Anda di halaman 1dari 27

A Questão da Exterioridade da Consciência Socialista na Teoria

Marxista

Universidade Estadual do Rio de Janeiro

Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ).


Tamyres Ravache Alves De Marco
tamyresravache@ymail.com

Área temática: Teoria Política

Trabalho preparado para apresentação no 9° Congresso latino-americano de Ciência


Política, organizado pela Associação Latino-americana de Ciência Política (ALACIP).
Montevidéu, 26 a 28 de julho de 2017.

Montevidéu, 2017.
Resumo: As teses marxistas são um ponto de referência constante para as Ciências
Sociais. A esse respeito, desdobraram-se em um impasse as distintas concepções de
Carlos Nelson Coutinho e Werneck Vianna sobre a origem da consciência socialista das
massas. De acordo com Coutinho, a teoria gramsciana não apresenta uma distinção
expressiva da proposta leninista. Fundamentalmente, ao equiparar estas concepções,
Coutinho localiza Gramsci na mesma posição de Lênin, para quem tal consciência
política seria produzida externamente à classe operária. Contudo, Vianna apresenta uma
visão distinta, ao considerar "problemática" a sustentação de uma semelhança entre as
concepções expressas por Lênin e Gramsci. Segundo o autor, a questão da consciência
apresenta-se "intrínseca e colada à estrutura". Logo, não dependeria de um ator externo
para promovê-la ou implantá-la. Os agentes envolvidos, portanto, deveriam se
manifestar externamente em termos ético-políticos para que fosse possível um efetivo
desenvolvimento da ação contra-hegemônica. Diante disso, este trabalho tem por
objetivo abordar as questões teóricas pertinentes acerca do debate dos partidos políticos
no interior da esquerda marxista através dos seus principais teóricos, em especial as
concepções de Vladimir I. Lenin e Antonio Gramsci. A partir desse mapeamento,
busca-se localizar as posições, bem como suas contribuições teóricas às questões de
formação, estrutura, dirigência e atuação coletiva consciente dos sujeitos nos partidos.

Introdução

O tema do partido é considerado um dos mais importantes na tradição marxista.


A importância desse tema é bastante evidente para esta tradição: trata-se,
fundamentalmente, do debate sobre o sujeito do processo de transformação
revolucionária da sociedade. A forma como esse sujeito se constitui historicamente e o
tipo de processo que está aí envolvido reflete. Primeiramente, uma discussão sobre
classe e política e, em segundo, uma reflexão mais ampla sobre a história no
pensamento de Marx e dos marxistas. Qual é o espaço que existe para a ação consciente
do sujeito? O propósito desse trabalho é abordar a relação entre classe e partido no Que
Fazer?, de V. Lenin, e nas Notas Sobre Maquiavel, de Antonio Gramsci, tendo em vista
a questão da formação daquilo que na tradição marxista se convencionou chamar de
“consciência socialista”.
Tradicionalmente, essas duas visões são tidas como semelhantes. De acordo com
Coutinho (1999), a concepção gramsciana de partido não apresenta uma distinção
expressiva da proposta leninista. Dessa maneira, ao equiparar estas concepções,
Coutinho localiza Gramsci na mesma posição teórica de Lênin, para quem a
“consciência socialista” seria produzida externamente à classe operária. Contudo,
Werneck Vianna (2004) apresenta uma concepção distinta ao considerar “problemática”
a sustentação de semelhanças entre as concepções expressas por Lenin e Gramsci. Para
Vianna, a questão da consciência socialista operária em Gramsci apresenta-se
igualmente “intrínseca e colada à estrutura”. Logo, não dependeria, principalmente, de
um ator externo para promovê-la ou implantá-la. Vianna afirma que a concepção de
Gramsci repousa na ideia de que os atores envolvidos devem se manifestar
externamente em termos ético-políticos para que ocorra um efetivo desenvolvimento da
ação contra-hegemônica.
Partindo dessas duas visões conflitantes, o presente trabalho tem como objetivo
analisar o Que Fazer?, de Lenin (in: STRADA, 1977) e as Notas Sobre Maquiavel, de
Gramsci (2000). O objetivo é compreender as semelhanças e diferenças entre ambas no
que se refere ao caráter da consciência socialista. Conclui-se que ambas as concepções
são suficientemente semelhantes para que possam ser contrapostas, por exemplo, à
corrente “marxista ortodoxa”, que inclui os autores Rosa Luxemburgo e Leon Trotsky.
Nesse sentido, não haveria maiores novidades no que diz respeito à visão hegemônica
sobre a relação de continuidade entre Lênin e Gramsci. No entanto, com base nas
indicações de Werneck Vianna, é possível identificar algumas diferenças de ênfase entre
os dois autores. Em especial, a ideia de exterioridade, que está presente em ambos, é
abordada por eles de forma distinta. Isto é, enquanto a noção de produção “exterior” da
consciência em Lenin é bastante clara, em Gramsci essa questão é mais complexa,
principalmente, por mobilizar elementos externos e internos para a sua composição.
Intelectuais, partido e membros que vêm da própria classe operária, além do próprio
partido, enquanto intelectual coletivo, surgem como sujeitos da elaboração da
consciência e da teoria revolucionárias. Coutinho parece estar certo no que diz respeito
à semelhança entre as duas teorias sobre o papel dirigente a ser desempenhado pelo
partido, entretanto, as reflexões de Werneck Vianna indicam que, no que diz respeito à
formação da consciência socialista, a obra de Gramsci precisa de um maior
aprofundamento e novas pesquisas.
Assim, na primeira seção são apresentadas as principais concepções acerca do
partido que surgiram durante o processo de constituição do campo marxista: as
formulações de Marx e Engels, Rosa Luxemburgo e do jovem Trotsky e, de outro, as
posições de Lênin e Gramsci; na segunda e terceira seções, são abordadas as posições
de Lênin em Que Fazer e Gramsci nas Notas Sobre Maquiavel. Por fim, a conclusão.

1. O PARTIDO NA TRADIÇÃO MARXISTA REVOLUCIONÁRIA.

1.1 O partido como “instrumento” específico de luta pelo poder.

Ao longo dos séculos XIX e XX surgiram formas específicas de organização do


proletariado conhecidas como partidos políticos revolucionários. Em decorrência da
configuração do cenário sociopolítico da luta de classes, surgiram as condições que
favorecem tanto à formação quanto ao desenvolvimento de formas de organização
complexas da classe operária.
Com o objetivo de emancipar o proletariado e tomar o poder político, surgiram
partidos exprimindo interesses da classe trabalhadora, por meio de uma luta política
mais ampla, isto é, superior àquelas travadas pelas anteriores associações profissionais e
os sindicatos. Ao longo da história, a classe operária criou diversas formas de
organização para atenderam seus diversos objetivos de luta, de cooperativas e sindicatos
(trade-unions), caracterizados por sua forma menos “complexa” de consciência e
organização de classe, até as organizações que colocaram, pela primeira vez, de forma
mais abrangente a questão política em destaque. Foram essas formas de organização
política do proletariado que deram origem aos modernos partidos políticos.
Desde então, nos diversos contextos, as lutas pela emancipação política e social
passaram a se vincular ao partido. Nota-se que, mesmo diante de críticas questionadoras
do partido enquanto instrumento capaz de representar a classe trabalhadora, este ainda
se apresenta como um agente fundamental da expressão social e político-coletiva desta
(Braz, 2011). O surgimento do “partido revolucionário”, portanto, vincula-se à
formação de uma sociedade baseada nos modos de produção capitalista.
Enquanto organizações políticas cujo objetivo é exprimir interesses coletivos
comuns, estes se constituíram como uma espécie de dirigentes das ações da classe e/ou
dos grupos sociais. Assim, relacionando teoria e prática política, o partido se apresenta
historicamente como um instrumento de classe que atua também como um orientador
das massas. Nesse sentido, inserindo-se na dinâmica revolucionária, surgiu o debate em
torno do papel específico do partido no processo de emancipação da classe trabalhadora.
Dito de outra maneira surgiu junto ao debate da revolução do proletariado a questão da
estrutura e do funcionamento do partido que a mobilizaria.
Os principais autores dessa tradição se destacaram, sobretudo, pelo hibridismo
de suas atuações, ou seja, estes atuaram tanto como pensadores como dirigentes
políticos e, ainda que discordâncias sejam facilmente identificáveis, apresentavam em
comum a filiação à teoria marxiana. Inseridos nessa tradição, consolidaram, por um
lado, ideias comuns quanto aos objetivos da classe trabalhadora, e, por outro, maneiras
distintas para se atingir tais objetivos. Para compreender tais especificidades, faz-se
necessário um resgate teórico.

1.2 A corrente revolucionária ortodoxa: Karl Marx, Rosa Luxemburgo e o Leon


Trotsky.

Marx e Engels ocupam lugar de destaque na história das ideias políticas. O


Manifesto do Partido Comunista se tornou referência no debate sobre partido e
revolução e, portanto, central nos debates das correntes marxistas. Contudo, conhecidas
as distintas interpretações acerca de suas formulações por, ora permitirem uma leitura
mais, outra menos “determinista”, ocorre na chamada esquerda marxista uma polêmica
sobre o grau de determinismo histórico presente no pensamento marxiano. Segundo
Juarez Guimarães (1999), tal pluralismo se relaciona à presença de uma ideia de
evolução fruto de um processo de renovação da forma social de se apreender as relações
sociais. Atuando como um empecilho para uma formulação homogênea e linear das
ideias e do “rigor lógico” na produção de Marx e Engels. Contudo, independente dos
fatores que levaram aos impasses interpretativos, destacam-se as chamadas “tensões”
deterministas.
Essa tensão se apresentaria de maneiras distintas nas obras de Marx. Em um
primeiro momento, pode-se afirmar haver uma concepção finalista da história na qual se
concebe o sistema capitalista como uma etapa, isto é, parte de um processo que
culminaria no comunismo. E, em um segundo momento menos determinista, porém sem
abandonar totalmente uma perspectiva determinista onde Marx insere uma análise mais
praxiológica da história1. Neste período, a classe operária surge nos argumentos de
Marx como o seu principal sujeito de interlocução, dirigindo suas palavras diretamente
ao movimento operário. São amplamente difundidas as suas ideias segundo as quais a
história não é tida como um sujeito em ação. A história então é exposta como um
resultado das ações dos homens e, portanto, somente por eles capaz de ser conduzida e
construída.
No Manifesto, Marx delineia um processo de desenvolvimento do sistema
capitalista, no qual o contínuo desenvolvimento das forças produtivas ocasiona, no
interior do sistema, constantes e cada vez mais intensos conflitos entre as forças
produtivas e as relações de produção. Tais conflitos mobilizariam reivindicações
operárias, ao mesmo tempo em que potencializaria a classe enquanto sujeito capaz de
promover sua própria emancipação. Ao longo das lutas entre classes, a classe operária
se torna o próprio elemento central de sua ação. Vista por si como o ator e condutor do
seu próprio processo emancipatório.
Em interpretações futuras da obra marxiana, a defesa do partido operário surgiria
como resultado da ação econômica e social da própria classe se caracteriza pela defesa
do espírito do Manifesto. Diferente das futuras formulações de Lenin, por exemplo,
Marx não aponta qualquer tipo de problema na relação entre as manifestações
espontâneas da classe e sua relação com o avanço de sua consciência política mais
ampla. Marx atribui ao homem o lado prático e ativo na história, ao mesmo tempo em
que, em um viés que poderia ser considerado determinista, idealiza a organização da
classe operária em partido, sua insurreição contra burguesia e a derrubada do sistema
capitalista como um processo histórico inevitável.

“Porém, com o desenvolvimento da indústria, o proletariado não


apenas se multiplica; concentra-se em massas cada vez maiores, sua
força aumente e ele sente mais tudo isso [...] Os operários começam a
formar coalizões contra os burgueses; reúnem-se para defender seus
salários [...] Aqui e ali a luta explode em revoltas. [...] E basta esse
contato para centralizar as numerosas lutas locais, todas do mesmo
caráter, numa luta nacional, numa luta de classes. Mas, toda luta de

1
Respectivamente, em Crítica à Filosofia do Direito de Hegel e os Manuscritos Econômico-Filosóficos,
produzidos respectivamente em 1843 e 1844, e, A Ideologia Alemã, o Manifesto do Partido Comunista e
o 18 Brumário. Este período é marcado, sobretudo, pela redução de seus diagnósticos deterministas.
classes é uma luta política. [...] Essa organização dos proletários em
classe e, com isso em partido político, é incessantemente abalada pela
concorrência entre os próprios operários. Mas, renasce sempre, cada
vez mais forte, mais firme, mais poderosa.” (Marx e Engels, 1982:
51).

Ainda que não fique explícita, no “Manifesto”, uma proposta de estrutura, bem
como uma organização exata para o partido revolucionário, estão localizadas nele as
postulações gerais que influenciaram os demais pensadores marxistas, produzindo
distintos posicionamentos quanto ao debate da organização do partido. No “Manifesto”,
Marx e Engels afirmam ser o proletariado a única classe capaz de ser revolucionária,
uma vez que ela combate a burguesia para garantir sua própria existência. O principal
objetivo seria o de manter a unidade entre a luta econômica e a luta política. Tal unidade
seria fundamental na medida em que, para os autores, estas reivindicações, específicas
do campo econômico, agiriam como um motor para o processo de tomada de
consciência política, logo para a organização do proletariado em partido. Dessa forma,
após as conquistas no campo econômico, a tomada do poder político ganharia força
enquanto segundo e próximo movimento dos trabalhadores.
Esta concepção na qual a classe trabalhadora é vista como o único sujeito capaz
de ser revolucionário, isto é, condutor de sua própria emancipação, também foi
defendida por Rosa Luxemburgo e Leon Trotsky. Rosa Luxemburgo é considera uma
importante liderança teórica e política do Partido socialdemocrata Alemão, além de
responsável por parte significativa do conjunto de críticas direcionadas ao Partido
Bolchevique montado por Lenin. Rosa contribuiu com o movimento operário
internacional e com a luta socialista a partir da expressão de suas ideias, tanto contra os
considerados “reformistas” no interior de seu partido quanto para os reformistas da
Segunda Internacional.
Para Rosa, a questão da organização do movimento operário, bem como o seu
processo prático de ação não devem estar vinculados a uma ação “artificial” da
propaganda, mas sim devem ser produto do processo da luta de classes. Crítica ao
centralismo político defendido por Lenin, a autora afirmava que o centralismo
prejudicava o processo de organização mais amplo dos trabalhadores. Para Rosa,
nenhuma fórmula rígida seria capaz de resolver, ou ao menos beneficiar, o movimento
socialista se seguisse as orientações sistemáticas contidas na obra Um Passo à Frente;
Dois Passos Atrás, pois nele estava contido elemento que afastaria o principal ator da
ação da revolucinária, a classe trabalhadora.

“Sólo en el curso de la lucha se recluta el ejército del proletariado y


su vez este último toma consciência de los fines de ella. La
organización, los progresos de la consciência y la lucha no son fases
particulares, separadas mecanicamente en el tempo, como en el
movimento blanquista, [...] Por una parte, fuera de los princípios
generales de la lucha, no existe uma táctica ya elaborada em todos sus
detalles que um comité central podría enseñar a sus tropas como en
um cuartel; por la outra, las peripécias de la lucha, en el curso de la
cual se crea la organización, determinan incessantes fluctuaciones en
la esfera de influencia del partido socialista.” (Luxemburgo, In:
Strada, 1971: 467).

A função do partido seria, portanto, a de representar os interesses comuns do


proletariado enquanto classe, sobrepondo quaisquer particularismos aos interesses
coletivos. Por sua vez, a socialdemocracia teria por objetivo reunir num partido único os
diferentes grupamentos da classe, e questão da centralização política seria uma ação de
objetivo formal que caracterizaria qualquer partido que propusesse algum tipo de ação
direta na qual as massas estariam desvinculadas de qualquer tipo de submissão a essas
instâncias. Sendo o socialismo um produto do conflito entre classes, os partidos
deveriam ser orientados pela organização autônoma das classes.
No que se referem às atividades desenvolvidas pelo partido, estes deveriam
caminhar de acordo com o contexto histórico, isto é, por meio dos conflitos entre
classes em uma relação dialética com o proletariado. Para Rosa, somente durante esses
processos de lutas que a consciência de classe do proletariado se desenvolveria
(Luxemburgo, in: Strada, 1971: 468). Logo, a consolidação da consciência da
emancipação da classe trabalhadora se construiria junto aos processos internos de luta.
Fica claro assim que os aspectos de “organização” e “consciência” são elementos que se
desenvolvem no mesmo processo, não sendo possível o surgimento da consciência
socialista por meio de um agente externo ao ator que vive e se desenvolve no ambiente
de conflito.
Dessa maneira, não existe uma tática que possa ser detalhadamente elaborada
exteriormente aos princípios gerais das lutas e das conquistas da classe, tampouco algo
que possa ser passado como um ensinamento de um grupo a outro. Durante o processo
de luta da classe surgem contingências específicas. Numa defesa clara à insubordinação
dos militantes a uma centralização política no partido, Rosa afirma que não devem se
estabelecer hierarquias entre os operários do partido.

“Sin embargo, nos parece que sería un grueso error pensar que se
podría substituir “provisoriamente” en el partido el domínio aún
irrealizable de la mayoría de los obreiros conscientes por el poder
absoluto de um comité central que actúa como por tácita “delegacion”
y remplazar el control público ejercido por las masas obreras sobre los
órganos del partido con el control opuesto del comité central sobre la
actividad del proletariado revolucionário.” (Luxemburgo in: Strada,
1971: 469).

Somente diante de “liberdade política” seria possível esperar a formação de um


número elevado de trabalhadores educados e cientes de sua força política sobre a vida
pública. Apenas diante destas circunstâncias é que será possível uma vanguarda
proletária consciente, bem como capaz de orientar a si própria na luta política pela sua
emancipação. O centralismo nada mais seria do que uma tendência que se converteria
em realidade na medida em que se sucedesse o desenvolvimento da educação política da
massa. Em outras palavras, a centralização não se apresenta no pensamento
luxemburguista como uma concepção absoluta que poderia simplesmente ser aplicada
em qualquer fase do movimento operário.
A centralização absoluta, isto é, desconectada do movimento operário, tenderia a
paralisar o progresso da autonomia da classe operária, transformando-a em um
instrumento dos intelectuais burgueses. Permitir que nos momentos iniciais do
movimento operário ocorressem alguma forma de concentração organizativa ou política
seria abrir espaço para uma atuação intelectual burguesa oportunista que entregaria o
proletário, ainda inculto, aos comandos de um grupo centralizado. Contra as ações
oportunistas não existiria garantia mais eficaz do que a atividade revolucionária fruto da
autonomia da classe trabalhadora, ou seja, proveniente das experiências adquiridas e do
reconhecimento de suas próprias responsabilidades políticas. Nada seria mais
contraditório à essência histórica e dialética marxiana do que defender a separação dos
fenômenos de base histórica daqueles que realizam esquemas, em sua visão, abstratos.
Fundamentalmente, Rosa Luxemburgo sustenta um pensamento em que tanto o
movimento quanto a organização revolucionária da classe operária não poderiam ser
forjados por um grupo externo à própria classe. Ou seja, diferentemente do pensamento
defendido por Lenin, no qual uma vanguarda política separada do restante da massa
deveria dirigir e guiar a classe no movimento revolucionário, Rosa enfatiza que o grupo
dirigente do partido não deve ser externo à classe, mas sim que, embora sua importância
seja inquestionável, este deve ser composto somente por parcelas supostamente mais
preparadas da classe. Dito isso, Rosa Luxemburgo rejeita a postura teórico-política
defendida por Lenin, pois, em sua leitura, tal perspectiva retira do proletariado o
protagonismo histórico no processo revolucionário.
Assim como Rosa Luxemburgo, representante daquilo que aqui estamos
chamando de “ala ortodoxa” da corrente marxista, crítico ao revisionismo e ao
“autoritarismo” presente no partido bolchevique liderado por Lenin o, aqui chamado,
“jovem Trotsky” 2 se aproxima das proposições de Rosa na medida em que também se
opunha ao que acreditava ser o “utopismo” presente no pensamento e nas ações dos
jacobinos. Para Trotsky, a classe trabalhadora elevaria sua consciência num processo
gradual e dialético.
Trotsky considera ser possível determinar os limites formais do partido, isto é,
sua maior ou menor amplitude, contudo, isso também dependeria de uma série de
causas objetivas e de tato político, além de considerações e oportunidades políticas.
Preocupado em agir de acordo com a realidade expressa, Trotsky afirma que os
elementos mais “conscientes” e, portanto, mais revolucionários do partido, estarão
sempre em minoria. Desta forma, se os membros do partido forem capazes de se
“adaptar” a esta situação (dada pela realidade) bastará ao socialdemocrata crer no
destino do movimento.

“Nosotros creemos que la praxis de classe, iluminada por los rayos


del reflector marxista, elevará la consciência de los elementos poco
conscientes y atraerá al campo de su luz a los elementos que todavia
ayer estaban totalmente faltos de consciencia. Esto es lo que nos
diferencia profundamente de los jacobinos, Nuestra actitud respecto
al desarrollo espotaneo de las fuerzas sociales, y por lo tanto al

2
A razão de se falar, aqui, em “Jovem Trotsky” é o fato de que, mais tarde, ele mudaria de posição sobre
a questão do partido e se aproximaria da posição de Lenin. Sobre esse tema, ver Deutscher, 2005.
futuro, es uma actitud de fe revolucionaria. [...] Los jacobinos são
idealistas de pies a cabeza, nosotros somos materialistas de cabeza a
los pies. (Trotsky in: Strada, 1977: 433).

Para Trotsky, somente na própria classe se encontraria a força capaz de realizar a


revolução. Dessa forma, influenciar os demais socialdemocratas a se inclinarem a algum
tipo de “idealismo teórico” (Trotsky in: Strada, 1977:433) colaboraria somente para a
dissolução do movimento revolucionário. Nesse sentido, sua leitura sobre a
centralização do partido é marcada pela desconfiança. Citando as frases de um jacobino
desconhecido, Trotsky tenta denunciar o que considera “oportunismo”, existente nas
ideias dos “jacobinos”.

“Son necessárias as grandes crisis para purificar el organismo


infectado por la gangrena; es necessário amputar los membros
para salvar o cuerpo. [...] Las grandes medidas que adoptamos
son semejantes a un golpe de viento que arranca los frutos
podridos y eja em el árbol los frutos sanos. [...] ?Qué ventaja
hay em que las ramas sean numerosas, si están enfermas?”
(Strada, 1977: 435).

Segundo Trotsky, qualquer tentativa de introduzir métodos jacobinos ao


movimento de classe do proletariado é uma tentativa de oportunismo, um sacrifício dos
interesses históricos do proletariado pela ilusão de um “triunfo efêmero”. Assim,
reafirma sua ideia na qual a força do movimento revolucionário seria obtido somente
através do desenvolvimento da própria luta operária. Contrário à posição defendida por
Lenin, Trotsky afirma que a ação fundamental do partido não seria a desenvolver a
consciência socialista da classe operária, mas sim a de consolidar os elementos próprios
enquanto instrumento de representação do proletariado.

“Los buenos ciudadanos son aquellos cuya conciencia política-


desarrollada o no, no tiene importancia - hoy coincide con una
posición particular y fortuita. Malos ciudadanos son aquellos cuya
consciência politica se rebela hoy contra este o aquel detalle de mi
plan. ? És preciso... educarlos? !No! reprimirlos, acabarlos,
destruirlos, eliminar-los... El partido es entendido no dinâmica sino
estáticamente. Unidad de medida para la valoración de los diversos
elementos del partido, no es el problema de su papel en el movimento
político de la classe obrera, sino su actitud de hoy respecto a este
‘plan.” (Trotsky in: Strada, 9177: 436).

No que se refere ao conhecido jornal “Iskra”, Trotsky afirmava que este continha
elementos avessos à aos interesses do proletariado. O Iskra atuava contra o
desenvolvimento da força espontânea da classe ao mesmo tempo em que impedia que os
intelectuais se misturassem e atuassem juntos de forma coesa junto à classe
trabalhadora. Os elementos que Lenin acusava como “atrasados” são considerados por
Trotsky como pensadores que caminham passo a passo de forma segura, abrindo o
caminho para os passos futuros e positivos para o movimento. Trotsky afirma não ser
possível conceber as vias do desenvolvimento social, senão através de seu próprio
fortalecimento conjunto, ou seja, por meio das condições dadas pela história.
A desconfiança de Lenin sobre a espontaneidade das massas seria, segundo o
autor, a causa da degeneração tática do Iskra que, ao defender métodos táticos
jacobinos, agrediria o caráter classista do movimento revolucionário da classe, bem
como do partido socialdemocrata. Indo mais adiante em suas críticas, assemelha a teoria
de Lenin de caráter burguês e sua política como tutelar.
Conclui afirmando que as tarefas que se colocam ao movimento revolucionário
serão alcançadas através de longas disputas políticas externas e internas à corrente
socialdemocrata. Para ele, uma organização forte e autoritária não será capaz de acelerar
ou simplificar o processo, ou seja, somente o proletário é o responsável pela ação
revolucionária.

2. A POLÍTICA E O PARTIDO NO CENTRO DO DEBATE: LÊNIN E


GRAMSCI

Diferentemente das concepções presentes na corrente “ortodoxa” do marxismo


revolucionário, aqui exemplificada por Marx, Rosa Luxemburgo e o Trotsky, Lenin e
Gramsci defenderam viam o partido como um agente dirigente da classe operária em
sua luta pelo socialismo. Assim, enquanto na visão da corrente “ortodoxa” os
movimentos espontâneos das massas possibilitam a passagem do momento econômico
para o momento político, em Lenin os movimentos espontâneos das massas pertencem à
esfera unicamente econômica. Lenin não via no final do processo de lutas da classe a
realização do movimento revolucionário. Por sua vez, para Gramsci, a espontaneidade
deve ser guiada e educada para que a própria classe operária pudesse futuramente guiar-
se rumo à emancipação. Desse modo, haveria a possibilidade de que a partir a classe
sozinha adquirisse uma consciência política mais ampla. Esses dois teóricos serão
discutidos agora.

2.1 - Lênin e o partido como vanguarda.

Segundo Daniel Bensaid “Lenin [...] merece uma imagem diferente da de um


vulgar técnico do golpe de Estado. Bem mais que Marx, ele é um autêntico pensador da
política em ação.” (Bensaid, 2000). Sua concepção de um “partido de vanguarda” é o
ponto fundamental para a compreensão do conjunto de seu pensamento acerca da ação
revolucionária. Crítico aos socialdemocratas reformistas, Lenin defendia a importância
da teoria revolucionária e do trabalho prático para o desenvolvimento e o sucesso do
movimento revolucionário. Combateu os que desprestigiavam a ação revolucionária.
Inspirando-se nas obras clássicas de Karl Marx e Friedrich Engels, realizou uma leitura
crítica sobre a realidade dos países europeus desenvolvendo uma teoria revolucionária
original adequada à realidade russa. Para tanto, aproveitou e, em alguns momentos,
alterou as ideias por eles apresentadas em diversas de suas obras e escritos políticos.
Incorporando de Marx e Engels em sua concepção de “relevância da teoria” para
o desenvolvimento do movimento revolucionário, Lenin ressaltou a importância da
teoria na elaboração e na formação dos ajustes do pensamento do partido e de seus
objetivos práticos. Considerando que a socialdemocracia é, por sua natureza, um
movimento internacional, destacou a necessidade do conhecimento sobre a realidade e
as experiências dos demais países a partir de uma leitura crítica.
Podemos dizer que o principal elemento trazido por Lenin, em Que Fazer? é a
questão da centralidade da política e o lugar que esta ocupa no partido e no movimento
revolucionário. Preocupado com o crescimento do que ele considerava uma tendência
de um setor da socialdemocracia da época, a saber, rebaixar a esfera do político à esfera
das lutas econômicas, Lenin elaborou uma sistemática defesa contra os principais
defensores dessa tese, os chamados economicistas. Inicialmente, esclarecendo o que
seria o “elemento espontâneo” ou a forma embrionária da consciência socialista, afirma
que tal elemento se relaciona a um “limite” de ações a que a classe operária seria capaz
alcançar em suas reivindicações. Por meio de uma análise histórica, Lenin afirmava que
o proletariado só havia dado demonstrações de travar as lutas econômicas, isto é, as
lutas diretas por melhorias de condições de vida e de trabalho. Sendo assim,
reivindicações insuficientes para a emancipação de toda classe operária do sistema
autocrático russo (e do capitalismo).
As manifestações por melhorias nas condições de trabalho desencadeadas pela
classe trabalhadora não passariam, segundo Lenin, de lutas sindicais restritas ao campo
econômico, desse modo, não se configurando como uma luta mais ampla da
socialdemocracia. A consciência da luta política mais ampla só poderia ser alcançada
pela classe trabalhadora por meio de um agente externo, o partido. Aí reside à
especificidade do momento político defendido por Lenin, bem como o fator que o
distingue da corrente socialdemocrata hegemônica do período.
A função do partido socialdemocrata revolucionário, portanto, deveria ser a de
se ocupar desta luta política e levar a consciência socialista até a classe operária e, assim
ser capaz de elevar a luta econômica da classe a uma luta política consciente de toda a
classe operária com claros objetivos revolucionários. Para tanto, Lenin, concebia o
partido como um instrumento que fosse capaz de interpretar as situações nas quais
poderiam se desenvolver as contradições sociais e políticas. Este partido deveria ser a
vanguarda da atividade revolucionária.

“A socialdemocracia dirige a luta da classe operária não só


para obter condições vantajosas de venda de força de trabalho,
mas que seja destruído o regime social que obriga os não
possuidores a venderem-se aos ricos.” (Lenin, 1979:119).

O partido teria como tarefa organizar a luta política mais ampla, realizando o
trabalho de transformação dos militantes experientes em chefes políticos capazes de
conduzir os diversos tipos de manifestações num ideal comum no momento adequado.
Para isso seria imprescindível que o partido tivesse o conhecimento político real de sua
realidade, permitindo uma ação efetiva e objetiva do movimento revolucionário. A
derrubada do sistema autocrático se daria por meio da ação de um partido de vanguarda
ciente da realidade política, atento aos momentos propícios ao avanço da luta operária.
Lenin rejeitava as concepções que concentravam seus esforços na amenização
das contradições sociais. Esta orientação prejudicaria o processo revolucionário na
medida em que, para Lenin, limitaria a causa proletária à luta econômica. Lenin não
diminuía, contudo, o valor da espontaneidade das massas para a revolução socialista,
apenas ressaltava que a análise a ser feita deveria focar na diferença entre a objetividade
do movimento socialista.

“Não há dúvida de que o movimento socialista de massas é um


fenômeno da maior importância. Mas a questão está em saber como
interpretar a determinação das tarefas por este movimento de massas:
ou no sentido do culto da espontaneidade deste movimento, isto é,
reduzindo o papel da socialdemocracia ao de simples servidor do
movimento operário como tal [...], ou no sentido de que o movimento
de massas nos coloca novas tarefas teóricas, políticas e de
organização, muito mais complexas do que aquelas com que nos
podíamos contentar no período antes do aparecimento do movimento
de massas.” (Lenin, 1979: 111).

A tentativa de imprimir um caráter político à luta econômica se caracterizava


como uma forma de sabotagem do movimento revolucionário por intelectuais não
comprometidos com a revolução. Contudo, isso não significava que a luta da
socialdemocracia não englobasse a luta pelas reformas. A proposta leninista para elevar
a atividade econômica da classe operária circunscrevia a atividade econômica à ação
política, ou seja, atrelando e não inserindo no mesmo campo dois movimentos, a seu
ver, distintos. Para Lenin, esses dois movimentos tinham tanto origens quanto premissas
diferentes.
Para Lenin, por historicamente sofrer com as desigualdades econômicas, a classe
operária tenderia a priorizar os assuntos relacionados à ação do governo. Por esse
motivo, o autor não acreditava não ser possível conferir ao mesmo campo demandas de
caráter político e econômico. Seria, portanto, um erro defender supervalorizar a luta
propriamente econômica da classe operária. Essa luta, afirma Lenin, não extrairia ou
conduziria a classe a um patamar mais elevado de consciência de classe, isto é, mais
amplo. Para Lenin, os dirigentes deveriam levar à classe os conhecimentos políticos que
foram produzidos e aperfeiçoados fora do movimento operário.
A fim de corroborar sua teoria, Lenin trouxe à luz as reflexões de Karl Kautsky
para o qual o socialismo era considerado uma ciência produzida por intelectuais. Dessa
maneira, o socialismo era fundamentalmente uma matéria científica, logo, por essência,
produto externo à classe trabalhadora. Lenin, conclui daí que se era possível admitir o
socialismo como uma matéria externa à classe, logo, a consciência socialista, como o
seu produto, também deveria ser considerada do mesmo modo.

“A fórmula de Martínov é-nos preciosa não como prova de seu


confucionismo do seu autor, mas porque exprime com relevo o erro
fundamental de todos os economistas, a saber: a convicção de que se
pode desenvolver a consciência política de classe dos operários a
partir de dentro, por assim, dizer, da sua luta econômica, isto é,
tomando unicamente (ou pelo menos, principalmente) esta luta como
ponto de partida, baseando-se unicamente (ou pelo menos,
principalmente) nesta luta. Esta opinião é falsa de ponta a ponta [...].
A consciência política de classe não pode ser levada ao operário senão
do exterior, isto é, de fora da luta econômica, de fora da esfera das
relações entre operários e patrões.” (Lenin, 1979:135).

A vanguarda do partido deve levar as diversas informações políticas, discutir e


conversar com a classe, ao mesmo tempo em que faz a propaganda e a agitação política
do movimento revolucionário. Contudo, não é apenas a classe operária que eleva seu
nível de consciência. À medida que vanguarda trabalha junto às massas esta também
adquire um maior conhecimento sobre sua realidade nacional por ampliar a sua
percepção sobre a realidade social. Assim, ambos os atores crescem por meio da
interlocução. Os primeiros por aumentarem sua força política e os últimos pelo contato
contínuo com a realidade.
Estimular a “espontaneidade das massas” refletiria a limitação dos organizadores
políticos que a ressaltam, dado que o momento econômico não representaria o objetivo
final que levaria o proletariado à emancipação. O conhecimento intelectual deveria
chegar ao mundo fabril por meio dos únicos atores capazes de adquiri-lo, os
intelectuais. Além disso, esses intelectuais deveriam estar sempre e cada vez mais
presentes nesses meios para, além de influenciá-los, também os integrarem na própria
vanguarda do partido.
O comitê de revolucionários profissionais não deveria fazer distinções quanto
aos seus membros, o importante apenas seria que estes fossem capazes de realizar a sua
educação como revolucionários profissionais de maneira que o partido pudesse se
manter formando operários revolucionários.
Lenin enfatiza a organização e a centralidade do partido. Tal defesa é o ponto
fundamental causador do principal conflito entre as duas principais correntes de
pensamento socialdemocrata russo da época. Essa premissa permeia o pensamento
leninista, além de ser a base da atuação do partido durante o processo revolucionário.
Justamente de por esta forma de estruturação do partido que o partido seria capaz de
intervir objetivamente a fim da emancipação do proletariado. Nas palavras de Daniel
Bensaïd seria

“É precisamente a forma-partido que permite intervir sobre o


campo político, agir sobre o possível, não sofrer passivamente os
fluxos e refluxos da luta de classes. [...] o centralismo para uma ação
visa mover as linhas, deslocar as correlações de forças. Trata-se de
necessidades gerais. São irredutíveis a tal ou qual técnica de
organização.” (BENSAID, 2000).

Por “fluxo e refluxo da luta de classe” entendem-se os pontos indicados por


Lenin sobre o avanço e o retrocesso da classe operária durante o movimento
revolucionário e o trabalho de agitação política do partido enquanto orientador das
conquistas políticas mais amplas da classe. Dessa maneira, o partido centralizado teria
como dever levar a luta revolucionária à “frente”, ou seja, elevar a luta econômica ao
estágio político. Tudo isso em consonância com as possibilidades oferecidas pelo
momento histórico e suas oportunidades de caminhar para “trás” ou para “frente”.
Sendo o partido um órgão centralizado este deveria agir como um organizador
das diversas frações movimento, apresentando a estratégia e a tática a ser considerada
pelo movimento na medida em que se apresentam as novas situações. Assim, atua de
acordo com as condições colocadas pela realidade, já que esta, por sua vez nunca se
apresenta de forma “vazia e homogênea” (Lenin, 1979:136).
Tendo claro que o objetivo do partido na concepção de Lenin seria o de
desenvolver a consciência política coletiva da classe, isto é, mostrar a classe
trabalhadora que sua luta não se reduzia ao conflito entre operário e um patrão, mas sim
que esta se tratava de um conflito amplo contra o sistema capitalista. Por esse motivo,
que as seções dedicadas à função do jornal para a comunicação entre a vanguarda e a
classe foram tão aprofundadas pelo autor. Segundo ele, o jornal favorecia ao
desenvolvimento do partido por permitir aos militantes elevar constantemente as tarefas
e planos do movimento. O jornal também agia de forma educativa ao formar
organizações políticas locais sólidas. O jornal era também um instrumento à favor do
partido operário

“É necessário, é incondicionalmente necessário, antes de mais,


alargar este campo de ação, criar uma ligação efetiva de união entre as
cidades, com base num trabalho regular e comum [...] Eu continuo a
insistir que esta ligação efetiva só pode começar a ser criada com base
num jornal comum, que seja para toda a Rússia.” (Lenin, 1979: 198).

O partido se sobrepõe ao indivíduo e seus particularismos. Toda a substância e


todo o significado do partido e de seu papel na revolução. O partido não deve se abster
apenas em acompanhar e esclarecer o operário sobre as lutas de classe. Assim como se
apresenta em Kautsky a ideia de revolução em Lenin é algo a ser desenvolvido para que
se realize. A defesa da revolução como um fenômeno “natural” é considerado por Lenin
como descompromissado. Segundo ele, tal posicionamento expressaria nada mais do
que uma forma de se ausentar da tarefa revolucionária. É preciso destacar que, apesar da
relação de diálogo constante entre classe e partido, o partido leninista não se caracteriza
unicamente como um instrumento “pedagógico”, ele também é o fornecedor das
estratégias que impulsionariam o movimento.

3. GRAMSCI E O PARTIDO COMO ORGANISMO COLETIVO


3.1 Política e catarse

Antonio Gramsci é considerado um dos autores marxistas mais influentes da


contemporaneidade, se destacando, assim como Lenin, pela ênfase dada ao tema da
“política” no pensamento marxista. Em sua teoria crítica da política, Gramsci
apresentou uma teoria sofisticada a partir da relação entre “governantes e governados”.
Tal relação configurou o que ele denominou de “célula da política”, baseada nos
antagonismos entre classes. Por meio dessa concepção, o autor complexificou as teorias
marxistas que o antecederam ao elaborar os conceitos de sociedade civil “ocidental” e
“oriental”.
Esta distinção ocorre por meio da relação estabelecida entre a sociedade e o
Estado. A sociedade oriental seria aquela cujo estágio de desenvolvimento seria menos
avançado do que a da sociedade ocidental. Isto é, aquela onde haveria menor autonomia
em relação ao Estado. Representante da corrente marxista, portanto, Gramsci além de
trazer novos elementos de análise, também carregava consigo elementos analíticos de
outros autores mencionados nesse trabalho. É o caso da relação de sua teoria com
alguns dos pressupostos defendidos por Lênin, por exemplo, e, por meio dos quais, o
autor italiano formulou suas concepções sobre as estratégias para a transição de um
regime socialista para os países de capitalismo mais avançado.

“E se, como acreditamos, essa renovação gramsciana do


legado de Marx e Lenin é a tentativa até agora mais sistemática
de responder às questões cruciais da estratégia de transição ao
socialismo nos países mais desenvolvidos, uma transição que
continua na ordem do dia, então sua atualidade e sua
centralidade se fazem evidentes: assim como não era possível,
na época de Gramsci, renovar o marxismo sem estabelecer uma
relação prioritária de continuidade/superação dialética como
patrimônio categorial de Lenin.” (Coutinho, 1999: 86).

Elevando as concepções de Marx e Lenin, Gramsci apresenta como o conflito


classista ocorre nas sociedades mais complexas. Tais conflitos não seriam sustentados
somente por meio dos aparelhos repressivos do Estado, mas também por meio de uma
articulação deste com os “aparelhos privados de hegemonia”, sendo assim, numa
articulação entre sociedade civil e sociedade política.
Segundo Carlos Nelson Coutinho, “são frequentes, nos cadernos,
referências a que tudo é política” (1999). A partir deste conceito, temos que a essência
do pensamento gramsciano está em torno das relações políticas. Gramsci separa a esfera
política em dois sentidos. Primeiramente, em um sentido “amplo” que pode ser lido
como “catarse”. O segundo sentido seria o restrito, no qual a política é inscrita em seu
sentido tradicional, isto é, de um conjunto de ações ligadas ao Estado e às relações entre
governantes e governados. Por “catarse” compreende-se um momento de passagem ou
transição de um momento econômico (egoístico-passional) para um momento político
(ético-político). Essa passagem é entendida como o momento pelo qual a classe perde
sua característica corporativista tornando-se um fenômeno (ou movimento) que
expressa uma “vontade coletiva”. A “catarse” faria surgir um sujeito consciente da
história. De acordo com Coutinho a concepção de ‘catarse’ equivale à elaboração
marxiana sobre a “classe em si” e “classe para si” e, em Lenin, a semelhança se
verificaria na afinidade dessas com as postulações da elevação da consciência trade-
unionista para a consciência político-universal da classe.
Desta maneira temos que a não ocorrência da catarse na classe operária
implica na impossibilidade da mesma tornar-se uma classe nacional, logo, incapaz de
representar os interesses de todo um grupo majoritário que visa ser hegemônico na
sociedade. Destacando como fundamental a concepção “ampla” da política, Gramsci a
aproxima do caráter histórico que Marx atribuía à política. O momento “restrito” da
política seria superado dialeticamente, configurando-se num nível superior na
“sociedade regulada” (que é o socialismo, ou comunismo).
A economia está presente no pensamento gramsciano como o meio pelo
qual o homem produz e reproduz suas relações sociais absolutas. Assim, Gramsci não
coloca a economia elevada, rebaixada ou destacada da totalidade social e seus conjuntos
de relações. Essa formulação é mais facilmente percebida em sua elaboração sobre o
momento catártico que ocorre no interior de determinações econômico-objetivas. A
economia, desta forma, condiciona o campo das alternativas expostas ao indivíduo.
Ainda que a política desempenhe um papel relevante no pensamento
gramsciano, o autor considera a economia como o fator estruturante do “bloco
histórico”, isto é, o elemento fundamental do conjunto das superestruturas que são
resultado das relações sociais totais. Para Coutinho, essa concepção apresentada por
Gramsci, na qual na medida em que se amplia o campo de atuação da liberdade humana
em relação às determinações naturais, progressivamente se aumenta o poder de
influência da esfera política sobre a sociedade civil, pode ser lida como um elemento
chave na sua formulação sobre estratégia nas sociedades ocidentais.

3.2 Análises das relações de força na estrutura e superestrutura

Em sua análise sobre as “relações de força”, Gramsci considera que existem


graus ou momentos distintos que devem ser analisados para que possa ser feito um
diagnóstico adequado das forças que atuam na história de um determinado período
histórico. Primeiramente, Gramsci considera que as chamadas “relações de forças
sociais”. Essas se caracterizariam por sua posição na estrutura, ou seja, nas divisões de
classe da sociedade. São relações objetivas e passiveis de mensuração. É a partir do
nível de desenvolvimento das forças materiais de produção que se conforma uma forma
específica de agrupamentos sociais e a partir dos quais seria possível analisar as
condições existentes para sua transformação. Ou seja, é partir da análise desta
configuração que seria possível afirmar o nível de viabilidade e/ou realismo do conjunto
de ideias que foram produzidas internamente nessas relações ao longo de seu
desenvolvimento histórico, como, por exemplo, o crescimento numérico, bem como a
concentração espacial da classe operária.
Em segundo lugar, temos as “relações de forças políticas”. É neste nível de
relações políticas que Gramsci aponta a existência de uma unidade homogênea na
categoria de profissionais que a ocupam. Contudo, não se encontra aqui, ainda, uma
“solidariedade” mais ampla que seja capaz de englobá-los aos demais grupos de
profissionais das diferentes categorias. Num segundo momento, ainda inserido no grau
econômico-corporativo, surge o reconhecimento destas diversas categorias como
membros representantes de um único grupo social. Finalmente, o terceiro momento se
caracteriza pelo caráter estritamente político, isto é, aquele em que ao longo dos
processos citados anteriormente, chegou ao ponto em que se adquiriu uma consciência
de que os interesses corporativos devem superar o campo econômico-corporativo para
tornarem-se também os interesses dos demais grupos sociais submissos.

“Esse momento (...) pode ser analisado e diferenciado em vários


graus, que correspondem aos diversos momentos da consciência
política coletiva, tal como se manifestaram na história até agora. O
primeiro e mais elementar é o econômico-corporativo: um
comerciante sente que deve ser solidário com outro comerciante, um
fabricante com outro fabricante etc., mas o comerciante não se sente
ainda solidário com o fabricante; isto é, sente-se a unidade homogênea
do grupo profissional e o dever de organizá-la, mas não há ainda a
unidade do grupo social mais amplo. Um segundo momento é aquele
em que se atinge a consciência da solidariedade de interesses entre
todos os membros do grupo social, mas ainda no campo meramente
econômico. Já se põe neste momento a questão do Estado, mas apenas
no terreno da obtenção de uma igualdade político-jurídica com os
grupos dominantes, já que se reivindica o direito de participar da
legislação e da administração e mesmo de modificá-las, de reforma-
las, mas nos quadros fundamentais existentes. UM terceiro momento é
aquele em que se adquire a consciência de que os próprios interesses
corporativos, em seu desenvolvimento atual e futuro, superam o
círculo corporativo, de grupo meramente econômico, e podem e
devem tornar-se o interesse de outros grupos subordinados. Esta é a
fase mais estritamente política, que assinala a passagem nítida da
estrutura para a esfera das superestruturas complexas; é a fase em que
as ideologias geradas anteriormente se transformam em “partido”,
entram em confrontação e lutam até que uma delas, ou pelo menos
uma única combinação delas, tenda a prevalecer, a se impor, a se
irradiar por toda a área social, determinando, além da unidade de fins
econômicos e políticos, também a unidade intelectual e moral, pondo
todas as questões em torno das quais ferve a luta não no plano
corporativo, mas num plano “universal”, criando assim a hegemonia
de um grupo social fundamental sobre uma série de grupos
subordinados.” (Gramsci, 2000: 41).

Portanto, a leitura de Gramsci transita entre as relações de forças estruturais,


características do próprio modo de produção e as políticas, que seriam aquelas
responsáveis pela abertura de disputas e construções dos níveis mais complexos de
consciência política. Nota-se que diferentemente de Lenin, o pensamento de Gramsci
sistematiza o início dos processos de luta política mais ampla desde as relações
presentes na infraestrutura. Em Marx, essa relação se expressa com ênfase para a
infraestrutura ao passo que em Lenin a ênfase se encontra na superestrutura, contudo,
em ambos não está presente como em Gramsci uma reflexão consciente sobre esta
“tensão”, que pode ser interpretada como uma relação direta entre infraestrutura e a
superestrutura.

3.3 A questão da estratégia no ocidente e o papel do partido-príncipe

Gramsci considera que o fator que causou o fracasso da revolução no ocidente se


deu em função das diferenças estruturais presentes entre as distintas realidades do
“ocidente” e do “oriente” (Coutinho, 1999). Para ele, como vimos, a característica
fundamental a ser considerada no “oriente” para a pretensão de uma transformação
social se encontra em um notável enfraquecimento da sociedade civil em relação a um
predomínio, quase que absoluto, do Estado-coerção. Na medida em que o processo de
desenvolvimento entre sociedade civil e Estado no “ocidente” se apresentou de forma
mais estável.
Assim, Gramsci afirma que a estratégia de luta a ser adotada no “ocidente” deve
ser distinta da no “oriente”, já que no ocidente esta relação se apresenta de forma mais
equânime.

“A fórmula [da revolução permanente] é própria de um período


histórico em que não existiam ainda os grandes partidos políticos de
massa e os grandes sindicatos econômicos, e a sociedade ainda estava
sob muitos aspectos, por assim dizer, no estado de fluidez: maior
atraso do campo e monopólio quase completo da eficiência político-
estatal em poucas cidades ou até mesma numa só (Paris para a
França), aparelho estatal pouco desenvolvido e maior autonomia da
sociedade civil em relação a atividade estatal determinado sistema das
forças militares e do armamento nacional (...). No período posterior a
1870, com a expansão colonial europeia, todos esses elementos se
modificam, as relações de organizações internas e internacionais do
Estado tornam-se mais complexas e robustas; e a fórmula da
‘revolução permanente’, própria de 1848, é elaborada e superada na
ciência política com a fórmula de ‘hegemonia civil’. (...) A questão se
apresenta para os Estados modernos, não para os países atrasados e as
colônias, onde ainda vigoram as formas que, em outros lugares, já
foram superadas e se tornaram anacrônicas.” (Gramsci, 2000: 24).

A partir das ideias encontradas em O Príncipe de Maquiavel, Gramsci sistematiza


traços distintos para um partido revolucionário moderno, o moderno príncipe. Este
deve atuar como um agente da vontade coletiva visando à transformação social.
Diferente do que fora defendido na obra sua de inspiração, o moderno príncipe deve
combater e superar qualquer vestígio corporativo da classe operária, ou seja,
contribuindo para a formação de um grau de consciência que seja capaz de incidir
sobre o conjunto das relações sociais.
Desta maneira o partido é o responsável por dar continuidade e êxito ao longo do
processo “catártico”. Entretanto, o partido não só atua neste processo como também
junto aos sujeitos particulares que o compõe. Num processo de envolvimento cada vez
maior com o movimento estes sujeitos atuam cada vez mais livres e conscientes no
interior da sociedade. Esse processo de construção e reforma intelectual e moral do
movimento e dos sujeitos que o compõe é o movimento no qual Gramsci insere como
fundamental a participação dos intelectuais na formação e constituição do partido.
Contudo, para o autor “todos os membros devem ser considerados intelectuais”,
já que, ainda que não apresentem o mesmo nível de conhecimento, exercem uma
influência fundamental no partido: uma função dirigente e organizativa, ou seja,
educativa e intelectual.
A discussão acerca dos intelectuais, como sugere Werneck Vianna, indica que
Gramsci rejeita a ideia de uma “exterioridade forte” da origem da consciência, como
vimos Lênin sugerir em Que Fazer?.

"A contra-hegemonia nasce igualmente colada à estrutura – é


intrínseca não dependente de uma vontade coletiva externa a ela nem
é um carisma providencial que a imante. Problemático sustentar que a
questão da consciência, em Gramsci, apresente-se com o mesmo
estatuto de "externalidade" que em Kaustsky-Lênin. Para que a ação
contra - hegemônica se desenvolva, isto é, torne-se efetivamente
hegemônica, os novos sujeitos e valores, originários do processo
fabril, devem manifestar-se externamente em termos ético-políticos,
reorganizando a trama privada da sociedade civil. Daí o tema dos
intelectuais surgir como estratégico na obra gramsciana, mas, como é
claro, os "seus" intelectuais não são os jacobinos nem os intelectuais
do "idealismo filosófico" com classes sociais”. (Vianna, 1997, p. 91).

Se os intelectuais de Lênin são, principalmente, militantes oriundos da pequena


burguesia, exteriores à classe, os intelectuais de Gramsci são os membros do partido em
sua totalidade. E isso significa dizer, majoritariamente, militantes egressos do
proletariado industrial. O partido, no entanto, assim como no Lênin de Que Fazer?,
destaca-se da classe como um agente político dirigente. Isso justifica que pensemos em
Gramsci como um teórico do “partido dirigente”, da mesma forma que Lênin. Assim,
Carlos Nelson Coutinho está correto ao afirmar que a teoria do partido de Gramsci
descende diretamente da de Lênin. Mas Werneck Vianna está correto ao dizer que, para
Gramsci, a consciência, que dará sentido ao partido, não se origina fora da classe, mas
“junto” a ela.

Conclusão

Como vimos, Lenin e Gramsci apresentam visões semelhantes no que diz


respeito à relação existente entre partido e classe: para ambos, o partido revolucionário
deve se colocar à frente da classe, a fim de guiá-la durante o processo de transformação
da sociedade. Isso nos permite situá-los num mesmo campo em oposição à Marx, Rosa
Luxemburgo e Trotsky. Contudo, uma divergência fundamental na formulação de
ambas as teorias permanece. Essa distinção se inscreve numa discussão estrita ao debate
da produção da consciência socialista da classe operária e o lugar da ação consciente do
sujeito durante esse processo.
Ainda que semelhante à formulação gramsciana sobre a necessidade de direção
do partido, Lenin não concebe a emergência da consciência política da classe operária
como um produto natural do percurso de luta entre classes. Para Lenin, a classe operária
é incapaz de sozinha, ou seja, em seus confrontos com a burguesia, alcançar a
consciência política mais ampla, necessária para sua emancipação. As reivindicações
por melhoria de condições de trabalho pertencem, segundo Lenin, à esfera econômica.
Lenin afirma a necessidade do partido como vanguarda, não apenas como um agente
que “guia” e “dirige” à classe, mas sim como o “agente externo” que irá oferecer a
teoria e a prática revolucionária necessária a sua emancipação.
Para Gramsci, já está presente no momento econômico um grau de consciência
política. Contudo, essa consciência ainda se encontra num grau menos elevado em
relação a uma consciência política coletivista. A consciência da “unidade homogênea do
grupo profissional”, bem como a necessidade de organizá-lo, se mostra como um
estágio inicial de consciência política que culminará, com o auxílio do partido, numa
consciência política mais ampla.
Claramente notamos a semelhança entre Lenin e Gramsci no que se refere à
necessidade de um caráter dirigente do partido que deva desenvolver a consciência
política da classe operária. Isto os diferencia de Marx, Rosa, e o Jovem Trotsky.
Contudo, a diferença entre Lenin e Gramsci, reside na origem da consciência política
das massas. Para Lenin a classe operária é incapaz de desenvolver sozinha, em seu
próprio processo de lutas econômicas, a consciência socialista, ou seja, a consciência
política necessária para conquistar os objetivos mais amplos e futuros do socialismo.
Lenin considera que, de acordo com as demonstrações feitas pela classe operária ao
longo de suas lutas históricas, estas são incapazes de sozinhas desenvolverem um
projeto socialista. Contudo, para Gramsci a consciência política surgirá do próprio
movimento da classe, mas só se concretiza na construção de um instrumento
especificamente político: o partido. Uma conclusão possível, partindo dessa distinção, é
que, no Que Fazer?, Lênin propõe um tipo de relação entre partido e classe marcado por
uma subordinação mais completa desta àquele do que o que podemos perceber nas
Notas Sobre Maquiavel, de Gramsci. Não obstante, em ambos os casos estamos diante
de concepções que afirmam o papel dirigente e universalizante do partido.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENSAÏD, Daniel: Lenin, ou A Política do Tempo Partido. “Marxismo, Modernidade e


Utopia", Editora Xamã, São Paulo, 2000).

BRAZ, Marcelo. Partido e Revolução 1848-1989. São Paulo: Expressão Popular, 2011.

COUTINHO, Carlos Nelson. Gramsci: um estudo sobre seu pensamento político. Rio
de Janeiro. Civilização Brasileira, 1999.

DEUTSCHER, Isaac. Trotski: O profeta armado, 1879-1921. Rio de Janeiro:


Civilização Brasileira, 2005.

ELEY, Geoff. Forjando A Democracia. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2005.

GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere. Editado por Coutinho, C. N., Nogueira, M.


A. e Henriques, L. S. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, Vol. 3, 2000.

GUIMARÃES, Juarez. Democracia e Marxismo: crítica da razão liberal. São Paulo:


Xamã, 1999.

LENINE, I. Vladimir. Obras Escolhidas Volume 1. São Paulo: Alfa-Omega, 1979.

MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Obras escolhidas, vol. 1. Lisboa e Moscou: Avante
e Progresso, 1982.

STRADA, Vittorio. (org.) Qué hacer: teoría y práctica del bolchevismo. Cidade do
México: Ediciones Era, 1977.

WERNECK VIANNA, Luiz. A Revolução Passiva: iberismo e americanismo no Brasil.


Rio de Janeiro: Revan, 2004.

Anda mungkin juga menyukai