Curso de História
Disciplina Filosofia II
Professor Felipe Castelo Branco
Aluna: Luciana Lourenço Gomes
Kant e o cosmopolitismo:
1
todo, na espécie, seguem lentamente em direção à realização total das disposições originais do
homem1. Homens e até mesmo povos inteiros ao seguirem seus próprios desígnios, por vezes
discordantes entre si, seguem o "fio condutor" da intenção da natureza2. Não haveria meios de
detecção de um propósito racional particular, restando buscar desvendar a intenção da natureza,
ao que Kant se propõe, oferecendo e discutindo nove proposições, que, por nossa vez,
apresentaremos, brevemente, a seguir. Daremos enfoque especial às questões relacionadas ao
tema do cosmopolitismo, que neste trabalho é nosso interesse precípuo, como dito
anteriormente.
1
KANT, I. Ideia de uma história universal com um propósito cosmopolita. Tradução de Artur Morão. Lisboa:
[s/l], [s/d] (1784), p. 3.
2
Ibid, p. 4.
3
Ibid, p. 5.
4
Ibid, pp. 5-7, passim.
2
que a história humana é a história da execução do plano oculto da Natureza, que é o
estabelecimento de uma constituição estatal que interna e externamente seja totalmente justa e
permita o desenvolvimento de todas as disposições naturais humanas.5
Por fim, a nona, e última, proposição diz que um ensaio filosófico que se proponha
a tratar sobre a história segundo o plano da Natureza não somente é possível como incentiva o
desenvolvimento desse plano, já que mostra aos homens a evolução desde o passado à época
coetânea e presta alento em relação ao futuro, que promete maior evolução, que deve se dar no
sentido de que se estabeleçam as estruturas que aqui citamos.6
As ações humanas não estão submetidas a essa teleologia, mas ao mesmo não estão
completamente livres dela. A observação da Natureza pelo homem com o uso da razão leva â
percepção de que há uma teleologia nesta. O homem, porém, é livre para agir como desejar.
Acaba agindo de acordo com uma teleologia própria, projetando seus objetivos. Sem a
liberdade da vontade não haveria moral ou ética e o engajamento individual voluntário, como
primeiro passo da formação da sociedade, ficaria comprometido, pois é por uma razão moral
que se dá tal engajamento, além de outros fatores acima mencionados. De igual forma é
livremente que os povos se juntariam em uma federação.
Em A Paz perpétua esse filósofo afirma que armistício não é paz, porque a qulquer
momento novas guerras podem ser iniciadas e a ocupação com a guerra impede o
desenvolvimento das disposições naturais. Ele propõe um modelo de paz que seria eterna. Essa
paz não pode ser fundada no Estado, que deseja usar a ferramenta que nesse momento a guerra
é para o seu crescimento. Há uma lenta substituição de exércitos estatais por um exército
internacional e nenhuma dívida externa deve ser contraída pelos Estados em prol da guerra. Se
o belicismo não for travado de alguma forma o que há é o domínio de umas nações, mais
5
Ibid, pp. 7-17, passim.
6
Ibid, pp. 17-19, passim.
3
fracas, por outras, mais fortes. Além de provocar problemas para a população interna, isto
geraria um efeito em cadeia em relação aos vizinhos, que, observando outro Estado
geograficamente próximo se armar, vão fazê-lo também para se proteger de eventuais ataques.
É necessário que haja um engajamento interno antes de mais nada, de adesão voluntária. Em
um primeiro momento haveria uma liga de nações, de adesão voluntária e, vez que todas as
nações tenham aderido a tal liga, a formação de uma federação.7
Referências bibliográficas
KANT, I. A paz perpétua: um projecto filosófico. Tradução de Artur Morão. Lisboa: [s/l], [s/d]
(1795).
KANT, I. Ideia de uma história universal com um propósito cosmopolita. Tradução de Artur
Morão. Lisboa: [s/l], [s/d] (1784).
7
KANT, I. A paz perpétua: um projecto filosófico. Tradução de Artur Morão. Lisboa: [s/l], [s/d] (1795), passim.
4