São Carlos
Setembro de 2016
1
Resumo
Este trabalho contempla um estudo comparativo de custo, capacidade estrutural, peso global e
eficiência em geral. O estudo é referente à análise de um projeto dimensionado de duas maneiras
diferentes: primeiramente foi calculada a estrutura em concreto armado, sendo este cálculo embasado
nos esforços solicitantes calculados de acordo com as devidas normas regulamentadoras da ABNT. O
segundo dimensionamento foi feito, ainda para o mesmo edifício, e seguindo a mesma linha de
cálculo, usando as devidas normas, porém em aço estrutural. Finalmente, com as duas análises
realizadas foi possível fazer uma comparação entre elas. Foi realizada uma análise que, com os dados
apresentados, permitisse identificar a viabilidade de cada uma das estruturas, levando em conta custo
composto, peso da estrutura e coeficiente de utilização, sendo este último calculado em unidade de
peso por área. Observou-se que a estrutura em concreto armado é aproximadamente cinco vezes mais
pesada que o sistema equivalente em aço. Apesar do preço da edificação em aço ser maior, esta é uma
opção de sistema estrutural viável para muitos casos, principalmente levando-se em conta peso total,
que acarreta em fundações mais enxutas e baratas, além reduzir dimensões dos elementos estruturais,
permitindo ganho de área útil.
Abstract
This work contemplates a comparative study of cost, structural capacity, total weight and
efficiency in general. The study reffers to the analysis of a single Project dimensioned in two
diferente ways: first was calculated the concrete structure, being these calculations funded on the
due regulative norms of the ABNT. The second analysis was done, still for the same building,
using the same guidelines and norms, except that it was a steel structure. Finally, with two studies
done, it was possible to make a comparison among them. Then na analysis was made, in a way
that the data presented allowed to identify the viability of each structure, taking into consideration
the cost, structure weight and coeficiente of weight/área. It was observed that the concrete
structure is aproximatly five times heavier than the equivalente system in steel. Despite the final
cost of the building in steel being bigger, this is a more viable option of structural system in many
cases, especially taking into consideration that the totla weight allows smaller and cheapper
foundation, on top of reducing dimensios of structural elements, gaining usable area.
Key-words: Metallic structures, Concrete structures, Study of Comparison, Cost, Structural Weight.
3
Sumario
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................4
1.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA...............................................................................4
1.1.1 Importância do projeto no contexto atual..........................................................................4
1.2 OBJETIVOS........................................................................................................................4
1.2.1 Detalhamento dos objetivos..............................................................................................5
1.3 JUSTIFICATIVA................................................................................................................5
1.4 METODOLOGIA...............................................................................................................6
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................................7
2.1 SISTEMAS ESTRUTURAIS EM AÇO.............................................................................7
2.2 PARÂMETRO PARA DIMENSIONAMENTO..............................................................11
2.2.1 ABNT NBR 6120:1980 – Cargas para o cálculo de estruturas de edificações.................11
2.2.2 ABNT NBR 6123:1988 – Forças devidas ao vento.........................................................11
2.2.3 ABNT NBR 8800:2008 – Projetos de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e
concreto de edifícios....................................................................................................................17
2.2.4 Estado Limite Último......................................................................................................18
2.2.5 Estado Limite de Serviço................................................................................................19
2.2.6 Dimensionamento de elementos de aço de acordo com a ABNT NBR 8800:2008.........21
2.2.6.1 Barras tracionadas.......................................................................................................22
2.2.6.2 Barras comprimidas....................................................................................................24
2.2.6.3 Barras submetidas a flexão simples............................................................................28
2.2.6.4 Flexão Composta........................................................................................................32
3 ESTUDO DE CASO..........................................................................................................34
3.1 DESCRIÇÃO DO EDIFÍCIO EM CONCRETO............................................................34
3.2 DEFINIÇÃO DA ESTRUTURA EM AÇO......................................................................37
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................44
5 CONCLUSÃO....................................................................................................................47
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................48
7 APÊNDICE.........................................................................................................................50
4
1 INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
Atualmente os centros urbanos têm sofrido uma extrema escassez de terrenos ou áreas
disponíveis para novos empreendimentos habitacionais ou comerciais, tal fato se dá
principalmente pelo extremo crescimento demográfico das últimas décadas. Surge portanto a
necessidade de inovação para a sobrevivência do setor imobiliário, com uma solução lógica
que leva a verticalização dos futuros edifícios. Assim, com a predominância de uma demanda
tão especifica, cabe à engenharia civil desenvolver melhores soluções para o atual mercado,
atendendo ao mesmo com soluções que garantam segurança e estabilidade, e através de novas
tecnologias, racionalizar cada vez mais estas soluções.
Os sistemas estruturais que podem ser dados como alternativa são aqueles formados
por elementos em aço, que apesar de serem poucos utilizados no Brasil, já são consagrados
em países desenvolvidos, por sua viabilidade técnica e econômica que o torna competitivo.
Apesar de custos de mão de obra mais altos, a padronização dos elementos que compõem a
estrutura e o ganho de tempo dado pelo acelerado processo construtivo, garantem maior
racionalização e menores custos provenientes da fase construtiva, atingindo prazos mais
ambiciosos e edifícios economicamente viáveis.
1.2 OBJETIVOS
Para alcançar o objetivo será realizada uma revisão bibliográfica que contemple os
principais sistemas estruturais para edifícios, enfatizando aqueles em elementos em aço. Para
dimensionamento dos elementos de aço e de concreto armado serão utilizados os
procedimentos da ABNT NBR 8800:2008 e ABNT NBR 6118:2014, respectivamente.
1.3 JUSTIFICATIVA
1.4 METODOLOGIA
Inicialmente foi realizada uma revisão bibliográfica acerca dos aspectos relevantes de
edifícios de múltiplos pavimentos em aço, tais como, principais sistemas estruturais
utilizados, mostrando as particularidades e vantagens de cada um deles. Em seguida, com
base na ABNT NBR 8800:2008, foram abordados os procedimentos relativos ao
dimensionamento de elementos em aço. Além disso, foi realizada uma abordagem das ações e
das combinações a serem consideradas.
Na sequência, foi selecionado o edifício cuja solução inicial foi adotada em concreto
armado. Este edifício é o que foi estudado previamente na disciplina de “Projeto Integrado de
Sistemas Construtivos”, levando em conta o dimensionamento obtido com base na ABNT
NBR 6118:2014, relativo aos elementos estruturais. Em seguida, para a solução proposta e
dimensionada de acordo com a ABNT NBR 8800:2008, para o mesmo edifício em aço. Foi
então realizada a comparação entre os dois, levando em conta peso da edificação e custo total.
7
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 SISTEMAS ESTRUTURAIS EM AÇO
-Lajes e Painéis.
Segundo Machado (2012), os sistemas mais empregados nos edifícios são sempre
variações e combinações desses componentes estruturais. Em relação às estruturas metálicas,
tem-se algumas opções de sistemas estruturais que são amplamente utilizados e que será
objeto de estudo nesse trabalho.
Pelo fato de não se utilizar contraventamentos verticais, outro ponto positivo ao adotar
essa solução seria a presença de vãos livres entre as colunas, visto que não é provocado
nenhuma dificuldade na execução dos fechamentos ou até mesmo prejuízos estéticos.
Entretanto, esse tipo de sistema estrutural também traz consigo algumas desvantagens,
como o seu custo oneroso de fabricação e montagem provocado pelo o incremento de
9
solicitações de momento nos pilares, situação que força adotar seções de inércia maiores para
resistir a esses esforços (Sales, 1995).
Para Bellei et al (2008), um quadro contraventado é uma estrutura onde se tem uma
divisão dos elementos que resistem aos carregamentos calculados para o edifício, ilustrado
pela Figura 3. Enquanto as cargas verticais são absorvidas pelos quadros projetados, as
treliças formadas para contraventamento são projetadas para resistir as cargas das ações do
vento ou uma possível carga sísmica, promovendo um comportamento mais eficiente em
relação às estruturas aporticadas devido à eliminação dos momentos nas ligações viga-pilar.
(a) Planta
A análise estrutural, segundo IBS (2004), deve avaliar uma estrutura levando em
consideração a resistência e a estabilidade dos elementos estruturais e da estrutura como um
todo. Portanto, o sistema estrutural será o resultado de um conjunto de escolhas feitas de
acordo a fornecer opções viáveis para formar o sistema (componentes, elementos e
subsistemas). O cálculo da estrutura deverá seguir procedimentos descritos em norma nos
levando a analise estrutural e dimensionamento dos elementos. De acordo com a ABNT NBR
8800:2008 item 4.9.1, a analise estrutural tem por objetivo determinar os efeitos das ações na
estrutura, permitindo que verificações de estados-limites últimos e de serviço sejam
executadas.
11
Segundo Bellei, antes de iniciar qualquer projeto estrutural, deve primeiramente serem
determinadas as cargas atuantes no edifício devido a todas as solicitações, e em todos os seus
elementos, segundo a ABNT NBR 6120:1980 – Determinação das cargas verticais, a ABNT
NBR 6123:1988, que quantifica as cargas horizontais devido ao vento, essenciais para uma
edificação metálica de média altura como é proposto por esse estudo.
- Carga Permanente.
- Carga Acidental.
O cálculo das cargas relativas a ação dos ventos é primordial para garantir a segurança
e estabilidade do edifício, sendo sempre parte das combinações a serem estudadas. Para tal,
foi levada em consideração a ABNT NBR 6123:1988, pois todos os aspectos relevantes a esse
assunto estão abordados na mesma, são estes: a topografia do local; a rugosidade do terreno; a
altura da edificação; as dimensões da edificação; e o tipo de ocupação e riscos de vida
envolvidos em caso de ruína.
Segundo Bellei (2008), as forças de vento serão calculadas e analisadas de acordo com
a referida norma. A pressão dinâmica (q) pode ser calculada conforme a Equação 1.
(1)
Onde:
V0 é a velocidade básica do vento, onde seria uma velocidade de uma rajada de vento de 3
segundos, excedida em média uma vez em 50 anos, a 10 m acima do terreno, em campo
aberto e plano, com unidade em (m/s), que pode ser determinado a partir da Figura 4.
Se θ : S1(z)= 1 +
Se θ : S1= 1,0+ ,
Onde:
Nos casos em que a inclinação média se encontra em intervalos dentro dos já citados,
deve-se fazer a interpolação linear entre os valores obtidos pela Equação 2. Caso o ponto
fique entre A e B ou entre B e C, o fator S1 também pode ser obtido por interpolação linear.
14
- Categoria I: Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5km de extensão, medida
na direção do vento incidente.
- Categoria III: Terrenos planos ou ondulados com obstáculos, tais como muros, poucos
quebra-ventos de árvores, edificações baixas.
- Categoria IV: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados, em zona
florestal, industrial ou urbanizados. A cota média dos obstáculos é igual a 10 m. Esta categoria
inclui zonas com obstáculos maiores que não podem ser consideradas na categoria V.
- Classe A: Toda edificação onde é caracterizada pela maior dimensão horizontal ou vertical
que não exceda 20 m.
- Classe B: Toda edificação ou em sua parte na qual sua maior dimensão horizontal ou
vertical da superfície frontal esteja entre 20 e 50 metros.
- Classe C: Qualquer edificação cujo sua maior dimensão horizontal ou vertical de superfície
que vá de encontro com o vento exceda 50 m.
(3)
Onde:
Fa é a força de arrasto.
Ainda de acordo com a ABNT NBR 6123:1988, quanto ao coeficiente de arrasto, este
deve ser mensurado de acordo com as condições de turbulência, ou não, do vento que incide
sobre a edificação. Assim, os ventos de baixa turbulência são caracterizados pelo fluxo de ar
moderadamente suave, sendo estes os que são encontrados em campo aberto e plano, sem
obstáculos, enquanto os ventos de alta turbulência são encontrados em grandes adensamentos
urbanos. Portanto, pode-se encontrar o coeficiente de arrasto de uma edificação utilizando
suas características geométricas, conforme as Figuras 8 e 9.
2.2.3 ABNT NBR 8800:2008 – Projetos de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço
e concreto de edifícios
Baseado nisso, pode-se citar aspectos relevantes da ABNT NBR 8800:2008, por
exemplo, as combinações de ações atuantes em estruturas metálicas, o dimensionamento de
elementos que a compõem e análise estrutural de todo o sistema construtivo. Na sequência são
apresentadas as combinações do ELU e ELS e os critérios de dimensionamento dos elementos
de aço.
Para as combinações ultimas normais que decorrem do uso previsto para a edificação,
segundo a ABNT NBR 8800:2008, aplica-se a Equação 4.
(4)
Onde:
FQj,k são os valores característicos das ações variáveis que podem atuar simultaneamente com
a ação variável principal.
(5)
Onde:
0j,ef representa os fatores de combinação efetivos de cada uma das ações variáveis que podem
atuar concomitantemente com a ação variável especial FQj.
Os fatores 0j,ef são iguais aos fatores 0j adotados nas combinações normais, exceto quando
FQj tiver um tempo de atuação muito pequeno. Nesse caso, podem ser tomados os
correspondentes fatores de redução2j.
(6)
Onde:
As combinações quase permanentes de serviço são aquelas que podem atuar durante
grande parte da vida da estrutura, aproximadamente a metade, e são utilizadas para a
verificação estética ao cliente (aparência) e efeitos de longa duração. Nas combinações quase
permanentes, todas as ações variáveis são consideradas com seus valores quase permanentes
2j,ef FQ,k (Equação 7).
(7)
- Combinações frequentes
São aquelas que repetem muitas vezes durante a vida útil da estrutura, da ordem de 105
vezes em 50 anos, ou que tenham duração total igual a uma parte não desprezível desse
período, da ordem de 10%. Essas combinações são utilizadas para os estados limites
reversíveis, isto é, que não causam danos permanentes à estrutura ou a outros componentes da
construção. Nas combinações frequentes, a ação variável principal FQ1 é tomada com seu
valor frequente 1FQ1,k e todas as demais ações são tomadas com seus valores quase
permanentes2FQ,k (Equação 8).
20
(8)
- Combinações raras
São as combinações que podem atuar no máximo em algumas horas durante a vida da
estrutura e são aplicadas para mensurar estados limites irreversíveis ou que causam danos
permanentes à estrutura. Nas combinações raras, a ação variável principal FQ1 é tomada com
seu valor característico FQ1,k e todas as demais ações são tomadas com seus valores frequentes
1FQ,k (Equação 9).
(9)
Segundo a ABNT NBR 8800:2008, o fator considerado para avaliar o estado limite de
serviço em peças de perfil metálico submetido a esforço de flexão é o deslocamento da peça.
Tais limites mais usuais são apresentados na Figura 10, extraída do Anexo C da ABNT NBR
8800:2008.
Barras tracionadas
22
Segundo Souza, esforços estritamente de tração não geram instabilidade. Nesse caso,
os estados limites aplicáveis estão relacionados ao escoamento da seção bruta e à ruptura de
seção efetiva (ou líquida) na região da ligação, onde define-se como seção bruta como a soma
dos produtos da espessura pela largura bruta de cada componente da seção, medida
normalmente ao eixo do elemento, já área líquida seria a soma dos produtos da espessura pela
largura líquida de cada componente da seção.
A resistência de cálculo à tração será o menor valor obtido para os estados limite
últimos aplicáveis, ou seja, escoamento da seção efetiva e ruptura da seção líquida.
(10)
(11)
Onde:
Ae é a área líquida efetiva da seção, sendo a área onde ocorrem efetivamente as tensões
(desconta-se as que não estão solicitadas).
23
Ct é o coeficiente de redução da área líquida, onde é definido através dos seguintes valores:
- Ct = 1,00 quando a força de tração for transmitida diretamente para cada um dos elementos
componentes da seção transversal da barra (abas, alma, mesa, entre outros) por soldas ou
parafusos.
- Quando a força de tração for transmitida por soldas transversais, calcula-se o valor de Ct
pela Equação 12.
(12)
Onde:
- Para perfis abertos onde a solicitação é transmitida só para alguns componentes da seção
transversal somente por parafusos ou somente por soldas longitudinais ou ainda por uma
combinação de soldas longitudinais e transversais, o valor de Ct é dado pela Equação 13.
(13)
Onde:
ec é a excentricidade da ligação.
Barras comprimidas
Nesta seção são tratados os métodos definidos pela norma, que tratam de
dimensionamento de barras prismáticas submetidas à força axial de compressão.
24
(14)
Onde:
Para =
(15)
Para
Onde:
(16)
Ne é a força normal de flambagem elástica, definida para o modo de flambagem mais crítico
(Equações 28 a 30).
Neste caso o coeficiente Q é dado pelo produto dos coeficientes Qs e Qa pela Equação 17.
(17)
(18)
(19)
(20)
(21)
(22)
(23)
No caso das mesas das seções soldadas (elemento AL) o procedimento é escrito nas
equações de 24 a 27.
(24)
(25)
(26)
26
(27)
Em seções duplamente simétricas que é o caso que ocorre neste trabalho, pode haver
predominância do caso particular de flambagem por flexão. Nessas seções os modos de
flambagem ocorrem desacoplados, podendo acontecer um dos 3 casos apresentados nas
Equações 28 a 30, predominando o modo que resultar com menor carga crítica.
(28)
(29)
(30)
Onde:
r0 é o raio de giração.
menor (BELLEI, 2008). Nos casos em que for realizada análise estrutural de segunda ordem,
deve-se adotar coeficiente de flambagem igual a 1,0.
Segundo a ABNT NBR 8800/2008 o limite superior para o índice de esbeltez das
barras comprimidas não deve ser maior que 200. Além disso, nas barras compostas, formadas
por dois ou mais perfis trabalhando em conjunto, em contato ou com afastamento igual à
espessura de chapas espaçadoras, devem possuir ligação entre esses perfis a intervalos tais
que o índice de esbeltez de qualquer perfil entre duas ligações adjacentes, não seja superior a
½ do índice de esbeltez da barra composta. Para cada perfil componente, o índice deve ser
calculado com o raio de giração mínimo. Adicionalmente, pelo menos duas chapas
espaçadoras devem ser colocadas ao longo do comprimento.
Quanto aos outros tipos de flambagem, pode-se definir como sendo as consequências
devido ao esforço de flexão aplicado na peça em relação a sua estabilidade local em função
das tensões normais de compressão na seção transversal do perfil metálico.
No caso das seções tipo I, que posteriormente serão aplicadas no estudo de caso
apresentado, são analisadas as possibilidades de flambagem local na mesa comprimida (FLM)
e na alma (FLA), onde pode-se considerar a mesa como um elemento AL (apoiado-livre) com
uniformidade das tensões impostas, enquanto a alma é considerada um elemento AA
(apoiado-apoiado) submetido a tensões com variação linear, com uma porcentagem da alma
comprimida e outra tracionada.
Assim, define-se o momento fletor resistente de cálculo será o menor entre as três
situações citadas. O momento resistente de cálculo para FLT é calculado pelas Equações 31 a
33.
(31)
(32)
(33)
Onde:
Os valores de Mr, Mcr, λ, λp e λr dependem do tipo de seção e dos estados limites aplicáveis e
são calculados de acordo com o Anexo G da ABNT NBR 8800:2008, apresentados na Figura
11.
(34)
(35)
(36)
Onde:
Os valores de Mr, Mcr, λ, λp e λr dependem do tipo de seção e dos estados limites aplicáveis e
são calculados de acordo com o Anexo G da ABNT NBR 8800:2008, apresentados na Figura
12.
(37)
Onde:
- Nota 1:
(38)
(39)
(40)
(41)
- Nota 6:
(42)
(43)
(44)
(45)
32
Flexão Composta
para (46)
para (47)
Onde:
MSd,x e MSd,y são os momentos fletores solicitantes de cálculo em relação aos eixos x e y,
respectivamente. Tais momentos já incluem os efeitos de 2a ordem.
MSd,x e MSd,y são os momentos fletores resistentes de cálculo em relação aos eixos x e y da
seção, respectivamente.
Análise de deslocabilidade
pavimento (tomando como ponto de referência a sua base), através da análise de segunda
ordem e aquela obtida em análise de primeira ordem para as combinações de ações
relacionadas ao Estado Limite Último adotadas, escolhendo sempre a mais crítica (SOUZA,
2012). O fator B2 pode ser obtido pela Equação 48.
2a
B2 (48)
1a
Onde:
- Quando 1,1 < B2 ≤ 1,4 em ao menos um dos pavimentos: estrutura de média deslocabilidade.
- Quando B2 > 1,4 em pelo menos um dos pavimentos: estrutura de grande deslocabilidade.
Nas estruturas de grande deslocabilidade, deve ser feita uma análise mais rigorosa,
levando-se em conta as não-linearidades geométricas e de material. Opcionalmente, pode-se
considerar o procedimento de análise igual ao de média deslocabilidade, desde que os efeitos
das imperfeições geométricas iniciais sejam adicionados às combinações últimas de ações em
que atuam ações variáveis devidas ao vento.
3 ESTUDO DE CASO
3.1 DESCRIÇÃO DO EDIFÍCIO EM CONCRETO
Cada apartamento tipo possui 3 dormitórios, sendo uma suíte e mais 2 dormitórios, 1
cozinha, 1 área de serviço, 2 banheiros, incluindo o pertencente a suíte e 1 de uso geral, 1 sala
e 1 sacada. Em relação ao duplex, o mesmo compõe-se de 3 dormitórios, sendo uma suíte e
mais 2 dormitórios, 1 cozinha, 1 área de serviço, 3 banheiros, incluindo o pertencente a suíte,
1 de uso geral e 1 da área de lazer, 1 sala de visita e 1 sala de jogos, 2 sacadas, 1 área de lazer
com churrasqueira e piscina.
O pavimento térreo possui uma área de lazer contendo piscina, parquinho infantil e
área verde. Na parte interna, há um salão de festas, salão de jogos, academia, vestiários e uma
cozinha. O apartamento do zelador também se encontra no térreo. O condomínio consta com
uma guarita e portão para pedestres, assim como uma entrada para veículos em uma
extremidade e a saída do outro.
O ático é composto pela casa de máquinas, pelo barrilete e pelo reservatório superior
de água, além da cobertura do pavimento superior do apartamento duplex.
Figura 13: Planta de formas do apartamento tipo em concreto armado e elevações laterais
35
Planta
36
Elevações
37
Após as definições das áreas de influência das lajes, maneira pela qual foram definidos
os esforços solicitantes e o pré-dimensionamento das vigas e dos pilares, chegou a uma
estrutura global a ser testada. Com uso de programa de análise estrutural (ACADFRAME) e
planilhas de dimensionamento (EXCEL) passou-se então aos testes da tal estrutura com as
ações pré-definidas.
Após o pré-dimensionamento baseado nas áreas de influência das cargas de laje, que
está melhor comentado no Apêndice A, chegou-se a uma estrutura de vigas e pilares, que
foram dimensionadas de modo a atender todos os requisitos de projeto estabelecidos pela
ABNT NBR 8800:2008. Desta forma, a relação final de vigas e pilares da estrutura estão
apresentados nas Tabelas 2 e 3.
P1 VS 200X23
P2 VS 325X46
P3 VS 200X23
P4 VS 275X40
P5 VS 600X86
P6 VS 350X58
P7 VS 450X80
P8 VS 850X170
P9 VS 600X124
P10 VS 700X130
P11 VS 600X124
P12 VS 600X124
P13 VS 375X53
P14 VS 375X62
P15 VS 550X65
P16 VS 375X53
P17 VS 400X78
P18 VS 450X71
P19 VS 650X114
P20 VS 600X124
P21 VS 450X80
P22 VS 850X170
P23 VS 600X124
P24 VS 275X40
P25 VS 600X86
P26 VS 350X58
V1 7,70 VS 375X40
V2 7,70 VS 375X40
V3 6,60 VS 325X35
V4 6,00 VS 325X35
V5 8,11 VS 375X40
V6 6,00 VS 325X35
V7 6,60 VS 325X35
V8 4,30 VS 300X23
V9 4,30 VS 300X23
V10 6,60 VS 325X35
V11 6,00 VS 325X35
V12 4,30 VS 300X23
V13 3,81 VS 300X23
V14 6,00 VS 325X35
V15 6,60 VS 325X35
V16 2,99 VS 300X23
V17 2,99 VS 300X23
V18 4,00 VS 300X23
V19 6,60 VS 325X35
V20 6,00 VS 325X35
V21 8,11 VS 375X40
V22 6,00 VS 325X35
V23 6,60 VS 325X35
V24 6,60 VS 325X35
V25 6,60 VS 325X35
V26 4,25 VS 300X23
V27 3,65 VS 300X23
V28 8,20 VS 375X40
V29 2,00 VS 300X23
V30 4,25 VS 300X23
V31 3,65 VS 300X23
Continua na próxima página...
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o quantitativo de vigas e pilares prontos, usando os pesos conhecidos das
respectivas seções, foi calculado o peso total da estrutura em aço, para que este seja
comparado com o peso da estrutura equivalente em concreto, cujo peso já é conhecido. Com
44
esses dados foi possível calcular ainda o coeficiente de peso por área para ambas as estruturas,
conforme apresentado nas Tabelas 4 e 5.
Total
Peso Aço (Kg) 127642,12
Área da Edificação (m²) 339,00
Coeficiente Aço (Kg)/Área (m²) 307,18
Total
Peso Concreto (Kg) 662625,00
Área da Edificação (m²) 339,00
Coeficiente Concreto(Kg)/Área(m²) 1954,65
Tais resultados obtidos possibilitaram a criação de gráficos para melhor efeito visual
na comparação (Figuras 16 e 17). Pode-se observar que o sistema estrutural em concreto é
aproximadamente cinco vezes mais pesado que o sistema equivalente em aço, fato este que se
evidencia mais ainda nos coeficientes, sendo o do concreto mais que seis vezes maior que o
do aço.
Para uma melhor compreensão sobre qual o melhor sistema estrutural a ser aplicado
em construções de edifícios de múltiplos pavimentos, por fim foi analisado o custo de ambos
os sistemas estruturais, os preços por quilo de cada sistema foram os encontrados no site
http://www.brasil.geradordeprecos.info/obra_nova/Estruturas/Metalicas/Vigas/Aco_em_vigas.
html acessado por último no dia 15 de maio de 2016. A partir dos quais chegou-se aos custos
de cada sistema estrutural como um todo, conforme mostrado na Tabela 6, e também no
gráfico comparativo da Figura 18. Estes custos calculados de acordo com referência citada,
incluem custos de material e custos de mão de obra, incluindo também todos custos
46
secundários envolvidos na construção de cada estrutura, como por exemplo fôrma e desforma
no caso do concreto armado.
Por fim, analisando os dados como um todo, observa-se claramente que o aço ainda é
um sistema estrutural mais caro hoje no Brasil, e por isso tem-se um uso tão amplo do sistema
estrutural em concreto armado. No caso em estudo, a estrutura em aço foi cerca de 50% mais
cara que a estrutura em concreto armado. Contudo a estrutura em aço é significantemente
mais eficiente, suportando os mesmos esforços com maiores vãos, peso muitas vezes menores
e um coeficiente de quilogramas por metro quadrado, também várias vezes menor. Conclui-se
portanto que o sistema estrutural mais eficaz é o em estrutura metálica.
47
5 CONCLUSÃO
Ao longo deste trabalho, foram estudadas alternativas de soluções estruturais para
edifícios de múltiplos pavimentos, tanto em concreto armado como em estrutura metálica, os
dados necessários para a realização dos comparativos foram perseguidos e encontrados ao
longo do trabalho, durante o qual o aluno teve uma enorme expansão de conhecimento quanto
ao cálculo e possibilidades de emprego de estrutura metálica em edifícios de características
extremamente replicáveis.
Pode-se então concluir que o baixo índice de construções em estruturas metálicas hoje
no Brasil, pode ser por falta de um mais aprofundado conhecimento sobre o assunto, tendo em
vista que, conforme os dados mostram, de acordo com o estudo realizado, apesar de o preço
de uma edificação em aço ser maior em devidas ocasiões, esta é uma opção de sistema
estrutural muito viável para muitos casos, principalmente se levado em conta peso total, que
acarreta em fundações mais enxutas e baratas consequentemente e coeficiente de utilização,
fornecendo uma menor carga por unidade de área de edificação e possibilidade de aumento de
área útil em função da redução das dimensões do elementos estruturais.
O fato de uma estrutura ser mais barata que a outra, não permite afirmar
categoricamente que esta seja mais econômica do ponto de vista de projeto. Existem outras
variáveis que condicionam a escolha de uma tipologia. Portanto, o menor custo deve ser
avaliado sob o ponto de vista do projeto global.
48
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800. Projeto de estruturas
de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de Janeiro, 2008.
BELLEI, I.H.; PINHO, F.O.; PINHO, M.O. Edifícios de múltiplos andares em aço. 2. ed.
Revisada e ampliada, Pini. São Paulo, 2008.
GALAMBOS, T.V. Guide to stability design criteria for metal structures. 5. ed. New York:
John Wiley e Sons, 1998.
NAIR, R.S. Stability analysis and the 2005 AISC specification. AISC Modern Steel
Construction, May, 2007.
SALMON, C.G.; JOHNSON, J.E.; MALHAS, F.A. Steel structures: design and behavior.
5. ed. New Jersey: Pearson Prentice Hall, 2009.
50
7 APÊNDICE
7.1 DEFINIÇÃO DA ÁREA DE INFLUÊNCIA, CÁLCULO DE
ESFORÇOS E PRÉ DIMENSIONAMENTO
Pé direito 2,80 m
Concreto armado 25,00 KN/m³
Altura da laje 10,00 cm
Carga da laje 2,50 KN/m²
Carga do piso 1,00 KN/m²
Carga da alvenaria revestida 2,00 KN/m²
Sobrecarga 2,00 KN/m²
V0 40,00
S1 1,00
Categoria IV S2 (h=15) 0,88
Classe B S2 (h=31,4) 0,96
S3 1,00
Primeira ordem
Deslocamento relativo Combinação 3 (cm) Combinação 4 (cm)
0,00 0,00
Pav. 1 0,49 0,81
Pav. 2 1,31 2,17
Pav. 3 2,18 3,60
Pav. 4 3,04 5,02
Pav. 5 3,86 6,38
Pav. 6 4,62 7,63
Pav. 7 5,29 8,74
Pav. 8 5,88 9,71
Pav. 9 6,38 10,55
Segunda ordem
Combinação 3 (cm) Combinação 4 (cm)
Deslocamento relativo
0,00 0,00
Pav. 1 0,50 0,82
Pav. 2 1,33 2,18
Pav. 3 2,20 3,63
Pav. 4 3,07 5,06
Pav. 5 3,90 6,43
Pav. 6 4,66 7,69
Pav. 7 5,34 8,82
Pav. 8 5,94 9,80
Pav. 9 6,45 10,65
Cálculo de B2
Combinação 3 (cm) Combinação 4 (cm)
Pav. 1 1,01 1,01
Pav. 2 1,01 1,01
Pav. 3 1,01 1,01
Pav. 4 1,01 1,01
Pav. 5 1,01 1,01
Pav. 6 1,01 1,01
Pav. 7 1,01 1,01
Pav. 8 1,01 1,01
Pav. 9 1,01 1,01
Estrutura de pequena deslocabilidade
55
Primeira ordem
Deslocamento relativo Combinação 3 (cm) Combinação 4 (cm)
0,00 0,00
Pav. 1 0,17 0,28
Pav. 2 0,55 0,89
Pav. 3 0,98 1,60
Pav. 4 1,42 2,30
Pav. 5 1,83 2,95
Pav. 6 2,19 3,50
Pav. 7 2,48 3,95
Pav. 8 2,71 4,29
Pav. 9 2,92 4,58
Segunda ordem
Deslocamento relativo Combinação 3 (cm) Combinação 4 (cm)
0,00 0,00
Pav. 1 0,18 0,30
Pav. 2 0,58 0,93
Pav. 3 1,04 1,68
Pav. 4 1,51 2,43
Pav. 5 1,94 3,11
Pav. 6 2,31 3,69
Pav. 7 2,61 4,16
Pav. 8 2,85 4,51
Pav. 9 3,07 4,81
Cálculo de B2
Combinação 3 (cm) Combinação 4 (cm)
Pav. 1 1,05 1,05
Pav. 2 1,06 1,05
Pav. 3 1,06 1,06
Pav. 4 1,06 1,06
Pav. 5 1,06 1,05
Pav. 6 1,05 1,05
Pav. 7 1,04 1,04
Pav. 8 1,04 1,04
Pav. 9 1,04 1,03
Estrutura de pequena deslocabilidade
57
FLA
VS 550x95
λw 83,33
λlim 42,14
Se λw>λlim Ocorre flambagem
bef 289,87 Se bef>b, b= 350,00
Aef 82,72
Qa 0,69
Q 0,47
59
Flambagem global
Le 300,00
Npl 3015,00
Nex 155139,71
Ney 19572,40
Ne 19572,40
λ0 0,27
0,97
Nc,Rd 1244,85 OK para
Nc,Sd 662,20 ELU
λx 12,38 OK para
λy 34,84 ELS
elementos, portanto aqui é mostrado o modelo para o qual todos os outros foram
dimensionados.
FLA
λw 71,00
λp 106,35
λw<λp Não ocorre flambagem
MRd 57136,36 571,36
FLT
λb 67,87
λp 49,78
λr 129,08
Beta1 0,05
λp<λb<λr Ocorre flambagem
Mr 38972,50 389,73
Mpl 62850,00 628,50
MRd 52183,85 521,84
MSd 361,30 OK
7.3.4 Interações
Pilares
VS 550x95
Nc,Sd 279,65 MSd 219,13
Nc,Rd 1244,85 MRd 594,74
Interação 0,55 OK