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ARTIGO

A gestão empresarial do “risco social” e a neutralização


da crítica

Henri Acselrad*
Raquel Giffoni Pinto**

A gestão empresarial do “risco social” e a neutralização da crítica

Resumo: O presente texto propõe-se a identificar os sentidos da noção de risco social tal como empregada por repre-
sentantes de grandes empresas no Brasil, a partir do início dos anos 2000, bem como das ações justificadas em nome
da necessidade de “gerir” tais riscos. O texto destaca o papel das agências multilaterais, mais especificamente do
Banco Mundial, na gênese da noção de “populações em situação de risco social” e na formulação de propostas de que
tal risco seja gerido através de políticas governamentais ditas “compensatórias”. Busca-se também entender a noção
específica de “risco social corporativo” e identificar as condições em que grandes empresas têm evocado tal noção
em sua retórica, a partir de uma análise mais detida das políticas de “gestão do risco social” adotadas por empresas
monocultoras de eucalipto no Brasil.

Palavras-chave: Risco social. Movimentos sociais. Monoculturas.

The entrepreneurship management of the “social risk” and the neutralization of criticism

Abstract: The text tries to identify the meanings currently given to the notion of “social risk” by representatives of big
corporations in Brazil since the beginnings of 2000, as well as the justifications given by them to the need of “manag-
ing” these events. The paper stress the role of multilateral agencies, specifically the World Bank, in the emergence
of the notion of “population in situation of social risk” and in the formulation of proposals that those risks should be
managed through governmental compensatory policies. The specific notion of “corporate social risk” is discussed in
particular in the context of “social risk management” policies adopted by the corporations dealing with eucalyptus
monoculture for pulp and paper production.

Keywords: Social risk. Social movements. Monocultures.

Recebido em 28.07.2009. Aprovado em 04.09.2009.

Revista PRAIAVERMELHA / Rio de Janeiro / v. 19 nº 2 / p. 51-64 / Jul-Dez 2009


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Correntemente, a linguagem empresarial refe- O Banco Mundial – nas origens da “gestão do


re-se ao risco como elemento inerente às mecâ- risco social”:
nicas do investimento capitalista. Esta linguagem
evoca, por certo, o risco diretamente econômico, A noção de risco social, juntamente com suas
associado ao vislumbre da eventualidade dos em- formas de “gerenciamento”, afirma-se no âmbito
preendedores não obterem o rendimento esperado das agências multilaterais a partir dos anos 2000.
do investimento. A partir de conjunturas mundiais Em 1998 todos os setores do Banco Mundial es-
recentes, porém, no período do chamado “segundo tiveram encarregados de desenvolver “Sector
Consenso de Washington”, quando os ideólogos Strategy Papers”, estudos que teriam como obje-
das reformas liberais dos anos 1980-90 assumiram tivo fazer um balanço das experiências passadas
a necessidade de compensar os efeitos sociais inde- e construir os objetivos estratégicos das futuras
sejáveis de tais medidas, representantes de interes- operações de cada setor. Foi num destes papers
ses empresariais começaram a evocar a noção de que o setor de proteção social (SP) desenvolveu a
“risco social”, adotando discursos e ações relativos noção de “gestão do risco social” (Holzmann,
à pretensão de administrar a indesejabilidade de Sherburne-Benz, Tesliuc , 2003). Este
tais eventos. O presente texto propõe-se a identi- novo quadro conceitual reformularia a noção de
ficar os sentidos da noção de risco social tal como proteção social, passando
empregada por representantes de grandes empresas
no Brasil, a partir do início dos anos 2000, bem “de uma definição segundo instrumentos (tais
como das ações justificadas em nome da necessi- como seguridade social) a uma definição por
dade de “gerir” tais riscos. objetivos (isto é, por seu auxílio na gestão
Inicialmente, destacaremos o papel das agên- do risco); do tradicional foco na pobreza
cias multilaterais, mais especificamente do Banco ex-post à redução da vulnerabilidade ex-
Mundial, na gênese da noção de “populações em ante; da visão da proteção social nos países
situação de risco social” e na formulação de pro- clientes como redes de segurança à sua con-
postas de que tal risco seja gerido através de polí- ceituação como trampolim1” (Holzmann,
ticas governamentais ditas “compensatórias”. No Sherburne-Benz, Tesliuc, 2003).
segundo momento, buscaremos entender a noção
específica de “risco social corporativo” e identi- Prosseguindo nesta linha, no relatório de 2000-
ficar as condições em que grandes empresas têm 2001, o Banco Mundial redefiniu a sua política
evocado tal noção em sua retórica. No terceiro mo- social em termos do alívio à pobreza extrema por
mento, procederemos a uma análise mais detida meio da melhor administração dos riscos, sejam
das políticas de “gestão do risco social” adotadas eles sociais, econômicos, políticos, ambientais.
por empresas monocultoras de eucalipto no Brasil. Além da forma monetária de pobreza, considerou-
A observação deste setor empresarial em particu- se a existência de uma pobreza “individualizada”
lar justifica-se não apenas pelo grande número de – referente a determinadas capacidades cuja ausên-
conflitos sociais e ambientais em que suas firmas cia exporia indivíduos a riscos. Nesse contexto, foi
estiveram envolvidas desde meados dos anos 1990, introduzida a noção de “gestão do risco social”. A
mas também pelo fato de neste setor encontrarmos idéia é que a “Gestão do Risco Social” (também co-
um número significativo de estudos empresariais nhecida por GRS) opere em duas frentes: a da pro-
sobre o perfil e a eficácia dos programas ditos de teção da subsistência básica do indivíduo, por um
gestão de “relações comunitárias”, de “monitora- lado, e a da promoção, por outro, da disposição do
mento de populações do entorno”, de “responsabi- mesmo a aceitar determinados riscos. A GRS, nos
lidade social empresarial”3 ou de “gestão do risco termos do Banco Mundial, visaria “empoderar” o
social”, destinados a promover a aproximação en- indivíduo que se encontra em situação de “pobreza
tre as empresas e as comunidades, como forma de crônica”, nele desenvolvendo, por um lado, a ca-
mitigar conflitos e, em conseqüência, evitar preju- pacidade de aliviar riscos previsíveis do funciona-
ízos que a organização da sociedade possa repre- mento do mercado de trabalho, estimulando-o, por
sentar para os negócios. outro lado, a adotar uma conduta dita “empreen-

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dedorista”, caracterizada pela disposição a aceitar No entanto, ainda que nos discursos do Banco
riscos (TRICARICO, 2007). A capacitação, através esteja presente a idéia de que a vulnerabilidade e a
da educação e da promoção do chamado “capital pobreza sejam processos socialmente produzidos,
social” seria fundamental, pois só desta forma ele o foco do combate ao risco social é colocado no
poderia sair de uma situação de desvantagem com- indivíduo – o “pobre” em particular, visto como
petitiva, obtendo acesso a melhores oportunidades desprovido da perspectiva “empreendedorista”. A
econômicas e culturais (TRICARICO, 2007; SUB- vulnerabilidade é entendida, assim, como inerente
BARAO). Trata-se aqui, por certo, da operação da a certos indivíduos, e não como um fenômeno emi-
metáfora indivíduo-empresa que, na linha do indi- nentemente relacional (ACSELRAD 2006). Pois
vidualismo possessivo (MACPHERSON, 1979), numa perspectiva relacional da “vulnerabilidade”,
constrói a noção de sujeito como “empresário de sob a denominação de “ausência de capacidades”
si mesmo”. evocada pelos técnicos do Banco Mundial, encon-
K. Subbarao, economista do departamento de traremos, ao contrário, a condição de destituição
Proteção Social do Banco Mundial, sustenta que de direitos que são devidos a essas populações e
os pobres estão mais expostos a riscos, que podem poderemos visualizar os mecanismos sociais e ins-
ser “naturais” – tais como terremotos, enchentes titucionais que concorrem para a vulnerabilização
e doenças – ou “artificiais” – como discriminação dos indivíduos, não nos satisfazendo, portanto, em
racial, cultural ou sexual, desemprego, aqueles mensurar os déficits em suas capacidades de auto-
referentes a danos ao meio ambiente e à guerra. defesa. Pois sendo a vulnerabilidade uma relação
Eles teriam, porém, menos instrumentos para lidar e não uma carência, ela não pode ser atacada efi-
com eles. É essa alta “vulnerabilidade” que torna- cazmente através da oferta compensatória de bens
los-ía avessos aos riscos e, portanto, “incapazes ou de supostas competências gerenciais, como
ou sem vontade” de se envolver em atividades de sugerem os programas das agências multilaterais.
maior risco e maior retorno, desabilitando-os nas Para interromper o processo de vulnerabilização
possibilidades de sair da pobreza crônica. A “po- de determinados grupos sociais, seria preciso, isto
breza” é vista, assim, como resultado da ausência sim, interromper os processos que concentram os
de ânimo empreendedor: as maiorias despossuí- riscos do projeto desenvolvimentista sobre os mais
das seriam compostas de indivíduos carentes dos desprotegidos. (ACSELRAD, 2006:2).
atributos lockeanos da capacidade de acumular Apesar de individualizar os déficits de “com-
riqueza. O dito “capital social”, por sua vez, ter- petência para não ser pobre”, por sua política de
mo pelo qual as agências multilaterais passaram a gestão do risco social o Banco Mundial objetiva
reconhecer e valorizar os atributos tradicionais do o gerenciamento e controle da “pobreza” enquan-
estabelecimento de redes sociais e interação co- to condição potencial para a emergência de uma
munitária entre populações ditas “pobres” – justa- ação coletiva – ou seja, trata-se de controlar os
mente aquilo que sempre valeu aos despossuídos riscos que as populações destituídas possam ofere-
a possibilidade de resistir às ameaças da moder- cer ao bom andamento dos negócios. Assim é que
nização perversa – é traduzido agora como mais em 1999, em uma reunião do BIRD com o Fundo
um “recurso”. Os próprios movimentos sociais Monetário Internacional, ao comentar a conjuntu-
são, nesta mesma perspectiva, reduzidos a “fator ra econômica brasileira, James Wolfensohn, então
produtivo” no projeto desenvolvimentista. Assim presidente do BIRD, assim afirmava a necessidade
é que num processo contínuo de apropriação da do Brasil não descuidar do “social”: “A agenda so-
crítica formulada por setores dominados da so- cial não é uma questão de opção, mas uma questão
ciedade e seus aliados, através do deslocamento de necessidade. É preciso estabelecer um conjunto
permanente de seu vocabulário e dos esforços re- de prioridades no tema da paz social. Lidar com a
novados de legitimação do desenvolvimentismo pobreza tem de ser a prioridade central.” Segundo
capitalista, os técnicos do Banco Mundial culmi- ele, para reduzir o índice de pobreza no Brasil se-
naram, por sua recente noção de “capital social”, ria preciso “equilibrar dois orçamentos: um finan-
na realização da operação discursiva de “capitali- ceiro e o outro, social”: “Se existir um orçamento
zar” a própria luta de classes. financeiro, mas as pessoas saírem às ruas para sa-

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quear, não se obtém a restauração da confiança e risco social a várias divisões da companhia, tais
tampouco qualquer grau de estabilidade a curto como: os investidores podem mobilizar “sharehol-
prazo. (...)“Não se trata de uma questão de ter alta ders” para mudar políticas da companhia; os clien-
consciência social. É preciso ser pragmático.”4 Se tes podem exigir mudanças na política ambiental
a “redução sustentável da pobreza é fundamental da companhia; funcionários podem questionar a
para a paz social”, segundo o economista Subba- terceirização de empregos no exterior e solicitar
rao5, a condição dos indivíduos em “risco social” uma cobertura de plano de saúde...  Os consulto-
deve ser “gerenciada” a fim de não colocar “em res atentam, assim, para o fato de que aquilo que
risco” a confiança dos investidores. Visa-se assim antes era visto como uma importante estratégia de
o “indivíduo pobre” para que ele não se transforme negócios, uma “boa decisão empresarial”, pode,
em ator social, a saber, no caso, um “saqueador” sob a ação crítica da sociedade, tornar-se uma fon-
em potencial, tal como apontado por Wolfensohn. te de riscos sociais. “A busca de trabalho barato
para fazer baixar os custos pode ser bom negócio
O risco social do ponto de vista corporativo com base no senso da vantagem competitiva. No
entanto, a decisão de empregar trabalhadores em
Os consultores empresariais norte americanos um país em desenvolvimento sem a adesão aos pa-
Kytle e Ruggie (2005) afirmam que as grandes drões trabalhistas internacionais poderia causar
corporações estão se defrontando com mudanças resultados indesejáveis, como críticas públicas a
na natureza dos riscos que habitualmente enfren- sua cadeia produtiva.” (KYTLE; RUGGIE, 2005).
tavam. A relação de interdependência típica de um Enquanto “empreendedores institucionais do risco
mundo globalizado teria, para esses autores, um social”, estes autores alertam para as possíveis re-
efeito duplo, pois ao mesmo tempo em que possi- percussões negativas das práticas de deslocaliza-
bilitou importante conquista de mercados e maior ção das empresas que colocam os trabalhadores
eficiência comercial, expôs as empresas a maiores de diferentes localidades e diferentes países em
riscos, tornando-as mais vulneráveis. Hoje, por- competição, aproveitando-se dos enormes ganhos
tanto, as grandes empresas estariam mais sujeitas de mobilidade dos capitais após a liberalização das
a pressões de ordem ambiental, social e trabalhista economias e dirigindo-se sistematicamente para
do que antes. A essas pressões da sociedade civil, as localidades menos reguladas, com menores sa-
os autores chamaram de risco social:“O risco so- lários e com menor vigências de direitos sociais.
cial” – dizem eles- “ocorre quando um stakehol- Tal preocupação é, com efeito, compatível com o
der empoderado leva adiante uma questão social que mostra a pesquisa empírica de Brofembrenner
e pressiona a corporação (explorando sua vulne- (2000) nos EUA, a saber, que após a liberalização
rabilidade através da reputação, da imagem cor- das economias, a maioria dos empregadores diz
porativa)” (KYTLE; RUGGIE, 2005). Para estes aos trabalhadores, direta ou indiretamente, que se
consultores, a probabilidade de um risco social ser eles pedirem demais, ou tentarem se organizar, fi-
difundido aumentou com a proliferação dos pode- zerem greve ou lutarem por seus direitos, fechará
res de ONGs e das novas formas de mídia. Estas suas empresas e sairá do estado, como outros o fi-
organizações, dizem eles, estariam em permanen- zeram antes. A ameaça de deslocalização torna-se,
te disputa por “financiamento e atenção”, e, como assim, um importante instrumento de luta anti-sin-
estratégia para causar impacto, estariam associan- dical. Constitui-se assim como parte de uma nova
do sua plataforma de protestos à crítica a grandes cultura do risco empresarial, associada como está
multinacionais. Os consultores apresentam, assim, à percepção de que o capitalismo neoliberalizado
o “negócio da crítica” como uma forma imperfeita não pressupõe mais contar tanto com o Estado na
e desviante de empreendedorismo, posto que obte- estabilização das relações sociais pelo atendimento
ria seu lucro específico por meio de atividades que corrente às demandas da “sociedade organizada”,
ameaçam a lucratividade dos negócios em geral. notadamente das classes populares. Caberia, dora-
Construindo uma espécie de “sismologia so- vante, aos próprios capitais – pela chantagem da
cial” das ameaças às empresas, Kytle e Ruggie sus- deslocalização e pelo controle do “risco social”,
tentam que a sociedade organizada pode transmitir prevenirem-se contra tais ameaças.

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Diversos manuais e artigos do campo empre- será realizado, “contabilizando todos os riscos
sarial elegem os programas de responsabilidade possíveis” deve ser parte essencial do processo
social comoinstrumento eficaz para enfrentar esta decisório, pois conhecer as variáveis que podem
“nova modalidade de risco”. Sustentam que à me- influenciar o retorno dos investimentos é funda-
dida que o risco social afeta a reputação e mesmo mental para “reduzir as surpresas, antecipar ou si-
as operações fabris e comerciais, os programas mular comportamentos defensivos ou agressivos”.
de responsabilidade social devem ser retirados Bezerra (2004:235), por exemplo, confirmou em-
da margem e elevados à condição de importância piricamente a adoção de estratégias desta ordem,
estratégica nas decisões corporativas. Para Kytle ao identificar como uma empresa de processamen-
e Ruggie (2005b), até o surgimento das questões to de resíduos no estado do Rio de Janeiro passou
relacionadas ao risco social, as empresas pode- a manejar os equipamentos de ventilação a partir
riam pensar a responsabilidade social como uma das queixas dos moradores das vizinhanças, diri-
simples forma de cumprir suas obrigações cívicas. gindo as emissões poluentes sucessivamente para
Entretanto, asseguram eles, o risco social não é outras áreas. Através de tais práticas, configurou-se
um acontecimento rotineiro, exigindo, por isso, o o que Bezerra chamou de um modelo ‘just in time’
desenvolvimento das novas técnicas ditas de “res- de resolução de conflitos, fundado num ‘monito-
ponsabilidade social”: ramento contínuo de demandas’. Buscou-se, pois,
através dele, alcançar um “estoque zero” de pro-
“Enquanto os riscos tecnológicos, econômi- testos, tendo por base a colaboração involuntária
cos e políticos forem o principal suporte da e gratuita, dos moradores, de modo a evitar custos
gestão empresarial de riscos, o risco social suplementares de controle ambiental e prevenir
não deverá ser tratado com igual importân- multas eventuais.
cia na agenda de riscos. O risco social é ini- Podemos perceber que o objetivo das empresas
cialmente isolado num departamento; mas à de consultoria que se têm especializado no estudo
medida em que a atenção da sociedade e da do “risco social” é o de convencer a sua clientela
mídia cresçam, ele deve espalhar-se através que este tipo de risco apresenta-se como a próxima
da companhia de modo a afetar o coração grande questão estratégica para as corporações e
mesmo das operações e funções de negó- que, assemelhando-se a outros riscos de mercado,
cios.” (KYTLE; RUGGIE, 2005) deverá ser tratado com igual importância. Este tra-
balho de convencimento parece, na ótica empresa-
Os consultores sugerem que na tarefa de geren- rial, se justificar, pois supõe que a “gestão do risco
ciar os riscos sociais, os programas de responsabi- social” ainda é tratada, para boa parte do empre-
lidade social empresarial (RSE) deveriam oferecer, sariado, como algo externo aos negócios. A esse
através do contato com as comunidades do entor- respeito, é ilustrativa a frase do presidente da Ara-
no, “informações, conscientização e insights sobre cruz, referindo-se ao tempo dedicado à resolução
quais são os riscos sociais, e ao mesmo tempo, um dos conflitos com indígenas no norte do Espírito
meio eficaz para responder a eles.” Defendem que Santo: “Tenho inveja dos executivos que podem de-
programas sociais protagonizados pelas empresas, dicar todo seu tempo aos negócios”6.
sejam eles de geração de renda, educação ou saúde, Conscientes de que a maioria das empresas não
ao proporcionarem melhores condições sociais às possuem o que chamam de business intelligence
comunidades, diminuiriam a probabilidade de sur- para a previsão dos riscos e que são inexperientes
girem riscos para as empresas. Seria fundamental no controle da sociedade civil, as empresas de con-
para a sobrevivência das empresas a antecipação sultoria em causa pretendem mostrar que os im-
dos “riscos sociais”, através da criação de sistemas pactos de um risco social (citam-se principalmente
de gestão que incluam “conexão com as comuni- protestos, intervenção política e boicotes) podem
dades, partilha de informação e integração da RSE arruinar uma empresa porque afetam diretamente
com os suas operações comerciais”. Segundo es- suas operações produtivas e comerciais. A empresa
trategistas empresariais como Braga et al (2007), que ignora uma crítica social, afirma a vice presi-
a análise do contexto em que o empreendimento dente da Booz Allen7, incorre em um perigo real,

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pois não mede a gravidade das conseqüências que minar de Riscos; 4. Análise de Modos de Falhas e
esta crítica pode trazer. O “clima” integra a metáfo- Efeitos 5. Estudo de Perigos e Operabilidade.” Esta
ra utilizada por ela para ressaltar a importância de definição bem poderia se aplicar a qualquer espé-
se antecipar aos riscos sociais: cie de risco ao empreendimento, inclusive o dito
“social”. Outras empresas de consultoria de riscos
“O mau tempo requer, tipicamente, uma pro- já falam da importância de programas de responsa-
teção moderada e padrão. Poucos e simples bilidade social e mencionam estratégias para lidar
elementos como um guarda-chuva e uma com as “comunidades do entorno”. Uma empre-
capa são apropriados em geral para um cli- sa de consultoria defende, em consonância com a
ma inclemente; mas e se você for atingido perspectiva dos consultores norte-americanos, que
por um tornado, um ciclone ou um furacão? os programas de responsabilidade social das em-
A maior parte das empresas não vai sofrer presas podem servir como gerenciadores de risco:
mais do que um temporal ou uma nevasca, “O envolvimento com as comunidades constitui
mas se alguma delas for atingida por um oportunidades ideais para gerar pressão positiva e
risco social significativo, isto poderá lhe ser aprimorar os gastos e o apoio ao cliente. A respon-
mortal. Identificar se sua empresa se loca- sabilidade social pode torná-lo mais competitivo e
liza numa planície inundável ou numa zona reduz o risco de danos imprevistos à sua reputa-
de furacões é difícil de se fazer; mas as pes- ção (e vendas). Investidores reconhecem o mesmo
quisas sugeririam que o tamanho, o tipo de e ficam mais dispostos a financiá-lo.”9 Afirma-se
indústria (se poluente) e visibilidade (bens ainda que o bom relacionamento com autoridades
de consumo) são bons indicadores” . locais, por exemplo, poderia facilitar a negociação
Esta climatologia dos negócios mostra-se, da aprovação de novos empreendimentos. Outra
portanto, bem mais relevante para estes se- empresa de consultoria associa, por exemplo, o
tores do empresariado do que a preocupa- trabalho voltado à questão do gerenciamento dos
ção com as mudanças climáticas entendidas riscos sociais a “Mapeamento de Stakeholders, Ca-
correntemente como risco atmosférico. nais de Diálogo com Stakeholders, Relatórios de
Sustentabilidade e Certificações”.10
Empresas nacionais de análise e gerenciamento Um esforço de construção de uma metodolo-
de risco gia mais sistemática deste instrumento pode ser
encontrado no chamado setor “florestal”, como
No Brasil não é muito comum encontrarmos o exemplifica o caso de uma experiência com as
estudos ou empresas de consultoria que utilizem comunidades localizadas no entorno das fazendas
esta noção de risco social. São mais freqüentes os monocultoras de árvores na região norte de Minas
serviços de análise e gerenciamento de risco finan- Gerais. A prática dita de “monitoramento social”
ceiro e ambiental. Mas na apresentação da meto- tem ali como objetivo conhecer “a realidade lo-
dologia de trabalho destas empresas observamos cal através de uma metodologia participativa” –
descrições amplas e um tanto vagas dos serviços de estimular e apoiar os membros dos grupos so-
de análise e gerenciamento de riscos, a saber: “são ciais para que possam investigar, analisar e avaliar
compilados os dados relativos às características do obstáculos e chances de desenvolvimento local.
empreendimento, contemplando aspectos constru- Segundo Lobo (2007), essa metodologia seria ino-
tivos e operacionais, além das peculiaridades da vadora porque anteriormente os empreendimentos
região onde este se encontra ou será instalado este atuavam sem o conhecimento da realidade social e
empreendimento. Objetivo: Identificar possíveis ambiental local, além da total falta de diálogo com
eventos indesejáveis que podem levar à materiali- os movimentos sociais. A utilização desta técnica
zação de um perigo, através da definição de hipóte- de monitoramento social das comunidades do en-
ses acidentais que poderão acarretar conseqüências torno da região norte de Minas Gerais teria asse-
significativas. Para isso são utilizadas as seguintes gurado, segundo seus promotores, a confiança das
metodologias: 1. Lista de Verificação (Checklist); comunidades com relação às empresas e diminuído
2. Análise “E se...” (“What If...”); 3. Análise Preli- os conflitos históricos na região.

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Uma fundação sem fins lucrativos que trabalha o risco de instigar sentimentos de alienação e de
com membros da comunidade científica, entidades suspeita nesse público, mesmo se estas políticas
de fomento internacionais e empresas nacionais, forem bem intencionadas. No entanto, as empresas
criada em 1992 com o objetivo de implementar não podem se arriscar a instigar esses sentimentos
os tratados aprovados na ECO 9211, caracteriza o pois essas comunidades são vitais para a manu-
risco social como “intangível”. Intangível porque, tenção de seu sucesso comercial.”13 Vemos, assim,
na maioria das vezes, não sendo diretamente eco- que o consentimento das populações afetadas pelos
nômico e financeiro, afetaria o valor de mercado empreendimentos integra a cadeia produtiva da lu-
da empresa. Entre os exemplos oferecidos de tais cratividade. “Parceria e envolvimento”, prevenção
riscos encontramos citados o relacionamento com “da alienação e da suspeita” são os passos da trans-
comunidades do entorno e ONGs; a gestão am- formação do capital econômico em capital políti-
biental falha que possa levar a acidentes, afetando co, fundamental à reprodução do capital tout court
a reputação da empresa (como no caso do vaza- (Guilhot, 2004).
mento de óleo na Baía de Guanabara); medidas de
legislação ambiental que aumentem as exigências Os riscos sociais e o setor de monocultura de
e diminuam a rentabilidade empresarial; tratamen- árvores
to inadequado da mão-de-obra e/ou fornecedores
que afetam lucratividade e reputação. O desafio O setor dito “florestal”, notadamente monocul-
para lidar com tais riscos, segundo seus formula- tor de eucalipto e pinus, esteve envolvido, desde
dores, seria a elaboração de medidas e indicadores o final da ditadura, em diversos conflitos com as
quantitativos que possam servir como detectores populações tradicionais e trabalhadores rurais. O
de riscos (LINS, 2005). Metodologias de detalha- crescimento e a visibilidade destes conflitos moti-
mento das características do meio ambiente e da varam a disposição a se fazer frente as críticas dos
sociedade na região de grandes empreendimentos movimentos sociais. Esta preocupação se traduziu
industriais, minerais, projetos agrícolas ou “flo- em diversas iniciativas – ora de peças publicitárias,
restais” são vistas como “um diferencial compe- ora de materiais incorporando discurso científico –
titivo para as empresas”, oferecendo “ segurança anunciando “o impacto positivo do eucalipto” so-
institucional, proporcionando soluções em tempo bre o meio ambiente e a oferta de empregos diretos
real para as mais diferentes demandas empresa- e indiretos gerados pelo setor, propondo-se a gerir
riais e governamentais”.12 o risco social, monitorar comunidades do entorno
Uma organização voltada para a discussão de etc. A necessidade de tais estudos e ações é justi-
programas de responsabilidade social e ambiental ficada por Braga et al (2007) como parte da tarefa
(RSE) – o Conselho Empresarial Brasileiro para de decidir por investimentos de longa maturação
o Desenvolvimento Sustentável (CEBEDS) – re- nos chamados “cenários turbulentos”, caracteriza-
comenda que se façam questionários para fins de dos por demandas e críticas em proveniência das
avaliação preliminar do contexto social e dos im- comunidades locais.
pactos potenciais da operação das empresas. Este Os estudos acadêmicos da área de administra-
Conselho também acredita que os programas de ção e engenharia florestal a respeito dos riscos de
RSE são fundamentais à busca por contextos so- conflitos sociais e da responsabilidade social no
ciais estáveis e previsíveis – analogamente ao que monocultivo de árvores resultam em construção
os consultores norte-americanos acima citados discursiva de justificativas e normas. Gomes et
chamam de gestão risco social. Eles defendem que al (2006), por exemplo, enfatizam a importância
a RSE deve ser entendida como qualquer outro de se minimizar riscos potenciais para agregar ou
plano de investimento, em que se busca um retor- manter o valor das empresas através do estabeleci-
no positivo ou redução de riscos: “Se as empresas mento de relações “positivas” com a comunidade
internacionais estabelecerem políticas a partir de local. Desta maneira, transformar-se-íam riscos em
suas matrizes (à longa distância) sem promover ativos, contribuindo para o que chamam de acumu-
parcerias e o envolvimento das comunidades com lação de capital social, necessária “para garantir a
as quais fazem seus negócios, estarão correndo licença para operar”. O que os agentes do mundo

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corporativo vêm chamando de licença para operar “licenciamento social” não integraria, pois, uma
não se refere apenas à licença dos órgãos públicos, suposta dinâmica de democratização dos processos
mas fundamentalmente à “licença social”, ao apoio de decisão relativos aos projetos da monocultura,
da sociedade local ao empreendimento, ao ambien- mas, sim, a formalização das vias materiais de ob-
te estável à sua realização. Para tanto, as empresas tenção do consentimento pelo investimento de par-
não deveriam, segundo estes autores, medir esfor- tes (mais ou menos “residuais”) dos rendimentos
ços através da contratação de pessoal especializa- das empresas na construção “da auto-estima” das
do, investimentos financeiros em programas co- populações afetadas.
munitários etc. (MONAGHAN et al., 2003 apud A respeito dos conflitos ligados ao exercício
GOMES et al., 2006). Tais ações deveriam ser do “facho” – nome local atribuído à coleta de resí-
concebidas a partir da natureza das críticas dire- duos da madeira – até 2004, uma grande empresa
cionadas à empresa. Os autores concluem, porém, permitia que carvoeiros da região norte do Espí-
que os programas de fomento florestal e os proje- rito Santo coletassem estes restos do eucalipto.
tos de geração de renda estariam contribuindo para Entretanto, em seu relatório, a empresa afirma ter
“agregar valor para as empresas e para sociedade” decidido suspender as “doações de resíduos” de-
(GOMES et al., 2006), sem dar conta dos conflitos vido a problemas de ordem tributária e trabalhis-
sociais traduzidos em riscos para as empresas. ta (carvoeiros da região utilizavam mão-de-obra
A pesquisa de Lôbo (2007) sobre monitoramen- infantil, por exemplo) que sujeitavam a empresa
to social nas empresas “florestais” localizadas no a ações judiciais por co-responsabilidade (com o
norte do estado de Minas Gerais sugere que, diante pagamento de indenizações trabalhistas).15 Poste-
da situação de conflito social, seria importante a riormente, a empresa passou a permitir apenas a
realização de atividades que “estimulem a auto- retirada dos resíduos por intermédio da APAL-CB
estima nas pessoas pertencentes às comunidades (Associação Produtores e Lenhadores de Concei-
do entorno”. Tais iniciativas assegura, seriam efi- ção da Barra), entidade cuja fundação foi estimu-
cazes na quebra das resistências à aproximação lada pela empresa. Esta associação é composta,
entre comunidades e empresas, possibilitando uma em sua maioria, por membros de comunidades
atitude mais solícita por parte das primeiras. Lôbo quilombolas da região. Todavia, institucional-
sistematiza o que seria um cenário caótico para as mente, ela não evidencia qualquer vínculo com a
empresas plantadoras de eucalipto, elencando os identidade quilombola, segundo critérios estabe-
fatores de riscos para elas. O favorecimento ou o lecidos da própria empresa.
estímulo à retirada de resíduos das florestas plan- A aproximação com comunidades quilombo-
tadas trariam o risco de atitudes radicais, como o las, no entanto, consta dos planos da empresa.
corte de madeira e incêndios14. A imagem das em- A fala de uma líder da comunidade quilombola
presas de celulose poderia também ser atingida de Helvécia, BA, transcrita a seguir exemplifica
pelo fato de que muitas carvoarias – destino destes essa estratégia de aproximação da empresa com
resíduos – estão envolvidas com trabalho infantil. tais comunidades:
A baixa taxa de emprego nos plantios de eucalip-
to pode ocasionar o risco de ocupação de terras “Eu fui em Brasília; a minha denúncia foi
por parte dos movimentos sociais. O acionamento a questão que nós, hoje, estamos asfixia-
de aparato policial contra a retirada e queima de dos pela monocultura de eucalipto. Então,
madeira clandestina e contra a ocupação de áreas depois disso, uns quinze dias depois, eu sei
da empresa pode gerar o risco de reação violentas que vieram umas pessoas fazer entrevista
contra o patrimônio das empresas. O clima de per- porque que a comunidade estava insatisfei-
manente tensão com as comunidades e movimen- ta, o que que as empresas poderiam fazer; a
tos sociais pode prejudicar os processos de licen- gente não sabia de onde eram essas pesso-
ciamento e de certificação. Como solução, o autor as, falavam que eram de ONGs. Recebíamos
sugere às empresas o controle destes riscos pelo telefonemas e tudo. E aí, passados mais ou
estabelecimento de compromissos morais na rela- menos quatro ou cinco meses após nossa ida
ção de troca “dar-receber-retribuir”. O chamado à Brasília, aí começou a empresa se identi-

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A gestão empresarial do “risco social” e a neutralização da crítica 59

ficando, mandando pessoas entrevistar líde- às autoridades, receptividade junto ao público”.


res da comunidade, pessoas da Associação, Com efeito, pressões sobre o financiamento ocor-
escola, instituições, de modo geral.” (Ma- reram. Em novembro de 2004, o Banco Mundial,
lerba, Schottz, 2006). por meio da Corporação Financeira Internacional
(IFC), havia emprestado 50 milhões de dólares a
Hoje esta comunidade tem “parcerias” com a esta grande empresa. Pressionado pela Rede Alerta
empresa de celulose, que, por exemplo, colaborou Contra o Deserto Verde e pela Rede Brasil sobre
para a montagem de um laboratório de informática, Instituições Financeiras Multilaterais, o IFC infor-
a reforma da escola e o projeto de uma unidade de mou, em abril de 2005, que a empresa realizara o
produção de mudas. É interessante notar que esta pagamento antecipado de sua dívida e, com isso, o
comunidade ainda não teve suas terras demarcadas Banco encerrara a relação com o cliente, perdendo
como quilombolas, e muitas dessas áreas estão co- a responsabilidade e capacidade de influenciar na
bertas por eucalipto. A comunidade, por sua vez, obtenção de respostas às denúncias.16 O Bank Tra-
interrompeu, desde 2006, a mobilização para exi- ck, aliança de organizações não-governamentais
gir suas terras. Segundo um membro da associação que atua contra o financiamento bancário às em-
de moradores de Helvécia, “recuamos na questão presas e projetos que estejam causando danos so-
da territorialidade e estamos trabalhando mais a ciais e ambientais, citou em seu relatório de 2008
questão cultural.” (...) acho que vai dar problema que esta empresa possui um “histórico controver-
quando formos discutir a questão da territoriali- so” em conflitos com comunidades indígenas, qui-
dade. Como a presidente da comunidade tem muito lombolas e fazendeiros locais, acusando-a de ter se
contato com a empresa, então para Helvécia eles envolvido em “agressivas campanhas contra povos
ainda liberam para pegar o facho.” (Entrevista re- indígenas”.17 Neste contexto, programas de rela-
alizada no dia 05/03/2009 em Helvécia, BA.) ções comunitárias haviam começado a se ampliar
Igualmente inquietantes para a empresa são os no final da década de 1990 e no início dos anos
conflitos envolvendo a apropriação de terras indí- 2000: visitas à empresa, oficinas para menores “em
genas e as denúncias de devastação da Mata Atlân- situação de risco social”, contratação de ONGs
tica. No ambiente hostil que as críticas às mono- para propor projetos de geração de renda e etc.
culturas geraram, a empresa contratou lobistas Além de tentar obter o consentimento das po-
especializados em meio ambiente e firmas de ben- pulações do entorno das monoculturas, de modo
chmarking, desenvolvendo projetos locais de RSE a prevenir os riscos oferecidos pelos movimentos
e aperfeiçoando sua política de comunicação para sociais ao empreendimento, as empresas recorrem
granjear apoio local (VINHA,1999). Consultorias igualmente, com este mesmo fim, a estratégias
contratadas para analisar a imagem da empresa ele- locacionais, ou seja, as empresas mudam os pla-
geram algumas questões prioritárias: a solução da nos de localização de seus plantios ou ameaçam
questão indígena, o processo de certificação pelo mudá-los como forma de constranger seus críticos,
Forest Stewardship Council (FSC), a realização de responsabilizando-os pela possível perda localiza-
estudos sobre impactos econômicos regionais de da de empregos e de receita pública. Três exemplos
suas atividades e sobre o impacto dos plantios de podem ilustrar as estratégias locacionais de miti-
eucalipto na biodiversidade, assim como a melho- gação de riscos: 68 mil hectares de terras foram
ria na qualidade do relacionamento com as comu- comprados no extremo sul da Bahia, já em 1989,
nidades quilombolas. devido a restrições legais adotadas pelo governo do
A falta de divulgação das atividades “social- estado do Espírito Santo às grandes extensões de
mente responsáveis” e das atitudes ditas “sus- cultivos de eucalipto18; pela mesma razão, tentou-
tentáveis” é apontada por consultores como um se formar uma base de plantios no norte e noroeste
problema do setor de celulose e papel. Sugere-se, do estado do Rio de Janeiro; por fim, procedeu-se
assim, que uma estratégia de ampla divulgação das à escolha de Guaíba, no Rio Grande do Sul para
ações sócio-ambientais da empresa tente melho- sediar uma grande fábrica de celulose, em razão do
rar a sua reputação, gerando maior “receptividade acirramento dos conflitos no Espírito Santo. Nas
dos órgãos de fi¬nanciamento, trânsito em meio palavras de um responsável da empresa à impren-

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60 Henri Acselrad e Raquel Giffoni Pinto

sa, “o estado (do Espírito Santo) ainda não está pela empresa não são observados, a empresa de-
descartado para sediar futuros projetos da empre- siste daquela localização do empreendimento. “Se
sa. Entretanto, hoje ele não é considerado pela existe chance visível de problemas, o projeto não é
empresa como território prioritário para novos realizado”, disse um dos entrevistados, exempli-
investimentos. Os conflitos com os indígenas que ficando com a recusa de instalação em terras com
reivindicam posse de terras; o trabalho contra a áreas desmatadas após o período estabelecido por
empresa junto a grandes clientes no exterior por lei ou situadas dentro de áreas de proteção ambien-
parte de grupos defensores dos índios; as tenta- tal e a menos de cinco quilômetros de comunida-
tivas da Assembléia Legislativa de impedir novos des indígenas. (BRAGA et al, 2007). A despeito de
plantios de eucalipto; e as comissões de inquérito tal pretensão, esta empresa enfrenta concretamen-
instaladas contra a Aracruz, acionaram o sinal de te conflitos com ambientalistas, grupos Pataxós
alerta para os diretores e acionistas da empresa. e movimentos de luta por terra. Ante as críticas,
(...) “Tudo isso leva não a sair do Espírito San- denúncias e ocupações, a empresa buscou contato
to, mas a buscar outras opções. Não se pode co- com a aldeia Pataxó de Coroa Vermelha, localizada
locar todos os ovos em uma única cesta19. Assim, em Porto Seguro, oferecendo financiamento para a
observa-se a influência dos conflitos nas decisões realização de festas tradicionais, viagens de caci-
corporativas da empresa e constata-se que a diver- ques, medicamentos etc. Por outro lado, a empresa,
sificação das áreas de plantio é parte da estratégia que já teve fazendas suas invadidas pelo MST23,
locacional de minimização dos riscos. diz ter oferecido aos Sem-Terra a possibilidade de
No episódio da destruição de um viveiro de mu- comprar a produção de seus assentamentos para
das de uma grande empresa no Rio Grande do Sul, a alimentação dos operários. De acordo com seu
em março de 2006, por mulheres da Via Campe- diretor-presidente, a intenção da empresa é cons-
sina, evocou-se a noção de “risco social” operada truir “uma agenda positiva com o movimento”. “Ai
pela e empresa, associada ao prejuízo de milhões veio a orientação do MST nacional de não acei-
de dólares, segundo as fontes empresariais. Ante as tar a proposta”, diz ele. “Temos tentado contato
notícias de que, após este episódio, a empresa iria com o MST por meio da Igreja, organizações não-
desistir de seu projeto no estado, seu diretor ope- governamentais, entidades civis, mas não temos
racional procurou atenuar a importância do evento: nenhuma resposta.” “Eu sou um mercado para o
“Esse ato de barbárie é alienígena ao ambiente do MST e posso garantir a compra de produtos”.24
Rio Grande do Sul. Está claro para nós que não Tais exemplos sugerem que a estratégia de saída
expressa, nem de longe, o que pensa a sociedade e desistência não é tão aplicada quanto evocada
como um todo. Vamos manter nossos estudos no verbalmente, podendo fazer parte do que se tem
Estado”.20 Segundo reportagem da imprensa local, chamado de “chantagem locacional” dos empre-
uma empresa de consultoria havia sido contratada endimentos, pela ameaça de não gerar localmente
parar analisar o “risco social” incorrido em caso empregos e receitas públicas. A este propósito, a
de implantação de uma nova unidade no entorno mesma empresa encomendou estudo técnicos so-
de Porto Alegre.21 A este respeito, consultores tam- bre a quantidade de emprego e de renda gerados
bém se manifestaram afirmando que “as invasões por suas atividades. Busca-se assim responder com
de terra são para o setor agrário o que o roubo de estatísticas às críticas de que as indústrias de celu-
cargas representa para o segmento do transporte. lose geram poucos empregos. Segundo o presiden-
Se atingir um ponto de descontrole por parte do te da empresa, uma das razões para a contratação
governo, torna-se também um risco político.”22 do estudo foi a de obter dados a serem contrapostos
Braga, Bruni e Monteiro (2007) analisaram o aos movimentos sociais contrários às fábricas de
caso de uma grande empresa instalada no extremo celulose pois, segundo ele, “existem organizações
sul da Bahia, cujos representantes alegam que as não-governamentais, movidas por ideologia, e ou-
variáveis risco social e ambiental são muitas vezes tros grupos sem argumentos técnicos que se opõem
“eliminadas na origem” através de estratégias de ao nosso tipo de empreendimento.”25
localização: quando os requisitos prévios de elimi- O crescimento de conflitos fundiários e am-
nação de risco ambiental ou social estabelecidos bientais envolvendo as práticas da monocultura de

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A gestão empresarial do “risco social” e a neutralização da crítica 61

árvores no país tem por certo motivado a constru- pode fornecer. Na pretensão de gerenciar os riscos
ção de uma “questão empresarial do risco social”. sociais, os programas de responsabilidade social
Mas tal preocupação não é exclusiva deste setor empresarial (RSE) procuram oferecer, através da
produtivo, compreendendo um conjunto maior de observação das comunidades do entorno, “infor-
firmas que têm no território e seus recursos a base mações, conscientização e insights sobre quais
do rendimento de seus investimentos. Assim é que são os riscos sociais, e ao mesmo tempo, um meio
representantes de grandes empresas de energia, mi- eficaz para responder a eles.”
neração, alumínio e celulose reuniram-se, segundo A organização da sociedade parece desempe-
fontes da grande imprensa, em janeiro de 2006, nhar um papel chave nas atuais estratégias empre-
tendo por objetivo, nos termos de um dos partici- sariais acionadas para lidar com o chamado “risco
pantes, que cada empresa relatasse “os problemas social”. As empresas procuram, assim, em certos
sociais e ambientais que enfrenta e a forma encon- casos, fomentar a organização das comunidades,
trada para resolvê-los”26 mas sob suas perspectivas e segundo seus critérios.
Alguns programas de relações comunitárias de em-
Considerações Finais presas propõem-se a formar associações profissio-
nais ou culturais. Este foi o caso da empresa do
A categoria risco social é evocada por repre- setor de celulose que incentivou a organização dos
sentantes empresariais em acordo com os interes- moradores que fazem carvão com o fim de, com
ses situacionais da empresa. É possível distinguir, eles, estabelecer acordos, tendo, porém, como cri-
nas fontes consultadas, duas formas de apropria- tério para estes acordos, a não identificação do gru-
ção desta categoria: um risco social relacionado po como quilombola. Em casos de organizações já
à pobreza e um risco social associado ao conflito. existentes, ocorreu abrir-se mão de disputar terri-
Ao tratar de projetos voltados à comunidade, a no- tórios com a empresa para dela receber recursos e
ção mais utilizada é a de risco social relacionado apoio a projetos.
à pobreza (como em projetos que têm por “meta Para Boltanski e Chiappelo (1999), o capitalis-
inserir na sociedade jovens em situação de risco mo se reproduz reformando-se através do tempo
social”). Quando se trata do risco social de confli- num jogo entre formas de organização da socieda-
to, as empresas mobilizam a noção buscando obter de e um “espírito capitalista”. Ele aloca as pesso-
segurança para o empreendimento através do con- as em lugares sociais de valor desigual no espaço
sentimento da população, com o uso de programas social e configura critérios de justificação que le-
de relações comunitárias e de geração de renda. gitimam tais processos de seleção. O espírito do
Em ambos os casos, trata-se de considerar “as capitalismo constitui, pois, o conjunto de crenças
comunidades como vitais para a manutenção do associado à ordem capitalista, que contribui para
sucesso comercial das empresas”. Seja neutrali- justificar e legitimar seus modos de operação. As
zando os conflitos já expressos, seja prevenindo- justificativas oferecidas para as ações empresarais
os antecipadamente pela contenção da “pobreza”, transformam a força em legitimidade, reduzindo
está em pauta o risco que a sociedade oferece ao a necessidade do recurso à força e a seus efeitos
sucesso dos negócios. O “social” do risco em ques- destrutivos. Em determindas conjunturas, certos
tão designa tanto a sociedade desorganizada – “co- atores exercem a crítica a esta distibuição desigual
munidades” desprotegidas, excluídas dos direitos de posições. Esta crítica consiste na denúncia da
básicos à saúde e educação, com níveis de renda distância observada entre um estado de coisas real
insuficientes e inseridos em formas precárias de e um estado de coisas desejável. A crítica põe, as-
trabalho – como a sociedade organizada em movi- sim, em questão a ordem existente, assim como os
mentos sociais, sindicatos ou grupos étnicos. critérios que justificam a distribuição desigual da
Os consultores aconselham que a gestão “grandeza relativa” das pessoas. Esta crítica pode
do risco social se inicie pela identificação dos ser corretiva, contestando o irrespeito aos critérios
stakeholders mais empoderados, bem como das de justificação das desigualdades, ou radical, pro-
suas principais questões, com o objetivo de esco- pondo a supressão e substituição dos critérios insti-
lher as respostas mais adequadas que a empresa tuídos a partir de outras lógicas. A prática da crítica

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62 Henri Acselrad e Raquel Giffoni Pinto

produz, ao mesmo tempo, narrativas unificadoras conseqüentemente, o valor dos ativos intangíveis
dos atores e denúncias eficazes tanto dos critérios da organização”. Desta maneira, “o estabeleci-
da distribuição desigual do capitalismo como das mento de relações positivas com a comunidade lo-
justificações constitutivas do espírito do capitalis- cal” é considerado pelas empresas “como um ativo
mo, sejam elas relativas à repartição do valor agre- na forma de acumulação de capital social” e é este
gado, às posições hierárquicas, às condições de capital que vai garantir a esperada “licença para
mobilidade sócio-profissional ou às consequência operar” (GOMES et al 2006). A acumulação pri-
sociais e ambientais das práticas produtivas, seus mitiva do capital, processo pelo qual o capitalismo
padrões técnicos e locacionais. Criticado, o capi- foi gerado, afirmando-se historicamente, baseou-se
talismo precisa, em alguma medida, oferecer algo numa reorganização das relações de produção, na
do que promete e tentar reconstituir a implicação separação dos camponeses de seus meios de pro-
positiva e o consentimento dos trabalhadores. Isto dução e em sua constituição como mão-de-obra
ele o faz, ajustando o espírito do capitalismo e, por assalariável nas cidades. A presente metáfora da
vezes, o próprio processo de acumulação, tensio- acumulação do “capital social” sugere a mesma
nando os critérios de alocação de sujeitos em posi- apoiar-se, analogamente, embora no plano das
ções sociais e suas justificações. A isto Boltanski e subjetividades coletivas, na separação entre as co-
Chiapello chamam de “deslocamentos” – mudan- munidades locais e sua força crítica. A antecipação
ças organizativas ou de critérios de alocação so- e a neutralização desta força por estudos de “risco
cial, efetuadas em termos de força ou legitimidade, social” dos atores sociais mobilizados estão cons-
pelas quais o capitalismo assegura continuidade tituindo um dos mecanismos de acumulação deste
a seus mecanismos de obtenção de lucros – algo capital – “social” – em benefício das empresas.
como as mudanças nos modos de regulação, nos
termos da Escola da Regulação. Os deslocamen- Referêncais bibliográficas
tos são, pois, procedimentos de mudança do lugar/
condição social de enfrentamento crítico, que per- Acselrad, H. Vulnerabilidade ambiental, pro-
mitem evitar perdas de superioridade relativa dos cessos e relações. Comunicação ao II Encontro
atores dominantes e atribuir-lhes forças derivadas Nacional de Produtores e Usuários de Informações
de novas circunstâncias. Para Boltanski e Chia- Sociais, Econômicas e Territoriais, FIBGE, Rio de
pello, tais deslocamentos não são nem inteiramen- Janeiro, 24/8/2006
te planejados por atores conscientes, nem fruto de
um processo inconsciente sem sujeito, mas obra Bezerra, G. A ´Poluência` de Magé. In H. Ac-
de elaboração coletiva das críticas por think tanks, selrad (org.) Conflito social e meio ambiente no
consultores, especialistas em gestão, jornalistas Rio de Janeiro, Relume Dumará, 2004, 227-238.
etc. O acúmulo e a força das críticas podem levar Boltanski, , L; Chiapello, E. El nuevo espirito del
a deslocamentos que consistem na busca de novos capitalismo. Akal, 2002.
mecanismos concretos de seleção e de sua justifi-
cação – mais robustos, estáveis e formalizados. Os Boltanski, Chiappelo. Le novel esprit du
deslocamentos procuram contribuir, assim, para capitalisme. Paris, Gallimard.
esvaziar as críticas, desarticular as formas institu-
ídas de alocação dos sujeitos em posições sociais Braga, R; Bruni, A. L; Monteiro, A. Es-
relativas, bem como criar novos tipos de critérios tratégia e Decisões de Investimento em Condições
de seleção e alocação. Efetuados os deslocamentos, de Risco: um Estudo na Veracel Celulose S/A. In:
as críticas anteriormente existentes não se aplicam Anais do XX Congresso Latino Americano de Es-
aos novos critérios. tratégia. SLADE, 2007, Barranquilla, Colômbia.
A gestão empresarial do risco social integra, por
certo, os deslocamentos contemporâneos dos capi- Bronfembrenner, K. Uneasy Terrain: the
tais ante seus críticos. A literatura gerencial corren- impact of capital mobility on workers, wages and
te sustenta que os programas de responsabilidade union organizing, US Trade Deficit Review Com-
social “afetam o estoque de capital reputacional e, mission, NY, 2000, mimeo, 73 p.

Revista PRAIAVERMELHA / Rio de Janeiro / v. 19 nº 2 / p. 51-64 / Jul-Dez 2009


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64 Henri Acselrad e Raquel Giffoni Pinto

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3 O Globo, 28/04/1999. dos fornos de carvão em algumas áreas do sul da
Bahia. Segundo fontes empresariais, em repre-
4 Subbarao, K. “Gestão do Risco Social. sália às ações de destruição dos fornos, alguns
Quadro para a Compreensão da Pobreza e da desses grupos realizaram atos que resultaram
Vulnerabilidade”. em saques a ônibus e caminhões de prestadoras
de serviços das empresas de produção de celu-
5 Rita Bridi. A Gazeta Online, 30/07/2006. lose, e incêndios nas plantações de eucalipto.

6 A Booz Allen Hamilton é uma empresa líder 16 Agencia Carta Maior 16/03/2006.
em consultoria de gestão e de tecnologia se-
diada Virgínia, Estados Unidos. Fornece seus 17 Valor On line. 22/01/2009. Disponível em:
serviços a diversas corporações internacionais www.valoronline.com.br
e governos em todo o mundo.
18 A gazeta, 8/07/1989.
7 Discurso de Chris Kelly vice presidente da
Booz Allen, em 2005, na Association of Ame- 19 A Gazeta Online, 30/07/2006.
ricans for Civic Responsibility (AACR) Roun-
dtable Conference . Washington, DC. Disponív- 20 Zero Hora, 09/03/06.
el em: www.boozallen.com/
21 Zero Hora, 9/3/2006.
8 www.fatorambiental.com.br/atuacao/gerencia-
mento_riscos.php 22 Zero Hora, 10/03/06.

9 http://www.overseasbr.com 23 Valor On line. 18/06/2007. Disponível em:


www.valoronline.com.br
10 http://www.ambientepublico.com.br
24 Valor On line. 21/01/2005. Disponível em:
11 http://www.fbds.com.br www.valoronline.com.br

12 www.fbds.com.br 25 Valor On line.18/06/2007. Disponível em:


www.valoronline.com.br
13 Holme , R. Watts, P. responsabilidade social
empresarial: bom senso aliado a bons negócios. 26 Revista Época, 19/03/06. Alguém vai encarar?
Conselho Empresarial Mundial para o Desen-
volvimento Sustentável. 2000. http://www.cebds. Henri Acselrad
org.br/cebds/pub-docs/pub-rse-bom-senso-alia- *
Professor do IPPUR/UFRJ e pesquisador do
do-negocios.pdf. Acesso em 15/03/2009 CNPq

14 Como o acontecido em Mucuri, no extremo Raquel Giffoni Pinto


sul baiano, em que incêndios provocados des- Mestranda do IFCS/UFRJ
**

truíram áreas de plantio de eucalipto. O Globo,


8/12/2007

15 No Relatório de Sustentabilidade da empresa


em questão referente ao ano de 2004, há men-

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