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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 6ª REGIÃO
Quarta Turma

PROC. N.º TRT - 0000419-24.2016.5.06.0145 (RO)


Órgão Julgador : QUARTA TURMA
REDATORA : DESEMBARGADORA NISE PEDROSO LINS DE SOUSA
RECORRENTE : VULCANO TRANSPORTES DO NORDESTE LTDA. - ME
RECORRIDO : PEDRO LEITE DA SILVA
ADVOGADOS : ERICK DE ARAÚJO SIQUEIRA; PEDRO HENRIQUE CARVALHO DE
AZEVEDO GUEDES; ROBERTA PACHECO GONÇALVES
Procedência : 5ª VARA DO TRABALHO DE JABOATÃO DOS GUARARAPES/PE

EMENTA
HORAS EXTRAS. REVELIA E CONFISSÃO. JORNADA
DECLINADA NA PETIÇÃO INICIAL ABSOLUTAMENTE
INVEROSSÍMIL. INOCORRÊNCIA DE PRESUNÇÃO DE
VERACIDADE DOS HORÁRIOS INDICADOS PELO AUTOR. Na
peça de exórdio, o demandante afirmou que, durante todo o lapso
contratual - que durou mais de 10 meses, sempre tendo exercido a
função de motorista de transporte de cargas -, trabalhava em torno
de 20 horas por dia, de domingo a domingo, inclusive feriados, sem
a gozo de folga e com apenas 30 minutos de intervalo intrajornada.
Acrescentou que durante 5 dias por semana iniciava a sua jornada
às 3h da manhã, findando à meia noite do dia seguinte, e, nos
outros dois dias, terminando às 22h. É verdade que a reclamada
não atendeu à citação inicial e foi revel e confessa quanto à
matéria fática posta a exame na presente lide. Ocorre que a ficta
confessio decorrente da revelia, não tem o condão, por si só, de
tornar verdadeiras todas as alegações do reclamante, posto que,
opera-se apenas juris tantum, não afetando, em absoluto, a
liberdade que tem o Magistrado na condução do processo, na
valoração dos demais elementos trazidos à baila. Na espécie
vertente, em que pese a revelia ocorrida e a falta de apresentação
dos controles de frequência por parte da ré - o que atrairia, a
princípio, o que consubstancia o inciso I da Súmula 338 do C. TST
-, a jornada expressa pelo reclamante se afigura desprovida de
razoabilidade, absurda e inverossímil, a qual, em razão disto,
dependia de prova firme e robusta, já que não é crível, de uma
análise realista, que, durante todo o seu tempo de serviço, tenha se
submetido a horários tão extensos de labor. Não tendo o
reclamante se desobrigado a contento de tal encargo, tem-se que a
sentença merece reforma, para indeferir todos os pleitos referentes
à jornada de mourejo do autor. Recurso ordinário a que se dá
provimento, quanto ao aspecto.

Vistos etc.

Registro ter sido designada para redigir o acórdão, tendo em

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vista a prevalência da tese que adotei em relação à alegação da nulidade de citação,


arguida pela recorrente. Sendo assim, por economia e celeridade processuais, peço
vênia ao Desembargador André Genn de Assunção Barros (relator originário), para
reproduzir o relatório por ele utilizado, uma vez que, quanto a isto, não houve
divergência:

"Vistos etc.

Recurso ordinário interposto por VULCANO TRANSPORTES DO NORDESTE


LTDA. - ME de sentença proferida pelo MM. Juízo da 5ª Vara do Trabalho de
Jaboatão dos Guararapes/PE, que julgou parcialmente procedentes os pedidos
formulados na reclamação trabalhista ajuizada por PEDRO LEITE DA SILVA em
face da recorrente, nos termos da fundamentação sob o Id. ffb2732.

A reclamada, em suas razões recursais de Id. b96497e, requer, de início, a


declaração de nulidade do processo, uma vez que não houve a sua correta
citação. Diz que nos autos "não existe prova concreta da ciência da reclamada,
ou mesmo, documento hábil a demonstrar que alguém recebeu a referida
notificação para apresentação de defesa e comparecimento a audiência inicial,
com a reclamada, ora recorrente, apenas tomando conhecimento da ação,
quando da intimação da sentença". Afirma que "a secretaria da vara não anexou
aos autos, o competente documento a demonstrar a entrega da notificação
judicial, qual seja, o Aviso de Recebimento, devidamente recepcionado por
algum funcionário da empresa reclamada". Colige jurisprudência sobre o tema.
Entende que não se aplica a presunção da Súmula 16 do TST, pois,
notoriamente, não ocorreu a citação. Salienta que em outros processos que
tramitam nesta Especializada nunca deixou de comparecer as convocações.
Destaca que o reclamante laborou apenas 10 meses para a empresa e pretende
receber R$ 250.000,00 de verbas trabalhistas, que daria R$ 25.000,00 por mês
além do seu salário mensal. Pede seja decretada a nulidade parcial do feito, a
partir da citação, com o retorno dos autos à primeira instância para a renovação
dos atos processuais. A reclamada prossegue combatendo os demais tópicos da
sentença. Quanto aos títulos referentes à jornada, sustenta que a jornada
declinada na inicial é humanamente impossível. Afirma que possui vários
motoristas em seu quadro de funcionários, que prestam serviços exclusivamente
para o Walmart, fazendo entregas de mercadorias no Grande Recife e em
algumas capitais do Nordeste, configurando trabalho externo por excelência, de
dificílimo controle, porque enquadrado na exceção do art. 62, I, da CLT. Diz que
cabia ao autor efetuar as entregas de mercadorias aos destinatários e que "o
percurso, o tempo gasto na viagem, as paradas para descaso, repouso,
alimentação e pernoite ficavam sob a sua livre escolha". Assevera não havia
controle de jornada por meio de GPS, telefone ou tacógrafo, sendo que "o único
instrumento existente eram os romaneios, local onde o reclamante inseria a
quilometragem do veículo quando da sua saída e da sua chegada, além de
indicar os postos de abastecimento de combustível onde parou". Observa que
apesar de o Juízo singular ter reconhecido como fantasiosa a jornada da
exordial, a reduziu em apenas uma hora. Ataca a alegação de que não existia
intervalo intrajornada, até porque "em muitas unidades do grupo Wal-Mart
possuem amplos estacionamentos, inclusive, com banheiros e locais para os
motoristas descansarem, benefícios estes muito utilizado pelos funcionários da
reclamada". Aduz que não havia trabalho de domingo a domingo, pois os
romaneios mostram que "muitos eram os dias em que o reclamante não laborava
ou porque não existiam entregas, ou porque outro motorista era quem estava
laborando naquele dia". Impugna a alegação de existência de controle de
jornada com base nos recibos de recepção de cargas emitidos pela Secretaria
da Fazenda (SEFAZ), uma vez que eles ficam de posse do próprio motorista.
Sustenta que em raras ocasiões em que ocorria labor aos domingos e feriados, o
trabalhador recebia folga compensatória na mesma semana, conforme
demonstram os romaneios. Salienta que havia determinação da empresa para
que os motoristas não viajassem à noite e que os contracheques evidenciam que
"o reclamante sempre era remunerado no que concerne as diárias e pernoites,
quando estas se efetivavam, além de receber adiantamentos de despesas com

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alimentação". Logo, entende incabível o pleito de condenação ao pagamento de


adicional noturno, porque o reclamante não laborava em jornada noturna.
Esclarece que quando em viagens, "o autor somente entrava em contato com a
empresa se houvesse algum problema com o veículo ou com algum cliente".
Menciona que o reclamante não cumpriu com os deveres contidos na Lei 12.619,
cometendo infrações que chegariam também no campo do Código de Trânsito
Brasileiro, passível de punição, nos moldes do art. 230, XXIII, do citado Código.
Também impugna a alegação de que o autor "tinha que devolver o veículo
abastecido, descarregar o camisão (protetor dos pallets) e lavar a cabine e o baú
do caminhão, processo este que durava cerca de duas horas". Registra que
quando da chegada no galpão da empresa, "o motorista apenas tem a obrigação
de devolver as chaves do veículo e o romaneio devidamente preenchido". Pede
a reforma da sentença quanto aos títulos referentes à jornada de trabalho. No
que tange ao reembolso de diárias com almoço, jantar e pernoite, afirma que tais
valores eram depositados diretamente na conta bancária do autor, conforme
comprovantes em anexo, não constando dos contracheques, sob a justificativa
de que a cláusula 10ª da CCT a considera como verba indenizatória. Salienta
que as diárias que constam dos contracheques "são para arcar com o
pagamento das despesas com hospedagem do motorista, quando este tinha que
fazer uma viagem longa e pernoitar em outra cidade". Frisa que além das
quantias diretamente depositadas, a empresa também ofertava o vale refeição,
que era também utilizado para custear as despesas com o almoço e o jantar.
Pugna pela improcedência do pedido. No que tange ao dano existencial, destaca
que o autor "não anexou aos autos um documento sequer que comprove a
existência de acidente de trabalho, laudo médico atestando doença ocupacional
ou mesmo qualquer tipo de doença, inclusive, mental". Assevera que o
reclamante "também não colacionou ao processo qualquer documento que
demonstrasse concretamente o prejuízo às relações sociais e a ruína do projeto
de vida", lembrando que o dano existencial não emerge in re ipsa. Colige
precedentes sobre o tema. Pede a exclusão da condenação imposta, diante da
flagrante violação dos arts. 818 da CLT e 373 da CPC. Em sucessivo, pede a
redução do valor arbitrado, que entende como exorbitante, mormente porque o
contrato somente durou 10 meses. Argumenta que "o montante indenizatório
deve apenas propiciar uma satisfação pessoal, mas, jamais, constituir prêmio
pecuniário pelo constrangimento que se alega sofrer, pois se não houver
sofrimento, não há indenização a ser implementada". Postula a redução para R$
1.000,00. No que tange ao aviso prévio e multa do art. 477 da CLT, afirma que "o
reclamante fora pré-avisado da sua dispensa, tendo optado pela redução da
jornada dos últimos 7 dias de labor", não tendo sido orientado a aguardar em
casa o depósito das verbas rescisórias. Diz que ele recebeu integralmente o
salário do mês de janeiro de 2016 e o saldo de salário de 5 dias do mês de
fevereiro. Nesse contexto, tendo em conta que o pagamento das verbas
rescisórias foi realizado no dia 04/02/2016, dentro do prazo legal, não há falar
em pagamento da multa do art. 477 da CLT. Caso não acolhida sua tese, pede
que "ao menos seja compensado o salário do mês de janeiro, como abatimento
do valor da condenação no aviso prévio, sob pena do recorrido estar se
locupletando ilicitamente, já que, para o Juízo de piso, não houve labor neste
mês". Por último, caso persista a condenação em algum título, pede "seja
determinada a compensação de todas as verbas pagas ao longo do pacto
laboral, bem assim os valores recebidos e discriminados no TRCT, os valores
recebidos e constantes do contracheque à título de diária e vale refeição, além
dos valores pertinentes aos adiantamentos de despesa com alimentação e
FGTS + 40%, nos termos do art. 767 da CLT, devendo ainda, serem observadas
eventuais faltas, atrasos, afastamentos, férias, entre outros praticados pelo
obreiro durante o referido pacto". Pede o provimento do recurso.

Contrarrazões do reclamante sob o Id. 9f6e7cf.

Não houve remessa dos autos à Procuradoria Regional do Trabalho, por força do
disposto no art. 20 da Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da
Justiça do Trabalho c/c art. 50 do Regimento Interno deste Regional.

É o relatório."

VOTO

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Passo agora a fundamentar o ponto no qual, concessa venia,


divergi do Exmo. Relator:

Nulidade da citação.

Data venia do entendimento do Relator, tenho que não há prova de


que a notificação inicial, enviada para o endereço correto, não foi, de fato, recebida por
empregado da ré.

Isso porque a Secretaria da Vara juntou aos autos eletrônicos o


código do Aviso de Recebimento (JH 46433252 8 BR), conforme comprovam os documentos
de Ids. 7bed05e e 2a15f76. Este último consubstancia a impressão do rastreamento do sítio
dos correios, a qual indica que o "objeto" foi postado no dia 29/03/2016 e entregue ao
destinatário em 30/03/2016.

Com isso, entendo regular a atuação do Juízo de origem que


expediu a comunicação inaugural mediante código de rastreamento e realizou a consulta no
sítio eletrônico da ECT, tudo devidamente certificado nos autos por servidor público que goza
de fé de ofício na execução do seu mister.

Oportuno destacar que a notificação da sentença para a qual a


reclamada não alega qualquer nulidade, tendo, inclusive, comparecido aos autos após sua
expedição, foi encaminhada ao mesmo endereço e regularmente entregue, assim como o ato
de chamamento inicial que então se impugna.

Desta feita, à míngua de prova a respeito de quaisquer


irregularidades, na forma da Súmula nº 16 do C. TST, resta improvido o apelo patronal, neste
ponto.

Acerca da matéria, eis a jurisprudência:

"RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. VÍCIO DE CITAÇÃO.


INEXISTÊNCIA. Afigura-se incontroverso que a citação foi enviada para o
endereço correto da reclamada, inclusive constando nos autos a informação da
ECT de que foi entregue ao destinatário, pelo que, a teor da Súmula nº 16 do
Colendo TST, era desta o ônus da prova do seu não recebimento, do qual não se
desincumbiu. (...)" (Processo: RO - 0000431-61.2016.5.06.0008, Redator: André
Genn de Assunção Barros, Data de julgamento: 26/10/2016, Quarta Turma, Data
da assinatura: 28/10/2016)

"RECURSO ORDINÁRIO EMPRESARIAL. CITAÇÃO. PRESSUPOSTO DE


CONSTITUIÇÃO E DESENVOLVIMENTO VÁLIDO E REGULAR DO
PROCESSO. AUSÊNCIA DE NULIDADE. O ato citatório é fundador da lide, é o
ato que triangulariza a relação jurídico-processual e integra o réu à controvérsia
(art. 238 do CPC/15). Nesse ato se assenta a possibilidade do exercício do
direito fundamental à ampla defesa e ao contraditório, assegurados pelo art. 5º,
LV, da Constituição Federal (direito este que não se viabiliza plenamente na fase

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recursal, ante a impossibilidade de dilação probatória e de inovação quanto à


matéria fática). No caso dos autos, nenhuma irregularidade foi observada; e o
que se extrai do recurso ordinário não só empresta força a presunção de que
trata a Súmula nº 16 do C. TST, como torna indiscutível o cumprimento da
finalidade do ato. Recurso improvido." (Processo: RO -
0000166-30.2016.5.06.0341, Redator: Ruy Salathiel de Albuquerque e Mello
Ventura, Data de julgamento: 24/07/2017, Terceira Turma, Data da assinatura:
24/07/2017)

Quanto aos demais aspectos do apelo, também peço venia


para adotar os fundamentos do voto proferido pelo Exmo. Relator, como razões de
decidir, em relação aos quais não houve divergência:

"Preliminar de não conhecimento do recurso ordinário, quanto ao aviso


prévio, por ausência de interesse jurídico-processual. Atuação de ofício

A reclamada sustenta que "o reclamante fora pré-avisado da sua dispensa,


tendo optado pela redução da jornada dos últimos 7 dias de labor", não tendo
sido orientado a aguardar em casa o depósito das verbas rescisórias. Diz que
ele recebeu integralmente o salário do mês de janeiro de 2016 e o saldo de
salário de 5 dias do mês de fevereiro. Nesse contexto, tendo em conta que o
pagamento das verbas rescisórias foi realizado no dia 04/02/2016, dentro do
prazo legal, não há falar em pagamento da multa do art. 477 da CLT. Caso não
acolhida sua tese, pede que "ao menos seja compensado o salário do mês de
janeiro, como abatimento do valor da condenação no aviso prévio, sob pena do
recorrido estar se locupletando ilicitamente, já que, para o Juízo de piso, não
houve labor neste mês".

No entanto, o recorrente não possui interesse recursal, quanto ao tópico em


epígrafe, na medida em que não houve condenação ao pagamento de aviso
prévio indenizado.

Para recorrer, se impõe que haja interesse jurídico-processual, que se reveste na


sucumbência da ação, ou seja, é necessário que haja decisão prejudicial ao
recorrente, na conformidade do artigo 996 do CPC/2015, o que não ocorreu no
caso, motivo pelo qual não conheço do apelo, no particular.

Mérito:

Títulos referentes à jornada de trabalho

Quanto ao tema, assim decidiu o Juízo singular, verbis:

Em que pese a revelia e confissão ficta em que incorreu a reclamada, mas


considerando o conteúdo da inicial acerca das jornadas ditas prestadas, forçoso
para este Juízo tecer algumas considerações, tendo em vista os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, bem como o fato de que no Direito nada é
absoluto, e não seria diferente com relação aos institutos da revelia e da
confissão ficta.

É que na inicial, em longa explanação, o reclamante tenta passar a ideia de que,


no curso do contrato, esteve submetido a uma jornada que, no meu modo de
pensar, revela-se humanamente impraticável.

Pela narrativa da aludida peça, diz o reclamante que quando efetuava entregas
na Grande Recife, o que acontecia em 02 dias na semana, normalmente iniciava
o labor por volta das 03 horas da madrugada e encerrava por volta das 22 horas;
e nos outros 05 dias da semana, estendia essa jornada até as 24 horas, sempre
com intervalo 30 minutos, sem folgas, inclusive nos feriados.

Para qualquer trabalhador, demonstra-se humanamente insuportável a


submissão, durante meses, a tamanha carga horária, principalmente se
considerarmos as responsabilidades impingidas ao autor, que, segundo a
exordial, atuava na função de motorista de veículos de grande porte, entregando
produtos a grandes redes de supermercado, o que, logicamente, resultava em

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atividade que envolvia vultosas somas em dinheiro, exigindo maior atenção e


cuidado.

Não se descarta a possibilidade de que em dias pontuais, devido a situações


essencialmente peculiares, tenha o reclamante prestado seus serviços de
acordo com os horários alardeados na exordial. Contudo, não há como se
admitir, dentro da experiência que se tem da vida, que as jornadas discriminadas
na exordial representavam, de fato, a rotina diária do autor.

Nessa senda, para fixar os horários diários de labor do autor, lanço mão dos
estudos publicados pela Organização Mundial de Saúde, segundo os quais um
indivíduo adulto, entre 26 e 64 anos de idade (onde se enquadra o autor, nascido
em 09.03.1983), deve descansar diariamente de 7 a 9 horas. Contudo, em razão
do estilo de vida estressante que as sociedades nos grandes centros urbanos
adotaram nos últimos tempos, reconhece aquele órgão que a imensa maioria da
população não consegue atingir o padrão recomendado, pelo que, a OMS
estabeleceu que, no mínimo, deve-se dormir por 06 horas.

Assim, fazendo um exercício ponderado entre o que consta da inicial e o acima


exposto, tem-se que o reclamante laborava, em média, das 03 às 21 horas, com
30 minutos de intervalo, de segunda-feira ao domingo, sem folgas.

Destarte, as horas extras (inclusive aquelas decorrentes dos intervalos inter e


intrajornadas) deferem-se, acrescidas do adicional previsto na Convenção
Coletiva anexada (observado o prazo de vigência dessa norma) ou o percentual
constitucional de 50% (para os períodos não alcançados pela CCT), com
repercussão no aviso prévio, nas férias + 1/3, nos 13º salários, nos repousos
semanais remunerados e no FGTS + 40%.

Por outro lado, assevera o reclamante, na inicial, que durante sua jornada
enfrentava filas nos postos fiscais, a exemplo daquele estabelecido na cidade de
Xexéu-PE, donde se deduz que o pagamento regularmente feito sob a rubrica
"horas de espera," constantes dos contracheques anexados, visasse compensar
o tempo gasto nesses eventos. Assim, para se evitar o enriquecimento sem
causa do autor, determina-se sejam deduzidos do cálculo das horas extras os
valores comprovadamente pagos nos contracheques sob a rubrica "hora de
espera".

Em razão dos horários de labor ora reconhecidos, defere-se o pagamento dos


adicionais noturnos também com incidência no aviso prévio, nas férias + 1/3, nos
13º salários, nos repousos semanais remunerados e no FGTS + 40%.

Irresignada, a reclamada interpõe recurso ordinário. Diz, inicialmente, que o


reclamante está enquadrado na exceção do art. 62 da CLT, a afastar a
condenação em horas extras. Em seguida, ataca a jornada fixada pela sentença,
a qual é bastante parecida com aquela declinada na inicial e que, segundo a ré,
é humanamente impossível.

Analiso.

Esclareço, de início, que cabia à reclamada o encargo de comprovar de modo


cabal o exercício de atividade externa incompatível com a fixação e o controle de
jornada de trabalho, por se tratar de fato impeditivo do direito do reclamante.

Diante da confissão decorrente da revelia, a ré não provou a incompatibilidade


da fiscalização da jornada de trabalho, nos moldes do art. 62, inciso I, da CLT,
presumindo-se que era possível o controle das horas trabalhadas pelo
reclamante.

De outro turno, na petição inicial, o autor afirma que durante todo o lapso
contratual, pouco mais de 10 meses, trabalhava em torno de 20 horas por dia, de
domingo a domingo, inclusive feriados, sem a concessão de folga e com apenas
30 minutos de intervalo intrajornada. Diz que durante 5 dias por semana iniciava
a jornada às 3h da manhã e findava à meia noite do dia seguinte. Nos outros
dois dias, também começava o labor às 3h da madrugada e terminava às 22h.
Ele laborava como motorista de transporte de cargas.

Consoante se observa do tópico acima, a reclamada não atendeu à citação

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inicial e foi revel e confessa quanto à matéria fática.

Ocorre que a confissão decorrente da revelia não torna verdadeiras todas as


alegações do reclamante. A presunção que se opera é apenas juris tantum
(relativa), e não afeta, em absoluto, a liberdade que tem o magistrado na
condução do processo, na valoração das provas e no seu livre convencimento
para, fundamentadamente, julgar procedentes ou improcedentes os pleitos
contidos na peça de ingresso.

Assim, em que pese a revelia e a consequente falta de apresentação dos


controles de frequência gere presunção relativa quanto à jornada indicada na
petição inicial, nos moldes da Súmula 338 do C. TST, tal entendimento
jurisprudencial somente se aplica quando a jornada descrita na petição inicial
afigura-se provida de razoabilidade. Caso contrário, necessária a comprovação
robusta da jornada pelo reclamante. Nesse sentido, cito os seguintes
precedentes do C. TST:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE.


RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.
REVELIA E CONFISSÃO. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DOS CONTROLES
DE PONTO. EMPRESA QUE POSSUI MAIS DE DEZ EMPREGADOS.
PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE DA JORNADA DECLINADA NA
INICIAL. FIXAÇÃO DE JORNADA DIVERSA DAQUELA INDICADA NA
PETIÇÃO INICIAL. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. O Regional registrou
expressamente que a jornada de trabalho apontada na inicial - a) de
outubro/2012 a janeiro/2014, das 07h30 às 03h, de segunda a domingo, sem
intervalo, exceto para cursar a faculdade de Administração na PUC/RS; b) em
abril e maio/2013, de 22h de um dia às 19h do dia seguinte; e c) em
janeiro/2014, das 08h às 21h - era inverossímil, razão pela qual, apoiado no
princípio da razoabilidade, determinou a jornada de trabalho a que o autor se
submetia para fins de cálculo das horas extras - das 07h30 às 19h, com intervalo
intrajornada de uma hora, de segunda a sexta-feira e em sábados e domingos
alternados, não obstante a revelia da empresa e a consequente confissão ficta
quanto à matéria de fato. É sabido que o ônus da prova da jornada extraordinária
é do autor, visto que alega esse fato. Todavia, o artigo 74, § 2º, da CCT
determina a obrigatoriedade do controle de jornada dos empregados para as
empresas com mais de dez trabalhadores. Também assim prevê a Súmula nº
338, item I, do TST, in verbis: "338 JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO.
ÔNUS DA PROVA I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez)
empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT.
A não-apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção
relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova
em contrário". O não cumprimento da referida obrigação acarreta a inversão do
ônus da prova em favor do empregado, prevalecendo a jornada declinada na
inicial. Porém, essa presunção não é absoluta e pode ser desconstituída por
outras provas dos autos, conforme parte final dos itens I e II, in verbis: "II - A
presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em
instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário". É o que ocorre
no caso vertente. Não obstante registrado no acórdão regional que a reclamada
não se desincumbiu do encargo de juntar aos autos os controles de ponto
válidos, a jornada declinada na inicial é inverossímil, pois destoa da realidade.
Assim, diante do princípio da razoabilidade, a Corte regional, ao fixar a jornada
do reclamante de forma diversa daquela declinada na petição inicial, não
obstante a confissão "ficta" da reclamada, não violou o art. 319 do CPC/73, já
que o julgador, com base nesse princípio, pode constatar que os horários
informados pelo autor são excessivamente extensos, sendo impossíveis de
serem cumpridos por um empregado. Agravo de instrumento desprovido. (...)
(ARR-20130-17.2015.5.04.0012, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta,
2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/04/2017.)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS.


CONFISSÃO FICTA. JORNADA INVEROSSÍMIL DECLINADA NA PETIÇÃO
INICIAL. I. A presunção de veracidade dos fatos, decorrente da confissão ficta, é
relativa e deve ser ponderada sob o prisma do princípio da razoabilidade. II. No
caso em exame, verifica-se que o Tribunal Regional delimitou a jornada
declinada na inicial com fundamento no princípio da razoabilidade e na aplicação

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das regras de experiência comum, nos termos do art. 375 do NCPC (art. 335 do
CPC/73), uma vez que, de fato, a jornada delineada na inicial não é plausível. III.
Aplicável à hipótese também a norma do art. 345, IV, do NCPC, no sentido de
que a revelia não produz seus efeitos quando "as alegações de fato formuladas
pelo autor forem inverossímeis". IV. Agravo de instrumento de que se conhece e
a que se nega provimento.(AIRR-755-22.2014.5.03.0035, Relatora
Desembargadora Convocada Cilene Ferreira Amaro Santos, Data de Publicação:
DEJT 24/03/2017.)

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DO


RECLAMANTE INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 -
EFEITOS DA FICTA CONFESSIO 1. A presunção resultante da decretação da
revelia não possui contornos absolutos. O julgador pode apreciar outras provas
pré-constituídas para alcançar conclusão diversa da pretendida na inicial e,
também, aplicar ao exame da matéria juízos de razoabilidade e
proporcionalidade aliados ao princípio da primazia da realidade. 2. Esta Corte
tem admitido a possibilidade de arbitramento da jornada do empregado na
hipótese de haver presunção de veracidade da jornada de trabalho declinada na
inicial que se revela inverossímil. Julgados. 3. A pretensão recursal de
deferimento do adicional de insalubridade com fundamento na revelia e
confissão da Reclamada quanto à matéria fática, sem a realização de perícia
técnica, contraria a literalidade do art. 195 da CLT, que claramente estabelece tal
exigência. Julgados. (...)(ARR-607-25.2014.5.12.0014, Relatora Ministra Maria
Cristina Irigoyen Peduzzi, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 07/10/2016.)

(...) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMADA. 1. JORNADA


DE TRABALHO. MOTORISTA DE CAMINHÃO. AUSÊNCIA INJUSTIFICADA
DOS CONTROLES DE FREQUÊNCIA. PRESUNÇÃO RELATIVA DA JORNADA
DECLINADA NA INICIAL. ALEGAÇÃO NÃO VEROSSÍMIL. POSSIBILIDADE DE
ARBITRAMENTO. Segundo a diretriz perfilhada pela Súmula nº 338, I, do TST, a
presunção de veracidade da jornada de trabalho declinada na inicial pela
ausência injustificada dos controles de frequência é meramente relativa, ou seja,
não induz de forma automática o acolhimento da jornada indicada pelo
empregado na peça vestibular. Assim, diante do conflito entre a presunção
relativa de veracidade da jornada declinada na inicial, a ausência de elementos
probatórios capazes de desconstituí-la e a inverossimilhança das alegações
veiculadas na peça vestibular, é assegurada ao magistrado a possibilidade de
arbitramento da jornada de trabalho, levando em consideração as peculiaridades
do caso concreto, o ordenamento jurídico, a primazia da realidade e o princípio
da razoabilidade. In casu, não se revela plausível a jornada de 18 horas
apontada na inicial, pois, além de excessiva, era desempenhada diariamente,
com apenas dois intervalos de 30 minutos, duas pausas de 10 minutos e duas
folgas mensais, sendo evidentemente inverossímil, ultrapassando os limites do
razoável, visto que é impossível imaginar que o homem médio suportaria tal
jornada ao longo de toda a contratualidade, sobretudo na função de motorista de
caminhão. Recurso de revista conhecido e provido.(Processo:
ARR-565-82.2014.5.23.0106, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, 8ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 30/05/2016.)

AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. HORAS


EXTRAS. REGISTROS DE PONTO. AUSÊNCIA. PRESUNÇÃO DE
VERACIDADE. JORNADA IRREAL DECLINADA NA PETIÇÃO INICIAL 1. A
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho sedimentou o entendimento de
que a não apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção
relativa de veracidade da jornada declinada na petição inicial (Súmula nº 338, I).
2. Semelhante presunção, todavia, concerne a fatos verossímeis à luz da
experiência subministrada ao juiz da observação do que ordinariamente
acontece. Não obstante a noção clássica de Justiça seja simbolicamente
representada por uma deusa de olhos vendados, a Justiça do Trabalho não pode
deixar de manter os olhos bem abertos para não chancelar presunções absurdas
ou absolutamente irreais em face das limitações humanas. 3. A presunção em
apreço, assim, não alcança a pretensa jornada de labor absolutamente sobre-
humana, surreal e absurda, sistematicamente de 18 horas diárias, das 5h15 às
23h, com intervalo de apenas 20 minutos para refeição e descanso, de segunda
a sexta-feira, e em dois finais de semana por mês, das 13 às 17h, e, ainda, em
um sábado por mês, das 6 às 12h, ao longo de trinta e sete meses. 4. Em casos

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que tais, a solução não encontra amparo na diretriz da Súmula nº 338 do


Tribunal Superior do Trabalho, fundamentada tão somente na omissão do
empregador. 5. Incumbe à empregada o ônus de produzir prova da acenada e
inverossímil jornada, sob pena de improcedência do pedido. 6. Agravo da
Reclamante de que se conhece e a que se nega provimento.(Processo:
Ag-AIRR-1570-79.2012.5.02.0079, Relator Ministro João Oreste Dalazen, 4ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 13/05/2016.)

RECURSO DE REVISTA. INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.


ADMISSIBILIDADE. JORNADA INVEROSSÍMIL. HORAS EXTRAS. INTERVALO
INTRAJORNADA. AFASTAMENTO PELO JULGADOR DA REGRA DE
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA CONTIDA NA SÚMULA Nº 338 DO TST.
MÁXIMAS DE EXPERIÊNCIA. (...) Na hipótese, a despeito de os cartões de
ponto juntados registrarem horários invariáveis, passa longe da razoabilidade a
alegação do reclamante de que trabalhava das 8h às 20 h, com prorrogações até
às 2h ou 3h, diariamente, inclusive nos sábados, e de que trabalhava em todos
os feriados e, ainda, em dois domingos por mês. O entendimento da Súmula é
um critério a ser seguido. Mas não tem valor absoluto, podendo ser afastado em
hipóteses que a convicção motivada do julgador entendê-la impertinente, à luz
da prova dos autos e das alegações da parte autora, que no caso beiram ao
absurdo, como se pode extrair pela aplicação das máximas de experiência.
Assim, deve prevalecer sobre o critério sumular, a livre convicção motivada, nos
termos do artigo 131 do CPC, no sentido da inexistência de horas extras.
(RR-515-17.2013.5.02.0481, Relator Ministro: Emmanoel Pereira, 5ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 11/12/2015.)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. HORAS EXTRAORDINÁRIAS. MATÉRIA


FÁTICA. DESPROVIMENTO. Aplicou a eg. Corte o princípio da razoabilidade,
ao afastar a pretensão de horas extraordinárias em volume que impediria o
empregado de dormir por três vezes na semana, adentrando as 4h30min na
empresa e finalizando a jornada as 2h da madrugada, não se traduzindo em
inversão indevida do ônus da prova, quando o entendimento é no sentido de que
houve jornada excessiva, não comprovada pelo autor. A v. decisão entendeu ser
inaplicável a Súmula 338, I, do C. TST, em face de jornada inverossímil não
comprovada. Agravo de instrumento desprovido. (AIRR-
164140-56.2004.5.01.0067, Relator Ministro Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma,
Data de Publicação: DJ 30/06/2008.)

HORAS EXTRAS. JORNADA INVEROSSÍMIL. Conquanto sejam inválidos os


controles de ponto, não é possível admitirem-se como verdadeiras as jornadas
indicadas na inicial por faltar-lhes razoabilidade. (TRT-1 - RO:
00109153520145010206 RJ, Relatora Angela Fiorencio Soares da Cunha, Data
de Julgamento: 15/09/2015, Quarta Turma, Data de Publicação: 24/09/2015.)

TRABALHO EXTERNO. ÔNUS DA PROVA. JORNADA INVEROSSÍMIL.


HORAS EXTRAS INDEVIDAS. Compete ao reclamado o ônus da prova da
impossibilidade de controle de jornada, quando alega trabalho externo nos
moldes do art. 62, I da CLT. Contudo, quando o empregado alega jornada de
trabalho absolutamente inverossímil, não deve o Poder Judiciário chancelar o
absurdo. Horas extras indevidas.(TRT-5 - RecOrd: 00001446320135050192 BA
0000144-63.2013.5.05.0192, Relator: Renato Mário Borges Simões, 2ª. TURMA,
Data de Publicação: DJ 09/04/2014.)

Acrescento que o art. 345, IV, do CPC/15, dispõe que a revelia não implica
presunção de veracidade das alegações de fato formuladas pelo autor quando
estas forem inverossímeis.

No caso sob análise, considerando-se os horários alegadamente cumpridos pelo


demandante, chega-se à conclusão de que o obreiro, por aproximadamente 5
(cinco) dias durante a semana, não dormia, uma vez que o intervalo
interjornadas era de apenas 3 (três) horas. Ainda, de acordo com o autor, não
lhe eram concedidas folgas, trabalhando 7 (sete) dias por semana, de domingo a
domingo, inclusive nos feriados, sendo seu intervalo intrajornada de apenas 30
minutos.

A jornada declinada na exordial revela-se humanamente impossível de ser


cumprida por mais de 10 meses seguidos, mormente na função de motorista de

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transporte interestadual cargas desempenhada pelo reclamante, em que é


necessário alto grau de concentração no trânsito.

A alegação do trabalhador de que, após encerrar a sua jornada às 24h,


conseguia repousar poucas horas dentro do caminhão, emendando uma jornada
na outra, não é capaz de retirar o caráter inverossímil da jornada por ele
descrita.

Por outro lado, o reclamante não apresentou testemunhas e os recibos de


recepção do SEFAZ-PE, juntados sob o Id. 48a928b, não se caracterizam como
prova suficientemente robusta da absurda e irreal jornada alegada na petição
inicial. São apenas quatro recibos, que indicam os respectivos os horários:
17h48, 5h, 3h58 e 17h34. Isso não é o bastante para provar que todos dias,
durante mais de 10 meses, sem a concessão de uma folga sequer, o autor
iniciou a jornada às 3h da manhã e terminou às 24h ou 22h.

Logo, ainda que revel e confessa quanto à matéria fática a reclamada, não há
presunção de veracidade da absurda e inverossímil jornada descrita na peça
exordial, a qual deve restar cabalmente comprovada, o que não é o caso dos
autos.

Sob tais considerações, não tendo o autor se desvencilhado do encargo de


provar o fato constitutivo do seu direito, dou provimento ao recurso ordinário da
reclamada, para julgar improcedentes todos os pedidos relativos à jornada de
trabalho.

Dano existencial. Quantum indenizatório

Assim decidiu o Juízo sentenciante, verbis:

'A postulação sob epígrafe está fundada na alegação de que o autor estava
submetido a jornadas extenuantes, o que agravava seu estado de saúde e a
qualidade de vida, bem como o convívio familiar.

Da jornada ora reconhecida (das 03 às 21 horas, de segunda-feira ao domingo,


com apenas 30 minutos de intervalo intrajornada), deduz-se a adoção, por parte
da empresa, de conduta violadora dos preceitos contidos nos artigos 66 e 71,
ambos da CLT, ante a ausência de concessão integral dos intervalos inter e
intrajornadas.

Assim, resta comprovado que o trabalhador acionante era submetido a um


regime habitualde prestação de trabalho em jornadas alongadas, as quais
superavam 15 horas diárias, sem observância às pausas inter e intrajornadas
legalmente fixadas.

Tal sistemática, por certo, afetou significativamente a saúde do trabalhador,


numa visão mais ampla do termo. Isso porque a expressão saúde aqui referida
não deve se circunscrever ao estado da pessoa sadia, sem doenças, mas de
acordo com o contido na carta de fundação da OMS, que definiu saúde como
sendo um estado de completo bem-estar físico, mental e social do indivíduo.

No sistema jurídico brasileiro, a Constituição de 1988 positivou a saúde como


direito social fundamental, conforme disposto nos seus artigos 6º, 196º e 200º,
definindo-a, precisamente, como direito de todos e dever do Estado.

Assim, a saúde do trabalhador é um direito humano e natural de toda a classe


operária, e como tal deve ser rigorosamente observado pelo empregador e pelo
Estado.

O Juiz do Trabalho e mestre em Direito Obrigacional Público e Privado, José


Antônio Ribeiro de Oliveira Silva, em artigo publicado no Compêndio Direitos
Sociais na Constituição de 1988 - uma análise crítica (Ed. Ltr, pgs.173/205),
citando o professo José Afonso da Silva, 20 anos depois preleciona que "a
dignidade da pessoa humana é um valor supremo, que atrai o conteúdo de todos
os direitos fundamentais do homem, desde o direito à vida.

Nesse caminho, qualquer violação à saúde do trabalhador, via de consequência,


representa desrespeito à sua dignidade como pessoa.

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Ainda segundo o referido autor, a saúde do trabalhador, como direito humano


fundamental, exige do empregador e do Estado ações de natureza negativa (que
implicam em direito do trabalhador a atos de abstenção) e positiva (que implicam
em direito do trabalhador a atos de prestação).

E ele arremata explicitando que, quanto ao primeiro aspecto, o trabalhador tem o


direito, por exemplo, a que seu empregador se abstenha de exigir labor habitual
em horário extra (art. 7º, XIII e XIV da C. F./88).

O segundo aspecto envolve, dentre outras ações, a obrigação do empregador


em reparar o dano físico e/ou mental causados ao empregado.

Por outro lado, tem-se que, relativamente à limitação do tempo de trabalho, até o
início da Revolução Industrial, inexistia regulamentação acerca da duração da
jornada de trabalho, época em que o poder econômico dos patrões submetia os
trabalhadores (com contingentes significativos de mulheres e menores) a
jornadas exaustivas, que refletia na sua saúde física e mental.

Diante das inquietações dos trabalhadores e das lutas sociais travadas no


continente europeu, no século XIX, o Estado resolveu intervir na regulamentação
do trabalho.

Segundo Sérgio Pinto Martins (Comentários à CLT, 2010, p. 505) "na maioria dos
países da Europa, por volta de meados de 1800, a jornada de trabalho era de 12
a 16 horas, principalmente entre mulheres e menores." Acrescenta o mesmo
autor que "nos Estados Unidos, no mesmo período, a jornada de trabalho estava
balizada entre 11 e 13 horas". Prossegue, aduzindo que "houve movimentos
reivindicatórios visando à diminuição da jornada de trabalho, principalmente da
instituição da jornada de oito horas".

Ainda, acerca da evolução histórica da jornada de trabalho no contexto mundial,


pontua Alice Monteiro de Barros (Curso de Direito do Trabalho, 2011, p. 661):

'A história registra um ato normativo isolado, conhecido como Lei das Índias
(1593), que vigorou na Espanha, dispondo que a jornada não poderia ultrapassar
oito horas diárias. Na Inglaterra, a primeira lei limitou a jornada em 10 horas
(1847) e na França estabeleceu-se o mesmo limite em 1848, para os que
trabalhavam em Paris. Nos EUA, já em 1868 fixava-se em oito horas a jornada
para os empregados federais. Na América Latina, o Chile foi o primeiro a
estabelecer esse limite para os trabalhadores estatais (em 1908), seguido de
Cuba em 1909, para os mesmos empregados e do Uruguai em 1915.'

Salienta, ainda, Sérgio Pinto Martins (Comentários à CLT, 2010, p. 505) "o Papa
Leão XIII, na Encíclica Rerum Novarum, de 1891, já se preocupava com a
limitação da jornada de trabalho, de modo que o trabalho não fosse prolongado
por tempo superior ao que as forças do homem permitissem".

Com efeito, após a publicação da obra papal, muitos países editaram regras
limitando o trabalho diário em 08 horas.

Vale consignar que a Conferência das Nações Aliadas, realizada em Paris e


incorporada ao Tratado de Versalhes, obrigou os países convenentes a
adotarem jornada diária de 08 horas e semanal de 48.

Importante fazer referência às diversas Convenções da OIT que trataram do


assunto. A Convenção nº 1 (1919) fixa a jornada de trabalho em 8 horas diárias
e 48 semanais. A Convenção nº 30 (1930) considera jornada de trabalho o
tempo à disposição do empregador e estipula uma jornada de 8 horas para os
trabalhadores do comércio. A Convenção nº 31 (1931) prevê uma jornada de 7
horas e 45 minutos para os trabalhadores em minas de carvão. A Convenção nº
40 (1935) estabelece uma jornada semanal de 40 horas. A Convenção nº 47
(1935) a jornada semanal de 35 horas. A Convenção nº 67 (1939) determina
uma jornada de 48 horas para os trabalhadores em empresa de transporte
rodoviário.

No Brasil, as constituições passaram a disciplinar a matéria a partir de 1934,


mas a jornada diária de 08 horas foi unificada em 1940, parâmetro atualmente
mantido pela Constituição de 1988, que diminuiu o número de horas semanais

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de 48 para 44, ainda majorando o percentual do adicional de horas extras para


50%.

Verificada, em síntese, a evolução histórica da jornada de trabalho, sobretudo no


plano nacional, chega-se à atual redação do inciso XIII, do art. 7º da C. F./88,
que estabelece duração de trabalho normal não superior a oito horas diárias e
quarenta e quatro semanais.

Vale registrar que, nada obstante o longo período de evolução para que a
jornada de trabalho ganhasse os atuais contornos legais, não foi suficiente para
apascentar a classe operária, dadas as constantes interferências, no campo
sócio-político, de categorias profissionais organizadas objetivando a redução da
carga horária.

Como visto, a legislação vigente fixa, como regra geral, o labor diário em 08
horas, sendo certo que, excepcionalmente, há autorização de extensão de tal
quantitativo em 02 horas, o que significa que o trabalho realizado em jornada de
cerca de 15 horas diárias deve corresponder a uma situação singular, eventual.
Ou seja, como regra geral, as normas que disciplinam a duração do trabalho
diário vedam a habitualidade do trabalho extraordinário, salvo motivos de força
maior ou de realização de serviços para cuja execução e conclusão exijam
esforços, sob pena de manifesto prejuízo (art. 61 da CLT); até porque, como a
própria terminologia da palavra indica, o extraordinário é o que não é ordinário,
fora do comum, anormal, imprevisto.

É certo que a Constituição de 1988 abre espaço para a prorrogação diária de


jornada, mas tal situação encontra-se subordinada à compensação de horários e
à autorização através de acordo ou convenção coletiva de trabalho - o que se
configura mais uma exceção à regra geral (de 08 horas de labor diário e 44
semanal).

Em suma, no cenário nacional não há espaço para a exigência de trabalho


habitual em hora extra, e o desrespeito a essa realidade representa manifesta
violação legal, inclusive a regras de cunho constitucional.

Ressalta-se, por oportuno, que a compensação, através da paga respectiva, pelo


labor habitualmente prestado em horário extra apenas recompensa o trabalhador
pelo tempo à disposição/prestação de serviços em si, mas não pelos danos
pessoal e social daí decorrentes.

No que pertine ao dano existencial suscitado pelo trabalhador acionante,


também conhecido como dano à existência do trabalhador, segundo discorre a
doutrina, tem sua gênese na conduta patronal que impinge ao laborista a
impossibilidade de bem conviver socialmente com a família e/ou amigos, bem
como em impedir o trabalhador de dispor dos períodos de descanso como bem
lhe aprouver.

Júlio Cesar Bebber - Danos extrapatrimoniais (estético, biológico e existencial):


breves considerações. - faz referência à expressão "dano Revista LTr, São
Paulo, v. 73, nº 1, jan/2009, p.28 existencial" para designar as lesões que afligem
a liberdade de escolha e frustram o projeto de vida como forma de realização
humana, aduzindo que a sensação gerada pelo dano em questão "provoca um
vazio existencial na pessoa que perde a fonte de gratificação vital".

Como visto alhures, as longas jornadas a que estava habitualmente submetido o


reclamante, seguramente lhe impuseram, tanto quantitativa (redução do tempo)
quanto qualitativamente (longas horas de trabalho implicam em maior nível de
fadiga e esgotamento físico e mental) a impossibilidade de melhor desfrutar dos
seus períodos de descanso entre cada jornada a que esteve submetido -
circunstância que interferiu negativamente na qualidade da convivência do
trabalhador com seus familiares e amigos, trazendo consequências deletérias de
ordem pessoal e social.

In casu, resultou configurado o dano existencial alegado na exordial, data vênia


de posições em contrário.

Dispõe o art. 186 do Código Civil em vigor:

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"Aquele que, ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, por ação violar


direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito" (original sem grifo).

E o caput do art. 927 do mesmo Diploma encontra-se assim vazado:

"Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado
a repará-lo".

Tenho, então, que a reclamada praticou ato ilícito ao reclamante, na medida em


que impôs a este a obrigatoriedade de cumprimento de jornadas alongadas, de
forma habitual, causando para o trabalhador dano, que precisa ser compensado.

Com tais fundamentos, e à luz dos princípios da proporcionalidade e


razoabilidade, de que cogitam o art. 5°, inc. V, da CF, e 944 do CC, julgo
procedente o pedido de indenização por dano existencial, fixando-o em
R$4.000,00, dado que compatível com o período de trabalho do demandante
(inferior a 01 ano), a gravidade da lesão impingida ao obreiro e o porte
econômico da empresa empregadora, bem como o caráter pedagógico desta
condenação, de modo a desestimular o empreendimento demandado quanto à
prática habitual de submissão de seus empregados ao labor em horário
suplementar.

Irresignada, a reclamada apresenta recurso ordinário, alegando, em síntese, que


o reclamante não se desincumbiu do seu encargo probatório quanto à
configuração de dano existencial, nos moldes dos arts. 818 da CLT e 373 do
CPC/15. Postula a exclusão da condenação imposta. Pede, em sucessivo, a
redução do valor arbitrada pelo Juízo singular.

Embora a jornada extraordinária possa causar cansaço ao empregado e


privação das horas de convívio social e familiar, uma vez que a limitação da
jornada de trabalho visa proteger a integridade dos trabalhadores, evitando a
fadiga física e psíquica, não se pode presumir a ocorrência de danos à moral do
obreiro. Isso porque o convívio familiar e social, embora salutar, é fator bastante
subjetivo, possuindo maior ou menor valor, dependendo da pessoa.

No caso, além de a jornada declinada na petição inicial se mostrar


absolutamente inverossímil, ausente a mínima comprovação de que ela
realmente ocorria, não há nos autos elementos que indiquem ter havido
sofrimento ou abalo à incolumidade moral do reclamante, a ensejar
compensação por dano existencial, sendo o pedido condenatório fruto de mera
presunção. Observe-se que o dano existencial em questão não emerge in re
ipsa, do só fato da prestação de horas extraordinárias, sem a comprovação do
rompimento das relações sociais ou da supressão do projeto de vida do
trabalhador.

É farta a jurisprudência do C. TST nesse sentido. Confira-se:

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N° 13.015/2014 -


JORNADA EXTENUANTE. INDENIZAÇÃO POR DANO EXISTENCIAL. NÃO
COMPROVAÇÃO. Esta Corte tem firmado o entendimento de que a imposição
ao empregado de jornada excessiva, por si só, não implica ato ilícito apto a
ensejar o pagamento de indenização a título de dano existencial, especialmente
quando não comprovado, pelo empregado, prejuízo efetivo. Precedentes.
Recurso de revistaconhecido e provido. (RR-10919-87.2014.5.15.0075, Relator
Ministro Márcio Eurico Vitral Amaro, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
28/04/2017.)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA


VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. (...) INDENIZAÇÃO POR DANO EXISTENCIAL.
MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 126 DO TST. DECISÃO REGIONAL EM
CONSONÂNCIA COM OS PRECEDENTES DESTA CORTE. INTELIGÊNCIA
DO ARTIGO 896, §7º, DA CLT. I - Patenteado pelo TRT não haver prova de que
a jornada de trabalho tenha acarretado a deterioração das relações sociais ou o
comprometimento de eventual projeto de vida, por igual não há espaço para
exame da pretendida vulneração dos artigos 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição,
salvo por meio da coibida incursão pela prova produzida, nos termos da Súmula

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126/TST. II - Aliás, a decisão regional encontra-se em consonância com a


iterativa e notória jurisprudência desta Corte, segundo a qual o trabalho em
jornada excessiva, por si só, não conduz à conclusão acerca da caracterização
do dano existencial, sendo necessária a comprovação da sua efetiva ocorrência.
III - Com isso, avulta a convicção de que o recurso de revista não lograva
seguimento, quer à guisa de violação constitucional, quer de dissenso
pretoriano, na esteira do artigo 896, §7º, da CLT, pelo qual os precedentes desta
Corte foram erigidos à condição de requisitos negativos de admissibilidade
daquele apelo. IV - Agravo de instrumento a que se nega provimento. (AIRR-
11324-97.2015.5.18.0013, Relator Ministro Antonio José de Barros Levenhagen,
5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 11/04/2017.)

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMANTE. ACÓRDÃO


REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 E DO
CPC/1973. DANO MORAL. SUBMISSÃO A JORNADA EXTENUANTE. I. A
Corte Regional decidiu que "a prática de sobrelabor, por si só, não configura
dano existencial. A jornada reconhecida, muito embora elastecida e que
contempla labor em fins de semana, não dá ensejo a danos morais,
repercutindo, no contexto dos autos, apenas na esfera material, não se podendo
presumir qualquer abalo moral dele decorrente". II. A decisão da Corte Regional
está em conformidade com a iterativa, notória e atual jurisprudência no âmbito
desta Corte Superior sobre a matéria, razão pela qual não se viabiliza o
processamento do recurso de revista, nos termos da Súmula nº 333 do TST e
dos arts. 932, III, do CPC/1973 e 896, §7º, da CLT. III. Recurso de revista de que
não se conhece.(RR-275-35.2014.5.23.0052, Relatora Desembargadora
Convocada Cilene Ferreira Amaro Santos, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT
07/04/2017.)

(...) 6. INDENIZAÇÃO POR DANO EXISTENCIAL. EXCESSO DE JORNADA. O


cumprimento de jornada de trabalho extensa pela prestação de horas extras, por
si só, não enseja a indenização perseguida quando não demonstrada a efetiva
impossibilidade de convívio familiar e social, hipótese dos autos. Com efeito,
embora o quadro fático descrito pelo Tribunal a quo demonstre ter havido
sobrejornada além do permissivo legal, não consigna, por outro lado, prova de
que tal jornada tenha de fato comprometido as relações sociais do reclamante ou
seu projeto de vida, fato constitutivo do direito ao dano existencial perseguido.
Agravo de instrumento conhecido e não provido. (...)
(ARR-3713-84.2012.5.12.0007, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, 8ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 31/03/2017.)

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA


LEI 13.015/14. (...) 3. DANOS MORAIS. JORNADA DE TRABALHO
CONSIDERADA EXCESSIVA PELO TRT. Esta Corte, analisando casos como o
dos autos, em que se postula indenização decorrente de jornada laboral
excessiva, tem entendido tratar-se do denominado "dano existencial", que, por
seu turno, não é presumível - in re ipsa. De fato, para além da ilicitude resultante
da superação do limite legal de prorrogação da jornada, cujos efeitos se
resolvem com o pagamento correspondente (CLT, art. 59) e com a sanção
aplicável pelos órgãos de fiscalização administrativa (CLT, art. 75), o prejuízo
causado para o desenvolvimento de outras dimensões existenciais relevantes
deve ser demonstrado, não decorrendo, ipso facto, da mera exigência de horas
extras excessivas. Na hipótese dos autos, ao concluir pelo direito à indenização
por danos morais, o TRT fundamentou a decisão na tese jurídica de que a
jornada excessiva põe em risco a saúde e a segurança do trabalhador, obstando,
ainda, o direito ao lazer. Não há, todavia, registro no acórdão regional quanto à
existência de elementos que indiquem ter havido a privação de dimensões
existenciais relevantes (lazer, cultura, esporte e promoção da saúde, convívio
familiar e social etc.), capazes de causar sofrimento ou abalo à incolumidade
moral do Reclamante. Nesse contexto, impõe-se a reforma da decisão regional.
Recurso de revista conhecido e provido.(RR-85400-25.2013.5.13.0006, Relator
Ministro Douglas Alencar Rodrigues, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT
19/12/2016.)

RECURSO DE REVISTA - DANO EXISTENCIAL - DANO À PERSONALIDADE


QUE IMPLICA PREJUÍZO AO PROJETO DE VIDA OU À VIDA DE RELAÇÕES -
NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE LESÃO OBJETIVA - NÃO

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DECORRÊNCIA IMEDIATA DA PRESTAÇÃO DE SOBREJORNADA - NÃO


CARACTERIZAÇÃO. O dano existencial é um conceito jurídico oriundo do
Direito civil italiano e relativamente recente, que se apresenta como
aprimoramento da teoria da responsabilidade civil, vislumbrando uma forma de
proteção à pessoa que transcende os limites classicamente colocados para a
noção de dano moral. Nesse sentido, o conceito de projeto de vida e a
concepção de lesões que atingem o projeto de vida passam a fazer parte da
noção de dano existencial, na esteira da jurisprudência da Corte Interamericana
de Direitos Humanos. No âmbito da doutrina justrabalhista, o conceito tem sido
absorvido e ressignificado para o contexto das relações de trabalho como
representativo das violações de direitos e limites inerentes ao contrato de
trabalho que implicam, além de danos materiais ou porventura danos morais ao
trabalhador, igualmente, danos ao seu projeto de vida ou à chamada "vida de
relações". Embora exista no âmbito doutrinário razoável divergência a respeito
da classificação do dano existencial como espécie de dano moral ou como dano
de natureza extrapatrimonial estranho aos contornos gerais da ofensa à
personalidade, o que se tem é que dano moral e dano existencial não se
confundem, seja quanto aos seus pressupostos, seja quanto à sua
comprovação. Isto é, embora uma mesma situação de fato possa ter por
consequência as duas formas de lesão, seus pressupostos e demonstração
probatória se fazem de forma peculiar e independente. No caso concreto, a
Corte regional entendeu que não restou demonstrado o dano existencial, não
podendo haver um corolário lógico de que a jornada prolongada em alguns dias
causou efetivo prejuízo às relações sociais ou ao projeto de vida do trabalhador.
Logo, conforme decidido pelo Tribunal Regional, o dano existencial não pode ser
reconhecido à míngua de prova específica do efetivo prejuízo pessoal, social ou
familiar. Nessa situação, vale ressaltar, é inviável a presunção de que, no caso
dos autos, o dano existencial efetivamente aconteceu, em face da ausência de
provas neste sentido. Embora a possibilidade, abstratamente, exista, é
necessário que ela seja constatada no caso concreto para que sobre o indivíduo
recaia a reparação almejada. Demonstrado concretamente o prejuízo às
relações sociais e a ruína do projeto de vida do trabalhador, tem-se como
comprovados, in re ipsa, a dor e o dano à sua personalidade. O que não se pode
admitir é que, comprovada a prestação de horas extraordinárias, extraia-se daí
automaticamente a consequência de que as relações sociais do trabalhador
foram rompidas ou que seu projeto de vida foi suprimido do seu horizonte.
Recurso de revista não conhecido.(RR-1392-42.2014.5.12.0028, Relator Ministro
Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT
18/03/2016.) - Sublinhei

RECURSO DE REVISTA. DANO EXISTENCIAL. PRESSUPOSTOS. SUJEIÇÃO


DO EMPREGADO A JORNADA DE TRABALHO EXTENUANTE. JORNADAS
ALTERNADAS. 1. A doutrina, ainda em construção, tende a conceituar o dano
existencial como o dano à realização do projeto de vida em prejuízo à vida de
relações. O dano existencial, pois, não se identifica com o dano moral. 2. O
Direito brasileiro comporta uma visão mais ampla do dano existencial, na
perspectiva do art. 186 do Código Civil, segundo o qual "aquele que por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito". A norma em apreço,
além do dano moral, comporta reparabilidade de qualquer outro dano imaterial
causado a outrem, inclusive o dano existencial, que pode ser causado pelo
empregador ao empregado, na esfera do Direito do Trabalho, em caso de lesão
de direito de que derive prejuízo demonstrado à vida de relações. 3. A
sobrejornada habitual e excessiva, exigida pelo empregador, em tese, tipifica
dano existencial, desde que em situações extremas em que haja demonstração
inequívoca do comprometimento da vida de relação. [...] 5. Igualmente não se
reconhece dano existencial se não há demonstração de que a jornada de
trabalho exigida, de alguma forma, comprometeu irremediavelmente a vida de
relações do empregado, aspecto sobremodo importante para tipificar e não
banalizar, em casos de jornada excessiva, pois virtualmente pode consultar aos
interesses do próprio empregado a dilatação habitual da jornada. Nem sempre é
a empresa que exige o trabalho extraordinário. Em situações extremas, há
trabalhadores compulsivos, ou seja, viciados em trabalho (workaholic), quer
motivados pela alta competitividade, vaidade, ganância, necessidade de
sobrevivência, quer motivados por alguma necessidade pessoal de provar algo a
alguém ou a si mesmo. Indivíduos assim geralmente não conseguem

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desvincular-se do trabalho e, muitas vezes por iniciativa própria, deixam de lado


filhos, pais, amigos e família em prol do labor. Daí a exigência de o empregado
comprovar que o empregador exigiu-lhe labor excessivo e de modo a afetar-lhe a
vida de relações. 6. Recurso de revista conhecido e provido.
(RR-154-80.2013.5.04.0016, Relator Ministro João Oreste Dalazen, 4ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 31/03/2015.)

(...) II - AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE. RECURSO DE


REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 - DESCABIMENTO. [...]
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO. ELASTECIMENTO DA
JORNADA. A prática habitual de horas extras, por si só, não configura lesão a
direito da personalidade do empregado a ensejar indenização por dano moral.
(...) Agravo de instrumento conhecido e desprovido.(AIRR-
24418-53.2013.5.24.0066, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan
Pereira, 3ª Turma, DEJT 22/05/2015.)

RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. (...) DANO EXISTENCIAL. LABOR


EM SOBREJORNADA. PREJUÍZO NÃO COMPROVADO. O dano existencial é
espécie de dano imaterial. No caso das relações de trabalho, o dano existencial
ocorre quando o trabalhador sofre dano/limitações em relação à sua vida fora do
ambiente de trabalho em razão de condutas ilícitas praticadas pelo empregador,
impossibilitando-o de estabelecer a prática de um conjunto de atividades
culturais, sociais, recreativas, esportivas, afetivas, familiares, etc., ou de
desenvolver seus projetos de vida nos âmbitos profissional, social e pessoal.
Não é qualquer conduta isolada e de curta duração, por parte do empregador,
que pode ser considerada como dano existencial. Para isso, a conduta deve
perdurar no tempo, sendo capaz de alterar o objetivo de vida do trabalhador,
trazendo-lhe um prejuízo no âmbito de suas relações sociais. Na hipótese dos
autos, embora conste que o Autor laborava em sobrejornada praticamente todos
os dias e que habitualmente extrapolava 12 horas diárias, não ficou demonstrado
que o Autor tenha deixado de realizar atividades em seu meio social ou tenha
sido afastado do seu convívio familiar para estar à disposição do Empregador, de
modo a caracterizar a ofensa aos seus direitos fundamentais. Diferentemente do
entendimento do Regional, a ofensa não pode ser presumida, pois o dano
existencial, ao contrário do dano moral, não é -in re ipsa-, de forma a se
dispensar o Autor do ônus probatório da ofensa sofrida. Não houve
demonstração cabal do prejuízo, logo o Regional não observou o disposto nos
arts. 818 da CLT e 333, I, do CPC, na medida em que o Reclamante não
comprovou o fato constitutivo do seu direito. Recurso de Revista parcialmente
conhecido e provido. (...) (ARR-566-70.2012.5.04.0234, Data de Julgamento:
08/10/2014, Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, 4ª Turma, DEJT
10/10/2014.)

Ante o alinhado, dou provimento ao recurso patronal, para excluir a condenação


ao pagamento de indenização por dano existencial.

Despesas com alimentação e pernoite

No que tange ao reembolso de diárias com almoço, jantar e pernoite, a


reclamada afirma que tais valores eram depositados diretamente na conta
bancária do autor, conforme comprovantes em anexo, não constando dos
contracheques, sob a justificativa de que a cláusula 10ª da CCT a considera
como verba indenizatória. Salienta que as diárias que constam dos
contracheques "são para arcar com o pagamento das despesas com
hospedagem do motorista, quando este tinha que fazer uma viagem longa e
pernoitar em outra cidade". Frisa que além das quantias diretamente
depositadas, a empresa também ofertava o vale refeição, que era também
utilizado para custear as despesas com o almoço e o jantar. Pugna pela
improcedência do pedido.

Não prospera a insurgência.

As CCT's adunadas aos autos sob os Ids. 04e9fc4 e bdb2ffb trazem previsão
específica quanto aos valores devidos a título de reembolso de despesas com
alimentação e pernoite. Por outro lado, os contracheques de Ids. 30279a3,
493c579 e a2691fa demonstram que os valores efetivamente pagos eram
inferiores àqueles previstos nas normas coletivas.

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Outrossim, tendo em conta a revelia e confissão aplicadas, os comprovantes


bancários juntados pela recorrente sob o Id. 3f13430 não merecem
consideração.

Logo, mantenho a sentença proferida nos seguintes termos, verbis:

Pontua o reclamante que não recebia reembolso dos valores gastos com o jantar
e nem lhe era paga a quantia correta relativa ao almoço. Aduz que os valores
envolvendo a alimentação estão disciplinados na Convenção Coletiva (cláusula
10ª), inclusive em relação às entregas realizadas em localidades distantes a
100km da sede da reclamada, neste município, o que, segundo a peça atrial,
acontecia por 05 dias na semana.

Ante a revelia e confissão aplicadas em desfavor da ré, a jornada reconhecida


nesta decisão, assim como o fato de que em 05 dias na semana o autor
realizava entregas distantes 100km da sede da empresa, as diferenças
porventura constatadas e perseguidas no item 'c.7' deferem-se do rol da inicial,
deduzindo-se os valores pagos nos contracheque sob as rubricas
"DIÁRIAS/PERNOITE" e "REFEIÇÃO", com respaldo no instrumento coletivo
constante do processo e limitado ao respectivo período de vigência.

Indefere-se, no entanto, a integração ao salário da vantagem em apreço, tendo


em vista que a CCT aplicável às categorias em conflito estabeleceu, na sua
cláusula 10ª, alínea "D", a natureza indenizatória do ticket alimentação.

Nego provimento.

Multa do art. 477, § 8º, da CLT

No que tange ao aviso prévio e multa do art. 477 da CLT, a reclamada afirma que
"o reclamante fora pré-avisado da sua dispensa, tendo optado pela redução da
jornada dos últimos 7 dias de labor", não tendo sido orientado a aguardar em
casa o depósito das verbas rescisórias. Diz que ele recebeu integralmente o
salário do mês de janeiro de 2016 e o saldo de salário de 5 dias do mês de
fevereiro. Nesse contexto, tendo em conta que o pagamento das verbas
rescisórias foi realizado no dia 04/02/2016, dentro do prazo legal, não há falar
em pagamento da multa do art. 477 da CLT. Caso não acolhida sua tese, pede
que "ao menos seja compensado o salário do mês de janeiro, como abatimento
do valor da condenação no aviso prévio, sob pena do recorrido estar se
locupletando ilicitamente, já que, para o Juízo de piso, não houve labor neste
mês".

Analiso.

Ressalto, de início, que não houve condenação ao pagamento de aviso prévio


indenizado, mas tão só da multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT.

Quanto à multa em epígrafe, na inicial, o reclamante alega que foi notificado da


sua dispensa em 06/01/2016, sendo informado de que deveria cumprir o aviso
prévio em casa e que, após 30 dias, receberia as verbas rescisórias. Diz que
entre a notificação da dispensa e o recebimento das verbas rescisórias não mais
exerceu as suas funções. Assim, tratando-se de aviso prévio cumprido em casa,
e a teor da OJ 14 da SDI-1 do TST, sustenta que o pagamento das verbas
rescisórias deveria ter sido realizado até o décimo dia após a notificação da sua
dispensa em 06/01/2016, sendo que o acerto somente foi realizado em
04/02/2016.

O Juízo a quo adotou tese favorável ao reclamante e proferiu o seguinte


decisum, verbis:

Em face da revelia e confissão em que incorreu a ré, tem-se por verídica a tese
da inicial de que o reclamante foi, de fato, pré-avisado e afastado da empresa
em 06.01.2016.

Porém, a prova documental aponta que os haveres rescisórios do autor somente


foram pagos, através de deposito em conta bancária, no dia 04.02.2016 (vide
extrato contido no Id 3c12134), fora do decêndio legal, portanto.

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Destarte, defere-se o título de que cuida o item 'c.1' do rol da inicial.

Pois bem. Apesar de a reclamada ter incorrido em revelia e confissão quanto à


matéria fática, reitero que a confissão decorrente da revelia não torna
verdadeiras todas as alegações do reclamante. A presunção que se opera é
apenas juris tantum (relativa), e não afeta, em absoluto, a liberdade que tem o
magistrado na condução do processo, na valoração das provas e no seu livre
convencimento para, fundamentadamente, deferir ou indeferir os pleitos contidos
na peça de ingresso.

No caso, o autor junta aos autos eletrônicos a cópia da CTPS, que nas
anotações gerais mostra que o último dia efetivamente trabalhado foi o dia
05/02/2016 (Id. 329acce, pág. 3). No TRCT de Id. d6e315d também consta como
data de afastamento o dia 05/02/2017, dando a entender que o aviso prévio foi
trabalhado. Ainda, foi anexado pelo reclamante o documento de Id. 528c805,
relativo ao "aviso prévio do empregador para dispensa do empregado", donde se
observa que o aviso prévio de 30 dias seria trabalhado, podendo o trabalhador
optar pela redução da carga horária em duas horas diárias ou redução de 7 dias
corridos. O mencionado documento encontra-se assinado pelo reclamante e por
um representante da empresa, com data de 06 de janeiro de 2016.

A luz de tais premissas, considero que o aviso prévio de 30 dias concedido pela
empregadora foi efetivamente trabalhado, de modo que o acerto rescisório
depositado na conta bancária do reclamante em 04/02/2016 (Id. 3c12134)
encontra-se dentro do prazo de que trata o § 6º do art. 477 da CLT, a tornar
indevida a multa prevista no seu § 8º.

Ante o alinhado, dou provimento ao recurso ordinário, para excluir da


condenação o pagamento da multa do art, 477, § 8º, da CLT.

Compensação.

Caso persista a condenação em algum título, a reclamada requer "seja


determinada a compensação de todas as verbas pagas ao longo do pacto
laboral, bem assim os valores recebidos e discriminados no TRCT, os valores
recebidos e constantes do contracheque à título de diária e vale refeição, além
dos valores pertinentes aos adiantamentos de despesa com alimentação e
FGTS + 40%, nos termos do art. 767 da CLT, devendo ainda, serem observadas
eventuais faltas, atrasos, afastamentos, férias, entre outros praticados pelo
obreiro durante o referido pacto".

Não prospera a insurgência.

A reclamada, por não comparecer à audiência inicial, foi considerada como revel.
Assim, considerando que em tal momento seria apresentada a contestação e
que conforme a Súmula 48 do C. TST "A compensação só poderá ser argüida
com a contestação", não há que se falar em compensação a ser deferida no
atual estágio processual.

Nego provimento.

Prequestionamento

Por fim, registro que a fundamentação acima não viola quaisquer dispositivos
legais, inclusive aqueles mencionados nos recursos, sendo desnecessária a
menção expressa a cada um deles, a teor do disposto na Orientação
Jurisprudencial nº. 118 da SBDI-1 do C. TST.

CONCLUSÃO

Ante o exposto, preliminarmente, não conheço do apelo quanto ao


aviso prévio. No mérito, dou parcial provimento ao recurso ordinário, para julgar
improcedentes todos os pedidos relativos à jornada de trabalho e excluir da condenação o
pagamento de indenização por dano existencial e multa do art. 477, § 8º, da CLT.

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ACORDAM os Membros Integrantes da Quarta Turma do Tribunal


Regional do Trabalho da 6ª Região, preliminarmente, por maioria, rejeitar a prejudicial de
nulidade da citação, vencido o desembargador relator que a acolhia; por unanimidade, não
conhecer do apelo quanto ao aviso prévio. No mérito, por igual votação, dar parcial
provimento ao recurso ordinário, para julgar improcedentes todos os pedidos relativos à
jornada de trabalho e excluir da condenação o pagamento de indenização por dano existencial
e multa do art. 477, § 8º, da CLT.

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

Certifico que, em sessão ordinária hoje realizada, sob a presidência


do Exmº. Sr. Desembargador ANDRÉ GENN DE ASSUNÇÃO BARROS (Relator), com a
presença do Ministério Público do Trabalho da 6ª Região, representado pela Exmª. Srª.
Procuradora Maria Ângela Lobo Gomes, da Exmª. Srª. Desembargadora Nise Pedroso Lins de
Sousa e da Exmª. Srª. Juíza Convocada Ana Catarina Cisneiros Barbosa de Araújo, foi julgado
o processo em epígrafe nos termos do dispositivo supramencionado.

Em 24.08.2017 foi concedida prorrogação de vista dos autos ao


desembargador relator.

Em 06.09.2017, por maioria, rejeitar a prejudicial de nulidade da


citação e, no mérito, conceder prorrogação de vista dos autos ao desembargador relator para
prosseguir no exame das demais matérias recursais.

Acórdão pela desembargadora Nise Pedroso.

Certifico e dou fé.

Sala de Sessões, 16 de novembro de 2017.


Paulo César Martins Rabelo
Secretário da 4ª Turma

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