Autor: Estevan Rodrigues Vilhena de Alcântara - Professor de História na Escola Estadual Professor Morais
Tema: COLONIZAÇÃO DA AMERICA PORTUGUESA E REVOLTAS COLONIAIS
Colonização da América Portuguesa
A administração colonial
A coroa portuguesa não tinha como objetivo a colonização do Brasil,
Cabral desviou-se de sua rota para as Índias com intuito de tomar posse da nova
terra, conseguida através do Tratado de Tordesilhas, e assim afirmar que
pertenciam à Portugal. O objetivo principal da viagem de Pedro Álvares Cabral e
suas 13 Naus, eram atingir as Índias pelo caminho recém descoberto por Vasco da
Gama e estabelecer o comércio das especiarias, tirando assim o monopólio
árabe/italiano.
A afirmação de posse aconteceu em 22 de abril de 1500, fatídico
"Descobrimento do Brasil", contudo a colonização só começou a ser feita a partir
de 1530. Os primeiros passos ocorridos entre os anos de 1500 a 1530 para a
colonização foram as feitorias, armazéns fortificados onde guardavam a madeira
e outros artigos que eram negociados através do escambo com os nativos.
Somente por volta de 1530 , que Portugal resolveu efetivar a colonização
e começar a usar a terra com plantio da cana de açúcar, gerando lucros para a
metrópole. A coroa portuguesa para controlar o território delimitado pelo
Tratado de Tordesilhas, criou as Capitanias Hereditárias (do norte para o sul:
Maranhão 1º e 2º lotes, Ceara, Rio Grande, Itamaracá, Pernambuco, Bahia de
Todos os Santos, Ilhéus, Porto Seguro, Espírito Santo, São Tomé, São Vicente 2º
Quinhão, Santo Amaro, São Vicente 1º Quinhão e Santana). Concedendo a posse
da terra através da Carta de Doação, já o que delimitava os direitos e deveres dos
capitães donatários, formado pela pequena nobreza, burocratas e comerciantes
ligados a coroa, era o Floral, documento que ditava o direito de fundar vilas,
exercer a justiça, doar sesmarias, construir engenhos e cobrar impostos reais.
Contrario aos espanhóis, a coroa portuguesa concedeu o direito de apresar e
escravizar os índios.
Contudo, as capitanias hereditárias não conseguiram se manter, por falta
de estruturas, mas São Vicente e Pernambuco, que com o plantio de cana de
açúcar conseguiram estruturar e se manterem. Essa tentativa falha de
colonização forçou a coroa a instalar o governo-geral com a Capital em Salvador,
para melhor administrar a colônia.
A economia colonial
A coroa portuguesa escolheu em 1530 que seria a produção do açúcar o
principal artigo da colônia, por ter aqui um clima propicio para o plantio e por
gerar mais lucros.
Toda produção era feita no engenhos, conjunto de instalações utilizadas
para o processamento da cana, e usaram como método de plantio a Plantation.
Às margens da plantação da cana, haviam a produção de algodão e tabaco, além
da extração das "Drogas do Sertão", como cacau, baunilha, canela, cravo e resinas
aromáticas. A pecuária foi interiorizada, sendo proibida a criação de animais em
uma litorânea de 80 km.
A mão de obra escrava
O uso da mão de obra indígena de forma escrava não suprimia a
necessidade e eram protegidos pelos jesuítas, isso favoreceu o início do comércio
de escravos de origem africana. Onúmero de africanos vindo com escravos
ultrapassa e muito a casa dos 3 milhões.
Nas lavouras, escravos de origem angolana e moçambicana, foram
despatriados e inseridos na sociedade colonial por necessidade de uma mão de
obra eficaz e "submissa", para a produção de cana de açúcar e outros produtos
agrícolas.
Nas minas de ouro, uma mão de obra mais especializada foi utilizada,
escravos africanos de origem ganense, os "minas", possuíam o conhecimento na
extração e transformação de metais, e foram muito requisitados no século XVIII.
A mineração na colônia
Após as perdas de Portugal ocorridas pela União Ibérica, a coroa
estimulou através das "entradas", expedições partindo do litoral para explorar o
interior, apresar índios, procurar minas e defender o território de invasores
estrangeiros e indígenas revoltosos, e das "bandeiras", expedições armadas indo
ao sertão para apresar índios para trabalhar e para prospecção, com intuito de
encontrar jazidas de pedras e metais preciosos, a exploração do interior do
território para expansão de lucros para metrópole. Foi durantes estas expedições
que foram encontradas a princípio o ouro de aluvião.
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A descoberta do ouro no final do século XVII, gerou um afluxo
populacional para a região de Minas Gerais. Muitos trouxeram da África escravos
especializados, com conhecimento em extração e transformação dos metais. A
coroa sem perder tempo, começou a controlar esta produção aurífera desde o
início de sua extração. Criou a Intendência das Minas para fiscalizar as áreas de
mineração e cobrança de tributos. No início do século XVIII, fundaram a Vila Real
do Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo (Mariana), Vila Rica de Albuquerque
(Ouro Preto) e Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará (Sabará), além
da criação da Capitania de Minas Gerais.
A coroa portuguesa estabeleceu formas de arrecadação de tributos no
decorrer do tempo. O “quinto" (20%) foi um dos primeiros; a Casa de Fundição
onde todo ouro deveria ser levado a ela para separar o quinto, depois fundir e
transformar em lingotes com o selo real; e o sistema de capitação, onde se
cobrava o imposto sobre o número de escravo. Em 1750, o governo geral revogou
as cobranças do quinto e da captação, mas decretou uma cobrança anual, onde a
Capitania de Minas Gerais deveria pagar 100 arrobas de ouro anualmente, o que
equivaleria a 1500 quilogramas de ouro por ano.
O auge da mineração foi entre os anos de 1733 e 1759, iniciando seu
declínio por volta de 1750, até a exaustão das minas no fim do século XVIII.
Alguns estudos mostram que foram retirados aproximadamente 175 toneladas de
ouro na América portuguesa, só no século XVIII.
A Igreja Católica na vida colonial
Na América portuguesa, a relação entre sacerdotes e autoridades
administrativas revelava certa harmonia, mas também apresentava alguns
conflitos. Cabia ao governo administrar a colônia, decidindo, por exemplo, as
formas de ocupação, povoamento e produção econômica. Já os religiosos eram
encarregados de ensinar a obediência a Deus e ao rei, defendendo o trono a
partir do altar.
O governo de Portugal e a Igreja estavam ligados pelo padroado, segundo
este acordo a coroa deveria aumentar o número de fieis nas terras conquistadas,
construir e preservar igrejas e pagar os sacerdotes por seu trabalho, em contra
partida, podiam nomear bispos, criar dioceses e recolher o dízimo dos fieis para a
Igreja. Com o primeiro governo geral do Brasil vieram os jesuítas, vanguarda da
Igreja com a missão de catequizar os índios, convertendo-os ao catolicismo. A
América era vista por esses religiosos como um lugar muito diferente: os nativos
andavam nus, praticavam a poligamia e a antropofagia. Para transmitir os valores
cristãos, os jesuítas reuniam os indígenas em aldeamentos, destruindo sua
organização tradicional.
Para combater o que chamavam de "crimes contra as verdades da fé
cristã", autoridades da Igreja e Coroa mandaram para a América representantes
do Tribunal da Inquisição. Esses representantes faziam as chamadas visitações,
sessões que interrogavam as pessoas acusadas de "crimes contra a fé", como
praticar feitiçaria, curas, pronunciar blasfêmias, dedicar-se a prostituição e
homossexualidade, etc. Além de cristãos novos e protestantes, colonos cristãos,
homens e mulheres livres e escravos, foram perseguidos.
Revoltas Coloniais
Revolta dos Beckman (1684 - 1685)
O Maranhão sofria grave crise econômica e os produtores de açúcar não
possuíam recursos para comprar escravos africanos. Em busca da mão de obra, os
senhores invadiram os aldeamentos jesuíticos e capturaram os índios.
Para resolver o problema, entre os senhores de engenho e os jesuítas, a
coroa portuguesa criou a Companhia Geral de Comércio do Maranhão,
comprometendo a trazer 500 escravos africanos por ano. Esse acordo não foi
cumprido. Os senhores de engenho liderados por Manuel e Tomás Beckman, se
rebelaram tomando o governo do Maranhão. A coroa nomeou outro governador
que acabou com a rebelião, enforcando os lideres da revolta.
Guerra dos Mascates (1709 - 1710)
Recife durante o período da Invasão Holandesa, se tornou sede
administrativa e recebeu fortes investimentos. Os senhores de engenho de Olinda
estavam se endividando junto aos comerciantes recifenses (mascates) devido à
queda do preço do açúcar.
A rivalidade entre as duas localidades se agravou com a elevação de
Recife a vila. Os "pés-rapados" (senhores de engenho de Olinda) não
concordaram e se revoltaram e invadiram Recife. A coroa portuguesa interviu no
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conflito, prendeu os lideres (degredando alguns para a Índia) e confiscou os bens
dos revoltados, contudo anistiou a dívida dos senhores de engenho.
Guerra dos Emboabas (1708 - 1709)
Os bandeirantes paulistas encontraram ouro em suas investidas no sertão
do Brasil, por ter encontrado o ouro, requisitavam o direito de minerá-lo.
Contudo, diversos colonos de outras capitanias e reinóis (emboabas) se
deslocaram para a região e minerar o ouro. Os paulistas pediram a coroa
portuguesa que somente os habitantes da capitania de São Vicente recebessem
esse direito, mas o pedido não é aceito.
Estoura a revolta na região, emboabas e paulistas partem para o
confronto. Após alguns conflitos os emboabas expulsam os paulistas da região. A
coroa portuguesa cria as Capitanias de São Paulo e das Minas do Ouro,
concedendo as lavras aos dois lados. Alguns paulistas se mudaram e investiram
para outras áreas, abrindo frentes de colonização para o Centro-Oeste.
Revolta de Vila Rica (1720)
Os proprietários de lavras reagiram contra a criação das Casas de
Fundição. Estas casas facilitavam a cobrança de impostos, mas dificultavam a
circulação de ouro dentro da capitania. Cerca de 2 mil revoltosos, comandado
pelo português Felipe dos Santos, conquistaram a cidade. Os revoltosos exigiam
que o governador da capitania de Minas Gerais, Conde de Assumar, suspendesse
a instalação das Casas de Fundição e reduzisse os impostos.
Apanhado de surpresa, o governador fingiu aceitar as exigências e
prometeu não instalar as Casas de Fundição. Com isso, ganhou tempo para
organizar suas tropas e reagir à revolta. Pouco depois, os líderes foram presos e
Felipe dos Santos, condenado à morte. Enforcado e esquartejado em julho de
1920, teve seu corpo exposto em praça pública.
Os movimentos separatistas
Influenciados pelos ideais iluministas, Independências dos Estados Unidos
e do Haiti, e Revolução Francesa, alguns movimentos separatistas eclodiram na
colônia portuguesa, os principais foram a Conjuração/Inconfidência Mineira e
Baiana.
Inconfidência Mineira
Esta aconteceu no fim do século XVIII, no ano de 1789. Os excessos
cometidos pelas autoridades portuguesas, o decreto da cobrança da derrama, as
ideias trazidas da Europa e a revolta colonial que gerou a Independência dos
Estados Unidos, inflamaram o levante.
Perante a isso o grupo que continha, Joaquim José da Silva Xavier, o
Tiradentes; José de Oliveira Rolim, Padre Rolim; Domingos de Abreu, Coronel;
Joaquim Silvério dos Reis, coronel (aquele que delatou a conjuração); Cláudio
Manuel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antonio Gonzaga,
poetas; dentre outros mais, estabeleceram um plano para um levante com o
objetivo de criar um estado independente com governo republicano, criar a
universidade em Vila Rica, criar industrias e estabelecer a capital em São João Del-
Rei, alem disso, adotariam uma bandeira com os dizeres: "libertas quae sera
tamen" (liberdade antes que tardia).
Delatados, a conjuração não chegou a se concretizar como queria seus
participantes, foram presos e julgados. Tiradentes o único que foi condenado a
morte, sendo enforcado e esquartejado em 4 partes, sendo exposta sua cabeça
no Rio de Janeiro, e o restante no caminho até Vila Rica. Os outros membros
foram punidos com o degredo.
Inconfidência Baiana
Aconteceu no ano de 1798. Diferente da Mineira, os envolvidos na
liderança eram das camadas mais pobres. Conhecida como Revolta dos Alfaiates,
por dois de seus lideres, João de Deus do Nascimento e Manoel Faustino dos
Santos Lira, eram alfaiates.
O levante foi influenciado pela Revolução Francesa e a Independência do
Haiti. Tinham como principio as ideias de liberdade, fraternidade, igualdade e
república. Princípios estes expostos nos muros da cidade de Salvador. Foram
descobertos e presos, e em novembro de 1799 enforcados em praça pública.
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