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Tribunal de Justiça de Pernambuco


Poder Judiciário
2ª Vara da Comarca de Água Preta

Pç dos Três Poderes, 3156, Centro, ÁGUA PRETA - PE - CEP: 55550-000 - F:(81) 36813952

Processo nº 0000040-86.2018.8.17.2140

AUTOR: MINISTERIO PUBLICO DE PERNAMBUCO

RÉU: MUNICÍPIO DE ÁGUA PRETA, EDUARDO PASSOS COUTINHO CORREA DE OLIVEIRA

DECISÃO

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO, por intermédio de seus representantes em exercício


nesta Comarca, propôs a presente pretensão pelo procedimento especial previsto na Lei 7347/85, AÇÃO CIVIL PÚBLICA, em face do
MUNICÍPIO DE ÁGUA PRETA, pessoa jurídica de direito público, representado pelo Prefeito Sr. Eduardo Passos Coutinho Correa
de Oliveira.

Em síntese foi narrado o seguinte:

Que tramita na Promotoria Procedimento Preparatório a respeito do não pagamento dos salários e demais
verbas correlatas referentes ao mês de dezembro de 2016, aos servidores contratados e comissionados.

Em outro Procedimento Preparatório se apura eventual ilegalidade na exoneração em massa ocorrida no final de
2017 de servidores comissionados e contratados, com a promessa de recontratação no início do ano 2018.

O Parquet relata que teria oficiado por diversas vezes a parte demandada na tentativa de regularizar as
pendências financeiras da edilidade, sem sucesso até a presente data.

Diante do atual cenário de crise nacional econômico financeira não seria diferente a situação do Município local,
além de recentemente ter suportado os efeitos do período chuvoso ocorrido no ano de 2017, inclusive com registros
de enchentes, e que não foram reparados até a presente data.

Mesmo assim o Município estaria na iminência de iniciar os festejos carnavalescos do presente ano.

Para comprovar isto, verifica-se o edital de pregão para a contratação de estrutura festiva para todo o ano, a se
iniciar com o carnaval vindouro, em cifra superior a R$600.000,00.

Por este motivo e seguindo recomendação do órgão próprio que atua no TCE, o Ministério Público de Contas
teria expedido as recomendações 001 e 002 de 2018, com o caráter admoestativo aos gestores municipais para que
não realize qualquer festividade enquanto estiver em débito com o pagamento das verbas de servidores.

Após, a expedição das referidas, compareceram à Promotoria de Justiça o vice-prefeito e a secretária de


administração. Objetivavam verificar o alcance das recomendações, bem como a possibilidade da celebração de um
Termo de Ajustamento de Conduta, o que restou frustrado.

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Diante deste cenário e da iminência dos festejos carnavalescos, mister a adoção de medidas judiciais para
resguardar o patrimônio público, o erário e a moralidade administrativa do ente municipal, bem como garantir o
pagamento dos salários referentes ao mês de dezembro de 2016.

Instado a se manifestar sobre o acolhimento ou não da Recomendação, a Prefeitura de Água Preta/PE sem
manifestar expressamente qualquer providência a respeito, assim, se argumenta que haveria grave risco ao erário
acaso não sejam acatadas as recomendações, haja vista que o dispêndio de recursos a festa em dissonância som a
situação financeira.

Requereu seja deferida tutela de urgência em face da iminência dos eventos festivos nesta cidade, para assegurar a
correta destinação de valores que a princípio seriam investidos na festa, enquanto deveriam regularizar a situação com o pagamento
atrasado dos servidores municipais, e, para tanto pugnou pela suspensão dos festejos vindouros a iniciar neste carnaval, tanto no
município de Água Preta como em seus distritos.

No mérito, requereu a confirmação da liminar, e que sejam julgados procedentes os pedidos, para obstar tanto
festividades carnavalescas como qualquer outra por vir, e que impliquem em contratação de bandas, artistas e todo aparato necessário,
independentemente da origem dos recursos, enquanto a folha de pagamento de pessoal estiver em atraso no pagamento de servidores,
de qualquer natureza que tenha sido o provimento.

É O RELATÓRIO. DECIDO.

A presente pretensão visa a determinação pela sustação de qualquer festividade que acarrete em despesas,
independentemente da origem dos recursos, em face da alegada situação financeira não apenas municipal, e que perduraria até a
presente data pendência datada do final da gestão anterior do mês de dezembro de 2016, apesar da existência de recursos na época ao
adimplemento, ao menos até a quitação de folha de pagamento do quadro funcional em atraso, sejam de servidores concursados, como
de comissionados e temporários, ou seja, de qualquer provimento que tenham advindo.

Dispõe o caput do artigo 300 do Código de Processo Civil que:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito
e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

A tutela provisória de urgência pode ser cautelar ou satisfativa, esta última sinônimo de antecipada, pois entrega o
bem da vida que o autor, pretensão que se alcançaria no fim do processo.

Seja cautelar ou antecipada, a concessão dessas tutelas demanda demonstração de dois elementos já tradicionalmente
conhecidos como fumus boni iuris e, junto dele, periculum in mora. Esta tradução se retira do que prescreve o supracitado artigo 300
do CPC, que salienta a probabilidade do direito e perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.

Conforme o entendimento formado pelo Fórum Permanente de Processualistas Civis:

A redação do art. 300, caput, superou a distinção entre os requisitos da concessão para a tutela cautelar e para a
tutela satisfativa de urgência, erigindo a probabilidade e o perigo na demora a requisitos comuns para a prestação de
ambas as tutelas de forma antecipada.[1]

Há, portanto, o dever do autor de demonstrar que os elementos erigidos pelo dispositivo estejam presentes ao caso,
ou melhor, que o caso se subsuma à tal norma, cabendo ao magistrado valorar com devida fundamentação a existência ou não de
ambos.

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Por último, inclua-se que, a teor do §3.º do art. 300 do NCPC, a tutela de urgência de natureza antecipada não pode a
princípio ser deferida no caso irreversibilidade dos efeitos da decisão.

Acerca dos pressupostos da tutela de urgência, leciona Fredie Didier Jr.:

A probabilidade do direito a ser provisoriamente satisfeito/realizado ou acautelado é a plausibilidade de existência


desse mesmo direito. (...) O magistrado precisa avaliar se há “elementos que evidenciem” a probabilidade de ter
acontecido o que foi narrado e quais as chances de êxito do demandante (art. 300, CPC). Inicialmente, é necessária a
verossimilhança fática, com a constatação de que há considerável grau de plausibilidade em torno da narrativa dos
fatos trazida pelo autor. É preciso que se visualize, nessa narrativa, uma verdade provável sobre os fatos,
independentemente de produção de prova. Junto a isso, deve haver uma plausibilidade jurídica, com a verificação de
que é provável a subsunção dos fatos à norma invocada, conduzindo aos efeitos pretendidos. (...) O perigo da
demora é definido pelo legislador como o perigo que a demora processual representa de “dano ou o risco ao
resultado útil do processo” (art. 300, CPC). Importante é registrar que o que justifica a tutela provisória de urgência é
aquele perigo de dano: i) concreto (certo), e, não hipotético ou eventual, decorrente de mero temor subjetivo da
parte; ii) atual, que está na iminência de ocorrer, ou esteja acontecendo; e, enfim, iii) grave, que seja de grande ou
média intensidade e tenha aptidão para prejudicar ou impedir a fruição do direito. Além de tudo deve ser irreparável
ou de difícil reparação.[2]

Pelos elementos carreados aos autos, ao menos neste juízo de cognição sumária, entendo que o autor em suas
alegações conseguiu trazer os elementos necessários que demonstram o perigo da demora na prestação jurisdicional e o risco ao
resultado útil do processo, como reclama o deveras citado art. 300 do NCPC.

Os documentos anexados à exordial demonstram a possibilidade do direito invocado, fumus boni iuris,
especialmente porque o autor fez juntar indagação não apenas documental, como também é de conhecimento notório, muitas delas que
dispensa até mesmo um aprofundamento em documentação.

Entendo que por mais que esta decisão possa significar praticamente a cessação da festividade neste Carnaval, a
ponderação da situação financeira não pode ser de mão única, ou seja, se há necessidade de sacrifícios dos mais diversos, que estes
precisam passar por uma ponderação de preponderância de interesses.

Entre os interesses em jogo estão a realização de festas, que são atos eminentemente discricionários, e, do outro lado
o cumprimento de obrigações financeiras diversas, no caso dos autos obrigação salarial, de cunho eminentemente alimentar,
pendências que já perduram há mais de ano.

Não é concebível a postergação desta modalidade de cumprimento de obrigação em detrimento de outros dispêndios
que não sejam, ou não possam ser deixados para depois da obrigação alimentar como é o caso de despesas com salários, obrigação e
direito reciprocamente considerados e constitucionalmente fixados, nos termos do art.7º da Constituição Federal, sobretudo se
analisada a parte final do inciso X, que prevê a constituição de crime sua retenção dolosa, retenção que pode restar caracterizada em
qualquer variantes ou medida que seja, incluindo-se assunção de despesas vultosas com festas em detrimento de salários e outras
obrigações.

Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria da condição social:

X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;

É cediço que a população da cidade não se importa muito com os assuntos desta natureza, se preocupando muito
mais com festejos. Entretanto, ao juízo não é concebível guinar pelo lado da população, sobretudo na situação calamitosa que estamos

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há tempos, seja da saúde ou de outros seguimentos, para que pretensão da natureza dos autos seja simplesmente ignorada.

A determinação do art.297 do CPC permite ao juízo a prática dos autos necessários ao cumprimento da tutela
provisória.

Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória.

Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao cumprimento provisório da
sentença, no que couber.

Portanto, estando o juízo diante exatamente dos fatos narrados na presente pretensão, e havendo provocação a tanto,
entendo que a medida requerida deve ser providenciada, para que a municipalidade não assuma custeios da natureza questionada, seja
diretamente ou através de qualquer pessoa e que reflita em festejos, afinal, independentemente de situação de crise é cediço de
qualquer pessoa não custearia despesa alguma em troca de nada, por mera liberalidade, sendo que situação diversa são festas
familiares, entre amigos etc.

É inquestionável que não é admissível a determinação para que as pessoas se abstenham de ir pra rua, exatamente
pela liberdade de ir e vir, mas certamente isto apenas acontecerá se houver instigação na hipótese de ser cumprida esta decisão.

Por mais que haja até argumentação nos autos sobre a perspectiva de realizar um TAC por si só não afasta o requisito
“periculum in mora”, pois se houvesse recurso sobrando certamente não haveria inadimplemento.

Portanto, restaram preenchidos os requisitos legais ao deferimento da tutela provisória de urgência, sendo que
ponderando a irreversibilidade da festa carnavalesca vindoura e a irreversibilidade ou ao menos na portergação demasiada em realizar
pagamento de salários, concluo pela preponderância do cumprimento da obrigação salarial, por imperativo constitucional nada
discricionário, mas eminentemente vinculado.

Ante o exposto, DEFIRO o pedido de liminar em sede de tutela de urgência, nos termos do art.300 do CPC, para
determinar ao demandado que:

a) se ABSTENHA de realizar qualquer festividade com despesas de qualquer natureza que seja (verba pública e
privada), evidentemente resguardadas festas particulares que não extrapolem o limite e seja considerada como pública, ATÉ QUE A
FOLHA DE PAGAMENTO ESTEJA EM DIA, com o servidores, independentemente do provimento destes, concursados ou não; a1)
Para a realização de festas não bastará simplesmente comunicar que efetuou-se o pagamento, sendo preciso a prova disto, a
manifestação ministerial, e revogação desta decisão.

b). PROVIDENCIE as medidas necessárias para evitar qualquer ato, ou qualquer montagem de qualquer estrutura
que seja nas ruas da cidade, a qualquer título que seja;

c) Em caso de descumprimento desde já arbitro multa no valor de R$100.000,00 (cem mil reais) pelo
descumprimento em si, por qualquer prazo que seja, e mais R$20.000,00 (vinte mil reais) por hora que perdurar o descumprimento.

d) se ABSTENHA de realizar qualquer repasse a qualquer empresa envolvendo despesas, ainda que já assumidas e
contratadas para finalidade de realização de festas, incluindo-se Shows, artistas e tudo mais necessário a realização de festas, MESMO
QUE JÁ PAGAS, devendo neste caso providenciar tão somente a abstenção ao cumprimento de eventual contrato,

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observando-se esta decisão.

e) Além das medidas acima, INTIME-SE sobre eventual bloqueio das verbas municipais, a ser providenciado seja
durante ou após o carnaval em caso de descumprimento desta determinação, medida que tomarei na forma do art.297 do CPC.

Deixo de designar audiência de conciliação, diante da improbabilidade desta.

CITE-SE o demandado para responder ao pedido, cientificando-o de que poderá apresentar contestação no prazo de
trinta dias, devendo providenciar já em sede de resposta, ainda que esta não seja apresentada, a juntada aos autos do seguinte:

a) Dos procedimentos administrativos de licitação integrais para realização das festas a serem realizadas no município;

b) A comprovação do montante do débito municipal, relativo ao salário dos servidores em geral do Município, concursados,
comissionados e contratados pelo Município, desde dezembro de 2016, incluindo-se o mês de Dezembro;

Publique-se. Intimem-se. Cumpra-se, incluindo a comunicação desta decisão para fins de observância da
liminar para o Comandante do BPM – e à Polícia Civil, para seu conhecimento, para colaborar na fiscalização do cumprimento da
medida, informando ao Ministério Público eventuais irregularidades que constatar.

Com a juntada da contestação ou com o decurso do prazo vista dos autos ao Ministério Público para se
manifestar e especificar provas a serem produzidas ou pugnar pelo julgamento antecipado. Simultaneamente, Intime-se o demandado
a se manifestar sobre provas a serem produzidas.

Água Preta, 9 de fevereiro de 2018.

Rodrigo Ramos Melgaço

Juiz de Direito

[1]Enunciado n.º 143 do Fórum Permanente de Processualistas Civis. Curitiba 23, 24 e 25 de outubro de
2015.

[2]DIDIER JR, Fred. BRAGA, Paula Sarna; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de Direito Processual
Civil, Teoria da Prova, Direito Probatório, Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Tutela Provisória. 10 ed.
Salvador: Jus Podivm, 2015, pp. 595-597.

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Assinado eletronicamente por: RODRIGO RAMOS MELGACO


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ID do documento: 28026263 18020909153869300000027674927

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