s circuitos da história e o
balanço da educação no
Brasil na primeira década1
do século XXI *
Gaudêncio Frigotto
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Introdução
Tenho a dimensão da responsa-
bilidade pela tarefa que assumi, tanto
pela abrangência do tema, complexida-
de do conteúdo e delicado momento po-
lítico que vivemos, quanto pelo desafio
de ser para quem se destina esta con-
ferência. Falar aos próprios pares, sem
dúvida, traz a vantagem de debater com
interlocutores que se ocupam do tema,
mas, exatamente por isso, a exigência
torna-se mais aguda e espinhosa.
Só posso explicar o lapso de insa-
nidade ao aceitar o convite por tê-lo in-
terpretado como uma tarefa para quem,
ainda como aluno de pós-graduação em
zando o quanto pior melhor, tal revolução Ao assentar-se, e cada vez mais,
poderia propiciar o desenvolvimento na opção pelo desenvolvimentismo, o
das condições para que a grande massa marco do não retorno não foi construído
de trabalhadores viesse a se constituir, na atual conjuntura e, por isso mesmo,
ela mesma, em sujeito político, con- não altera nem o tecido estrutural de
dição indispensável, como nos ensina uma das sociedades mais desiguais do
Gramsci, para mudar um determinado mundo, nem a prepotência das forças
panorama ideológico, construir bases que historicamente o definem e o
para relações sociais de novo tipo e de mantêm.
caráter socialista. Para Florestan, o que se tem
Na lição principal para a sua chamado de desenvolvimento, em re-
geração, pensando em nossa realidade alidade, tem sido um processo de mo-
histórica, Florestan qualifica esse mo- dernização e de capitalismo dependente
vimento e o papel do intelectual ou da em que a classe dominante brasileira,
intelligentia crítica, lição que guarda viva minoria prepotente, se associa ao grande
atualidade: capital abrindo-lhe espaço para sua
expansão, o que resulta na combinação
Não foi um erro confiar na de- de uma altíssima concentração de capi-
mocracia e lutar pela revolução tal para poucos, com a manutenção de
nacional. O erro foi outro – o de grandes massas na miséria, o alívio da
supor que se poderiam atingir es- pobreza ou um precário acesso ao con-
ses fins percorrendo a estrada real sumo, sem a justa partilha da riqueza
dos privilégios na companhia dos socialmente produzida.3
privilegiados. Não há reforma que Diferente, todavia, das análises
concilie uma minoria prepotente a que operam no plano antinômico entre
uma maioria desvalida. […] A cau- uma abstrata equação de continuidade
sa principal consiste em ficar rente ou descontinuidade, as quais, como bem
à maioria e às suas necessidades nos alerta Fredric Jameson (1997), se
econômicas, culturais e políticas:
3 Diferente da perspectiva da modernização,
pôr o Povo no centro da história, que concebe o desenvolvimento econômico
como mola mestra da Nação. O e sociocultural de forma linear e, mesmo,
que devemos fazer não é lutar pelo das análises da teoria da dependência, que
Povo. As nossas tarefas são de ou- apresentam a assimetria de poder entre pa-
íses, o conceito de capitalismo dependente
tro calibre: devemos colocar-nos a explicita a compreensão da aliança, ainda
serviço do Povo brasileiro para que que subordinada, das classes detentoras do
ele adquira, com maior rapidez e capital dos países periféricos com as classes
profundidade possíveis a consciên- detentoras do capital dos centros hegemô-
nicos no processo de expansão do capital.
cia de si próprio e possa desenca-
Nas sociedades de capitalismo dependente,
dear, por sua conta, a revolução na- explicita-se um processo histórico de desen-
cional que instaure no Brasil uma volvimento desigual e combinado. Vale dizer,
nova ordem social democrática e nichos de altíssima concentração de capital
e renda e manutenção e ampliação de gran-
um estado fundado na dominação
des massas na miséria ou nos limites da so-
efetiva da maioria. (Fernandes, brevivência. Ver, a esse respeito, Fernandes
1977, p. 245-246) (1973).
partido ou que seguem a filosofia do uma fatia gorda do fundo público como
ministro Paulo Renato Souza da Era garantia de seus negócios, ao mesmo
Fernando Henrique Cardoso. tempo em que se promove constante
Também é uma evidência relevan- pressão para diminuir suas contribui-
te do interesse crescente que empresas ções, quando não o emprego das mais
privadas vêm demonstrando em relação variadas estratégias com a intenção de
à educação como negócio, a recente burlá-las.
compra, pela Abril Educação, do Anglo No âmbito da educação profis-
Sistema de Ensino (211 mil alunos em sional, técnica e tecnológica, centro
484 escolas da rede privada em 316 de grandes disputas na Constituinte,
municípios brasileiros), do Anglo Ves- na LDB e no PNE em prol de uma
tibulares e da Siga, empresa focada na concepção não adestradora e tecni-
preparação para concursos públicos, o cista e de sua vinculação jurídica e
que fará “que o faturamento da Abril financiamento públicos, esta foi-se
Educação supere R$500 milhões de constituindo na grande prioridade
re ais em 2010, tornando a empresa uma da década, sem alterar, todavia, seu
das maiores do setor”.12 caráter dominantemente privado.
Pode-se afirmar, assim, que a Certamente, a opção pela parceria do
despeito de algumas intenções em público com o privado não favorece
contrário, a estratégia de fazer refor- a reversão da dualidade educacional.
mas conciliando e não confrontando os Pelo contrário, como demonstra Cunha
interesses da minoria prepotente com as (2005), a tendência, desde a década de
necessidades da maioria desvalida acaba 1980, era de ampliá-la para o ensino
favorecendo essa minoria, mantendo superior. A transformação da Rede de
o dualismo estrutural na educação, a Escolas Técnicas Federais em Centros
inexistência de um sistema nacional Federais de Educação Tecnológica (CE-
de educação, uma desigualdade abis- FETS) e, nesta década, em universida-
mal de bases materiais e de formação, des tecnológicas ou Institutos Federais
condições de trabalho e remuneração de Educação, Ciência e Tecnologia
dos professores, redundando numa pífia (IFETS), confirma tal tendência. Do
qualidade de educação para a maioria mesmo modo, não ajuda a reverter o
da população. caráter dominantemente privado e a
No plano da educação básica, apropriação privada de recursos pú-
além de os fundos terem prazo de vali- blicos na área.
dade, no caso do FUNDEB, ampliou-se, G a b r i e l G r a b o w s ky ( 2 0 1 0 )
positivamente, o universo de atendi- mos tra-nos que, em 1999, apenas 25%
mento, sem, contudo, ampliar, propor- da educação profissional era pública
cionalmente, os recursos. Atende-se e 75% era composta por cursos de
mais com menos. O que vigora é uma curtíssima duração, de nível básico.
fórmula para atender à cláusula pétrea do O Censo de 2008 revelou que 83% das
capital na sua intenção de contar com matrículas do nível tecnológico esta-
vam na iniciativa privada.
de 2010, Sessão Mercado.
12 Disponível em:</http://g1.globo.com/econo-
Mas o mais chocante é que o
mia-e-negocios/noticia/2010/07/abril-educa- Sistema S, em 2010, mobilizou apro-
cao-anuncia-compra-do-grupo-anglo.html>. ximadamente 16 bilhões de recursos
O que acabo de afirmar se expli- Sistema S,18 sistema gerido pelos órgãos
cita emblematicamente no fato de que de classe dos empresários. O ideário de
o mesmo membro do Conselho Federal ensinar “o que serve ao mercado ou de
de Educação que havia sido relator do fazer pelas mãos a cabeça do trabalha-
contestado Decreto n. 2208/9715 foi o dor” (Frigotto, 1993), antes restrito ao
relator do atual decreto n. 5.154/0416 e, adestramento profissional que caracte-
riza o Sistema S, tende, então, a impor-
atualmente, é o relator das Diretrizes
-se para a educação em seu conjunto.
Curriculares Nacionais para a Educação
Profissional Técnica de Nível Médio.
Essas diretrizes, por encontrar o cam- A título de conclusão ou o que nos
po aberto, regrediram de tal forma ao interpela como ANPEd na tarefa
decreto n. 2.208/97 que motivaram uma de manter “fechados” ou “abrir os
reação por parte de várias instituições, circuitos da história”
com grande participação da ANPEd.17
Mas isso não é tudo. Exatamen- Creio que esta conferência perde-
te no último ano desta década, quem ria o sentido se eximisse a pós-graduação
preside a Câmara de Educação Básica de nossa área deste balanço. O tempo de
do Conselho Nacional de Educação é exposição não me permite avançar em
o mesmo histórico representante do direção a detalhes importantes, mas, de
certo modo, no plano geral, creio que
rio foi explícito: “penso em educação como estamos de acordo em que ela não dife-
um negócio”. Concebe os professores como re, no fundamental, do panorama mais
“entregadores do saber. A vida é assim, pre-
geral. Somos mais de cem programas
mia quem é melhor. Vamos fazer avaliações
periódicas, que servirão de base para um sis- reconhecidos. Resta indagar: o que
tema de bonificação” (O Globo, 07/10/2010, isso significa socialmente no embate
Primeiro Caderno). O único estado que tem em torno da abertura dos circuitos de
uma política de contraponto clara a essas nossa história?
tendências é o Paraná.
Detenho-me, então, no aspecto
15 Trata-se do decreto que regulamenta o § 2º
do art. 36 e os arts. 39 a 42 da lei n. 9.394, que julgo central. Trata-se daquilo
de 20 de dezembro de 1996, que estabelece que define nossa especificidade como
as diretrizes e bases da educação nacional. espaço de formação de pesquisadores e
Nessa regulamentação reintroduz e acentua docentes. Reitero aqui o que assinalei
a dualidade no ensino médio e o orienta de
acordo com os cânones das políticas neolibe-
logo no início, que tal especificidade se
rais baseadas em critérios mercantis. define pela busca da cientificidade do
16 Esse decreto revoga o decreto n. 2.208/97 conhecimento, construída pelo trabalho
com o objetivo de restabelecer o caráter sistemático de captar as mediações e
integrado do ensino médio. Sua regulamen-
tação pelo Conselho Federal de Educação, 18 Uma observação de duas ordens faz-se ne-
tendo como relator o conselheiro filiado cessária. A primeira é de que não se trata
aos interesses das federações patronais que aqui de uma referência pessoal ao conse-
mantém o Sistema S, acaba mantendo a lheiro, mas de sua representação de classe.
orientação mercantil do decreto revogado. A segunda é de que é preciso, sempre, ter-se
17 Ver: Diretrizes Curriculares Nacionais para presente que os milhares de trabalhadores
a Educação Profissional e Técnica de Nível que atuam neste sistema vendem a sua força
Médio. Brasília, site do MEC, setembro de de trabalho como qualquer outro trabalha-
2010. Texto para discussão. dor.
determinações que nos permitem apre- pública sob nova perspectiva”. Com
ender a explicação mais fiel possível em outro recorte, a análise de Chaui coin-
relação ao que investigamos. cide com a de Oliveira sobre o processo
Nisso que nos identifica, teríamos de mercantilização do conhecimento e
conseguido enfrentar a tendência dos do trabalho docente. O ponto central
ditames mercantis presentes no siste- de sua análise foi o processo que vem
ma educacional brasileiro e herdados transformando a Universidade pública,
da década de 1990 ou fomos também instituição vinculada ao Estado republi-
pautados por eles? Essa pergunta não é cano, em organização social, prestadora de
retórica, pois os temas escolhidos pela serviços ligada ao mercado. Ao subtrair
ANPEd como referências, no início da sua referência da esfera pública, terre-
década, indicam um estado de alerta e no dos direitos universais, e ser referida
um posicionamento crítico em relação ao mercado, a Universidade perde sua
ao que sucedera nas décadas passadas, autonomia intelectual, institucional e
mormente a de 1990. financeira. Por isso, a sua produção pas-
Com efeito, em 2001, o tema sa a ser medida ou avaliada em função
abordado por Francisco de Oliveira ver- dos critérios produtivistas do mercado.
sou sobre “Intelectuais, conhecimento Das várias consequências que
e espaço público”. Ao demonstrar a Chaui retira de sua análise, destaco
evolução das especializações, nosso con- duas que incidem diretamente sobre o
ferencista destaca um célere processo que nos interpela como pesquisadores e
de transformação do conhecimento em docentes, e de forma radical. Referindo-
mercadoria e, consequentemente, o en- -se à análise de David Harvey sobre a
curtamento do espaço público e, ao mes- acumulação flexível que se expressa
mo tempo, a redução do conhecimento à num processo produtivo fragmentado
intoxicação de informações, provocando e disperso, no espaço e no tempo, e
a perda de sua radicalidade. “Parece reunificado no efêmero e fugaz, Chaui
que dispomos de todas as informações mostra-nos como isso incide na produ-
para operarmos a aventura do conheci- ção intelectual. “Para participar desse
mento. Mas esta intoxicação provoca o mercado efêmero, a literatura, por
contrário. […] Cria um movimento mi- exemplo, abandona o romance pelo
mético que se repete incessantemente” conto, os intelectuais abandonam o livro
(Oliveira, 2001, p. 127). pelo paper” (Chaui, 2003, p. 11).
O calcanhar de Aquiles, para A segunda consequência refere-se
quem atua nas ciências sociais e hu- aos pontos que nos traz como desafios
manas, segundo Oliveira, é que “nossas a enfrentar para reverter a lógica mer-
investigações passam a ser medidas cantil da Universidade operacional. É
pelo metro da produtividade. […] É o quando Chaui destaca que isso “depen-
mesmo metro que mede a produção de de de levarmos a sério a ideia de forma-
uma mercadoria. Há pouca diferença, ção” (idem, p. 12) e a “revalorização da
ainda, entre elas. Tratemos de preser- docência, desprestigiada e negligenciada
var essa diferença” (idem, p. 228). com a chamada ‘avaliação da produtivida-
Dois anos depois, o tema de aber- de quantitativa’ (idem, p.14). Ao contrário
tura da reunião anual, abordado por do paper, do efêmero, do fugaz e descar-
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Gaudêncio Frigotto
The history tracks and the balance of education on Brazil in the first decade of 21th century
This text is an effective critical balance of the educational policies and concepts that marks the
first decade of 21 century. The analysis focuses on the eight years of the Luiz Inácio Lula da Silva
government, based on the premise that it marks juncture is not the chronological time but the events that
constitute it. This study try to escape of the antinomic discourse that to deal only the continuity and
discontinuity about the 1990 decade. The bases of this text is the analysis of the clashes and options
about the society project that marks the decade juncture and how to develop education in this period.
Are focused the significant advances in care policies, income distribution, opening of government
jobs and the creation of new public universities and Federal Institutes of Technological Education. Is
important to realize that the productivist and mercantilist thought were dominant at all the levels of
the education system. And, finally, through the analysis, is possible to realize that Anped − whose
the specific works is to find the scientificity of knowledge and, therefore, of historic, social, cultural,
etics and politics sense of his production − collapse to productivism.
Key words: juncture; society project; education; commodification; productism