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O menino cego

Andando por aí vi um menino. Era meio moreno. Alto. Cheio de convicções. Fabiano. Era cego e
não sabia ler o mundo. Tropicava pelas coisas, ainda não apredera ouvir coisas inaudíveis aos
incautos olhudos; as pernas eram tortas e o caminhar prosseguia com certezas e muitos hematomas.
Num certo dia, sem dar ouvidos a ninguém, deu de ombros aos reclames da mãe, do avô e da irmã,
e foi se aventurar por uma trilha perigosa estreita e insegura. Deu de ombros aos avisos todos. A
trilha o levara para uma caverna cheia de uma luz aparente, era linda.
Ali sentia coisas jamais sentidas, coisas de todo tipo, as paredes de uma forma eram macias talvez,
de outra pareciam pedregulhos, tudo ali era quente, aconchegante para o descanso e sentia um
perfume exalado por alguma coisa... Andando ele procura aquilo que o instigara. Era prazeroso
andar por ali, mas ao mesmo tempo era penoso. O cheiro, o calor, os sentidos, tudo era tão
confortável. Era como estar envolvo nalgo que elevasse o espírito, a alma, parecia que os melhores
desejos haviam se posto diante de ti. E, assim, ele procurava mais ao fundo o local de origem do tal
cheiro, que parecia como a busca pela felicidade. Se afundava feliz num caminho tortuoso e
prazeroso, era confortável estar ali. As paredes chamuscavam a pele, mas ele pouco se importava.
Era tudo cada vez mais estreito. Enlouquecia o juizo, fazia pouco da razão cartesiana e mesmo da
dialética. Era puramente sentimental, dos sentidos mesmo. Uma empiria ligada aos dedos, ao nariz,
a pele, aos pés. Tudo estava ligado que se podia vivenciar pelos sentidos.
O prazer ali o enlouquecia, ele esquecia a voz rouca dos avisos múltiplos de cada parente seu, mais
mais latentes aos ouvidos, mas que ao mesmo tempo mais distantes do coração do rapaz, e seguia
ao fundo da caverna e que ao caminhar, andava feito em trilha, só que se esgueirando por aqui e por
ali nas paredes difíceis inusuais.
Amarrado nesse caminho ele finalmente enxerga uma imagem. Era a primeira vez que pensava abrir
os olhos, que pensava ohar em volta, ver coisas em fronte de si e ao redor. Era a primeira vez que
pensava ver algo! Ali ajoelhado, as pernas todas arranhadas, os braços já com hematomas, e sem
perceber, já se ia algum tempo, via no meio das rochas uma flor. Parecia uma bardana mestiça, cuja
raíz fazia cura se fosse a flor certa. O menino desenterra rapidamente a flor, com raiz e tudo! Sai
correndo pelo esguio caminho que trouxe até ali. Tenta chegar até sua casa, ou pelo menos o que
sobrara das memórias esquecidas, dos tijolos deixados, da memória de si mesmo, que pelo caminho
do tempo tinha deixado.
Já em casa, ferido tudo, exergando coisas que ainda não tinha visto. Olhando ao redor imagens que
pouco faziam sentido, pegou sua bardana, com raíz e tudo e fez um chá para curar as feridas que o
deixavam enfermo, doente e doído. Pois, não só o corpo lhe doía, mas a vida deixada, a mémoria do
que tudo era e do que poderia ter sido antes da caverna que lhe deixara despedaçado, torturado pelo
caminho, pelas paredes e pelo cheiro da bela bardana. Era a cura! Pensava ele!
Então, ali parado, já sobre si, punha-se a fazer um chá com as raízes, limpas com uma água de uma
torneira que ele podia abrir. Ele podia ver agora que estava machucado sim. O rapaz agora já mais
velho sentia mais, falava menos e tinha medo. Fabiano tinha dor por todo o corpo e perseguia a
cura, pois a antiga trilha pelo que lhe parecia afável e agradável aos sentidos tinha lhe feito mal.
O chá ferve, o cheiro sobe, da chaleira no fogão para o copo na mesa, a distância e pressa o fazia
ânsia pela cura o turvar de ansiedade. Quente, quase fervendo, lhe põe na goela cada gota do chá
feito das raízes da tal bardana mestiça. O doce ali se deixou levar pelo azedume de um veneno que
lhe tirou o vigor, a força da vida e as cores dos sentidos. Era dia 11 de Março de 2014 e morreu o
que foi um menino.

Por Heitor Claro

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