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Universidade de Caxias do Sul

Departamento de Informática
Disciplina : Lógica para Computação
Prof. Simone C. Mendes Paiva

LÓGICA PARA COMPUTAÇÃO


MATERIAL DA DISCIPLINA

Caxias do Sul, novembro de 2003.


ÍNDICE
1.1 CONECTIVOS LÓGICOS ....................................................................................................................................4
1.1.1 Conectivo E (conjunção) ...............................................................................................................................4
1.1.2 Conectivo OU (disjunção)............................................................................................................................4
1.1.3 Implicação (condicional) ..............................................................................................................................4
1.1.4 Equivalência..................................................................................................................................................4
1.1.5 Negação ........................................................................................................................................................4
1.2 WFFS – FÓRMULAS BEM FORMADAS .....................................................................................................................5
1.3 TABELAS-VERDADE................................................................................................................................................7
1.3.1 Tabela-verdade da negação ..........................................................................................................................7
1.3.2 Tabela-verdade da conjunção .......................................................................................................................8
1.3.3 Tabela-verdade da disjunção ........................................................................................................................8
1.3.4 Tabela-verdade da implicação......................................................................................................................8
1.3.5 Tabela-verdade da equivalência ...................................................................................................................9
1.4 CLASSIFICAÇÃO DE WFFS USANDO TABELAS-VERDADE ......................................................................................10
1.5 APLICAÇÕES DE TABELAS-VERDADE E FORMALIZAÇÃO....................................................................11

2 CÁLCULO DE PREDICADOS ............................................................................................................................13

2.1 QUANTIFICADORES E VARIÁVEIS...............................................................................................................13


2.1.1 QUANTIFICADOR UNIVERSAL: ..............................................................................................................13
2.1.2 QUANTIFICADOR EXISTENCIAL ............................................................................................................13
2.2 PREDICADOS E NOMES PRÓPRIOS ..............................................................................................................15
2.3 FORMALIZAÇÃO: ABC ..........................................................................................................................................15
2.4 FORMALIZAÇÃO: ACB ..........................................................................................................................................15
2.5 FORMALIZAÇÃO: DCLB.........................................................................................................................................15

3 SISTEMAS FORMAIS..........................................................................................................................................18

3.1 REGRAS NÃO HIPOTÉTICAS DE INFERÊNCIA...........................................................................................18


3.1.1 MODUS PONENS (MP) .............................................................................................................................18
3.1.2 ELIMINAÇÃO DA NEGAÇÃO: (E~) ..........................................................................................................19

3.1.3 INTRODUÇÃO DA CONJUNÇÃO (I∧) .....................................................................................................20

3.1.4 ELIMINAÇÃO DA CONJUNÇÃO (E∧)......................................................................................................20


3.1.5 INTRODUÇÃO DA DISJUNÇÃO ( I ∨)......................................................................................................21
3.1.6 ELIMINAÇÃO DA DISJUNÇÃO (E∨) ........................................................................................................22
3.1.7 Introdução do Bicondicional (I↔): ............................................................................................................23
3.1.8 ELIMINAÇÃO DO BICONDICIONAL (E↔) .............................................................................................24
3.2 REGRAS HIPOTÉTICAS DE INFERÊNCIA ....................................................................................................25
3.2.1 SUBPROVA.................................................................................................................................................25
3.2.2 PROVA DO CONDICIONAL (PC) .............................................................................................................26

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Lógica para Computação
3.2.3 REDUÇÃO AO ABSURDO (RAA) ..............................................................................................................27
3.3 ESTRATÉGIAS PARA PROVA.........................................................................................................................30
3.4 REGRAS DE INFERÊNCIA PARA QUANTIFICADORES .............................................................................31
3.4.1 ELIMINAÇÃO UNIVERSAL (EU) ..............................................................................................................31
3.4.2 INTRODUÇÃO DO UNIVERSAL (IU) .......................................................................................................31
3.4.3 INTRODUÇÃO EXISTENCIAL (IE) ...........................................................................................................33
3.4.4 ELIMINAÇÃO DO EXISTENCIAL (EE).....................................................................................................33

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Lógica para Computação
CÁLCULO PROPOSICIONAL

1.1 CONECTIVOS LÓGICOS

1.1.1 Conectivo E (conjunção)

representação: ∧ , &
leitura: e, mas, também

Considerando as sentenças abaixo:

(1) “Portas abrem.”


(2) “Telhados cobrem.”

Podemos formalizar a sentença (1) como sendo A, e a sentença (2) como B. Se desejarmos representar a
sentença “Portas abrem e telhados cobrem.” , teremos a fórmula abaixo. A versão “Portas abrem mas telhados
cobrem.” possuiria a mesma representação.

A∧B

1.1.2 Conectivo OU (disjunção)

representação: ∨
leitura: ou

Podemos representar a sentença “Portas abrem ou telhados cobrem.” como A ∨ B

1.1.3 Implicação (condicional)

representação: →
leitura: se...então, somente se

A sentença “Se portas abrem, então telhados cobrem.” é formalizada como A→B

1.1.4 Equivalência

representação: ↔
leitura: se e somente se

A sentença “Portas abrem se, e somente se, telhados cobrem.” é formalizada como A↔ B
A ↔ é a abreviatura para (A → B) ∧ (B → A).
A e B têm o mesmo valor verdade.

1.1.5 Negação

representação: ~, ¬
leitura: não, não é o caso que

A sentença “Portas não abrem.” ou “Não é o caso que portas abram.” é representada por ~A
A tabela abaixo resume os conectivos lógicos e suas representações:

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Operador Lógico Símbolo
Não é o caso que ~
E ∧
Ou ∨
Se ... então →
Se e somente se ↔

1.2 WFFs – Fórmulas Bem Formadas


Uma fórmula do cálculo proposicional é uma seqüência qualquer de elementos do vocabulário. Uma wff (well
formed formula) ou fórmula-bem-formada é uma fórmula definida pelas seguintes regras:

1. qualquer letra sentencial é uma wff.


2. se A é uma wff, então ~A também é.
3. se A e B são wff, então (A ∧B), (A∨B), (A→B) e (A↔B) também são.

Qualquer outra coisa não estabelecida por uma das regras acima não é uma wff.

Exercícios:

1.Utilize as regras de formação para determinar quais das seguintes fórmulas são wffs e quais não são. Justifique
sua resposta.

a) ~~~R
b) (~R)
c) PQ
d) P→Q
e) (P→Q)
f) ~(P→Q)
g) ((P∧Q) →R)
h) (P∧Q) →R
i) ~(~P ∧ ~Q)
j) ((P∧Q) ∨ (R∧S))

2. Interprete a letra sentencial “C” como 'Está chovendo', e “N” como 'Está nevando' e expresse a forma de cada
sentença na notação do cálculo proposicional.

a) Está Chovendo
b) Não está chovendo
c) Está chovendo ou nevando
d) Está chovendo e nevando
e) Está chovendo mas não está nevando
f) Não é o caso que está chovendo e nevando
g) Se não está chovendo, então está nevando
h) Não é o caso que se está chovendo então está nevando
i) Não é o caso que se está nevando então está chovendo

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j) Está chovendo se e somente se não está nevando
k) Não é o caso que está chovendo ou nevando
l) Se está nevando e chovendo, então está nevando
m) Se não está chovendo, então não é o caso que está nevando e chovendo
n) Ou está chovendo, ou está nevando e chovendo
o) Ou está chovendo e nevando, ou está nevando mas não está chovendo.

3.Formalize os seguintes enunciados, utilizando o vocabulário abaixo:


P – Paula vai.
Q – Quincas vai.
R – Richard vai.
S – Sara vai.

a) Paula não vai.


b) Paula vai, mas Quincas não.
c) Se Paula for, então Quincas também irá.
d) Paula irá, se Quincas for.
e) Paula irá, somente se Quincas for.
f) Paula irá, se e somente se Quincas for.
g) Nem Paula nem Quincas irão.
h) Paula e Quincas não irão.
i) Ou Paula vai, ou Quincas não vai.
j) Paula não irá se Quincas for.
k) Ou Paula irá, ou Richard e Quincas irão.
l) Se Paula for, então Richard e Quincas irão.
m) Paula não irá, mas Richard e Quincas irão.
n) Se Richard for, então se Paula não for, Quincas irá.
o) Se nem Richard nem Quincas forem, então Paula irá.
p) Richard irá somente se Paula e Quincas não forem.
q) Richard e Quincas vão, apesar de Paula e Quincas não irem.
r) Se Richard ou Quincas for, então Paula irá e Sara não irá.
s) Richard e Quincas irão se e somente se Paula ou Sara for.
Se Sara for, então Richard ou Paula irão, e se Sara não for, então Paula e Quincas irão.

4. Formalize os seguintes argumentos usando as letras sentenciais indicadas. Utilize os indicadores de premissa
(vírgulas) e conclusão (asserção --| ) para distinguir as premissas da conclusão.

a) Se Deus existe, então a vida tem significado. Deus existe. Portanto, a vida tem significado. (D, V)

b) Deus não existe. Pois, se Deus existisse, a vida teria significado. Mas a vida não tem significado. (D, V)

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c) Se o avião não tivesse caído, nós teríamos feito contato pelo rádio. Não fizemos contato pelo rádio. Portanto, o
avião caiu. (C, R)

d) Como hoje não é quinta-feira, deve ser sexta-feira. Hoje é quinta-feira ou sexta-feira. (Q, S)

e) Se hoje é quinta-feira, então amanhã será sexta-feira. Se amanhã for sexta-feira, então depois de amanhã será
sábado. Conseqüentemente, se hoje for quinta-feira, então depois de amanhã será sábado. (Q, S1, S2)

f) Hoje é um fim de semana se e somente se é sábado ou domingo. Portanto, hoje é um final de semana, desde que
hoje é sábado. (F, S, D)

g) Hoje é um fim de semana se hoje é sábado ou domingo. Mas, hoje não é um fim de semana. Portanto, hoje não é
sábado e hoje não é domingo. (F, S, D)

h) Hoje é um fim de semana somente se hoje é sábado ou domingo. Hoje não é sábado. Hoje não é domingo. Portanto,
hoje não é um fim de semana. (F, S, D)

i) A proposta de auxílio não está no correio. Se os árbitros a receberem até sexta-feira, eles a analisarão. Portanto,
eles a analisarão porque se a proposta estiver no correio, eles a receberão até sexta-feira. (C, S, A)

j) Ela não está em casa ou não está atendendo ao telefone. Mas se ela não está em casa, então ela foi seqüestrada. E se
ela não está atendendo ao telefone, ela está correndo algum outro perigo. Portanto, ou ela foi seqüestrada ou ela
está correndo um outro perigo. (C, T, S, P)

1.3 Tabelas-Verdade
O conceito central na semântica da lógica proposicional é o valor-verdade. Os enunciados verdadeiros possuem
valor-verdade verdadeiro, e os enunciados falsos possuem valor-verdade falso. Todos enunciados possuem um único
valor-verdade. A semântica para a lógica proposicional se baseia no princípio de bivalência, supondo que verdadeiro e
falso são os únicos valores-verdade e que em toda situação possível cada enunciado assume um deles. Utiliza-se as
abreviações V para verdadeiro e F para falso.

A tabela abaixo chama-se Tabela-Verdade. Abaixo de A são analisadas duas possibilidades: ou A é verdadeiro
ou A é falso. ~A possui os valores-verdade para cada valor-verdade de A.

1.3.1 Tabela-verdade da negação


A negação de um enunciado A é verdadeira se A for falso, e é falsa se A for verdadeiro.

A ~A
V F
F V

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1.3.2 Tabela-verdade da conjunção
Uma conjunção é verdadeira se ambos os seus conjunctos forem verdadeiros, ou seja, se ambas as letras sentenciais que
participam da conjunção forem verdadeiras. Senão, ela é falsa.

A B ∧B
A∧
V V V
V F F
F V F
F F F

1.3.3 Tabela-verdade da disjunção


Uma disjunção é verdadeira se, pelo menos, um dos disjunctos for verdadeiro, senão ela é falsa. Ou seja, A∨B será
verdadeiro sempre que , no mínimo, uma das letras sentenciais (A ou B) for verdadeira.

A B ∨B
A∨
V V V
V F V
F V V
F F F

1.3.4 Tabela-verdade da implicação


A construção da tabela-verdade da implicação exige o conhecimento dos conceitos de antecedente e conseqüente.

Antecedente: é a letra sentencial ou wff que encontra-se antes do conectivo da implicação.


Conseqüente: é a letra sentencial ou wff que encontra-se depois do conectivo da implicação.

Exemplo:
Indique o antecedente e o conseqüente das frases abaixo:

a) A caneta escreve quando tem tinta e está com a tampa aberta.


Antecedente: a caneta escreve
Conseqüente: ter tinta e estar com a tampa aberta

b) Se a fome continuar, então algumas pessoas morrerão.


Antecedente: a fome continuar
Conseqüente: algumas pessoas morrerão

A tabela-verdade da implicação só será falsa no caso em que o antecedente da implicação é verdadeiro e o


conseqüente é falso. Em todos os demais casos, ela é verdadeira.

A B A→ →B
V V V
V F F
F V V
F F V
Considere a seguinte afirmação:

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“Se eu passar na prova, vou viajar.”

Podemos formalizá-la como A→B.

Agora vamos considerar todas as combinações entre verdadeiro e falso para as letras sentenciais A e B.

Caso 1: A é verdadeiro e B também o é. (linha 1 da tabela-verdade)

Situação: Passei na prova e viajei. Logo, a afirmação é verdadeira.

Caso 2: A é verdadeiro e B é falso. (linha 2 da tabela-verdade)

Situação: Passei na prova e não viajei. Logo, a afirmação é falsa, pois eu havia afirmado que, se passasse na
prova, viajaria.

Caso 3: A é falso e B é verdadeiro. (linha 3 da tabela-verdade)

Situação: Não passei na prova e viajei. Logo, a afirmação é verdadeira, pois eu não afirmei que, se não
passasse na prova, não iria viajar.

Caso 4: A é falso e B também o é. (linha 4 da tabela-verdade)

Situação: Não passei na prova e não viajei. Logo, a afirmação é verdadeira.

1.3.5 Tabela-verdade da equivalência


A equivalência é a abreviatura para (A

∧ (B  
   ência A↔B será verdadeira quando A e B possuírem
o mesmo valor-verdade, seja ele verdadeiro ou falso.

A B →B
A→ →A
B→ →B) ∧ (B→
(A→ →A)
V V V V V
V F F V F
F V V F F
F F V V V

Logo, a tabela-verdade para a equivalência é:

A B ↔B
A↔
V V V
V F F
F V F
F F V

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Exercícios:
5. Construa a tabela-verdade para:

1. (A → Β) ↔ (Β → A)
2. (A ∨ ~A) → (Β ⊥ ∼Β)
3. (A → B) → B
4. (~B → ~A) → B
5. (A ∨ ~B) → ~(A ∨ B)
6. ~(P → Q)
7. (A ∧ ~A)

1.4 Classificação de Wffs Usando Tabelas-Verdade


Uma wff pode ser uma tautologia, contingência ou contradição. Tal classificação é definida de acordo com o
resultado da tabela-verdade para a wff em questão.

Tautologia: a wff será uma tautologia quando todos os valores-verdade resultantes na tabela-verdade forem
verdadeiros.

Contradição: a wff será uma contradição quando todos os valores-verdade resultantes na tabela-verdade forem falsos.

Contingência: a wff será uma contingência quando os valores-verdade resultantes na tabela-verdade variarem entre
verdadeiro e falso.

Exercício:
6. Classifique as wffs do exercício anterior como tautologia, contradição ou contingência.

1.4 TABELAS-VERDADE PARA FORMAS DE ARGUMENTO


Uma forma de argumento é válida se, e somente se, todas as suas instâncias são válidas. Uma instância de uma
forma é válida se é impossível que a sua conclusão seja falsa enquanto suas premissas são verdadeiras, ou seja, se não
houver, na tabela-verdade, uma linha com conclusão falsa e todas premissas verdadeiras.

Se um argumento for válido, então sua conclusão poderá ser provada com a utilização das regras de dedução
natural, que serão vistas nas páginas seguintes.

Exemplo 1:
Seja a forma de argumento P∨Q, ~P |-- Q. Construa a tabela-verdade para essa forma de argumento e mostre se ela é
válida ou inválida.

A tabela-verdade para essa forma será:

Col1 Col2 Col3 Col4 Col5


P Q P ∨ Q ~P Q
Linha 3 V V V F V
Linha 4 V F V F F
Linha 5 F V V V V
Linha 6 F F F V F

As colunas 3 e 4 da tabela-verdade contêm as premissas da forma de argumento, ou teorema. A coluna 5


contém a conclusão.

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Nas linhas 3 e 5, as premissas são todas verdadeiras. São apenas nestas linhas que deve ser analisada a conclusão.
Em ambas as linhas a conclusão também é verdadeira. Logo, a forma de argumento é válida.

Exemplo 2:
Seja a forma de argumento P→Q, Q |-- P. Construa a tabela-verdade para essa forma de argumento e mostre se ela é
válida ou inválida.

A tabela-verdade para essa forma será:

Col1 Col2 Col3 Col4 Col5


P Q P→Q Q P
Linha 3 V V V V V
Linha 4 V F F F V
Linha 5 F V V V F
Linha 6 F F V F F

As colunas 3 e 4 da tabela-verdade contêm as premissas da forma de argumento, ou teorema. A coluna 5


contém a conclusão.

Nas linhas 3 e 5, as premissas são todas verdadeiras. São apenas nestas linhas que deve ser analisada a
conclusão. Na linha 3 a conclusão é verdadeira, porém, na linha 5, a conclusão é falsa. Como ocorreu um caso em que
as premissas foram verdadeiras e a conclusão falsa (linha 5), a forma de argumento é inválida.

Exercício:
7. Formalize os enunciados abaixo e utilize a tabela verdade para afirmar se eles são válidos ou não.
a) Se eu passar na prova, irei viajar. Não passei na prova, logo, não viajei.
b) Vou passar de ano se, e somente se, eu estudar e não viajar. Não estudei. Viajei. Logo, passei na prova.

1.5 APLICAÇÕES DE TABELAS-VERDADE E FORMALIZAÇÃO

As tabelas-verdade podem auxiliar na resolução de problemas em que se deseja saber a verdade ou não. Os
exercícios abaixo mostram uma aplicação de tabelas-verdade e formalização.

Exercícios:

8. Três estudantes declararam o seguinte:


Paulo: Eu não fiz o teste, mas, se Rogério o fez, Sérgio também fez.
Rogério: Eu fiz o teste, mas um de meus colegas não fez.
Sérgio: Se Rogério fez o teste, eu também o fiz.

Formalize estas três declarações na linguagem lógica proposicional utilizando o vocabulário abaixo. A seguir,
monte a tabela-verdade das proposições e utilize-a para responder as questões a, b e c:
P: Paulo fez o teste.
R: Rogério fez o teste.

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S: Sérgio fez o teste.
a) Se todos estão dizendo a verdade, quem fez o teste?
b) Se todos estão mentindo, quem fez o teste?
c) Se todos fizeram o teste, quem está dizendo a verdade e quem está mentindo?

9.Três estudantes declararam o seguinte:


Pedro: Eu entreguei o trabalho, mas, se João não entregou, Maria também não entregou.
João: Se Pedro não entregou o trabalho, eu também não entreguei.
Maria: Eu não entreguei o trabalho, mas um de meus colegas entregou.

Formalize estas três declarações na linguagem lógica proposicional utilizando o vocabulário abaixo. A seguir,
monte a tabela-verdade das proposições e utilize-a para responder as questões a, b e c:
P: Pedro entregou o trabalho.
J: João entregou o trabalho.
M: Maria entregou o trabalho.

d) Se todos estão dizendo a verdade, quem entregou o trabalho?


e) Se todos estão mentindo, quem entregou o trabalho?
f) Se todos entregaram o trabalho, quem está dizendo a verdade e quem está mentindo?

10. Considere os seguintes depoimentos:

Paulo: Eu não estudei lógica, mas se João estudou, então Maria não estudou.
João: Se um dos meus colegas não estudou lógica, então eu também não estudei.
Maria: Se Paulo e João estudaram lógica, então eu também estudei.

Formalize estas três declarações na linguagem lógica proposicional utilizando o vocabulário abaixo:
P: Pedro estudou lógica.
J: João estudou lógica.
Maria: Maria estudou lógica

Monte a tabela-verdade para responder e justificar as seguintes questões. Indique em que linha da tabela-verdade é
possível identificar as situações.
a) Se apenas Paulo estudou lógica, quem diz a verdade e quem está mentindo?
b) Se ninguém estudou lógica, quem está dizendo a verdade e quem está mentindo?
c) Se todos dizem a verdade, quem estudou lógica?

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2 CÁLCULO DE PREDICADOS
O cálculo de predicados combina conceitos do cálculo proposicional com conceitos de “todo” e “algum”.

2.1 QUANTIFICADORES E VARIÁVEIS


Quantificadores: indicam quantos objetos possuem uma propriedade. São frases como “para todo”, “para cada”, ou
“para algum”, “existe um” , “para pelo menos um”.
Os quantificadores aparecem agora para suprir a necessidade de quantificar proposições.

2.1.1 QUANTIFICADOR UNIVERSAL:

Representação: ∀
Lê-se: “para todo”, “para cada”, “qualquer que seja”

Considere o enunciado: Todo S é P.

Usando a letra x para representar objetos individuais, podemos expressar o enunciado como “qualquer que seja
x, se x é S, então x é P”.

O quantificador universal é o símbolo que representará o “qualquer que seja”. Assim, a representação do
enunciado é:
∀x(Sx →Px)

Exemplo:
Todas as janelas são transparentes.
Formalização: ∀x(Jx →Tx)

2.1.2 QUANTIFICADOR EXISTENCIAL

Representação: ∃
Lê-se: “existe um”, “para pelo menos um”, “para algum”

Considere o enunciado: Algum S é P

Usando a letra x para representar objetos individuais, podemos expressar o enunciado como “para pelo menos
um x, x é S e x é P”.

O quantificador existencial é o símbolo que representará o “para pelo menos um”. Assim, a representação do
enunciado é:

∃x (Sx ∧ Px)

Exemplo:
Algumas as janelas são transparentes.
Formalização: ∃x(Jx ∧Tx)

♠Dica! Normalmente, a implicação é o conectivo associado ao quantificador universal, e a


conjunção é o conectivo associado ao quantificador existencial!

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Lógica para Computação
Exemplos:
Escreva wffs que expressem:

a) Todos os estudantes são inteligentes.


∀x (Sx → Ix)
Sx: x é estudante
Ix: x é inteligente

b) Alguns estudantes inteligentes gostam de música.


∃x (Sx ∧ Ix ∧ Mx ) )

c) Todos que gostam de música são estudantes cantores.


∀x (Mx → (Sx ∧ Cx))
M(x): x gosta de música
S(x): x é estudante
C(x): x é cantor

Exercícios:
11. Interpretando a letra “C” como a sentença “Está chovendo” e pelas letras “R”, “V”, “S” e “I” os predicados
“É uma rã”, “É verde”, “É saltitante”, “É iridescente”, formalize as seguintes sentenças:

a) Todas as rãs são verdes.


b) Nenhuma rã é verde.
c) Algumas rãs são verdes.
d) Algumas rãs não são verdes.
e) Toda coisa é uma rã.
f) Alguma coisa é uma rã.
g) Nem toda coisa é uma rã.
h) Nada é uma rã.
i) Existem rãs verdes.
j) Qualquer coisa ou é rã ou é iridescente.
k) Qualquer coisa é uma rã verde.
l) Está chovendo e algumas rãs estão saltitando.
m) Se está chovendo, então todas as rãs estão saltitando.
n) Algumas coisas são verdes e algumas não são.
o) Algumas coisas são verdes e iridescentes simultaneamente.
p) Ou qualquer coisa é uma rã ou nada é uma rã.
q) Qualquer coisa ou é uma rã ou não é uma rã.
r) Todas as rãs são rãs.
s) Somente rãs são verdes.
t) Não existem rãs iridescentes.
u) Todas as rãs verdes estão saltitando.
v) Todas as rãs verdes não estão saltitando.

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Lógica para Computação
w) Não é verdade que algumas rãs verdes estão saltitando.
x) Se nada é verde, então não existem rãs verdes.
y) Rãs verdes saltam se e somente se não está chovendo.

2.2 PREDICADOS E NOMES PRÓPRIOS

Nem todos enunciados contêm quantificadores. Os enunciados do tipo sujeito-predicado atribuem uma propriedade
a uma pessoa ou coisa.
As letras minúsculas (do início ao meio do alfabeto) podem ser interpretadas como nomes próprios para indivíduos,
enquanto as letras finais minúsculas do alfabeto representam variáveis (sempre associadas a quantificadores) e letras
maiúsculas do alfabeto representam letras nominais.
As wffs desse tipo são chamadas wffs predicativas, enquanto as demais são wffs proposicinais.
wff Proposicional: são as que contêm apenas símbolos proposicionais e conectivos lógicos (^, ∨, ~, →, ↔)

wff Predicativa: são as que contêm predicados e variáveis.


 Uma wff proposicional sempre tem valor-verdade, enquanto uma predicativa pode não ter valor-verdade.

Wff Proposicional Wff Predicativa


Seu valor-verdade depende dos valores-verdade atribuídos Seu valor-verdade (ou sua falta) depende da interpretação
aos símbolos proposicionais
n
Há apenas 2 linhas possíveis para wffs proposicionais Há um número infinito de interpretações possíveis
Uma tautologia é uma wff proposicional que é verdadeira O análogo à tautologia é a validade. Uma wff predicativa é
em todas as linhas da tabela-verdade válida se for verdadeira para qualquer interpretação
possível. Pode-se provar que uma wff predicativa é
inválida se encontrarmos uma única interpretação na qual a
wff tenha valor-verdade falso ou não tenha valor-verdade.

Exemplos:
1. Bob ama Cátia
2.3 Formalização: Abc

2. Cátia ama Bob


2.4 Formalização: Acb

3. Cátia deu Lulu para Bob


2.5 Formalização: Dclb

Exercício:
12. Formalize as sentenças a seguir utilizando predicados e nomes próprios;
a) Cátia é mecânica.
b) Bob é mecânico.
c) Cátia e Bob são mecânicos.
d) Ou Cátia ou Bob são mecânicos.

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Lógica para Computação
e) Cátia é mecânica ou enfermeira.
f) Se Cátia é mecânica, então ela não é enfermeira.
g) Cátia é mais alta que Bob.
h) Bob ama Cátia.
i) Bob ama a si próprio.
j) Bob ama a qualquer pessoa.
k) Qualquer pessoa ama Bob.
l) Qualquer pessoa ama a si mesma.
m) Alguma pessoa ama a si mesma.
n) Existe alguém que Cátia não ama.
o) Existe alguém que tanto Bob quanto Cátia amam.
p) Existe alguém que Bob ama e alguém que Cátia ama.
q) Cátia deu alguma coisa para Bob.
r) Bob deu um anel para Cátia.
s) Todo mundo ama todo mundo.
t) Alguém ama alguém.
u) Existe alguém que ama todo mundo.
v) Todo mundo é amado por alguém.
w) Se Bob ama a si próprio, então ele ama alguma pessoa.
x) Se Bob não ama a si próprio, então ele ama alguém.
y) Para quaisquer três objetos, se o primeiro é mais alto que o segundo e o segundo é mais alto que o terceiro, então o
primeiro é mais alto que o terceiro.

13. Formalize as seguintes sentenças usando o vocabulário a seguir.

Nomes:
a – Al
b – Beth
f – fama
d – dinheiro
Predicados Unários:
F – é famoso
A – é ambicioso
H – é ser humano
Predicado binário:
G - ...gosta de...

Predicado ternário:
P - ...prefere...do que ...

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Lógica para Computação
a) Al e Beth gostam de dinheiro.
b) Nem Beth nem Al são famosos.
c) Al gosta de fama e de dinheiro.
d) Beth prefere fama do que dinheiro.
e) Al prefere Beth do que dinheiro e fama.
f) Beth prefere qualquer coisa do que Al.
g) Al prefere nada do que Beth.
h) Alguns humanos são ambiciosos e famosos.
i) Qualquer pessoa ambiciosa gosta de dinheiro.
j) Nem toda pessoa que gosta de dinheiro é ambiciosa.
k) Se Al e Beth são ambiciosos, então existe um ser humano ambicioso.
l) Beth gosta de qualquer ser humano.
m) Alguém não gosta de si mesmo.
n) Alguém não gosta de alguém.
o) Ninguém gosta de todo mundo.
p) Nenhum ser humano gosta de todo mundo.
q) Al gosta de todo ser humano que gosta dele.
r) Alguns famosos gostam de si próprios.
s) Todos famosos gostam de si próprios.
t) Nem todos gostam de todos que são famosos.

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Lógica para Computação
3 SISTEMAS FORMAIS
O sistema formal que usa as wffs proposicionais é chamada de Lógica Proposicional, lógica de sentenças ou
cálculo proposicional. O sistema formal que usa wffs predicativas é chamado lógica predicada ou cálculo predicado.

Certas wff's são aceitas como axiomas, os seja, são wff's que não precisam ser provados. Assim, um axioma
deve ser uma wff cuja “verdade” seja evidente. Um axioma, então, deve ser uma tautologia, ou, se envolve predicados,
uma wff válida.

Além dos axiomas, sistemas formais contêm regras de inferência, que são uma convenção que permite a uma
nova wff ser inferida, ou deduzida, de uma ou duas outras wff's, ou seja, são regras capazes de gerar todas as formas de
argumento válidas e que podem ser expressas na linguagem do cálculo proposicional.

Seqüência de Prova é uma seqüência de wff's na qual cada wff seja ou um axioma ou o resultado da aplicação
de uma das regras de inferência às wff's anteriores. Um teorema é o último componente desta seqüência. A seqüência é
a prova do teorema.

Em uma derivação ou prova, as regras de inferência geram as formas de argumento numa série de etapas
simples e precisas de raciocínio, que é a derivação ou prova.

Seqüência de uma prova de teorema:

wff 1 (um axioma ou premissa)


wff 2 (um axioma ou premissa)
wff 3 (inferida da wff1 e da wff 2 por uma regra de inferência)
wff 4 (um axioma ou premissa)
wff 5 (inferida da wff 4 por uma regra de inferência)
wff 6 (inferida da wff 3 e wff 5 por uma regra de inferência)
 wff 6 é o teorema

3.1 REGRAS NÃO HIPOTÉTICAS DE INFERÊNCIA


Existem dez regras básicas de inferência: duas (uma de introdução e uma de eliminação) para cada um dos
cinco operadores lógicos ( ^, ∨, →, ↔, e ~ ). A regra de eliminação para um operador é usada para inferir a partir de
premissas nas quais ele é o operador principal. A regra de introdução para um operador é usada para derivar conclusões
nas quais ele é o operador principal.
As regras não hipotéticas de derivação são as seguintes:

a. Modus Ponens (MP)


b. Eliminação da Negação (E~)
c. Introdução da Conjunção (I∧)
d. Eliminação da Conjunção (E∧)
e. Introdução da Disjunção (I∨)
f. Eliminação da Disjunção (E∨)
g. Introdução do Bicondicional (I↔)
h. Eliminação do Bicondicional (E↔)

3.1.1 MODUS PONENS (MP)


É a regra de eliminação para o condicional (se, então, implica). É a regra usada para inferir de premissas que
contêm o operador condicional. MP pode ser aplicada a condicionais cujos antecedente e conseqüente são wffs
compostas.

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Lógica para Computação
Regra: de um condicional e seu antecedente, podemos inferir seu conseqüente.

A→B
A
MP
B

A → B , A |-- B
1. A → B ---------------------------- premissa
2. A ---------------------------------- premissa
3. B ---------------------------------- 1, 2 MP

Exemplos:

C, S → Α, S → S |-- A

1. C ----------------------------premissa
2. S → A --------------------- premissa
3. C → S --------------------- premissa
4. S --------------------------- 1, 3 MP
5. A --------------------------- 2, 4 MP

~P → (Q → R), ~P, Q |-- R

1. ~P → (Q → R) --------------------- premissa
2. ~P ------------------------------------ premissa
3. Q ------------------------------------- premissa
4. (Q → R) --------------------------- 1, 2 MP
5. R ------------------------------------- 3, 4 MP

3.1.2 ELIMINAÇÃO DA NEGAÇÃO: (E~)


Permite inferir premissas que são negações de negações.

Regra: De uma wff da forma ~~A podemos inferir A

~~A
E~
A

~~ A |-- A
1.~~ A -------------------------- premissa
2. A ----------------------------- E~

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Lógica para Computação
Exemplo:

~P → ~~Q , ~~~P |−− Q

1. ~P → ~~Q ---------------------------- premissa


2. ~~~P ----------------------------------- premissa
3. ~P -------------------------------------- 2 E~
4. ~~Q ------------------------------------ 1, 3 MP
5. Q --------------------------------------- 4 E~

3.1.3 ∧)
INTRODUÇÃO DA CONJUNÇÃO (I∧

De quaisquer wffs A e B, podemos inferir a conjunção Α ∧ B.

A
B
I∧
A∧B

A , B |-- A ∧ B
1. A ---------------------------- premissa
2. B ---------------------------- premissa
3. A ∧ B ---------------------- 1, 2 I∧

3.1.4 ∧)
ELIMINAÇÃO DA CONJUNÇÃO (E∧

De uma conjunção podemos inferir qualquer um de seus conjuntos.

A∧B A∧B
E∧ E∧
A B

A ∧ B |-- A
1. A∧ B ---------------------------- premissa
2. A --------------------------------- E∧

A ∧ B |-- A
1. A∧ B ---------------------------- premissa
2. B --------------------------------- E∧

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Lógica para Computação
Exemplos:

P |-- P ∧ P

1. P ----------------------------------------- premissa
2. P ∧ P ----------------------------------- 1, 1 I ∧

P → (Q ∧ R), P |-- P ∧ Q

1. P → (Q ∧ R) ---------------------------- premissa
2. P ------------------------------------------ premissa
3. (Q ∧ R) ---------------------------------- 1, 2 MP
4 Q ------------------------------------------ 4 E ∧
5. P ∧ Q ------------------------------------ 2, 4 I ∧

P ∧ Q |-- Q ∧ P

1. P ∧ Q ------------------------------------ premissa
2. P ----------------------------------------- 1 E ∧
3. Q ----------------------------------------- 1 E ∧
4. Q ∧ P ------------------------------------ 2, 3 I ∧

(P ∧ Q) → (R ∧ S), ~~P, Q |-- S

1. (P ∧ Q) → (R ∧ S) ---------------------- premissa
2. ~~P ---------------------------------------- premissa
3. Q ------------------------------------------ premissa
4. P ------------------------------------------- 2 E~
5. P ∧ Q ------------------------------------- 3, 4 I ∧
6. (R ∧ S) ----------------------------------- 1, 5 MP
7. S ------------------------------------------ 6 E ∧

3.1.5 INTRODUÇÃO DA DISJUNÇÃO ( I ∨)

De uma wff A, podemos inferir a disjunção de A com qualquer wff (A pode ser o
primeiro ou o segundo disjunto dessa disjunção)

A A
I∨ I∨
A∨B B∨A

A |-- A ∨ B A |-- B ∨ A
1. A ---------------------------- premissa 1. A ---------------------------- premissa
2. A ∨ B ----------------------- I ∨ 2. B ∨ A ----------------------- I ∨

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Lógica para Computação
Exemplos:

P |--- (P ∨ Q) ∧ (P ∨ R)

1. P ---------------------------------- premissa
2. P ∨ Q ---------------------------- 1 I∨
3. P ∨ R ---------------------------- 1 I∨
4. (P ∨ Q) ∧ (P ∨ R) ------------- 2, 3 I ∧

P, ~~(P → Q) |--- Q ∨ ∼Q

1. P -------------------------------- premissa
2. ~~(P → Q) -------------------- premissa
3. P → Q ------------------------- 2 E ~~
4. Q ------------------------------- 1, 3 MP
5. Q ∨ ∼Q ------------------------ 4 I ∨

P, ~~(P → Q) |--- (R ∧ S) ∨ Q
1. P -------------------------------- premissa
2. ~~(P → Q) -------------------- premissa
3. (P → Q) ----------------------- 2 E ~
4. Q ------------------------------- 1, 3 MP
5. (R ∧ S) ∨ Q ------------------ 4 I ∨

3.1.6 ∨)
ELIMINAÇÃO DA DISJUNÇÃO (E∨
Considere as seguintes afirmações:

Irei ao cinema ou ao teatro.


Se eu for ao cinema, será divertido.
Seu eu for ao teatro, será divertido.

Qual é a conclusão a que se pode chegar a partir das três afirmações acima?
Que, independente do que eu faça, ir ao teatro ou ao cinema, será divertido.

Formalizando as sentenças, temos:

C ∨ T , C → D , T → D |-- D

que é a regra de eliminação da disjunção!


Portanto, para que a disjunção possa ser eliminada, é necessário que existirem uma disjunção e duas implicações com
conseqüentes idênticos. A conclusão sempre será o conseqüente presente nas duas implicações.

De wffs da forma A∨B, A→C , B→C, podemos inferir a wff C.

A∨B A∨B, A→C, B→C |-- C


A→C 1. A ∨ B ----------------------- premissa
B→C
---------- E∨ 2. A → C ---------------------- premissa
C 3. B → C ---------------------- premissa
4. C ----------------------------- 1, 2, 3 E∨
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Lógica para Computação
Exemplos:

S ∨ D, S → F, D → F |--- F

1. S ∨ D -------------------------------- premissa
2. S → F ------------------------------- premissa
3. D → F------------------------------- premissa
4. F -------------------------------------1, 2, 3 E∨

(P ∨ Q) ∧ (P ∨ R), P → S, Q → S, P → Τ, R → Τ |--- S ∧ T

1. (P ∨ Q) ∧ (P ∨ R) --------------------------------- premissa
2. P → S ------------------------------------------------ premissa
3. Q → S ----------------------------------------------- premissa
4. P → Τ ----------------------------------------------- premissa
5. R → Τ ----------------------------------------------- premissa
6. P ∨ R ------------------------------------------------ 1 E ∧
7. T ---------------------------------------------------- 4, 5, 6 E ∨
8. P ∨ Q ------------------------------------------------ 1 E ∨
9. S ------------------------------------------------------ 2, 3, 8 E ∨
10. S ∧ T ---------------------------------------------- 7, 9 I ∧

3.1.7 ↔):
Introdução do Bicondicional (I↔

De quaisquer wffs de formas (Α → Β) e (B → Α), podemos inferir Α ↔ Β

A→B A→B
B→A B→A
---------- I↔ ---------- I↔
A↔B B↔A

A→B, B→A |-- A ↔ B


1. A → B ---------------------- premissa
2. B → A ---------------------- premissa
3. A ↔ B ---------------------- 1, 2 I↔

A→B, B→A |-- B ↔ A


1. A → B ---------------------- premissa
2. B → A ---------------------- premissa
3. B ↔ A ---------------------- 1, 2 I↔

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Lógica para Computação
Exemplo:

P → Q, (P→Q) → (Q→P) |-- P ↔ Q

1. P → Q ------------------------- premissa
2. (P→Q) → (Q→P) ----------- premissa
3. Q→P -------------------------- 1, 2 MP
4. P ↔ Q ------------------- 1, 3↔

3.1.8 ↔)
ELIMINAÇÃO DO BICONDICIONAL (E↔

De quaisquer wffs da forma A ↔ Β, podemos inferir A → Β ou Β →Α .

A↔B A↔B
--------- E↔ --------- E↔
A→B B→A

A ↔ B |-- A→B
1. A ↔ B -------------------- premissa

2. A → B ---------------------- 1 E↔

A ↔ B |-- B→A
1. A ↔ B -------------------- premissa

2. B → A ---------------------- 1 E↔

Exemplos:

F ↔ (S ∨ D), S |--- F

1. F ↔ (S ∨ D) -------------------- premissa
2. S ---------------------------------- premissa
3. S ∨ D → F ---------------------- 1 E ↔
4. S ∨ D ----------------------------- 2 I ∨
5. F ---------------------------------- 3, 4 MP

P ↔ Q |--- Q ↔ P

1. P ↔ Q ---------------------------- premissa
2. P → Q ---------------------------- 1 E ↔
3. Q → P ---------------------------- 1 E ↔
4. Q ↔ P ---------------------------- 2, 3 I ↔

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Lógica para Computação
3.2 REGRAS HIPOTÉTICAS DE INFERÊNCIA
As regras apresentadas a seguir envolvem a utilização do raciocínio hipotético, que é baseado em hipóteses, ou
seja, em uma suposição feita “em consideração ao argumento” com o objetivo de mostrar que uma conclusão particular
segue daquela suposição.

3.2.1 SUBPROVA
Ao escrever uma hipótese, estamos iniciando uma subprova, que será uma prova menor dentro da prova principal. Para
representar a subprova graficamente, usamos a tabulação mais à direita.

Depois de encerrada a subprova, não é permitido utilizar regras que estejam nela. Apenas podem ser usadas
regras que estejam na mesma tabulação que a atual ou mais à esquerda dela.

É possível construir subprovas dentro de subprovas já iniciadas. Para encerrá-las, é necessário fazer na ordem
inversa em que foram iniciadas. Uma prova não estará completa caso seja encerrada com alguma subprova ainda não
encerrada. A linha vertical ao lado da subprova indica que ela está encerrada.

O esquema de uma subprova pode ser representado da seguinte maneira:

1. XXX ----------------------------------------------- regra 1


2. XXX ---------------------------------------------- regra 2
3. YYY ------------------------- hipótese (p/ regra A)
4. XXX ----------------------------------------- regra 3
5. XXXX --------------------------------------- regra 4
6. ZZZZ --------------------------------------------- regra A
7. XXX ----------------------------------------------- regra 5

No esquema acima, as linhas 3, 4 e 5 não poderão ser utilizadas nas linhas 6 e 7, pois estão encerradas
juntamente com a subprova. Dentro da subprova, ou seja, nas linhas 3, 4 e 5 é possível utilizar as linhas 1 e 2, que estão
mais à esquerda.

Os esquemas a seguir representam outras situações de construção de subprovas.

1. XXX ----------------------------------------- regra 1


2. XXX ----------------------------------------- regra 2
3. YYY ------------------------ hipótese (p/ regra A)
4. XXX ------------------------------------ regra 3
5. RRRR -------------- hipótese (p/ regra B)
6. XXXX ----------------------------- regra 4
7. SSSS ------------------------------- regra B
8. XXX ------------------------------------- regra 5
9. TTTT ------------------------------------------- regra A

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Lógica para Computação
1. XXX --------------------------------------------- regra 1
2. XXX --------------------------------------------- regra 2
3. YYY ------------------------ hipótese (p/ regra A)
4. XXX ---------------------------------------- regra 3
5. XXX -------------------------------------------- regra A
6. RRRR ------------------ hipótese (p/ regra B)
7. XXXX ------------------------------------- regra 4
8. SSSS --------------------------------------- regra 5
9. TTTT --------------------------------------------- regra B

Resumindo.. as condições para realização de uma subprova são as seguintes:

1.Cada hipótese introduz numa prova o início de uma nova linha vertical;

2.Nenhuma ocorrência de uma fórmula à direita de uma linha vertical pode ser citada em qualquer regra aplicada depois
que terminar a linha vertical;

3.Se duas ou mais hipóteses são vigentes simultaneamente, então a ordem na qual elas são descartadas deve ser a ordem
inversa na qual elas são introduzidas;

4.Uma prova não está completa até que as hipóteses sejam descartadas.

3.2.2 PROVA DO CONDICIONAL (PC)


Nesta regra, supomos algo como hipótese. A hipótese não necessita ser extraída de lugar algum, ela pode ser
gerada de acordo com que se necessita no desenvolvimento da subprova.

Dada uma derivação de uma wff B a partir de uma hipótese A, podemos   "!$#&%(')#*%+#-,.0/213'4 "5
inferir Α → Β

A ∧ B |-- A → B
1. A ∧ B ------------------------------------- premissa
2. A ------------------------- hipótese (p/ PC)
3. B -------------------------------------- 1 E∧
4. A → B------------------------------------- 2 – 3 PC

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Lógica para Computação
Exemplos:

I, (I ∧ C) → ~S, ~S → ~A |-- C → ~A

1. I ----------------------------------------- premissa
2. (I ∧ C) → ~S -------------------------- premissa
3. ~S → ~A ------------------------------- premissa
4. C ----------------------------- hipótese (p/ PC)
5. I ∧ C ------------------------- 1, 4 I ∧
6. ~S ----------------------------- 2, 5 MP
7. ~A ---------------------------- 3, 6 MP
8. C → ~A -------------------------------- 4 – 7 PC

P ∨ Q |-- Q ∨ P

1. P ∨ Q --------------------------------------- premissa
2. P ---------------------------------- hipótese (p/ PC)
3. Q ∨ P ----------------------------- 2 I ∨
4. P → (Q ∨ P) -------------------------------- 2 – 3 PC
5. Q ---------------------------------- hipótese (p/ PC)
6. Q ∨ P ----------------------------- 5 I ∨
6. Q → (Q ∨ P) -------------------------------- 5 – 6 PC
7. Q ∨ P ---------------------------------------- 1, 4 , 6 E ∨

3.2.3 REDUÇÃO AO ABSURDO (RAA)


É a regra de introdução da negação.

Para provar uma conclusão negada por RAA, colocamos como hipótese a conclusão sem o sinal de negação e
daí derivamos uma contradição. Isso mostra que a hipótese é falsa. De onde segue que a conclusão da negação é
verdadeira.

Dada uma derivação de uma contradição a partir de uma hipótese A podemos 6 78 9": ;*<>=4;&<?;A@B0C2D3=48 9"8E8FB0GH(8*<"BI<KJ2L

~B, B |-- A
5. ~B ------------------------------------- premissa
6. B --------------------------------------- premissa
7. A ------------------------- hipótese (p/ RAA)
8. B ∧ ~B ---------------------------- 1 E∧
9. ~A --------------------------------------- 2 – 3 RAA

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Lógica para Computação
Exemplo:

P → Q, ~Q |-- ~P

1. P → Q ---------------------------- premissa
2. ~Q -------------------------------- premissa
3. P ----------------------- hipótese (p/ RAA)
4. Q ----------------------- 1, 3 MP
5. Q ∧ ~Q ---------------- 2, 4 I ∧
6. ~P --------------------------------- 3 – 5 RAA

Exercícios Resolvidos

a) ~(~P ^ ~Q) , ~P |--- Q

1. ~(~P ^ Q) --------------------------------- premissa


2. ~P ----------------------------------------- premissa
3. ~Q ------------------------------ hipótese (p/RAA)
4. ~P ∧ ~Q ------------------------ 2, 3 I ∧
5. (~P ∧ ~Q) ∧ ~(~P ∧ ~Q) ----- 1, 4 I ∧
6. ~~Q ---------------------------------------- 3 – 5 RAA
7. Q ------------------------------------------- 6 E ~

b) P → Q |−− ∼P∨ Q
1. P → Q ------------------------------------------ premissa
2. ~(~P ∨ Q)---------------------------- hipótese (p/RAA)
3. P --------------------------- hipótese (p/RAA)
4. Q ---------------------------1, 3 MP
5. ~P ∨ Q -------------------- 4 I ∨
6. (~P ∨ Q) ∧ ~(~P ∨ Q) --- 2, 5 I ∧
7. ~P ------------------------------------- 3 – 6 RAA
8. ~P ∨ Q -------------------------------- 7 I ∨
9. (~P ∨ Q) ∧ ~(~P ∨ Q) --------------- 2 , 8 I ∧
10. ~~(~P ∨ Q) ------------------------------------- 2 – 9 RAA
11. ~P ∨ Q ------------------------------------------ 10 E ~

c) ~(P ∧ Q) |--- ~P ∨ ∼Q
1. ~(P ∧ Q) ---------------------------------------------- premissa
2. ~(~P ∨ ~Q) -------------------------------- hipótese (p/RAA)
3. ~ P ------------------------------- hipótese (p/RAA)
4. ~P ∨ ~Q ------------------------- 3 I ∨
5. (~P ∨ ~Q) ∧ ~(~P ∨ ~Q) ----- 2, 4 I∧
6. ~~P ----------------------------------------- 3 – 5 RAA
7. P -------------------------------------------- 6 E ~
8. ~Q ------------------------------- hipótese (p/RAA)
9. ~P ∨ ~Q ------------------------- 8 I ∨
10. (~P ∨ ~Q) ∧ ~(~P ∨ ~Q) ---- 2, 9 I ∧
11. ~~Q --------------------------------------- 8 – 10 RAA
12. Q ------------------------------------------ 11 E ~
13. P ∧ Q ------------------------------------- 7, 12 I∧
14. (P ∧ Q) ∧ ~(P ∧ Q) --------------------- 1, 13 I∧
15. ~~(~P ∨ ~Q) --------------------------------------- 2 – 14 RAA
16. ~P ∨ ~Q --------------------------------------------- 15 E ~

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Lógica para Computação
d) |--- P → P

1. P ------------------------------ hipótese (p/PC)


2. P → P ----------------------------------- 1 PC

e) |--- P → (Q → (P ∧ Q))

1.P ------------------------------- hipótese (p/PC)


2. Q ------------------------------ hipótese (p/PC)
3. P ∧ Q---------------- 1, 2 I ∧
4. Q → (P∧ Q) ------------------ 2 – 3 PC
5. P → (Q → (P ∧ Q)) -------------------- 1 – 4 PC

f) (P ∧ Q) |--- P → Q

1. P ∧ Q ----------------------------------- premissa
2. P ------------------------------ hipótese (p/PC)
3 Q ------------------------------ 1 E ∧
4. P → Q ---------------------------------- 2 – 3 PC

g) (P ∧ Q) ∨ (P ∧ R) |--- P ∧ (Q ∨ R)

1. (P ∧ Q) ∨ (P ∧ R) ------------------------------------ premissa
2. P ∧ Q --------------------------------------- hipótese (p/PC)
3. P --------------------------------------------- 2 E ∧
4. Q -------------------------------------------- 2 E ∧
5. Q ∨ R -------------------------------------- 4 I ∨
6 P∧ (Q ∨ R)--------------------------------- 3, 5 I∧
7. (P ∧ Q) → (P ∧ ( Q ∨ R))-------------------------- 2 – 6 PC
8. P ∧ R --------------------------------------- hipótese (p/PC)
9. P -------------------------------------------- 8 E ∧
10. R------------------------------------------- 8 E ∧
11. Q ∨ R ------------------------------------- 10 I ∨
12. P ∧ (Q ∨ R) ----------------------------- 9, 11 I∧
13. (P ∧ R) → (P ∧ (Q ∨ R) ------------------------- 8 – 12 PC
14. P ∧ (Q ∨ R) ---------------------------------------- 1, 7, 13 E ∨

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3.3 ESTRATÉGIAS PARA PROVA

Se a condicional for um(a) Então faça

Fórmula Atômica Se nenhuma estratégia é imediata, coloca-se como


hipótese a negação da conclusão para RAA. Se isso
for bem sucedido, então a conclusão pode ser obtida
depois de RAA, por E ~

Fórmula Negada Coloca-se como hipótese a conclusão, sem o símbolo


da negação, para RAA. Se resultar uma contradição, a
conclusão pode ser obtida por RAA

Conjunção Prove cada um dos conjuntos, separadamente, e então


faça a conjunção deles com I ^

Disjunção Se uma premissa disjuntiva está presente, tenta-se provar


os condicionais necessários para obter a conclusão por
E∨. Χασο χοντρ〈ριο, χολοχα−σε χοµο ηιπ⌠τεσε α νεγαο
da conclusão e tenta-se RAA. Algumas vezes, uma
conclusão disjuntiva pode ser provada diretamente,
provando-se um de seus disjuntos e aplicando-se I ∨

Condicional Coloca-se como hipótese o seu antecedente e deriva-se o


seu conseqüente por PC

Bicondicional Use PC, 2 vezes, para provar os dois condicionais


necessários para obter a conclusão por I ↔

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Lógica para Computação
3.4 REGRAS DE INFERÊNCIA PARA QUANTIFICADORES

3.4.1 ELIMINAÇÃO UNIVERSAL (EU)

De uma wff quantificada universalmente, ∀βφ, podemos inferir uma wff, da forma φ α/β , a qual
resulta substituindo-se cada ocorrência da variável β em φ por uma letra nominal α.

∀x Hx |--- Ha

1. ∀x Hx ------------------------------ premissa
2. Ha----------------------------------- 1 EU

Exemplos:

∀x (Hx → Mx), Hs |--- Ms

1. ∀x (Hx → Μx) ------------------------------ premissa


2. Hs---------------------------------------------- premissa
3. Hs → Ms------------------------------------- 1 EU
4. Ms --------------------------------------------- 2, 3 MP

∀x (Px → Cx), ∀x (Cx → Vx) |--- ∀x (Px → Vx)

1. ∀x (Px → Cx) ----------------------------------- premissa


2. ∀x (Cx → Vx) ----------------------------------- premissa
3. Pa → Ca ----------------------------------------- 1 EU
4. Ca → Va ----------------------------------------- 2 EU
5. Pa → Va ----------------------------------------- 3, 4 SH
6. ∀x (Px → Vx) ---------------------------------- 5 IU

3.4.2 INTRODUÇÃO DO UNIVERSAL (IU)

Para uma wff φ contendo uma letra nominal α que não ocorre em qualquer uma das premissas ou em
qualquer hipótese vigente na linha em que φ ocorre, podemos inferir uma wff da forma ∀ β φ β/α, onde

φ β/α é o resultado de se substituir todas as ocorrências de α em φ por uma variável β que não ocorra em φ.
→ no exemplo anterior, na aplicação de IU na linha 6, a wff φ é 'Pa→ Va', a letra nominalα
é 'a', a variável β é 'x' e a fórmula φ β/α é '(Px → Vx)'

A regra de introdução do universal possui algumas restrições, descritas a seguir.

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Lógica para Computação
3.4.2.1 RESTRIÇÕES DE IU

Restrição 1: A letra nominal α não pode ocorrer em qualquer premissa. A seguinte derivação ignora essa restrição e
consequentemente, é inválida:

1. Pa ----------------------------- premissa
2. ∀x Px ------------------------ 1 IU (incorreto)

Restrição 2: A letra nominal α não deve ocorrer em qualquer hipótese vigente numa linha em que φ ocorre (uma
hipótese é vigente numa linha se ela foi introduzida antes dessa linha e ainda não foi descartada naquela linha, em
outras palavras, ela é vigente se a linha vertical começando com a hipótese estende-se para baixo até aquela linha). Isso
impede o tipo de invalidade exibida acima.

1. ∀x (Px → Cx) ------------------------ premissa


2. Pa → Ca ------------------------------ 1 EU
3. Pa -------------------------- hipótese (P/ PC)
4. Ca -------------------------- 2, 3 MP
5. ∀x Cx --------------------- 4 IU (incorreto)
6. Pa → ∀x Cx ------------------------- 3 – 5 PC

Restrição 3: φ β/α é o resultado de substituir todas as ocorrências de α em φ por uma variável β. A ênfase aqui, está na
palavra “todas”. Esta cláusula previne o seguinte tipo de erro:

1. ∀x Lxx ------------------------------ premissa


2. Laa ---------------------------------- 1 EU
3.∀z Lza--------------------------------- 2 IU (incorreto)

Exemplos de derivações válidas

∀x (Fx → (Gx ∨ Hx), ∀x ~Gx |--- ∀x Fx → ∀x Ηx

1. ∀x (Fx → (Gx ∨ Hx)------------------------------- premissa


2. ∀x ~Gx ---------------------------------------------- premissa
3. Fa → (Ga ∨ Ha) ----------------------------------- 1 EU
4. ~Ga -------------------------------------------------- 2 EU
5. ∀x Fx ------------------------------------- hipótese (p/PC)
6. Fa ----------------------------------------- 5 EU
7. Ga → Ha -------------------------------- 3, 6 MP
8. Ha ---------------------------------------- 4, 7 SD
9. ∀x Hx ----------------------------------- 8 IU
10. ∀x Fx → ∀x Hx --------------------------------- 5 – 9 PC

Prof. Simone C. Mendes Paiva 32


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3.4.3 INTRODUÇÃO EXISTENCIAL (IE)

Dada uma wff φ contendo uma letra nominal α, podemos inferir uma wff da forma ∃β φ β/α, onde φ β/α é o
resultado de se substituir uma ou mais ocorrências de α em φ por uma variável β, que não ocorra em φ.

Exemplo:

Dada a premissa “Fa ∧ Ga” (a suposição de que o indivíduo “a” tem a propriedade F e G, podemos inferir “ ∃x (Fx ^
Gx)”.
Prova:
1. Fa ∧ Ga ------------------------ premissa
2. ∃x (Fx ∧ Gx) ----------------- 1 IE

em que....
α é 'a'
β é 'x'
φ β/α é '(Fx∧ Gx)

Em contraste com o casa para IU a variável β não precisa substituir todas as ocorrências de α em φ; é preciso substituir
somente uma, ou mais. Assim, as duas demonstrações a seguir estarão corretas:

1. Fa ∧ Ga -------------------------------- premissa
2. ∃x (Fx ∧ Ga) -------------------------- 1 IE

1. Fa ∧ Ga -------------------------------- premissa
2. ∃x (Fx ∧ Gx) -------------------------- 1 IE

3.4.4 ELIMINAÇÃO DO EXISTENCIAL (EE)


Dada uma wff quantificada existencialmente ∃ β φ e uma derivação de alguma conclusão ψ de uma hipótese da forma
φ α/β (o resultado de se substituir cada ocorrência da variável β em φ por uma letra nominal α que não ocorra em φ),

podemos descartar φ α/β e reafirmar ψ. Restrição: A letra nominal α não pode ocorrer em ψ, nem em qualquer
premissa, nem em qualquer hipótese vigente na linha em que EE é aplicada.

∃x(Fx∧Gx) |--∃x Fx

1. ∃x (Fx ∧ Gx) ------------------------ premissa


2. Fa ∧ Ga ------------------ hipótese (p/EE)
3. Fa ------------------------ 2 E ∧
4. ∃x Fx ----------------------- 3 IE
5. ∃x Fx ------------------------------- 1, 2 – 4 EE

A regra de eliminação do existencial, assim como a regra de introdução do universal, possui restrições.

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3.4.4.1 RESTRIÇÕES EE

Restrição 1: A letra nominal α não pode ocorrer em φ.

1. ∀x ∃y F(y,x) --------------------------------premissa
2. ∃y F(y,a) ----------------------------------- 1 EU não pode!
3. F(a,a) ---------------------------- hipótese (p/EE)
4. ∃x F(x,x) ------------------------ 3 IE
5. ∃x F(x,x) ---------------------------------- 2, 3 – 4 EE (incorreto)

Restrição 2: A letra nominal α não deve ocorrer em ψ(a conclusão de uma derivação hipotética.

1. ∃x H(x,x) ------------------------------------ premissa


2. H(a,a) ----------------------------- hipótese (p/EE) erro!
3. ∃x H(a,x) ------------------------- 2 IE
4. ∃x H(a,x) ------------------------------------ 1, 2 – 3 EE (incorreto)

Restrição 3: α não pode ocorrer em qualquer premissa.

1. ∃x Gx ------------------------------------ premissa
2. Fa ---------------------------------------- premissa erro!
3. Ga ---------------------------- hipótese (p/EE)
4. Fa ∧ Ga --------------------- 2, 3 I ∧
5. ∃x (Fx ∧ Gx) --------------- 4 IE
6.∃x (Fx ∧ Gx) ---------------------------- 1, 3 – 5 EE (incorreto)

Restrição 4: α não pode ocorrer em qualquer hipótese vigente na linha em que EE é aplicada.

1. ∃x Gx --------------------------------------- premissa
2. Fa -------------------------------- hipótese (p/PC)
3. Ga --------------------- hipótese (p/EE)
4. Fa ∧ Ga --------------- 2, 3 I ∧
5. ∃x (Fx ∧ Gx) --------- 4 IE
6. ∃x (Fx ∧ Gx) ------------------- 1, 3 – 5 EE (incorreto)
7. Fa → ∃x (Fx ∧ Gx) --------------------- 2 – 6 PC

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ANEXO 1

REGRAS BÁSICAS

Redução ao absurdo (RAA) Exibida uma derivação de uma contradição a partir de


uma hipótese φ, descarta-se a hipótese e infere-se ~φ.

Eliminação da negação (~E) De uma wff da forma ~~φ, infere-se φ.

Prova condicional (PC) Exibida uma derivação de uma wff ψ a partir de uma
hipótese φ, descarta-se a hipótese e infere-se ψ → φ .

Modus ponens (MP) De uma condicional e seu antecedente, infere-se o seu


conseqüente.

Introdução da conjunção (I ∧) De quaisquer wffs φ e ψ, infere-se a conjunção φ ^ ψ.

Eliminação da conjunção (E ∧) De uma conjunção infere-se cada um de seus


conjunctos.

Introdução da disjunção (I ∨) De uma wff φ, infere-se a disjunção de φ com qualquer


wff.

Eliminação da disjunção (E ∨) De wffs de formas φ ∨ ψ, φ → χ e ψ → χ, infere-se χ.

Introdução do bicondicional (I ↔) De wffs de formas φ → ψ e ψ → φ, infere-se φ ↔ ψ.

Eliminação do bicondicional (E ↔) De wff da forma φ ↔ ψ, infere-se φ → ψ ou ψ → φ.

REGRAS DE EQUIVALÊNCIA

~(P ^ Q) ↔ (∼P ∨ ~Q) Lei de De Morgan (DM)


~(P ∨ Q) ↔ (~P ^ ~Q) Lei de De Morgan (DM)
(P ∨ Q) ↔ (Q ∨ P) Comutação (COM)
(P ^ Q) ↔ (Q ^ P) Comutação (COM)
(P ∨ (Q ∨ R)) ↔ ((P ∨ Q) ∨ R) Associação (ASSOC)
(P ^ (Q ^ R)) ∨ ((P ^ Q) ^ R) Associação (ASSOC)
(P ^ (Q ∨ R)) ↔ ((P ^ Q) ∨ (P ^ R)) Distribuição (DIST)
(P ∨ (Q ^ R)) ↔ ((P ∨ Q) ^ (P ∨ R)) Distribuição (DIST)
P ↔ ~~P Dupla Negação (DN)
(P → Q) ↔ (~Q → ~P) Transposição (TRANS)
(P → Q) ↔ (~P ∨ Q) Implicação Material (IM)
((P ^ Q) → R) ↔ (P → (Q → R)) Exportação (EXP)
P ↔ (P ^ P) Tautologia (TAUT)
P ↔ (P ∨ P) Tautologia (TAUT)

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REGRAS DERIVADAS

Modus tollens (MT) De wffs de formas φ → ψ e ~ψ, infere-se ~φ.

Silogismo hipotético (SH) De wffs de formas φ → ψ e ψ → χ, infere-se φ → χ.

Absorção (ABS) De uma wff da forma φ → ψ, infere-se φ → (φ ^ ψ).

Dilema construtivo (DC) De wffs de forma φ ∨ ψ, φ → χ e ψ → ω, infere-se


χ ∨ ϖ.

Repetição (RE) De qualquer wff φ, infere-se φ.

Contradição (CONTRAD) De wffs de formas φ e ~φ, infere-se qualquer wff.

Silogismo disjuntivo (SD) De wffs de formas φ ∨ ψ e ∼φ , infere-se ψ.

Introdução de teorema (IT) Qualquer instância substitutiva de um teorema pode ser


introduzida em qualquer linha de uma prova.

Introdução de Equivalência Se φ e ψ são interderiváveis e φ é uma subwff de


(a abreviação usada depende alguma wff χ, de χ infere-se o resultado da substituição
da equivalência utilizada) de uma ou mais ocorrências de φ em χ por ψ.

Prof. Simone C. Mendes Paiva 36


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