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porque perdoar o outro é para menininhas


e pedir perdão é atitude de gigantes!

Daniel Santana
SOBRE O AUTOR
Nascido em 1981, enfrentou suas
dificuldades iniciais logo na
gestação de sua mãe. Não se
contentou com a possibilidade de
não nascer e tomou a decisão de
vencer a primeira grande batalha
da vida: nascer! Cresceu na
companhia de outros quatro
guerreiros de muita personalidade
que muito o ensinaram sobre o
amor, brios, dedicação, união,
companheirismo, poder de decisão,
autoconfiança e aos 20 anos,
resolveu buscar novos horizontes.

Como percebeu que a faculdade da vida ensina muito mais do que


bancos da escola, pósgraduou-se na arte de fugir das universidades
onde esteve. Sempre com um objetivo maior do que o de sobreviver e
enriquecer, se dedicou a viver muito bem cada um dos dias de sua
jornada.

Autodidata desde os primeiros dias de vida, sempre guardou para si o


controle e o poder de ser feliz e acima de tudo, o controle sobre sua
carreira.

Observador nato, dedicou-se ao grande poder da autoanálise e na


maior parte de seu tempo buscou respostas para sua existência.

Por conta disso, foi profissionalmente bem sucedido e aos 28 anos de


idade, largou a carreira para poder ajudar o mundo a ser um lugar
melhor.

“Quem não sabe o que quer, não chega a lugar nenhum!”

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ÍNDICE

SOBRE O AUTOR.................................................................................................................................................... 2
PREFÁCIO................................................................................................................................................................. 4
A VIDA ....................................................................................................................................................................... 5
O COMEÇO DE TUDO ........................................................................................................................................... 6
AUTOCONHECIMENTO..................................................................................................................................... 10
A PÍLULA VERMELHA ....................................................................................................................................... 17
PERDOAR OU AGRADECER? .......................................................................................................................... 22
LEI DA ATRAÇÃO TAMBÉM É PARA MENININHAS.............................................................................. 30
PADRÃO REPETITIVO ....................................................................................................................................... 31
O CASTELO IMAGINÁRIO ................................................................................................................................ 35
A SURDEZ NAS DISCUSSÕES .......................................................................................................................... 40
SAINDO DO AUTOMÁTICO .............................................................................................................................. 42
PRÉ-OCUPAÇÃO .................................................................................................................................................. 44
VIVER O PRESENTE ........................................................................................................................................... 47
AMOR, A LEI UNIVERSAL ................................................................................................................................ 50
SONHOS................................................................................................................................................................... 52
A INFÂNCIA PERDIDA....................................................................................................................................... 54
AS MÁSCARAS DO DIA A DIA ......................................................................................................................... 57
A FELICIDADE EXISTE MESMO?................................................................................................................... 60
VOCÊ SE ALIMENTA DO QUE? ....................................................................................................................... 66
SAIA DO PADRÃO................................................................................................................................................ 71
O TEMPO................................................................................................................................................................. 73
AS PEDRAS QUE CARREGAMOS.................................................................................................................... 75
JAMAIS DESISTA DOS SEUS SONHOS ......................................................................................................... 79
CONTEMPLAR OS ERROS ................................................................................................................................ 89
SOU MEU MELHOR ADVERSÁRIO ................................................................................................................ 92
INTUIÇÃO... ESCUTE SEU CORAÇÃO! .......................................................................................................... 94

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PREFACIO
Dedico esse livro a todas as pessoas que me ajudaram ao longo da jornada
que venho percorrendo até aqui. O agradecimento vai ao médico que me
ajudou a nascer, meus professores do colégio e faculdades, amigos, colegas,
namoradas, família e principalmente aos agora aposentados inimigos. Cada
um me ensinou uma pequena parcela do que sou, enquanto minha
incessante busca pela felicidade acontecia. Todos os que passaram pelo meu
caminho deixaram suas marcas e me ensinaram a não desistir nunca e
jamais me importar com os obstáculos, pois, transformados, se tornam um
grande degrau para ir mais adiante. Uma dedicação especial também é feita
ao meu grande irmão e guerreiro Axel, que revisou e auxiliou na construção
desse trabalho.

Também dedico esse livro às novas amizades que foram e serão feitas por
conta do meu desejo de ajudar o mundo a ser um lugar melhor. Entendo hoje
o que a vida quis me dizer, quando me falou que para que eu aprendesse
mais era preciso ajudar mais. Na época tinha uma consciência de que o que a
vida manda é o melhor para nós, mas hoje tenho muito mais confiança nela.

E esse é o objetivo do livro. Sempre digo que o ser humano quer ganhar
sempre. E qual o seu ganho se você entender e praticar o que compartilho
gratuitamente?

Você passa a ter uma vida mais fácil!

Olhando por um lado bem simples e pouco importando as crenças religiosas


que possuímos, nossa vida nesse corpo é bem curta (média de 70 anos) e
sendo assim, que nossa existência valha (e muito) a pena!

Por isso me dedico ao máximo para maximizar o tempo que passo feliz e
minimizar os períodos de tristeza. Se alguém me roubou, por exemplo, não
darei a essa pessoa o meu precioso tempo.

E como não fazer isso? Livrando-nos da ofensa e aceitando o outro do jeito


que ele é e não do jeito que gostaríamos que fosse (AMOR INCONDICIONAL).
O que aconteceu não volta atrás e só vai passar quando resolvermos que
nosso tempo é muito mais valioso do que qualquer tristeza, depressão,
rancor, raiva, etc.

Sendo assim, esse livro não foi escrito para os que tem plena consciência de
que sua vida está perfeita e que o estilo de vida que levam “jamais” irá

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mudar. Para esses talvez não seja a hora e o melhor seria voltar mais tarde
em busca de entendimento, afinal, já levam uma boa vida.

Quem está disposto a sair do padrão e sente que a natureza (incluindo o ser
humano) está mudando e buscam um sentido para a vida, encontrarão aqui
algumas lembranças e dicas que me ajudaram e ajudam muito ao longo da
minha vida. Apertem os sintos e aproveitem a viagem.

Enfrentaremos algumas turbulências! Em caso de despressurização da


cabine, máscaras de oxigênio cairão sobre seu colo. No final, conecte-se com
o amor que é o que mais existe no planeta: da fruta que nos alimenta ao sol
que nos esquenta!

O objetivo é, de forma simples e divertida, compartilhar alguns pontos de


vista diferentes para o que nos acontece diariamente. Acredito, de verdade,
que um honesto sorriso quebra a mais fechada cara feia e que um forte e
sincero abraço fortalece os laços de uma verdadeira amizade.

A idéia desse livro não é a de levar ninguém para meditação. Também não
vendo nenhum produto “revolucionário” ou algo do gênero. Aqui o intento é
tão simples quanto um bate papo de crianças: observe-se mais. Tente
encontrar a origem de seus problemas, desejos e pensamentos. Existe muito
mais dentro de nós do que nós mesmos acreditamos.

E para isso, não é necessário que mudemos nossas crenças religiosas,


esportes, práticas por diversão nem nada do gênero. Continue fazendo o que
faz diariamente, mas com uma consciência de quem também se auto-
observa.

O principal de tudo? Saia do automático! Esqueça aquela coisa de “poxa,


nem percebi que estava fazendo tal coisa” e se permita um sentir um pouco
maior.

Sendo assim, sorria, abrace, beije, cante e dance. Faça a sua existência valer a
pena e no final de sua jornada, grite com alegria o quanto foi bom ter
nascido, obrigado vida, por ter me criado da forma que sou!

A VIDA
Muito falo nesse livro sobre “A Vida”. Mas do que é que estou falando?

A vida é o que quer que acredite que te criou. Pouco importa aqui no livro se
é Deus, Universo, Pluriverso, Darwin ou qualquer outra crença que possua.

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A idéia é simples: em nossos dedos existe a prova de que existe alguma coisa
que coordena tudo. Suas digitais, segundo os cientistas, não se repetiram e
não se repetirão!

Também não se repetem: as riscas das zebras, pintas dos dálmatas,


desenhos dos tigres e muito mais, apenas para dar alguns exemplos. Só
posso não repetir algo que sei que foi feito anteriormente. Então tem alguma
coisa que armazena tudo isso.

Para que algo do tipo aconteça, existe uma sabedoria que determina que a
sua digital seria utilizada no momento de seu nascimento e não no do sujeito
que ganhou vida no outro lado do planeta. Sendo assim, para piorar, além de
saber o que já foi feito, existe uma conexão que independe da família.

A maior parte das pessoas também acredita que não existem coincidências.
Ent~o para mim a “Vida” é isso! S~o os arquitetos que dizem que agora é a
hora de conhecermos uma nova pessoa ou um lugar novo. Ela comanda
aquele nosso desejo interior de abrirmos ou fecharmos um novo livro e a
vontade de experimentarmos um prato novo.

Mas novamente repito. Pouco importa, para o que trago nesse livro, se você
acredita em Deus ou em Darwin, se você aceitar que existe realmente
alguma sabedoria que coordena os acontecimentos do Planeta.

Caso não concorde e acredite em situações aleatórias e desincronizadas,


feche o livro porque não vai conseguir tirar nada de proveito e ainda vai
ficar me enviando energias de crítica sobre tudo com que não concordará.

“A Vida está aí coordenando tudo, não percebe quem não quer vê-la!”

O COMEÇO DE TUDO
Tudo começou com um livro que li em abril de 2010, que fala sobre o amor,
vida alienígena, dimensões e um pouco mais. O livro (Ami, o Menino das
Estrelas), enviado por um amigo, não foi lido logo de cara. Talvez eu não
estivesse pronto para o conhecimento nele contido. O fato é que quando o
recebi, não dei a mínima e acabei me esquecendo. Antes de iniciar a leitura,
não fazia idéia que a sabedoria ali contida viraria minha vida pelo avesso.

Algum tempo se passou e meu computador começou a dar problemas.


Resolvi que iria reinstalar todos os programas e para isso, iniciei o backup
(cópia de segurança) dos arquivos e, quando cheguei na pasta “arquivos
recebidos” do comunicador que utilizo, o título chamou minha atenção. Abri
e novamente não me interessei muito.
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Era a história de uma criança de 9 anos que fez contato com extraterrestres.
Mesmo sem me interessar muito, tive uma intuição de olhar um pouco mais
e acabei passando algumas páginas para ver o que continha. Logo de cara vi
um trecho extraído da Bíblia. Era um texto de Isaías.

Naquele momento pensei: “Melhor eu dar mais atenção a este livro porque
uma criança não sai por aí falando da Bíblia, menos ainda Isaías”. Ao término
da leitura, me lembrei de algum ensinamento que falava para não julgar o
livro pela capa e entendi que uma nova fase de minha vida se iniciava ali.

Este momento de julgar o conteúdo pela capa me lembrou muito a minha


infância. Não tive a melhor das infâncias e nem a melhor das juventudes.
Cometi v|rios “erros” e a única coisa que sonhava era que as pessoas me
compreendessem, mas sempre era “julgado” pela capa.

Com o passar dos anos, por não ser compreendido, me moldei ao padrão da
sociedade e mesmo tendo muitos amigos, mulheres, dinheiro e diversão, não
me sentia nem completo e menos ainda entendido. Apesar de ser bem
recebido na maior parte dos lugares que me colocava, percebia que não fazia
parte deste padrão que a sociedade prega como o melhor.

Na época, morava num lugar que muitos sonham, tinha tudo o que queria,
vivia da diversão e estava empregado numa empresa que sustentava minha
vida automática. Mesmo com tudo isso, não era o suficiente e me sentia
incompleto. Foi quando, certa vez, numa rave, tudo começou a mudar.

Estava na beira do palco, vendo um show de uma banda que me agradava na


época e na letra de uma das músicas escutei “know your power animal”
(conheça seu animal de poder). Na hora me lembrei de um filme (Clube da
Luta) que havia visto uns anos antes, em que, em uma passagem o ator
principal, perdido na vida, chega até uma meditação onde uma atriz fala
exatamente a mesma coisa.

Ao escutar a frase, pensei “isto existe” – pior é que era uma música que
escutava sempre, mas nunca tinha percebido a mensagem! Fui embora sem
pensar duas vezes e, ao chegar em casa, saí pesquisando o assunto.

Após a pesquisa, compreendi que, segundo os índios, nascemos com pelo


menos cinco animais de força e que eles ditam os nossos dons (cura,
paciência, concentração, etc.). Encantado com a possibilidade de me
conhecer mais, fui a um lugar indicado por um amigo.

Me joguei de cabeça no mundo xamânico e conforme entendia meus “dons”,


também me deparava com meus defeitos principais. No começo não notei

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que estava meditando quando me sentava, relaxava e escutava as músicas
que me guiavam até meus animais de poder. Provavelmente se tivesse
percebido isto antes, eu pensaria: “O que? Eu, meditar? Deixa isso para lá.
Melhor ir para alguma balada dançar e conquistar alguma gata”.

Ponto para o que guia nossa intuição! Me pegou sem que notasse, como em
tantas outras vezes em minha vida.

Essa é uma das características principais da meditação. Como o artigo, não


se trata de espirtualidade. Não importa se você acredita que possui um
espírito ou se as mensagens que recebemos nos sonhos, por exemplo, são
passadas por nosso subconsciente. Em todo caso, quando em estado de
meditação, o que quer que seja, nos mostra onde estamos tropeçando na
vida, como podemos mudar e qual a consequência desta correção na
postura. É um verdadeiro “sonhar acordado” para melhor nos conhecermos.

Quando fazemos isso, ocorre uma naturação ampliação da consciência, a


partir do momento em que passamos a refletir sobre nossas ações. Isto é
uma das coisas que sinto que mais faz falta no dia-a-dia do ser humano.
Passamos tanto tempo pensando em contas, em como resolver certos
problemas e em como somos vítimas dos acontecimentos ruins, que
acabamos não refletindo que aquilo tudo que acontece é para nosso próprio
bem e que somos os culpados por tudo que nos cerca.

Essa é a parte mais dolorosa da vida: quando descobrimos que tudo que
vivemos foi criado e atraído por nós mesmos.

Pior é quando temos consciência de que tudo de ruim que nos cerca foi
atraído por nós mesmos, para nosso próprio bem, mas não fazemos nada
para melhorar nosso dia. É muito mais fácil aguardar que Deus (sempre
muito consultado e questionado em nossas horas difíceis), venha e faça um
de seus grandes milagres ou até pior, culparmos alguém pelos desastres de
nossa vida.

Com o passar do tempo, fui me conscientizando dos meus defeitos e passei a


corrigí-los. Ainda possuo muitos, que procuro alinhar no dia-a-dia. É como
um amigo falou certa vez: “Sou pior do que amanhã e melhor do que ontem!”
Mas o melhor fato é que, conforme corrigia as falhas, obtinha a compreensão
da importância dos acontecimentos do passado.

Por me interessar pelo assunto, passei a estudar diversas culturas ancestrais


(desde os xamãs até os monges tibetanos) e entendi que a meditação não é
nada mais do que uma grande viagem ao nosso interior. Esta jornada nos
leva ao destino final, o famoso autoconhecimento.
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Mais uma vez digo que para ler esse livro não importam nossas crenças.
Tanto faz se para você o sonho é apenas uma mensagem do subconsciente
ou algo que vem do Divino. A meditação nos apresenta a possibilidade de
“sonharmos” acordados, conscientes de tudo que vemos para pintarmos um
novo quadro com a imagem do que desejamos ver no dia de amanhã.

Em meditação passamos a ter consciência, por exemplo, que alguma coisa


“feia” que nos aparece, nada mais é do que algo que está em nós e que
precisa ser mudado para nos sentirmos melhor. Um exemplo que tenho foi
quando me vi “no futuro”, rico, dentro de um gigantesco apartamento, bem
vestido, com uma mulher linda na minha frente e vazio por dentro.

Era como se a única coisa que sustentava a minha vida fosse o dinheiro. Ao
ver isso, tive a certeza de que estava tomando o caminho errado e resolvi
mudar o rumo.

Dinheiro? Bens materiais?

Poxa, que legal, não é mesmo? Melhor ainda quando vem de montão! O lado
ruim é que eu era vazio!

Pensei na época: “É isto mesmo que desejo para minha vida?”

Uma das melhores coisas da vida é que podemos mudar o caminho e


enfrentar novas dificuldades a cada instante. Mas nos apegamos à rotina que
levamos porque é mais fácil culparmos alguém ou algum acontecimento a
arregaçarmos as mangas e reescrevermos nossa história.

Como esse não é meu estilo de vida, resolvi mudar e cá estou,


compartilhando gratuitamente o que aprendi com pessoas que talvez
estejam dispostas a criar um novo planeta, com mais respeito, dignidade e
amor, com valores sentimentais e não apenas materiais.

E você? O que procura?

E o que está buscando, te aproxima ou te distancia das pessoas que você


mais ama?

E aí está, como disse, um livro gratuito em que compartilho algumas das


minhas verdades. A idéia é que você abra sua consciência para sair buscando
as suas próprias.

Mas não leve nada do que está aqui a sério demais! Creio que a única coisa
que deveríamos levar realmente a sério é nossa evolução e que o resto se
resuma a nos divertimos como crianças que ainda somos.

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AUTOCONHECIMENTO
A compreensão e ampliação da consciência traz o que muitos já ouviram
falar: autoconhecimento.

Lembro-me certa vez, na infância, com uns 4 ou 5 anos, em que estava


parado na frente do espelho e comecei a me observar. Movia os dedos, as
mãos, os pés, enfim, o corpo inteiro e comecei a perguntar: “Quem sou eu?”;
“O que estou fazendo neste corpo?”; “Será que as outras pessoas, em seus
corpos, sentem as mesmas coisas que eu?”. Isso ocorreu várias vezes naquela
época e me questionava porque eu tinha sido “inventado” e qual o propósito
de minha vida.

Independente de crenças, acredito que todos nós passamos por algo


semelhante. Na infância, olhar para os amiguinhos da escola e pensar “acho
que não sou daqui” n~o deve ser novidade para ninguém.

Assim como aconteceu com muita gente, em determinado momento,


“viciado” demais na vida capitalista, em competições, ego, sexo, desejo de
possuir o máximo possível, larguei esses questionamentos e parti para a
busca de garantir minha “segurança” e prazer com bens materiais.

Como minha base espiritual não foi das mais fortes, para mim era aquela
coisa básica de nascer, crescer, se reproduzir, envelhecer e morrer. Mas
queria algo mais, sentia que tinha muito mais guardado para mim. Apesar de
na infância ter questionado tanto, no colegial “adormeci”.

Caí no mundo da “ilusão” e no sonho americano e lá fiquei, por muitos anos,


vivendo uma vida que não era minha.

Como a vida não alivia para os que estão dormindo, tomei um grande
chacoalhão logo na primeira meditação. Para evitar que o livro tome o
caminho de crenças espirituais, vou pular as coisas que vi e deixar para uma
outra oportunidade, quando o foco for divindades e crenças.

Por hora, basta dizer que fui acordado gradualmente e, com o tempo, as
dúvidas foram sendo substituídas por compreensão de porquês.

Claro que também vale lembrar que cada vez que uma pergunta era
respondida, milhares de novas surgiam. Mas a vida é assim mesmo. Nunca
saberemos tudo. 

Antes do início na jornada da meditação, via a vida como injusta porque, por
mais que eu tentasse algumas coisas, notava ainda que as pessoas não
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entendiam minhas atitudes. Certa vez até cheguei a me questionar se valia a
pena ajudar as pessoas, pois sempre que tentava, alguma coisa ruim
acontecia comigo. Um exemplo foi certa vez que, enquanto chovia, ajudei um
sujeito a empurrar o carro. Ao voltar para o carro, escorreguei e caí, me
ralando inteiro no asfalto.

Naquele momento pensei: “Tá vendo Daniel, vai e ajuda as pessoas. É isso que
dá!” Como meu ego estava crescendo, não parei para refletir que estava
ajudando uma pessoa que tinha duas crianças no carro dele. O que teria
acontecido se não o tivesse feito? Não parei para refletir que valeu
efetivamente os arranhões para que os filhos daquela pessoa pudessem
seguir seu caminho com saúde e segurança. Hoje, vejo que a beleza do meu
ato minimizou os poucos arranhões que ganhei naquele dia.

Mas o fato é que em diversas ocasiões esse tipo de coisa acontecia. Bastava
ajudar, para simplesmente alguma coisa ruim ocorrer. Hoje vejo as situações
“ruins” por dois ângulos diferentes: A primeira e mais lógica, é que sempre
acontecia um desastre porque eu me questionava se devia realmente ajudar.
A segunda era a vida me tirando do muro, tirando a dúvida desnecessária!
Para mim, ajudar deve ser feito de forma completa, sem perguntas. Auxilie
alguém e vire a página, passou.

De qualquer forma, naquele momento da minha vida ainda contava com


certos amigos que, pelas minhas costas, me apunhalavam. Para piorar tudo
em casa ninguém conseguia me entender.

Com o passar do tempo e, depois de diversas rasteiras da vida, entendi que


realmente cada um tem o que merece. Inicialmente, é duro de entender isto.
Acho que me treinei tanto no padrão “coitadinho e vítima”, que por muito
tempo era sempre essa coisa “Poxa vida, por que comigo?”

Uma coisa que nunca mudou foi o que mais gosto de fazer: aprender,
observar e me moldar às necessidades do momento. Então, desde criança
notava os padrões, me adequava às situações e seguia em frente. Por não ter
o entendimento dos porquês, às vezes gastava tempo demais com rancores,
planos de vingança e coisas do gênero. Tudo isso era sustentado por um ego
gigantesco, que me moldava (sem saber) como uma grande obra de arte.
Sim, meu ego era realmente uma coisa “especial” e me “protegeu” por muito
tempo.

Com a meditação e observando as consequências de um péssimo


acontecimento, certo dia me dei conta: o que quer que estejam fazendo
comigo, seja bom ou ruim, estão apenas me ensinando!

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Notei que o ladrão, que me leva alguns bens, me ensina o desapego material.
O relacionamento que não dava certo, me ensinava o que buscava, de
verdade, em uma mulher. Mas o que mais aprendi foi: como é que posso
esperar que as pessoas me entendam se nem eu mesmo me conheço?

Nisto entra o autoconhecimento como a principal chave da evolução. Não


importa se esta evolução é espiritual ou material, ao sabermos onde
devemos e queremos chegar, entendemos e aceitamos as
oportunidades e obstáculos que a vida nos apresenta e transformamos
o novo obstáculo em escada para chegarmos mais longe. Isso é
realmente importante!

Sendo assim, qual a finalidade dos obstáculos? A mim, nos tornar mais fortes
e nos preparar para a próxima aula. Observei então que os professores na
escola seguem o padrão da vida: não adianta tentar nos ensinar história, se
não sabemos nem o ABC! Também não adianta ir para o colégio se antes não
entendermos o valor da escrita – o que foi passado por nossos pais quando
nos liam história de dormir.

Na minha infância lembro do meu pai lendo jornal todo dia. Queria ser como
ele. Queria aprender para fazer o que ele fazia e saber um pouco de tudo
como ele sabe. Então gradativamente, até aprender a escrever e chegar
nesse livro, primeiro tive que pegar gosto pela coisa toda. Depois comecei a
ler tudo que via na frente, inclusive as placas que apareciam no caminho das
viagens. Depois descobrimos alguma matéria que chama mais nossa atenção
e seguimos evoluindo.

Assim como na escola, o que você fez quando a professora disse que estava
tudo errado? Simplesmente desistiu de aprender a ler e escrever ou se
esforçou um pouco mais? Se está lendo o livro é porque escolheu a segunda
opção. Então por que é que não nos esforçamos mais e mais na arte de
nos conhecermos e sermos felizes?

Para quem não acredita que o autoconhecimento seja algo realmente


importante, trago o entendimento de uma conversa que tive com um amigo,
que faz “jiu-jitsu”. Para ele se concentrar, me disse que foi indispensável
conhecer seus “animais interiores” para que estivesse totalmente focado no
momento da luta.

Com base nisso, logo compreendi o simples padrão de funcionamento da


vida. Sabe aquela coisa da Lei da Atração? Pois é! Se tirarmos a parte
comercial, hollywoodiana do filme (que me deu muito sono), ao nos
colocarmos à disposição da vida, ela se encarrega do restante.

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Foi isso que, observando minha jornada até aqui, notei. Quando queria as
gatinhas do colégio, a vida me apresentou várias. Quando entrei na fase das
baladas, tinha minha agenda livre para sair quando bem entendesse; na hora
que desejei conhecer o mundo subaquático, a vida me deu de presente uma
namorada dona de uma escola de mergulho e inúmeras oportunidades de
estar debaixo d’agua; quando quis saltar de para-quedas, meu instrutor de
mergulho, um cara multitarefas, que também dava aulas de paraquedismo.
Tudo que desejei a vida me ofereceu de enxurrada, assim como os desafios.
Mas antes não observava.

Ninguém é mais ou menos que ninguém. Muito menos eu. Apenas sempre
tive um objetivo de vida: ser feliz! Penso que, já que estou vivo, que então eu
viva de verdade, plena e intensamente e não simplesmente siga vivendo até
a hora da minha morte.

E aí olha que interessante. Quando alguma coisa “boa” acontecia comigo, era
minha conquista. Porém, se algo “ruim” acontecesse, assumia meu posto de
vítima e lembrava de Deus para questioná-Lo. Grande falsidade, não é
mesmo?

Reconhecer que a vida dava uma mão quando queria me divertir, foi fácil.
Mas para entender que a vida estava me trazendo situações ruins para meu
próprio bem me custou quase trinta anos. É muito mais fácil sermos vítimas
das coisas ruins e heróis conquistadores das boas.

Se olharmos um pouco mais para a vida e o que nos acontece de bom ou


ruim, podemos ir mais fundo e nos atentarmos ao objetivo intrínseco em
tudo. Como falei, a tal da Lei da Atração realmente funciona. Mas se tudo que
precisássemos fazer fosse simplesmente desejar para obter algo, não
teríamos gente passando fome, guerras ou morte. Se fosse assim, bastaria eu
mentalizar um prato de comida e uma boa companhia, que uma gatinha
apareceria, enrolada numa toalha, com um super sushi para me servir.

Se bastasse mentalizar coisas para que elas acontecessem, todos nós


seríamos gordos e não sairíamos de casa. Mas aí penso na complexidade
disso. Se todo mundo desejasse ser rico e ser servido, quem é que serviria?

Aí entra um ponto interessante. Desejar sem atitude não funciona! O sujeito


que escreveu a teoria da Lei da Atração está rico, não está? Bom, ele teve que
fazer a parte dele e escrever livros, gravar filmes, etc. Se quer muito alguma
coisa, mãos à obra, pois ela não virá até você flutuando. Se quero a gatinha e
o sushi, melhor eu ir lá falar com ela e escolher um bom restaurante.

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Mas estes questionamentos me deixavam confuso e, conforme fui
observando e entendendo o que estava por trás de tudo aquilo, vi que a vida
me ensinava mesmo quando desejava alguma coisa banal como as baladas.
No mergulho, por exemplo, aprendi a meditar. Como gostava de falar muito,
tinha que ficar de boca fechada enquanto debaixo d’agua, caso contr|rio n~o
respiraria. No paraquedismo aprendi a vencer meu maior medo: altura.
Apesar do medo, nutria um sonho gigantesco de saltar, sozinho! Lembro de
ter pensado: “Quem vencerá a batalha: o medo ou a vontade de saltar?”

Com as mulheres, também aprendi a deixar de ser tímido. Mais uma vez,
quem sairia vitorioso: o desejo de ir falar com a gata ou o receio de levar um
não? Hoje, com a timidez, não poderia sequer sonhar em sair por aí falando
para as pessoas que estamos destruindo nosso mundo, nossa casa.

Pior que tudo isso? Vejam a sabedoria da vida: enquanto eu curtia uma vida
sem sentido, aprendia o que era o amor. E se não tivesse saído tanto de
balada ou estado com tantas mulheres, como é que poderia falar de amor?
Por isso que digo que a arte de nos auto-observarmos é fundamental para a
felicidade. Se você não sabe porque faz alguma coisa, como é que vai
aprender o que busca? E acredite, não importa o que esteja fazendo da sua
vida, você busca alguma coisa, mesmo que inconscientemente.

Então foi aí que tudo fez sentido. Não basta desejar. Mesmo que almejando
algo e com atitude, indo atrás do que queremos, temos que estar atentos ao
que a vida nos deseja. Exemplo: Se a vida quer que eu aprenda o desapego
material, não faz muito sentido eu desejar ganhar na loteria. Ela não me dará
isto.

Nesse caso é muito importante observar o que a vida deseja para você. Lutar
contra ela é impossível. Felizmente, somos muito mais fracos que ela. Então
é bom que você e a vida estejam em harmonia, sen~o vai ser a “eterna”
guerra da infelicidade onde o mais fraco (nós) queremos lutar contra o que
comanda (a vida).

Mas eu queria mais e, com o passar do tempo, passei a observar os


acontecimentos por vários ângulos. Inicialmente pegava algo do passado
para entender a influência e conhecimento obtido.

Conforme fui praticando, comecei a fazer isto em tempo real. Claro que às
vezes é impossível saber a conclusão de uma atitude nossa ou de outrem
porque leva tempo até que tudo tenha se completado. Mas muita coisa dá
para entender no exato momento em que executamos alguma atividade, seja
ela boa ou ruim.

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Para fazer isso basta estarmos atentos e tentarmos ao máximo não nos
ofendermos com algum acontecimento porque, na realidade, ele será muito
proveitoso por algum motivo qualquer. Mas levamos um tempo excessivo
para nos darmos conta, porque gastamos um mega tempo tristes ou
ofendidos porque alguém nos fez mal.

Aqui é importante salientar que o nosso ego interfere (e muito) nestas


observações. Por conta da ofensa (coisa absolutamente racional), acabamos
não interpretando corretamente o acontecimento.

Vou dar um exemplo. Imagine que numa viagem qualquer você passe por um
país X, no meio do Oriente. Certo dia está numa festa e um cara te pede uma
gorjeta. Você dá a gorjeta e o cara simplesmente te dá um tapa e cospe na
sua cara.

Na hora você vai e arrebenta o sujeito. Pensa que deu pouco dinheiro e que
ele, mal agradecido, fez o que fez para te ofender. Passado algum tempo,
descobre que esta é a forma dos moradores desse país expressarem a
gratidão. Eu me sentiria um idiota.

Mas vamos imaginar que isso aconteça aqui mesmo, onde um tapa na cara e
um cuspe são sinônimos de falta de respeito. Aí meu jovem, o melhor é
repensar a sua atitude e entender que foram apenas gestos encontrados
para expressar a indignação. Mas nosso ego, que não quer ser ofendido de
forma alguma, simplesmente age por impulso e revida o ataque. Não ache
que devolver “ataques” com flores seja uma coisa f|cil. Mas começa aos
poucos, gradativamente, como aquele exemplo da escrita que falei
anteriormente: começa com o A-E-I-O-U.

Falar que nunca será assim cria barreiras mentais que te impedem de
evoluir. Por outro lado, se mentalizar que deseja ser mais paciente, a vida te
trará oportunidades de mostrar que quer mesmo melhorar.

Primeiro crie consciência e saiba que é possível, depois aplique nos


pequenos acontecimentos. Com o sujeito que não te deu bom dia; com o
outro que te fechou no trânsito; com o(a) namorado(a) que não te ligou e
assim por diante. Quando menos perceber, as pessoas simplesmente te
respeitarão, porque você a todos respeita.

O que compartilho nesse livro é justamente isso: o que tenho observado nas
consequências do que desejamos e os planos “secretos” dos “arquitetos da
vida”. Isto explica o título do livro. O que quer que tenha que aprender, a
vida me oferece os melhores mestres em tal matéria e você é um deles. Não
importa a atitude que tomarmos, aprenderemos alguma coisa.
15
Que tal viver assim também?

Quando passei a viver dessa forma, você e todo o restante do universo


deixou de ser meu amigo, minha namorada, meu chefe, minha chefe, meu
pai, minha mãe, meu inimigo, o sujeito que me derrubou da moto ou o ladrão
que me roubou e evoluiu para meu guru em algo que ainda não aprendi
muito bem e que, como a vida sabe nossas necessidades, nos colocou frente
a frente para que eu, então, possa evoluir.

E a recíproca é verdadeira. Seja pelas minhas qualidades ou defeitos, talvez


você aprenderá alguma coisa comigo. Claro, vai depender de você escutar e
reconhecer que somos nós mesmos quem criamos a vida que levamos.

Novamente volto a dizer: não importa de verdade no que você acredita. Para
o que venho compartilhar, não faz a menor diferença se você acredita em
Deus (o Pai, que é Amor puro ou o bravão que pune por termos falhado) ou
se acredita em Darwin e sua teoria da evolução.

O que trago aqui é a simplicidade de compartilhar o que meu “dom”, de


observar e interpretar os acontecimentos, tem me ensinado.

Por exemplo: alguém que saiba somar dois mais dois, ante uma pessoa que
não saiba nem o que são números, é um gênio neste ponto. Sendo assim,
você sabe muito mais do que eu em alguma ou muita coisa. E o que a vida faz
é simplesmente colocar as pessoas no nosso caminho. A nós resta apenas
estarmos atentos, tomarmos “notas” das lições e seguirmos adiante, sem
mágoas, rancores ou apegos.

Onde vamos chegar com todo esse conhecimento? Mais adiante neste livro
falo disso. Mas tudo é muito mais simples do que parece. Nós é quem somos
os grandes complicadores.

Como falei anteriormente, a grande dificuldade inicial é a de como sair do


padrão básico da ofensa a que estamos acostumados, para nos tornarmos
exímios observadores da vida e estarmos abertos a novas oportunidades.

Aqui vai um aviso. Se o livro não te interessou até esse momento,


interrompa a leitura. Já mostrei um pouco do que vou apresentar e pode ter
certeza, não mostrarei nada de complexo, crenças, dogmas ou algo do tipo.
Também não trago fontes que não a nossa própria vida.

Porém, de fato, serei bem direto ao afirmar que a grande maioria de nossa
sociedade faz o que nos mandam e não o que realmente desejamos. E o pior
de tudo é que aceitamos e, quando é tarde demais, pensamos: “Poxa, se eu
tivesse feito tal coisa a vida teria sido diferente!”
16
Se você vive uma vida diferente da que desejava na infância, saiba que se
tornou um escravo dos desejos dos outros. Nossa sociedade oferece um
monte de coisas que inicialmente são boas, mas na verdade não são. Veja o
que está acontecendo com o mundo inteiro e verá que da forma como está,
nos mataremos até que reste apenas um único ser humano, que sozinho,
verá o tempo passar, sem ter ninguém para amar ou brigar.

Antes que chegue a este ponto, pegue o controle da sua vida. É como
Morpheus afirma, no filme Matrix, ao até ent~o “Mr. Anderson”: “Esta é sua
última chance. Após isto, não tem retorno. Se tomar a pílula azul, a história
acaba e você acorda na sua cama e acredita no que quiser acreditar. Se tomar
a pílula vermelha, você continua no País das Maravilhas e te mostrarei o quão
fundo o buraco do coelho é!”

“Lembre-se, tudo que estou oferecendo é a verdade e nada mais!”

A PILULA VERMELHA
Quer ser livre de verdade? Aprenda a se observar melhor. Largue o papel de
vítima da peça chamada “vida” e assuma sua responsabilidade em comandá-
la. Este é o primeiro grande passo para se livrar dos problemas e
consequentemente ganhar notória liberdade.

Alguns acham que o autoconhecimento é algo perigoso simplesmente


porque alguém disse isso. Outros dizem que a liberdade plena é impossível,
também porque outros afirmaram o mesmo. Existem os que afirmam que
meditação é coisa de monge tibetano, que não faz nada da vida a não ser
meditar.

Então aqui vou quebrar alguns dogmas. Logo de cara começo com esse da
meditação. Imaginamos que meditar é algo difícil e que temos que ficar com
a postura ereta, numa posição desconfortável, por muito tempo, até que
alguma coisa aconteça.

Bom, a maioria das pessoas que conheço medita e não faz idéia disso.

O queeeeee?

Isso mesmo. Esses dias, falando com a Vanúzia, uma mulher muito especial
que me ajuda nas tarefas de casa, a escutei revelar que tem visões e que
muitas vezes fecha os olhos e sai desta suposta realidade. Naquele momento
ela estava pedindo que eu a ensinasse a meditar. Quando disse que já ela
meditava, ela pulou de alegria por entender que não estava ficando louca.

17
Meu irmão faz meditação no mar, sem saber. Quando senta na prancha e fica
esperando a onda certa chegar, se concentra tanto naquilo, que tem vários
“insights”, intuições vindas sabe-se lá de onde.

Aquele amigo que citei no começo do livro, medita antes de entrar na luta. E
olha que o cara acredita em cientistas e não em Deus. Mas a calma mental o
faz se conectar com o coração e reduz o pensamento ao nada! Concentração
plena e o momento certo para calcular cada movimento que faz.

Uma amiga esses dias me falou que quando tem um grande problema, vai
para o banho e fica lá por algum tempo. Outra amiga, surta e quebra coisas. É
a forma que ela encontrou para descarregar a raiva. Tudo isso é meditação!

Mas e a postura ereta, sentar-se em posição de lótus, como Buda? Vamos


deixar isso para quem quer ir para um outro nível de meditação. O começo,
assim como o A-E-I-O-U, deve ser feito gradativamente. Primeiro precisamos
pegar gosto pela coisa. E já que gosta de meditar de alguma forma, mas não
sabia que se tratava de meditação, faça mais. É nessas horas que escutamos
nosso coração, que é de onde vem nossa intuição.

Não consegue mas tem um problema para resolver? Não tem problema! Vá
dormir. Acordará com as respostas. A vida é simples assim. O que atrapalha
são os pensamentos.

“Mente vazia é oficina do diabo”. Claro, devo ter sido guiado pelo Satã para
falar mais, gratuitamente, sobre o amor! É cada um que me aparece!

Comigo a meditação acontecia de noite, nas horas de sono. Sempre que tinha
um problema maior que eu, ia dormir que acordava com as respostas. Não
sabia o que tinha acontecido, mas o primeiro pensamento do dia era
realmente importante, era a solução de meu problema.

Por isso que sempre digo: respeite seu sono. Tente não dormir irritado com
alguma coisa; bêbado e se tiver problemas para dormir, procure a causa.
Mas de qualquer forma, relaxe e não acorde ninguém com gritarias ou coisa
do tipo. Entenda que, assim como você gosta, outros também amam a
tranquilidade de acordar em paz.

Outra dica que dou, também sobre o sono, é de tentar não dormir com a
televisão ligada ou com o som com qualquer música. Quando dormimos,
entramos no estado “alpha”, que é o mesmo da meditação e com isso nossa
mente é absolutamente sugestionável. Já tentou entender porque você vai
dormir e acorda com um desejo louco de comprar uma nova televisão ou
almoçar num restaurante de comida porcaria? As propagandas que tanto

18
lavam nossas mentes. Policie-se, não deixe que sua mente seja um depósito
de porcaria e desejos alheios.

Para fazer um teste do que estou falando, coloque uma música agradável e
veja o sonho que tem. É incrível como você acaba sonhando com a praia se
estava escutando um som de mar. Então se gostar de música ou televisão ao
dormir, não coloque nada randômico (muito menos estações de rádio). Faça
uma seleção de músicas agradáveis (melhor as de meditação, que são feitas
para um repouso mais tranquilo) e relaxe.

Mais um dogma que arrebento é aquela coisa do monge tibetano, que tem
que renunciar a todos os desejos e bens materiais. Será que precisamos
disso também? Não! Eu vivo uma vida normal. Vou ao cinema, a baladas, me
divirto com os amigos, falo besteiras, cometo inúmeros erros e tento
melhorar, amo um dia na praia, músicas e aprender sobre qualquer coisa
que desconheça. Ou seja, sou um ser humano dotado de tantas qualidades e
defeitos quanto você.

Quem me conhece sabe que estou realmente renunciando a tudo. Mas isso
porque meu caminho é assim. Para escutar o coração não precisamos
também exagerar. É aquela coisa que muita gente fala: equilíbrio. Mas o
equilíbrio não é um pouquinho de uma coisa e mais um pouquinho de outra.
A harmonia é individual.

Se equilíbrio fosse essa coisa de um pouquinho disso com mais um


pouquinho daquilo, poderia chutar só metade da bunda de um chefe
qualquer.

No meu caso, parece exagero para alguns. Para mim foi a forma que
encontrei para me dedicar mais à arte de ajudar o mundo a encontrar o
amor ao próximo e o próprio coração. O grande problema do exagero é que
nosso ego nos pega pela falta de algo. Sendo assim, lembre-se sempre: vá
com calma, observe-se e respeite seus limites.

Outro dogma quebrado: Autoconhecimento é realmente perigoso?

Sim. Mas para quem?

Para o sistema capitalista! Ao entender a lavagem cerebral que acontece


quando ligo a televisão, por exemplo, sei que o desejo por uma determinada
coisa foi plantada na minha mente. Tome por base as crianças, que por não
ter noção de dinheiro, beleza ou qualquer outra coisa, escolhem o que mais
lhes agrada, às vezes pelas cores, cheiro ou sabor.

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Com isso em vista, o autoconhecimento é realmente perigoso: para quem
controla a sociedade! Se você é um destes sujeitos que estuda formas de
controlar mais e mais as pessoas, com propagandas, produtos, etc., não se
gabe tanto, meu jovem. Você também está sendo controlado.

E será mesmo que a liberdade é impossível? Se pouco desejo do mundo


material, não preciso do emprego invejável, um bando de títulos e um ego do
tamanho de um campo de futebol. Sim, aprender e crescer profissionalmente
é importante. Mas até que ponto? Até o ponto em que, aos 70 anos de idade,
eu tenha que trabalhar para sustentar o que eu conquistei? Até o ponto em
que todo o dinheiro que adquiri seja gasto na busca por mais saúde?

O grande problema dos bens materiais é que nos tornamos escravos deles
também. É seguro para tudo quanto é lado; impossibilidade de viajar e
deixar as coisas ao relento e o pior de tudo: o apego! Nossas conquistas
definitivamente nos escravizam.

Liberdade plena? O dia em que puder olhar para sua família e falar, do nada:
“Pessoal, esqueçam seus compromissos e vamos viajar!” “Mas e o emprego, as
contas, os e-mails, as correspondências?” O que mais vai lembrar na hora
de sua morte? As contas a serem pagas, por um padrão de vida alto
demais ou os bons momentos com a família?

Sabe o que é liberdade para mim? É ter tempo total para meu filho, quando
ele nascer. Porque gostaria de estar com ele a cada passo e em cada queda,
simplesmente para que ele não passe pelas mesmas dificuldades que passei.

Então se seu filho está com uma babá que nem conhece, me desculpe jovem,
mas não é realmente livre e está deixando que outra pessoa eduque sua
criação.

Sinto orgulho do meu pai, que trabalhou a vida inteira para me proporcionar
bons estudos e uma boa residência. Mas sabe uma coisa que acabava com
minha infância? Quando tinha algum evento na escola e ele não aparecia. O
triste disso tudo? Ele nunca apareceu! Entendo que ele estava ocupado,
sustentando uma grande família e a isso sou grato. Mas quando criança eu
não tinha essa compreensão e esperava, até o último segundo, que ele
surgisse “do nada” e me chateava sempre porque nunca era surpreendido.

Mais uma vez, ser livre é um problema. Porque se você é livre, não é
controlado por seu emprego, por não precisar dele para ter pouco, mas viver
bem. Sabe que se aquela empresa não der o valor que você merece, outra
dará.

20
Então pergunto: Para quem autoconhecimento, liberdade e meditação são
perigosos?

Com certeza não é nem para você, sua família e nem para mim. Por outro
lado, para quem estas qualidades são boas? Para todos que precisarem de
sua ajuda, porque alguém livre é repleto de amor. E uma pessoa que ama,
consequentemente tem mais tempo para pensar no próximo do que nas
coisas que ela precisa fazer com ela. Paramos de fazer contas de como pagar
a nova aquisição besta e vivemos alegremente o presente, prontos para dar a
mão para quem quer que seja.

Uma pessoa feliz é completa. Não precisa fazer as unhas toda semana, não
precisa se maquiar, não precisa de carro novo, não precisa de nada. Ela
simplesmente é bela do jeito que se vê! É aquela coisa: uma pessoa feliz,
numa festa, é muito mais notada do que várias outros seres que passaram a
noite inteira se maquiando.

A felicidade irradia algo que chama a atenção de todos. Então se precisa da


aceitação e olhos alheios, seja feliz e conquistará tudo isso naturalmente!

A grande pegadinha disso que afirmo é que para ser realmente feliz é
preciso largar pelo menos uma parte do ego.

Quando fazemos isso, não mais precisamos da aceitação dos outros, pois nos
aceitamos como somos. E é aí que o jogo muda de rumo, porque nessa hora
atraímos mais pessoas que notam nossa beleza interior, nosso coração e não
as que viam apenas nosso corpos, rostos, carros bonitos ou posses caras.

Quer ter uma idéia do tamanho da minha liberdade? Só em 2010 tirei férias
três vezes. Fui para a Amazônia, para a Chapada dos Veadeiros e para
diversos outros lugares. Como isso é possível? Primeiro que não gasto meu
dinheiro comprando coisas fúteis. Prefiro comprar conhecimento. E qual a
melhor forma de comprarmos conhecimento? Vivendo!

O grande problema da vida é que quanto mais desejamos, mais precisamos


trabalhar para ter. E esquecemos que a vida é curta e que uma hora as
cortinas se fecham. Então por que é que vou me dedicar tanto a uma carreira
e a títulos se nada disso vai comigo quando morro? Por outro lado, ao me
empenhar em aprender na prática somo duas coisas importantes:
aprendizado e vida.

Estudar, ler livros, assistir filmes, etc.? Que nada! Se fosse para ficar sentado
com a bunda num sofá, teria nascido como pedra e não com pernas e mãos.
A natureza nos fez sabiamente para nos locomovermos e enquanto gasto

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oito horas do meu dia num escritório, armazenando riquezas, o mundo se
degladeia rumo ao fundo do abismo.

Quem aqui não gostaria que as pessoas te amassem pelo que você realmente
é e não pela máscara que utiliza? Mas já pensou que para isso tem que
aposentar a máscara?

Se tem o mesmo problema que eu tinha há um tempo atrás, onde as pessoas


se aproximavam por meu dinheiro, saiba que é o que está exibindo. Para as
mulheres que gostariam que os homens as conhecessem de verdade e que
não as notassem pela beleza corpórea, saibam que é o que mostram de valor
para as pessoas.

Mas agora que tem consciência, cabe a você mudar a forma como os outros
te enxergam e digo, com base na minha experiência, que é mais fácil do que
parece. O que nos impede é nosso ego, que é extremamente preguiçoso e não
gosta de mudar por vontade própria.

Comece a observar o quanto da nossa vida é baseada no ego. A vaidade, o


título, a carreira, o carro, o celular, o sofá, o computador, a televisão... Tudo
isso para mostrarmos para o outro o que não temos interiormente? E sabe o
que é pior? O que temos no exterior precisamos proteger!

Se alguém chegar para mim hoje e falar: vou roubar tudo que você
conquistou na sua vida inteira, direi: bom, tá dentro da minha mente. Sinta-
se à vontade!

PERDOAR OU AGRADECER?
A primeira coisa que tive que largar para realmente entender os
acontecimentos da vida foi o padrão vítima. Isto até que foi fácil, pois sempre
consegui me colocar como terceira pessoa num determinado acontecimento.
Mas certas coisas realmente me tiravam do sério.

Por certo tempo fui o típico estressado e me sentia incomodado e


“injustiçado” por alguns expressarem aquela coisa de “eu não me importo
com o que você está sentindo pela minha atitude”.

Na época, seguindo o padrão “bravinho” para solucionar o problema, eu


tinha duas opções: arrebentar a cara da pessoa ou quebrar alguma coisa.
Sempre escolhia a segunda opção.

Sei lá de onde vieram algumas das minhas regras de vida: não fazer mal ao
próximo, não agredir, não matar e, se possível, não ofender.

22
Por outro lado, quebrar algo (meu e que tivesse me custado muito suor para
conquistar) era realmente muito bom. Parecia que me livrava da energia
ruim que me dominava. E de fato, me livrava mesmo. A parte boa é que não
me sentia um idiota quando isso acontecia. Pensava apenas: “Ufa! Quebrei a
energia ruim. Agora basta!”

Nessa época, descobri que nenhum dos caros celulares que comprava vinha
de fábrica com asas. Telas de notebook quebram ao receber “jabs” (aquele
soco direto do boxe), vidros de carro realmente quebram e cortam a mão e
tetos de carro amassam ao receber um gancho (soco de baixo para cima) e,
o melhor de tudo, o formato de um punho fechado no teto de um carro, é uma
interessante e cara decoração.

E foi assim que segui por certo tempo, quebrando as coisas: com muito bom
humor os aprendizados começaram, pois estava aberto a recebê-los. Apesar
de me sentir bem com tudo aquilo (afinal não tinha feito mal a ninguém),
questionava até quando alguém conseguiria me aborrecer.

E aí apresento mais uma dica: A vida espera o seu desejo por algo.

O conhecimento não vem quando você não o busca e a paciência não lhe é
concedida quando você não está pronto ou não deseja recebê-la.

Juntando a fome (meu desejo por paciência) com a vontade de comer (o


desejo da vida por me ensinar tal arte), o resultado lógico foi me apresentar
a uma gatinha, divertida, brincalhona (pelo menos no começo), mas que
conseguia realmente me irritar.

Mas por que resultado lógico? A vida usa e abusa de seus pontos fracos. Na
época, o meu era as mulheres. Então a lógica me parece simples: na área de
sua vida a que você mais se dedicar aparecerão seus melhores
professores!

A garota em questão foi a primeira que não tive que fazer nada, pois a vida a
entregou numa bandeja!

Para ter uma idéia de como foi, conheci um casal na casa de um amigo e
passei a frequentar a casa deles. O marido, um sujeito espetacular que muito
entende de madeiras, porque faz esculturas, e a esposa (a mãe da menina),
cozinha maravilhosamente bem. Frequentei por algum tempo a casa deles
para aprender sobre madeiras e também porque lá me sentia bem. Aí um dia
a m~e perguntou: “Roubaram o carro da minha filha e ela quer vir para a
praia. Você a traria para cá?”

23
Assim que saí da casa deles, pensei: “Quer ver que é uma gatinha e que vou
me meter em uma grande encrenca?” N~o deu outra! Algumas semanas
depois lá fui eu buscar a guria e era mesmo um espetáculo. Nos envolvemos
e foi aí que tudo começou.

Ela é uma pessoa muito brincalhona e divertida. Mas quando eu passei a ser
o alvo das brincadeiras, comecei a me irritar. Só que por conta da meditação,
sempre que ela me tirava do sério, ia para a praia questionar o que havia
acontecido e porque eu tinha me aborrecido por tão pouco. Foi então que
comecei a desenvolver meu conceito de castelo (mais adiante explico
melhor).

No término do relacionamento tudo ficou claro. O que mais aprendi com ela
foi a não me deixar influenciar pelas tentativas dela de me aborrecer. Certo
dia, durante uma tentativa dela me irritar, puft, percebi que não havia me
aborrecido! Naquele dia senti o meu coração aumentando de tamanho de
uma forma inexplic|vel. Acho que isso acontece quando “adquirimos”
alguma qualidade que antes não possuíamos. Agora posso incluir no meu
currículo o item paciência. Mais uma vez a vida e seus arquitetos me
ensinando muita coisa.

Mas, como sempre, achava que não tinha observado todos os fatores e todos
os ganhos. Precisei de um pouco mais de tempo e observação para perceber
que nossos professores são todas as pessoas que passam em nosso caminho.

Depois de chegar nessa teoria, queria comprovar se era verdade. Para isso,
fiz uma retrospectiva geral em tudo que conhecia e sabia fazer. Foi aí que
percebi que a maior parte do que sei veio de pessoas comuns e não dos
mestres (sejam eles professores da escola ou gurus espirituais).

Observe sua vida. Reflita sobre as coisas que aconteceram, nos momentos
ruins e entenderá o que estou dizendo: tudo tem um lado muito bom! Foi
quando também entendi que, assim como a moeda tem dois lados, qualquer
evento da nossa vida também tem.

Observe algumas das coisas mais importantes que te cercam: emprego,


relacionamento, amizades, etc. Muitas coisas devem ter começado com algo
ruim. Se é assim, por que perdermos tempo questionando e lamentando
tudo? N~o é melhor simplesmente mentalizarmos: “Com certeza isto que não
estou digerindo bem agora, me fará um bem danado em breve”?

O observar melhor os acontecimentos da vida é justamente isso. A ofensa


nos limita e muito. E o pior de tudo é que nos ensinam a perdoar as pessoas.
Mas será que a ofensa não é uma grande porcaria?
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O que? Pois é, seguindo esta linha de raciocínio, certo dia, enquanto escrevia
o livro recebi um e-mail de um amigo indicando um artigo postado em um
blog. Segue:

“É chegada a hora do perdão.


Você sabia que o perdão é uma reação química?
Todas as vezes que perdoamos, provocamos uma reação em cadeia em nossas
vidas, no nosso corpo biológico, no nosso corpo astral e espiritual também.
Quando perdoamos há uma descarga de ondas energéticas que partem do
coronário em direção aos outros centros de energia dos corpos, trazendo
equilíbrio.
O ato de perdoar cria ondas magnéticas ao redor do seu corpo e atinge todos
ao seu redor.
Imagine-se ouvindo uma bela canção: qual a sensação que provocam em você
as ondas sonoras criadas pela combinação de notas musicais? Você relaxa,
pensa em coisas positivas e tem um momento feliz.
Pois tenha esta mesma sensação quando você perdoa a você mesmo ou
alguém. Quando você perdoa você cria a mesma energia à sua volta.
Experimente... Exercite!
É chegada a hora de perdoar...
É perdoando que se é perdoado!
É dando que se recebe...
Lembre-se: VOCÊ e o OUTRO são UM. Ao perdoar os outros, você estará
perdoando a si mesmo... aí reside a fórmula do "ama a teu próximo como a ti
mesmo."
É muito fácil perdoar quem amamos: nossos pais, filhos, amigos. Por isso
exercite o perdão mais fácil primeiro, depois vá aumentando o círculo para
fora de seus entes queridos e comece a perdoar aqueles que lhe fizeram mal.
Perdoe todos, inclusive seus descendentes e ascendentes... Imagine que eles são
pessoas queridas. Ficou mais fácil, não? Imagine que são parte de sua família.
Fica ainda mais fácil.
Aumente o círculo e perdoe todos os que você julgou indevidamente, mesmo os
que você não conhecia...
Aumente o círculo do perdão e perdoe.
Nós somos um: quando você perdoa os outros, você cria o perdão para si
mesmo.
Perdoar é deixar para trás o julgamento, é fazer da dor uma lição, é andar em
direção ao futuro de luz reservado para você. Portanto perdoe!
Não espere respostas prontas. Inicie seu exercício de perdão e as respostas
virão. Quanto mais você perdoa, mais você compreende quem você é neste
mundo... você desperta.
Ao perdoar cada pessoa e cada coisa que você julgou errado, você muda e
passa a olhar além do véu e então passa a enxergar qual lição estava ali a fim
de que você despertasse e que você sequer entendeu na época.
Seja o perdão!
Perdoe seu passado atual. Você já imaginou quantas coisas ‘erradas’ você fez
em outras vidas passadas e você não se lembra? E se você se lembrasse? Talvez
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vivesse atormentado com tantos erros. No entanto você não vive, não se
lembra...
Sabe por que? Todas as vezes que você desencarnou, fez o seu balanço, se
propôs a retornar e equilibrar-se novamente. Faça a mesma coisa novamente,
mas agora enquanto ainda está aqui.
Faça o exercício do perdão e ande a partir de agora como se você tivesse
renascido.
Quando você perdoa pessoas, palavras e ações você produz um campo
magnético (vibratório) no seu passado, eliminando o que você chama de
karma.
Você muda o passado, alterando imediatamente seu presente e seu futuro.
Da mesma forma de quando desencarnamos, nos colocamos diante dos
Senhores do Karma e nos propomos a voltar e reaprender a lição. Tente fazer
isso agora...
Onde há amor, há fé.
A seguir há uma prece para ajudar você a perdoar:
Na unidade do EU SOU
Eu perdôo a mim mesmo por palavras, atos e até mesmo pelas vezes que fui
omisso!
Eu perdôo a todos que amo, porque se eles estão em minha vida agora é
porque me foram dados de presente para que eu evoluísse e despertasse.
Eu perdôo a todos que me magoaram ou que me prejudicaram a fim de que
nunca mais eu possa voltar para o tribunal do karma novamente e mostrar
que eu ascendi, que eu aprendi a lição e reconheci Deus dentro de mim!
Ao perdoar eu aprendo que sou o dono do meu próprio destino!
Amem!”

Antes de colocar minha resposta, fico me imaginando no passado, lendo uma


coisa dessas. A menina que escreveu isso está mais do que correta. Mas
honestamente? Fala sério! Vou lá eu perdoar alguém porque estou
perdoando a mim mesmo? Como assim? O cara me deu um tapa na minha
cara e sou eu quem precisa ser perdoado? O outro me rouba, coloca uma
arma na minha cara e eu sou um com ele? Fala sério!

Ou pior. Vou perdoar o cara que me roubou porque isso vai criar energias
boas ao meu redor? Quero meu dinheiro de volta para pagar minhas contas.
Tribunal do karma nada! Como é que vou explicar isso para o meu credor, na
hora que a fatura do aluguel chegar? “Olha, me perdoe, não vou pagar. Mas
fique tranqüilo: ao me perdoar, você estará perdoando a si mesmo!” N~o daria
certo, não é mesmo?

Bom, acredito que grande parte das pessoas que estão lendo isso,
concordam com o fato de que perdoar com as justificativas acima é
realmente difícil. Não dá para aprender a perdoar facilmente se olharmos
por esse lado.

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Justamente por isso, logo que li, postei um comentário que diz o seguinte:

“Oi Adama. Nós não nos conhecemos, mas podemos ter o mesmo amigo. O
nome dele é Axel e ele me enviou seu maravilhoso artigo por e-mail.

Tenho certeza que há alguns anos atrás eu concordaria contigo, mas não hoje!
O queeeee? Estou louco?

Explicação: Como nosso planeta está acordando e nossa consciência


ampliando, perdão é para menininhas.

O que??? Sim! Este assunto (perdão) deve ser deixado para trás.

Explicarei melhor num livro que estou escrevendo. Mas pense comigo: quando
alguém me mata, por exemplo, o que acontece? Nada, certo? Era minha hora
de partir e você foi só a ferramenta utilizada por Deus para me levar de volta
para casa. Estou certo? Acho que sim. Vamos continuar pensando.... Se você
pega o meu trabalho ou se algum cara toma minha garota, o que está
acontecendo? É Deus ou a vida mais uma vez me dizendo que a pessoa ou
trabalho, por exemplo, não combinam comigo. Está correto mais uma vez?

Então, ao invés de te perdoar, devo ser grato!

Isto é mais difícil do que perdoar, porque o problema é que somos


programados, pela sociedade, para ser vítimas de cada coisa. E, como sabemos,
todos nós temos o que merecemos.

Novamente, acho que quando somos realmente UM, estamos em paz com tudo.
E com isso em mente, corpo e alma, quando alguém está fazendo algo "ruim"
conosco, esta pessoa está apenas nos ensinando alguma coisa que não
compreenderíamos, em tempo, de outra forma.

O que você acha sobre isso? Como disse antes, estou escrevendo um livro sobre
isso e sua opinião será muito bemvinda.

Obrigado novamente e desculpe por alguma inconveniência.

Daniel”

Abstraia, se achar necessário, as coisas espirituais que falei para ela. Mas
como coloquei no post, quem nos faz mal não passa de uma pessoa utilizada
pela vida para nos ensinar algo.

Inicialmente é algo complexo de reconhecermos. Lembramos sempre das


coisas ruins. Então vamos lá. Se você teve um relacionamento muito ruim e
sofreu na mão da outra pessoa, onde isso te levou? Será que a outra pessoa
não estava te preparando para o relacionamento perfeito que tem hoje?
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E aquele trabalho “infernal”? Para mim, é o mesmo que o sujeito que quer
andar de skate e pára seu sonho na primeira queda. Se o skatista olha pelo
fato de que na primeira queda está a lição para a conquista da medalha de
ouro do mundial, ele sacudirá a poeira e seguirá adiante. Mas se na hora da
final ele ficar lembrando de tudo de ruim que aconteceu em sua carreira,
esquece, vai cair feio novamente.

A autora do post concordou comigo, mas afirmou que primeiro temos que
aprender a perdoar os que nos fazem mal.

Até pouco tempo atrás, concordava que o perdão é o primeiro passo. Mas
conforme os dias passaram, refleti mais sobre a questão e cheguei ao ponto:
se tenho que te perdoar, ainda estou ofendido! Se ainda estou ofendido,
não aprendi a lição. Isso faz do perdão o caminho mais difícil.

Ser grato é muito mais fácil e está além do perdão. Imagine-se falando: “Olha
professor, eu te desculpo por você ter me ensinado tanto.”

Exemplo: quando comecei minha carreira profissional, meu primeiro chefe,


após dois anos me aturando, falou o seguinte: “Acho que você tem que
procurar alguma outra coisa para fazer da vida, porque esta área não é para
você.” Este foi meu grande combustível para uma carreira super bem-
sucedida na informática.

Vou perdoar esse cara? Ele fez o que ninguém mais podia fazer: arrebentou
meu ego e, sem saber, me motivou a me esforçar mais.

Na época pensava que ele era um sujeito cruel, sem coração. Hoje, muito
pelo contrário. Tudo que tenho e fiz é graças a essa conversa desgracenta.
Sendo assim, obrigado mestre. Você mudou a minha vida!

Mas como isso? Simples! Ele era a única pessoa que poderia ferir meu ego e
me fazer estudar bastante, coisa que não fazia na época. A frase que ele falou
foi tão perfeita que há pouco tempo atrás entendi que a informática não é
mesmo para mim e que meu caminho é outro. Eu é quem tenho que ser
perdoado por ter xingado tanto o cara ao longo da minha vida.

Andando uma vez de moto na marginal, teve também um cara que me


derrubou e quase morri. Na época queria ver o cara pelo menos atrás das
grades porque, além de tudo, ele tinha fugido do acidente.

Mas aquele acidente foi perfeito! Felizmente não morri, não perdi nenhuma
parte de meu corpo e mais do que isso, percebi que estava vivendo uma vida
de louco, trabalhando em três lugares diferentes e cruzando a cidade todos
os dias, simplesmente para ganhar mais dinheiro. Graças a ele, dei uma
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pausa e escolhi uma vida mais tranquila, com menos dinheiro e mais paz!
Porque de que adianta ter rios de dinheiro se não sobra tempo para gastar?

Isso me faz lembrar que só estou aqui escrevendo esse livro porque, por
conta do acidente, tive tempo para estudar mais e refletir sobre a vida. Três
anos depois, vejo que sem tal acontecimento provavelmente estaria nadando
em rios de dinheiro e contribuindo de alguma forma para o mundo ser um
lugar pior.

Vou perdoar o cara? Não! A gratidão está muito além do perdão! Só ele podia
me ensinar isto de uma forma que eu entendesse tão claramente.

E se eu tivesse perdido uma perna ou se tivesse morrido? Como a própria


frase diz, “se”. Se eu entrasse nesse tipo de análise, seria um julgamento
incompleto, pois estaria vendo apenas uma parte da história, o tal do lado
ruim. Por não ter fatores e por não ter acontecido o pior, nada devo ao
sujeito que não um gigantesco: sou muito grato a ti, mestre! Foi mais um
que mudou a minha vida, como sempre, para melhor.

Estas e muitas outras coisas ruins que me aconteceram, foram atraídas por
mim mesmo. Chamei tudo isso porque precisava aprender de alguma forma.
Como não obtinha o conhecimento pelo caminho fácil (amor), invoquei o
“tombo da vida”, que me ensinou e aqui estou.

Mas esse é o caminho da dor, como meu pai sempre fala. Não precisamos
tomar esse rumo para entendermos a vida. Podemos seguir pelo caminho do
amor.

Como disse, todos esses acontecimentos foram “invocados” por mim. É a tal
da Lei da Atração e quando pulei do caminho cheio de espinhos para o do
amor, muito mais agradável, parei de levar surras da vida.

Como disse, não sou mais ou menos que ninguém. Já conversei com pedintes
realmente sábios que sabiam muito mais do que eu e também com diretores
de grandes empresas que conhecem a arte de ganhar dinheiro e pouco
aprenderam sobre o amor. Ou seja, cada um sabe um pouquinho de algo e
juntos podemos criar um mundo de muito mais paz e amor.

Agora chegamos ao ponto de entendermos a frase inicial do livro, onde digo


que “perdoar o outro é para menininhas e pedir perdão é atitude de gigantes”.
O conceito é simples. Não é por ver nas outras pessoas a beleza de seus
atos, que não devo me arrepender e me desculpar pelos erros que cometi.
Muitas vezes, para que os outros possam largar as pedras que carregam,
precisamos apenas dizer ao outro que realmente nos sentimos mal por

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termos feito algo. O mais incrível de tudo é que sempre que chegamos nesse
ponto, a pedra do outro é quebrada e uma nossa também é.

Mas o que você está atraindo para sua vida? Qual o caminho que está
escolhendo diariamente?

LEI DA ATRAÇAO TAMBEM E PARA


MENININHAS
Por falar em Lei da Atração, trago mais um ponto revolucionário. Lei da
Atração é coisa para menininhas.

Como assim para menininhas? Basta observarmos a vida. Quem está num
cassino, por exemplo, deseja mais que saiam os números certos do dado que
outra pessoa? Mas muitas vezes essa pessoa perde uma furtuna naquela
jogada.

Mas aqui, alguém poderia dizer: “Existem muito mais pessoas desejando que
ela erre do que a própria pessoa desejando acertar o lançamento”, certo?

Pois bem! Então alguém deseja mais um prato de comida do que quem está
passando fome? Neste caso, existe alguém na mesma mesa desejando o
contrário?

Onde quero chegar com estes exemplos é que não basta desejar. Precisamos
entender o que a vida está nos oferecendo, receber os aprendizados, fazer o
que tem que ser feito e virar a página.

Algo fácil de se dizer, já que não passei/passo fome, certo? Será que não? Os
que realmente me conhecem sabem que passei fome no passado e passo
hoje, com um intento – conhecer a fome para ajudar os famintos.

Meu objetivo é ajudar. Tanto quem passa fome de comida quanto a quem
passa fome de entendimento da vida, de felicidade ou de amor – hoje dedico
minha vida a ajudar as pessoas a encontrar o alimento que buscam. Não que
eu seja, fui ou serei mais que alguém. Mas simplesmente pelo fato de que, me
observando e vendo o padrão de comportamento da vida, entendi algumas
coisas que talvez possam ajudar a outros.

Devo essa análise lógica da vida e das pessoas à minha carreira na


informática e àquele primeiro chefe que feriu meu ego e me fez continuar
firme no caminho. É fácil entender os padrões repetitivos quando
observamos tudo com lógica. E este é um dos fatores que me guiou na escrita

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deste livro: compartilhar um pouco do que vivenciei até este momento, que é
apenas uma mísera parte da minha jornada. O livro é como o primeiro
capítulo da minha vida sendo encerrado.

Aos vinte e oito anos de idade, trago o agradecimento ao país que tanto me
ensinou no caminho da dor, que existe um caminho muito mais belo e
agradável. E esse livro vem numa boa hora. Entendi que saio daqui, em
busca de respostas para novas perguntas, deixando escrito tudo que
aprendi.

Mas como é que a Lei da Atração funciona e não funciona? Por que é coisa de
menininha?

Não adianta neste momento da minha vida eu desejar algo que não é o que a
vida deseje para mim. Não adianta querer um prato de comida para
sobreviver mais um dia se eu não aprender a plantar. Não basta desejar ser
rico se a vida está me oferecendo a pobreza como forma de compreensão
dos valores que as dificuldades oferecem. Enquanto não alcançar todos os
valores de uma dificuldade que enfrento, a vida não vai me apresentar novas
oportunidades.

Não se trata também de ser mais esperto que a vida. Isto é impossível! Mas
se formos mais rápidos que a nossa parte que se ofende (ego) e bem
observando tudo que nos acontece, entendemos e contemplamos o que nos
é oferecido.

Nesse padrão, viver fica muito mais prazeroso pelo simples fato de que nesta
hora paramos de nadar contra a maré. Aliás, de que adianta não concordar?
A vida não vai mudar a estratégia dela simplesmente porque passamos a nos
comportar como crianças birrentas!

Pois é. Infelizmente não adianta não concordar com a vida. Assim como
aprendemos na infância de que ficarmos no padr~o “birrento” nos gera
castigo, tentar brigar com a vida também é inútil. A vida é mais forte e sábia
do que nós e vai nos colocar onde quer, não importa o quanto achemos que
temos o controle sobre ela.

E como é que ela faz isso?

PADRAO REPETITIVO
Algumas pessoas são roubadas, furtadas, demitidas e esquecidas várias
vezes num curto período de tempo. Observe, entenda e vire a página do
aprendizado ao final do assunto. Acredite, como a vida é um grande
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professor, que nos ensina a cada instante (até mesmo em nossos sonhos),
passar para o próximo tópico é o que ela mais quer!

Aliás, vejo a vida como o maior dos professores. E, assim como todo e
qualquer professor, ela deseja muito ir para um novo aprendizado. Por
qualquer lado que olhemos a vida, a evolução é necessária.

Se acreditamos em Deus (ou até mesmo em Gaia), é Ele nos ensinando


alguma coisa. Se acreditamos na teoria da evolução, é uma grande estupidez
acharmos que esse processo parou com nossa existência. Muito pelo
contrário! Se usamos apenas 6% de nossas capacidades intelectuais, o que
precisamos fazer para acessar o restante? A chave está em toda a natureza e
não foi feita pelos humanos: O AMOR!

O grande problema é que preferimos não assumir que somos responsáveis


por tudo que nos acontece. Isso não é algo muito confortável de se fazer.
Mais uma vez entra a questão de ser mais fácil nos colocarmos como vítimas.
Porém, ao observamos bem, notamos padrões repetitivos, como um grande
círculo onde a vida gira, insistindo em algo que temos que entender.

Quem é roubado pode pensar inicialmente: “Já entendi! Não posso andar por
aquela rua”, ou ent~o, “Preciso colocar seguro no carro” e assim vai.

Mas por favor, vamos sair do óbvio!

Vá ainda mais a fundo e perceberá o que a vida te apresenta. Num roubo,


como no meu caso foi, talvez tenha vindo uma mensagem de desapego. A
pessoa que nos deixa, talvez porque estávamos sufocando aquele ser (ou o
contrário) e assim por diante.

Às vezes também não é algo ruim em você. Nem sempre quem te deixa está
sufocado ou recebe atenção. Muitas vezes suas atitudes estão perfeitas. Mas
é a vida te dizendo: “Não é essa pessoa ou situação para você, criança.
Aguarde um pouco mais e encontrará o amor de sua vida. Tenha paciência!”

Para entender uma fração da vida, basta sairmos do óbvio, do racional e nos
conectarmos a um mundo muito mais simples e prazeroso: o coração. Ele é
mais do que suficiente para que notemos além da casca. Saindo deste padrão
básico, obtemos o verdadeiro conhecimento e viramos a página.

Para um ensinamento completo de um acontecimento ruim, precisamos


enfrentar o difícil: não nos deixarmos atingir pelo que nos desagrada.

Quando alguma coisa ruim me acontece, peço naquele exato momento que a
vida me diga o que tenho que tirar de lição daquilo. Isto porque acho que

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muitas vezes precisamos de ajuda para ter a correta visão ou pelo menos
paciência para que aguardemos todo o acontecimento ter se completado e,
então, podermos notar a beleza por trás da suposta ofensa.

Vou compartilhar o que aconteceu recentemente quando fui para Brasília


para levar esse livro para a primeira pessoa a quem confiei essa leitura.

Aluguei um carro e estava aguardando essa minha amiga quando um sujeito


parou na janela. Estava lendo um livro (“O Pequeno Príncipe”) e o cara veio
falando que era policial disfarçado e compartilhou várias histórias sobre as
apreensões de drogas que faz.

Em dado momento da conversa, tirou do bolso um saquinho de cocaína e


perguntou o que eu achava daquilo. Respondi que aquela substância o
estava afastando do caminho do amor e que o aproximava de uma maldade
que não era dele.

Quando comecei a falar do amor ele iniciou um processo de limpeza e quase


chorou. De repente o olhar mudou e ele mostrou um veículo que estava
estacionado bem próximo. Disse que era o carro dele e que poderia passar
por cima do meu por duas vezes, se ele quisesse. Olhou no fundo de meus
olhos e perguntou:

“Você duvida?”

Respondi com a simplicidade e pureza de uma criança:

“Não! Mas o que aprenderíamos com isso?”

Ele ficou sem resposta. Seus neurônios pareciam se questionar algo como:
“Falei que vou arrebentar o carro dele e ele quer aprender alguma coisa? Isso
não é possível!”

Voltou a tentar chorar e falei mais um pouco sobre o amor. Ele disse que a
mãe dele falava as mesmas coisas e que ele era uma pessoa muito ruim. Falei
que não, que ele ainda era a criancinha da infância e que a suposta ruindade
havia sido criada para proteger tal criança dos acontecimentos ruins.
Completei dizendo que quando ele entendesse o amor, não mais precisaria
da suposta proteção, pois nada faria mal a ele.

Parecia que eu falava aquilo tudo para mim mesmo! Em dado momento ele
simplesmente trouxe o olhar “malvado” novamente e perguntou: “Tenho
uma arma. Você quer vê-la?”

Respondi novamente com a simplicidade de uma criança: “Não”. E ele


completou: “Posso dar dois tiros na sua cabeça, se eu quiser. Você duvida?”
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E eu novamente: “Não duvido. Mas o que vamos aprender com isso?”

Minhas palavras chegaram ao ouvido dele da seguinte forma: “Tudo bem


você me matar meu irmão, mas desde que eu aprenda algo com isso. Se tiver
algo para me ensinar, vamos nessa!”

Os olhos do cara eram puras dúvidas. Não preciso dizer que ele não fez nada,
senão nem estaria aqui escrevendo isso. Mas o olhar dele deu a resposta:
“Não tenho nada a te ensinar, garoto. Tentei te fazer mal pelo bolso,
ameaçando seu carro, não consegui. Depois ameacei sua vida e novamente não
vi apego à vida. Vou te ensinar o que se você já aprendeu sobre essas
matérias?”

As palavras finais dele foram: “Você não merece minha maldade!”. Virou as
costas e foi embora.

Quando voltei a mim, questionei a intuição sobre tudo aquilo. Intuí que o
cara tinha chegado para me fazer algum mal. Tentou a porta do vício e do
materialismo e nada achou. Como forma de apelar, tentou a porta do apego à
vida e nada encontrou.

Então percebi que quando falava para ele que não fazia sentido ele proteger
a vida com maldade, estava dizendo aquilo também para mim. Em nenhum
momento pensei em ligar para a polícia e menos ainda bolei planos de como
sair do carro para lutar por alguma coisa. Simplesmente fiquei lá como a
criança que lê “O Pequeno Príncipe” e nada faz quando alguém a chama para
brincar.

Analise os acontecimentos tidos como “ruins” e tente descobrir o que a vida


está te apresentando. Identifique os pontos fracos e, de posse desse
conhecimento, crie seu próprio castelo imaginário.

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O CASTELO IMAGINARIO

O castelo imaginário intransponível de ofensas pode ser uma obra de arte,


fechado por todos os lados, um simples castelinho de areia que uma
marolinha (pequena onda do mar) desfaz ou até mesmo um brinquedindo
de criança como a imagem acima. Depende de nós!

Comece pela base. Crie um piso sólido, caso contr|rio o “inimigo” cava um
buraco e te atinge. Depois faça as paredes, o teto, uma área de observação.

Toda a construção consiste em tapar as brechas que damos às ofensas que


recebemos. Era como quando estava com aquela guria que me irritava, que
falava que eu era gordo, magro, alto, baixo, careca, cabeludo. Por mais que
fosse verdade, por que tinha me ofendido com tão pouco?

Essa é a grande sabedoria do castelo imaginário. A idéia não é a de


atacarmos os outros e sim a de não perdermos nosso precioso tempo com
ofensas banais. Se o castelo é muito bem construído, não são aviões de papel
que vão derrubá-lo, não é mesmo?

Durante a construção de meu castelo, quando alguma ofensa acontecia, ia


para a praia, meditava e encontrava alguma coisa na infância que tinha
criado um certo trauma. Tapava o buraco e via o castelo aumentando suas
defesas.

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Quando o castelo ficou pronto, percebi que tinha criado algo tão
intransponível que nem o sol, nem a chuva, nem o clarão da lua cheia e
muito menos o canto de um pássaro ou borboletas emanando amor
poderiam adentrar!

Foi nessa hora que resolvi sair do castelo! Percebi que estava me trancando
e que o amor é, em si, a maior proteção! O amor? Sem barreiras, sem
paredes, sem chão. É livre e não pede licensa para entrar.

Sim! Se pensarmos num castelo físico, não importa o que utilizar, ele sempre
será vulnerável a alguma coisa. Se construir paredes altas demais, basta
encher de água. Se ele tiver um teto que não dê para jogar água, me resta
cortar a entrada de comida ou mesmo água (como aconteceu com os Maias).
Se isto também tiver sido pensado antes, a vida lança uma bomba nuclear e
aí, como Hiroshima, tudo vira pó.

Alguns podem perguntar: “Para que construir um castelo se no final das


contas não vou utilizá-lo?” A idéia é muito simples. Enquanto está no
“hospital interior”, você precisa de segurança. N~o precisa se fechar ao amor,
mas para retirar das mãos das pessoas o poder de te ofender, talvez seja
necess|rio você entrar em “reclusão”.

Isso porque, antes de aprender a sorrir quando te xingam, é necessário


descobrir dentro de si mesmo a razão da ofensa. É nessa hora que o castelo
se mostra uma ferramenta importante: te dá a segurança até que descubra
que não precisa dele.

Mas não se apegue ao castelo. Faça como os monges tibetanos que passam
anos construindo lindas mandalas para, no final, destruí-las. O castelo é sua
fortaleza de evolução e não a sua casa.

Já o amor sim é uma grande fortaleza! Este aí não tem jeito e não tem arma
que vença. Experimente falar para alguém que está brigando com você a
frase: “Eu amo você”. A menos que a pessoa esteja surda de raiva (falarei
disso mais adiante), a briga estará encerrada no exato momento em que
pronunciar sinceramente essas palavras.

Aos que tem filhos, lembrem-se, por exemplo, de quando foram furiosos dar
uma bronca no filho e ele olhou com cara de gato de botas do Shrek. Dá para
fazer alguma coisa? Todos nós somos sensíveis ao amor.

Mas o que acaba acontecendo na realidade? Um ofende, o outro segue a


mesma linha e assim vai até que pratos, copos e relacionamentos são
quebrados.

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Com o castelo do amor, basta ter paciência, escutar o que a pessoa
enfurecida está falando e deixar a conversa para depois. O importante, neste
momento, a meu ver, é realmente utilizar o poder do seu “castelo”, pois a
nossa mente costuma se apegar até a frases, palavras, olhares, gestos,
cheiros, etc.

Vou dar um exemplo. Certa vez um amigo me contou que tinha chegado na
casa da namorada e ela não estava lá. Preocupado com os afazeres diários,
ele não percebeu que a porta estava destrancada quando chegou e ao sair
fechou e seguiu sua vida.

Algum tempo depois, a namorada liga para ele enfurecida por ter percebido
que ele a trancou para fora de casa. Ele diz: “Me desculpe. Estou super
desatento por conta do falecimento da minha tia”. E ela responde: “Problema
seu! Não estou nem aí para sua tia.”

Ele passou em casa e se mostrou super chateado porque tinham brigado por
isso. Na hora em que ele esteve na casa dela, a guria estava na piscina e tinha
deixado a porta aberta por que voltaria logo. A conclusão óbvia dele foi de
que ela, insensível, preocupada em tomar sol, nem observou a desatenção
dele, causada supostamente pelo falecimento de um ente querido.

Ficamos conversando por algumas horas e, em determinado momento, falei


para ele: “Com base em tudo que me falou, a sua namorada não é uma pessoa
fria, sem sentimentos. Ela apenas reagiu aos estímulos que passou para ela.”

À primeira vista e sabendo parte da história, podemos julgar (também


falarei disso mais adiante) a menina da mesma forma que ele o fez. Mas
conforme conversamos, ele me revelou que ao acordar, ele já não mais a
desejava como antes e que acabava fugindo do quarto o quanto antes.

Com isso em mente, falei para ele: “Você não acha que ela não percebeu?
Imagine que você, no lugar dela, não sendo tratada direito pelo namorado, ao
chegar em casa, percebe que foi trancada para fora. Da própria casa. Quando
ela ligou para você, estava surda.”

Eles se entenderam e estão juntos até hoje. Mas para que isso acontecesse,
meu amigo teve que reconhecer a atitude ruim que ele teve.

Voltando ao conceito do castelo, para que ele seja “perfeito”, primeiro


precisamos ir construindo aos poucos. A meu ver, a melhor forma de
fazermos isso é nos auto-observando. Descubra as coisas que te incomodam
e tente se adequar a elas aos poucos.

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Lembre-se sempre de ir gradativamente. Mas veja, entender uma ofensa é
completamente diferente de aceitá-la. Se você for magro e as pessoas te
ofenderem ao te chamar de qualquer coisa, não estou dizendo para aceitar e
passar a comer e se comportar como tal. Ao invés disso, que tal o
questionamento: “E se eu fosse mesmo isso que a pessoa está falando, que
diferença faria?”

A ofensa só é eficaz quando aceitamos e nos sentimos da exata forma como a


pessoa apresentou. Então se alguém fala que meus cabelos ruivos estão
fedidos, bastaria eu dizer que nem cabelo tenho (muito menos são ruivos) e
que acabei de sair de um banho. Simples assim!

A meu ver, o verdadeiro entendimento é quando somos ofendidos e nos


fechamos numa viagem interior para compreender porquê aquele
determinado acontecimento nos fez mal. Em geral, voltamos à infância e
lembramos que tinha um sujeito que falava a mesma coisa. Perdoando o
sujeito do passado, entende-se a situação presente e não mais perdoa e sim
agradece, porque a pessoa só serviu para recordá-lo de um trauma
guardado, supostamente “esquecido”.

Quando ocorre o entendimento, um novo tijolo é acrescentado ao seu castelo


e a vida fica mais feliz por ter te ensinado mais uma lição. Mas até que todas
as ofensas e pedras tenham sido largadas, ela não pára. No final das contas,
tudo que ela quer é ensinar o amor uns aos outros, que está além do amor
entre marido e mulher. É o amor ao sujeito que te fecha no trânsito, ao chefe
estressado e ao irmão, que fala coisas que você não compreende.

Sendo assim, sim, vejo o amor em tudo, até mesmo no sujeito que vem falar
que vai me matar. Mas tem uma diferença. Quando você entende o amor em
tudo que te circunda, nada mais te faz mal e as pessoas começam a fazer
coisas boas por você. É aí a tendência natural: morte por causas naturais,
como deveria ser com todo mundo.

É uma forma simples de ver a vida. Se todo mundo aprender o amor, o


assassino vai sair por aí ensinando o que? Aí ele aprende o amor e o mundo
vive em paz.

Porém, a aceitação nos transforma em idiotas. E um idiota sempre tem um


limite, um “dia de fúria”. Então, não aceite que as pessoas te maltratam e sim
entenda porque se ofendeu com aquilo. Como disse anteriormente, de posse
do entendimento, corrija, evolua e se cure.

Quando atinge esse nível, as pessoas vão te ofender por que? De que adianta
chamar um sujeito de gordo, para satirizá-lo, se ele simplesmente zoa com
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ele mesmo? Perde a graça, não é mesmo? A pessoa que não se ofende é o
famoso “Joselito”, que pega a bola e vai embora porque ninguém deixava ele
jogar.

Não se ofenda sinceramente e veja o que acontecerá. Nada que não o outro
ficar com cara de tonto.

Com isso em vista, digo que cada besteira que entendemos e superamos é
um tijolo colocado na construção do castelo e como falei anteriormente,
quando o castelo estiver pronto, perceberá que ele não é mais necessário,
porque não importa o que te façam, simplesmente não conseguirão mais te
ofender ou magoar. Aí você entra em outro estágio da evolução, o melhor de
todos, onde, por se autoconhecer, entende o problema do próximo.

Pois é. O principal “problema” do autoconhecimento é que, quando você se


entende plenamente, passa a entender os outros.

E qual a finalidade disso? Ajudar!

Algumas coisas nesta vida nós só alcançamos quando abrimos a porta para o
amor. Se uma pessoa tivesse determinados “poderes” que a mente
proporciona, mas levasse uma vida baseada no ego, seria perigosa demais.
Então, vejo que algumas coisas são bloqueadas para a própria segurança dos
demais.

Por outro lado, quando atingimos um alto nível de autoconhecimento, junto


com a aceitação de que cada um tem seu momento de evolução (assim como
estou tendo o meu e você está tendo o seu), algumas portas são abertas,
simplesmente porque, nestes estágios, não existe nada mais legal do que
ajudar o próximo.

Algumas pessoas poderiam perguntar:”Como é que viver para ajudar o


próximo pode ser legal?” É simples! Sempre que ajudo alguém, aprendo
alguma coisa. E tem alguma coisa mais divertida e engrandecedora do que
aprender mais sobre nós mesmos?

Acho que este é um processo natural. Enquanto estamos no estágio de


aprendizado, a vida só oferece o que precisamos para passar alguma coisa
que nos é difícil. É como a pessoa que tem problemas com apelidos, como eu
tinha antes. Um certo dia, todo mundo começou a me apelidar. Isto seguiu
adiante até o dia em que desencanei e passei a me divertir com os apelidos.
Mas que coisa espetacular que é a vida! Os apelidos pararam.

Esse processo natural também trás outra ferramenta poderosa: escutar.


Quanto menos nos ofendemos com o que as pessoas falam, mais escutamos.
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Isto pode ser explicado facilmente. Digo que é uma falha na nossa mente,
que se apega a alguma coisa que dizemos.

Observe, quando estiver conversando com alguém ou até mesmo lendo este
livro, quantas vezes nós paramos para refletir ou questionar o que nos
falam. É neste momento que deixamos de escutar partes realmente
importantes das conversas e passamos a bolar respostas ou coisas do
gênero. Se você está pensando na resposta não está concentrado no que
está sendo dito.

Se o castelo foi feito direitinho, nós realmente escutamos as pessoas e aí


acontece a compreensão do porquê aquilo está sendo dito. Saberá quando o
castelo estiver completo quando escutar uma conversa sem se preocupar
com o que vai responder.

Para que ganhar tempo adiantando-se na resposta? Escute, a pessoa te


dará chaves gigantescas para ajudá-la a resolver determinado problema.

As mulheres não falam que nós homens não as escutamos? Pois é. Pelo jeito,
pelo menos eu, tinha a falha no cérebro que parava de escutar o que a gata
dizia, quando alguma coisa que me chamava a atenção, era pronunciada. Aí
perdia coisas importantíssimas como alguns desejos delas.

Costumo comparar uma conversa com a arte de assistir um filme. Se o filme


é chato nos dá sono. Mas por outro lado, se ficarmos presos demais a uma
determinada cena, acabamos não vendo detalhes fundamentais. O mesmo
com a conversa que, assim como no filme, continua acontecendo enquanto
nos ocupamos com uma certa passagem.

Como nada é perfeito, hoje fico atento para não deixar o pensamento me
dominar. Presto realmente atenção no que está sendo falado, sem julgar,
sem questionar, sem interromper. Fazendo isso, quando a pessoa termina de
falar, temos a resposta, mesmo que seja “apenas” um “te amo” ou um forte
abraço. Muitas vezes isso é tudo que a pessoa precisa: um ouvido amigo ou
um abraço carinhoso.

A SURDEZ NAS DISCUSSOES


Observe cada vez mais os acontecimentos da vida. Num desses momentos,
repare tudo que acontece nas discussões. É muito divertido estar em uma
,porque dá para aprender muito sobre si mesmo.

Mas sabe o que acontece na realidade? A tal da surdez! Nós ficamos tão
obstinados a convencer o outro de alguma coisa, que não medimos as
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palvras, ações e pensamentos. Muitas vezes estamos certos no que falamos.
Mas se falei uma vez, não vai ser na insistência que vou convencer o outro.

Sendo assim, experimente, no meio de uma discussão dessas que terminaria


em coisas quebradas, falar alguma coisa sem sentido, como, por exemplo, “eu
tenho cabelo quadriculado e, por conta disso, comi meu celular” ou “a sua voz
é mais doce do que verde”. Entender| que quem está realmente com raiva e
falando um monte, não está escutando. Está apenas descarregando uma
quantidade gigantesca de energia ruim em nós.

O “castelo” do amor deixa essa energia passar sem ser atingido. É como um
tubo de vidro limpo em que a energia flui normalmente, sem interrupções
(pensamentos) e apegos (ofensas). Quando sabemos que a pessoa está
surda, fica fácil perceber que ela também não está refletindo sobre o que
fala. Está apenas, como disse antes, descarregando.

Imagine que você compra um presente e a pessoa não aceita. De quem é o


presente? E se alguém resolve “despirocar” e falar v|rias besteiras e n~o
fazemos nada a respeito, de quem é o presente?

Então deixe a pessoa falar, não se suje e não aceite o que estão te dizendo. Se
ofendeu? Parabéns, seu ego te mostrou um ponto fraco. Vá para o castelo e
corrija essa falha! É o caso de uma pessoa magra que não gosta de ser
chamada de gorda. Se ela tem certeza que está na medida certa, de que vai
adiantar tentar ofendê-la dessa forma? Aceite e saiba o que você é e os
“surdos” n~o mais te ofender~o.

Mas é claro, no meio desta descarga toda, sempre tem algumas coisas
importantíssimas que podem fazer a relação se tornar ainda mais forte. O
problema aqui é deixar as ofensas passarem e abraçar o conhecimento.
Quando isto acontece, ponto para os dois.

Digo que, assim como um piscar de olhos é uma mensagem, uma ofensa
também é. Desta forma, com um castelo bem construído, o que chega em
nosso coração é o real significado da mensagem e não a linguagem com que
aquilo foi dito.

Quando nossos ouvidos já não mais escutam as ofensas, escutamos o sentido


das palavras e não a coisa física. É quando deixamos de ser surdos e
passamos a ser seres que sentem as palavras e tudo mais que acontece numa
conversa. Parece algo complexo, mas não é.

Como tudo tem um começo, vou passar um exercício fácil. Comece a


conversar com alguém e ao invés de escutar a pessoa, pense em bolinhas

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amarelas ou no sabor que o prato que mais gostar de comer tem. Perceberá,
após alguns segundos, que não ouviu nada do que a pessoa disse.

Da mesma forma é a ofensa. Ela cria uma barreira intransponível no diálogo.


Enquanto pensamos nas palavras esquecemos do que está por trás delas. É
bem simples. Ligue o som e coloque uma música agradável aos seus ouvidos.
Como é que uma música pode te deixar tão bem? Pois é. Porque ela vai em
cantos da sua mente que trás lembranças boas de quando estava com sua
família ou com o amor de sua vida.

Da mesma forma a conversa. Mas enquanto os cantos das nossas memórias


tiverem brechas de ofensas, não escutaremos o saudoso pedido de ajuda que
elas nos enviam durante as batalhas de egos (discussões).

Mais uma vez, reforço que é algo que leva tempo para ser alcançado. Mas se
começamos aos pouquinhos, com besteiras que nos desagradam, logo
atingimos o objetivo final. Basta dar o primeiro passo. É a tal da consciência
ampliada.

E quanto tempo leva isso? Depente de você e de quando iniciar o processo.


Enquanto pensarmos: “Eu não sou assim” ou “Nunca serei assim”, você estar|
criando um gigantesco abismo que pode levar vários anos para cruzar. Mas
quando falar interiormente “A partir de hoje começarei uma nova jornada”, a
vida te levará até seu destino final: o amor.

Quando as possibilidades de nos ofendermos estiverem reduzidas ao nada e


alguém chegar para uma clara batalha de egos, pergunte para a pessoa:
“Qual é o seu objetivo nessa conversa?”

Quanto mais nos conhecemos, mais saímos do padrão e mais percebemos


novas situações e novas possibilidades de autoconhecimento. Mas não é uma
coisa que as pessoas fazem constantemente. Gastamos tempo demais pensando
no amanhã e esquecemos que o amanhã pode até mesmo nem existir.

SAINDO DO AUTOMATICO
Conforme dizem os estudos (nunca parei para contar), o cérebro humano
pensa de 40 a 60 mil vezes por dia. Caracas! É um número e tanto! Qualquer
um de nós ficaria louco se o cérebro tivesse que processar conscientemente
tal quantidade.

Por isso, a maior parte destes pensamentos é automatizada e não aparece no


índice de eventos do dia. Sendo assim, segundo os especialistas, quando você
vive uma experiência pela primeira vez, o cérebro dedica muitos recursos
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para compreender o que está acontecendo. É quando nos sentimos mais
vivos.

Conforme a mesma experiência vai se repetindo, a massa cinzenta vai


simplesmente colocando suas reações no modo automático e “apagando” as
experiências duplicadas.

Vamos lembrar da primeira vez que dirigimos um automóvel. Tanta coisa


para gerenciar: volante, pedais, câmbio, retrovisores e o pior de tudo: o mala
(desculpe papai) que estava tentando nos ensinar. Isto sem falar do sujeito
impaciente buzinando porque não entendia que nós estávamos aprendendo,
assim como ele fez um dia.

Muita coisa para gerenciar de uma única vez!

O que nosso cérebro faz para não nos deixar loucos e para economizar
energia? Automatiza tudo!

Quando foi a última vez que observou seus pensamentos? E a última vez que
se observou escovando os dentes, fazendo amor ou escutando uma música?
Isto fala mais sobre nós do que sequer imaginamos!

Automático aonde? Quando estamos no trânsito, por exemplo, desejamos


sair daquela vida de louco o quanto antes. Quando estamos na praia,
pensamos no trabalho. Quando estamos no trabalho pensamos na praia. E o
pior de tudo, às vezes xingamos as pessoas e nem nos damos conta. Poderia
escrever um livro inteiro de atitudes automáticas que tomava na minha vida
toda, simplesmente porque não observava minhas reções.

Uma situação que aconteceu certa vez e que muito bem demonstra o
automático que vivemos diariamente:

Todo dia, quando chegava no escritório, passava pelas pessoas que falavam
“Oi, tudo bem?” Resposta b|sica e autom|tica: “Tudo bem e você? “ E o outro
dizia que também estava tudo bem.

Como passo o dia me observando e buscando novas formas de mandar


mensagens para as pessoas, pedi para a vida uma maneira de responder algo
mais s|bio do que isso e menos cruel do que “como se você se importasse.”

Então em dado momento, estava imprimindo alguma coisa e chegou uma


senhora japonesa e fez a famosa pergunta. Respondi que tudo bem e no final,
falei para ela: “Não que responderíamos de forma diferente, não é mesmo?” A
cara que ela fez foi incrível. É como se naquele instante a mente dela tivesse

43
se conscientizado da mensagem oculta: “Você está no automático, minha
querida!”

E é aí que está a chave para nossa evolução. O tal do processo automático


esconde muito bem nossas atitudes e desejos não tão bons. É a comida que
não está tão saborosa quanto a que é feita por sua mãe; o colega de trabalho
que não trabalha tão bem quanto você; o parceiro do jogo de futebol que não
compreende suas jogadas e assim por diante. No automático, nos irritamos
porque esperamos coisas das pessoas e elas não nos oferecem. Mais uma
vez, o que a vida quer te ensinar colocando na sua frente uma situação que
você não esperava?

No automático, surgem pessoas que tiram nossa “concentração”. É o sujeito


no carro que nos fecha; o vendedor promovendo alguma coisa na praia; a
criança chorando no avião. A vida, um professor espetacular, nos ensina que
não estamos vivendo aquele momento e sim um momento futuro ou
passado. Ou pior que isso, estamos vivendo um momento que criamos
mentalmente.

No caso do trânsito, se não estivessemos no automático, provavelmente


estaríamos atentos à beleza daquele momento presente e perceberíamos a
pessoa chegando, o que evitaria o desconforto.

O sair do automático é simplesmente prestar atenção nas mensagens que


seu “subconsciente” est| te enviando por meio de pensamentos. É mais uma
vez você ampliando sua consciência, escutando o pensamento, sem se
apegar a ele, ou seja, não questione, deixe o pensamento ir embora e veja o
que vem em seguida. Este é um dos grandes aprendizados da meditação.
Deixamos de ser os atores e passamos a ser observadores de nossa vida.

Com isso em mente, vai mais um tópico.

PRE-OCUPAÇAO
Quando foi a última vez que acordou e pensou: “Hoje farei meu melhor, no
que der e vier?” E quando foi que decidiu que, se algo que fizesse resultasse
em caca, você não daria a mínima, por ter tentado plenamente?

As melhores mentes que já tivemos foram criticadas no tempo deles. Então


penso que não vou ser eu quem vou agradar ou acertar em tudo. Não sou
perfeito, não vim de pais perfeitos e para piorar, estou numa sociedade que
quer me induzir ao erro. Tentar meu melhor já é o suficiente, mesmo que seja
pouco para os outros.

44
Aceito meus erros, meus defeitos e as coisas que não conseguir fazer. Não
dou a mínima para as falhas. Aceito meus limites e, como disse, se tentarmos
plenamente, a falha passa a ser uma oportunidade de aprendizado.

Aliás, quem disse que não somos perfeitos? Deve ter sido um sujeito bem
imbecil, porque com certeza ele não poderia explicar a perfeição. Para você,
o que é uma pessoa perfeita? Acredito que diriam o mesmo que eu penso: é
alguém que acerta tudo que faz.

Bom, é impossível acertar tudo sem nunca ter errado certo? Sendo assim, o
erro faz parte do caminho para a “perfeição”. Pois é ele quem mais nos
ensina, se soubermos corretamente observar onde erramos e como
podemos melhorar.

Com isso em mente, trago o conhecimento gigantesco que o livro Ami, o


Menino das Estrelas,, trás. Em uma das passagens, um dos personagens fala
sobre a palavra preocupação.

No livro ela aparece escrita da seguinte forma: PRÉ-OCUPAÇÃO. Quando li


essa passagem pela primeira vez, entendi o lógico! Preciso dizer mais? Isto
quer dizer que sempre que estamos vivendo fora do presente, pensando em
como resolver um determinado problema, estamos nos pré-ocupando.

Vou trazer a passagem do AMI porque ele sabe explicar muito melhor que
eu:

“-Tenho que ir embora... minha vovó... [PEDRINHO]

-Ainda está dormindo. [AMI]

-Estou preocupado. [PEDRINHO]

-Preocupado? Que bobagem. [AMI]

-Por quê? [PEDRINHO]

-"Pré" significa "antes de". Eu não me "pré-ocupo"; ocupo-me. [AMI]

-Não o entendi, Ami.

-Não passe a vida imaginando problemas que não aconteceram nem vão
acontecer. Desfrute o presente. A vida é curta. Quando aparece um problema
real, então você se "ocupa" dele. Você acharia correto que nós estivéssemos
preocupados imaginando que podia aparecer uma onda gigante e nos
devorar? Seria uma bobagem não desfrutar este momento, nesta noite tão
linda. Observe essas aves que correm sem preocupação. Por que perder este
momento por algo que não existe?
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-Mas a minha vovó existe...

-Claro, mas não existe nenhum problema com isto. E este momento, não
existe?”

Essa passagem ocorreu quando o menino Pedro, protagonista da história,


conheceu o AMI, o tal do menino das estrelas, na praia. Ele estava pré-
ocupado com a avó, que estava em casa dormindo, enquanto o alienígena o
ensinava sobre amor. Por mais que a história seja aparentemente surreal, o
conhecimento é sábio.

Tente não se “pré” com nada. Simplesmente viva o que a vida te apresenta.
Quantas vezes não nos pré-paramos (valeu Juliana) para o que está por vir e
quanto chega a hora, descobrimos que o tempo gasto naquilo foi perdido?
No “pré” alguma coisa estamos na verdade pensando em algo muitas vezes
totalmente desconexo com o momento atual.

É como ocorreu certa vez no meu trabalho. Uma colega virou para mim e
perguntou como estava o estado da tarefa que eu estava realizando. Disse
que estava em andamento e ela respondeu que estava preocupada. Meu
pensamento naquela hora foi: “Enquanto você está pré-ocupada com minha
tarefa, estou ocupado, mas você está me atrapalhando, o que pode nos
atrasar”. Apenas n~o falei para poup|-la de tamanho chacoalhão.

Outra vantagem do autoconhecimento é essa. Por existir formas mais


amorosas de expressar as mensagens e saber que eu não gostaria se alguém
me respondesse dessa forma, me contive em pedir que ela ficasse tranquila e
não pré-ocupada. Após minha frase, o silêncio. Ela entendeu a mensagem.

É bem como falei antes: se faço o que tem que ser feito, dando o meu melhor,
pouco importa o resultado antes de ele ter acontecido. Se não for o que eu ou
outrem esperava, não estou nem aí, afinal, fiz meu melhor. Aliás essa é
minha visão da vida atualmente. Sei minha missão aqui. Compreendi e
aceitei a jornada. Mas e se não der certo? Não dou a mínima. Não posso
mudar o mundo sozinho e tenho plena consciência que tentei, da melhor
forma, no pouco tempo que tive.

Certifique-se de que está fazendo o seu melhor e aceite-se do jeito que é. Isto
vai te livrar de gigantestas pré-ocupações. Caso tenha alguma coisa que não
goste em si mesmo, simplesmente mude. Somos muito mais mutáveis do que
parece. Não espere a vida te obrigar, tomar a iniciativa faz a vida te dar uma
mãozinha considerável.

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Lembra daquela coisa da liberdade, do autoconhecimento e do castelo? É
aqui que elas fazem a diferença. Se sei que o pior que me acontecer será o
melhor para mim, então a outra pessoa que aceite meu melhor. E, se por não
aceitar, me der um pé na bunda, seja num relacionamento, amizade ou
trabalho, não tem problema. O que está por vir será melhor do que o que eu
vivia antes.

E isso foi uma das muitas coisas que me motivaram a dedicar minha vida a
falar para os outros como pode ser legal e divertido viver. Se não podemos
controlar os acontecimentos da vida, então que controlemos o que eles
significarão para nós. E acredite: por pior que algo possa parecer, é melhor
para você. E se é melhor para você, é melhor para a vida e,
consequentemente, melhor para todos.

Mas como ter certeza de que a pessoa merece o que você está oferecendo? É
o seu melhor e não está prejudicando ninguém? Então pronto! Se te aceitas
como és as pessoas também o farão. Esse nos aceitarmos
incondicionalmente é o tal do AMOR INCONDICIONAL, de que tanto falam
por aí. Ele é mais simples do que parece. A mulher ama o que o homem pode
ser um dia e o homem ama o que a mulher foi um dia. Já no caso do amor
incondicional, amo o que a pessoa é e não um conceito mental que criei
sobre o que ela foi e/ou será.

Quando isso é aplicado em mim mesmo, não amo o que posso ser um dia e
sim o que sou nesse exato momento! Como deve ter ficado claro, não nos
pré-ocupar nos fornece a chave de aproveitarmos a vida plenamente: O
VIVER O AGORA.

VIVER O PRESENTE
Não tem como alguém ser meu professor se estou pré-ocupado com algo que
não faz parte daquele exato momento. Não teria como, por exemplo, os
irmãos Wright terem inventado o avião se eles não estivessem observando
plenamente o voo dos pássaros.

Questionou se quem inventou os aviões não foi Santos Dumont? Parabéns,


perdeu sua atenção. É esse tipo de exemplo que uso quando falo para as
pessoas sobre o viver o presente ou sobre as “ofensas” nas conversas. Você
tem sua certeza e eu tenho a minha, mas quem quer que tenha criado o
“pássaro de metal” não vai voltar aqui para nos ensinar a viver o presente. O
livro talvez vá. Isso vai depender apenas de você e sua concentração.

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Se eu estou na praia pensando no trabalho e vice-versa, então alguma coisa
está errada, certo? Isso porque o tempo que gasto pensando na praia, está
me tirando a concentração para terminar logo o que preciso fazer para ter
um final de semana perfeito na areia, contemplando o mar.

E sabe o pior disso tudo? Quando estiver na praia, lembrarei do que deixei
pendente no escritório. Não viverei plenamente nem uma coisa nem outra.

Viver o presente nada mais é do que observar tudo o que está acontecendo
no exato momento, sem preocupações, sem contas, sem passado e nem
futuro. É viver plenamente aquele trecho da nossa vida!

Para mim, esse modo de vida é exatamente isso: viver o AGORA sem me
importar com o dia de amanhã. Enquanto escrevo este livro, não tenho
contas para pagar, não tenho celular tocando ou família precisando de
minha ajuda. Perdi a concentração? Não tem problema. Resolvo o que tenho
que fazer e volto mais tarde para a escrita.

Essa foi uma das maiores lições que a maior parte das pessoas que estão
lendo esse livro me ensinou: de que adianta me pré-ocupar com o amanhã
se nem sei se estarei vivo?

Mais cedo ou mais tarde vai ser minha última respirada. E aí? O que vou
deixar aqui nessa escola fantástica? Meus pensamentos? Minhas conquistas
materiais, que servirão de briga entre familiares? Não! Deixarei na memória
das pessoas que conheci, a imagem de um cara que estava sempre tentando
ajudar os outros e o mais importante de tudo: um cara que vivia plenamente
o que estava fazendo, mesmo que aquele momento fosse o simples escovar de
dentes.

O que foi, história é, o que tá por vir, desconheço!

Então se o mundo, ou minha vida, acabarem neste exato momento, que pelo
menos eu tenha aproveitado até o último segundo. E poxa, pensar é
aproveitar o que?

Imagine que tenha um final de semana maravilhoso, lindo, com muito, muito
amor, mas em pensamento. Aí na segunda-feira alguém te pergunta: “Como
foi seu final de semana?” E você: “Nossa! Foi espetacular! Pensei tanto que
quase me iluminei!”

O que você conta para as pessoas? Os momentos e as emoções que sentiu ou


os pensamentos que criou? Sendo assim, te pergunto: para que pensar
tanto se um abraço sincero é inexplicável?

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É como sempre vemos acontecer nos filmes. A pessoa descobre que vai
morrer em X semanas e aí passa a aproveitar a vida feito um louco, sem se
preocupar com o amanhã, simplesmente porque ela sabe que o tempo é
curto. O pior (ou melhor) é quando o personagem descobre que o médico
estava errado ou que a doença foi embora.

Por que não fazemos isto agora então? Por que é que não vivemos
plenamente o AGORA?

Mas vejam. Como disse antes, sempre fui um cara intenso, de “muito alguma
coisa”. Era muito mergulho, paraquedismo, mulheres, baladas, |lcool,
trabalho, dinheiro, etc. Isso porque sempre me joguei de cabeça em busca de
respostas para minha existência.

E não tem jeito. Só encontrei uma felicidade maior do que o prazer em fazer
algo por mim no prazer de fazer algo por outrem. Dar a mão para quem
precisa de minha ajuda me dá mais conhecimento e me engrandece mais do
que sair com a mulher mais bela e mais difícil que eu possa encontrar.

E não estou dizendo para as pessoas serem como sou. Independente de ser
uma pessoa de “muito alguma coisa” ou de equilíbrios constantes, use bem
as ferramentas que a vida te dá. Aperte os cintos e aproveite a jornada para
que no final possa dizer: “Que maravilha foi ter nascido!”

Voltando ao pensamento, imagine um jogador de capoeira numa roda. No


meio do movimento dele, ele resolve lembrar que esqueceu de pagar uma
conta. Puft! Tomou uma rasteira e a conta continuou não tendo sido paga.
Com isso a gatinha que ele estava dando mole deu risada e aí já era a
concentração dele.

Ou então, pense num arqueiro que está no meio de um campeonato e seu


arco arrebenta na hora do última flechada decisiva. Se o cara está atento e
não se deixa levar pelo acontecimento, não terá sua concentração abalada
por aquilo que é ínfimo. Afinal ele tem um outro arco disponível, treinou
para aquilo e fará o que tem que ser feito, sem pensar duas vezes.

É isso que acho que nos atrapalha. Nos preocupamos demais com o óbvio e,
na hora do vamos ver, reparamos que deixamos alguma coisa passar. Se
vivemos plenamente o presente, podemos pensar: “Seja o que vier, farei meu
melhor nesta nova situação.”

Para mim não teve jeito. Só passei a viver plenamente o AGORA quando
entrei no fluxo da natureza que é amor em tudo. Esqueça por alguns
instantes o dinheiro e olhe ao seu redor. A água, o fogo, o vento, o mar, os

49
rios, as cachoeiras, a música, o canto dos pássaros, o afeto dos animais e a
beleza de um nascer do sol.

O que é tudo isso?

AMOR, A LEI UNIVERSAL

Bom, aprendi com meus erros, entendi as mensagens que as pessoas estão
me passando quando tentam me ferir, construí meu castelo de amor, não
mais me ofendo com as coisas supostamente ruins, vivo o presente e, com
isso, não estou nem aí para o que a outra pessoa esperava da minha atitude,
pois fiz o que tinha que ser feito.

E agora?

Para melhor explicar o que a mim parece ser o próximo passo, vou trazer
mais um ensinamento daquele livro que me inspirou a compartilhar estas
informações com você. A “Lei Universal” é o amor, segundo o livro. Vou
chamar de “Lei Planet|ria” para simplificar e reduzir um pouquinho, a fim de
não entrarmos em crenças de vidas em outros planetas, Deus, etc.

Se minha Lei Planetária é o amor, então qualquer outra lei que me


apresentar deverá estar abaixo dela. Certo? Vamos ver.

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Não matarás: se eu amo o outro como a mim mesmo, não vou te matar
porque eu n~o me mataria. Aí alguém pode dizer: “Mas eu sou um suicida.”
Eu responderia: “Então se mate primeiro para provar.”

Não roubarás: esta é fácil. Se eu te amo, vou te roubar por quê?

Não cobiçarás a mulher do outro: Se eu te amo como me amo, não vou fazer
contigo o que não gostaria que fizessem comigo.

Vamos sair um pouco da Bíblia e voltar para as leis humanas.

Não cometerás falso testemunho: Óbvio que, ao mentir, estou ajudando


alguém e prejudicando outrem, simultaneamente. Se amo a todos como a
mim mesmo, não posso ajudar um e prejudicar outro. Na dúvida, fale sempre
a verdade! A verdade vai prejudicar alguém? Então ela quem deveria ter
tomado o rumo certo quando teve a oportunidade.

Não maltratar os animais: Não basta amar só os humanos, não é mesmo? A


natureza nos dá tanto, para que fazer mal à ela?

Certo. Fiz tudo isso porque me pareceu legal. E agora?

Agora, seja bem-vindo ao mundo dos vivos, porque, como falei no capítulo
anterior, você está livre! Agora é a hora de correr atrás dos seus sonhos.

Mas antes de entrar no próximo capítulo, vou falar um pouco sobre a


gratidão que, como muito bem me explicou uma grande amiga e professora,
é a mãe do amor.

Só amamos aquilo a que somos grato. Observe tudo a seu redor. O que você
ama? Seu cachorro? A que é grato a ele? A companhia que ele te faz? E ao seu
trabalho? Pelas oportunidades de desafio, dinheiro e demais aconteci-
mentos? E a seus pais? É grato pela vida que te deram, pelos aprendizados e
pelos bons momentos que passaram juntos?

Com esse ponto em mente, ficou ainda mais fácil amar tudo e a todos quando
entendemos o valor que aquela pessoa teve na nossa vida. Por que amo
aquele meu primeiro chefe que acabou com meu ego? Porque ele me
ensinou, foi meu mestre na arte de me desafiar e, graças a ele, construí uma
carreira bem sucedida.

E é justamente por isso que digo que perdão é coisa de menininhas! Não
preciso perdoar o outro se sou grato ao que ele me ensinou sobre mim
mesmo. Mas preciso sim me perdoar pelos erros que cometi.

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SONHOS
Você está vivendo o sonho de quem? O seu ou o dos outros?

Como assim?

Durante minha infância, tinha sonhos simples, mas muito bem definidos!
Queria viajar o mundo, aprender com sábios, encontrar a mulher da minha
vida e ajudar as pessoas. Com o passar dos anos, fui aprendendo sobre o
mundo material e passei a desejar uma casa, depois uma cobertura, uma
casa na praia, um carro conversível, uma motona que chamasse a atenção e
dinheiro, muito dinheiro.

Precisava trabalhar muito para conseguir tudo isso, porque não vim de uma
família rica. Foquei por bastante tempo na minha evolução profissional e
acabei largando aquela criança que fui. Descobri o sexo, o status e a
admiração das pessoas pelo tanto que temos ou até pior, pelo que fazemos
os outros pensarem que temos.

Por sorte acordei relativamente cedo e percebi que esses não eram os meus
sonhos verdadeiros. Conforme fui me moldando ao que era na infância,
encontrei a felicidade e, num determinado momento, descobri que a criança
que havia largado nos caminhos da vida sabia muito mais sobre mim mesmo
do que eu.

Não importa de onde veio este conhecimento. Não me importava saber ou


achar que vinha do espírito e que os desejos eram missões de vida. Não fazia
diferença nenhuma a origem, sempre me bastou entender que aquela
inocente criança era mais sábia do que eu porque, no final das contas, tudo
que eu queria era ser feliz. E aquela criança sabia como!

Mentalmente passei a regressar ao passado para escutar o que aquela


criatura inocente tinha para me dizer. Mais uma vez, encontrei coisas boas e
coisas ruins. Mais uma vez, me deparei com o autoconhecimento.

A idéia aqui é simples: Se os sonhos que tinha antes são os sonhos que hoje
me fazem feliz, então quer dizer que o que me tornei, seja bom ou ruim, foi
graças aos acontecimentos do início da minha vida? Sim! O que quer que
você seja hoje, foi graças aos seus primeiros professores.

Sendo assim, voltar para a infância, não é algo muito agradável para muitos,
pois além de encontrarmos os sonhos, também encontramos as decepções.
Como aconteceu comigo, foi lá que meu ego gigantesco foi construído. Mas é
no presente que o destruo.
52
Identificar a origem de seus sonhos é fundamental para a felicidade. Se seu
sonho é uma mulher maravilhosa e passa horas trabalhando para ter mais
para mostrar à ela, saiba que o que conquista efetivamente os outros é o que
somos e não o que possuímos.

A idéia é bem simples. Se as pessoas estão ao meu redor pelo que possuo, o
que vai acontecer se um dia perdermos tudo isso?

E para piorar tudo: como é que vamos desejar que a outra pessoa nos
compreenda se nem nós mesmos nos entendemos?

E é aí que digo que as chaves para nossa felicidade e autoconhecimento


estão na infância. É também por isso que afirmo que o governo controla
sabiamente o povo ao destruir na infância os nossos valores e conforme nos
ensina erroneamente sobre tudo que existe.

Vejam que ponto interessante: como é que um governante pode ganhar mais
do que um professor? Já pararam para pensar que se o sistema de ensino é
ruim, a sabedoria do povo será igualmente limitada e não vamos questionar
coisas óbvias?

Já parou para observar que enquanto está preso ao sonho americano de


possuir um montão de coisas, está sustentando um sistema capitalista que
está acabando com o mundo?

Mas a idéia é justamente essa: limitar sua sabedoria para que possa te tornar
um escravo de seus medos, desejos e posses.

E se assim como eu, busca a felicidade e a liberdade, saiba que a chave de


tudo isso está na sua infância, pois era quando questionávamos tudo!

53
A INFANCIA PERDIDA

Quantas coisas ruins e boas aconteceram na nossa infância, não é mesmo?


Mas se realmente aprendemos a tratar os acontecimentos desagradáveis
como oportunidades de aprendizados, então o que guardamos de ruim pode
virar uma coisa boa, uma sabedoria! Basta fecharmos os olhos para as
ofensas e mágoas. Aquilo já passou. Passado é história e, assim como nos
livros, serve apenas para nos ensinar como fazer ou não fazer algo.

Assim como na construção do castelo, inicie pela parte fácil, pelos bons
momentos. E vá dificultando o processo gradativamente, sempre com calma,
no tempo certo, no seu tempo e não no meu. Conforme vamos perdoando as
pessoas, sendo gratos e também nos perdoando, vamos largando as pedras,
nos entendendo e então, lá está ele novamente: o autoconhecimento.

Aliás, a vida toda nos apresenta situações para nos conhecermos melhor. A
sabedoria está em tudo, mas enquanto ficarmos ofendidos e sofrermos com
o que passou, não abriremos as portas para aprendermos coisa alguma.

Um exemplo de como a sabedoria está em tudo aconteceu pouco antes de eu


escrever esse parágrafo. Resolvi aproveitar o sol e colocar meus cristais no
sol. Um dos cristais, o maior, ficou em cima de uma madeira que usei para
que ele não rolasse.

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Depois de algum tempo lá no sol, resolvi ficar do lado de fora da casa,
também tomando um sol. Ao olhar para o maior dos cristais, notei que algo
estava evaporando. Pensei: deve ser a umidade! Como não páro no óbvio,
logo questionei: como é que uma pedra pode estar úmida? Me abaixei para
ver o que estava acontecendo e lembrei de uma ciência que aprendi na
escola, onde uma lupa aumenta o raio do sol e pode acender um papel.

Como nunca tinha feito essa experiência, pude notar que se tratava de uma
grande verdade. A bola de cristal estava funcionando como uma espécie de
lupa e passou a queimar a madeira.

Qual o sentido desse exemplo para o tema em questão?

Simples! Algumas vezes nos prendemos no sentido óbvio das coisas e


deixamos o grande conhecimento passar. Nesse exemplo, a fumaça seria a
ofensa e o fogo o resultado. Se tivesse ficado no óbvio (ofensa), a madeira
teria pegado fogo e a pedra estourado.

Mas não, questionei a situação e fui entender mais o que estava ocorrendo.
Aprendi com tudo aquilo e automaticamente incluí o fato em meus exemplos
de como podemos ficar cegos quando ficamos no óbvio.

Com base nisso, como falei antes, a infância guarda grandes mistérios sobre
nós mesmos, assim como a história do planeta guarda segredos sobre nossa
evolução.

No caso em questão, o grande mistério aqui é como foi que nosso ego foi
criado, nos primeiros anos, com os acontecimentos, até que se tornasse um
grande fonte de guerras, cheio de armas, armadilhas, soldados, máscaras e
proteções. Esse ego (nosso lado ruim), quer apenas nos proteger e deseja a
mesma coisa para todo mundo: ser amado.

Mas pense na pessoa que você mais ama, se no momento que a conhecesse,
estivesse repleta de armas apontadas para a sua cabeça. Seria realmente
muito difícil você falar para ela: nossa, como você é bonita(o), certo? É assim
que vejo o ego. Uma barreira de proteção que esconde nossa infância
perdida e nossa verdadeira identidade, o amor.

Assim é o ego, um “ser” meio burro, que nos protege do que aconteceu no
passado, por não ter entendido que, no final das contas, aquilo era para
nosso próprio bem!

Para entendermos isso, basta ver o mundo. Como é que chegaríamos na


compreensão de que a paz e o amor é o único caminho para realmente
vivermos tranquilamente, se não tivéssemos alcançado guerras diversas, por
55
poder e riquezas? Creio que, com o passar dos anos, vamos chegar à
conclusão de que o amor é a mais “violenta” das armas, porque “fere” o mais
feroz adversário no seu ponto mais fraco: internamente, no coração, como
aconteceu com o sujeito que resolveu que iria me matar!

Uma pessoa que é puro ódio é incapaz de fazer mal a qualquer pessoa que
for pura de coração. Como disse, se todos os acontecimentos nos ensinam
alguma coisa, em que frequência que uma pessoa vai falar com a gente se
vivemos na vibração do amor? Apenas com amor!

Conforme nos desapegamos destas armas inúteis e prejudiciais à nós


mesmos, retornamos à criança que fomos um dia, despreocupada, alegre e
repleta de amor puro.

O mais interessante da vida? O que ela nos trás em momentos inesperados e


quanto mais estivermos pré-ocupados com besteiras, mais desatentos e
desligados à nossa evolução estaremos.

A meu ver, navegar de volta para “casa”, para nossa inf}ncia, onde éramos
completos, com absolutamente nada que não o amor das pessoas de que
mais gostávamos naquela época, é onde está a chave de nossa evolução.

Muito provavelmente estas pessoas nos fizeram algum mal ou, como falo
várias vezes neste livro, nos ensinaram coisas que só eles poderiam fazer,
mas não acho que alguma vez tenha me sentido mais feliz, nesta vida, do que
quando meu pai me pegava no colo, ou feliz, quando minha mãe ou meus
irmãos brincavam comigo.

Se quando criança eu tinha a inocência e a leveza de não continuar magoado


porque meu pai tinha brigado comigo, por que é que vou continuar levando
isto adiante?

Por que é que vou deixar de me divertir hoje, se quando criança era tudo tão
fácil? Hoje, com dinheiro e contas, deveria ser mais fácil, para todos nós,
vivermos em paz, do que naquela época, em que tinhamos que esperar o
término das aulas, para então podermos brincar.

Trocamos nossa infância, nossa felicidade e prazeres reais, por máscaras que
escondem o que realmente somos. E o pior, trocamos tudo isso por coisas
que não trazem e jamais trarão a real felidade.

É aí que entra o ponto que pega todo e qualquer ego de surpresa. Questione-
se mais ou menos assim: “Ego, se na minha infância eu vivia bem após os
acontecimentos, por que é que preciso de você?” “Por que é que criei você, que
só atrapalha minha vida e minhas relações sociais?”
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A mim estes questionamentos passaram a desarmar meu ego. Claro, ainda
tenho muito a aprender, que espero conseguir neste próximo capítulo de
vida em que entrarei em breve. Mas a partir do momento em que passei a ter
melhor compreensão dos acontecimentos da vida, o ego foi baixando a
guarda naturalmente.

Conversando um dia sobre o ego com um amigo, um japonês, mestre em


Shiatsu, falei sobre o fato da inutilidade do ego. Ele discordou e disse que
existe uma parcela do ego que é boa, que é o que nos motiva a evoluirmos.

Aí perguntei para ele: é o ego que motiva os pais a trabalharem mais para dar
um futuro melhor para seus filhos? Ele entendeu o ponto e compreendeu que
tudo se resume no amor.

AS MASCARAS DO DIA-A-DIA

Não sei quanto a você, mas eu usava inúmeras máscaras. Tinha uma para
cada situação: uma no trabalho, outra na casa da minha mãe, outra com
meus amigos, outra para as mulheres, mergulho, academia, prédio, etc.

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Algumas eu notei a criação e fiz de forma proposital. Outras foram feitas sem
que eu percebesse, muito menos quando as aposentei. As máscaras, a meu
ver, são criadas muitas vezes inconscientemente, também para nossa defesa.
Quando ia falar com uma mulher, queria parecer mais forte, mais sábio e
mais rico. Quando ia falar com minha mãe, mostrava muitas vezes o que ela
queria ver e não meu verdadeiro Eu.

Conforme o tempo foi passando, me dei conta que muitas já estavam


aposentadas. O mais importante foi perceber onde eu usava máscara e o que
ela estava escondendo.

Uma vez, conversando sobre o assunto com meu irmão, ele me disse que não
podemos ser nós mesmos em todos os lugares. Bom, isto me leva a
questionar se fui criado para ser falso na maior parte dos lugares que
frequento.

Com certeza não! Eu quero ser eu mesmo e aí entra novamente o tal do


AMOR INCONDICIONAL! Não dá para querer que eu mesmo ame uma falsa
imagem de quem sou. Pior de tudo: e o outro, o que ele vai amar? Por isso
que muitas vezes escutamos as pessoas falarem que foram surpreendidas
pela atitude do parceiro(a) que fez algo inesperado.

Se o lugar (trabalho, clube, faculdade, família) onde estou não me aceita do


jeito que sou verdadeiramente, então uma das coisas está errada: ou eu ou
as pessoas. Aí volto para a tal da lei universal. Se vivo pelo amor e não me
aceitam, tchau, vou para outro lugar onde falem minha língua.

Novamente, fui dentro de mim para “perguntar” para a criança que fui, como
ela gostava de se portar, nos primeiros anos de idade. Encontrei mais uma
vez um garoto irreverente, destemido, sem máscaras e completamente
sincero e que realmente não se importava com o que os outros achavam
sobre o que queria fazer. Simplesmente ia lá e fazia e, como sempre, depois
pagava o preço pela minha atitude.

Pensei se não daria para viver desta forma. Então a primeira pergunta:
aceitação. Era o que me pegava na infância. Como já não tenho mais esse
medo essa dúvida foi por água abaixo. O segundo ponto, um pouco mais
complicado: as pessoas muitas vezes não querem ouvir a verdade. Bom,
problema delas. Não vou mentir para agradar ninguém. Como disse certa vez
para uma ex-namorada: se não quer saber a resposta, não pergunte!

Novamente é o que falei: se me aceito como sou, não faço mal a ninguém e
vivo pelo amor ao próximo, então que as pessoas me aceitem do jeito que

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sou ou vazem daqui! Prefiro mil vezes fazer o certo e agradar mesmo que
poucos, do que mentir e depois me questionar.

As máscaras que tanto utilizamos simplesmente para esconder quem


realmente somos, algumas vezes levam anos para serem derrubadas.

E o pior de tudo. Vestir uma imagem e passar o dia inteiro com aquela
imagem para, quando chegamos em casa, pensarmos: “Não sei porque eu fui
lá.”

Basta ver os relacionamentos. J| escutei pessoas me falarem: “Em anos de


relacionamento nunca imaginei que o sujeito X faria algo do tipo.”

Pois é! São as máscaras! Se sou tímido, uso uma máscara para esconder isso.
Se sou “sensível” demais, uso alguma de outro tipo e assim vai.

“Mas sem máscaras, vivendo por amor puro, eu seria destroçado num mundo
tão cruel.”

Aí, com tudo isso em m~os, o “mundo” cruel passa a ser seu professor e a
vida se encarrega do restante, que é colocar apenas pessoas boas,
conectadas na mesma frequência que a sua, para te proteger, afinal, neste
ponto, você tem muito mais a oferecer do que para receber em troca.

É o que falo sempre: se vive no caminho do amor, vão te ensinar o que?

Por outro lado, se sua vida te obriga a usar máscaras, quer pelo trabalho,
quer pelas amizades, então algo está errado. E se não está feliz com a vida
que vive, por que é que vai seguir nela?

Vire a página! Relembre e realize seus desejos de infância. Estamos aqui


para nos divertir, educar nossas crianças com amor e não para sermos
escravos de um sistema cruel que nos vende tudo a todo instante.

Será que na sua infância você desejava o estilo de vida que leva hoje? Não
importa o que faça, naquela época você tinha uma sabedoria que ficou
esquecida no ego e nos desejos materiais.

A grandiosidade da vida é que podemos mudar a todo instante. Um exemplo


é o fato de que muitos “daniéis” passaram por essa escrita ao longo dos cinco
meses que usei para criar esse livro. Nenhum deles irá se repetir. Me vejo
como a água que vai se moldando a todo instante, conforme os obstáculos
aparecem. Mas ela sempre chega no seu destino final.

E por que é que vamos tentar ficar fixos e imutáveis numa vida absolutamente
dinâmica?

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Se busca a felicidade, assim como eu, saiba que encontrei as chaves na minha
infância, como disse anteriormente. Mas antes de encontrá-las, tive que tirar
um pouco o pó, quebrar algumas pedras e mostrar que sou merecedor de
tamanha benção.

A complexidade de assumirmos nossa responsabilidade perante tudo que


nos acontece é justamente essa. Deixamos de ter sorte ou azar e passamos a
viver o merecimento. Torne-se merecedor da vida que ganhou de presente.
E como é isso? Seja feliz!

A FELICIDADE EXISTE MESMO?

Vamos pensar na nossa imagem mental de uma pessoa feliz. O que ela tem?
Para alguns, muito dinheiro. Outros logo de cara pensariam na mulher ou
homem dos sonhos. Uma criança talvez imaginasse um parque de diversões
gigantesco. Talvez desejemos um corpo maravilhoso, um carro potente, com
som, turbo e tudo mais que pudermos imaginar.

Mas aí vemos pessoas riquissimas envolvidas com drogas, ou casais lindos


guerreando na praia, irmãos brigando em parques de diversão, motoristas
de Ferrari bêbados e assim por diante.

Mas se a pessoa usa drogas ou bebe demasiadamente é por que não é feliz,
certo? Exceto raríssimas excessões, o álcool, drogas, sexo, bens materiais ou
qualquer outra coisa em excessso, nada mais é do que uma fuga.

Fuga? Pois é. Não me lembro de ter ficado feliz com alguma coisa e ter
pensado: bom, hoje vou beber até cair porque estou muito feliz!

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Fuga do que? Da realidade!

E se está fugindo, então não deve ser feliz, certo? Porque no meu conceito de
felicidade plena, o ser em questão é feliz e completo e não precisa de nada
mais. Muito menos fugir!

Busquei por muitos anos a felicidade em tudo quanto é coisa que pude
imaginar. Mulheres, trabalho, carros, motos, carros, viagens, esportes
radicais, etc. E a única coisa que encontrava, no final de tudo isso, era eu
mesmo. Ao final de um salto de para-quedas, por exemplo, para mim que
tinha medo de altura, estava vibrando de uma forma incompreensível. Mas,
depois de alguns dias, aquela sensação passava!

Quando saía com alguma mulher, tinha uma noite louca de amor e no dia
seguinte, depois do efeito do álcool e após levar a gata embora para casa, lá
estava eu sozinho novamente, às voltas com minhas pré-ocupações e
problemas.

Depois de um mergulho maravilhoso em Bonaire, região do Caribe, por


exemplo, lá estava eu de volta à realidade da minha vida: um relacionamento
que terminava e todas as minhas fichas investidas, nada resultava que não
mais conhecimento sobre mim mesmo nos meus erros, fraquezas e qualidades.

Principalmente nos relacionamento encontrava pessoas vazias e me


questionava sobre isso. Pensava algo como: poxa, como pode? Uma mulher
tão bela e vazia? O motivo não podia ser mais óbvio, mas na época não
percebia. Eu era vazio!

Então lá fui eu novamente observar tudo o que estava ao meu redor. Tudo
que havia construído com muito trabalho, estudos e esforço. Mas não era
suficiente, queria mais, muito mais. Até que um dia comprei minha primeira
moto. Tive uma semana incrível, mais uma vez aprendendo sobre mim
mesmo.

No término da primeira semana, uma das coisas que fez me sentir


envergonhado de mim mesmo. Fui até a mesma loja e comecei a negociar a
compra de uma mais potente! Eu nem tinha aprendido a andar na pequena
que havia comprado e já queria outra.

Então tive uma forte intuição (falarei mais sobre isso adiante – mas a dica é:
escute suas intuições) que me dizia: “não compre, você nem aprendeu a
andar direito, vai se matar!” Resolvi ouvir a intuição e a vendedora, minha
amiga, achou muito estranho eu mudar de idéia do nada e rasgar os papéis.

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Este foi o segundo momento da minha vida em que percebi que estava
acordando. Mas ainda tinha muito a aprender sobre a vida, bens materiais e
felicidade. Apenas segui com minha pequena moto e comecei a viajar com
ela.

Após um ou dois anos, novamente o desejo de uma maior, mais potente, no


estilo que imaginava quando criança: motoqueiro, cheio de tatuagens, numa
moto estilo Harley Davidson.

Comprei e aproveitei muito bem. Até que me furtaram. Numa rápida ida a
um cliente, fui buscar um cheque e quando voltei, “onde estará minha moto?”
Um comentário: não sei se já aconteceu contigo, mas é péssima a nossa
reaç~o de “acho que parei um pouco mais para frente” e depois aquela cara
de dedo (interrogação), sem nenhuma expressão, quando realizamos que
fomos realmente furtados.

Bom, a moto tinha seguro e o prejuízo não foi lá grandes coisas. Também
fiquei feliz apenas por saber que não tinha seguido a opinião dos amigos,
que me falaram que para aquele tipo de moto o seguro era dinheiro jogado
fora. A intuição foi mais forte mais uma vez.

Segui minha vida, observando meus padrões de comportamento. Foi quando


comecei a me analisar. Levava um luxuoso estilo de vida, que aproximava
pessoas que não condiziam com o que eu era.

Mais uma vez a vida teve que me dar um empurrão. Na época eu morava
num flat e todo mundo achava que eu nadava em dinheiro. No início gostava
disso tudo. Mas quando um amigo começou a aparecer, com mulheres e de
madrugada, na minha casa, percebi que nem minha privacidade era
respeitada. Entreguei o flat e fui morar na praia por algum tempo. Como não
trabalhava, logo o dinheiro começou a faltar e, quando passei a gerar
dinheiro lá no litoral, resolvi que era hora de voltar e pensar num recomeço.
A idéia de morar na praia, no meio do mato, foi simples: as pessoas que não
estiverem comigo pelo que sou, se afastarão! Dito e feito.

Naquela época, busquei no mergulho uma forma de iniciar uma nova


carreira. A idéia era mudar para a Austrália e trabalhar com esportes
radicais. Incialmente como mergulhador e depois como paraquedista. Queria
filmar os saltos dos outros. Mas para isso teria que investir um dinheiro que
não possuía. O mergulho seria o trampolim ideal.

Então o mergulho me apresentou uma namorada. Uma pessoa super


especial que guardo com carinho no coração, por tudo que me ensinou. Mas
o relacionamento não deu certo. Com o amadurecimento obtido no
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relacionamento, passei a questionar o tipo de mulher ideal para mim. Foi
então que me dei conta: não importava o que fizesse e quem ou o que
estivesse a meu lado, o que buscava estava dentro de mim mesmo e não no
mundo exterior.

Aí volto ao assunto do capítulo, a tal da felicidade: Fiz uma reflexão da vida e


me senti escravo dos bons momentos. Percebi que precisava de algo externo,
uma adição, para me completar por um tempo limitado. Era o esporte, o
álcool, as mulheres, o dinheiro, os bens materiais e a aceitação das pessoas.

Resolvi simplificar a minha vida para um padrão mais adequado a quem sou.
Conforme fui cortando os luxos, as pessoas foram se afastando e, de repente,
só restaram os grandes amigos. Pessoas que estão comigo não pelo que
tenho e sim pelo que sou. Gostam da minha companhia pelas brincadeiras
que faço, pelas reflexões cabeça, pelas trocas de conselhos e por tudo mais
que uma companhia agradável nos proporciona.

Vejo nesses amigos um sentimento recíproco. As pessoas possuem um lugar


em meu coração não pela beleza ou bens materiais que possuem e sim pelos
bons momentos e conhecimentos que um proporciona ao outro.

Foi então que fui buscar a felicidade dentro de mim. O primeiro passo? Me
recordar da criança que eu era e que havia esquecido por conta do padrão
que a sociedade nos impõe e pela falsa imagem que havia criado de mim
mesmo.

Lembrei que gostava de chutar poças d’agua quando chovia forte, que amava
dar cambalhotas no mar, que me divertia fazendo simplesmente nada. Foi aí
que achei o meu ser perdido no tempo. Foi quando encontrei a felicidade no
nada e no tudo.

Com essa visão, passei a moldar meu dia. Ganhei controle sobre os
acontecimentos. Para sorrir, não mais precisava de uma balada, esporte ou
mulher ao meu lado. Podia então fazer caretas para o espelho, cair de moto e
dar risada e me divertir com meus próprios erros.

E aí puft! Lá estava eu de novo, criança! Alguns dizem que sou sábio e outros
que sou iluminado. Fala sério! Sou só a criança que fui um dia. Divertido e
amoroso.

Aliás que coisa, não é mesmo? As pessoas precisam de termos para tudo.
Para mim, criança basta!

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E eis que trago a fórmula mágica da felicidade. Uma coisa simples que muitas
vezes, por pensamentos e desejos complexos, não nos permitimos. Segue o
que funcionou para mim:

1) Observe sua vida e veja o que lhe falta (carro, casa, dinheiro, mulher,
homem, trabalho melhor, etc.);
2) Veja o que carrega de pedras e livre-se delas;
3) Note suas amizades e perceba se o que lhe falta é para você ou para
outra pessoa;
4) Corte o que deseja para outras pessoas;
5) Ponha num papel o que restou;
6) Corte o que for supérfluo até que reste uma única pessoa: você;
7) Lembre-se da criança que foi. Você ainda é esta criança, por mais velho
que pareça ou acredite.
8) Analise se funcionam com você as mesmas coisas que gostava quando
queria apenas se divertir inocentemente;
9) Retire de sua lista tudo que restou que não veio da infância e ponha em
prática a sabedoria daquela criança.

Enquanto isso, arrume um lugar “sagrado” (falarei mais sobre isso num
próximo capítulo). O lugar sagrado não é uma igreja ou algum canto cheio de
imagens de “adoração” e sim “seu canto”, em que você mesmo se escuta. Um
canto para ficar tranquilo e relaxar sozinho. Dedique algum tempo a este
lugar e tente não deixar este canto ser afetado pelo exterior.

Eu, por exemplo, sempre tive minha cama como um lugar que está além de
brigas. Nas oportunidades em que brigas podiam se iniciar na cama, me
levantava e pedia que a mulher que estava comigo também se levantasse,
para que pudessemos conversar tranquilamente. Para mim, não importava o
resultado daquela briga, o importante é que as energias ou sentimentos
gastos na confusão não ficassem no lugar onde durmiria tranquilamente em
seguida.

Também escolhi a minha casa na praia como meu canto intocável e o lugar,
por muito tempo, foi meu refúgio. Após uma briga ou acontecimento ruim,
me recolhia no meu cantinho e buscava as soluções para os desafios. Lá
descobri o maior segredo da felicidade: qualquer lugar é lugar desde que
viajemos, com tranquilidade, para o nosso interior.

Qualquer lugar é lugar porque não posso depender de uma casa na natureza,
a 180 km da minha residência, para tratar um sentimento ruim. Às vezes
temos que cuidar do sentimento ruim em tempo real e foi então que passei a
usar todo e qualquer lugar. Em cima da moto, no jardim do trabalho, em

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cima de uma rede, na praia, no elevador, no cinema, no banheiro e
finalmente, no meu corpo.

Mas novamente afirmo. Comece com calma. Antes de achar a paz em


qualquer lugar, defina um canto de reflexões e dedique um tempo a você
mesmo. Este canto pode ser, até mesmo, um parque, como é feito pelo meu
pai, que reflete sobre a vida enquanto corre.

Cada um tem seu momento especial. Dê valor e lute (com amor) por este
momento. No início, talvez as pessoas não respeitem ou não entendam essa
interiorização. Então converse com elas e mostre o quanto é importante não
só para você quanto para todos os envolvidos.

Mas não leve consigo coisas externas. Largue os livros, video-games,


revistas, telefone, computador e tudo que é externo. No máximo coloque
música para guiar suas reflexões.

Quando cheguei neste ponto, descobri mais um ótimo atalho: não depender
de nada para ser feliz é, antes de tudo, outra benção. É ser feliz ao chegar para
falar com o colega de trabalho chato e, para quebrar o clima, fazer alguma
brincadeira. Mas que brincadeira? Arrume um objeto do cenário, uma piada
contada por alguém, tropece ou, simplesmente, ria. A pessoa não vai
entender nada e, como o ser humano ama classificar tudo, será
provavelmente tachado de louco. Se conseguiu se livrar também da
necessidade de fazer coisas que os outros aceitem, isto não será um
problema. Muito pelo contrário, será motivo de mais piadas e se divertirá
com isso.

Quando se livra das ofensas você entende que o grande “problema” da


felicidade é que ela contagia. Então se está num ambiente com muitas
pessoas tristes e sua alegria não for muito grande, ou você sai do lugar ou a
alegria sai de você. Por outro lado, se sua felicidade for muito grande, as
pessoas saem ou se contagiam. Simples assim!

Muitos poderão achar que tudo isso, de não depender de nada ou ninguém, é
egoísmo. Bom, se fosse, não dedicaria meu tempo escrevendo e
compartilhando gratuitamente o que aprendi ao longo de minha jornada. E
mais do que isso. Conforme fui resgatando a criança interior, descobri o que
também me alegra: ajudar o próximo. Aí sim fica fácil. É ajudar porque se
gosta e não para fazer moral com quem o que quer que seja! Creio que isto
também nos faça mais plenos.

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Tudo isso aí que fiz pode funcionar para alguns e não para outros. Porque
não é todo mundo que gosta de ficar sozinho num canto. Também tem gente
que não gosta de ficar se autoanalizando.

Como resolver este “problema”, se somos supostamente tão diferentes?

VOCE SE ALIMENTA DO QUE?


Já está cientificamente provado que nossa mente possui diversos tipos de
estados. Alfa, beta, delta e gama. Entendê-los é fundamental para sua
felicidade.

Essa sabedoria é uma coisa que os orientais já conheciam há mais de 4 mil


anos. Mas aqui no Ocidente “esqueceram” acidentalmente de nos contar.

Mas por que é tão importante saber disso? A princípio pouco me importava
se quando durmo fico no estado beta e que minhas meditações mais fortes
me levavam ao estado teta. Mas a realidade é outra, totalmente diferente!

Vamos às explicações do que são cada um dos estados:

ESTADO DESCRIÇÃO ATIVIDADES


Alfa Relaxamento, Visualização, O estado Alfa é muito indicado
Meditação. Sua consciência interna para tratamento do estresse e é
expande. Sua energia creativa começa a excelente para a solução serena
fluir e a ansiedade desaparece. Você de problemas, memorização,
experimenta uma sensação de paz e bem- relaxar e praticar visualização. É
estar. também muito indicado para
obtenção de níveis profundos de
relaxamento.
Beta Atenção, Concentração, Cognição. Estudos, práticas esportivas,
Sua mente está concentrada e você está preparar uma apresentação em
pronto para trabalhos que requerem público, ou seja, analisar e
atenção total. organizar informações onde a
concentração mental é a chave
para um bom desempenho.
Delta Consciência expandida, Cura e Delta é a onda cerebral para o
Recuperação, Sono. Está associada acesso ao inconsciente, onde a
com o sono profundo. Algumas intuição pode aflorar facilmente.
freqüências na faixa Delta liberam o É o estado ideal para o sono, a
hormônio do crescimento humano (HGH), recuperação física/mental e
que é muito benéfico para a regeneração meditação profunda.
celular e a cura.
Teta Meditação, Intuição/Creatividade, É o estado ideal para
Memória. Aprofundando ainda mais o aprendizagem acelerada,
relaxamento, você entra no misterioso reprogramação mental,
estado Teta, onde a atividade cerebral lembrança de sonhos,
baixa quase ao ponto do sono. Teta é o criatividade e aumento da
estado cerebral onde incríveis memória.
capacidades mentais ocorrem. O estado
Teta propicia flashes de imagens do
inconsciente, criatividade e acesso a

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memórias há muito tempo esquecidas.
Teta leva você a estados profundos de
meditação. Você pode sentir a sua mente
expandir além dos limites do seu corpo.

Por que estou falando sobre isso e qual o impacto disso na nossa vida? É
muito simples. Se sei que o estado GAMA é o estado onde você passa a maior
parte de seu dia, utilizo coisas para influenciar seus desejos. Um grande
exemplo disso? Já percebeu que na época de festas de final de ano as lojas
colocam músicas natalinas, por exemplo?

Já reparou a forma como as lojas são dispostas? E as propagandas de


televisão? Tudo muito bem arquitetado para que você consuma (e muito) o
produto que está sendo vendido.

Comece a observar melhor as propagandas e o que está sendo vendido ali.


Utilizam imagens e sons que nos lembram pessoas bem sucedidas e com isso
pensamos em seguida: preciso comprar tal coisa. É nessas horas que digo
que são sonhos alheios e não os que tínhamos na nossa infância.

Conforme fui observando isso, cheguei ao entendimento de que nossos cinco


sentidos alimentam constantemente nosso estado interno de felicidade e
harmonia. Mas o grande problema é que, como estamos presos na busca do
que nos falaram que resolveria nossos problemas, nos esquecemos de
questionar tudo, principalmente a origem de desejos e pensamentos.

A idéia de se autoconhecer é simples. As coisas que nos cercam nos


influenciam de uma forma espetacular e o problema todo está relacionado
com as energias. Cientificamente comprovado que matéria (nossos corpos,
por exemplo), é energia solidificada. Sendo assim, tudo é energia: som,
cheiro, cores, formas, etc.

Muitas vezes ficamos brigando contra uma sequência de pensamentos e nem


sabemos que as situações em que nos metemos no dia-a-dia nos induzem
àquela vibração mais densa. Um exemplo? Pegue um copo de água no
bebedouro e mentalize muito amor. Sabe o que vai acontecer? Você estará se
nutrindo de uma amorosidade gigantesca e seus pensamentos seguirão
nessa linha. O reverso? Peça para uma pessoa estressada pegar o copo de
água para você. Bingo!

Entre em algum templo, igreja ou qualquer coisa do gênero. Que tipo de


pensamentos passam por sua cabeça? Enquanto estava ocupado desejando
mulheres, dinheiro e prazer, não reparava que ia para lugares densos para
recarregar meus desejos. Questionando tudo, percebi que meu corpo se

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porta como uma grande bateria que se lota de tudo quanto é energia que a
ele apresento.

Com a meditação, passei a entender melhor que tudo que passa dentro desse
veículo espetacular que é o nosso corpo humano, tem ligação direta com
tudo que acontece exteriormente.

Quer um exemplo disso? Comece a observar os seus pensamentos e desejos


de quando está na praia e de quando está na cidade. Tudo muito diferente!

Mas e onde isso influencia nossa vida? Simples! Não estou dizendo para você
se enclausurar no meio da mata e lá ficar, com medo de energias mais
densas. Só tenha um pouco mais de consciência de que muito do que
acontece internamente conosco muitas vezes não é nosso.

Ter consciência das coisas que nos afetam é uma forma de nos protegermos
de energias ruins. Não vou adentrar muito nesse tema porque ele é
complexo demais para esse livro. Mas a idéia é a de justamente falar
superficialmente, que tudo que vivemos nos influencia grandiosamente e
nem nos damos conta disso.

Esse livro, por exemplo. As pessoas vão sentir uma energia de amor nele.
Alguns não vão conseguir nem abrí-lo, outros vão detestá-lo e assim por
diante. Qual o ponto? A tal da frequência. Como dediquei meu tempo com o
único intuito de compartilhar gratuitamente tudo que aprendi, não existe
aqui outra energia que não a do amor. Claro que tudo é um experimento e
como sempre digo, quem mais aprende ajudando é quem ajuda.

Agora vamos pensar nas redes de fast food, lojas de marcas, indústria
farmacêutica, baladas, etc. Sabe por que desejamos tanto dinheiro? Por
estarmos nos nutrindo desse tipo de energia.

O pior de tudo é quando dormimos com a televisão ou com o rádio ligado em


músicas aleatórias. Lembram que quando estamos em estado Delta estamos
mais receptivos? Pois é. Tudo que acontecer durante o dia terá sido induzido
pelo que aconteceu durante o sono.

Gosta de testar? Coloque um rock para tocar e observe os pensamentos que


circulam sua mente. Em seguida, escute o som de cachoeiras ou algo
relacionado à natureza e lá estão as memórias voltadas à limpeza e
purificação da água. No autoconhecimento estão as chaves para nossa
evolução. O problema é que enquanto escutar o que as pessoas te falam, sem
questionar os muitos porquês, sua felicidade e liberdade estarão restritas ao
sonho e conceito mental que outro possui.

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Então vamos ao sentido negativo da coisa toda:

SENTIDO FERRAMENTA EXEMPLOS DA NEGATIVIDADE


Audição Música Músicas comerciais e que vendem sexo, dinheiro e
conforto.
Olfato Cheiro Casas de fast food que fazem com que, pelo olfato, você
deseje lá se alimentar.
Visão Televisão e livros Propagandas e programas de televisão que te induzem à
necessidade de coisas que vão ocupar sua mente. Nos
livros, o que lemos alimenta nossos pensamentos.
Paladar Fast Food Qual a melhor comida que existe? A que você mesmo(a),
sua mãe ou alguém que você ama prepara, certo? Mas o
sistema conseguiu corromper até mesmo as culturas
ancestrais com a praticidade de comer algo pronto. E aí
vem a pergunta: quanto amor uma máquina de
produção em massa consegue colocar numa comida
pronta?
Tato Sexo Essa é a parte complicada da coisa. Alguém aqui já
tomou choque ao encostar em outra pessoa? Alguém já
reparou que depois de uma noite de sexo nossa
frequência pode mudar completamente?
Quase sempre nos pré-ocupamos com a parte física da
coisa e esquecemos que existe toda uma carga
energética em tudo que nos cerca.
O primeiro passo para identificarmos isso é nos auto-
observando. Mas enquanto estivermos ocupados com
besteiras o mundo joga com nossa inocência.
Antes de práticas sexuais, observe como estava e depois
compare com o estado que ficou. Dormir com pessoas
que não conhecia, simplesmente pela beleza das gurias,
foi algo que realmente levou tempo para limpar.

Tendo consciência do lado bom das coisas, podemos colocá-las para


trabalhar a nosso favor. É mais simples do que pensamos. E como fazer isso?

SENTIDO FERRAMENTA BOA FERRAMENTA


Audição Música Se as músicas ativam frequências mentais que nos
conectam com o que emanamos de sentimentos, melhor
escutar sons ligados à natureza ou então com músicas
que nos induzam ao estado meditativo.
Olfato Incensos e flores Opte por incensos (naturais ou não), flores com cheiros
agradáveis e tudo mais ligado à natureza.
Visão/Tato Natureza Não dá para se sentir feliz depois de assistir algum
programa de televisão ou passar horas na frente de seu
computador. Prefira desligar o aparelho e se planejar
para viagens com grande contato com a natureza.
Paladar Fast Food Será que existe um prato mais delicioso do que o
preparado, com muito amor, por nossa mãe ou nosso
grande amor?
Tato Sexo Escolha parceiros que tenham a mesma frequência e
busca pela felicidade que você tem.

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Outro ponto dessa coisa toda de energia está na complexidade de
entendermos o que cada coisa da natureza nos proporciona. Antes disso vou
derrubar outro dogma: essa coisa de acreditar ou não em horóscopo!

A idéia é simples. Acho que todo mundo concorda que a lua afeta nossas
plantações, não é mesmo? E também afeta o crescimento de nossos cabelos,
unha, oceanos, etc. Certo?

E? E que se afeta o mar, um motivo tem! E o motivo é bem simples e se


chama ÁGUA. Qual é o elemento que mais tempos no corpo? Água. 60% a
80% do nosso corpo é líquido! Então a lua afeta até mesmo nossos
pensamentos. Sendo assim, como usar a natureza a seu favor?

SINTOMA ELEMENTO DA NATUREZA


Cansaço físico Banho de sol é uma gigantesca carga
energética
Densidade de pensamentos Cachoeiras, mar ou até mesmo um banho de
chuva. A água é uma grandiosa ferramenta
de limpeza.
Necessidade de elevação Vale usar a ametista (pedra) ou ficar algum
tempo se carregando das energias do vento
Insegurança Deite-se por algum tempo na terra para
poder se enraizar ou pegue na mão
(esquerda) uma pedra chamada granada.
Puricação Acenda uma fogueira ou a pedra citrino.

Independente de acreditar ou n~o nesse capítulo um pouco mais “esotérico”,


faça o teste. Veja se a água não limpa muito mais do que a sujeira física dos
nossos corpos e o incenso não muda totalmente a frequência do papo com as
pessoas. Experimente acender um incenso no meio de uma discussão e
observe o resultado.

Felizmente a natureza tem muito mais sabedoria do que imaginamos e


nossos ancestrais já sabiam disso tudo. Mas enquanto estivermos
conectados ao concreto e coisas ligadas ao capitalismo, nossos pensamentos
e buscas estarão direcionadas a esse papel sem valor algum.

Aliás vou aproveitar para falar sobre isso. Batalhamos diariamente por um
papel! Tente se recordar de como era antigamente a impressão do papel-
moeda. Lembrou que o ouro que o país tem sustenta a folha colorida? E onde
está o ouro dos juros? Estamos numa bolha tão grande de dinheiro
imaginário que um dia vão virar e falar: o dinheiro não existe! Por isso que
fazem você não pensar. Quem não pensa não questiona!

70
SAIA DO PADRAO

Se não gostar de se autoanalizar olhe ao seu redor. Veja as pessoas muito


bem sucedidas e se elas estão realmente completas ou se estão apenas se
ocupando para fugir dos problemas ou pior, se a felicidade aparente não é
uma máscara que esconde um vazio gigantesco!

Se chegou até aqui é porque provavelmente é assim como eu, és um


buscador e está tentando ter uma vida melhor, não é mesmo? Na pior das
hipóteses, talvez seja um amigo que está lendo para falar que sou louco ou
então porque encontrou pelo menos algo de útil ou divertido em meus
escritos.

Que tal mudar? Nossa infância fala realmente muito sobre nós mesmos. Nela
residem as qualidades e os defeitos. É lá que estão as chaves para vencermos
as dificuldades que enfrentamos atualmente na vida. Lá, muita coisa
aconteceu há tanto tempo que não lembramos.

Então talvez, ao ir fundo na sua infância, encontre algumas pedras que


carrega até hoje. São os famosos traumas como o não gostar de beringela
porque nossa mãe obrigava-nos a comer; ter medo de água; dormir com luz
acesa.
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Primeiro passo para sair do padrão? Desafie-se! Ninguém vai resolver o
problema com a água se ficar ao lado de uma fogueira. Mergulhe, nade, faça
rapel, rafting, curta o inesquecível momento da água de uma cachoeira
caindo sobre sua cabeça. Mas claro, faça isso com segurança e em lugares
onde alguém experiente possa te supervisionar para evitar maiores acidentes.
A idéia é que encontre forças dentro de você mesmo e não que aumente
ainda mais os traumas da sua vida.

Vá com calma no início. Vamos lembrar do meu medo de altura. Não


adiantava eu querer saltar sozinho, comprar um paraquedas e pular de
algum avião com um piloto louco. Primeiro tive que fazer cursos, saltar com
instrutores experientes por algumas vezes e então o sonho se tornou uma
realidade.

Não gostava de beringela na infância porque me dava ânsia de vômito?


Resolvi comer um dia para ver o que aconteceria. Nada?! Uau! Pois é. Mais
uma lição que aprendi com meu passado: o cérebro é tão mágico que pode
fazer um delicioso alimento parecer um sofrimento.

Some na sopa da felicidade tudo que falei até aqui sobre o perdão, gratidão e
amor. Mas independente de qualquer forma, se depender de alguém ou algo
para ser feliz, saiba que ainda não se encontrou.

Nesta arte de sair do padrão basta entender o que a pessoa te proporciona e


começar a praticar consigo mesmo. No caso dos que pensaram no sexo, devo
dizer que depender de sexo, baladas, drogas, bens materiais é ainda pior.
Com base no meu passado, vejo que isso nos torna tão escravos que
chegamos a um ponto deplorável, como o filho que rouba coisas em casas
para comprar drogas para sustentar o vício.

Sair do padrão é o que? Gosta de correr no parque todos os dias de manhã?


Mude o caminho, vá correr de noite, corra com outras pessoas, mude o
parque.

Quanto mais saímos do padrão, mais rapidamente nos moldamos ao novos


acontecimentos. Isto é causado pelo fato de que a mente adapta-se de forma
muito veloz. O que isso nos trás? Tempo!

Para entendermos a importância do tempo, qual a duração média da vida?


Será que está aproveitando bem a sua?

72
O TEMPO
Novamente vou fugir de meus “revolucionários” conceitos religiosos. Vamos
ficar na simplicidade de que é muito bom aproveitarmos cada segundo de
nossas curtas vidas (afinal, 70, 80, 100 anos voam). Isso sem falar que pelo
menos dez desses anos passamos aprendendo alguma coisa e outros tantos
gastamos doentes. Por isso que tento fazer meu tempo valer cada vez mais.

Se ainda não consigo agradecer quem me faz mal, então também não vou dar
o prazer de a pessoa ter levado minha moto e também meu tempo. Viro a
página e sigo adiante. Depois me resolvo com aquele sentimento.

Porém, observe-se e observe também as pessoas no dia-a-dia. Alguns


simplesmente passam anos reclamando por alguma coisa que aconteceu há
tanto tempo, que já caducou. Mas para que tamanho disperdício de vida?

Aí alguns poderiam dizer: mas a moto tinha seguro. E eu respondo: o


notebook que comprei, que não foi entregue, para trabalhar no hospital,
porque um cara quase me matou na marginal, não!

Então imagine: Como autônomo, dependia das minhas horas de trabalho


para gerar dinheiro. Se estou no hospital, dependeria do computador para
poder ao menos diminuir o prejuízo. Sendo assim, não importa o que
aconteça, não vou dar o gosto do tempo gasto com pensamentos ruins para o
cara que me fez mal. Ao contrário, vou buscar alternativas. Ao encontrar,
pratique. Quando sobrar tempo, veja o quão bom foi aquele acontecimento
supostamente ruim. É muito fácil ser grato a tudo que acontece.

Num outro livro que escreverei em breve, falarei de Deus, da vida e tudo
mais no sentido de espiritualidade. De uma forma simples complementarei o
porque é tão fácil deixar o perdão de lado, agradecer e, com isso, maximizar
o tempo.

Mas enquanto fico apenas no lado material da coisa toda, o que fazer com o
tempo ganho? Pergunte para sua criança interior. Ela saberá melhor do que
você. Pode ser ajudar, ler um livro, criar coisas, desenhar, beijar a namorada.
Resumindo, tempo livre e sem pedras significa VIVER PLENAMENTE!

Um exemplo da velocidade e ganho de tempo ocorreu recentemente. Boa


parte do livro foi escrito durante a Copa do Mundo de 2010. Era dia do jogo
do Brasil (o primeiro) e me questionei o que faria no tempo vago, já que a
empresa estava dispensando todos para ver o jogo em algum lugar.

73
Como o jogo não me interessava, pensei no que fazer. Foi então que resolvi ir
para a praia meditar. O dia estava agradável e poderia até mesmo aproveitar
para tomar um pouco de sol. Subi na minha moto e fui, sozinho. De noite,
após uma forte meditação, dormi. Na manhã do dia seguinte, subi na moto e
retornei a São Paulo para trabalhar. No caminho a moto quebrou.

O sujeito que fui há alguns anos xingaria tudo e a todos e assumiria o papel
de vítima, lamentando-se que tinha ido meditar para poder adquirir mais
conhecimento para ajudar as pessoas, etc. Meu estado atual simplesmente
olhou para cima, agradeceu honestamente e disse que aquilo era um bom
acontecimento, apesar de não compreendido.

Dei meia volta e segui empurrando a moto até onde sabia haver uma oficina
mecânica. Cenário perfeito! Mecânico e peças disponíveis, dinheiro na conta
e um dia livre para ir para a praia tomar sol.

Essa é a liberdade! Há alguns anos, pegaria um ônibus e me mataria para


estar no escritório. Na minha mesa, ficaria preocupado com a moto e na
praia, preocupado com o trabalho. Não dei a mínima e deixei o mecânico
trabalhando. Liguei para o escritório e falei para minha chefe que não iria.

Liguei para um amigo que mora no litoral e ele resolveu ir até o lugar. Fomos
juntos para a praia e ficamos algumas horas batendo papo, caminhando, em
plena 4ª feira.

Quando estava indo embora, encontrei um outro amigo, que disse que a mãe
não estava bem. Aproveitei para passar na casa dela e conversarmos. Ao
entrar na casa dela, percebi que ela realmente não estava bem e quando saí,
ela me agradeceu e disse que estava precisando daquele papo.

Quando retornei à São Paulo, de moto arrumada, tive a certeza de que minha
ida para o litoral não tinha sido para meditar e sim para conversar com
meus amigos, que precisavam de algumas palavras de conforto. A meditação,
por outro lado, pode n~o ter passado de “mero” bônus. Ela foi t~o forte que
chego a reconhecer ter sido um presente pelo que eu faria no dia seguinte.

Para somar ainda mais beleza a este acontecimento a moto poderia ter
quebrado no dia anterior, antes da meditação. A sincronicidade da vida é tão
perfeita que aguardou o momento ideal.

Por outro lado, se eu tivesse perdido tempo questionando coisas diversas e


inúteis, não teria observado todos esses grandes acontecimento e hoje
estaria carregando mais e mais pedras nas costas.

74
Para fechar tudo isso, a cara que o dono da oficina fez quando colocou as
mãos no dinheiro foi de tamanha gratidão que entendi que aquele dinheiro
era dele e para os problemas dele.

Mas se estivesse com pedras nas costas o dia teria sido desastroso.

Mais um ponto sobre a importância do tempo nas nossas vidas? Aproveitei a


Copa do Mundo para me aposentar. As pessoas compraram vuvuzelas, fogos
de artifício, beberam e aproveitaram alguns jogos de seu time preferido. A
Copa acaba e voltamos à vida normal, com os problemas e dificuldades
anteriores, certo?

Usei o fato de a empresa onde eu trabalhava dispensar os funcionários para


que vissem o jogo a meu favor. No final das contas, não gastei nem o meu
dinheiro nem o meu tempo com bobagens e usei o tempo precioso a meu
favor.

Sendo assim, finalizo a questão do tempo com uma pergunta:

“Quem é você depois de fazer alguma coisa que gosta? És a mesma


pessoa ou evoluiu de alguma forma?”

AS PEDRAS QUE CARREGAMOS

Fui uma vez num massagista de shiatsu. Um japonês gênio, que muito me
ensinou sobre mim mesmo. Tinha um problema desde a infância na coluna e,
com isso, ela doía muito. Era uma dor absurda, que atrapalhava até minhas
75
meditações! Num determinado momento tinha que deitar, porque ficar
sentado me judiava tanto que perdia a concentração pela dor.

O massagista um dia me falou: procure na sua infância alguma coisa que está
carregando até hoje. Na hora não consegui encontrar. Mas passado algum
tempo me lembrei: carrego o mundo nas costas.

Para quem já fez ou faz trilha, sabe que conforme o tempo na mata passa, a
mochila de 200 gramas se transforma num mochilão de 200kg. É isso que
fazemos com as pedras, os acontecimentos ruins e as lembranças do
passado.

Se carregar algumas pedras já é pesado, imagine carregar o mundo? Tinha


uma vontade de chegar para certos líderes ou empresas e dizer: “O que é que
estão fazendo com nosso planeta?” Você est| se dando conta que este planeta
pode não existir mais para seus filhos por conta de tantas guerras,
destruições e outras besteiras? Se pensar bem, talvez daqui a alguns anos,
nem para nós mesmos o planeta sirva.

Este era o peso. Era a responsabilidade de salvar o nosso lar que eu


carregava.

Larguei as “pedras”. N~o desisto enquanto n~o ajudar. Mas de que adianta
criticar? Certa vez li uma frase que hoje representa minha vida:

“Limpe seu próprio quintal antes de observar o quintal do vizinho!”

Essa frase explicou bem o que eu vivia. Tinha uma vida totalmente
materialista, não ajudava ninguém e fazia o que meu ego mandava. Mas
gastava tempo demais criticando a ação dos outros quando eu mesmo era
um dos culpados. Ao invés de plantar uma árvore, comprava motos e
equipamento de mergulho. Que grande exemplo, não é mesmo?

E para piorar, ainda carregava pedras adicionais. As mágoas pelo passado: o


namoro que não deu certo; o chefe que me ofendeu; o sujeito que me derrubou;
o garoto que chutou minha bunda na escola e assim por diante.

Conforme limpei meu jardim, aprendi que o que há de mais valioso não é o
cara que passa a vida reclamando e sim o que gasta suas horas dando bons
exemplos. O ruim é que quanto mais limpamos o jardim, mais descobrimos
sujeira. Então, se resolver fazer isso, prepare-se: quanto mais se corrigir,
mais encontrará defeitos não muito bons.

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O grande ganho disso? Você se torna uma pessoa melhor, mais leve e mais
divertida. E a melhor parte? Quanto mais tira a sujeira, mais as qualidades se
destacam!

Duvido que alguém falaria que sou iluminado quando estava na balada
caçando alguma gatinha para passar a noite comigo. Infelizmente essa é a
realidade.

Mas não desisti de ajudar o planeta. Apenas tirei o peso das minhas costas ao
reconhecer que estou fazendo minha parte, ajudando o máximo possível de
pessoas. Sigo fazendo meu melhor e se não der certo, falarei como sempre:
tentei, com as ferramentas e tempo que me foram dadas!

Segue uma historinha, dessas que nossos avôs nos contavam quando eramos
crianças, que foi tirada do livro “O Milagre da Mudança”, de Dennis Wholey:

Um homem está nadando para atravessar um rio segurando uma grande


pedra em uma das mãos. Quando chega no meio da travessia, as pessoas que
estão à margem do rio percebem que ele está em apuros, engasgando e
engolindo água, se esforçando para continuar boiando. “Largue a pedra!, diz
um homem. “Assim poderá nadar melhor.” Mas o homem na água segura a
pedra com mais força. “Largue a pedra!” grita o povo. “Largue a pedra!”
Finalmente o homem se vira e, com seu restinho de fôlego, diz: “Não posso. É
minha!”

Por essa coisa de nos apegarmos a tudo, nos apegamos até às pedras que
encontramos no caminho. Pense na nossa vida como se fossemos um
maratonista que começa a corrida com uma camiseta seca, descansado e
cheio de amor. Ao longo da corrida vai pegando as pedras “bonitas” que
encontra. Depois de um tempo está cansado, infeliz, suado e sobrecarregado.
Não consegue mais suportar todo aquele peso. Aí uma cai sem querer. Como
está correndo, resolve não voltar para pegar. Outra cai. Então ele se percebe
mais leve. Conforme dá passos mais rápidos, solta o restante das pedras e,
de repente, é ele e o cara que está na sua frente. Por se sentir mais leve, toma
um gole da água, oferecida pelo organizador e começa a correr como se fosse
a última corrida da sua vida. Após alguns minutos, nota a linha de chegada. O
adversário, campeão mundial, ficou para trás. Ele corre e atravessa a linha,
vitorioso!

Esquecendo o lado da competição, é isso que acho que temos que fazer ao
longo de nossa jornada. Não importa o que faça, o que deseje alcançar,
largue as pedras!

77
Mas as pedras tem um problema, que é o tal do vitimismo. Se existe um
culpado (que não eu) pelo planeta estar do jeito que está, então estou com
minha consciência tranquila. Por outro lado, se assumo minha
responsabilidade por todas as cacas que me cercam, aí o ponto é totalmente
diferente e preciso mudar minhas atitudes. Que tal assumir sua culpa pela
ignorância com que as pessoas te tratam ou pelos tropeços que dá na vida?
Ou vai me dizer que faz parte daquele time de pessoas que sentam a bunda
na igreja e esperam que Deus venha nos salvar das cacas em que nos
metemos!

Se não der para largar as pedras, use-as como sua meta. Coloque-as a seu
favor, use-as como degraus para sua evolução e não como formas de você
tropeçar nas próprias pernas.

Um exemplo disso é aquela história que contei, do chefe que afirmou que eu
deveria tentar alguma outra coisa na vida, pois a informática não era meu
caminho. Naquele momento eu precisava da pedra. Mas não fiquei só
questionando ou xingando o cara.

Tracei um objetivo na vida que era mostrar para o cara que eu podia. Eu não
entendi que aquilo que queria afirmar para ele era, na verdade, o que eu
mesmo queria acreditar. Foi aí que a pedra começou a trabalhar a meu favor,
me impulsionando cada vez mais para a frente.

O único inconveniente de utilizar uma pedra como meta é que quando


fazemos sem consciência (exatamente o que fiz naquela época), chega num
determinado momento da vida que você se questiona: o que estou fazendo?
Estou vivendo meu sonho ou o sonho do meu ego?

Pelo lado que observamos as pedras (degraus ou pesos extras), em dado


momento eles precisam ser deixados para trás se desejarmos realmente
evoluir na arte de sermos felizes.

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JAMAIS DESISTA DOS SEUS SONHOS
“Ajudo o mundo a ser um lugar melhor ou morro tentando!”
Daniel 27/04/2010

Não desista nunca! Não importa o quão boa a pessoa que te critica possa ser.
Se achar que pode ir além, vá. Largue a pedra da insegurança também! Faça
o que acha que deve ser feito, sempre respeitando o princípio básico do
amor, que é não fazer mal ao próximo.

Se alguém me critica, isto para mim pode ser uma pedra ou pode ser algo
ainda melhor: combustível. Foi o que fiz no relato anterior (do chefe que me
criticou), onde simplesmente usei as palavras grosseiras como meta de
sucesso.

Para o começo de quem quer ser consciente cem por cento do tempo, usar o
ego ferido como combustível é natural. Com o passar do tempo, passamos
para outra fonte de energia, como falei lá atrás: o coração, o amor.

Vou compartilhar uma parábola que fala justamente sobre isso:

“Desde pequena, Karina só tinha conhecido uma paixão: dançar e sonhar em


ser uma Gran Ballerina do Ballet Bolshoi. Seus pais haviam desistido de lhe
exigir empenho em qualquer outra atividade. Os rapazes já haviam-se

79
resignado: o coração de Karina tinha lugar para somente uma paixão e tudo
mais era sacrificado pelo dia em que se tornaria bailarina do Bolshoi.

Um dia, Karina teve sua grande chance. Conseguira uma audiência com Sergei
Devidovitch, Diretor Master do Bolshoi, que estava selecionando aspirantes
para a companhia. Dançou como se fosse seu último dia na terra. Colocou tudo
que sentia e que aprendera em cada movimento, como se uma vida inteira
pudesse ser contada em um único passo. Ao final, aproximou-se do Master e
perguntou-lhe:

Então, o senhor acha que posso-me tornar uma Gran Ballerina?

Na longa viagem de volta à sua aldeia, Karina, em meio às lagrimas, imaginou


que nunca mais aquele “não” deixaria de soar em sua mente. Meses se
passaram até que pudesse novamente calçar uma sapatilha, ou fazer seu
alongamento em frente ao espelho.

Dez anos mais tarde Karina, que já tinha se tornado uma estimada professora
de ballet, criou coragem de ir à performance anual do Bolshoi em sua região.

Sentou-se bem à frente e notou que o Sr. Davidovitch ainda era o Diretor
Master. Após o concerto, aproximou-se dele e contou-lhe o quanto ela queria
ter sido bailarina do Bolshoi e quanto doeu, anos atrás, ouvi-lo dizer que não
seria capaz.

- Mas, minha filha, eu digo isso a todas as aspirantes, respondeu o Sr.


Davidovitch.

- Como o senhor poderia cometer uma injustiça dessas? Eu poderia ter sido
uma Gran Ballerina se não fosse o descaso com que o senhor me avaliou!

Havia solidariedade e compreensão na voz do Master, mas ele não hesistou ao


responder:

- Perdoe-me, minha filha, mas você nunca poderia ter sido grande o suficiente,
se foi capaz de abandonar seu sonho pela opinião de outra pessoa.”

Foi exatamente o que fiz. E não sou melhor que ninguém. Se fosse, estaria
por aí andando sobre a água. Como não estou, então somos iguais. Me basta
saber que tentei meu melhor, como em outra parábola que trago e que foi
contada por um sábio chamado Paulo:

80
O VOO DA GAIVOTA JOHNATAN

Amanhecia! O sol despejava sua chuva de ouro. A um quilômetro da praia


retornava um pesqueiro lançando sobras de iscas. O aviso percorreu o bando e
centenas de gaivotas surgiram, mergulhando, lutando pelo seu café matinal.

Longe, sozinho sobre o oceano imenso, Jonathan Gaivota treinava. Jonathan


não era um ser comum. As gaivotas em geral não cuidam de aprender nada
sobre o vôo. Por instinto voam da praia à comida e da comida à praia.

Para o bando de Jonathan só interessava comer. Para ele, porém, a glória de


viver era voar. Não sabia o porquê, mas sentia em si a exigência essencial de
descobrir os limites possíveis do vôo perfeito e o que se poderia ou não realizar
no ar.

Freqüentemente, em vôos a baixa velocidade, ele desequilibrava-se e caía, mas


não se dava por vencido. Ele aprendera um pouco mais e crescia em seu peito a
esperança de melhorar na próxima tentativa.

Era para seus pais uma preocupação angustiada aquele filho que quase
sempre se esquecia de comer. E diziam:

- Por que é tão difícil ser como as outras gaivotas? Por que não deixa esse vôo
lento para os pelicanos ou para os albatrozes? Meu filho, você não come. Você
é pena e osso.

Dizia-lhe também seu pai, bondoso, mas enérgico:

- Olha aqui Jonathan: aí vem o inverno. Os barcos de pesca serão poucos e os


peixes estarão nadando mais profundamente. Se você tem algo a aprender,
aprenda sobre alimentos e como tê-los.

Jonathan concordou e esforçou-se em ficar junto ao bando indo daqui acolá,


circulando os barcos e os piers em busca de migalhas, como seus irmãos.

- Mas não faz sentido ficar assim, aqui e ali, quando há tanto o que aprender. -
E, não se contendo, num impulso lá estava Jonathan outra vez mar adentro,
sozinho, faminto, feliz, aprendendo.

Treinando vôo de alta velocidade em apenas alguns dias aprendera mais que
qualquer outra gaivota. Contudo sempre que atingia certa velocidade em seu
vôo de mergulho, perdia a estabilidade, descontrolava-se e caía. Tentava e
tentava, outra e outra vez e se transformava numa massa de penas
estatelando-se nas águas.

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Certa vez, quase conseguiu acertar, mas o final foi a pior das derrotas. Caiu
contra o mar, desmaiou. Quando voltou a si, era noite. Jonathan flutuava sobre
o mar e sentia-lhe pesarem as asas como chumbo. Mais ainda, pesava-lhe o
fracasso. Pensou deixar que o seu corpo lentamente se afundasse, terminando
tudo.

- Não adianta! – pensou. – Jamais deixarei de ser uma simples gaivota. Meu pai
tinha razão. Foi uma insensatez tentar ser diferente. Serei como as outras
gaivotas; não haverá desafios, nem derrotas.

Consolou-o a renúncia da sua decisão. A resignação o deixou em paz consigo


mesmo. E olhando para as luzes distantes na praia resolveu regressar, voltar
ao bando. Fatigado, arrastou-se pelas águas até alçar vôo.

Suas idéias, porém, não o deixavam em paz. Voando a baixa altura rumo à
praia, uma voz dentro de si, de repente lhe dizia:

- Desça Jonathan! Desça! Gaivotas jamais voam na escuridão. Se assim fosse,


teriam olhos de coruja, teriam mapas ao invés de cérebro, teriam asas de
falcão. Asas de falcão! Sim, asas curtas de falcão! Eis a solução! Aí está a
resposta!

E esquecendo-se de tudo que havia prometido a si próprio, lá estava ele outra


vez subindo, ganhando altura e encolhendo as asas como a do falcão apto para
um mergulho alucinado. Num instante ele atingiu a velocidade limite e então
sobre o controle de sua soberana vontade saiu do mergulho vertiginoso rente
às ondas e o mesmo impulso o fê-lo subir como um foguete.

Com um leve movimento nas pontas das asas realizou sua primeira acrobacia
aérea, jamais dantes conseguida por qualquer outra gaivota. Louco de alegria,
Jonathan mal se continha em sua pressa de regressar e contar tudo ao bando.
Agora sim havia uma razão para viver; a busca da liberdade, a vitória sobre a
ignorância.

Quando, por fim uniu-se ao bando lá na praia, as gaivotas, em severo conselho,


reunidas esperavam. A voz do mais velho, a voz do chefe se fez ouvir enérgica e
solene:

- Jonathan Gaivota, compareça ao centro.

Comparecer ao centro? Isso significava honra ou vergonha. E Jonathan


pensou; - Mas eu não quero honrarias, não quero ser um líder. Desejo apenas
transmitir a todos os meus irmãos tudo o que aprendi para que sejam livres,
tão livres como eu.

82
E a voz do chefe novamente intimou;

- Compareça ao centro por vergonha perante os seus irmãos.

Como atingido por uma pedra imobilizou-se Jonathan. Tremiam seus joelhos,
nos ouvidos uma zoeira o atordoava.

- Vergonha! Degradação! Isso é impossível! Não me entendem! Seu julgamento


é erro, é incompreensão!

- A irresponsabilidade não compensa. Estamos neste mundo para comer, para


sobreviver. A vida é uma incógnita e desconhecido o futuro. Você quebrou
nossa tradição.

Ninguém responde quando chamado ao centro. Mas a voz incontida de


Jonathan subiu aos ares:

- Irresponsabilidade? Meus irmãos, é irresponsável quem procura uma razão


para viver? Os meios e recursos para aprender mais e mais, buscando sem
cessar a perfeição? Deixem-me mostrar o que descobri...

Mas sobre a praia caiu o silêncio. E as gaivotas voltaram-lhe as costas,


isolando-o no centro de uma imensa cortina de penas cinzentas. Jonathan fora
banido!

Nos dias que se seguiram Jonathan, na solidão do seu exílio voava além dos
penhascos distantes. Sentia-se entristecido por estar só, mas sua amargura era
muito maior quando lembrava que seus irmãos nem sequer quiseram ouví-lo.
Não obstante, continuava a aprender.

À alta velocidade um bom mergulho o levava a encontrar peixes raros e


saborosos três metros abaixo da superfície. Aprendeu também a dormir em
pleno espaço voando centenas de quilômetros entre o anoitecer e o nascer do
sol sem perder o rumo e a direção.

Quando chovia as outras gaivotas ficavam no chão miseravelmente,


conhecendo apenas a névoa e a chuva. Mas Jonathan varava as pesadas
nuvens cinzentas subindo para os céus de estonteante claridade. O que
desejava para o bando, Jonathan tinha-o só para si.

Certa noite, elas chegaram e encontraram Jonathan sozinho, em paz, planando


nos céus que ele amava. Eram duas gaivotas brancas como a luz das estrelas e
Jonathan notou que elas voavam como ele, acompanhando-o tanto no longo
vôo lento como no veloz mergulho. Finalmente, curioso, perguntou:

- Quem são vocês?

83
- Somos do seu bando, Jonathan e viemos aqui para levá-lo para o alto, para
casa.

- Mas eu já não tenho casa e nem bando. Minhas asas não mais conseguem
impulsionar esse velho corpo para cima.

- Levam sim, Jonathan. Aprendendo sempre um pouco mais elas o levarão para
o alto.

Subitamente Jonathan compreendeu. Seu olhar percorreu demoradamente seu


amado céu. E então ergueu-se no ar acompanhando radiante as outras duas
gaivotas e desapareceu num outro céu, perfeito e escuro.

Enquanto voava notou que seu próprio corpo começou a adquirir a mesma
luminosidade que as outras duas gaivotas e sentia-se então rejuvenescer. Com
menos esforço desenvolvia maior velocidade que seus melhores tempos na
terra.

As nuvens se abriram e Jonathan ouviu os votos de “boa viagem e feliz pouso”


das duas gaivotas, que desapareceram deixando-o novamente sozinho.

Viu-se num céu diferente sobre o mar voando em direção a uma costa
desconhecida. Avistou algumas gaivotas admirado de serem tão poucas, uma
meia-dúzia, talvez. Mas ficou contente ao perceber que todas voavam como
ele.

Então, refletiu:

- Isto é o paraíso, é o céu que eu tanto amo. Mas eu sempre ouvi dizer que o
paraíso estava repleto de gaivotas e que ninguém no paraíso se cansa e eu vejo
tão poucas gaivotas aqui e me sinto fatigado.

Jonathan pousou na praia batendo as pontas das asas. Mas notou que as
outras gaivotas não o faziam, apenas modificavam o ângulo de suas penas,
sem bater as asas e pousavam maravilhosamente pairando no instante de
tocar os pés na areia.

- Que maravilhoso controle – pensou Jonathan – isso também hei de aprender.

Ao amanhecer, nesse novo céu que era também dele, Jonathan iniciou seu novo
aprendizado.

Certa noite, após horas de treinamentos exaustivos, ele tomou-se de coragem e


dirigiu-se à gaivota mais velha, cuja idade apenas lhe aumentava a força e
luminosidade das asas. Timidamente perguntou:

- Este lugar não é o paraíso?


84
O ancião sorriu:

- O paraíso é ser perfeito. Você o encontrará ao chegar à perfeição. Jonathan,


você sabe o que é uma velocidade perfeita? A velocidade perfeita não é voar a
100, a 1.000, a 10.000 quilômetros horários ou mesmo à velocidade da luz,
porque qualquer número é um limite e a perfeição não tem limite.

Nos dias seguintes, como nos anteriores, ele concentrava-se horas e horas. Com
o passar do tempo, Jonathan mais e mais se lembrava da terra de onde viera e
quanto mais treinava, mais sentia a necessidade de retornar para a sua
origem e talvez encontrar alguma gaivota que pensasse como ele e ensinar-lhe
o que ele próprio aprendera.

Jonathan agora começara a dar aulas, a transmitir os ensinamentos a sete


novas gaivotas. Uma delas, Fletcher, era ainda muito jovem, impulsiva, como
ele. Fora banida por querer aprender a voar melhor. Disse-lhe Jonathan:

- Você quer voar, Fletcher? Você realmente quer aprender?

- Mais que tudo quero aprender.

- Fletcher, você é capaz de aprender a perdoar aqueles que o condenaram e


voltar e ensiná-los também?

- Sim, eu quero.

- Então, vamos começar a primeira lição: o vôo horizontal.

Naquela mesma noite, acercando-se da velha gaivota, Jonathan falou:

- Eu preciso voltar. Eu preciso voltar e ensinar aqueles que queiram aprender a


voar.

- Sim, meu filho, volte. Mas antes, conheça o mais atraente, o mais fascinante, o
mais sublime do seu aprendizado: o vôo do amor e da bondade.

Chegou, enfim, o dia que Jonathan disse a seus alunos:

- É tempo de regressar. É hora de voltar!

Seus alunos sentiram um frêmito de angústia porque o regresso parecia


impossível. Um banido jamais retorna. É a lei do bando, a lei milenar.
Entretanto, não vacilaram. Quando Jonathan levantou vôo, os sete o
acompanharam em dupla formação de diamante.

A faina diária do bando, os gritos e granidos silenciaram de repente quando


Jonathan e seus alunos chegaram. Oito mil olhos fixaram-se naquelas oito

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brilhantes gaivotas que chegavam em formação e, uma a uma, realizando um
looping perfeito, pousaram na areia. Foi como se um raio caísse no bando.
Aqueles pássaros eram banidos e haviam retornado. A confusão foi total.

- Ignorem-nos! – ordenou o chefe – A gaivota que se dirigir a um banido será


também banida.

Todos obedeceram. Mas Jonathan não se deu por vencido. Começou a treinar
seus alunos ali mesmo, naquele momento.

Ao anoitecer, algumas gaivotas furtivamente saíam da multidão para


observar Jonathan ensinando e regressavam ao bando antes que o dia
clareasse, para não serem vistas.

Um mês após a volta, uma primeira gaivota do bando chegou junto a Jonathan
pedindo para aprender e ele a aceitou prontamente como seu novo aluno. Na
noite seguinte, apareceu uma pequena gaivota arrastando uma das asas e
implorou-lhe angustiada:

- Ajude-me. Mais que tudo na vida eu quero voar!

- Venha! Então vamos voar!

- Você não entende: minha asa, não posso movê-la.

- Você pode voar. Você é livre! Aqui e agora! Nada pode impedi-la!

Tão prontamente como Jonathan lhe havia dito, a pequena gaivota aleijada
abriu as asas e alçou vôo na noite escura. O bando foi despertado pelos seus
gritos de alegria:

- Ouçam, vejam, eu posso voar! Eu posso voar!

Pela manhã, mais de mil gaivotas aproximaram-se de Jonathan. Não mais


importavam-se em ser vistas. Jonathan declarava coisas simples, nem sempre
compreendidas:

- É natural querer voar, querer ser livre, vencer a ignorância, buscar a


perfeição.

E assim, uma a uma as gaivotas chegavam-se a ele e aprendiam um pouco


mais. Seus alunos, já pertos da perfeição, agora começavam a ensinar.

Fletcher, um bom instrutor, fazia um vôo de alta velocidade quando uma


pequena gaivota, procurando pela mãe, interferiu na sua trajetória. A um
milésimo de segundo da colisão, Fletcher desviou-se e bateu contra o rochedo.

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- Eu morri! É claro que eu morri. Mas por que estou ouvindo a voz de
Jonathan?

- Se você está aqui ouvindo e conversando comigo, Fletcher, é porque você não
morreu. Essa história de voar através de rochedos é também um aprendizado
que leva mais tempo. Você deveria aguardar um pouco mais para atravessar
um rochedo.

Quando Fletcher começou a mover-se as gaivotas à sua volta olharam para


Jonathan como se fosse o demônio.

- É o demônio! É Lúcifer! Está ressuscitando essa gaivota que morreu. Vamos


linchá-lo!

Grasnando, bicos abertos, arremessaram-se contra Jonathan.

- Não seria bom se a gente pudesse sair daqui? – perguntou Fletcher.

- Pois se quiser, vamos.

E num segundo, lá estavam eles, acima do bando, pairando muito alto.


Fletcher olhou para Jonathan fascinado:

- Como conseguiu isso?

- Aprendendo e treinando. Treinando e aprendendo. É assim que se fazem as


coisas...

Após o entardecer, Jonathan reuniu seus alunos e falou:

- Agora chegou a vez de vocês ensinarem como aprenderam comigo e como eu


aprendi com a velha gaivota.

- Eu não compreendo – disse Fletcher - Há pouco essa gente queria destruir-


nos e agora você está aqui exortando-os para a ensinar-lhes a liberdade?

Jonathan voltou-se para o horizonte distante, onde o azul do mar se confundia


com o céu e a sua voz transmitia ternura e segurança:

- Vocês não mais precisam de mim. Agora é tempo de começarem a ensinar.


Jamais esqueçam do sentido do amor e da bondade.

Os seus alunos queriam impedir que Jonathan se fosse. Mas ele não lhes deu
tempo. Em um minuto, em um segundo, suas asas se tornaram tão brancas e
tão brilhantes que ninguém sequer podia olhar para elas.

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Pouco depois, Jonathan alçou seu último vôo e, pairando sobre a praia,
começou a ficar transparente e o seu corpo luminoso foi-se desvanecendo no
infinito azul...”

Quando você espera a aceitação das pessoas você fica tão limitado quanto
todas as outras gaivotas. Tudo bem que o ancião queria apenas o melhor
para todos. Mas por que seguir um padrão que já vimos não funcionar? Por
que não fazemos como o Mestre Ioda (Star Wars) sugeriu quando perguntou
{s crianças a soluç~o para um suposto “complexo problema”? Se n~o estão
dando certo as estratégias que adotou até aqui, escute sua criança interior.
Ela está louca de vontade de conversar contigo para que voltem novamente
a brincar, como bem fazia na infância. E fique tranqüilo, porque o pior que
pode acontecer é, em dado momento, você deixar de necessitar da
aprovação dos demais para simplesmente fazer o que der vontade (sempre
respeitando a Lei Universal).

Outra frase muito boa que li no sempre t~o citado livro “AMI – O menino das
Estrelas”:

“Nós, as crianças de coração, seremos como o besouro, esse bichinho gordo,


pesado e de asas curtas. De acordo com as regras da aerodinâmica, não pode
voar. "Cientificamente comprovado", mas como desconhece a opinião dos
cientistas, ele vai e levanta vôo imprudentemente. E o faz como a melhor das
abelhas....”

Pois é. Sejamos como besouros. Se eu tivesse acreditado no meu sábio chefe,


talvez hoje eu estivesse trabalhando em qualquer outra coisa. Talvez sim,
talvez não, mas o fato é que no final da minha jornada não olharei para trás e
pensarei: “Como teria sido minha vida se tivesse tentado aquele emprego?”

Como disse anteriormente, existe um problema de usarmos as “pedras”


como combustível. Em dado momento percebemos isso e nos questionamos:
e agora?

Foi o que aconteceu comigo. Quando percebi que minha carreira profissional
era um sucesso, que tinha mostrado para mim mesmo que poderia ser
vencedor na informática, questionei-me: “Descobri que tudo que fiz foi por
ego ferido. E agora?”

Como tinha bastante autoconhecimento e sabia o que queria fazer da vida


(ajudar o próximo), larguei a informática. Me aposentei porque entendi que
as oito horas que passava no escritório me amarravam enquanto o mundo se
degladia.

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Via as coisas da seguinte forma: enquanto estou aqui, fazendo dinheiro para
sustentar meu conforto, por mais que doe todo meu dinheiro, estarei
impedindo meu potencial criativo de trabalhar. Potencial criativo? Sim!
Quando passei fome encontrei formas diversas de me alimentar. Mas no
escritório não dava para pensar em nada mais do que os problemas que me
traziam.

E foi aí que usei de forma espetacular a Copa do Mundo. O que quer que
acontecesse não mudaria minha vida. Mas o tempo que tinha livre para
meditar me preparou para essa aposentadoria antecipada. Aposentado da
escravidão do escritório e dos desejos materiais. Mas totalmente conectado
com “ajudar o mundo.”

E se não der certo? Farei o que faço melhor...

CONTEMPLAR OS ERROS
A única coisa que peço para a vida, Deus, Planeta Terra ou o que quer que
seja que nos mantém vivos, é que eu tenha alguns poucos segundos antes de
morrer para pensar a seguinte frase:

“QUERIA TER ERRADO MAIS!”

Alguns podem corretamente pensar: “É um louco mesmo! É a única pessoa


que conheço que gostaria de ter errado mais!”

Pois bem. Defendo minha tese com a seguinte frase: conhece uma forma
melhor de aprender? Se a vida não fosse para cometermos enganos como
crianças e não nos importarmos, começariamos nossa vida bem velhinhos, já
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sábios. Assim teriamos mais tempo de fazer as coisas direitinho. E então, nos
últimos 10 anos de vida, erraríamos bastante.

Não é assim certo? Então a cada tropeço, comemore! Pois este tropeço é por
que está tentando fazer alguma coisa direito. E, se está tentando,
provavelmente obterá sucesso! O sucesso vai depender de sua confiança em
si mesmo e também no pouco tempo que passar se lamentando.

Pode não ser o sucesso esperado. Porém, mesmo que realize, ao longo de
alguns erros, que o caminho não é aquele, tomar outro rumo também é um
sucesso.

Então, errou? Comemore! Bata no seu ombro e grite: “Ooops! Vou prestar
mais atenção da próxima vez.”

Persistir no erro é burrice? Então deve ser legal ser burro. Porque quantas
guerras já tivemos e ainda não aprendemos que é bem mais divertido e
eficaz gastar o dinheiro das guerras dando um pão para o irmão faminto do
que explodindo uma ogiva nuclear!

Veja que interessante: viver em estado de constante atenção é algo bem


divertido. Uma coisa acontece ao seu redor e você automaticamente
incorpora naquilo que está fazendo. Por exemplo: Uma amiga acabou de
entrar no msn com a seguinte frase: “Saber escolher é uma arte.”

Aí me pergunto, seguindo a linha do “errar é legal”. Que divertido seria se eu


soubesse escolher tudo certinho, tudo perfeito? Qual a graça de viver se eu
não escolher a mulher, a comida, o dia, a roupa, o sapato, a meia errados? E a
piadinha do pessoal do escritório quando me olhar com uma camisa que não
tem nada a ver com a calça?

Escolher tudo certo é coisa para robôs! Sou um ser humano, imperfeito,
cheio de defeitos e com um coração bom. Para que vou me importar em
vencer ou escolher certo sempre?

Volto ao ponto da perfeição para dizer que seria uma vida muito chata essa
de ser vencedor e acertar sempre. Digamos que sou um tenista e você é meu
adversário. Sendo ambos perfeitos, não erraremos nunca e aí fica a
pergunta: por quanto tempo vamos nos enfrentar até que um dos dois fale:
“Tá bom vai, cansei. Preciso ir pra casa ver se meu filhinho de dois meses já
está na faculdade!”

Trago agora, as palavras do sábio Krishinamurt que muito bem falou dos
erros e da nossa insistente busca pela perfeição:

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“Se sois mal sucedido num exame, por exemplo, tereis de repeti-lo, não é
verdade? Os exames, em qualquer circunstância, são uma coisa sumamente
deplorável, porquanto nada representam de significativo, já que não revelaria
o verdadeiro valor de vossa inteligência. Passar num exame é, em grande
parte, um "golpe" de memória ou, também, de sorte; mas, vós lutais para
passardes em vossos exames e, quando sois mal sucedidos, perseverais nessa
luta. O mesmo "processo" se verifica diariamente, na vida da maioria de nós.
Estamos lutando por alguma coisa e nunca nos detivemos para investigar se
essa coisa é digna de lutarmos por ela. Nunca perguntamos a nós mesmos se
ela merece nossos esforços e, portanto, ainda não descobrimos que não os
merece e que devemos contrariar a opinião de nossos pais, da sociedade, de
todos os mestres e gurus. É só quando temos compreendido inteiramente o
significado do mais, que deixamos de pensar em termos de fracasso e de êxito.

Temos sempre medo de falhar, de cometer erros, não só nos exames, mas
também na vida. Cometer um erro é coisa terrível, porque seremos criticados,
censurados, por causa dele. Mas, afinal, por que não se devem cometer erros?
Toda gente, neste mundo, não vive cometendo erros? E o mundo sairia da
horrível confusão em que se encontra, se vós e eu nunca cometêssemos um
erro? Se tendes medo de cometer erros, nunca aprendereis coisa alguma. Os
mais velhos estão continuamente cometendo erros, mas não querem que vós os
cometais e, com isso vos sufocam toda a iniciativa. Por quê? Porque temem
que, pelo observar e investigar todas as coisas, pelo experimentar e errar,
acabeis descobrindo algo por vós mesmo e trateis de emancipar-vos da
autoridade de vossos pais, da sociedade, da tradição. É por essa razão que vos
acenam com o ideal do êxito; e o êxito, como deveis ter notado, sempre se
traduz em termos de respeitabilidade. O próprio santo, em seus progressos
para a chamada perfeição espiritual, tem de tornar-se respeitável, porque, do
contrário, não encontrará "aceitação", não terá seguidores.

Estamos, pois, sempre pensando em termos de êxito, em termos de mais; e o


mais é encarecido pela sociedade respeitável. Por outras palavras, a sociedade
estabeleceu, com todo o esmero, um certo padrão, pelo qual mede o vosso
sucesso ou o vosso insucesso. Mas, se amais uma coisa e a fazeis com todo o
vosso ser, então já não vos importa o êxito nem o fracasso. Nenhum homem
inteligente se importa com isso. Mas, infelizmente, são raros os homens
inteligentes, e ninguém vos aponta essas coisas. Tudo o que importa ao homem
inteligente é perceber os fatos e compreender o problema - e isso não significa
pensar em termos de êxito ou de fracasso. Só quando não amamos o que
fazemos, pensamos nesses termos.”

Com base em tudo isso que o sábio disse, me resta perguntar se a negação
que o outro (família ou sociedade) nos dá quando erramos, não é porque ele
mesmo falhou (e muito) e espera que possamos fazer melhor que ele. Sendo
assim, já que errar é bom demais, entendi que existia um problema nos
adversários que escolhia na minha vida. É o novo capítulo que trago a seguir.

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SE MEU MESTRE E VOCE, SOU MEU
MELHOR ADVERSARIO

Aprendi o amor, a perdoar, a agradecer, a ser feliz e a errar. E aí descubro


que não tem melhor adversário do que eu mesmo. Se eu competir em
alguma coisa com alguém que é melhor que eu, perde a graça quando eu
estiver tão bom quanto a pessoa. Aí tenho que ter o trabalhão de achar outro
oponente à altura. E se viro o melhor do mundo em alguma coisa, aí
definitivamente perdeu a graça. Sabe aquela coisa do videogame, de quando
começamos a ganhar todas as batalhas e pedimos para que nosso pai nos dê
um novo jogo?

Por outro lado, nunca vou conseguir ser completamente melhor que eu
mesmo. Para exemplificar bem, vou citar a frase que um grande amigo falou
certa vez: “Sou melhor do que ontem, mas infintamente pior do que amanhã”.

Por mais que me autosupere em algum ponto, outros milhões estarão


disponíveis, prontos para batalhar com meu incessante desejo de melhorar
minha pessoa. Com isso em mente, me tornei um cara menos competitivo
com meus irmãos e mais compreensivo enquanto travo batalhas infinitas
contra mim mesmo.

Foi bem o que ocorreu certa vez num campeonato de arco e flechas a que fui
com um amigo. Tirando as situações em parques de diversão, eu não tinha
tentado o esporte ainda. Poxa, eu estava tão concentrado em melhorar
minhas próprias flechadas, que esqueci que tinha um adversário. Fiquei

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numa boa posição, me diverti e num dado momento percebi que o oponente
era um mero coadjuvante.

Meu real desafio era dominar aquela arte e fazer o melhor a cada flechada.
Não porque era um campeonato. Campeonato? Eu nem percebi. O legal era
mirar e acertar cada vez mais perto do meu objetivo.

Na semifinal o arco estourou em minhas mãos. Me perdi completamente.


Escolhi um arco qualquer e comecei a errar feio. Só voltei a acertar as
flechadas quando me veio a intuição: “Apegado ao arco, criança? Você
acabou de se iniciar no esporte e já está apegado a alguma coisa?” Uma
verdade gigantesca essa de que estava colocando a culpa no arco.

Então é assim que vejo a vida. Quando passamos a nos responsabilizar por
tudo que nos acontece, entramos na rápida estrada da evolução. Mas para
isso não adianta, seu melhor adversário é você mesmo. É você quem esteve e
estará todos os dias ao seu lado e é você quem vai te derrubar quando o ego
crescer demais.

Sendo assim, sorria, encontre em si mesmo e não nos outros um diamante a


ser lapidado. Aprenda com as ofensas dos outros, livre-se das pedras e da
falsa crença de que algo externo irá te completar.

Faça alguma coisa que nunca fez, como plantar uma árvore, para devolver ao
planeta o bem que ele te faz. Ajude alguém e torne isso um hábito, realmente
nos faz bem. E como sempre digo, na simplicidade das crianças estão as
chaves necessárias à nossa felicidade.

Mas não é o que a sociedade nos ensina. Bom, se lá estivessem todas as


respostas, os artistas seriam felizes e o mundo não estaria em guerra
constante. E é assim que vou para o último capítulo, para finalizar essa
jornada.

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INTUIÇAO... ESCUTE SEU CORAÇAO!

Não dava para fechar esse livro com um assunto mais espetacular do que
esse: a intuição.

O que é a intuiç~o? Alguns dizem que vem de uma parte “adormecida” do


cérebro que é ativada constantemente durante nossos sonhos. Outros
afirmam que são mensagens que vem de Deus e tem também os que
acreditam que é nossa essência Divina - o espírito -, nos dando toques do
que precisa ser feito em nossa jornada.

Segundo Henri Bergson (filósofo e diplomata francês, foi conhecido


principalmente por Ensaios sobre os dados imediatos da consciência, matéria
e memória, A evolução criadora e As duas fontes da moral e da religião):

“Intuição significa apreensão imediata da realidade por coincidência com o


objeto. Em outras palavras, é a realidade sentida e compreendida
absolutamente de modo direto, sem utilizar as ferramentas lógicas do
entendimento: a análise e a tradução. Isto é, a intuição é uma forma de
conhecimento que penetra no interior do objeto de modo imediato sem o ato
de analisar e traduzir. A análise é o recorte da realidade, mediação entre
sujeito e objeto. A tradução é a composição de símbolos linguísticos ou
numéricos que, analogamente à primeira, também servem de mediadores.
Ambas são meios falhos e artificiais de acesso à realidade. Somente a intuição
pode garantir uma coincidência imediata com a realidade sem símbolos nem
repartições.”
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Para mim pouco importa de onde vem. É a nossa parte muito sábia que está
além da caixa. Duvido que alguém aqui escutaria uma intuiç~o falando: “Se
jogue do prédio” ou pior “Jogue seu parente daquele edifício ali.”

E sabe porque não? Porque as mensagens vêm do coração e, assim sendo,


são mensagens fundamentais para a evolução de nossa essência amorosa.

Quando fechamos o cerco do ego (nossa proteção egoísta), passamos a


escutar mais e mais a intuição. Por experiência própria sei que dá até para
conversar com ela e até mais: DÁ PARA SE FUNDIR A ELA (iluminação!).

É por ela que recebemos mensagens como a de ajudar alguém na rua ou a de


pararmos para conversar com uma pessoa ou ler esse livro. Foi por
intermédio da intuição que conheci todas as mulheres que comigo estiveram
e também essa foi a chave da escrita desse livro.

Seguindo a intuição, cresci profissionalmente de forma fenomenal; aprendi a


ser mais amoroso e bem menos egoísta; fiquei longe do caminho das drogas;
fechei o ciclo profissional para ter mais tempo de ajudar as pessoas e o mais
importante de tudo: encontrei meu caminho de evolução, missões de vida e
muito, muito mais.

Essa é a intuição! E como disse, a forma de fecharmos o caminho do


coração é sendo racionais demais. A racionalidade simplesmente não explica
coisa alguma. Se for uma mãe, tente me explicar a beleza e o amor que sentiu
quando estava grávida ou a primeira vez que seu bebê caminhou para ela.
Tentem me explicar em palavras a beleza que é entrar em uma cachoeira, o
prazer que é estar com a pessoa que mais ama ou a beleza que é escutar o
canto de um pássaro. Faltam palavras para tudo isso! E se faltam palavras é
incompleto! O racional é assim, incompleto e para estarmos conectados
conosco mesmo, só pelo coração mesmo, pois ele tem todas as chaves.

Aliás, a ciência vai levar milhões de anos (só um pouquinho, não é mesmo?)
para descobrir que no final das contas tudo se resume ao sentir e energias.

Para fechar esse ciclo, coloco uma figura que acho que representa bem o que
quero dizer. Ignore a borda e coloque sua mente para simplesmente
imaginar o que quer ver aqui. Complete o nada com suas vontades, com o
que tirou de proveito do que escrevi, com algum desenho que para ti
represente a felicidade. Depois de completar mentalmente essa área pense
no que precisaria fazer para que isso acontecesse. Veja se nesse espaço
também não cabe uma ou várias pessoas que poderiam receber seus
conhecimentos.

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Seus? Sim! Se você me ensinou de alguma forma, então o conhecimento é seu
e eu apenas os representei de uma maneira que fizessem sentido em nosso
idioma.

É no Nada, na infância, que encontramos as melhores imagens para


preencher nossos quadros mentais. Sobre o Nada, trago o pensamento do
s|bio Muyamoto Musashi, em sua obra “O Livro dos Cinco Anéis”. Copio dele,
além da forma de concluir o tudo (ou o nada) com o seguinte pensamento:

“(...) Quando seu espírito estiver isento de toda turvação, quando as nuvens da
desordem se dissiparem, você conhecerá o verdadeiro Nada. (...)

E então você começará a pensar nas coisas sob um ângulo mais aberto, e a
entender o Nada como o Caminho, e verá o Caminho como o Nada.

No Nada está a virtude e nenhum mal. A sabedoria tem existência, o princípio


tem existência, o Caminho tem existência, o espírito é o vazio.”

Mas honestamente, sabe qual a melhor parte de escutarmos nossa intuição?


Passamos a buscar nossa própria verdade. Essa é a grande realidade do
mundo.

Escutamos a verdade alheia e muitos aqui vão levar tudo que falei como uma
grande verdade ou uma gigantesca besteira. Mas honestamente? Esqueça
tudo que falei e faça suas próprias perguntas e encontre suas próprias
respostas. Essa é a maior sacada da intuição: acreditamos no que quisermos.
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Mas talvez uma única coisa preste efetivamente em tudo que falei, que é a de
escutar sua criança interior e livrá-la de todas as grades mentais que foram
colocadas ao longo de sua jornada.

Com corações puros e limpos de quaisquer desejos e maldades nós


recebemos as nossas próprias verdades, missões, objetivos de vida e tudo o
mais. Era naquela época que nada sabíamos a não ser o real sentido da
palavra AMOR. Nada fazíamos que não brincar, amar e sorrir. Então por que
é que deixamos isso para trás? Se aquela criança sábia sabia que o sabiá
sabia assobiá, por que é que esquecemos que três tigres tristes trocavam trigo
no trigal?

ATENÇÃO! Esta é uma publicação totalmente gratuita! Para novos


textos acesse o site www.iluminaty.com.br.Tudo que faço é gratuito,
assim como a vida que ganhamos de presente!
Daniel Santana
5ª Edição - 07/09/2010

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