1 INTRODUÇÃO
2 ABRANGÊNCIA DA LEI
1
=Cofres públicos.
2
O STF, no julgamento da ADI 2.182/DF (Informativos 586 e 599), realizado em 12/05/2010,
publicação DJ 10/09/2010, examinando a Lei n° 8.429/92 sob o aspecto da inconstitucionalidade
formal, considerou a norma questionada constitucional, ao entender que o caminho percorrido
pela lei no Congresso Nacional ocorreu sem vícios. Argui-se sua inconstitucionalidade, ora
afastada, pois o projeto de lei foi encaminhado à Câmara dos Deputados pelo Executivo, onde foi
aprovado. No Senado, ele teria sido totalmente modificado por meio de substitutivo. Ao voltar
para a Câmara, o projeto teria sido mais uma vez modificado. Porém, em vez de ser arquivado
ou voltar para o Senado (que atuaria como Casa revisora), o projeto foi encaminhado à sanção
presidencial. Para a maioria dos Ministros do STF, no entanto, a alteração realizada pelo Senado
foi meramente formal, e não no conteúdo.
O exame da constitucionalidade material da Lei de Improbidade Administrativa será tratado no
julgamento da ADI 4295. Acompanhe o julgamento.
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de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do
patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta
lei.
No parágrafo único deste artigo a lei prevê mais duas alternativas que se
destacam:
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os
atos de improbidade praticados contra o patrimônio de
entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal
ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja
criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com
menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita
anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
As disposições desta lei abrangem os atos de improbidade administrativa
praticados contra:
I - a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território;
II - empresa incorporada ao patrimônio público;
III - entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra
com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual;
IV - patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo,
fiscal ou creditício, de órgão público;
V - entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra
com menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual.
Importante destacar que, nos três primeiros casos, a responsabilidade é
integral. Nos dois últimos, a sanção patrimonial limita-se à repercussão do
ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos, ou seja, o ressarcimento será
limitado ao prejuízo dos cofres públicos.
Atenção: esse é o tipo de exceção à regra que tem boas chances de ser
cobrada em concurso!
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O gênero agentes públicos inclui todas as pessoas que, de uma forma ou de
outra, mesmo que transitoriamente e sem remuneração, prestam algum tipo
de serviço ao Estado.
Entre os agentes, encontram-se três espécies principais, quais sejam, os
agentes políticos, os agentes em delegação e os servidores públicos.
Agentes políticos são os que compõem os altos escalões do Governo, como
Presidente da República, Governador, Prefeito, Senador, Deputado, Vereador,
Magistrado e membro do Ministério Público, com características, prerrogativas
e privilégios próprios, em geral estabelecidos pela Constituição Federal.
Já os agentes em delegação são aqueles particulares que recebem do Estado
a competência para executar determinada atividade pública, ou prestação de
serviço público ou, ainda, construção de obra pública. Citem-se os leiloeiros,
peritos, tradutores, concessionários, permissionários e autorizatários.
Servidores públicos, em sentido amplo, são todos os que prestam serviços
ao Estado, incluindo a Administração Pública Indireta, tendo vínculo
empregatício e sendo pagos pelos cofres públicos. São também chamados de
agentes administrativos. Nessa classificação estão tanto os servidores
estatutários, sujeitos ao regime legal, quanto os empregados públicos, do
regime contratual, além dos temporários, nos termos do art. 37, IX, da
CF/88.
Os servidores estatutários, também chamados de funcionários públicos
(como na CF/67), são os titulares de cargos públicos e estão sujeitos ao
regime legal, ou estatutário, pois é lei de cada ente da Federação (União,
Estados-membros, Distrito Federal e Municípios) que estabelece as regras de
relacionamento entre os servidores e a Administração Pública.
Empregados públicos são aqueles contratados, seguindo o regime
trabalhista, próprio da iniciativa privada. Assim, devem obedecer à
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), bem assim as regras impostas pela
CF/88 (art. 37).
Por sua vez, os temporários são aqueles contratados para atividades
transitórias, emergenciais, submetidos a um regime jurídico especial3. Essa
classe está prevista no art. 37, IX, da CF/88.
Seguindo outra classificação, de Celso Antônio Bandeira de Mello, seriam
agentes públicos os agentes políticos, os funcionários públicos e os particulares
em colaboração com o Poder Público. Embora com uma divisão um pouco
diferente, esta também inclui todos os retro citados.
Assim, independente da classificação que se use, todos eles deveriam estar
submetidos às prescrições da Lei de Improbidade.
Recente julgado do STF, contudo, alterou essa conclusão, limitando o alcance
da Lei.
Note o que ficou decidido na Reclamação n° 2.138/DF, DJ 20/06/2007,
noticiado no Informativo 471:
Agentes políticos, por estarem regidos por normas especiais de
3
Na esfera federal, disciplinado pela Lei n° 8.745/93, com alterações posteriores, em especial
pela Lei n° 10.667/2003 e pelo Decreto n° 4.748/2003, que a regulamenta.
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responsabilidade, não respondem por improbidade administrativa
com base na Lei 8.429/92, mas apenas por crime de
responsabilidade em ação que somente pode ser proposta perante o
STF nos termos do art. 102, I, N c \ da CF. Há distinção entre os
regimes de responsabilidade político-administrativa previstos na CF,
quais sejam, o do art. 37, § 4°, regulado pela Lei 8.429/92, e o
regime de crime de responsabilidade fixado no art. 102, I, c, da CF e
disciplinado pela Lei 1.079/50.
Dessa forma, àqueles passíveis de punição com base no regime de crime de
responsabilidade não se aplica a Lei n° 8.429/92.
Não se afasta, dessa forma, a Lei de Improbidade de todo e qualquer agente
político. Por exemplo, aos membros do Congresso Nacional4 e das outras casas
legislativas, segundo a Constituição, não se pode atribuir a prática de crimes
de responsabilidade5.
Ressalte-se ainda que o julgamento em comento teve diversos votos de
Ministros já aposentados. Segundo opniões dos atuais Ministros do STF, tal
posicionamento não deve ser mantido em futuros julgados.
Recentemente assim se posicionou o STJ:
ACP. PREFEITO. DL. N. 201/1967. LEI N. 8.429/1992.
Cuida-se de ação civil pública (ACP) ajuizada contra ex-prefeito pela
falta de prestação de contas no prazo legal referente a recursos
repassados pelo Ministério da Previdência e Assistência Social. Nesse
panorama, constata-se não haver qualquer antinomia entre o DL n.
201/1967 (crimes de responsabilidade), que conduz o prefeito ou
vereador a um julgamento político, e a Lei n. 8.429/1992 (Lei de
4
QO em Pet 3.923/SP, relator Ministro Joaquim Barbosa, publicação DJ 26/09/2008,
Informativos 471 e 521: Deputado Federal, condenado em ação de improbidade administrativa,
em razão de atos praticados à época em que era prefeito municipal, pleiteia que a execução da
respectiva sentença condenatória tramite perante o Supremo Tribunal Federal, sob a alegação
de que: (a) os agentes políticos que respondem pelos crimes de responsabilidade tipificados no
Decreto-Lei 201/1967 não se submetem à Lei de Improbidade (Lei 8.429/1992), sob pena de
ocorrência de bis in idem; (b) a ação de improbidade administrativa tem natureza penal e (c)
encontrava-se pendente de julgamento, nesta Corte, a Reclamação 2138, relator Ministro Nelson
Jobim. O pedido foi indeferido sob os seguintes fundamentos: 1) A lei 8.429/1992 regulamenta o
art. 37, parágrafo 4° da Constituição, que traduz uma concretização do princípio da moralidade
administrativa inscrito no caput do mesmo dispositivo constitucional. As condutas descritas na
lei de improbidade administrativa, quando imputadas a autoridades detentoras de prerrogativa
de foro, não se convertem em crimes de responsabilidade. 2) Crime de responsabilidade ou
impeachment, desde os seus primórdios, que coincidem com o início de consolidação das atuais
instituições políticas britânicas na passagem dos séculos XVII e XVIII, passando pela sua
implantação e consolidação na América, na Constituição dos EUA de 1787, é instituto que traduz
à perfeição os mecanismos de fiscalização postos à disposição do Legislativo para controlar os
membros dos dois outros Poderes. Não se concebe a hipótese de impeachment exercido em
detrimento de membro do Poder Legislativo. Trata-se de contraditio in terminis. Aliás, a
Constituição de 1988 é clara nesse sentido, ao prever um juízo censório próprio e específico para
os membros do Parlamento, que é o previsto em seu artigo 55. Noutras palavras, não há falar
em crime de responsabilidade de parlamentar. 3) Estando o processo em fase de execução de
sentença condenatória, o STF não tem competência para o prosseguimento da execução. O
Tribunal, por unanimidade, determinou a remessa dos autos ao juízo de origem.
5
STF, ADI 2.797/DF, DJ 19/12/2006, e Pet 3.923 QO/SP, DJ 20/06/2007, Informativo 471.
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Improbidade Administrativa - LIA), que os submete a julgamento
pela via judicial pela prática dos mesmos fatos. Note-se não se
desconhecer que o STF, ao julgar reclamação, afastou a
aplicação da LIA a ministro de Estado, julgamento de efeito
inter pars. Mas lá também ficou claro que apenas as poucas
autoridades com foro de prerrogativa de função para o
processo e julgamento por crime de responsabilidade,
elencadas na Carta Magna (arts. 52, I e II; 96, III; 102, I, c;
105, I, a, e 108, I, a, todos da CF/1988), não estão sujeitas a
julgamento também na Justiça cível comum pela prática da
improbidade administrativa. Assim, o julgamento, por esses atos
de improbidade, das autoridades excluídas da hipótese acima
descrita, tal qual o prefeito, continua sujeito ao juiz cível de primeira
instância. Desinfluente, dessarte, a condenação do ex-prefeito na
esfera penal, pois, conforme precedente deste Superior Tribunal,
isso não lhe assegura o direito de não responder pelos mesmos fatos
nas esferas civil e administrativa. Por último, vê-se da leitura de
precedentes que a falta da notificação constante do art. 17, § 7°, da
LIA não invalida os atos processuais posteriores, a menos que ocorra
efetivo prejuízo. No caso, houve a citação pessoal do réu, que não
apresentou contestação, e entendeu o juiz ser prescindível a referida
notificação. Portanto, sua falta não impediu o desenvolvimento
regular do processo, pois houve oportunidade de o réu apresentar
defesa, a qual não foi aproveitada. Precedentes citados do STF: Rcl
2.138-DF, DJe 18/4/2008; Rcl 4.767-CE, DJ 14/11/2006; HC
70.671-PI, DJ 19/5/1995; do STJ: EDcl no REsp 456.649-MG, DJ
20/11/2006; REsp 944.555-SC, DJe 20/4/2009; REsp 680.677-RS,
DJ 2/2/2007; REsp 619.946-RS, DJ 2/8/2007, e REsp 799.339-RS,
DJ 18/9/2006.6 (grifou-se)
A competência judicial para apurar ato de improbidade praticados pelos demais
agente é do juiz de 1° grau.7
6
STJ, REsp 1.034.511/CE, relatora Ministra Eliana Calmon, DJ 22/09/2009, Informativo 405.
7
STF, Pet 4.498/AM, relator Ministro Ricardo Lewandowski, DJ 31/03/2009. Ressalte-se que a
Lei n° 10.628/2002 acrescentou o § 2° ao artigo 84 do Código de Processo Penal com a seguinte
redação: § 2° A ação de improbidade, de que trata a Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992, será
proposta perante o tribunal competente para processar e julgar criminalmente o funcionário ou
autoridade na hipótese de prerrogativa de foro em razão do exercício de função pública... No
entanto, tal parágrafo foi julgado inconstitucional pelo STF - ADI 2.792/DF e ADI 2.860/DF,
relator Ministro Sepúlveda Pertence: ... IV. Ação de improbidade administrativa: extensão da
competência especial por prerrogativa de função estabelecida para o processo penal
condenatório contra o mesmo dignitário (§ 2° do art. 84 do C Pr Penal introduzido pela L.
10.628/2002): declaração, por lei, de competência originária não prevista na Constituição:
inconstitucionalidade. ... 5. De outro lado, pretende a lei questionada equiparar a ação de
improbidade administrativa, de natureza civil (CF, art. 37, § 4°), à ação penal contra os mais
altos dignitários da República, para o fim de estabelecer competência originária do Supremo
Tribunal, em relação à qual a jurisprudência do Tribunal sempre estabeleceu nítida distinção
entre as duas espécies.
No mesmo sentido: STF, RE 439.723/SP, relator Ministro Celso de Mello, publicação DJ
17/12/2009, Informativo 572 - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. AÇÃO CIVIL. LITISCONSORTE
PASSIVO QUE ERA, À ÉPOCA DA INSTAURAÇÃO DO PROCESSO JUDICIAL, JUIZ INTEGRANTE DE
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO. COMPETÊNCIA DE MAGISTRADO DE PRIMEIRO GRAU.
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Até recentemente, a jurisprudência entendia que sempre cabia ao juiz de 1°
grau tal julgamento. Contudo, tal posicionamento começou a mudar quando
um dos Ministros do STF foi "parar" no pólo passivo de uma ação de
improbidade.
Veja:
Ação civil pública. Ato de improbidade administrativa. Ministro do
Supremo Tribunal Federal. Impossibilidade. Competência da Corte
para processar e julgar seus membros apenas nas infrações penais
comuns. 1. Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar ação de
improbidade contra seus membros. 2. Arquivamento da ação quanto
ao Ministro da Suprema Corte e remessa dos autos ao Juízo de 1°
grau de jurisdição no tocante aos demais.8
Seguindo tal raciocínio, o STJ passou a entender que esse mesmo tipo de ação,
quando interposta em desfavor de Governador, deveria ser por ele julgada:
CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA. AÇÃO DE IMPROBIDADE CONTRA
GOVERNADOR DE ESTADO. DUPLO REGIME SANCIONATÓRIO DOS
AGENTES POLÍTICOS: LEGITIMIDADE. FORO POR PRERROGATIVA
DE FUNÇÃO: RECONHECIMENTO. USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA DO
STJ. PROCEDÊNCIA PARCIAL DA RECLAMAÇÃO.
1. Excetuada a hipótese de atos de improbidade praticados pelo
Presidente da República (art. 85, V), cujo julgamento se dá em
regime especial pelo Senado Federal (art. 86), não há norma
constitucional alguma que imunize os agentes políticos, sujeitos a
crime de responsabilidade, de qualquer das sanções por ato de
improbidade previstas no art. 37, § 4.°. Seria incompatível com a
Constituição eventual preceito normativo infraconstitucional que
impusesse imunidade dessa natureza.
2. Por decisão de 13 de março de 2008, a Suprema Corte, com
apenas um voto contrário, declarou que "compete ao Supremo
Tribunal Federal julgar ação de improbidade contra seus membros"
(QO na Pet. 3.211-0, Min. Menezes Direito, DJ 27.06.2008).
Considerou, para tanto, que a prerrogativa de foro, em casos tais,
decorre diretamente do sistema de competências estabelecido na
Constituição, que assegura a seus Ministros foro por prerrogativa de
função, tanto em crimes comuns, na própria Corte, quanto em
crimes de responsabilidade, no Senado Federal. Por isso, "seria
absurdo ou o máximo do contra-senso conceber que ordem jurídica
permita que Ministro possa ser julgado por outro órgão em ação
diversa, mas entre cujas sanções está também a perda do cargo.
Isto seria a desestruturação de todo o sistema que fundamenta a
distribuição da competência" (voto do Min.Cezar Peluso).
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3. Esses mesmos fundamentos de natureza sistemática autorizam a
concluir, por imposição lógica de coerência interpretativa, que
norma infraconstitucional não pode atribuir a juiz de primeiro
grau o julgamento de ação de improbidade administrativa,
com possível aplicação da pena de perda do cargo, contra
Governador do Estado, que, a exemplo dos Ministros do STF,
também tem assegurado foro por prerrogativa de função,
tanto em crimes comuns (perante o STJ), quanto em crimes^ de
responsabilidade (perante a respectiva Assembléia Legislativa). É de
se reconhecer que, por inafastável simetria com o que ocorre em
relação aos crimes comuns (CF, art. 105, I, a), há, em casos tais,
competência implícita complementar do Superior Tribunal de
Justiça.9 (grifou-se)
Então, pode-se concluir que, hoje, em regra, cabe ao juiz de 1° grau o
julgamento, com exceções, conforme julgados retro reproduzidos.
Mesmo aquele que não é agente público pode ser alcançado, no que couber,
pelas sanções da lei de improbidade administrativa. É isso que determina o art.
3°:
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber,
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra
para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob
qualquer forma direta ou indireta.
Ou seja, mesmo aquele que NÃO é agente público, se:
I - induzir;
II - concorrer, ou;
III - se beneficiar;
de ato de improbidade administrativa, estará sujeito às disposições desta Lei10.
Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente
para que seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de
improbidade (art. 14). A representação, que será escrita ou reduzida a termo e
assinada, conterá a qualificação do representante, as informações sobre o fato
e sua autoria e a indicação das provas de que tenha conhecimento (art. 14, §
1°). Porém, importa ressatar que constitui crime a representação por ato de
improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor da
denúncia o sabe inocente, passível de pena de detenção de seis a dez meses e
multa (art. 19). Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o
9
STJ, Rcl 2.790/SC, relator Ministro Teori Albino Zavascki, publicação DJ 04/03/2010.
10
STJ, REsp 1.138.523-DF, relatora Ministra Eliana Calmon, DJ 04/03/2010, Informativo 424:
Em sede de ação civil pública por ato de improbidade administrativa, é possível o
prosseguimento do processo contra particulares, ainda que os servidores públicos apontados
inicialmente como co-réus tenham sido excluidos do pólo passivo da demanda. Os sujeitos ativos
dos atos de improbidade administrativa não são apenas os servidores públicos, mas todos
aqueles que estejam abarcados no conceito de agente público (arts. 1° a 3° da Lei 8.429/1992).
A interpretação de tais dispositivos permite afirmar que o legislador adotou conceito de grande
abrangência no tocante à qualificação de agentes públicos submetidos à referida legislação, a
fim de incluir, na sua esfera de responsabilidade, todos os agentes públicos, servidores ou não,
que incorram em ato de improbidade administrativa.
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denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado
(art. 19, parágrafo único).
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Destaque-se que as ações de ressarcimento são imprescritíveis (parte
final do § 5°, art. 37, CF/88), ou seja, podem ser propostas e cobrado o
prejuízo a qualquer tempo11.
Por sua vez, o art. 5° da Lei assim fixou:
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão,
dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral
ressarcimento do dano.
Desse comando, podemos destacar:
I - o ressarcimento do dano deverá ser integral;
II - a lesão pode advir de ação ou omissão;
III - a lesão pode ser dolosa ou culposa.
Diz-se que a conduta (ação ou omissão) é dolosa quando praticada com a
vontade de produzir o resultado (dolo direto), ou assumindo o risco produzi-lo
(dolo eventual), ou seja, o agente prevê que será possível a concretização do
resultado e a ele é indiferente (art. 18, I12, Código Penal).
Por sua vez, será culposa a conduta quando o agente dá causa ao resultado
por imprudência, negligência ou imperícia (art. 18, II13, Código Penal). Neste
caso, ele não quer o resultado, tampouco assume o risco de produzi-lo, mas a
ele dá causa.
A Lei n° 8.112/90, Estatuto dos Servidores Públicos Federais, contém regra
semelhante:
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a
terceiros.
Naturalmente que, se não há prova de que o agente teve intenção ou culpa e
tampouco comprovação do dano da conduta, não há como imputar ao agente
público ato de improbidade administrativa, ou pretender puni-lo com as penas
previstas para tal conduta, como o ressarcimento dos supostos danos.14
Por fim, para atingir o objetivo de ver-se ressarcido do prejuízo, o Poder
Público pode lançar mão, entre outros, da indisponibilidade, do seqüestro ou
do perdimento de bens.
11
STJ, RESP 328.391/DF, relator Ministro Paulo Medina, publicação DJ 02/12/2002.
12
Art. 18 Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo;
13
Art. 18 Diz-se o crime: (...) II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia.
14
STJ, RESP 621.415/MG, relatora Ministra Eliana Calmon, julgamento 16/02/2006.
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Note que pouco importa se houve ou não lesão ao erário. Aqui é tratado
apenas do enriquecimento ilícito do agente ou terceiro. Então, ainda que não
haja lesão ao erário, pode haver perdimento.
A diferença entre perdimento de bens e outras penalidades sobre o patrimônio
do agente público serão analisadas adiante.
Assim foi redigido o art. 6°:
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou
terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.
15
TRF 4 a Região, AI 1999.04.01.095390-1/RS, relator Juiz Teori Albino Zavascki, publicação DJ
17.05.2000.
16
STJ, REsp 957.766/PR, relator Ministro Luiz Fux, DJ 23/03/2010, Informativo 426: A
indisponibilidade de bens decretada em ação civil pública (ACP) por ato de improbidade
administrativa para assegurar o ressarcimento integral de danos causados ao erário pode
abranger a multa civil, caso fixada na sentença condenatória.
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Seqüestro: medida cautelar que visa garantir o bem através da apreensão ou
o depósito judicial de certa coisa, sobre a qual pesa um litígio, ou sujeita a
determinados encargos, a fim de que seja entregue, quando solucionada a
pendência, a quem de direito. Assim, o seqüestro é dirigido contra
determinada coisa, ou coisa especificada, sobre que se litiga. E tem a
finalidade de retirar essa coisa da posse de quem a tem, para trazê-la e
conservá-la em segurança perante o juízo, onde se intenta, ou onde se
pretende intentar a ação. Perde a posse, mas permanece a propriedade.
O seqüestro é uma medida de segurança, que tanto se pode promover como
preparatória, como preventivamente.
Perdimento: o perdimento é medida definitiva que retira do apenado a
propriedade do bem, o qual deixa de lhe pertencer.
Nesse sentido, havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão
processante representará ao Ministério Público ou à procuradoria do órgão para
que requeira ao juízo competente a decretação do seqüestro dos bens do
agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao
patrimônio público (art. 16).
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II - herança de $ 50. O Estado recebe os $ 50 do espólio, nada restando aos
herdeiros;
III - herança de $ 90. O Estado recebe $ 50 do espólio, e os herdeiros
distribuem os restantes $ 40.
Nesse tipo de conduta, a mais grave entre as três espécies, portanto, com as
penalidades mais severas (art. 12), há ato de improbidade administrativa em
que fica configurado que o agente público enriqueceu ilicitamente. Para facilitar
a percepção deste "enriquecimento" note a presença de verbos de ação típicos,
como receber, utilizar, adquirir, aceitar, incorporar etc.
É necessária a leitura atenta a todos os incisos do art. 9°, sem, no entanto, ser
necessária sua memorização. Da simples observação de cada uma das
situações, percebe-se nitidamente que houve acréscimo patrimonial, seja na
forma de incremente no seu patrimônio (ex. incisos I a III), seja na forma de
não redução do mesmo (ex. incisos IV, XI, XII), ou seja, não gasta seus
valores para obter a vantagem indevida.
Ressalte-se, ainda, que tal rol é meramente exemplificativo. Constitui ato de
improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir
qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de
cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades já mencionadas.
O que a Lei faz é apenas ilustrar com alguns casos.
Aqui pode ou não haver dano ao erário. O incisos II e III, por exemplo,
também causam prejuízo ao erário. Guarde que, nos casos a seguir
relacionados, o foco principal está no enriquecimento ilícito.
Para a maior parte da doutrina, como o art. 9° a seguir reproduzido não prevê
a modalidade culposa, somente haverá punição a título de dolo.
A seguir, o art. 9°:
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando
enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem
patrimonial indevida em razão do exercício de cargo,
mandato, função, emprego ou atividade nas entidades
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mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:
I - Receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel,
ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título
de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha
interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou
amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do
agente público;
II - Perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel,
ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por
preço superior ao valor de mercado;
III - Perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o
fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao
valor de mercado;
IV - Utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas,
equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à
disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta
lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou
terceiros contratados por essas entidades;
V - Receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou
indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar,
de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de
qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal
vantagem;
VI - Receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou
avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre
quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de
mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades
mencionadas no art. 1° desta lei;
VII - Adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato,
cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza
cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à
renda do agente público;
VIII - Aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que
tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por
ação ou omissão decorrente das atribuições do agente
público, durante a atividade;
IX - Perceber vantagem econômica para intermediar a
liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
X - Receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou
indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração
a que esteja obrigado;
XI - Incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,
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rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial
das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
XII - Usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1° desta lei.
17
STJ, REsp 875.163/RS, relatora Ministra Denise Arruda, DJ 01/07/2009: A forma culposa
somente é admitida no ato de improbidade administrativa relacionado à lesão do erário (art. 10
da LIA), não sendo aplicável aos demais tipos (arts. 9° e 11 da LIA).
Embora em geral é aplicada a modalidade culposa, destaque-se julgado do STJ, REsp
939.142/RJ, relator para o Acórdão Ministro Luiz Fux, DJ 10/04/2008:
1. A improbidade administrativa, consubstanciada nas condutas previstas no artigo 11 da Lei
8.429/92, impõe "necessária cautela na exegese das regras nele insertas, porquanto sua
amplitude constitui risco para o intérprete induzindo-o a acoimar de ímprobas condutas
meramente irregulares, suscetíveis de correção administrativa, posto ausente a má-fé do
administrador público e preservada a moralidade administrativa." (REsp 480.387/SP, DJ
24.05.2004) 2. Tanto a doutrina quanto a jurisprudência do STJ associam a improbidade
administrativa à noção de desonestidade, de má-fé do agente público, do que decorre que a
conclusão de que somente em hipóteses excepcionais, por força de inequívoca disposição legal,
é que se admite a sua configuração por ato culposo (artigo 10, da Lei 8.429/92). 3. A doutrina
do tema é assente que 'imoralidade e improbidade devem-se distinguir, posto ser a
segunda espécie qualificada da primeira, concluindo-se pela inconstitucionalidade da
expressão culposa constante do caput do artigo 10 da Lei 8.429/92.' (Aristides
Junqueira, José Afonso da Silva e Weida Zancaner). É que "estando excluída do conceito
constitucional de improbidade administrativa a forma meramente culposa de conduta
dos agentes públicos, a conclusão inarredável é a de que a expressão 'culposa' inserta
no caput do art. 10 da lei em foco é inconstitucional. Mas, além da questão sobre a
possibilidade de se ver caracterizada improbidade administrativa em conduta simplesmente
culposa, o que se desejou, primordialmente, foi fixar a distinção entre improbidade e
imoralidade administrativas, tal como acima exposto, admitindo-se que há casos de imoralidade
administrativa que não atingem as raias da improbidade, já que esta há de ter índole de
desonestidade, de má-fé, nem sempre presentes em condutas ilegais, ainda que causadoras de
dano ao erário." (Improbidade Administrativa - questões polêmicas e atuais, coord. Cassio
Scarpinella Bueno e Pedro Paulo de Rezende Porto Filho, São Paulo, Malheiros, 2001, pág. 108).
4. Destarte, "somente nos casos de lesão ao erário se admitiria a forma culposa —
cumulativamente com a dolosa — de improbidade administrativa, porquanto teria o legislador
silenciado quanto às hipóteses em que não houvesse prejuízo ao patrimônio público. Com efeito,
a forma culposa de lesão aos princípios que regem a atuação dos agentes públicos, por si só,
sem o correspondente prejuízo patrimonial efetivo, não basta para justificar incidência das
sanções de improbidade administrativa, ante o princípio da reserva legal" (Improbidade
Administrativa, Fábio Medina Osório, Porto Alegre, Síntese, 1997, pág. 82). 5. Recurso especial
provido. (grifou-se)
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obstante as acirradas críticas encetadas por parte da doutrina18.
Repetindo o anterior, o rol aqui também é exemplificativo. Faça a leitura
percebendo que, em cada um dos itens, há prejuízo aos cofres públicos.
Vejamos:
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa
lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que
enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento
ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas
no art. 1° desta lei, e notadamente:
I - Facilitar ou concorrer por qualquer forma para a
incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou
jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
II - Permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei,
sem a observância das formalidades legais ou regulamentares
aplicáveis à espécie;
III - Doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente
despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistenciais,
bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, sem observância das
formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
IV - Permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem
integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas no art.
1° desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por
preço inferior ao de mercado;
V - Permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
ou serviço por preço superior ao de mercado;
VI - Realizar operação financeira sem observância das normas
legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou
inidônea;
VII - Conceder benefício administrativo ou fiscal sem a
observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
à espécie;
VIII - Frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo
indevidamente;
IX - Ordenar ou permitir a realização de despesas não
autorizadas em lei ou regulamento;
X - Agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda,
18
STJ, REsp 816.193/MG, relator Ministro Castro Meira, DJ 21/10/2009: Doutrina e
jurisprudência pátrias afirmam que os tipos previstos no art. 10 e incisos (improbidade por lesão
ao erário público) prevêem a realização de ato de improbidade administrativa por ação ou
omissão, dolosa ou culposa. Portanto, há previsão expressa da modalidade culposa no referido
dispositivo, não obstante as acirradas críticas encetadas por parte da doutrina.
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bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio
público;
19
STJ, AgRg no REsp 777.337/RS, Ministro Mauro Campbell Marques, DJ 18/02/2010: quando
se tratar da defesa de um ato pessoal do agente político, voltado contra o órgão público, não se
pode admitir que, por conta do órgão público, corram as despesas com a contratação de
advogado.
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correspondendo, portanto, às penalidade menos severas do art. 12.
Aqui não se cogita do enriquecimento ilícito ou dano material ao erário20, mas
sim apenas da mera violação aos princípios.
Nos mesmos termos do comentário feito com relação ao art. 9°, para a maior
parte da doutrina, aqui também somente se punirá a conduta dolosa.
Perceba que neste art. 11, além de mencionar os princípios, seu caput prevê
como ato de improbidade qualquer ação ou omissão que viole os deveres
de honestidade, imparcialidade, lealdade às instituições e legalidade.
O rol, também exemplificativo, é o seguinte:
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
contra os princípios da administração pública qualquer ação
ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, e
notadamente:
I - Praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou
diverso daquele previsto, na regra de competência;
II - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
ofício;
III - Revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão
das atribuições e que deva permanecer em segredo;
IV - Negar publicidade aos atos oficiais;
V - Frustrar a licitude de concurso público;
VI - Deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
VII - Revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro,
antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou
econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou
serviço.
Veja também o que determina a Lei n° 9.504, de 30 de setembro de 1997, que
estabelece normas para as eleições, em seu art. 73, com grifos nossos:
Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não,
as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de
oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:
I - ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou
coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes à
administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios, ressalvada a realização de
convenção partidária;
II - usar materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou
Casas Legislativas, que excedam as prerrogativas consignadas nos
regimentos e normas dos órgãos que integram;
20
STJ, REsp 1.003.179/RO, relator Ministro Teori Albino Zavascki, DJ 18/08/2008, Informativo
362: Os atos previstos no art. 11 da Lei n. 8.429/1992 configuram improbidade administrativa
independentemente de dano material ao erário.
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III - ceder servidor público ou empregado da administração direta
ou indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo, ou
usar de seus serviços, para comitês de campanha eleitoral de
candidato, partido político ou coligação, durante o horário de
expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver
licenciado;
IV - fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato,
partido político ou coligação, de distribuição gratuita de bens e
serviços de caráter social custeados ou subvencionados pelo Poder
Público;
V - nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir
sem justa causa, suprimir ou readaptar vantagens ou por
outros meios dificultar ou impedir o exercício funcional e,
ainda, ex officio, remover, transferir ou exonerar servidor
público, na circunscrição do pleito, nos três meses que o
antecedem e até a posse dos eleitos, sob pena de nulidade de
pleno direito, ressalvados:
a) a nomeação ou exoneração de cargos em comissão e
designação ou dispensa de funções de confiança;
b) a nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério
Público, dos Tribunais ou Conselhos de Contas e dos órgãos
da Presidência da República;
c) a nomeação dos aprovados em concursos públicos
homologados até o início daquele prazo;
d) a nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao
funcionamento inadiável de serviços públicos essenciais, com
prévia e expressa autorização do Chefe do Poder Executivo;
e) a transferência ou remoção ex officio de militares, policiais civis
e de agentes penitenciários;
VI - nos três meses que antecedem o pleito:
a) realizar transferência voluntária de recursos da União aos
Estados e Municípios, e dos Estados aos Municípios, sob pena de
nulidade de pleno direito, ressalvados os recursos destinados a
cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou
serviço em andamento e com cronograma prefixado, e os destinados
a atender situações de emergência e de calamidade pública;
b) com exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham
concorrência no mercado, autorizar publicidade institucional dos
atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da
administração indireta, salvo em caso de grave e urgente
necessidade pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral;
c) fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, fora
do horário eleitoral gratuito, salvo quando, a critério da Justiça
Eleitoral, tratar-se de matéria urgente, relevante e característica das
funções de governo;
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VII - realizar, em ano de eleição, antes do prazo fixado no inciso
anterior, despesas com publicidade dos órgãos públicos federais,
estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da
administração indireta, que excedam a média dos gastos nos três
últimos anos que antecedem o pleito ou do último ano
imediatamente anterior à eleição.
VIII - fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da
remuneração dos servidores públicos que exceda a recomposição
da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição, a partir
do início do prazo estabelecido no art. 7° desta Lei e até a posse dos
eleitos.
(...)
§ 7° As condutas enumeradas no caput caracterizam, ainda,
atos de improbidade administrativa, a que se refere o art. 11,
inciso I, da Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992, e sujeitam-se
às disposições daquele diploma legal, em especial às
cominações do art. 12, inciso III.
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pagamento de multa por um deles), procedendo com erro in
judicando o tribunal a quo quando analisou o ilícito apenas pelo
ângulo objetivo.21 (grifou-se)
Este um dos objetivos principais desta Lei: prever as sanções aplicáveis aos
agentes e terceiros que se enquadrarem nas suas previsões.
Foram também divididas em três grupos, cada um deles aplicável a um dos
tipos de atos que vimos anteriormente, do mais grave (enriquecimento ilícito)
ao menos grave (violação aos princípios).
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e
administrativas, previstas na legislação específica, está o
responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou
22
cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato :
Estas sanções não têm natureza penal, e são aplicadas em âmbito de ação
civil. Além disso, incidem independentemente de outras sanções penais,
administrativas, ou mesmo de outras sanções civis.
É semelhante a regra inserta no Estatuto dos Servidores Públicos Federais, Lei
n° 8.112/90:
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão
cumular-se, sendo independentes entre si.
Assim, um mesmo ato poderá redundar em ressarcimento de prejuízos,
privação de liberdade e demissão ao servidor, por exemplo.
Porém, seguindo ainda as regras do Estatuto Federal, não é absoluto o
princípio da independência das instâncias, visto que há caso de intervenção
entre a decisão de uma esfera, a penal, nas demais.
O processo penal, que pode envolver limitação a um direito de maior
relevância social, qual seja, a liberdade, tem como corolário a busca pela
máxima aproximação possível do que de fato ocorreu, não se limitando às
provas produzidas pelas partes. Então, pode/deve o juiz determinar a
produção de provas no processo penal, buscando sempre se aproximar da
verdade dos fatos (art. 156 do CPP23).
Em face desse maior rigor que envolve a decisão penal, afasta-se a
responsabilidade administrativa do servidor no caso de absolvição criminal que
negue a existência do fato ou sua autoria (Lei n° 8.112/90, art. 126)24:
21
STJ, REsp 909.446/RN, relator Ministro Luiz Fux, DJ 22/04/2010, Informativo 429.
22
A Lei n° 12.120, de 15/12/2009, alterou a redação do art. 12, fazendo incluir a parte final,
qual seja, "que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do
fato". Note que o legislador apenas positivou o que já era pacífico na doutrina e na
jurisprudência.
23
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer; mas o juiz poderá, no curso da
instrução ou antes de proferir sentença, determinar, de ofício, diligências para dirimir dúvida
sobre ponto relevante.
24
STF, MS 22.476/AL, relator Ministro Marco Aurélio, publicação DJ 03/10/1997.
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20
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Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do
fato ou sua autoria.
A Lei menciona expressamente a responsabilidade administrativa, mas o art.
935 do Código Civil (CC) estende essa vinculação à esfera a civil:
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se
podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem
seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no
juízo criminal.
Então, as três esferas são independentes, mas, se houver declaração expressa,
na esfera penal, negando o fato ou sua autoria, não poderá haver punição do
réu nas demais instâncias, inclusive esta da Lei n° 8.429/92.
Veja a seguinte decisão do Superior Tribunal de Justiça25:
Os atos de improbidade administrativa definidos nos arts. 9°, 10 e 11
da Lei n° 8.429/92 acarretam a imposição de sanções previstas no
art. 12 do mesmo diploma legal, as quais são aplicadas
independentemente das sanções penais, civis e administrativas. Tais
sanções, embora não tenham natureza penal, revelam-se de suma
gravidade, pois importam perda de bens e de função pública, ou em
pagamento de multa e suspensão de direitos políticos, todos
aplicados no âmbito de uma ação civil. (...) Recurso especial não-
conhecido.
Anote-se que "a aplicação das penalidades previstas na Lei n° 8.429/92 não
incumbe à Administração, eis que privativa do Poder Judiciário".26
A seguir, cada uma das três gradações das sanções.
25
STJ, RESP 150.329/RS, relator Ministro Vicente Leal, publicação DJ 05/04/1999.
26
STF, RMS 24.699/DF, relator Ministro Eros Grau, publicação DJ 01/07/2005.
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perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos,
pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e
proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
27
STJ, EDcl no REsp 1.021.851/SP, relatora Ministra Eliana Calmon, DJ 06/08/2009,
Informativos 363 e 400: O art. 12, parágrafo único, da Lei n. 8.429/1992 (LIA) prevê a
dosimetria da sanção de acordo com o dano causado e o proveito patrimonial obtido por seu
causador. Assim, diante do princípio da legalidade estrita, há que proceder ao exame da
proporcionalidade e razoabilidade (modulação) das condenações frente ao dano causado.
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receber benefícios ou
incentivos fiscais ou
creditícios
Em qualquer caso, na esfera federal, nos termos da Lei n° 8.112/90, art. 137,
parágrafo único, não poderá retornar ao serviço público federal o servidor que
for demitido ou destituído do cargo em comissão por cometer ato de
improbidade administrativa.
Como se pode notar, o rol de sanções possíveis é mais amplo que o previsto
na CF/88, que se limita a prever a suspensão dos direitos políticos, a perda da
função pública e o ressarcimento ao erário (CF/88, art. 37, § 4°). Tal rol
constitucional não é taxativo, bem por isso pode a lei prever outras
penalidades.
Relembre-se que a indisponibilidade dos bens citada no art. 37, § 4°, da CF/88
não configura hipótese de pena, mas sim uma restrição ao direito de
propriedade com vistas a assegurar eventual futura execução de dívida, se o
agente for considerado culpado. Seu caráter é cautelar do interesse público.
Ao julgar o caso concreto, caberá ao juiz aplicar uma ou mais das seis penas
aqui previstas28, não sendo obrigatória a imposição de todas elas.29 Além disso,
registre-se que é descabida a aplicação do princípio da insignificância30.
Veja a decisão divulgada no Informativo 409 do STJ, de outubro de 2009:
Caracterizado o ato de improbidade administrativa com prejuízo ao
erário, o ressarcimento não deve ser considerado como
propriamente uma sanção, mas sim uma consequência imediata e
necessária do próprio ato combatido, devendo, portanto, ser
cumulada com ao menos alguma outra das medidas previstas pelo
art. 12 da Lei n. 8.429/97. Permitir-se que a devolução de valores
28
Como se viu, tal orientação foi positivada pela Lei n° 12.120/09, que alterou a redação do art.
12, já referido.
29
STJ, REsp 1.019.555/SP, relator Ministro Castro Meira, DJ 29/06/2009, Informativo 399: Cabe
ao julgador, diante das peculiaridades do caso, avaliar a necessidade de aplicação cumulada das
sanções, observados os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Veja também: STJ,
REsp 1.055.644-GÜ, relator Ministro Castro Meira, DJ 01/06/2009 - A Turma entendeu que a
suspensão dos direitos políticos do administrador público pela utilização indevida do trabalho de
servidores públicos municipais durante 31 horas, ato que merece irrefutável censura, não se
molda aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; deve, pois, ser afastada essa
sanção. Contudo, manteve-se a condenação em ressarcir aos cofres públicos a importância
equivalente às horas de serviço dos funcionários utilizados de forma indevida, além da multa
civil fixada em duas vezes o acréscimo patrimonial decorrente da irregularidade. Precedente
citado: REsp 875.425-RJ, DJ 11/2/2008.
30
STJ, REsp 892.818/RS, relator Ministro Herman Benjamin, DJ 10/02/2010, Informativo 376: O
bem jurídico que a Lei de Improbidade busca salvaguardar é, por excelência, a moralidade
administrativa, que deve ser, objetivamente, considerada: ela não comporta relativização a
ponto de permitir "só um pouco" de ofensa. Daí não se aplicar o princípio da insignificância às
condutas judicialmente reconhecidas como ímprobas, pois não existe ofensa insignificante ao
princípio da moralidade. É a conclusão que se chega diante do caso em que o chefe de gabinete
da prefeitura aproveitou-se da força de três servidores municipais, bem como de veículo
pertencente à municipalidade, para transportar móveis de seu uso particular. Ele, ao admitir os
fatos que lhe foram imputados, pediu exoneração do cargo e ressarciu aos cofres públicos a
importância de quase nove reais referente ao combustível utilizado no deslocamento.
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aos cofres públicos seja a única punição a quem pratica o ilícito
significaria conferir à questão um enfoque de simples
responsabilidade civil, o que, à toda evidência, não é o escopo da Lei
n. 8.429/97. A ação de improbidade se destina fundamentalmente a
aplicar sanções de caráter punitivo ao agente ímprobo, a fim de
inibir a reiteração da conduta ilícita. Assim, embora seja certo que as
sanções previstas na Lei n. 8.429/92 não são necessariamente
aplicáveis cumuladamente (podendo o juiz, sopesando as
circunstâncias do caso e atento ao princípio da proporcionalidade,
eleger a punição mais adequada), também é certo que, verificado o
ato de improbidade, a sanção não pode se limitar ao ressarcimento
de danos.31
A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam
com o trânsito em julgado da sentença condenatória (art. 20). A autoridade
judicial ou administrativa competente poderá determinar o afastamento do
agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual (art.
20, parágrafo único).
Ainda que haja o ressarcimento integral do dano, é vedada a transação, o
acordo ou a conciliação na ação de improbidade (art. 17, § 1°).
31
STJ, REsp 622.234/SP, relator Ministro Mauro Campbell Marques, DJ 15/10/2009, Informativo
409.
32
A Lei n° 12.120, de 15/12/2009, alterou a redação do art. 21, I, fazendo incluir a parte final,
qual seja, "salvo quanto à pena de ressarcimento". A mudança é bastante óbvia, já que não há
se falar em ressarcimento se não ocorreu dano.
33
STJ, REsp 1.032.732/CE, relator Ministro Luiz Fux, DJ 03/12/2009, Informativo 416.
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administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas - é
revestida de caráter opinativo, razão pela qual não vincula a atuação
do sujeito ativo da ação civil de improbidade administrativa. A
natureza do TCU é de órgão de controle auxiliar do Poder Legislativo.
Decorre daí que sua atividade é meramente fiscalizadora e suas
decisões têm caráter técnico-administrativo, não encerrando
atividade judicante, o que resulta na impossibilidade de suas
decisões produzirem coisa julgada. Por consequência, essas decisões
não vinculam a atuação do Poder Judiciário, sendo passíveis de
revisão por aquele Poder, máxime em face do princípio constitucional
da inafastabilidade do controle jurisdicional, à luz do art. 5°, XXXV,
da CF/1988.
Com isso, fica afastada qualquer possibilidade de não punição, por exemplo,
nos casos de "tentativa" de improbidade, ou do "arrependimento eficaz". Além
disso, ainda que o dano seja reparado antes de apurado, as demais
penalidades, como perda da função ou suspensão de direitos políticos,
continuam cabíveis.
Acrescente-se, alfim, que a aplicação das penalidades previstas nesta Lei não
incumbe à Administração, eis que privativa do Poder Judiciário. Verificada a
prática de atos de improbidade no âmbito administrativo, cabe representação
ao Ministério Público para ajuizamento da competente ação, não a aplicação da
pena de demissão via Processo Administrativo Disciplinar.34
34
STF, RMS 24.699/DF, relator Ministro Eros Grau, publicação DJ 01/07/2005.
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No caso dos servidores federais estatutários, a Lei n° 8.112/90 prevê também
o prazo de 5 (cinco) anos:
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão,
cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo
em comissão;
§ 1° O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se
tornou conhecido.
Se o agente a quem se imputa ato ímprobo, à ocasião dos fatos, ocupava
cargo efetivo e, concomitantemente, exercia cargo em comissão, "há de
prevalecer o primeiro para fins de contagem prescricional, pelo simples fato de
o vínculo entre agente e Administração Pública não cessar com a exoneração
do cargo em comissão, por esse ser temporário." 35
Note outra decisão do STJ, onde se definiu o "dies a quo" do prazo
prescricional:
ACP. IMPROBIDADE. EX-PREFEITO. REELEIÇÃO.
O ex-prefeito exerceu o primeiro mandato eletivo de 1° de janeiro de
1997 a 31 de dezembro de 2000 e foi reeleito para segundo
mandato, de 1° de janeiro de 2001 a 31 de dezembro de 2004,
sendo que o ato imputado como ímprobo foi perpetrado em maio de
1998, durante o primeiro mandato. O cerne da questão consiste
na definição do termo a quo para a contagem do prazo
prescricional para ajuizamento da ação de improbidade
administrativa. Se tem início o lapso temporal com o fim do
primeiro mandato ou quando do término do segundo
mandato. Para o Min. Relator, A Lei de Improbidade Administrativa
(LIA), promulgada antes da EC n. 16/1997, que deu nova redação
ao § 5° do art. 14 da CF/1988, considerou como termo inicial da
prescrição exatamente o final de mandato. No entanto, a EC n.
16/1997 possibilitou a reeleição dos chefes do Poder Executivo em
todas as esferas administrativas, com o expresso objetivo de
constituir corpos administrativos estáveis e cumprir metas
governamentais de médio prazo, para o amadurecimento do
processo democrático. A Lei de Improbidade associa, no art. 23, I, o
início da contagem do prazo prescricional ao término de vínculo
temporário, entre os quais o exercício de mandato eletivo. De acordo
com a justificativa da PEC de que resultou a EC n. 16/1997, a
reeleição, embora não prorrogue simplesmente o mandato, importa
em fator de continuidade da gestão administrativa. Portanto, o
vínculo com a Administração, sob o ponto de vista material, em caso
de reeleição, não se desfaz no dia 31 de dezembro do último ano do
primeiro mandato para se refazer no dia 1° de janeiro do ano inicial
do segundo mandato. Em razão disso, o prazo prescricional
35
STJ, REsp 1.060.529/MG, relator Ministro Mauro Campbell Marques, DJ 18/09/2009,
Informativo 406.
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deve ser contado a partir do fim do segundo mandato.36
(grifou-se)
36
STJ, REsp 1.107.833/SP, relator Ministro Mauro Campbell Marques, DJ 18/09/2009,
Informativo 406. No mesmo sentido: STJ, REsp 1.153.079/BA, relator Ministro Hamilton
Carvalhido, DJ 29/04/2010.
37
STJ, REsp 1.069.779/SP, relator ministro Herman Benjamim, DJ 13/11/2009.
38
STJ, REsp 1.087.855/PR, relator Ministro Francisco Falcão, DJ 11/03/2009.
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A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a
qualificação do representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a
indicação das provas de que tenha conhecimento.
A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho
fundamentado, se esta não contiver as formalidades retro estabelecidas. A
rejeição não impede a representação ao Ministério Público.
Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata
apuração dos fatos. Se se tratar de servidores federais, será processada
seguindo a Lei n° 8.112/90, arts. 148 a 182. Em se tratando de servidor
militar, seguirá os respectivos regulamentos disciplinares.
A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal
ou Conselho de Contas da existência de procedimento administrativo para
apurar a prática de ato de improbidade. O Ministério Público ou Tribunal ou
Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar representante para
acompanhar o procedimento administrativo.
Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao
Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo
competente a decretação do seqüestro dos bens do agente ou terceiro que
tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público, que
será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de
Processo Civil. Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e
o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo
indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais.
A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério
Público39 ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da
efetivação da medida cautelar. É vedada a transação, acordo ou conciliação
nessas ações.
A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as ações necessárias à
complementação do ressarcimento do patrimônio público.
No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, a pessoa
jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de
impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado
do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do
respectivo representante legal ou dirigente.
39
O Decreto n° 983/1993 dispõe sobre a colaboração dos órgãos e entidades da Administração
Pública Federal com o Ministério Público Federal na repressão a todas as formas de improbidade
administrativa. Assim estabelece: Art. 1° Os órgãos e entidades da Administração Pública
Federal direta, indireta e fundacional, observadas as respectivas áreas de competência,
cooperarão, de ofício ou em face de requerimento fundamentado, com o Ministério Público
Federal na repressão a todas as formas de improbidade administrativa. Art. 2° Para os fins
previstos na Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992, os órgãos integrantes da estrutura do
Ministério da Fazenda, inclusive as entidades vinculadas e supervisionadas, por iniciativa do
Ministério Público Federal, realizarão as diligências, perícias, levantamentos, coleta de dados e
informações pertinentes à instrução de procedimento que tenha por finalidade apurar
enriquecimento ilícito de agente público, fornecendo os meios de prova necessários ao
ajuizamento da ação competente. Parágrafo único. Quando os dados envolverem matéria
protegida pelo sigilo oficial ou bancário, observar-se-á o disposto na legislação pertinente.
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O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará
obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações
posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo
objeto.
A ação será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios
suficientes da existência do ato de improbidade ou com razões fundamentadas
da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas, observada a
legislação vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do
Código de Processo Civil.
Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a
notificação do requerido, para oferecer manifestação por escrito, que poderá
ser instruída com documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias.
Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão
fundamentada 40 , rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato de
improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita, a qual
poderá ser impugnada por recurso de apelação41.
Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação.
Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento.
Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequação da ação de
improbidade, o juiz extinguirá o processo sem julgamento do mérito.
Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos processos regidos por
esta Lei as normas do processo penal (art. 221, caput e § 1o, do CPP).
A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de dano ou decretar
a perda dos bens havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão
dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
PARA GUARDAR
40
Nessa fase o magistrado deve limitar-se à análise, em um juízo preliminar, da inexistência do
ato de improbidade, improcedência da ação ou inadequação da via eleita com o fito de evitar
lides temerárias. Assim, a apreciação de argumentos sobre o mérito da ação e sobre a real
participação do ora recorrente nos atos tidos por ímprobos não é viável naquele momento
processual. Esses temas deverão ser objeto de análise por ocasião do julgamento da demanda
(STJ, REsp 1.008.568/PR, relatora Ministra Eliana Calmon, DJ 04/08/2009, Informativo 400).
41
STJ, REsp 839.959/MG, relatora Ministra Denise Arruda, DJ 11/02/2009.
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• I - a administração direta, indireta ou fundacional;
• II - qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Municípios, de Território;
• III - empresa incorporada ao patrimônio público;
• IV - entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual;
• V - patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou
incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público;
• VI - entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
concorra com menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual.
• É agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas.
• Mesmo aquele que não é agente público pode ser alcançado, no que
couber, pelas sanções da lei de improbidade administrativa.
• Princípios de observância obrigatória: legalidade, impessoalidade,
moralidade e publicidade, nos termos da Lei.
• Nos termos da CF/88, art. 37, inclui-se também a eficiência.
• Em havendo dano ao patrimônio público, haverá o integral
ressarcimento ao erário.
• Destaque-se que as ações de ressarcimento são imprescritíveis (parte
final do § 5°, art. 37, CF/88).
• Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou
culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
• No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro
beneficiário os bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.
• Ainda que não haja lesão ao erário, pode haver perdimento.
• Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou
ensejar enriquecimento ilícito, caberá à autoridade administrativa responsável
pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos
bens do indiciado. A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem o
integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
enriquecimento ilícito. É declarada pelo juiz, e não pela Administração. A
autoridade administrativa representa (indica os elementos de fato, a
necessidade) ao Ministério Público, que peticiona junto ao Poder Judiciário.
• O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se
enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações desta lei até o limite do
valor da herança.
• Classificação dos atos de improbidade administrativa: são atos que: I -
importam enriquecimento ilícito; II - causam prejuízo ao erário; III - atentam
contra os princípios da Administração Pública.
• Atos de improbidade administrativa que importam enriquecimento ilícito:
receber, utilizar, adquirir, aceitar, incorporar etc. Auferir qualquer tipo de
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vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato,
função, emprego ou atividade.
• Atos de improbidade que causam prejuízo ao erário: qualquer ação ou
omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
mencionadas.
• Atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da
administração pública: qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
honestidade, imparcialidade, lealdade às instituições e legalidade.
• Sanções: independentemente das sanções penais, civis e
administrativas, previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato
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a) prescreve em cinco anos.
b) caduca em dois anos.
c) prescreve em três anos.
d) caduca em dez anos.
e) é imprescritível.
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e) Ressarcimento do erário.
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d) pagamento de multa civil.
e) proibição de contratar com o Poder Público.
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14. (CESPE/TCU/AUDITOR/2007.1) Ao julgar um processo de tomada de
contas, o TCU condenou um administrador público solidariamente com uma
empresa particular à restituição de determinada quantia aos cofres públicos. O
administrador era ocupante de cargo efetivo e integrante dos quadros de um
órgão do Poder Executivo federal. No processo, ficou comprovado o conluio do
administrador e dos representantes da empresa para fraudar a licitação e
desviar dinheiro público. No decorrer do processo, o administrador foi citado e
notificado por meio de edital, uma vez que não tinha domicílio certo. Havia,
outrossim, nos autos, informação de que o administrador havia tentado alienar
os bens que possuía.
Ante a situação hipotética acima descrita, julgue
I A conduta do administrador público no sentido de fraudar a licitação e desviar
dinheiro público constitui ato de improbidade administrativa, fazendo que,
independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na
legislação específica, ele fique sujeito, entre outras, às seguintes cominações:
ressarcimento integral do dano, perda da função pública, suspensão dos
direitos políticos e pagamento de multa.
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b) o agente público que dolosamente auferir vantagem patrimonial indevida
em razão do exercício do cargo responde de forma objetiva por ato de
improbidade administrativa.
c) é irrelevante a aprovação das contas pelo Tribunal de Contas para a
caracterização do ato de improbidade administrativa.
d) o funcionário público que, conduzindo veículo oficial, por imprudência, acabe
gerando uma colisão com um particular, responde por ato de improbidade
lesivo ao patrimônio público.
e) há a necessidade de ocorrência de qualquer vantagem por parte do agente
que dolosamente gerar prejuízo concreto ao erário.
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particular à administração pública, por não se cumprirem as formalidades
legais, não impede a representação ao Ministério Público.
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UTI neonatal e disponibilizar, para a comunidade local hipossuficiente, pelo
menos 50% dos leitos dessa nova UTI. No entanto, essa instituição acabou por
utilizar parte desses recursos públicos na reforma de outras áreas do hospital e
na aquisição de equipamentos médico-hospitalares de baixíssima qualidade.
Considerando a situação hipotética apresentada acima, julgue acerca da Lei n.°
8.429/1992.
I Não houve, no caso em tela, ato de improbidade, já que os dirigentes de
instituição privada não respondem por ato de improbidade, de que trata a Lei
n.° 8.429/1992.
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II - A aprovação das contas do agente público por tribunal de contas afasta a
possibilidade de incidência em ato ímprobo pelo servidor que o praticou.
III - Mediante concessões recíprocas em que haja recomposição do dano, será
lícito transacionar-se na ação de improbidade administrativa.
31 - (CESPE/PF/ESCRIVÃO/2009) Julgue:
I - Frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente
constitui ato de improbidade administrativa e, por consequência, impõe a
aplicação da lei de improbidade e a sujeição do responsável unicamente às
sanções nela previstas.
33 - (ESAF/ATA-MF/2009) Julgue:
I - Os atos de improbidade administrativa importarão a indisponibilidade dos
bens sem prejuízo da ação penal cabível.
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c) configura ato de improbidade administrativa somente na hipótese de o
produto vir a ser adquirido pelo órgão, por preço superior ao de mercado.
d) não configura ato de improbidade administrativa porque agiram no interesse
do órgão e não no interesse pessoal deles.
e) configura ato de improbidade administrativa que importa enriquecimento
ilícito no exercício da função.
36 - (CESPE/AGU/2009) Julgue:
I - De acordo com a legislação respectiva, é cabível a transação penal nas
ações destinadas a apurar atos de improbidade.
38 - (CESPE/ANATEL/Analista/2009) Julgue:
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I - Governador de estado que, após responder por ação de improbidade
administrativa perante o Poder Judiciário, for condenado nas penas de
suspensão dos direitos políticos e indisponibilidade dos bens não responderá
por crime no âmbito penal.
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a) Ao particular que, juntamente com agente público, frustra a licitude de
processo licitatório, pode ser aplicada a sanção de suspensão dos direitos
políticos, pelo prazo de 05 (cinco) a 08 (oito) anos, conforme disposições da
Lei n.° 8.429/92;
b) O Prefeito Municipal que realiza operação financeira sem a observância das
normas legais e regulamentares pode receber as sanções previstas na Lei n.°
8.429/92, ainda que suas contas tenham sido aprovadas pelo Tribunal de
Contas do Estado;
c) Constitui ato de improbidade administrativa que importa em enriquecimento
ilícito adquirir o funcionário público, no exercício da função pública, bem imóvel
cujo valor seja desproporcional à sua renda ou evolução patrimonial,
sujeitando-lhe, dente outras, às sanções de perda do bem acrescido
ilicitamente ao patrimônio e perda da função pública;
d) A posse e o exercício do agente público ficam condicionados à apresentação
de declaração dos bens e valores que compõem o seu patrimônio privado,
inclusive do cônjuge ou companheiro, se casado ou vivendo em união estável,
que deve ser atualizada anualmente, punindo-se com demissão aquele que a
prestar falsamente;
e) A mera circunstância de entidade privada, com regime jurídico de direito
privado, receber subvenções ou incentivos de órgão público não torna os seus
dirigentes sujeitos às penalidades da Lei n.° 8.429/92.
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46 - (CESPE/TCE-ES/Procurador/2009) Acerca da improbidade administrativa,
assinale a opção correta.
A Suponha que um conselheiro do TC do estado X seja réu em ação civil
pública por improbidade administrativa. Nessa situação, a referida ação civil
pública deverá ser processada e julgada originariamente pelo respectivo
tribunal de justiça, se assim previr a constituição estadual.
B Suponha que Gustavo, que não é servidor público, seja coréu em uma ação
civil pública que apure ato de improbidade administrativa. Nessa situação,
conforme entendimento do STJ, como a lei não prevê prazo de prescrição para
aqueles que não ocupam cargo ou função pública, a ação será considerada
imprescritível.
C De acordo com a lei de regência, não há previsão legal para que o TCU
venha a designar um representante para acompanhar procedimento
administrativo que vise apurar fatos que possam fundamentar uma tomada de
contas especial.
D Servidor público estadual que, notificado para apresentar a declaração anual
de bens, recusar-se-á apresentá-la, dentro do prazo especificado, será punido
com a pena de demissão, conforme previsto na lei de regência.
E Pessoas jurídicas de direito público, mesmo que interessadas, não têm
legitimidade ativa para propor ação civil pública de improbidade administrativa.
GABARITO
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própria de assegurar bases patrimoniais sobre as quais incidirá, se for o caso,
a futura execução forçada da sentença condenatória decorrente de atos de
improbidade administrativa. O uso de bem público por particular nem sempre
configura ato de improbidade, como o uso de uma praça para fins lícitos. Nem
todo enriquecimento ilícito do agente acarreta um prejuízo ao erário, como no
caso de cobrança de vantagem indevida para atuar de acordo com a lei. Ao
julgar o caso concreto, caberá ao juiz aplicar uma ou mais das seis penas aqui
previstas, não sendo obrigatória a imposição de todas elas.
4. C - Os agentes públicos de qualquer nível são obrigados a velar pela
estrita observância dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e
publicidade no tratamento de assuntos que lhes são afetos. O sucessor daquele
que causar lesão ao patrimônio público está sujeito às cominações dessa Lei,
até o limite do valor da herança. Ocorrendo lesão ao patrimônio por omissão,
dolosa ou culposa, do agente, o ressarcimento do dano será integral. É ato de
improbidade administrativa o recebimento de vantagem econômica indireta,
para facilitar a aquisição de bem móvel ou imóvel por preço superior ao de
mercado.
5. A - A previsão constitucional é de suspensão, e não de perda dos
direitos políticos.
6. E - Lei n° 8.429/92, art. 12. Independentemente das sanções penais,
civis e administrativas, previstas na legislação específica, está o responsável
pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações: (...) II - na hipótese
do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da
função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos (...).
7. C - Lei n° 8.429/92, art. 19. Constitui crime a representação por ato de
improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor da
denúncia o sabe inocente. Pena: detenção de seis a dez meses e multa. Art.
20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se
efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória. Parágrafo
único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o
afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem
prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução
processual. Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe: I -
da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público; II - da aprovação ou
rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou
Conselho de Contas. Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções
previstas nesta lei podem ser propostas: I - até cinco anos após o término do
exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança (...).
8. A - Lei n° 8.429/92, art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa
que causa lesão ao erário (...) VII - Conceder benefício administrativo ou fiscal
sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
espécie.
9. B - A suspensão dos direitos políticos.
10. A - Lei n° 8.429/92, art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa
importando enriquecimento ilícito (...) III - perceber vantagem econômica,
direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem
público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao
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valor de mercado. Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e
administrativas, previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato
de improbidade sujeito às seguintes cominações: I - na hipótese do art. 9°,
perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento
integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos
direitos políticos de oito a dez anos (...).
11. A - Lei n° 8.429/92, art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao
patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações
desta lei até o limite do valor da herança.
12. A - Lei n° 8.429/92, art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei
independe: (...) II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de
controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas. Art. 23. As ações
destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser
propostas: (...) II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica
para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos
casos de exercício de cargo efetivo ou emprego. Art. 14. Qualquer pessoa
poderá representar à autoridade administrativa competente para que seja
instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade. §
1° A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a
qualificação do representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a
indicação das provas de que tenha conhecimento. Art. 20. A perda da função
pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em
julgado da sentença condenatória.
13. A - Lei n° 8.429/92, art. 19. Constitui crime a representação por ato de
improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor da
denúncia o sabe inocente. Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
14. C - Lei n° 8.429/92, art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa
importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem
patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função,
emprego ou atividade (...).Art. 12. Independentemente das sanções penais,
civis e administrativas, previstas na legislação específica, está o responsável
pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações: I - na hipótese do
art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública,
suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil
de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar
com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos.
15. EE - Seria também cabível a ação popular - CF/88, art. 5°, LXXIII -
qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e
do ônus da sucumbência. Foi em 2007 que o STF fixou o entendimento de que
alguns não devem responder por improbidade - Reclamação n° 2.138/DF, DJ
20/06/2007, noticiado no Informativo 471.
16. EE - Entre os diversos princípios que devem ser obedecidos pelo
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administrador está o da moralidade, passível de controle judicial, em caso de
desobediência. A indisponibilidade dos bens citada no art. 37, § 4°, da CF/88
não configura hipótese de pena, mas sim uma restrição ao direito de
propriedade com vistas a assegurar eventual futura execução de dívida, se o
agente for considerado culpado. Seu caráter é cautelar do interesse público.
Por outro lado, a lei prevê algumas outras penalidade não insertas na CF/88.
17. C - Lei n° 8.429/92, art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei
independe: (...) II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de
controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas. O ato de improbidade
administrativa que importe em enriquecimento ilícito dispensa a comprovação
de efetivo dano econômico ao erário. O agente público que auferir vantagem
patrimonial indevida em razão do exercício do cargo responde de forma
subjetiva por ato de improbidade administrativa, ou seja, deve ser comprovado
seu dolo ou culpa. O funcionário público que, conduzindo veículo oficial, por
imprudência, acabe gerando uma colisão com um particular, pode responder
por ato de improbidade lesivo ao patrimônio público, a depender da situação
concreta. A doutrina critica muito a regra do art. 10 que prevê
responsabilidade também por culpa, e não apenas por dolo. Mas a
jurisprudência costuma aplicar, em regra, tal comando. Por exemplo, no STJ,
veja o RESP 816.193/MG, DJ 21/10/2009, onde são citadas as acirradas
críticas que a doutrina menciona acerca desse art. 10. Noutro julgado (RESP
997.564/SP, DJ 25/03/2010), decidiu o STJ que não cabe punição com base
tão somente "na atuação do mal administrador". Por fim, não há a necessidade
de ocorrência de qualquer vantagem por parte do agente que dolosamente
gerar prejuízo concreto ao erário para que responda por ato de improbidade.
18. C ou D - Lei n° 8.429/92, art. 17. A ação principal, que terá o rito
ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica
interessada (...). § 6o. A ação será instruída com documentos ou justificação
que contenham indícios suficientes da existência do ato de improbidade ou
com razões fundamentadas da impossibilidade de apresentação de qualquer
dessas provas (...). A competência judicial para apurar ato de improbidade era
sempre do juiz de 1o grau. Contudo, recentemente o STJ (Rcl 2790/SC, DJ
04/03/2010) passou a entender que ação de improbidade contra Governador
deve ser julgada por ele, STJ. Então, hoje, a resposta seria também a letra C.
Relembre-se que, segundo entendimento do STF, àquele que responde por
crime de responsabilidade não se aplica a Lei de Improbidade - Reclamação n°
2.138/DF, DJ 20/06/2007. Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as
sanções previstas nesta lei podem ser propostas: I - até cinco anos após o
término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de
confiança.
19. C - Lei n° 8.429/92, art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário,
será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada,
dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar. § 1° É vedada a
transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.
20. CEC - Lei n° 8.429/92, art. 16. Havendo fundados indícios de
responsabilidade, a comissão representará ao Ministério Público ou à
procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do
seqüestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente
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ou causado dano ao patrimônio público. Art. 17. A ação principal, que terá o
rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica
interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar. § 1° É
vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput. Art.
7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar
enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo
inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens
do indiciado. Art. 14, § 2° A autoridade administrativa rejeitará a
representação, em despacho fundamentado, se esta não contiver as
formalidades estabelecidas no § 1° deste artigo. A rejeição não impede a
representação ao Ministério Público (...).
21. E - Aos membros do Congresso Nacional e das outras casas legislativas,
segundo a Constituição, não se pode atribuir a prática de crimes de
responsabilidade (ADI 2.797/DF, DJ 19/12/2006, e Pet 3.923 QO/SP, DJ
20/06/2007, Informativo 471).
22. E - CF/88, art. 37, § 4°, e Lei n° 8.429/92, arts. 3° e 4°. Uma
observação é importante. A rigor, a indisponibilidade de bens do indiciado,
NÃO É SANÇÃO. Ela tem a função própria de assegurar bases patrimoniais
sobre as quais incidirá, se for o caso, a futura execução forçada da sentença
condenatória decorrente de atos de improbidade administrativa. Ocorre que
esse "erro" por parte do examinador é muito comum em provas, e isso se
justifica pelo fato de apenas reproduzir o conteúdo do art. 37, par. 4° da CF,
simplesmente dizendo que tudo que está ali é sanção. Para a prova, sugiro o
seguinte: se a questão reproduzir literalmente o par. 4 citado, dizendo tratar-
se de sanção, muito provavelmente o examinador vai considerar essa assertiva
correta. Assim eu marcaria, com base me provas anteriores. De outro lado, se
houver alternativas, deve-se usar a velha tática de procurar a resposta "mais
correta". Se não tiver nada melhor que essa, pode marcar a indisponibilidade
como sanção, embora, digo uma vez mais, não é. Se tiver alguma alternativa
sem ela na lista das penalidades, essa é a que deve ser marcada, estando o
restante correto. Por fim, note que a questão 3 cobrou expressamente esse
conhecimento, enquanto que esta cobrou o art. 37, § 4°, mera "decoreba",
sem dar importância ao rigor técnico.
23. ECC - Lei n° 8.429/92, art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta
lei independe: I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público. Art. 9°
Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito
auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício
de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas
no art. 1° desta lei, e notadamente: VII - adquirir, para si ou para outrem, no
exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer
natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda
do agente público. Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei,
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por
eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades
mencionadas no artigo anterior.
24. E - Lei n° 8.429/92, art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no
que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra
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para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma
direta ou indireta.
25. E - Lei n° 8.429/92, art 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o
agente público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao seu
patrimônio. Além da hipótese do ato importar enriquecimento ilícito, também
constituem atos de improbidade aqueles que causam prejuízo ao erário ou os
que atentam contra os princípios da Administração Pública.
26. E - CF/88, art. 37, § 4° Os atos de improbidade administrativa
importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
27. A - Atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios
da Administração Pública (LIA, art. 11). Aqui não se cogita do enriquecimento
ilícito ou dano material ao erário, mas sim apenas da mera violação aos
princípios.
28. FFF - Não houve prescrição, que começou a correr por cinco anos após o
término do exercício do cargo em comissão (LIA, art. 23, I). LIA, art. 21. A
aplicação das sanções previstas nesta lei independe: II - da aprovação ou
rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou
Conselho de Contas. Ainda que haja o ressarcimento integral do dano, é
vedada a transação, o acordo ou a conciliação na ação de improbidade (LIA,
art. 17, § 1°).
29. C - Estas sanções não têm natureza penal, e são aplicadas em âmbito
de ação civil.
30. C - LIA, art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente
público, servidor ou não ...
31. E - LIA, art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa
lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou
haveres das entidades referidas no art. 1° desta lei, e notadamente: ... VIII -
Frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente. CF/88,
art. 37, § 4° - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão
dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e
o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem
prejuízo da ação penal cabível.
32. C - CF/88, art. 37, § 4° - Os atos de improbidade administrativa
importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
33. C - CF/88, art. 37, § 4° - Os atos de improbidade administrativa
importarão a ... indisponibilidade dos bens ... sem prejuízo da ação penal
cabível.
34. E - LIA, art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando
enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial
indevida em razão do exercício de cargo, ...
35. A - Constitui crime a representação por ato de improbidade contra
agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe
inocente, passível de pena de detenção de seis a dez meses e multa (LIA, art.
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19). Ação culposa de terceiro dará ensejo ao integral ressarcimento de dano,
quando ocorrer lesão ao patrimônio público (LIA, art. 10). No caso de
enriquecimento ilícito, o terceiro beneficiário perde os valores acrescidos ao
seu patrimônio. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade
administrativa competente para que seja instaurada investigação destinada a
apurar a prática de ato de improbidade (LIA, art. 14). As ações de improbidade
administrativa de atos que atentem contra os princípios da administração
pública podem ser propostas até cinco anos após o término da função de
confiança de quem as tenha praticado (LIA, art. 23, I).
36. E - Ainda que haja o ressarcimento integral do dano, é vedada a
transação, o acordo ou a conciliação na ação de improbidade (LIA, art. 17, §
1°).
37. E - Art. 8° - O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público
ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações desta lei até o limite
do valor da herança.
38. E - CF/88, art. 37, § 4° - Os atos de improbidade administrativa
importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens ... sem prejuízo da ação penal cabível.
39. CC - Recebida a manifestação, o juiz rejeitará a ação, se convencido da
inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da
inadequação da via eleita, a qual poderá ser impugnada por recurso de
apelação (STJ, REsp 839.959/MG, DJ 11/02/2009). Da decisão que receber a
petição inicial caberá agravo de instrumento (LIA, art. 17, §§ 8° e 10). No
rito da ação de improbidade, há previsão expressa de apresentação de defesa
prévia, nos termos do art. 17, § 7° da LIA.
40. Errado. A ação de improbidade, que terá o rito ordinário, será proposta
pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta
dias da efetivação da medida cautelar (Lei n° 8.429/92, art. 17), não havendo
a restrição citada na assertiva.
41. E - Para o STJ (AgRg no REsp 777.337/RS, DJ 18/02/2010), "quando se
tratar da defesa de um ato pessoal do agente político, voltado contra o órgão
público, não se pode admitir que, por conta do órgão público, corram as
despesas com a contratação de advogado".
42. ECCE - Lei n° 8.429/92, art. 17, § 1°: é vedada a transação, acordo ou
conciliação. Art. 17, § 4°: o Ministério Público, se não intervir no processo
como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
Art. 13, caput e § 3°: a posse e o exercício de agente público ficam
condicionados à apresentação de declaração dos bens e valores que compõem
o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal
competente e será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público,
sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a
prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar
falsa. A conduta descrita no ultimo item constitui ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da administração pública, pois
viola os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
instituições, nos termos do art. 11, IV da Lei n° 8.429/92.
43. E - O bem jurídico que a Lei de Improbidade busca salvaguardar é, por
excelência, a moralidade administrativa, que deve ser, objetivamente,
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considerada: ela não comporta relativização a ponto de permitir "só um pouco"
de ofensa. Daí não se aplicar o princípio da insignificância às condutas
judicialmente reconhecidas como ímprobas, pois não existe ofensa
insignificante ao princípio da moralidade. É a conclusão que se chega diante do
caso em que o chefe de gabinete da prefeitura aproveitou-se da força de três
servidores municipais, bem como de veículo pertencente à municipalidade,
para transportar móveis de seu uso particular. Ele, ao admitir os fatos que lhe
foram imputados, pediu exoneração do cargo e ressarciu aos cofres públicos a
importância de quase nove reais referente ao combustível utilizado no
deslocamento (STJ, REsp 892.818-RS, DJ 10/02/2010).
44. E - LIA, art. 10, VIII. Constitui ato de improbidade administrativa que
causa lesão ao erário... frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo
indevidamente, que ocasiona, entre outras sanções possíveis, a suspensão dos
direitos políticos de cinco a oito anos (LIA, art. 12, II). LIA, art. 21, II. A
aplicação das sanções previstas nesta lei independe ... da aprovação ou
rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou
Conselho de Contas. LIA, art. 9°, VII. Constitui ato de improbidade
administrativa importando enriquecimento ilícito ... adquirir, para si ou para
outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de
qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou
à renda do agente público, sujeitando-lhe, dente outras, às sanções de perda
do bem acrescido ilicitamente ao patrimônio e perda da função pública (LIA,
art. 12, I). A posse e o exercício do agente público ficam condicionados à
apresentação de declaração dos bens e valores, conforme regra do art. 13 da
LIA. Segundo prevê o parágrafo único do art. 1° da LIA, estão também sujeitos
às penalidades desta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio
de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício,
de órgão público.
45. A - Praticado ato de improbidade administrativa que importe
enriquecimento ilícito, o responsável estará sujeito às seguintes cominações
insertas no art. 12 da LIA. De acordo com a LIA, art. 17, a "ação principal, que
terá rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica
interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar". Os atos
de improbidade administrativa que causem dano ao erário são punidos a título
de dolo ou culpa, segundo a LIA, art. 10, caput. As ações destinadas a levar a
efeito as sanções previstas na LIA poderão ser propostas em até cinco anos
após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função
de confiança (LIA, art. 23, I). A LIA, art. 17, § 1°, é expressa ao vedar a
transação, acordo ou conciliação na ação de improbidade administrativa e não
exclui a fazenda pública dessa regra.
46. D - A jurisprudência tradicional entende que não há foro por
prerrogativa de função no caso das ações de improbidade, cabendo ao juízo de
primeira instância o julgamento, exceto as poucas autoridades com foro de
prerrogativa de função para o processo e julgamento por crime de
responsabilidade, elencadas na Carta Magna (arts. 52, I e II; 96, III; 102, I, c;
105, I, a, e 108, I, a, todos da CF/1988), que não estão sujeitas a julgamento
na Justiça cível comum pela prática da improbidade administrativa (STJ, REsp
1.034.511/CE, DJ 22/09/2009, e STF, AI 653.882-AgR/SP, DJ 15/08/2008).
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Contudo, convém advertir que o STF entendeu que é sua a competência para
julgar ação de improbidade contra seus membros (Pet/QO 3.211/DF, DJ
27/06/2008). Seguindo a mesma linha, o STJ julgou ser competente para a
ação contra Governador, pois "norma infraconstitucional não pode atribuir a
juiz de primeiro grau o julgamento de ação de improbidade administrativa,
com possível aplicação da pena de perda do cargo, contra Governador do
Estado, que, a exemplo dos Ministros do STF, também tem assegurado foro
por prerrogativa de função" (Rcl 2.790/SC, DJ 04/03/2010). Assim, é possível
que a matéria de competência tenha novos rumos na jurisprudência pátria.
LETRA B - Segundo o STJ (REsp 1.087.855/PR, DJ 11/03/2009), "quando um
terceiro, não servidor, pratica ato de improbidade administrativa, se lhe
aplicam os prazos prescricionais incidentes aos demais demandados ocupantes
de cargos públicos", ou seja, as regras do art. 23 da LIA. LETRA C - Ao
contrário do que assevera a alternativa, o art. 15, parágrafo único, da LIA
prevê expressamente que "o Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de
Contas poderá, a requerimento, designar representante para acompanhar o
procedimento administrativo." LETRA D - É o que estabelece o art. 13, § 3°, da
LIA, nos seguintes termos: "Será punido com a pena de demissão, a bem do
serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que
se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou
que a prestar falsa." LETRA E - A ação de improbidade, que terá o rito
ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica
interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar (Lei n°
8.429/92, art. 17).
47. C - O princípio da moralidade, previsto no caput do art. 37 da CF/88,
tem estreita ligação com a probidade administrativa. Previu a CF/88, em seu
art. 37, § 4°, que "os atos de improbidade administrativa importarão a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade
dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
sem prejuízo da ação penal cabível".
48. E - Os servidores públicos estão sujeitos às penalidades previstas em
variados diplomas legais, relembrando que as sanções civis, penais e
administrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si (Lei n°
8.112/90, art. 125). Na esfera cível, por exemplo, os servidores federais estão
sujeitos às penas previstas tanto no art. 127 da Lei n° 8.112/90, quanto no
art. 12 da Lei n° 8.429/92, desde que sua conduta se subsuma a uma das
hipóteses previstas na lei. Nesse sentido, de acordo com o art. 11, II, da Lei n°
8.429/92, constitui ato de improbidade administrativa retardar ou deixar de
praticar, indevidamente, ato de ofício. Tal conduta também pode
caracterizar o crime de prevaricação, se praticada para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal (CP, art. 319).
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