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LEITURA

DA 6 de dezembro

OBRA
DE ARTE
DE
2013
CARYBÉ
LEITURA ICONOGRÁFICA E
CANDOMBLÉ
ICONOLÓGICA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS MÓVEIS E
INTEGRADOS

DISCIPLINA DE ICONOLOGIA E ICONOGRAFIA

Profª Luisa Fabiana Neitzke de Carvalho

Acadêmica

Vera Regina Cazaubon Peres

2013

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Apresentação

Obra: Candomblé com assinatura do Artista

Autor: Hector Julio Páride Bernabó – Carybé


Hector Julio Páride Bernabó – Carybé ( Nasceu dia 7 de fevereiro de 1911 em
Lanús, na Argentina (proximidades de Buenos Aires e faleceu dia 1 de outubro de
1997 em Salvador/Brasil). O menino que visitou o Brasil pela primeira vez em 1920,
tornou-se mundialmente conhecido como Carybé.

Ano: 1983

Cidade: Salvador

Assunto: a dança dos Orixás em um ritual religioso chamado Xirê.

Técnica: óleo, uma mistura de pigmento pulverizado e óleo de linhaça ou papoula. É


uma massa espessa que já vem pronta para o uso, embalada em tubos ou em
pequenas latas. Dissolve-se com óleo de linhaça ou terebintina para torná-la mais
diluída e fácil de espalhar. O óleo acrescenta brilho à tinta e o solvente tende a deixá-
la opaca. A grande vantagem da pintura a óleo é a flexibilidade, pois a secagem lenta
da tinta permite ao pintor alterar e corrigir o seu trabalho.

Suporte: tela

Movimento: Moderno

Local: Ateliê Carybé 1911-2011, Galeria Solar Ferrão / Centro Cultural Solar Ferrão,
Salvador.

País: Brasil

Leitura de uma Obra de Arte


Metodologia: Trevisan, Armindo. Como apreciar a Arte, 1990

O leitor ao ler uma obra de arte se vê no impasse de entender o


espaço/tempo do artista, desta forma, sua crítica se torna formal, sem conhecimento
das conotações (física/emocional/mental/intuitiva) que induziram o artista na produção
da obra. É impossível conhecer o universo interior do artista, o processamento de
estímulos de seus órgãos sensórios, sua percepção dos objetos, seu processo
empírico, quantitativo, objetivo, concreto, sistemático, decorrente do mundo da
matéria, da técnica do fazer, seu grau de consciência, se espontânea – direta e
imediata ou reflexiva - retorno do espírito sobre as idéias, as representações mentais,
o temperamento que atuava em suas composições: sanguíneo, fleumático, bilioso e
melancólico. Desta forma é impossível fazer uma leitura exata, pois o leitor também,
possui um universo individual.

Primeira Parte - Pré-iconológico - Tema primário da obra - divide-se em Fatual e


Expressional.

Fatual:

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A obra retrata um ritual dentro do Candomblé, uma roda de dança conhecida por
Xirê, composta de 10 elementos distribuídos de acordo com a Hierarquia Sacerdotal ,
toques pré-estabelecidos, onde são cantadas rezas (Yorubá e Português) as quais
variam de Nação para Nação.Ao dançar, cada Orixá desenvolve sua coreografia, onde
a crença é um processo praticado em sua materialidade e imaterialidade. O significado
do Xirê é trazer o orixá para o convívio da vida cotidiana ou para a festa para que,
juntos, homens e divindades possam fazer uma troca harmoniosa de energia e axé.

Expressional
É possível captar em um ritual de Candomblé a sintonia entre os filhos da casa.
Esta sintonia é revestida de humildade e carinho com a família espiritual escolhida,
pois os laços estabelecidos entre o filho-de-santo e a casa de Candomblé são
espontâneos, não estão afetos apenas à filiação religiosa, mas ao campo das
obrigações recíprocas, ao terreno profundo das emoções e dos sentimentos. Os traços
faciais revestidos de pureza, a coreografia que traz movimento ao corpo ao
reverenciar os Orixás, a beleza do vestuário e adornos, a melodia e palavras que
adentram aos ouvidos, a energia que aflora em cada membro ao cumprir os deveres
que lhe compete para o êxito da missão, autentica a fé.

Segunda Parte - Análise Iconográfica – Tema secundário ou convencional

Os elementos visuais constituem a substância básica daquilo que vemos. Aspecto


formal, ponto, linhas, cores, luz, textura, dimensão, fundo, figuras, que compõe a
estrutura da obra

Ponto
Quanto ao número de pontos que uma superfície contém, pode-se considerar que
nesta tela, os pontos são dispersos.

Linhas
Traçado (cheia); espessura (fina), posição (vertical – simboliza equilíbrio,
espiritualidade e elevação, levemente inclinada – (sugere instabilidade e movimento),
direção (paralela).

Forma
Geométrica, simples, possível de identificar seus elementos, recordar ou até mesmo
reproduzir na imaginação.

Luz
A projeção da luminosidade vem da lateral esquerda, de forma natural ou artificial.

Textura
A textura ótica é o elemento visual que serve de substituto para as qualidades de outro
sentido, o tato. É possível observar textura no padrão representativo da vegetação ao
fundo, nas vestimentas, nos adereços dos Orixás (colares, correntes, pulseiras), nas
guias, nos entalhes das ferramentas, no solo com a areia, nas folhas cobrindo o chão,
na pele das Iabás.

Proporções
É a relação do tamanho de uma parte do motivo à outra parte. Objetos ao fundo,
sempre parecerão menores em relação aos que estão no segundo plano e primeiro
plano.

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Zona de tensão
A obra dividida em zonas de tensão: densa (parte inferior para o meio, com cores
quentes) e tensão fraca (do meio para a parte superior, com cores frias e neutras)

Zona de interesse – centro de energia


A obra dividida em 9 quadros: 2 linhas horizontais e duas verticais imaginárias,
posicionando o assunto em destaque nos pontos de intersecção.

Equilíbrio
É resultante do equilíbrio gráfico, quando todos os elementos (cores, tamanho das
imagens) que a compõe estão organizados de tal forma que nada é enfatizado, dá ao
observador uma sensação de equilíbrio visual.

Movimento
Ao percorrer a imagem com os olhos durante a observação seguindo suas direções
observamos o movimento, criado pela ilusão ótica e isto se deve disposição e
combinação.

Cor
A tela contém as cores, primárias, secundárias, terceiras e neutras com seus
significados específicos:

Cores primárias (quentes)

Amarelo é a cor da atração, desenvolve o intelecto, a criatividade e concentração.


Favorece os estudos e a disciplina. Simboliza a energia solar e a inspiração.

Laranja traz sucesso, vitalidade. Simboliza a tolerância, a cordialidade e a atração.

Vermelho quente e estimulante. Transmite força de vontade e energia, virilidade.


Simboliza o combate e a conquista.

Cores secundárias (frias)

Azul acalma e traz clareza mental, tranqüilidade, paciência, compreensão,


afetuosidade, alegria e paz de espírito. Favorece as atividades intelectuais a
meditação e a harmonia doméstica. Simboliza sinceridade, lealdade, devoção, fé.

Verde a cor mais harmoniosa e calmante de todas. Evoca a esperança, o equilíbrio,


segurança e a satisfação. Transmite prosperidade, abundância. Simboliza a nova vida,
fertilidade, crescimento e saúde.

Violeta a cor da energia cósmica, intuição, aperfeiçoamento pessoal, neutraliza as


emoções. Simboliza a espiritualidade, a dignidade, a purificação e a transformação.

Cores Terciárias

Castanho representa a disciplina e a observação das regras. Estimula a confiança e


dá energia, firmeza, saúde. Simboliza as confidências.

Dourado atrai o poder e as boas realizações. Transmite confiança, coragem,


felicidade. Simboliza vigor, inteligência superior, nobreza.

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Púrpura transmite poder, riqueza. Simboliza a clareza de pensamento.

Rosa é amor espiritual, sucesso. Simboliza a honra, amizade, cura espiritual.

Cores Neutras

Branco repele as energias negativas e equilibra a aura. Facilita contactos espirituais.


Ajuda à cura. Simboliza a pureza, verdade, paz.

Prata e Cinza dá estabilidade, equilíbrio e doçura poética. Afasta forças negativas.


Simboliza as energias femininas, a maturidade e a reconciliação.

Preto favorece a auto-análise, transmite introspecção, elimina a discórdia. Simboliza o


misticismo e todos os segredos desconhecidos.

Dimensão

Nenhuma forma de representação da dimensão é possível sem a ilusão. A dimensão


está sempre implícita na forma e depende das relações feitas na composição. Ela fica
bem evidente nas composições que utilizam a perspectiva. É possível dividir a tela em
três planos:

Primeiro plano: Analisando de baixo para cima, é aquele plano que parece estar mais
próximo do observador (extremidade inferior da tela), o solo. Deve ser mais nítido e
detalhado. Nessa fase podemos trabalhar todos os detalhes e usarmos cores mais
quentes. Na extremidade inferior o artista usou cor neutra para representar à areia da
clareira e folhagens soltas pelo chão. A seguir usou cores quentes.

Plano intermediário: Situa-se à meia distância, mais ou menos no meio da tela. Nessa
fase os detalhes irão desaparecendo aos poucos e as cores vão se tornando mais
frias e com mais misturas.

Plano de fundo: É o último plano (extremidade superior da tela). Deve ser trabalhado
com cores neutras para proporcionar a noção de profundidade, o efeito atmosférico.

Elementos Ritualísticos

Corpo - O homem (microcosmo) é uma partícula do universo (macrocosmo) e


obedecem às mesmas leis é considerado sagrado ou profano de acordo com a
consciência individual. É possível dizer que o homem expressa as energias da
natureza e de seus elementos através dos cinco sentidos.
O corpo deve manter o equilíbrio, pois é um centro de forças entre o mundo natural e
sobrenatural, esta comunicação marca o espaço (atravessado pelas forças da
natureza) e o tempo (o instante fugaz). Esta intensidade de atração forma os campos
energéticos que proporcionam a interação entre a matéria e espírito.
É hábito, em todas as religiões “ofertar” ao que consideram sagrado. No Candomblé
são ofertados os paramentos ao veículo sagrado – o corpo, para que o mesmo se
mantenha visualmente belo e espiritualmente coberto, em respeito à divindade que vai
ocupar seu veículo, bem como, protegido com os adornos (talismãs) respectivos a
cada Orixá.

A indumentária litúrgica é confeccionada coletivamente pelos próprios membros da


casa de religião, com tecidos variados e coloridos: algodão, seda, renda, cetim, etc.
Cada Orixá tem as cores que correspondem aos seus atributos. Quando ocorre o
transe são colocados os adereços, que se revestem de uma aura sagrada.

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O adê (coroa, representando sua condição de antepassados divinizados). Os adês dos
orixás femininos diferenciam-se pelo filá que é um conjunto de fios de contas ou
canutilhos dispostos paralelamente ou entrelaçados que escondem a parte superior do
rosto (em geral olhos e nariz), podem ser feitos de metal (folha de flandres, cobre,
latão, essas peças metálicas podem apresentar uma riqueza muito grande de detalhes
resultados da técnica de puncionar sua superfície). Em geral trabalhados a partir de
uma folha fina, ou de algum tipo de papelão ou entretela bordada com panos, búzios e
outros materiais (contas, canutilhos, lantejoulas etc. segundo as características de
cada divindade). As divindades femininas em geral se apresentam com muitos
braceletes e pulseiras compondo sua vestimenta ritual.

Muitos adês masculinos por força da influência estrangeira assumiram a forma das
coroas européias, como no caso da coroa de metal de Xangô, um dos principais reis
da tradição ioruba e o capacete simbolizando os guerreiros. Em alguns casos usam
máscaras africanas. Usam como adereços braceletes e pulseiras em metal trabalhado
em forma de “copo”, lembram as armaduras típicas dos cavaleiros romanos ou
medievais.

Outro elemento importante na composição da “roupa do santo” são os colares feitos


de contas enfiadas em fios de palha da costa ou nylon. O material, formato e as cores
das contas identificam o orixá, o grau sacerdotal do iniciado e o momento litúrgico em
que devem ser usados.

Ogum - Protetor dos ferreiros e agricultores, sincretismo São Jorge


Posição: Vertical (ereta).
Indumentária: cores azul cobalto e vermelho (diversos padrões).
Ferramentas – Ele tem um molho de sete instrumentos de ferro: alavanca (força e
impulso), machado (corte), pá (cavar a terra), enxada (revolver a terra), picareta
(desobstruir obstáculos), espada (guerras, batalhas) e faca (corte), com as quais ajuda
o homem a vencer. São usadas em um círculo de metal que simboliza a eternidade e
presa por uma corrente cujos elos simbolizam a força, poder e união da terra com o
divino.
Guias – contas coloridas, azulão e vermelho.
Adereços – escudo (defesa dos ataques) e espada de metal, capacete.
Elementos: Terra (estradas) e fogo (energia).

Oxum – Responsável pela união e o amor nas famílias, protetora das crianças, bem
como a riqueza, sincretismo Nossa Senhora da Conceição

Posição: inclinada levemente para frente


Indumentária: amarelo, ouro, com fitas (exaltar acontecimentos) e laços (presente de
bênçãos). Ferramentas – mão direita um leque (símbolo da realeza), na mão esquerda
espelho (simbolizando o reflexo do universo), feitos em metal amarelo.
Ferramentas: mão esquerda um leque (nobreza)
Guias – contas amarelas e brancas.
Adereços – metal amarelo, braceletes e coroa
Elementos: Água doce (nascentes, rios, cachoeiras, lagos).

Iemanjá - Responsável pela maternidade e limpeza espiritual, rege a inteligência


humana e as emoções. Sincretismo, Nossa Senhora dos Navegantes.

Posição: Vertical (ereta)


Indumentária: preferência o azul e o branco ou verde, diversos padrões, depende da
Nação

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Ferramentas – mão direita leque (abanar malefícios), mão esquerda espelho (reflexo
da verdade), feitos na cor prata.
Guias – conchinhas do mar e contas nas cores: branca, azul ou verde
Adereços – na cor prata impulsas e coroa (adê)
Elementos: águas do mar.

Iansã – divindade dos ventos e tempestades e raios, responsável por cuidar das
Almas. Sincretismo Santa Bárbara

Posição: inclinada levemente em diagonal


Indumentária: vermelho e branco, as cores dependem da Nação
Ferramentas: Mão direita alfange (obété), cortar no ar todos os malefícios, na mão
esquerda eruexin (espécie de chicote feito de rabo de cavalo), usado para afastar os
Eguns.
Guias – chifres de búfalo e contas feitas com pedacinhos de corais, formando gomos
em sua extensão.
Adereços – em cobre
Elementos: Ar em movimento, todos os tipos de vento, fogo

Mãe de Santo – Yalorixá


É a figura central de um Ritual. A Yalorixá, o Sacerdote da Casa, símbolo máximo ou
sagrado no Candomblé, diante da qual os filhos se curvam, em cumprimento com
respeito. Possui um lugar de destaque simbolizado em uma cadeira, onde se senta
como rainha. Além da indumentária colorida (amarelo, branco, verde, azul) e
paramentos (uma trunfa/respeito aos Santos) carrega na mão direita uma sineta
(adjá), feita em bronze ou metal, dourado ou prateado que pode ser de duas, três ou
mais câmpulas, cujo som tem por objetivo guiar o Santo através do Barracão.

As quatro figuras no segundo semicírculo, representam as Abiãs, a vestida de branco


é a Yakekerê, Mãe Pequena da casa.

Terceira parte - Análise Iconológica – significado intrínseco ou conteúdo - o


candomblé como instrumento de preservação da história, dos saberes e da memória
Afro-Brasileira.

África

A palavra Candomblé é de origem Bantu. Foi um dos primeiros povos que


habitaram o continente africano. O vocabulário KIMBUNDU deste povo vem de
junções de palavras como: KA(Pequena)+NDOMBE(preto, negro, escuro)+ –
MBELE(criado, iniciado) – significa pequena casa de iniciação dos negros. A palavra
correta seria KANDOMBELE.

As Nações e o Candomblé
Entre os séculos XVI e XIX chegaram ao Brasil entre 4 e 5 milhões de africanos
escravizados de várias Nações. Em sua viagem para o desconhecido o negro perdeu
sua identidade, pois aqui foi escravizado, restando apenas a liberdade de sentir,
pensar e professar sua Fé. A cultura negra vem atuando como uma fonte permanente
de resistência e como mantenedora de equilíbrio emocional do negro no Brasil. Das
diversas etnias trazidas à força para o Brasil como escravos, sobressaíram-se dois
grupos, maioria os Bantu (provenientes do Guiné, Congo, Angola, Moçambique, etc.)
e os Sudaneses ( Ketu, Nagô, Ijexá, etc), entre meados do século XVII até meados do
século XIX, concentrando-se nas regiões da Bahia e Pernambuco.

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Os negros que formavam a Nação de Ketu (nome de um antigo reino da África)
formam a maior e a mais popular Nação do Candomblé, religião Afro-Brasileira,
descendente dos cultos religiosos da região Sudanesas, da cultura Yorubá. Quando
aqui chegaram formaram duas irmandades, a de Nossa Senhora da Boa Morte para
mulheres e de Nosso Senhor do Martírio para homens, assentando o Candomblé. Este
Candomblé busca conservar suas raízes cultuando seus Orixás de acordo com as
origens africanas.
É a religião que tem por base a anima (alma) da Natureza, monoteísta, um único
Deus, embora, em cada Nação tenham nomes diferentes, bem como cultuam as
divindades que representam as forças da Natureza, também, com nomes e rituais
diferentes.

Brasil

O Candomblé, a religião Afro-Brasileira foi fundado em 1830 com a primeira


Casa: Engenho Velho, Sociedade São Jorge do Engenho Velho ou Ilê Axé Iyá Nassô
Oká (Casa Branca). Foi o primeiro monumento negro considerado Patrimônio Histórico
do Brasil desde o dia 31 de maio de 1984, registrado no Livro Arqueológico,
Etnográfico e Paisagístico - Inscrição:093.

Oralidade

A oralidade (o som humano) é o principal veículo para transmitir os fundamentos do


Candomblé para os iniciados. Através de narrativas que perpetuam as gerações, o
tempo passado traz a continuidade no tempo presente e, por certo, permanecerá no
futuro. Os sacerdotes ao desenvolver a arte de ensinar usam seus cinco sentidos e
expressam suas emoções com a simplicidade de um ser iluminado. A bibliografia faz
parte do livro da vida e suas páginas representam a memória de suas vivências.
A visão de mundo é passada por meio do corpo através de um longo percurso de
aprendizagem e de incorporação dos fundamentos religiosos é um instrumento de
memória para a comunidade e de sabedoria para o fiel cumprimento ritualístico.

Música
As músicas são toques tirados em atabaques, conhecidos por Rum (grande), Rumpi
(médio) e Lê (pequeno), instrumentos que chegaram ao Brasil através dos escravos,
tocados com as mãos ou varetas, dependendo do ritual e a macumba, instrumento de
percussão (reco-reco). São instrumentos sagrados que passam por rituais anualmente
e usados apenas nos rituais. Ao som dos instrumentos são cantadas as rezas (adurás)
para as danças.

Dança
As danças africanas, como em geral as danças populares em muitos lugares do
mundo desenvolvem um movimento circular, anti-horário e, nas coreografias, se
destaca a forma curvilínea. É uma textura de varias camadas de sentidos, a
dimensionalidade é entendida como a possibilidade de exprimir-las: o olhar, o ouvir, o
sentir, o vibrar, que seriam o lado visível dos movimentos, expressos em outra
dimensão, a espiritual. A característica marcante na dança africana é a polirritmia. O
movimento e o ritmo não podem ser separados. O ritmo tem um padrão fixo, na
polirritmia tem a junção de vários ritmos. Cada parte do corpo movimenta-se seguindo
um ritmo e uma forma diferente de movimento. Por isso o corpo pode ser comparado a
uma orquestra, que, tocando vários instrumentos, harmoniza-os numa única sinfonia.
Na coreografia o Orixá representa suas passagens de aventuras mitológicas sobre a
terra.

Povo de Santo

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Os seguidores do Candomblé são chamados de Povo de Santo, ou seja, povo que
cultua os Orixás e formam a família de santo e cada um tem seus deveres para com a
casa e seu sacerdote. Uma família onde existem irmãos, tios, avós como a família
material que todos temos.

Ritual do Xirê

Os atabaques rufam e adentra ao barracão a Yalorixá, sacudindo na mão direita seu


adjá, balança seu corpo suavemente e com a mão esquerda faz um círculo no ar,
liberando a entrada de seus filhos para ocuparem suas posições no ritual. Em um
ritmo de dança específica, os movimentos são de dimensão pequena e servem para
concentrar as energias e se prepararem para receber o Orixá e, quando a última
pessoa entra, o círculo fecha. A forma de círculo simboliza a Grande Mãe, que em si
contém os elementos masculinos e femininos. As danças começam em um grande e
lento círculo que vai diminuindo durante o ritual com voltas sobre si (em forma de
espiral), o qual simboliza a direção para o interno. Enquanto o corpo vira sobre si, a
energia do orixá penetra no corpo. A Yalorixá senta-se em sua cadeira e autoriza as
rezas em ordem pré-definidas.

Adentra ao primeiro círculo, o Orixá Ogum com seu toque respectivo, o Adarrum (ritmo
rápido, forte e contínuo marcado junto com o Agôgô). Sua postura corporal é ereta
como um rei, a cabeça é posicionada para o alto e suas feições faciais denotam
virilidade. Movimenta os ombros com dinamismo e os braços com impulsos rápidos.
Mantém suas pernas retas e os quadris com movimento cadenciado. Movimenta os
pés de forma rápida, com trajetórias contínuas e o corpo de forma circular. Ao dançar
simboliza o movimento de abrir caminhos, pois sua tarefa é árdua, vencer demandas e
destruir forças inimigas.

Adentra ao primeiro círculo, a Orixá Oxum com seu toque respectivo Ijesa (ritmo
cadenciado tocado só com as mãos). Sua postura corporal é em círculos, cabeça para
frente mostrando a face, suas feições são suaves, denotam a calma e alegria. Os
ombros têm um movimento contínuo e rotatório, os braços caídos ao longo do corpo,
os joelhos são levemente flexionados e os quadris movem-se de forma suave, os pés
deslizam com fluidez. Ao dançar simboliza graça, mas deixando fluir sua determinação

Adentra ao primeiro círculo a Orixá Iemanjá com seu respectivo toque, Adahum (ritmo
calmo). Sua postura corporal é em círculos, cabeça para frente mostrando a face, suas
feições são suaves, muitas vezes choram para simbolizar suas águas, Seus ombros
tem um movimento contínuo e rotatório, os braços são posicionados na forma de
acolher e conduzir, os joelhos são levemente flexionados e os quadris movem-se de
forma suave, os passos são feitos lateralmente. Ao dançar simboliza o movimento
rítmico das ondas, transmite as riquezas e encantos do mar.

Adentra ao primeiro círculo a Orixá Iansã com seu respectivo toque, Aguerê (ritmo
rápido). Sua postura corporal é ereta, cabeça posicionada para os lados
alternadamente, suas feições são de uma musculatura tensa. Os ombros têm um
movimento contínuo, braços são posicionados para frente, os joelhos são flexionados
e os quadris movimentam-se para trás com a projeção do busto para frente, os passos
são em direção frontal com pequenos recuos laterais. Às vezes, abre os braços e
ergue a cabeça para trás e roda sobre si mesma, desenhando uma espiral com o
próprio corpo. Ao dançar em zigue-zague com impulsos rápidos descreve a
eletricidade e simboliza o movimento do vento como um furacão ou tempestade em
direção aos quadrantes. De forma súbita o movimento se torna fluido e suave e
expressa leveza do ar quando carrega as Almas para o Orum. Quando cessa sua

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dança e se dobra ao chão é sinal que sua curiosidade está aguçada com algo novo e
a grande guerreira prepara-se para lutar. Iansã ao dançar expressa a sensualidade do
ar em movimento.

Salvador/Carybé/Candomblé

Salvador foi a primeira capital do Brasil colonial, fundada em 1549, apresenta


uma combinação única de culturas africanas e européias, as quais imprimiram na
cidade, características peculiares que podem ser observadas nas suas igrejas
barrocas, nos santuários africanos, no sincretismo religioso, na gastronomia, na
musica e nas festividades. A identidade cultural da Bahia foi aclamada e reforçada
através das obras deste artista e suas poéticas visões sobre o lugar e sua gente.

Carybé veio morar no Brasil em 1919 onde completou os estudos secundários


no Rio de Janeiro e estudou na Escola Nacional de Belas Artes. Retornou à sua pátria
e, em 1950, decidiu fixar residência em Salvador. Brasileiro naturalizado desde 1957.
O homem, “artista e religioso” foram indissociáveis e retratou a história baiana com
sua arte, sem compromissos com vanguardas artísticas, através de vários suportes: os
desenhos (sua arte maior, guiada por sua percepção visual), pois não precisava de
modelos, sua memória era a inspiração; nas pinturas, sua intenção passava clara no
clima especial que criava para cada quadro, nos murais e painéis que enfeitavam
prédios. Sua obra atingiu o montante de cinco mil produções, exposta no Brasil e no
exterior. Aceitou desafios sem perder a unidade da linguagem estética adotada em
seu trabalho gráfico, narrativo e escultórico.

Carybé, cujo apelido advém de “mingau ralo”, filho de Oxossi e um obá do Axé
Opô Afonjá, casa de Mãe Stella de Oxossi, veio a falecer durante um ritual. Foi
enterrado no cemitério Jardim da Saudade em Salvador e deixou como legado uma
extraordinária contribuição para a preservação das tradições e memória de um povo, o
resgate da cultura, seus saberes, fazeres, ofícios e crenças, bem como, da cultura
Africana.

Bibliografia

Livros

Filho, Fernandes Portugal – Uso Litúrgico das Folhas no Candomblé – Editora Tecnoprint S.A.,
1987
Filho, Fernandes Portugal - Língua Yorùbá – Editora Madras 2002
História e Cultura Afro-brasileira – ISBN:978-85-63701-34-3 – SBJ 2011
Peres, Vera Regina – Candomblé sem Mistérios – Direitos Autorais 2010
Prandi, Reginaldo – Herdeiras do Axé - Editora Hucitec, USP, 1996
Santos, Edmar Ferreira - O Poder dos Candomblés ( Perseguição e Resistência no Recôncavo
da Bahia)
Verger, Pierre Fatumbi – Orixás

Sites
http://www.infoescola.com/biografias/carybe/
http://www.afroasia.ufba.br/pdf/afroasia_n29_30_p389.pdf
http://noticias.bol.uol.com.br/entretenimento/2012/12/03/publicacao-de-conto-inedito-do-pintor-
carybe-celebra-encontro-com-a-bahia.jhtm
http://escolagmario.blogspot.com.br/2013/08/carybe_20.html
http://www.xangoaganju.com.ar/carybe.htm
http://www.cameramais.com.br/blog/introducao-a-composicao-regra-dos-tercos/

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https://www.google.com.br/search?q=Linhas+verticais&espv=210&es_sm=122&source=lnms&t
bm=isch&sa=X&ei=meeJUtK8K4a2kAetvYG4CA&ved=0CAkQ_AUoAQ&biw=1
http://pt.scribd.com/doc/31284774/Esquema-de-Leitura-de-Obra-de-Arte

IPHAN
http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=15932&sigla=Noticia&retorno=d
etalheNoticia

Museus
http://www.dgabc.com.br/Noticia/249200/museu-afro-brasil-celebra-centenario-de-carybe
http://bahiamam.org/
http://nacidade.com.br/local/pr/curitiba/local/museu-oscar-niemeyer-218081
http://www.saatchigallery.com/museums/museum-profile.php/Museu+Afro-
brasileiro+Bahia/3712.html

Vídeos
http://youtu.be/Ho4MLoZCKVA
http://youtu.be/AWSdVtOy-hs
http://youtu.be/yTD-5Y85HFU

Jornais e Revistas
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq021025.htm
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.128/3687/pt
http://acervo.estadao.com.br/noticias/personalidades,carybe,909,0.htm
http://www.pontourbe.net/edicao10-artigos/241-artes-do-axe-o-sagrado-afro-brasileiro-na-obra-
de-carybe
http://jornalggn.com.br/video/carybe-entre-deuses-e-sonhos

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