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Este livro analisa a educação do corpo nas escolas brasileiras entre 1882-1947 através de 10 textos que discutem temas como disciplina corporal, castigos físicos, esporte e higiene. Os artigos exploram como as práticas corporais refletiam visões sobre civilização e como a escola moldava os corpos das crianças.
Deskripsi Asli:
Educação do corpo na escola brasileira.
Marcus Aurélio Taborda
Judul Asli
Educação do corpo na escola brasileira. Marcus Aurélio Taborda de Oliveira (org). Campinas: Autores Associados, 2006, 209 pp
Este livro analisa a educação do corpo nas escolas brasileiras entre 1882-1947 através de 10 textos que discutem temas como disciplina corporal, castigos físicos, esporte e higiene. Os artigos exploram como as práticas corporais refletiam visões sobre civilização e como a escola moldava os corpos das crianças.
Este livro analisa a educação do corpo nas escolas brasileiras entre 1882-1947 através de 10 textos que discutem temas como disciplina corporal, castigos físicos, esporte e higiene. Os artigos exploram como as práticas corporais refletiam visões sobre civilização e como a escola moldava os corpos das crianças.
Marcus Aurélio Taborda de Oliveira (org). cação. Neste texto, Vaz ocupa-se do tema da Campinas: Autores Associados, 2006, 209 pp. memória e da história em Benjamim e Adorno, tendo como fonte para seus comentários as Álvaro de Azeredo Quelhas recordações de infância que aparecem em Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz trechos de obras destes pensadores. Nas de Fora memórias de Benjamim, a escola aparece como <alvaro.quelhas@ufjf.edu.br> espaço de restrição e sofrimento, enquanto em Adorno observa-se uma relação entre fascismo, Graziany Penna Dias os primeiros anos de vida e o cotidiano escolar. Professora de Educação Física da Secretaria de Educação A violência na escola é o tema abordado por de Juiz de Fora Luciane Paiva Alves de Oliveira em “Violência, <grandias@ig.com.br> corpo e escolarização: apontamentos a partir da teoria crítica da sociedade”. Apoiando-se em Este livro é uma coletânea de dez textos que, teóricos como Foucault, Marcuse, Horhheimer em sua maioria, abordam a questão do trato do e Adorno, discute a negação do corpo nas práti- corpo e das práticas corporais nas escolas cas corporais presentes na escola como parte de brasileiras. As análises apresentadas desen- um contexto mais amplo de uma sociedade volvem-se a partir de pesquisas na área da marcada pela história de dominação, que, história da educação/educação física realizadas desde cedo, está presente na escola, pois qual- em sua maior parte por pesquisadores do esta- quer aluno identifica e aprende a seguir regras do do Paraná. Os trabalhos lançam novos que colaboram para o desenvolvimento do olhares, perspectivas e expectativas para o autocontrole sobre suas ações, representando desenvolvimento de pesquisas sobre o assunto, algum tipo de sacrifício corporal ou não. especialmente por abordarem temas bastante Segundo a autora, a investigação da violência, variados, tais como: disciplina; castigos corpo- dentro ou fora da escola, pode ser feita por rais; relações entre escolarização e esporte; intermédio da vinculação contraditória que o disciplinas escolares; higiene. homem mantém com o corpo: relação de amor- O texto de Marcus Aurélio Taborda de ódio. A título de ilustração são relatadas algu- Oliveira, “A título de apresentação – educação mas situações vivenciadas no contexto escolar do corpo na escola brasileira”, é, segundo o onde se manifesta a violência: durante o recreio autor, um conjunto de reflexões que pretendem e no período de entrada e saída de turnos, sugerir algumas possibilidades para um progra- propondo que a escolarização como um projeto ma de pesquisa em torno da instauração de formativo tenha como princípios fundamentais práticas corporais no interior da escola. Estas o combate à violência, ao ódio e à barbárie. reflexões são elaboradas a partir de quatro O uso dos castigos corporais empregados eixos: o sentido de um programa de pesquisa para disciplinar e conter os corpos das crianças que pretende estudar historicamente a relação que deveriam se submeter a uma educação entre corporalidade e escolarização; o conjunto escolarizada, em busca de uma civilização dos de temas que pode encerrar; a documentação costumes pretendida em fins do século XIX, é o sobre a qual se pode trabalhar; a inter-relação tema sobre o qual Talita Bance Dalcin discorre entre diferentes campos disciplinares. Durante em seu texto “‘Palmatoando’ as fontes: os usos o trabalho, Oliveira aborda estes eixos através dos castigos físicos em nome da disciplinariza- do diálogo com alguns resultados de um proje- ção e da ordem nas escolas paranaenses da to de pesquisa sob sua coordenação, que vem segunda metade do século XIX”. Analisando estudando a questão no contexto da escola documentos do Arquivo Público do Paraná, paranaense durante o período 1882-1920. Dalcin aponta que os castigos corporais eram Em “Marcas do corpo escolarizado, inven- justificados sob dois argumentos centrais: o tário do acúmulo de ruínas: sobre a articulação esgotamento do castigo moral, previsto em lei, entre memória e filosofia da história em Walter como forma de disciplinar os alunos, e maior Benjamim”, o autor Alexandre Fernandez Vaz eficácia dos castigos corporais, especialmente reúne parte dos resultados de uma pesquisa que da palmatória, para o disciplinamento que conduziria à ‘civilidade’. Por volta de 1880, o programa contido na reforma Francisco Campos uso desse recurso, além de não produzir os quanto as diretrizes para a educação física nos efeitos disciplinadores, passa a ser repulsado estabelecimentos de ensino secundário de 1947 pela sociedade, ganhando força e aprovação foram claramente baseados no método francês. social os castigos morais. Sua principal contribuição é a de demonstrar O processo de escolarização do esporte por em que medida estes programas se efetivaram, meio da contribuição da Associação Brasileira ou não, no contexto do Ginásio Paranaense. de Educação (ABE) é tratado por Meily Assbú O trabalho de Vera Lúcia Gomes Jardim, Linhales em “A produção de uma forma escolar intitulado “Educação musical: a concepção para o esporte: os projetos culturais da Associa- escolar para o ensino da música” trata dos ção Brasileira de Educação (1926-1935) como processos de ensino da música implantados indícios para a historiografia da educação físi- através das políticas educacionais nas escolas ca”. Em sua exposição, Linhales analisa proje- públicas de São Paulo em consonância com a tos da ABE, utilizando-se da categoria forma filosofia educacional historicamente colocada escolar para propor a identificação das estraté- no final do século XIX até os anos de 1920. Ao gias de produção do que ela denomina de longo do texto, a autora procurou destacar as forma escolar para o esporte, e da categoria funções que estavam colocadas para a educação saberes escolares para pensar o esporte como musical na formação escolar daquele período. uma ‘disciplina’ que participa da (con)formação Demonstra, por meio de sua análise, que os da escola, da prescrição pedagógica e da orga- métodos utilizados na educação musical nização sociocultural atinentes à experiência estavam sintonizados com os novos postulados escolar moderna. da pedagogia e da psicologia, em especial com o A forma como os intelectuais de diferentes método intuitivo desenvolvido por Pestalozzi, formações abordaram a discussão da saúde, da que se apoiava na intuição, na observação, nos higiene, da educação e da sociedade, assim sentidos e na experiência. como as influências destas questões na revista “O ensino de canto orfeônico e sua perspec- Educação Physica, nas décadas de 1930 e 1940, tiva higienista na primeira metade do século foram analisadas por Omar Shneider e Amarílio XX”, de Wilson Lemos Junior, é um texto onde Ferreira Neto em “Saúde e escolarização: repre- o autor procura destacar a perspectiva utili- sentações, intelectuais, educação e educação tarista com a qual pretendia-se ensinar a músi- física”. Evidencia-se a transposição de uma ca orfeônica na escola, enfocando as práticas da perspectiva que defendia um branqueamento escola secundária curitibana na primeira meta- da sociedade, para um discurso que aponta a de do século XX. Neste contexto, o aspecto educação do corpo de caráter higienista para a higienista era muito enfatizado enquanto ele- melhoria da população. A educação física, res- mento de desenvolvimento físico das partes res- saltada na revista, tinha por função melhorar as piratória e circulatória do corpo, bem como condições biotipológicas promovendo uma ho- recreador, socializador e moldador de um deter- mogeneidade da população, tendo como mode- minado perfil cultural para o país, principal- lo a educação grega (física, moral e intelectual) mente, com o advento do Estado Novo. e o culto ao padrão grego de estética corporal O texto que encerra o livro, de autoria de espelhado em sua estatutária. Aponta-se um Cássia Helena Ferreira Alvin e Marcus Aurelio processo onde está presente tanto continuidade Taborda de Oliveira, intitulado “Uma experiên- quanto descontinuidade nos discursos e pro- cia de construção do currículo escolar para a postas de promoção da saúde por meio da esco- educação física: das amarras da tradição à la. tentativa de reorientação”, expõe, a partir das Os programas de educação física para o experiências de Araucária, no Paraná, uma ensino secundário e sua implementação no con- proposta de reformulação para o ensino da texto escolar são analisados por Sérgio Roberto educação física. Propõe como seu objeto de Chaves Júnior em “Os programas de educação ensino a corporalidade concebida como a física no ensino secundário: algumas considera- expressão criativa e consciente do conjunto de ções sobre o Ginásio Paranaense (1931-1947)”. manifestações corporais historicamente pro- As análises desenvolvidas indicam que tanto o duzidas, buscando a comunicação e interação diferentes indivíduos com eles mesmos, com outros, com o seu meio social e natural. Assim, foram elaborados quatro eixos norteadores para a prática pedagógica deste componente curri- cular na escola: (a) desenvolvimento corporal e construção da saúde; (b) expressividade do cor- po; (c) relação do corpo com o mundo globaliza- do; (d) o corpo que brinca e aprende. O ponto de partida do trabalho pedagógico na con- cepção pautada na corporalidade é entender o corpo como construção histórico-cultural, partindo do senso comum para o conhecimento científico-cultural elaborado, produzido pela humanidade, organizado e sistematizado. Compreendemos que os trabalhos apresen- tados neste livro trazem importantes contri- buições para o entendimento das relações entre os processos de escolarização e os processos de educação do corpo na sociedade brasileira, constituindo-se em fonte de inspiração para o desenvolvimento de novas pesquisas e re- flexões, especialmente nas áreas da educação e educação física.