Introdução
Vários fatores tornam a infecção do trato urinário (ITU) uma relevante complicação do período
gestacional, agravando tanto o prognóstico materno, quanto o perinatal. Preocupação
adicional para os profissionais responsáveis pela atenção pré-natal destas mulheres é que,
além da incidência aumentada de infecções sintomáticas entre grávidas, justamente neste
período, o arsenal terapêutico antimicrobiano e as possibilidades profiláticas são restritas,
considerando-se a toxicidade de alguns fármacos para o produto conceptual (embrião/feto e
placenta).
Definição
É definida como a presença e replicação de bactérias no trato urinário, provocando danos aos
tecidos locais. No entanto, durante a gravidez, o entendimento desta definição deve ser
ampliado, considerando-se os riscos potenciais de complicações decorrentes da bacteriúria
assintomática. Para o diagnóstico de BA, necessita-se a contagem de 10^5 colônias
bacterianas/mL de urina em cultivos de duas amostras urinárias distintas.
Fisiopatologia
As principais alterações que predispõe a ITU são: 1) dilatação do sistema coletor (maior
capacidade de armazenamento), 2) hipertrofia da musculatura longitudinal no terço inferior do
ureter (aumenta o refluxo vesico ureteral) e 3) redução da atividade peristáltica decorrente da
progesterona (maior estase urinária). Esses fatores por si só favorece a estase urinária e o
refluxo vesico ureteral, transformando as infecções assintomáticas em sintomáticas. Além
disso sabe-se que durante a gestação o rim passa a excretar quantidades menores de potássio
e maiores de glicose e aminoácidos fornecendo um meio apropriado para a proliferação
bacteriana (um meio de Ph alcalino + alimento = proliferação bacteriana).
Etiologia
As bactérias que podem causar ITU são Escherichia coli (uropatógeno mais comum) que são
responsáveis por cerca de 80% dos casos. Os 20% restantes são causado principalmente pelas
bactérias: Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis e bactérias do gênero Enterobacter.
A principal complicação é a pielonefrite, porém apenas cerca de 10% chegam a evoluir para
choque séptico.
São essa complicações que tornam grave a ITU em gestante. As principais complicações são
trabalho de parto pré-termo, recém-nascidos com baixo peso, ruptura prematura de
membranas aminióticas, restrição do crescimento intra-utero, paralisia cerebral, retardo
mental e óbito perinatal.
Formas clínicas
Diagnóstico
O diagnóstico é feito pela história clinica + exames como EAS (mais pratico e de baixo custo) e
UROCULTURA (menos prático). No caso da BA o seu diagnóstico é realizado no momento do
pré-natal, devido à correlação com grandes complicações maternas e perinatais. O padrão
ouro para diagnóstico de ITU é UROCULTURA.
Tratamento
É realizado com antimicrobianos, porém antes de ser utilizados devem ser avaliação a sua
segurança. Sobre a segurança dos antimicrobianos durante a gravidez, nota-se uma grande
dificuldade de se encontrarem estudos controlados na literatura. Nas gestantes deve ser
evitado o tratamento empírico, portanto, ele deve ser direcionado pelo antibiograma. Na
bacteriuria assintomática, uretrite e cistite o tratamento pode ser feito por via oral e deve se
estender por sete dias, visto tratar-se de infecção em gestante – cefuroxima (categoria B) –
250 mg de 8/8h. Outros que podem ser utilizados em infecções mais graves são
nitrofurantoina (a partir da 38° é categoria X), norfloxacino (categoria C) ou
sulfametoxazol/trimetropina (categoria D). Já a pielonefrite é tratado com antibiótico
parenteral + medidas de suporte.
Antibióticos
Categoria A- baixo risco e estudados em humanos. Categoria B- baixo risco e não estudados
em humanos. Categoria C – médio risco e não estudados em humanos. Categoria D – médio
risco e estudados em humanos. Categoria X – não podem ser usados e foram estudos em
humanos