de
cidadão e a capacidade de reivindicá-los dos poderes constituídos. Ora, o
efetivo acesso ao Judiciário, último arquejo do cidadão, à educação, direito de
todos e dever do Estado, à saúde, à informação, dentre outros, depende da
vontade política posta e do grau de consciência e reivindicação de um povo.
Daí causar indignação o fato de se saber que com a presença da
corrupção quantidades incalculáveis de dinheiro deixam de chegar ao cidadão
em formas de bens e serviços de obrigação do Estado, indo, ao reverso, para
os bolsos de inescrupulosos indivíduos ou quadrilhas, que teimam em sangrar
o que é do povo. Corrupção não é prerrogativa do Brasil, o que não é consolo.
Tem-se notícia, só para ficar entres os Brics, que em países como a China, de
crescimento de vanguarda, os níveis de corrupção são imensos.
Penso que a educação para a não corrupção deve começar dentro de
casa, na família, nos mais singelos gestos, passar de forma efetiva e vigorosa
pela escola, no nível mais elementar até os superiores, e por campanhas
constantes dos meios de comunicação, de tal sorte que seja inculcada, de
maneira sólida e permanente, a ideia de que se deve ser ético e via de
consequência sempre se afastar da corrupção, seja na vida privada, seja,
principalmente, na vida pública, na qual aquele que a tal se habilita se
compromete a buscar incessantemente tudo que corrobore para a consecução
dos interesses do povo, vale dizer, tudo que facilite o pleno acesso à cidadania.
Estamos cansados de ver corrupção por todos os lados. O cidadão que
paga seus impostos e que vive do seu trabalho não merece ser vilipendiado por
inescrupulosos da lei do vale tudo. Educação para a não corrupção e para
cidadania, leis mais duras, Ministério Público e Judiciário mais implacáveis com
os corruptos! São caminhos...
Emmanuel Furtado - Desembargador do TRT e professor da UFC
Jornal O Povo – 12/02/2015 - ARTIGO DE OPINIÃO
1. O texto pode ser classificado como artigo de opinião porque
a) narra histórias de corrupção quem envolvem tanto o meio político quanto o
cidadão comum.
b) emite opinião sobre a cidadania e a corrupção, mas não deixa claro o ponto
de vista.
c) informa o cidadão sobre casos de corrupção que assolam o nosso país.
d) a opinião defendida no texto tem relação com os interesses políticos do
autor.
e) comenta criticamente um tema, defendendo um ponto de vista a partir de
argumentos.
02. A tese defendida pelo autor pode ser encontrada no seguinte trecho
a) “Tem-se notícia, só para ficar entres os Brics, que em países como a China,
de crescimento de vanguarda, os níveis de corrupção são imensos”.
b) “Exercer cidadania, que só encontra cenário propício em sistema
democrático, implica a noção mínima dos direitos de cidadão e a capacidade
de reivindicá-los dos poderes constituídos”.
c) “Daí causar indignação o fato de se saber que com a presença da corrupção
quantidades incalculáveis de dinheiro deixam de chegar ao cidadão em formas
de bens e serviços de obrigação do Estado...”
d) “Penso que a educação para a não corrupção deve começar dentro de casa,
na família, nos mais singelos gestos, passar de forma efetiva e vigorosa pela
escola, no nível mais elementar até os superiores, e por campanhas constantes
dos meios de comunicação...”
e) “O cidadão que paga seus impostos e que vive do seu trabalho não merece
ser vilipendiado por inescrupulosos da lei do vale tudo”.