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INQUÉRITO POLICIAL

1. Natureza Jurídica do Inquérito Policial

O inquérito policial é uma sequência de atos administrativos, sem uma ordem pré-definida em lei, que se
realizam, a princípio, de acordo com a discricionariedade da autoridade policial.
Assim, se o inquérito policial é uma sequência de atos praticados pela autoridade policial ou sob a sua
presidência, caracteriza-se como procedimento de natureza meramente administrativa.
Ressalte-se que os atos do inquérito são praticados, em regra, de acordo com a necessidade, utilidade e
possibilidade para aquela investigação, ou seja, destaca-se a discricionariedade da autoridade policial na orienta-
ção e ordem dos atos de um inquérito policial. Por tal motivo, por não seguir um procedimento pré-definido em lei,
o inquérito policial não é um processo, como ocorre com os procedimentos judiciais.
Juízes, na presidência dos atos processuais, devem seguir um rito formal, cuja ordem dos atos é definida
legalmente. O desrespeito a essa sequência legalmente definida gera, no caso de um processo, nulidade.
Repare que no inquérito policial não há que se falar em nulidades. E tal fato se dá porque o inquérito poli-
cial não é formal.

2. Conceito de Inquérito Policial

O Inquérito Policial é um procedimento administrativo, presidido pela autoridade policial, de caráter infor-
mativo e inquisitivo, que tem por fim colher prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria, buscan-
do viabilizar o exercício da ação penal.
É, assim, um conjunto de diligências realizadas pela Polícia Judiciária, para a apuração do fato tido como
criminoso e sua autoria, de forma a permitir o exercício da ação penal por parte do seu titular, que, nos crimes de
ação penal pública, é o Ministério Público.

3. Finalidade e objeto do Inquérito Policial

O art. 4º do CPP estabelece que a polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território
de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Assim, a finalidade precípua do inquérito policial é a de recolher indícios de autoria e prova da materiali-
dade do crime, de forma a viabilizar o exercício da ação penal por seu titular.
Contudo, não podemos afirmar que a finalidade do inquérito seria a de garantir o exercício da ação penal,
já que, inúmeras vezes, o inquérito atinge seu objetivo, colhendo provas da materialidade e indícios de autoria, e
nem por isso a ação penal chega a ser exercida. Veja por exemplo a hipótese na qual, muito embora materialida-
de e autoria estejam demonstradas no inquérito, e o Ministério Público acaba por requerer o arquivamento em
face da prescrição do crime, morte do agente, ou qualquer outro motivo que inviabilize a ação penal naquele caso
concreto.
Por tal motivo, apesar de servir como lastro probatório mínimo ou subsídio à futura ação penal, preferimos
indicar que a finalidade do inquérito é mesmo a de colher provas da infração e de sua autoria.
Observa-se então que o objeto de investigação de um inquérito policial é o fato, sendo, de acordo com o
processo penal moderno, completamente equivocada a ideia de que o objeto do inquérito seria o indiciado. Não
estamos mais na Inquisição! E o inquérito policial, embora adote um modelo linear, no qual a autoridade policial,
de forma inquisitiva, ou seja, SEM contraditório e ampla defesa, e impessoal, APURA OS FATOS, e não o indicia-
do.

4. Características do Inquérito Policial

4.1. Inquisitivo ou inquisitório

O inquérito policial é um procedimento linear presidido pela autoridade policial, que, regida pela impessoa-
lidade e discricionariedade, realiza as diligências com a finalidade de esclarecer o fato objeto da investigação.
Assim, não se tratando de um procedimento “de partes”, não há que se falar em contraditório e ampla defesa.
O inquérito policial é, portanto, inquisitivo ou inquisitório.
Entretanto, importante ressaltar que o caráter inquisitivo do inquérito não justifica que se encare o indicia-
do como objeto da investigação. Como mencionado anteriormente, o objeto da investigação é o fato.

4.2. Discricionário

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O delegado de polícia conduz as investigações do inquérito policial de acordo com sua discricionariedade.
Isso significa que a autoridade policial que presidir o inquérito realizará diligências de acordo com seu critério de
necessidade, possibilidade e utilidade ao esclarecimento do fato criminoso, de suas circunstâncias e autoria. Atua,
portanto, dentro de um critério de conveniência e oportunidade.
A discricionariedade do inquérito policial comporta, entretanto, algumas exceções: exame de corpo de de-
lito; requisição do Juiz ou do Ministério Público e auto de prisão em flagrante.

4.3. Dispensável

O Inquérito policial não passa de uma peça de informação, podendo ser substituído por peças outras des-
de que os elementos necessários ao exercício da ação penal ali estejam presentes.

4.4. Sistemático

Embora não possua um rito pré-estabelecido em lei, o que acarreta a afirmação de que o inquérito não é
formal, é evidente que a autoridade policial realiza as diligências numa ordem que depende de seu próprio juízo
de oportunidade ou conveniência. No entanto, o destinatário do inquérito é órgão distinto daquele que presidiu as
investigações. Espera-se que o delegado, antes de remeter o inquérito ao Ministério Público, elabore um relatório
que demonstre a orientação por ele adotada durante as investigações. Porém, o inquérito não é formal, e eventu-
ais vícios não passam de meras irregularidades, motivo pelo qual um inquérito pode ter um, vários ou nenhum
relatório.
Por tal motivo, é importante que os autos de inquérito estejam organizados respeitando a cronologia das
diligências realizadas. Daí falarmos que o inquérito é sistemático.

4.5. Unidirecional

O IP é instaurado para apurar determinado fato, objeto daquela investigação, NÃO podendo a autoridade
policial direcionar as diligências ali realizadas para fatos estranhos àquele procedimento. Assim, as diligências
realizadas em um inquérito visam esclarecer a materialidade e a autoria do fato objeto da investigação policial.

4.6. Escrito

Prevalece no inquérito a forma documental. Ainda que existam atos produzidos oralmente, devem eles ser
necessariamente reduzidos a termo. O inquérito é escrito, o que, aliás, é característica eminentemente inquisitiva.

4.7. Sigiloso

O sigilo do inquérito tem duas finalidades: a primeira, obviamente, é a de garantir que as próprias diligên-
cias se realizem; enquanto a segunda é garantia do próprio indiciado, contra quem ainda não há indícios suficien-
tes, não se justificando que as meras suspeitas sejam do conhecimento do público em geral. Assim, caso nada
fique comprovado contra o indiciado, será ele devolvido “à sociedade” no status quo ante.
No momento em que uma das funções do sigilo do inquérito é a de resguardar a figura do próprio indicia-
do, não pode ele ser prejudicado por uma garantia que possui, motivo pelo qual o advogado tem garantido o
acesso às diligências já realizadas. Tal garantia é assegurada pelo art. 7º, XIV, do Estatuto da Ordem dos Advo-
o
gados do Brasil (Lei n . 8.906/94).
o
A Súmula Vinculante 14 apenas explicita a prerrogativa estabelecida pela Lei n . 8.906/94, mas, ressalte-
se, não alcança diligências investigatórias de natureza sigilosa ainda em curso, e sim aquelas já encerradas e
documentadas nos autos do inquérito policial.

4.8. Indisponível

Embora regido pela oficialidade (pois o inquérito é conduzido pela polícia judiciária, ou seja, pela Polícia
Federal ou pela Polícia Civil, órgãos de direito público), e pela oficiosidade (em regra, os atos devem ser impulsio-
nados de ofício pela autoridade policial), não poderá o delegado de polícia desistir ou arquivar o inquérito policial.

5. Prazo do Inquérito

O art. 10 do CPP estabelece que o inquérito deverá ser concluído em 10 (dez) dias em caso de indiciado
preso, e em 30 (trinta) dias no caso de indiciado solto ou quando não houver indiciado.

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Este prazo é, no entanto, prazo genérico, devendo ser observada eventual disposição específica em leis
o
extravagantes. Assim, é no caso dos inquéritos em curso na Polícia Federal, já que o art. 66 da Lei n . 5.010/66
estabelece o prazo de 15 (quinze) dias no caso de indiciado preso, podendo este prazo ser prorrogado fundamen-
tadamente por mais 15 (quinze) dias. Referida lei não apresenta um prazo para inquéritos de soltos, aplicando-se
o prazo de 30 (trinta) dias do CPP.
o
Da mesma forma, a Lei de Tóxicos (Lei n . 11.343/2006 ) apresenta prazo especial no art. 51: 30 (trinta)
dias para inquéritos de presos e 90 (noventa) dias para inquéritos de soltos, podendo tais prazos serem duplica-
dos em caso de extrema necessidade.
Devemos lembrar que o prazo de conclusão do inquérito em qualquer uma das hipóteses acima é, na ver-
dade, prazo para a remessa dele ao Ministério Público que, entendendo pela necessidade de continuidade das
investigações, baixará os autos de volta à delegacia por um novo prazo, requisitando diligências.

6. Arquivamento e desarquivamento do Inquérito

Uma vez concluído o Inquérito Policial, o mesmo é remetido ao Ministério Público que, na forma do art. 46
do CPP, terá o prazo de 05 (cinco) dias, se o indiciado estiver preso, ou 15 (quinze) dias, se o indiciado estiver
solto, para oferecer denúncia.
Não podemos fazer interpretação literal. A leitura do art. 46 nos indica, na verdade, que o Ministério Públi-
co tem aquele prazo para formar a opinio deliciti, ou seja, analisar as peças de informação, verificando a presença
ou ausência dos requisitos necessários ao exercício da ação penal, podendo: oferecer denúncia, devolver os au-
tos à delegacia para continuidade da investigação ou ainda requerer o arquivamento.
Quando o membro do Ministério Público requer o arquivamento do inquérito ao juiz, havendo discordância,
o mesmo aplicará o disposto no art. 28 do CPP, ou seja, remeterá os autos ao Procurador-Geral, que poderá:
oferecer a denúncia; designar outro órgão do Ministério Público para oferecer a denúncia; insistir no pedido de
arquivamento, ao qual terá o juiz que atender.
Na hipótese do Procurador Geral designar outro promotor ou procurador para oferecer a denúncia, este
membro do MP recebe verdadeira delegação e, apesar de inúmeras críticas doutrinárias, atua como longa manus,
devendo, apesar de sua independência funcional, oferecer denúncia.
O arquivamento do Inquérito Policial tem natureza jurídica de ato administrativo complexo ou composto,
uma vez que somente se concretiza com a participação do Ministério Público, formador da opinião sobre o crime
(opinio delicti), e do Juiz, fiscal do princípio da obrigatoriedade que rege a atuação do MP.
Por tal motivo, a decisão de arquivamento é administrativa, e dela não há possibilidade de recurso, motivo
pelo qual não faz coisa julgada (exceção à regra geral está na hipótese da promoção de arquivamento fundar-se
na atipicidade da conduta ou ainda na extinção da punibilidade), sendo possível, diante do surgimento de novas
provas, o desarquivamento do inquérito ou mesmo o exercício da ação penal. Neste sentido, temos o art. 18 do
CPP e a súmula 524 do STF.

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18 do CPP e a súmula 524 do STF.

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