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NOTA – Recursos judiciais Eletrobrás e ação judicial Chesf

Em face das recentes decisões que suspenderam a liminar da 6ª Vara Federal de


Pernambuco, inicialmente deferida pelo Juiz Federal Cláudio Kitner e ratificada pelo
Juiz Federal Hélio Ourem, que suspendia, em sede de ação popular, por mim movida,
os efeitos do art. 3º, inciso I, da Medida Provisória 814/2017, acerca da Eletrobrás,
vem informar e esclarecer o seguinte:
I. Recursos judiciais contra a cassação da liminar na ação popular.

1. Ajuizei, hoje, perante o Supremo Tribunal Federal dois recursos de agravo


interno contra as decisões do Exmo. Sr. Ministro Alexandre Moraes, bem como
impugnei as reclamações como parte interessada, com a finalidade de
submeter a matéria ao colegiado e reverter a decisão, demonstrando que não
foi usurpada a competência do Supremo, por se tratar de Medida Provisória
com efeitos concretos, suscetível de controle de constitucionalidade de forma
incidental, não apenas de forma concentrada pelo Supremo, o que pode ser
realizado pela instância ordinária judiciária em ação popular. E mais, que o
dano e mesmo a usurpação é ao patrimônio público brasileiro, ao autorizar a
continuidade do processo de privatização, permitindo despesas na contratação
de estudos com base em Medida Provisória inconstitucional e lesiva, já tendo, à
toda evidência, o Governo Temer apresentado a modelagem da privatização,
que diz querer agora estudar, o que é uma contradição.
2. Argui o impedimento do Exmo. Sr. Ministro Alexandre Moraes, de forma
técnica, para processar e julgar os recursos oriundos da ação popular, cujas
reclamações estavam no recesso forense, sob o crivo da Exma. Sra. Ministra
Presidente Carmem Lúcia, que certamente não as despachou ante a falta de
urgência, com base no art. 144, I, do Código do Processo Civil, que determina o
impedimento de “mandatário” de parte envolvida no processo. No caso, o
Exmo. Sr. Presidente Michel Temer é réu na ação popular e o Exmo. Sr.
Ministro foi seu defensor/investigador em assunto privado, foi seu Ministro da
Justiça e por ele nomeado, o que deve suspender, a princípio, o julgamento das
reclamações movidas pela AGU e pela Câmara, até o julgamento do incidente
processual, na forma da lei.
3. Também entrei, hoje, com agravo interno contra a decisão suspensiva do
Desembargador Federal Rubens Canuto do TRF da 5ª Região demonstrando
que a Medida Provisória, que é claramente inconstitucional e lesiva, ao abrir o
caminho do processo de privatização e autorizar despesas e estudos vai gerar
prejuízos ao erário, sob o manto de norma precária e coloca em risco o
patrimônio nacional e o interesse social.
4. Quanto ao julgamento do agravo interno perante o TRF 5ª Região, argui, como
questão de ordem, a ser apreciada inicialmente, incidente de julgamento
expandido ou incidente de assunção de competência para que o recurso seja

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apreciado pelo pleno do Tribunal e não apenas pela 4ª Turma julgadora do TRF
5ª Região. É que a decisão do Exmo. Sr. Desembargador Rubens Canuto, em
seu fundamento, colide com decisão do Exmo. Sr. Presidente do TRF 5ª Região
Manoel de Oliveira Erhardt, que negou pedido de suspenção da liminar da 6ª
Vara Federal feito pela União Federal, por não ver “lesão qualificada” a
justificar o pleito da União e haver riscos de autorizar a contratação de estudos
sob o manto de norma precária, tudo com a finalidade de uniformizar o
entendimento do Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

II. Ação judicial sobre a Chesf.

5. Na oportunidade, informo que estarei ajuizando, ainda essa semana, em nome


do Sindurb-PE, acionista minoritário preferencialista da Chesf, uma ação
ordinária anulatória de Assembleia Geral Extraordinária da Chesf, que alterou
substancialmente os seus estatutos, retirando a sua autonomia, no último dia
19 de janeiro, em mais um ato no processo privatizante, bem como, para
declarar abusivo e ilegal o voto do acionista controlador Eletrobrás. Levaremos
ao crivo do Poder Judiciário também o justo receio de voto da Eletrobrás
privatizante em futuras assembleias, no intuito de coibir preventivamente tal
intento. O fundamento jurídico é o art. 115 da Lei das Sociedades Anônimas,
que determina que todos os acionistas devem votar de acordo com o interesse
social, que engloba, além do interesse dos acionistas, o interesse da
companhia, dos seus empregados e da comunidade na qual está inserida a
companhia.
6. Tal ação inaugura uma nova discussão jurídica sobre a Chesf, que não está no
manto das outras discussões, tendo a finalidade de retirar a Chesf da
privatização, mesmo sendo a Eletrobrás privatizada.

III. A Chesf é uma empresa viável e fundamental para o desenvolvimento do


Nordeste.

7. A Chesf é uma empresa viável, com condições de ter resultados positivos e


efetuar investimentos significativos no Brasil e, em especial, no Nordeste.

7.1. Mesmo diante da crise econômica vivenciada pelo Brasil, a Chesf vem
apresentando números que revelam a sua recuperação e sustentabilidade,
continuando a ser uma empresa viável, tendo importante papel estratégico e
social no Nordeste.

7.2. Mostrou um crescimento significativo de sua receita, como resultado de


suas operações e da indenização complementar da transmissão, prevista na
Lei 12.783/2013, apresentando um lucro de R$ 1,2 bilhão, em seu balanço
de setembro de 2017, já publicado. Existe grande possibilidade de

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apresentar lucro acumulado superior a 1 bilhão também no quarto
trimestre de 2017, ainda em fase de fechamento.

7.3. É de se registrar que a indenização reconhecida no balanço, diz respeito


apenas a relativa aos ativos de transmissão, confirmada pela Aneel, no valor
aproximado de 10 bilhões e que está sendo pago em até oito anos, em
parcelas mensais de R$ 210 milhões, já integralizado aproximadamente 1,1
bilhão. Não está ainda contabilizado a indenização relativa aos ativos de
geração, estimados em 4,2 bilhões.

7.4. Diferentemente das demais empresas controladas pela Eletrobrás, a


Chesf não possui dívida significativa, pois quitou, em 2017, grande parte de
sua dívida com a própria holding Eletrobrás. É a empresa que possui a
melhor capacidade de captar recursos no mercado financeiro para financiar
futuros investimentos, sendo de capital aberto, embora não tenha no
momento papel em Bolsa.

7.5. Tem um grande potencial de investimento em energia solar e eólica,


que é outro diferencial.

7.6. O planejamento empresarial consolidado da Eletrobrás para o período


2018 a 2022, recentemente divulgado, projeta uma distribuição de
dividendos da Chesf para a holding (Eletrobrás) de cerca de 4,0 Bilhões nos
próximos cinco anos. Registre-se que esses dividendos, uma vez repassados
a Eletrobrás, deixam de ser investidos na região Nordeste, pelo que fere o
interesse social, que deve ser um dos nortes principais de suas atividades.

7.7. O mesmo planejamento projeta também uma queda brusca no


investimento da
empresa em Geração e Transmissão de energia elétrica na região Nordeste,
saindo de um patamar médio de 1,5 bilhões/ano para menos de 0,5
bilhões/ano, prejudicando inclusive relevantes investimentos ambientais e
sociais.

IV. PEDALADA ELÉTRICA PARA COBRIR ROMBO FISCAL

8. Os argumentos apresentados pelo Governo Temer em defesa da privatização


do Sistema Eletrobrás, incluindo a Chesf, não se sustentam. A venda do
patrimônio energético brasileiro servirá, como confessado, para cobrir o rombo
das contas públicas, sem as resolver ou alterar de forma significativa o seu
resultado, não sendo uma operação para melhorar o resultado financeiro das
empresas, especialmente da Chesf. E mais, a conta da energia dos brasileiros
irá subir, calcula-se inicialmente em 9,4%, sendo o povo brasileiro, ao final,
pagará pela privatização, ferindo, assim, os direitos dos consumidores.

V. O Rio São Francisco é inalienável. O direito fundamental e humanitário ao


acesso a água.

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9. Não há garantias reais de que o Rio São Francisco será beneficiado, pondo em
risco o múltiplo uso das águas do Velho Chico, se houver a privatização.
10. Estaremos pautando e denunciando o caso no 8º Fórum Mundial das Águas,
que acontecerá, em março, no Brasil. O direito ao acesso a água é um direito
fundamental protegido pela Constituição Federal de 1988, que esse ano
completa 30 anos, como também é um direito humanitário protegido por
tratados e convenções internacionais, que o Brasil é signatário.
11. O moderno constitucionalismo e o ordenamento jurídico condiciona a
utilização de recursos hídricos em favor do desenvolvimento sustentável como
decorrência do principio da função social da propriedade, bem como o direito
fundamental à água.
12. Estaremos nessa luta sempre e convocamos o povo brasileiro para participar
dela e defender o patrimônio nacional e seus direitos ameaçados. Renovamos a
nossa confiança na Justiça.
13. A energia é dos brasileiros. A Chesf é um patrimônio e instrumento de
desenvolvimento dos nordestinos, já tão penalizados pelas desigualdades
regionais. O Rio São Francisco é um patrimônio inalienável nacional, sendo o
direito ao acesso a água uma das pautas principais que desafiam a atualidade e
a sobrevivência da espécie humana.

Recife/Olinda, 05 de fevereiro de 2018.

Antônio Campos
Advogado e autor da ação popular.

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