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CAPÍTULO 14 – CRITÉRIO RECURSOS HÍDRICOS

ICMS Solidário 2016


Ana Carolina Pinheiro Euclydes
Consultora da Gerência-Geral de Consultoria Temática. Gerência de Acompanhamento e Avaliação de
Políticas Públicas – ALMG.

Mariana Navarro Paolucci


Consultora da Gerência-Geral de Consultoria Temática. Gerência de Acompanhamento e Avaliação de
Políticas Públicas – ALMG.

1 DESCRIÇÃO DO CRITÉRIO

O critério Recursos Hídricos foi criado pela Lei do ICMS Solidário em 2009 (Lei nº
18.030, de 20091) e passou a vigorar a partir de 2011. Trata-se de 0,25% a ser des-
tinado aos municípios que possuem área alagada por reservatório de água destinado
à geração de energia e que não sejam sede da usina. Em outras palavras, não entram
no cálculo as áreas de reservatório destinado à geração de energia e que se encontrem
no território do município sede da usina cujo movimento econômico tenha sido utilizado
para apuração do critério VAF.

O cálculo do repasse de recurso tem como base a apuração do valor adicionado das
operações de geração de energia elétrica de cada usina, e a área do reservatório utili-
zada para o cálculo do repasse é determinada por dados fornecidos pela Agê cional de
Energia Elétrica – Aneel.

2 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DOS MUNICÍPIOS AO CRITÉRIO

Em 2011, primeiro ano de apuração do critério, 103 municípios fizeram jus ao recebi-
mento de recursos com base no presente critério, tendo esse número aumentado para
1052 no ano de 2012.

2.1 Análise da distribuição de recursos financeiros do critério

Inicialmente, cabe dizer que apenas a Região Noroeste de Minas não recebe recursos
oriundos do critério Recursos Hídricos e que, tendo o critério sido instituído em 2011, a
análise se dá apenas com os dados dos anos 2011 e 2012.

1 MINAS GERAIS. Lei nº 18.030, de 12 de janeiro de 2009. Dispõe sobre a distribuição da parcela da receita do produto da arrecadação do
ICMS pertencente aos municípios.
2 Os dois municípios incluídos de 2011 para 2012 foram Berilo (Jequitinhonha-Mucuri) e Indianópolis (Triângulo Mineiro).

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A análise da distribuição de recursos financeiros nos mostra que:
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• do ano de 2011 para o ano de 2012, 35 municípios tiveram acréscimo no montante


recebido, enquanto 70 municípios receberam menos em 2012 do que em 2011;
• a Região Triângulo Mineiro é a que mais recebe recursos por meio do critério Recur-
sos Hídricos – 66,42% do total distribuído em 2011 e 64,51% em 2012;
• 65,71% dos municípios contemplados pertencem à faixa acima da linha mediana;
• a Região Sul é a que apresenta o maior índice percentual de municípios localizados
acima da linha mediana que recebem recursos do critério Recursos Hídricos.

A análise dos dados nos mostra que, do ponto de vista da busca da redução da desi-
gualdade na distribuição do ICMS almejada pela legislação que a regulamenta, o critério
Recursos Hídricos contribui, apenas parcialmente, para que municípios situados abaixo
da linha mediana tenham acréscimo de recursos, uma vez que, em sua grande maioria,
contempla municípios localizados acima da linha mediana. Por outro lado, como será
demonstrado a seguir, o critério possui caráter compensatório importante para os mu-
nicípios beneficiados.

2.2 Análise da aderência do critério à política pública

O critério Recursos Hídricos foi criado com o objetivo de compensar os municípios pela
perda de porção de terra destinada à formação de reservatórios para fins de geração de
energia elétrica. Isso se justifica, uma vez que o alagamento de grandes áreas restringe
o exercício de atividades econômicas no local. Além disso, os municípios contemplados
por este critério não recebem recursos do ICMS oriundos da atividade econômica da
usina por meio do VAF.

Cabe destacar que o valor distribuído por meio do critério Recursos Hídricos não é o
único repassado aos municípios com base em produção de energia hidrelétrica e na
perda de produtividade devida ao alagamento de áreas. Isso porque a Constituição
da República3, no § 1º do art. 20, assegura aos estados, ao Distrito Federal, aos
municípios e a órgãos da administração direta da União participação no resultado da
exploração de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica ou compen-
sação financeira por essa exploração. Trata-se de um percentual que as concessio-
nárias de geração hidrelétrica pagam pela utilização de recursos hídricos – 6,75%
do valor da energia produzida4. A Aneel é responsável por gerenciar a arrecadação
e a distribuição dos recursos entre os beneficiários. Do total arrecadado, 45% são
destinados aos municípios.

3 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Belo Horizonte: Assembleia Legislativa de Minas Gerais,
2012.
4 O total a ser pago é calculado segundo uma fórmula padrão: CF = 6,75% x energia gerada no mês x Tarifa Atualizada de Referência - TAR. A
TAR é definida anualmente por meio de Resolução Homologatória da ANEEL.

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Apesar da semelhança entre o critério Recursos Hídricos da Lei do ICMS Solidário e a com-

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pensação financeira instituída pela Constituição da República, requisitos necessários para o
repasse de valor de um e de outro os diferenciam. Conforme já dito, a Lei do ICMS Solidário
contempla apenas municípios que possuem áreas alagadas e que não são sede da usina.
Por sua vez, a Constituição e as leis federais que regulam a matéria5 determinam o repasse
de parte do valor arrecadado a título de compensação financeira aos municípios em cujos
territórios estejam localizadas instalações destinadas à produção de energia elétrica ou que
tenham áreas alagadas por água dos respectivos reservatórios. Além disso, a compensação
financeira, além de se basear na área alagada e na existência de instalações destinadas à
geração de energia para repasse de valores aos municípios, também leva em conta o ganho
de energia por regularização de vazão. Isso porque a quantidade total de energia gerada em
uma usina hidrelétrica não se deve somente à água existente em seu próprio reservatório.
A geração de parte dessa energia só se torna possível devido à água represada nos reser-
vatórios de outras usinas. Assim, o coeficiente de repasse representa o percentual da com-
pensação financeira que permanecerá na usina pagadora e o percentual a ser distribuído
entre os reservatórios de montante. Esse percentual é calculado considerando a diferença
entre a energia gerada pela central hidrelétrica quando todos os reservatórios situados a
montante estão operando a fio d`água e a energia gerada quando esses reservatórios estão
regularizando a vazão. Após o rateio pelo ganho de energia, a parcela destinada a cada res-
ervatório é dividida entre os municípios atingidos na proporção da área inundada.

Reside, assim, nos dois institutos, importante diferença conceitual. A análise da lei es-
tadual nos leva a crer que o seu objetivo é compensar municípios que não recebem
repasses de ICMS com base no VAF e que contam com restrição de exercício de ati-
vidades econômicas em seu território, ao passo que as normas federais buscariam
compensar os municípios e os estados pelo uso de recursos naturais, no caso, dos re-
cursos hídricos, além de “premiar” a regularização da vazão de forma a contribuir para
otimizar a geração de energia no País6. Dessa forma, podemos considerar que existe
uma complementaridade entre os repasses, e não uma sobreposição. No entanto, a
comparação dos valores repassados por um e por outro instrumento revela uma grande
discrepância, mostrando que o repasse pelo critério Recursos Hídricos representa ape-
nas pouco mais de 5% do que o Estado de Minas Gerais como um todo recebe a título
de compensação financeira7.

5 BRASIL. Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Institui, para os Estados, Distrito Federal e Municípios, compensação financeira pelo
resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica, de recursos minerais em
seus respectivos territórios, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, e dá outras providências. (Art. 21, XIX da CF).
BRASIL. Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996. Institui a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, disciplina o regime das
concessões de serviços públicos de energia elétrica e dá outras providências.
BRASIL. Lei nº 9.648, de 27 de maio de 1998. Altera dispositivos das Leis nº 3.890-A, de 25 de abril de 1961, nº 8.666, de 21 de junho
de 1993, nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, nº 9.074, de 7 de julho de 1995, nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, e autoriza o Poder
Executivo a promover a reestruturação da Centrais Elétricas Brasileiras – ELETROBRÁS e de suas subsidiárias e dá outras providências.
6 Importante ressaltar que, conforme as Leis Federais nºs 7.990, de 1989 e 9.427, de 1996, as Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs – estão
isentas do pagamento da compensação financeira e, consequentemente, não geram repasse de recursos aos municípios nos quais estão
localizadas.
7 Há que se destacar que, conforme o que já foi dito, o critério estadual abrange uma quantidade menor de municípios se comparado ao repasse
da compensação financeira pela União.

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Tem-se que, no ano de 2011, o Estado de Minas Gerais recebeu, a título de compensa-
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ção financeira instituída pela Constituição da República, o valor de R$ 132.939.525,26.


Além disso, os municípios mineiros receberam a mesma quantia, uma vez que do total
arrecadado de compensação, 45% se destinam aos Estados, 45% se destinam aos
municípios atingidos pelos reservatórios das UHEs e 10% ficam com a União. Assim,
conclui-se que no ano de 2011 o Estado de Minas Gerais recebeu um total de R$
265.879.050,52. Em 2012 esse valor chegou a R$ 310.493.907,38. Por sua vez, o
Estado de Minas Gerais repassou aos seus municípios, com base na lei do ICMS Solidá-
rio, R$ 16.128.381,74 em 2011 e R$ 16.294.164,09 em 2012.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Belo


Horizonte: Assembleia Legislativa de Minas Gerais, 2012. Disponível em: <http://www.
almg.gov.br/consulte/legislacao/Downloads/pdfs/ConstituicaoFederal.pdf>. Acesso em:
14 ago. 2015.

BRASIL. Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Institui, para os Estados, Distrito


Federal e Municípios, compensação financeira pelo resultado da exploração de petró-
leo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica, de
recursos minerais em seus respectivos territórios, plataforma continental, mar territorial
ou zona econômica exclusiva, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7990.htm>. Acesso em: 14 ago. 2015.

BRASIL. Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996. Institui a Agência Nacional de


Energia Elétrica - ANEEL, disciplina o regime das concessões de serviços públicos de
energia elétrica e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/
CCivil_03/leis/L9427cons.htm>. Acesso em: 14 ago. 2015.

BRASIL. Lei nº 9.648, de 27 de maio de 1998. Altera dispositivos das Leis nº 3.890-A,
de 25 de abril de 1961, nº 8.666, de 21 de junho de 1993, nº 8.987, de 13 de feverei-
ro de 1995, nº 9.074, de 7 de julho de 1995, nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, e
autoriza o Poder Executivo a promover a reestruturação da Centrais Elétricas Brasileiras
– Eletrobrás e de suas subsidiárias e dá outras providências. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9648cons.htm>. Acesso em: 14 ago. 2015.

MINAS GERAIS. Lei nº 18.030, de 12 de janeiro de 2009. Dispõe sobre a distribuição


da parcela da receita do produto da arrecadação do ICMS pertencente aos municípios.
Disponível em: <https://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/completa/completa.ht-
ml?tipo=LEI&num=18030&comp=&ano=2009>. Acesso em: 14 ago. 2015.

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