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Noções de cálculo vetorial e tensorial 
 Variáveis escalares, vetoriais e tensoriais 
Os meios contínuos (sólidos, líquidos, gases) (MC) ocupam parte do espaço físico, isto é os MCs ocupam 
um  certo  domínio    que  pode  ser  um  volume,  uma  superfície  ou  uma  linha  e  que  são  domínios 
respectivamente a 3, 2 e 1 dimensão (3D, 2D, 1D), ou seja estão contidos em R3, R2 ou R respectivamente. 
Assim a sua caracterização ponto a ponto é representada por uma função real de variável real f:   Rp 
onde RP  é o contradomínio real a p dimensões. Chama‐se a esta função um campo real de variável real.  

A cada ponto P do meio contínuo corresponde uma partícula de meio contínuo que é em si um sistema 
caracterizado por várias grandezas físicas tais como a pressão p, a temperatura T (escalares) , a velocidade 

v  (vetor), o tensor das tensões   ˆ  (tensor de 2ª ordem), que irá ser explicado mais tarde. Os escalares são 
caracterizados  por  um  número  real,  os  vetores  são  caracterizados  por:  ponto  de  aplicação  (no  caso  de 
vetores  aplicados  contrariamente  a  vetores  livres),  direcção,  sentido  e  módulo  (amplitude  ou 
comprimento). Os tensores são generalizações dos vetores. Os tensores de 2ª ordem podem ser encarados 
como um agrupamento de p vetores de dimensão p. 

Vetores 
Um vetor no espaço vetorial Rn pode ser representado pela seguinte combinação linear. 

 n

v   vi ei     
i 1

  
onde  e1, e2 ,..., en constituem uma base (conjunto de n vetores linearmente independentes).  
  
Consideremos  o  caso  mais  simples  em  que  e1, e2 ,..., en   são  normados  (vetores  de  norma  unitária  ou  seja 
versores) e ortogonais entre si. Os versores constituem assim uma base ortonormada (bon): 

  0, se i  j
ei  e j    onde     representa o produto interno. A norma quadrática vem: 
1, se i  j
 2
ei 1  
 

Neste caso (de uma bon), as componentes do vetor  v  exprimem‐se de forma mais simples: 
 
vi  v  ei (i  1,..., n)  
 
Dem.  

 n  
Consideremos  v   v j e j e  tomemos  o  produto  interno  com ei .  Graças  à  ortogonalidade  e  normalidade, 
j 1

Obtem‐se assim cada componente na forma: 

Mecânica de Fluidos – FCUL – DEGGE – Prof. Carlos Pires 
 

 
       
v  ei   v j  ei  e j    v j  ei  e j   vi  ei  ei   0  vi  vi
n n

j 1 j i  

qed (quod erat demonstrandum)  cqd (como queriamos demonstrar)  

A noção de expansão de um vetor numa bon pode generalizar‐se para funções, isto é funções podem ser 
expressas  como  combinações  lineares  de  funções  de  norma  unitária  e  ortogonais  entre  si.  Este  tema  é 
assunto da Análise Funcional. 

Tensores de 2ª ordem 
Os escalares não têm componentes (zero componentes), são por isso tensores de ordem zero. Os vetores 
são  expressos  por  componentes  que  fazem  percorrer  um  índice,  são  por  isso  tensores  de  ordem  1.  Os 
tensores de 2ª ordem são expressos em termos de componentes caracterizadas por de 2 índices i,j=1,…,n. 
Da mesma forma que para os vetores, um tensor  Â (usou‐se o acento circunflexo sobre A para diferenciar 
do símbolo  de vetor), é representado na forma: 
n
 
Aˆ   Aij ei e j    onde Aij é a (i,j)‐ésima componente que multiplica a díada  ei e j  
i , j 1

    
A  díada  é  obtida  pelo  produto  exterior  de  ei por  e j   ou  seja  ei e j  ei  e j .A  díada  é  simplesmente  visto 
como a associação de 2 versores  
   2
O produto exterior é não comutativo isto é:  ei e j  e j ei . O produto exterior de 2 versores pertence a  ( n ) , 
desse modo a operação binária de produto exterior é não fechada, isto é o produto exterior produz um 
resultado que não está no mesmo espaço dos vetores isto é Rn, por isso o produto se diz exterior.  

Um tensor de 2ª ordem é formalmente representado por uma matriz quadrada de n2=nxn componentes.  

   

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Noção intuitiva de tensor de 2ª ordem 
Um tensor de 2ª ordem é representado por n vetores de n componentes ou seja, pertencentes a Rn. Para 
exemplificar consideremos n=3. 

 A11 A12 A13   A1i 


   
 
Aˆ   A21 A22 A23    a1 a2 a3  onde os vetores coluna  ai   A2 i  (i  1, 2,3) formam a matriz associada A. 
 A31 A32 A33   A3i 
Os tensores de 2ª ordem são úteis para representar grandezas físicas que dependem da orientação. Por 
exemplo  a  temperatura  num  ponto  P  não  depende  da  orientação  do  termómetro  e  por  isso  não  é  um 
vetor.  Já  por  exemplo  a  resistência  eléctrica  de  um  material  depende  da  orientação  do  fluxo  de  cargas 
eléctricas. A caracterização completa da resistência eléctrica é dada pelo tensor de resistividade.  

Considerarmos um ponto P num meio contínuo em torno do qual está centrado um cubo infinitesimal. Este 
  
cubo tem 3 pares de faces opostas entre si (ver figura) e ortogonais a cada versor  e1 , e2 , e3 da bon. Assim 
  
a  face  de  cima  é  ortogonal  a  e1 ,  a  face  da  direita  é  ortogonal  a  e2 e  a  face  de  cima  é  ortogonal  a  e3 . 
Generalizando para um hipercubo em R4, teríamos 4 pares de hiperfaces opostas (cubos em R3), ortogonais 
aos 4 versores da base.  

 

Tem‐se  assim  n=3  faces,  cada  uma  correspondente  a  um  versor  ei da  bon.  Sobre  cada  face  é  aplicado  o 

vetor  ai correspondente.  

Tensor Delta de Kronecker  ˆ
 
O tensor  ˆ  é um tensor de 2ª ordem que corresponde à matriz identidade de nxn componentes, isto é: 

0, se i  j
ˆij    
1 se i  j

1 0 ....0 
0 1 ....0 
Formalmente tem‐se:  ˆ    
. 
 
0 0 ..... 1

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Transposto de tensor de 2ª ordem 
(Para simplificar a notação eliminemos o símbolo ^ de tensor a menos que seja extritamente necessário) 

Definição:  Seja  A  um  tensor  de  2ª  ordem  expresso  em  termos  de  díadas  numa  bon.  Define‐se  o  seu 
transposto  AT  a  partir  da  definição  operacional:  Aij  Aji (i, j  1,...n) ,  ou  a  partir  da  troca  de  índices.  O 
T

transposto de um tensor é representado pela matriz transposta.  

Tensor de 2ª ordem simétrico e anti‐simétrico 
Um tensor de 2ª ordem A é simétrico se AT=A ou seja Aij=Aji (tal exige que a matriz triangular inferior iguale 
a matriz triangular superior) 

Um tensor de 2ª ordem A é anti‐simétrico se AT=‐A ou seja Aij=‐Aji (tal exige que os elementos da diagonal 
sejam nulos e que a matriz triangular inferior seja simétrica da matriz triangular superior). 

Teorema:  Para  qualquer  tensor  de  2ª  ordem  A  tem‐se  a  decomposição  única  numa  soma  de  um  tensor 
simétrico com um tensor anti‐simétrico: 

 1
 As  2  A  A  parte simétrica
T

A  As  Aa onde   
 A  1  A  AT  parte anti-simétrica
 s 2

Exemplo: 

1  4 8  1  2  6 
A   2 6 10   ; AT   4 6 4  ;
 6 4 2   8 10 2 
1  3 1  0  1 7 
As   3 6 7  ; Aa  1
  0 3 
 1 7 2   7  3 0   

Vetor axial associado a um tensor de 2ª ordem em R3 
Seja A um tensor anti‐simétrico de ordem 2 e dimensão 3. A é representado por 32=9 componentes das 
quais apenas 3 são não triviais, ou seja o tensor fica totalmente caracterizado por 3 componentes que são 
também as componentes do vetor axial associado a. escreve‐se então: 

a  ax Aˆ  
 
Assim A e a representam formalmente o mesmo objecto matemático. A componente ai (i=1,2,3) do vetor 
associado é dada por: 
ai  Ajk  

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onde  i,j,k  constituem  uma  permutação  cíclica  da  sequência  (1,2,3).  Uma  permutação  cíclica  é  obtida  do 
seguinte  modo.  Imagine‐se  que  (1,2,3)  estão  dispostos  regularmente  ao  longo  de  uma  circunferência. 
Imagine‐se que os índices rodam todos de uma posição no mesmo sentido (empurram‐se todos de uma 
posição  no  mesmo  sentido).  Tal  é  uma  permutação  cíclica  simples.  Uma  permutação  cíclica  é  uma 
sequência de permutações cíclicas simples. Assim as permutações cíclicas de (1,2,3) são: (3,1,2) e (2,3,1) tal 
como indicado na figura anexa. 

Assim tem‐se então:  a1  A2,3   A3,2 ; a2  A3,1   A1,3 ; a3  A1,2   A2,1 . O tensor A e o seu vetor axial a 


ficam então arranjados na forma: 

 0 a3  a2   a1 

A    a3 0 a1  ; a   a   
  2
 a2  a1 0  a 
 3

Onde se assume que a é um vetor coluna.  

Tensor de 3ª ordem e superiores 
Um tensor de 3ª ordem necessita de 3 índices para ser explicitado. Por exemplo: 
n
 
C C
i , j , k 1
e e e onde  C  é  representado  por  uma  combinação  linear  de  tríadas  (produto  exterior  de  um 
ijk i j k

versor  por  uma  díada  ou  entre  3  versores).  Um  tensor  de  ordem  p  necessita  de  p  índices  sendo 
representado por uma combinação linear de p‐tuplos (produtos exteriores de p versores). Um tensor de 
p
ordem p e dimensão n é um objeto pertencente a  ( n ) ou seja tem np componentes. 

Produto exterior de dois tensores 
Seja C e D tensores de ordem a e b respectivamente. Assim numa bon têm‐se as expansões: 

n
  n
 
C 
i1 ,...,ia
Ci1 ...ia ei1 ...eia ; D  
j1 ,..., jb
D j1 ... jb e j1 ...e jb  

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O  produto  de  C  por  D  é  um  tensor  de  ordem  a+b  e  cujas componentes  são  todos  os  possíveis  produtos 
(entre escalares) das componentes de C pelas componentes de D. Assim o respectivo produto exterior vem 
dado por:  

n n
   
E  C  D  CD   
i1 ,...,ia j1 ,..., ja
Ci1 ...ia D j1 ... jb ei1 ...eia e j1 ...e jb . 

Em termos de componentes tem‐se: 

Ei ...i j ... j   CD   Ci1 ...ia D j1 ... jb . 


1 a1 b i1 ... ia j1 ... jb

O produto exterior aplica RaRb em R(a+b). O produto exterior é não comutativo ou seja CDDC visto que o 
arranjo dos índices em CD é diferente do arranjo dos índices em DC. 

Exemplo 1 

Produto exterior de 2 vetores (tensores de ordem 1): 
     

Eij  a  b    ab
ij

 ij
 ai b j ; Fij  b  a     ba 
ij ij
 bi a j  

 
É trivial verificar que o transposto de  ab é  ba .  
  
O vetor axial associado à parte anti‐simétrica do tensor  ab é o produto externo de  a por  b . Em termos de 
notação tem‐se: 

     
 
a  b  ax  ab  ba   2 ax  ab   
 a
  
 
A demonstração é fácil de obter. De facto a componente  (a  b ) k  ai b j  bi a j  (ab  ba )( i , j )  2 (ab) a (i , j )  
onde  (i,j,k)  é  uma  permutação  cíclica  de  (1,2,3)  tendo  os  valores  possíveis  de  (i=1,j=2,k=3);    (i=2,j=3,k=1);   
(i=3,j=1,k=3). 

Exemplo 2 

Produto exterior de vetor a por tensor de 2ª ordem B: 


Eijk  a  Bˆ    aB
ijk
ˆ
 ijk
 ai B jk  

Produto interior ou contraído de dois tensores 
Seja  C  e  D  tensores  de  ordem  a  e  b  respectivamente.  O  produto  exterior  CD  é  dado  por:
 CD  i1 ... ia j1 ... jb
 Ci1 ...ia D j1 ... jb . O produto exterior é um tensor de ordem a+b ou seja recorre a a+b índices. 
O  produto  interior  recorre  à  noção  de  contracção  de  índices.  Escolhe‐se  assim  um  par  de  índices.  Estes 
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podem pertencer ambos a C ou a D ou ser um deles de C e o outro de D. Depois toma‐se a soma ao longo 
de  todos  os  valores  possíveis  dos  índices  contraídos  ou  repetidos  ou  seja  para  os  valores 
1,2,…,N=dimensão do espaço. Chama‐se a essa operação de contracção de índices, uma vez que o objecto 
final será um tensor com uma ordem subtraída de 2 por cada contracção. Por cada escolha de par tem‐se 
um possível produto interior. Se os índices contraídos forem adjacentes (último de C com primeiro de D), 
então  o  produto  interior  diz‐se  produto  interno  e  representa‐se  por  C  D .  Deste  modo  é  possível 
generalizar a noção de produto interno para objectos para lá de vetores. Podem executar‐se mais de uma 
contracção de índices. A ordem tensorial do produto interior de C por D com r contracções é a+b‐2r. 

Vamos dar exemplos de produtos interiores entre um vetor c (tensor de 1ª ordem, a=1) por uma matriz D 
(tensor  de  2ª  ordem,  b=2).  Existem  3  possíveis  produtos  interiores  com  uma  contracção.  Todos  esses 
produtos interiores tem ordem a+b‐2r=1+2‐2x1=1 ou seja o resultado final é um vetor (tensor com um só 
índice). Assim: 

 c D  c  D    D  c   w j (contracção do 1º índice de c com o1º índice de D)


n
T
i ij j j
i 1

  c  DT    D  c  j  u j (contracção do 1º índice de c com o 2º índice de D )


n

c Di 1
i ji j

 c D   cTr ( D) 
i 1
j ii j
 v j  c j (contracção do 1º índice de D com o 2º índice de D )
 
onde  Tr(B)  é  o  traço  de  B  ou  seja  o  somatório  das  componentes  da  diagonal  da  matriz  B.  O  produto 
algébrico de uma matriz B por um vetor a é um produto interior. Na notação algébrica, a representação DC 
do produto de matriz D por vetor c, representa na notação tensorial o produto interior  D  c  . A álgebra 
tensorial  permite  representar  objectos  mais  ricos  que  a  álgebra  de  matrizes  e  vetores.  Mostremos  um 
exemplo com 2 contracções.  

 C D   C D   
n

ij ij
T
(contracções : 1º índ . deC com 1º de D e 2º de C com 2º de D)  
i , j 1

O produto contraído tem 2+2‐2x2=0 índices ou seja trata‐se de um escalar. 

Convenção de Einstein (CE) ou dos índices mudos 
Sempre que há contracção de índices há que representar o símbolo de somatório que está implícito. Ora 
Einstein inventou uma convenção que omite o símbolo de somatório economizando assim a escrita. Essa 
convenção diz: Sempre que haja índices representados pela mesma letra (ex. i), admite‐se (a menos que se 
diga  o  contrário)  que  esses  índices  contraiem  tomando‐se  portanto  o  somatório  para  todos  os  valores 
possíveis desses índices (de 1 a n). O símbolo de somatório é omitido uma vez que é redundante quando se 
admite a convenção de Einstein. 

n n

Exemplo 1        ai Bij  a p Bpj   ai Bij   a p Bpj  


i 1 p 1

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Na expressão anterior, i e p são índices mudos uma vez que estes são índices de somatório enquanto que j 
é um índice fixo.  

Exemplo 2          Aip Bij   Aip Bij  C pj  


i 1

Neste caso i é índice mudo, (p,j) são índices fixos. 

n n

Exemplo 3            ai Bii  a p Bpp   ai Bii   a p Bpp  


i 1 p 1

i ou p constituem um índice mudo. 

Aniquilação do tensor Delta de Kronecker 
Quando  se  toma  o  produto  interior  de  um  tensor  A  com  o  tensor  Delta  de  Kronecker  ,  este  deve 
desaparecer sendo o índice contraído de A, substituído pelo índice de  que não contrai. Por exemplo: 

Aip pq  Aiq ; Tijk  jq kq  Tiqk  kq  Tiqq  Tikk  


Produto interno entre dois vetores 
   
O  produto  interno  de  a por  b é  dado  por  a  b  aibi (somatório  dos  produtos  das  componentes  duma 
bon). Este é o chamado produto interno canónico ou cartesiano. Tal permite definir a norma, comprimento 
  
ou amplitude de um vetor na forma:  a  a  a  ai ai . O ângulo entre dois vetores pode igualmente 
 
  a b
 
ser obtido através do seu co‐seno:  cos  a , b      1,1 . 
a b

Outros produtos interiores  

Seja a um vetor e T, R tensores de 2ª ordem em Rn. Um dos possíveis produtos interiores é  a  Tˆ  Rˆ . Este 
tensor contraído tem ordem p dada pela soma das ordens dos tensores (1+2+2), subtraída de duas vezes o 

número  de  contracções  (duas  neste  caso).  Assim  p=1+2+2‐2x2=1,  tratando‐se  portanto  a  Tˆ  Rˆ de  um 
vetor. Assim, usando a convenção de Einstein, a sua i‐ésima componente é:  

  ˆ ˆ

n n n n
a  T  R  a jT jp R pi   a jT jp R pi  asTsk Rki   asTsk Rki  ak Tks Rsi
i
j 1 p 1 s 1 k 1 , 

onde há duas contracções de índices uma vez que há o par de índices j (ou s) e o par de índices p (ou k). Os 
índices  contraídos  são  mudos  e  podem  ser  representados  por  letras  diferentes,  desde  que  não  usem 
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outras letras já usadas na expressão. Tome‐se atenção que quando há vários pares de índices contraídos se 
tem de usar uma letra diferente para cada um deles. Por exemplo  a jT jj R ji refere‐se à soma correndo todos 

os valores de j. Esse produto contraído é diferente de  a  Tˆ  Rˆ .  

Duplos produtos interiores entre tensores de 2ª ordem 
Tem‐se os dois possíveis duplos produtos interiores entre tensores com a seguinte convenção de escrita: 

T : R  Tij R ji ; T   R  Tij Rij  T : R T  T T : R  


No  primeira  expressão  a  contracção  é  executada  nos  índices  anti‐homólogos  (1º  com  2º,  2º  com1º);  na 
segunda é executada nos índices homólogos (1º com 1º, 2º com 2º).  

Usando  essa  convenção  pode  exprimir‐se  o  traço  de  um  tensor  (soma  dos  elementos  da  diagonal)  na 
forma:  Tr ( R)   : R    R  Rij ij  Rii  R11  ...  Rnn .  Em  particular  o  traço  do  tensor  Delta  de 
Kronecker é Tr()=n=dimensão do espaço Rn.  

Tensor alternante ou de Levi‐Civita  
O  tensor  de  Levi‐Civita  ou  alternante  é  um  tensor  de  3ª  ordem  (p=3)  em  R3  (n=3).  Podem  formalmente 
definir‐se  generalizações  do  tensor  de  Levi‐Civita  com  p=n  (ex.  tensor  de  2ª  ordem  em  R2,  tensor  de  4ª 
ordem em R4). O tensor  tem a seguinte forma: 

1 se (i, j , k ) são diferentes e constituem uma permutação par de (1, 2,3) 


 
 ijk  1 se (i, j , k ) são diferentes e constituem uma permutação ímpar de (1, 2,3) 
0 se 2 ou mais índices são iguais 
 
(i, j , k  1, 2,3)  
Definamos permutação par e ímpar. Admitamos que se tem n índices dispostos ciclicamente. Expliquemos 
o caso com n=5 na figura. Uma permutação simples consiste numa troca de índices adjacentes. Assim P1 
resulta de uma permutação simples a partir de P0 e P2 resulta de duas permutações simples a partir de P0. 
É possível chegar a qualquer permutação  dos n índices através de permutações simples (troca de lugares 
adjacentes). Seja m() esse número, a permutação diz‐se par se m() é par e ímpar se m é ímpar, o que 
caracteriza  a  paridade  da  permutação.  O  valor  de  (‐1)m()    é  designado  por    assinatura  da  permutação   
valendo 1 ou ‐1 conforme seja par ou ímpar. 

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10 
 
Mostra‐se que as permutações cíclicas (todos os índices avançam de uma posição) são pares. No caso n=3, 
as permutações pares de (1,2,3) são: (1,2,3), (2,3,1) e (3,1,2), donde 1,2,3= 2,3,1= 3,2,1= 1. As permutações 
ímpares  de  (1,2,3)  são:  (2,1,3),  (1,3,2)  e  (3,2,1)  e  portanto  2,1,3=  1,3,2=  3,2,1=  ‐1.  Todas  as  outras  21=np‐
6=27‐6 componentes do tensor de Levi‐Civita são nulas.  

As propriedades do tensor de Levi‐Civita são as seguintes: 

1)    ijk   jki   kij   ikj   jik   kji   isto  é  uma  permutação  par  dos  índices  deixa  invariante  ; 
uma permutação ímpar produz o simétrico de . 
2) A contracção de 2 de qualquer dos seus 3 índices é nula ou seja   iik   kii   iki  0 . Esta propriedade é 
trivial porque os termos da soma que está implícita na contracção são todos nulos. 
3) Regra  Épsilon‐Delta.  Trata‐se  de  uma  fórmula  que  exprime  o  produto  interior  de  dois  tensores 
alternantes com uma contracção. Tem‐se pois 2 índices mudos e 4 índices fixos: 

 qrp stp   pqr  pst   qpr  spt   qs rt   qt rs  


O resultado é uma soma de produtos de Deltas de Kronecker. No primeiro produto de Deltas tem‐
se (q,s) e (r,t) ou sejam respectivamente os primeiros e os segundos índices de cada . No segundo 
produto  de  Deltas  tem‐se  (q,t)  e  (r,s)  ou  sejam  respectivamente  (o  primeiro  e  segundo)  e  (o 
segundo e o primeiro) índices de cada .  

O  tensor  alternante  é  muito  importante  na  definição  de  produto  externo  ou  vetorial  entre  vetores,  de 
produto  misto  e  triplo  de  vetores  e  ainda  na  definição  de  determinante  de  uma  matriz  ou  tensor  de  2ª 
ordem.  

   

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11 
 
Produto externo ou vetorial entre vetores 
 
Sejam 2 vetores  a e  b  de R3. O seu produto externo ou vetorial é uma operação binária fechada, isto é cujo 
 
resultado está também no espaço de partida (R3) e é representado por:  a  b e que possui as seguintes 
propriedades: 
   
1) a  b  é ortogonal (perpendicular) a  a  e  b . 
2) Tem sentido dado pela regra do parafuso ou do saca‐rolhas (sentido que o parafuso de rosca direita executa 
 
ao progredir no sentido de  a (primeiro vetor do produto) para  b (segundo vetor do produto). Como 
   
consequência  a  b  b  a . 
     

 
3) Módulo  a  b  a b sin  a , b   onde  é área do paralelogramo de arestas definidas por  a e  b .  

 
 
Recorrendo ao tensor alternante , o produto externo é dado pelo produto interior de  com  a e  b com duas 
contracções de índices na forma: 

 
 
a  b   ipq a p bq  
i

  
As propriedades 1 e 2 vêm triviais. Na verdade o produto de  a  b  com  a  é nulo sendo dado por: 

 
 
a  b ai   ipq a pbq ai   piq a pbq ai (pela prop. 1 de ε) 
i

  ipq ai bq a p (por i,p serem índices mudos) 


  ipq a pbq ai (prop. comutativa da multiplicação)=0
(porque vem igual ao simétrico)  

O produto externo de dois vetores pode ser obtido através da notação de determinante: 

  
ex ey ez
    
a  b  ax a y az   a y bz  az by  ex   az bx  ax bz  ey   ax by  a y bx  ez
bx by bz

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12 
 
Produtos entre vetores e tensores de 2ª ordem  
 
Seja  a  um vetor e  bc o produto exterior de dois vetores (ex. díada). Os produtos interno e externo entre 
 
a e  bc  vêm definidos de forma coerente como: 

           
a  bc  a  bc  a  b c   
; a  bc  a  b c   

Produto misto entre 3 vetores de R3 
  
O produto misto entre 3 vetores  a ,  b  e  c  é um escalar obtido pelo produto interno de um desses vetores pelo 
produto externo dos dois restantes. Assim tem‐se o produto misto: 

        
   
a  b  c  b   c  a   c  a  b   ipq ai bp cq  

Este  produto  é  invariante  para  uma  permutação  cíclica  dos  três  vetores  mudando  de  sinal  para  uma  permutação 
 

 
ímpar.  Tem‐se  a  b  c  V que  é  o  volume  V  do  paralelogramo  rectângulo  definido  pelos  três  vetores  (vide 

figura). 

 
Produto triplo 
O produto triplo de 3 vetores é o produto externo de um deles com o produto externo dos dois restantes. 
O produto triplo pode exprimir‐se através de produtos internos graças às propriedade Épsilon‐Delta de . 
Tem‐se assim o produto triplo: 

        
 
a  b  c  a  c b  a  b c    
Dem.  A componente i do produto triplo é:  
  
 
 a  b  c   a  d
 i   i
(def. de d)   ikl ak dl   ikl ak   lpq bp cq  

 
ikl lpq  a b c  
k p q 
lik lpq  a b c  
k p q    iq kp  ak bp cq (prop. ε-δ) 
ip kq

 ip kq ak bp cq   iq kp ak bp cq (prop. distributiva)  aq bi cq  a p bb ci (aniquilação de δ)   


       
 a  c  bi   a  b  ci   a  c  b   a  b  c  i i
 

donde sai o resultado.  

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13 
 
Determinante de tensor de 2ª ordem 
 
Um tensor A em R3 é representado por matriz 3x3 que é formalmente idêntico à linha de 3 vetores coluna  a1 ,  a2  e 
      
a3  ou seja  A   a1 , a2 , a3  . O determinante da matriz A é o produto misto  a1   a2  a3  e representa (a menos de 
um sinal) o volume do paralelogramo definido pelos três vetores. Tem‐se assim o determinante: 

det( A)  A   ijk Ai1 Aj 2 Ak 3  det( AT )   ijk A1i A2 j A3k  

 O determinante do tensor transposto é idêntico devido às propriedades de .  

Pode obter‐se o determinante de um tensor de 2ª ordem em  Rn recorrendo ao tensor de Levi‐Civita  de n‐ésima 
ordem em Rn e que fornece a assinatura de uma permutação genérica de n índices tal como no caso em n=3. Tem‐se 
assim: 

det( A)  A   i1 ,...in Ai1 ,1... Ain ,n  

No caso n=2 o tensor alternante é dado por uma matriz 2x2: 

   0 1
   11 12   
 21  22   1 0   donde o determinante de A é:  

A11 A12
det  A    ij Ai1 Aj 2  11 A11 A12   21 A21 A12  12 A11 A22   22 A21 A22 
A21 A22  
  A21 A12  A11 A22

Vetor axial associado  
Seja um tensor A de 2ª ordem em R3. Das 9 componentes, 3 são nulas sobre a diagonal, e das restantes 6 
apenas  3  são  independentes  sendo  as  outras  simétricas  das  primeiras.  Desse  modo  o  tensor  A  fica 
totalmente caracterizado por um vetor a=ax(A) que é o vetor axial associado cujas componentes são dadas 
pela fórmula: 

1
ai   ipq Apq   ax  A  i  
2
Se A é simétrico então o vetor formado pela operação anterior é nulo devido às propriedades do tensor 
alternante. A fórmula anterior é equivalente a: 

Apq   ipq ai   pqi ai ; (i, p, q) permutação cíclica de (1,2,3)  

a qual permite obter o tensor original a partir do vetor axial em termos indiciais. 

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14 
 
  

Cálculo diferencial e integral de campos tensoriais cartesianos em Rn    
(Usa‐se a convenção de Einstein a menos que se diga o contrário) 

Qualquer  ponto  Q  do  espaço  Rn  pode  ser  descrito  de  forma  unívoca  pelas  coordenadas  cartesianas   x1 ,..., xn  .  A 
  
base de versores ortonormados (bon) é : e1 ,..., en , sendo cada versor  ei tangente à i‐ésima linha coordenada, na qual 
apenas  xi varia deixando invariantes todas as outras coordenadas  x j ( j  i ) . Desse modo, qualquer deslocamento 

vetorial infinitesimal  dr é expresso na forma: 
 
dr  dxi ei  

Poderemos  definir  sobre  um  domínio  arbitrário    de  Rn  um  campo  tensorial  de  ordem  p  ou  seja  a  uma 
aplicação: T :   R  R em  que  a  cada  ponto  Q  faz  corresponder  um  tensor  de  ordem  p.  São 
n (n p )

exemplos  em  mecânica  dos  meios  contínuos.  Os  campos  escalares  da  pressão,  temperatura,  densidade 
(p=0);  os  campos  vetoriais  da  velocidade,  aceleração  (p=1),  campos  tensoriais  das  tensões,  da  taxa  de 
deformação (p=2).  

O campo T admite‐se contínuo e com derivadas contínuas até uma certa ordem, isto é a ordem necessária 
para  as  aplicações.  Estas  propriedades  permitem  a  aplicação  do  cálculo  diferencial  sobre  campos  de 
tensores.  

A  integração  do  campo  T  em  subdomínios  de  Rn  é  também  necessária  e  útil  em  certas  aplicações.  Por 
exemplo o comportamento mecânico integrado de um fluido exige a integração de campos tensoriais. 

   

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15 
 
Noção de Gradiente e Diferencial 

Consideremos  um  campo  tensorial  de  uma  certa  ordem  p,  T (Q)  T (r ) ,  aplicado  no  ponto  Q  de  vetor 

posição  r em  relação  à  origem  do  sistema  de  coordenadas.  Os  versores  nos  quais  se  exprime  T  são  os 
versores fixos da base cartesiana. Vamos exprimir a variação infinitesimal dT num pequeno deslocamento 

dr : 

T n
T
dT  dxi   dxi  
xi i 1 xi

A  variação  dT  pode  exprimir‐se  recorrendo  ao  operador  gradiente.  Um  operador  é  uma  aplicação  que 
converte uma função noutra função. Por exemplo a derivada é um operador porque converte uma função 
na sua função derivada. O operador gradiente é um operador tensorial de ordem 1 ou seja tem a mesma 
estrutura que um vetor. Assim, em coordenadas cartesianas definimos o operador gradiente na forma: 

  n
 
grad    ei   ei  operador gradiente ou NABLA   
xi i 1 xi

O produto interno do deslocamento infinitesimal  dr com o operador gradiente fornece o operador diferencial 
d : 

       
d  dr    dxi ei    e j
 x j   dxi
x
 ei  e j 
  j
 
  n

 dxi  ij  dxi   dxi
x j xi i 1 xi

A derivada dirigida segundo uma certa direcção l, orientada segundo o versor  l é dada pelo produto interno 

de  l  com o operador gradiente ou seja: 

  d
dl  l   li   
xi dl

onde dl  é o deslocamento medido ao longo da direcção orientada  l. Em particular, se aplicarmos esse operador 
dT
a T vem:  d l T   ou seja a taxa de variação de T ao longo da direcção orientada l.  
dl
   

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16 
 
Gradiente de um campo escalar 

Consideremos um campo escalar diferenciável  T ( r ) . O lugar geométrico T dos pontos onde T =T0 =constante 
é  um  domínio  (variedade)  com  dimensão  n‐1,  sendo  n  a  dimensão  do  espaço  total.  Chamemos  a  esse 
domínio T de iso‐domínio T (o prefixo iso significa constante). Por exemplo em R3 os iso‐domínios são iso‐
superfícies  (duas  dimensões).  Em  R2,  os  iso‐domínios  são  iso‐linhas  (uma  dimensão).  Ao  longo  dos  iso‐
domínios T não há variação do campo T.  

 
   
Calculemos  a  variação  dT  ao  longo  de  um  deslocamento dr  dr vers(dr )  dr l onde dr  0   é  o 

comprimento desse deslocamento e  l o seu versor.  


dT  dr l  T   
Esta expressão permite mostrar as seguintes propriedades do gradiente de um campo escalar. 

1) O gradiente de T é perpendicular aos iso‐domínios de T. Na verdade se o versor  l for tangente aos iso‐

domínios  de  T,  a  variação  dT=0  ou  seja  o  produto  interno  l  T  0 o  que  significa  que  o  iso‐
domínio de T é ortogonal a  T .  
2) A  máxima  derivada  dirigida  positiva  de  T  (máxima  taxa  de  variação  espacial  positiva  de  T  verifica‐se  na 

direcção e sentido do gradiente. Na verdade tomando  l  vers  T   tem‐se:  dT  dr T  0 . Assim 

T ~ T / r onde   r é a distância, medida na perpendicular entre iso‐domínios em que difira de 
T  0 . Deste modo quanto menor a distância entre iso‐domínios (iso‐superfícies, isolinhas), maior 
o  módulo  do  gradiente  de  T.  O  campo  escalar  T  fica  totalmente  caracterizado  pelo  gráfico  dos  iso‐
domínios. 
   

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17 
 
Gradiente de um campo tensorial cartesiano 
Seja T um campo tensorial de ordem p1 em Rn (exemplos: um campo vetorial, um campo de tensores de 2ª ordem). 
Um  campo  tensorial  é  composto  de  np  campos  escalares  e  portanto  poderemos  calcular  o  gradiente  e  os  iso‐
domínios de cada uma das np componentes.  

O gradiente do tensor T de ordem p é assim um tensor de ordem p+1 que é formado pelo gradiente (vetorial) de 
cada  uma  das  np  componentes  escalares.  Tendo  em  conta  que  os  versores  da  base  em  que  se  exprime  T  são 
cartesianos e fixos (contrariamente ao que sucede em coordenadas curvilíneas em geral), tem‐se: 

     T
T  ei
xi
 T j e j   ei e j j
xi
 

Note‐se a aplicação da Convenção de Einstein.  

Para um tensor T de 2ª ordem, o seu gradiente é um tensor de 3ª ordem: 

      T
T  ei
xi
 T jk e j ek   ei e j ek jk
xi
 

A variação infinitesimal dT de um tensor de ordem p é dada, tal como para o caso escalar por: 

dT  dr  T  

   

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18 
 
Operador divergência de tensores cartesianos 
O produto interno entre tensores permite construir o operador de divergência, muito útil em cálculo diferencial e 
integral  em  Rn.  Assim,  em  coordenadas  cartesianas,  define‐se  o  operador  divergência  aplicado  a  um  tensor  T 
cartesiano de ordem p1 na forma: 

  
  T  div T  ei2 ...ei p
xi
Tii2 ...ip    

onde  se  executa  a  contracção  do  índice  da  derivada  com  o  primeiro  índice  da  esquerda  de  T.  O  resultado  é  um 
tensor de ordem p‐1. Assim a divergência de um campo vetorial é um campo escalar, a divergência de um campo 
tensorial  de  2ª  ordem  é  um  campo  vetorial  etc.  Por  exemplo  em  R3  com  coordenadas  cartesianas  (x,y,z),  a 
divergência de um campo vetorial vem: 

 u v w    
div v    com v  uex  vey  wez
x y z  

  
onde  x , e y , ez
e são os versores associados às direcções orientadas x,y,z respectivamente. 

Um campo tensorial de divergência nula diz‐se solenoidal ou seja em que  div T  0  
Operador Laplaciano  
O  operador  Laplaciano  define‐se  como  a  norma  quadrada  do  operador  gradiente  ou  seja  o  produto  interno  do 
operador gradiente por ele próprio. Tem‐se então o Laplaciano de um tensor T ordem p0 (escalar, vetor, tensor): 

 
 T       T  Lap T  ei1 ei2 ...ei p
2 2
xi xi

Ti1i2 ...i p 
 
   
Por exemplo os Laplacianos de um escalar  e de um vetor  v  uex  vey  wez em R3 vêm respectivamente: 

  
 2  2  2   2v  2v  2v
Lap   2  2  2 ; Lap v  2  2  2  
x y z x y z
   

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19 
 
Operador Laplaciano iterado 
Em algumas aplicações nomeadamente para a modelação do atrito em mecânica de fluidos, usa‐se o laplaciano 
iterado (ex. laplaciano do laplaciano). Assim tem‐se o operador bi‐harmónico para a duplicação do laplaciano: 

4  
 T  Lap LapT  ei1 ei2 ...ei p
2 2
x j x j xi xi

Ti1i2 ...i p 
 

Em coordenadas (x,y,z) e para o caso de um escalar  tem‐se: 

 2 2  2   2 2 2 
Lap Lap    2  2  2  2  2  2    
 x y z  x y z 
Operador rotacional de tensores cartesianos 
O  rotacional  (rot  ou  curl  em  alguma  literatura  inglesa)  de  um  tensor  T  de  ordem  p1  em  Rn  recorre  ao  produto 
externo em Rn e portanto ao tensor alternante de ordem n em Rn e à operação de produto externo. O rotacional de T 
é também um tensor de ordem T. 

Rotacional em R3 
Usa‐se o tensor alternante em R3 ou o tensor de Levi‐Civita. 

 
  T  rot T  ek ei2 ...ei p  kjs

x j
Tsi2 ...i p    

Pode assim definir‐se o rotacional de um campo vetorial e o rotacional de um campo tensorial. Um campo tensorial 
de rotacional nulo diz‐se irrotacional ou seja  rot T  0 . 

Em particular o rotacional é de um campo vetorial em coordenadas cartesianas (x,y,z) é: 

  
ex ey ez
      w v    u w    v u 
rot v   ex     ey     ez   
x y z  y z   z x   x y 
 
u v w
   
com v  uex  vey  wez

   

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20 
 
Rotacional em R2 
O equivalente ao rotacional em R2 é um operador vetorial aplicado ao campo escalar  na forma:
 
ex ey  
    
  ez     ex  ey
y x  
x y
Identidades entre operadores diferenciais 
Usando  as  propriedades  dos  operadores  divergência,  rotacional,  do  produto  externo,  interno,  triplo  e  misto,  é 
possível obter várias entidades entre operadores que são úteis em cálculo diferencial integral em R3 nomeadamente 
em mecânica dos meios contínuos. 
 
Tem‐se então para um campo escalar arbitrário  e campos vetoriais  A, B : 

1:       rot ( grad  )  0
 
2:  
    A  div (rot A)  0

3:   r  n (n=2 em R 2 , n=3 em R 3 )
 
4: r 0
  
5:    
   A    A  A   
  
6:  
   A    A      A
     
7:      
  A B  B    A  A   B
         
8:      
 A B  A B  B  A A   B    B     A
         
9:        A   B
  A  B  A  B  B   A  B   A 
  
10 :    
    A     A     A
       
11:    
A   B  A   B  A   B  A     B
  1    
12 :  A    A  2   A  A  A     A (decomposição de Weber)
 

   
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21 
 
Demonstrações de algumas Identidades entre operadores diferenciais 

(Recurso ao cálculo tensorial) 
         
 
Demonstração de:    A  B  A  B  B   A  B   A  A   B .        
     
  
O produto triplo    A  B pode expandir‐se como:    B A    A B ( aplica-se aos dois vectores)     
Usando a derivada do produto em que se deriva um dos vetores de cada vez tem‐se: 
           
  B  A  A   B    B    A ;    A B  B    A   A    B  
donde se obtem o resultado. 

 
  
Demonstração de:      A    A      A 
        ou    
  
rot (rot ( A))  Grad ( Div( A))  Lap( A)  

Desenvolvamos a componente i de      A :   
   As 
    A    ipq    A
      ipq

  qrs 
 i x p x p 
q
 xr 

 2 As  2 As  2 As
 ipq qrs  x x   qip qrs  x x   ir ps   is pr  x x (Regra Épsilon-Delta) 
p r p r p r

 2 Ap  2 Ai   Ap   
  (Aniquilação de Deltas)          Ai
x p xi xr xr xi  x p 
 
  i
    A        A , i
i

Como a igualdade se verifica para cada componente i então obtem‐se a igualdade para a totalidade do vetor. 

   

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22 
 
Cálculo Integral de tensores cartesianos 
No cálculo integral em Rn são necessários calcular vários tipos de integrais tais como o fluxo de um campo tensorial 
através de uma superfície orientada e a circulação ao longo de uma curva fechada.  

Fluxo de um campo tensorial através de uma superfície orientada 
Consideremos uma superfície orientada  no espaço R3 (superfície curva) ou no espaço R2 (superfície plana) limitada 
pela curva fronteira . Em R3, uma superfície orientada é aquela que tem dois lados bem definidos e não é possível 
através de um percurso ao longo da superfície passar de um lado para o outro da superfície. Existem superfícies não 
orientadas tais como a fita de Möbius, isto é que têm apenas um lado como mostra a figura. 

A  curva  fronteira    de    é  em  geral  uma  linha  torsa se  R   e  plana  se  R .  Tendo  essa  superfície  dois 
3 2

lados  bem  definidos,  poderemos  definir  um  ‘lado  de  dentro’  e  o  correspondente  ‘lado  de  fora’.  O  elemento  de 
superfície orientada define‐se como: 
 
d   nd   

onde  d é  a  área  infinitesimal  (positiva)  e  n é  o  versor  normal  que  aponta  do  lado  (convencionado)  de  dentro 

para  o  lado  de  fora.  O  versor  tangente  é  o  versor  com  o  sentido  directo,  tangente  à  curva  orientada  .  O 
t
elemento  de  arco  ao  longo  de    é  dl.  O  sentido  directo  (anti‐horário)  é  aquele  que  deixa  a  superfície    à  sua 

esquerda. O versor  u é tangente à superfície e perpendicular à curva fronteira . Têm‐se as relações: 

     
u t n ; t  n u  

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23 
 
O fluxo de um campo tensorial T em R3 (ou R2), de ordem p1 através da superfície orientada  (curva ou 
plana) é o integral: 


  T    d n  T
  
 

Em particular a superfície  pode ser a fronteira  de um certo domínio tridimensional R . Nesse 
3

caso a superfície = é uma superfície fechada e o seu bordo  é o conjunto vazio (não tem bordo).  

Aplicação:  Cálculo  da  quantidade  de  massa  total  (ou  parcial)  escoada  por  unidade  de  tempo  e  que 
atravessa a superfície orientada . O campo T e o respectivo fluxo são neste  caso:  
    
T  v  ;     v    d n  v   

onde  é a densidade do fluido (ou densidade parcial de um certo tipo de massa específico, ex: sal, vapor) 
 
e  v é a velocidade do fluido. A quantidade    v   tem dimensões físicas de kg/s (massa/tempo) e na 

terminologia  dos  fluidos  chama‐se  débito  de  massa.  Se  a  velocidade  v   for  tangente  em  cada  ponto  à 
 
superfície, então  n  v  0  e o débito é nulo ou seja a massa não atravessa , verificando‐se a condição de 
fluxo nulo ou de impermeabilidade total (ou parcial a um certo tipo de massa ou espécie química).    

   

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24 
 
Fluxo no bordo de uma superfície orientada  
A superfície orientada  (curva ou plana) tem como fronteira a curva orientada . Esta curva tem como 
 
versor  tangente  t ,  versor  normal  exterior u e  elemento  de  arco  dl. Define‐se  o  fluxo  de  um  campo 
tensorial T (de ordem p1) através da curva  como: 


  T    dl u  T
 


Aplicação:  Consideremos  o  escoamento  bidimensional  sobre  uma  superfície  (ex.  escoamento  de  água 
sobre  uma  bolha  de  água  e  detergente  (sabonária)).  A  massa  está  distribuída  por  unidade  de  superfície 
sendo o seu valor  (densidade areolar ou por área) de dimensões kg/m2. O débito (quantidade de massa 
que atravessa  é dado por: 
    
T  v ;   v    dl u  v
 


A curva  que limita  é fechada, no entanto pode igualmente calcular‐se o fluxo ao longo de uma curva 
não fechada C com extremidades (início e fim). 

Circulação de um campo tensorial T ao longo de uma curva orientada fechada 
Consideremos um campo tensorial T de ordem p1 em R3 (ou R2). A circulação de T ao longo de uma curva 
fechada orientada C é o integral de linha: 


C T    dl t  T
 
C

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25 
 
Aplicação: Consideremos um fluido circulando em circuito fechado em sentido único ao longo da curva fechada C 
(célula de circulação) com massa por unidade de comprimento ou densidade linear l (em kg/m). A energia cinética 
1    
do fluido em circulação é dada pela circulação ao longo de C do vetor  l v v  onde  t é o versor de  v . 
2

Teoremas Integrais em R2 e R3‐ vol 
O cálculo de integrais tridimensionais 3D num domínio R3 pode em certos casos ser obtido pelo integral 

na  sua  fronteira    de  normal  exterior  (apontando  para  fora)  n de  componentes  ni  .  Tem‐se  então  o 
teorema de Stockes generalizado em volumes (TSG‐vol): 


 dv ...  
 d  ni ...  
 xi 

Onde  (…)  é um campo tensorial arbitrário envolvendo produtos interiores ou exteriores com o índice i e 



onde  são as derivadas em relação às coordenadas cartesianas. Alguns corolários deste teorema muito 
xi
geral são o teorema do fluxo‐divergência. 

Teorema do fluxo‐divergência em R3, de Gauss ou de Ostrogradsky 

Tome‐se no TSG‐vol as componentes cartesianas Ai do campo vetorial  A e faça‐se a contracção em i. 
Obtem‐se: 

Ai    
 dv xi   dv div A  
 d  n  A    A    


ou  seja  o  integral  de  volume  da  divergência  iguala  o  fluxo  através  da  fronteira.  Tal  permite  definir  a 
divergência de um campo vetorial como o limite quando 0 do Fluxo/Volume.  

Outras aplicações do TSG‐vol 

...  escalar 

    (integral de volume de gradiente)
dv grad    d  n

 
...   A ( produto externo com A )  
  
 
dv rotA    d  n  A (integral de volume de rotacional)


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26 
 
Teoremas Integrais em R2 e R3‐sup 
O teorema de Stockes generalizado pode aplicar‐se também sobre uma superfície orientada  de normal 
    
n com linha fronteira ou bordo orientado∙ com versor tangente  t e normal exterior  u  t  n . Tem‐se 
então o teorema TSG‐sup: 

  
 

d  n   i      u i ...   dl ti ...
...  dl n
 
 

Aplicações do teorema TSG‐sup em 3D 
 
...    d  n      
dl t
   
 
  
...   A
 
 d   n     A   d  n    A   
 
  
 Fluxo do Rotacional de A   dl t  A 

 
 
 
Circulação de A no bordo=  A (Teorema de Stockes )

Este teorema permite definir rotacional como o limite quando 0 do quociente circulação/área. 

 
    
...   A  d   n     A   dl t  A  
 

 
Aplicação: vetor área tomando  A  r  vector posição  

  1  
   d n  2  r  dr  
   

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27 
 
Teorema de Green 

No caso de  ser uma superfície plana com normal  n constante tem‐se: 


 d     i
 ...    i ...
dl  u
 
 

Tomando um campo vetorial  A bidimensional (com componentes apenas sobre ) e fazendo a contracção 
dos índices tem‐se: 
  

 d    A  2D
  dl u  A 
 
 
 
 
  A  Fluxo de A através da linha orientada

Ou seja, o integral de superfície da divergência iguala o fluxo através do bordo. Este teorema é uma versão 
2D do teorema fluxo‐divergência. Outra aplicação em 2D é a do integral do gradiente 2D: 


 d     2D
    
dl u
 

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