ADVOCATÍCIOS
(em processo de construção)
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito
suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao
seguinte regime:
(...)
§ 2o A multa e os honorários a que se refere o § 1o do art. 523 são devidos no cumprimento
provisório de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa.
(...)
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de
decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a
requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15
(quinze) dias, acrescido de custas, se houver.
§ 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa
de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.
Por outro lado, pode ocorrer de o percentual/valor fixado ser baixo e/ou
incompatível com os parâmetros fixados pelo Art. 85, §2° do CPC:
Sugestão:
1) Nos casos em que tenham sido ignoradas ou aplicadas equivocadamente as
novas regras do CPC referente aos honorários advocatícios devidos nas causas
em que a Fazenda Pública for parte: entrar preferencialmente com embargos de
declaração, alegando omissão/contradição.
2) Nos casos em que, muito embora respeitadas as novas regras, o
percentual/valor arbitrado pelo(a) Juiz(a) for baixo:entrar preferencialmente com
apelação, pedindo aumento da condenação com base nos parâmetros do Art.
85, §2° do CPC.
Prática 4 - Pedir majoração de honorários advocatícios nas
contrarrazões recursais.
Segundo a sistemática do novo CPC, sempre que houver recurso (não se limita
à apelação!) o tribunal deverá (não é faculdade!) majorar os honorários
advocatícios:
Art. 85. Omissis.
§1o São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença,
provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos,
cumulativamente.
(...)
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em
conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o
disposto nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários
devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2o e
3o para a fase de conhecimento.
Nesse caso, ainda que a parte autora resulte vitoriosa na ação como um todo,
foi derrotada no recurso, devendo arcar com o pagamento dos honorários
recursais, em razão da autonomia dessa verba em relação aos honorários de
primeira instância.
“(...)
03. A sucumbência no recurso como critério para a fixação dos honorários recursais
A possibilidade de fixação de honorários nos recursos faz surgir uma questão primordial, qual
seja, a nova verba honorária será fixada exclusivamente em decorrência do julgamento do
recurso ou o resultado da causa terá relevância para a fixação dessa nova verba?
Essa situação é relevante, porque não se deve confundir a sucumbência como regra para a
condenação em honorários, com a sucumbência como elemento integrante do interesse recursal
imprescindível para a admissibilidade do recurso (sucumbência recursal).
A teoria da sucumbência, como critério para a condenação em honorários, se satisfaz com o
simples resultado da demanda. Avalia-se a relação decorrente do resultado que parte obteve no
processo – ela é estritamente formal.
Já a sucumbência recursal é distinta, pois deve ser vista sob uma ótica prospectiva. Analisa-se
a possibilidade de obtenção de utilidade prática na interposição do recurso. Diz-se que a
sucumbência é material.
Assim, por isso, nada impede que a parte vitoriosa (não sucumbente sob a ótica formal e credora
de honorários advocatícios) tenha interesse recursal (seja sucumbente sob a ótica material).
Em síntese, dois exemplos ajudam a ilustrar a problemática ora exposta, quais sejam, (i) o do
autor que recorre porque decaiu de parte mínima do pedido (ex. relativamente ao termo a quo
para a contagem de juros de mora) e (ii) o do autor que recorre apenas para aumentar o
percentual de honorários fixados em primeiro grau (de 10% para 15%).
Em tais hipóteses, se os recursos interpostos forem desprovidos, quem será o titular de
honorários recursais? Se o beneficiário for o advogado do autor, a condenação parece inexata,
pois ele foi derrotado no recurso. De outro lado, se o beneficiário for o advogado do réu,
igualmente poderia se sugerir certa incoerência, já que apesar de o autor sido vencedor da
demanda será obrigado a pagar honorários advocatícios.
Com efeito, dos exemplos acima, se pode perceber facilmente que o legislador não previu as
hipóteses em que a mesma parte pode ser vitoriosa na causa e derrotada no recurso. Pela
literalidade do § 11, nota-se que se partiu da premissa de que sempre haveria coincidência entre
o vencedor da causa e o vencedor do recurso – circunstância que se revela, como visto,
equivocada.
Em nosso sentir, não temos qualquer hesitação em sustentar que os honorários recursais
devem ser atribuídos ao advogado vencedor do recurso, pouco importando o resultado
final da causa.
A rigor, os honorários são verbas remuneratórias e assim devem ser tratados em todas as fases
do processo. Cada fase processual deve ter o seu regramento específico quanto aos honorários.
A parte condenada em honorários advocatícios na fase de conhecimento não será também
necessariamente condenada em honorários na fase de execução.
Da mesma forma, a parte derrotada na causa e devedora de honorários advocatícios pode,
como mencionado, ser vitoriosa na fase recursal.
2
Disponível em
http://www.flaviocheim.com.br/?s=os+honor%C3%A1rios+advocat%C3%ADcio
s+e+o+novo+cpc. Acesso em 06.03.2017.
Se os honorários são considerados verbas remuneratórias e se a Teoria da Sucumbência
consiste na premissa adequada para a identificação do devedor e do credor, vencedor e vencido
devem ser identificados em concreto no âmbito do seguimento procedimental que faz surgir o
direito aos honorários.
Ainda que a solução acima possa gerar certa incoerência, pois a parte seria vitoriosa na
demanda e devedora de honorários recursais, por certo que incoerência maior haveria se
defendêssemos que a parte, mesmo que vencedora no recurso, seria obrigada a pagar
honorários recursais.
(...)”
Por outras palavras, seria inadmissível sugerir que uma das partes poderia interpor o
recurso, ter seu recurso improvido ou não conhecido e, em função desse julgamento,
obter a condenação da parte contrária ao pagamento de honorários recursais. (destaques
não originais).
Sugestão:
Em contrarrazões recursais, sempre requerer expressamente, nos pedidos, a
condenação do recorrente ao pagamento de honorários recurais, não admitindo
compensação.
1) Redação sugestiva para hipótese de contrarrazões a recurso do autor
contra sentença de total improcedência: “Ante o exposto, pugna pelo
improvimento do recurso de apelação (....). Requer, ainda, sejam os honorários
advocatícios majorados em desfavor do recorrente, nos moldes do Art. 85, §11
do CPC, em razão do trabalho adicional realizado em grau recursal, pugnando
pela sua fixação no patamar máximo de x% sobre o valor da
condenação/proveito econômico”.
2) Redação sugestiva para hipótese de contrarrazões a recurso do autor
contra sentença de procedência parcial: “Ante o exposto, pugna pelo
improvimento do recurso de apelação (....). Requer, ainda, em face da autonomia
dos honorários de sucumbência recursais, seja o recorrente condenado ao
pagamento dessa verba.
E nem poderia ser diferente, haja vista que a extinção total ou parcial de uma
obrigação por compensação só se torna viável quando duas pessoas são, ao
mesmo tempo, credor e devedor uma da outra (Art. 368 do Código Civil).
No caso, enquanto o débito discutido em juízo diz respeito à parte autora e ré,
os honorários sucumbenciais diz respeito a terceiros, qual sejam aos
advogados/procuradores. Logo, por evidente, há que se lembrar que não se
pode dispor de crédito alheio sem a expressa concordância do titular.
Sugestão
Tomando de empréstimo o raciocínio registrado em despacho que circulou
recentemente na lista de e-mail institucional sobre o tema, com as devidas
adaptações, sugere-se a seguinte redação conclusiva quanto ao pedido de
compensação ou decisão nesse sentido: “Ante o exposto, o(a) peticionante
manifesta-se contrariamente à compensação - na verdade, redução de dívida
da parte adversa - requerida a (ou determinada por) este juizo, tendo em vista
que referido instituto pressupõe a) concordância da contraparte e b)
correspondência das titularidades do crédito e do débito entre as partes que
pretendem a ‘compensação’. Entretanto, no caso, ambos os requisitos não se
acham presentes, uma vez que o crédito dos honorários advocatícios de
sucumbência, após a vigência do novo Código de Processo Civil, foi conferido
aos advogados públicos e não ao ente público, além do que a peticionante
manifesta, desde já, expressa e veemente discordância com a compensação
almejada.
Prática 6 – Pedir condenação em honorários advocatícios nos
casos de pedido de desistência da ação (ainda que não tenha
havido efetiva contestação) e de perda do objeto.
Mais uma observação importante: como se observa, o STJ entende que, caso
não tenha havido citação, seria inoportuna a condenação em honorários. No
entanto, há casos em que, muito embora não tenha havido citação, houve
intimação (e por vezes até a efetiva manifestação) sobre o pedido de tutela de
urgência. Alguns juizes ignoram essa peculiaridade e aplicam o entendimento
acima, baseado apenas na ausência de citação, tecendo assim uma aplicação
rígida e desarrazoada dos precedentes citados.
Sugestão:
1) nos pedidos de desistência da ação em que a Fazenda Pública for parte, pedir
sempre a condenação do desistente ao pagamento de honorários advocatícios,
em face da causalidade, ainda que não tenha havido efetiva contestação.
Redação sugestiva do pedido: “(...) Ante o exposto, a entidade ré manifesta
concordância com o pedido de desistência da ação, desde que o autor renuncie
ao direito sob o qual se funda a ação, nos moldes do Art. 3° da lei 9.469/97,
pugnando ainda pela sua condenação ao pagamento das custas e honorários
advocatícios, haja vista já ter havido citação (ou intimação para manifestação
quanto à tutela de urgência)”;
2) Nas extinções do feito, sem resolução de mérito, por perda do objeto
(atendimento do pleito na via administrativa, independente de ordem judicial),
exigir a condenação do promovente em honorários advocatícios, em face da
causalidade. Redação sugestiva do pedido: “(...) Ante o exposto, requer a
extinção do feito, sem resolução do mérito, em face da falta de interesse de agir
(Art. 485, VI do CPC), considerando o atendimento espontâneo do pleito na via
administrativa. Na oportunidade, requer ainda a condenação da parte autora em
honorários advocatícios, uma vez que deu causa à ação desnecessariamente.
Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de
advogado, ressalvados os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente,
vencido, pagará as custas e honorários de advogado, que serão fixados entre dez por cento
e vinte por cento do valor de condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da
causa.
Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação, na
réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por
terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos
do próprio processo, sem suspensão de seu curso.
Parágrafo único. Revogado o benefício, a parte arcará com as despesas processuais que tiver
deixado de adiantar e pagará, em caso de má-fé, até o décuplo de seu valor a título de multa,
que será revertida em benefício da Fazenda Pública estadual ou federal e poderá ser inscrita em
dívida ativa.
Em razão disso, parece ser pertinente fazer pedido subsidiário nos casos mais
controversos, de modo que, ao invés de concessão de gratuidade total, sejam
apenas reduzidas as despesas ou isentas apenas aquelas mais dispendiosas.
Caso o juizo concorde, podemos salvar a condenação futura em honorários,
ainda que venham a ser fixados em valor mais reduzido, argumentando que a
parte não é beneficiária de gratuidade - ao menos não de modo absoluto.
Relevante também atentar para o caso de litisconsórcio onde apenas uma das
partes de determinado polo processual é isenta e para o caso de sucessão
processual - como por morte, por exemplo - uma vez que a gratuidade é
benefício personalíssimo:
§ 6o O direito à gratuidade da justiça é pessoal, não se estendendo a litisconsorte ou a sucessor
do beneficiário, salvo requerimento e deferimento expressos.
Com efeito, quanto às táticas para impugnação, vale atentar primeiramente para
alguns elementos disponíveis nos próprios autos. Ex.: endereço nobre; profissão
comumente bem remunerada; conta de luz alta; alto valor de bens penhorados;
laudos de médicos da rede privada de saúde; contracheques com remunerações
consideráveis; bens de alto valor em litígio; contratação de serviços advocatícios
de custo considerável (analisar porte do escritorio), etc. Sem prejuizo desses
elementos, pode-se buscar, por diversos meios extraprocessuais, provas de
renda, profissão e/ou patrimônio incompatíveis com o pedido de gratuidade, seja
em cadastros públicos (Ex.: CNIS), sites de pesquisa/busca (Ex.: Google) ou até
redes sociais (Ex.: Facebook).
Quanto aos parâmetros objetivos que vêm sendo fixados na jurisprudência para
análise acerca da insuficiência de recursos e consequente deferimento do
pedido de gratuidade, recomenda-se a constante atualização dos colegas,
aplicando-os sempre que se encaixe ao caso. Na hipótese de o caso concreto
fugir dos parâmetros, impugnar utilizando outros argumentos.
Mais uma observação importante: é possível – e até provável – que o Juiz ignore
o pedido de revogação da Justiça Gratuita por nós formulado. Tal situação é
muito comum quando o pedido ocorre no começo do processo: Ex.: pedido de
JG na inicial > deferimento da JG no despacho de citação > impugnação da JG
em sede de contestação > ato ordinatório intimando para réplica > Juiz ignora
o pedido de revogação da JG e intima as partes para especificação de
provas.
Sugestão:
1) Impugnar o pedido de justiça gratuita na primeira oportunidade de falar
sobre o tema nos autos, seja no juízo comum ou no juizado especial, pedindo a
aplicação de multa sempre que haja indício de má-fé;
2) Nos casos mais difíceis de comprovar a suficiência de recursos, analisar
a possibilidade de requerer ao juízo que a gratuidade seja apenas parcial, com
mera redução das despesas ou dispensa das mais dispendiosas (e não isenção
total), visando a preservar a exigibilidade da futura condenação em honorários.
3) Em caso de pedido de gratuidade veiculado por pessoas jurídicas,
requerer sempre prova da insuficiência de recursos e impugná-las, pois não
basta a mera declaração;
4) Atentar para o caráter personalíssimo da isenção, que não se estende ao
sucessor processual nem ao litisconsorte.
5) Nas impugnações, atentar para os elementos disponíveis nos próprios
autos (endereço nobre; profissão comumente bem remunerada; conta de luz
alta; alto valor de bens penhorados; laudos de médicos da rede privada de
saúde; contracheques; bens de alto valor em litígio; contratação de serviços
advocatícios de custo considerável (analisar porte do escritorio) e etc, sem
prejuízo da busca por outros meios extraprocessuais de prova de renda,
profissão e/ou patrimônio incompatível com o pedido de gratuidade, tais como
cadastros públicos (Ex.: CNIS), sites de pesquisa/busca (Ex.: Google) ou até
redes sociais (Ex.: Facebook);
6) Atualizar-se sempre acerca dos parâmetros objetivos que a jurisprudência
vem sedimentando para concessão da gratuidade da justiça, utilizando-os
sempre que (e somente se!) se encaixe ao caso;
7) Caso o Juiz se omita quanto ao pedido de revogação da Justiça Gratuita,
ajuizar embargos de declaração contra o primeiro despacho/decisão/sentença
nos autos que determinar qualquer providência/decisão sem apreciar nosso
pedido;
8) Abrir tópico no início das apelações reiterando o pedido de revogação da
Justiça Gratuita caso esse pedido tenha sido indeferido pelo magistrado de
primeira instância.
Vejam que o raciocínio vai ao encontro do que disposto no Art. 98, §3° do CPC.
Ou seja, desaparecendo a insuficiência de recursos que justificou a concessão
da gratuidade, torna-se plenamente exigível a verba honorária:
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos
para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à
gratuidade da justiça, na forma da lei.
(...)
§ 3o Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição
suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que
deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de
gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.