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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS


INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

TIAGO MOURA TAVARES

A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE DE CUSTOS NA GESTÃO DE GIRO DE


ESTOQUE EM UMA CONCESSIONÁRIA DE VEÍCULOS LINHA PESADA
LOCALIZADA EM RONDONOPOLIS-MT

Rondonópolis – MT
2017
2

A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE DE CUSTOS NA GESTÃO DE GIRO DE


ESTOQUE EM UMA CONCESSIONÁRIA DE VEÍCULOS LINHA PESADA
LOCALIZADA EM RONDONOPOLIS-MT

TIAGO MOURA TAVARES

Projeto de pesquisa apresentado a Universidade Federal


de Mato Grosso – UFMT, campus Rondonópolis, como
requisito parcial para obtenção do título de bacharel em
Ciências Contábeis.

Prof. Orientador: Msc. José Ribeiro Viana Filho.

Rondonópolis – MT
3

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO DO PROJETO 5
1.1 Tema/Problema 6
1.2 Justificativa 6
1.3 Objetivos da Pesquisa 7
1.3.1 Objetivo geral 7
1.3.2 Objetivos específicos 7
1.4 Hipótese do Estudo 8
1.5 Metodologia da Pesquisa 8
1.6 Delimitação do Campo de Estudo 9
1.7 Organização Lógica da Pesquisa 11
1.8 Cronograma 11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 13
2. 1 Contabilidade – Conceito 13
2.1.1 Origem e Evolução da Contabilidade 14
2.1.2 Objetivos da Contabilidade 15
2.1.3 Usuários da Contabilidade 16
2.1.4 Áreas da Contabilidade 16
2.1.4.1 Contabilidade Financeira ou Geral 17
2.1.4.2 Contabilidade Gerencial 18
2.2 Contabilidade de Custos 19
2.2.1 Terminologias de Custos 20
2.2.2 Custeio por absorção 22
2.2.3 Custeio Variável 23
2.2.4 Custeio Padrão 24
2.2.5 Custeio Baseado em Atividades (ABC) 26
2.3 Gestão de estoque 27
2.3.1 Critérios de Avaliação de Estoques 29
2.3.1.1 Primeiro que Entra, Primeiro que Sai - PEPS 30
2.3.1.2 Último que Entra, Primeiro que Sai - UEPS 30
2.3.1.2 Custo Médio ou Média Ponderável Móvel (MPM) 31
2.3.2. Giro de Estoque 31
4

2.4 Panorama do Setor de Concessionária de Veículos Pesados 32


REFERÊNCIAS 34
5

1 APRESENTAÇÃO DO PROJETO

A concorrência cada vez maior entre as empresas, decorrente da abertura


mercantil industrial, faz com que as empresas tornem-se mais competitivas, já que
os clientes se tornaram mais exigentes na escolha de produtos e serviços motivados
pela variedade de ofertas no mercado, o que leva às organizações a necessidade de
controlar melhor os custos gerados na produção.

Antes os comerciantes determinavam os preços dos produtos, através da


soma dos custos de fabricação, para se obter o lucro desejado. Hoje, o preço de
alguns ramos de atividade é definido pelo mercado, de acordo com suas
necessidades e satisfações. Assim, as empresas necessitam de informações sobre
os custos, para ter a ciência exata do lucro gerado por cada produto, se o ideal é
comprá-lo ou fabricá-lo, ou até mesmo cortá-lo do processo produtivo. Essa é umas
das premissas da Contabilidade de Custos, e por isso ela se tornou uma das peças
chaves, ao gerar informações para decisão e controle, tornando-se fonte de auxílio
para a Contabilidade Gerencial.

Este estudo procurará evidenciar a importância da Contabilidade de Custos


tanto para controle dos estoques, quanto para disponibilizar informações que
auxiliam os administradores na tomada de decisões, e apresentar os meios
utilizados para proporcionar informações relevantes e solucionar problemas que
possam existir na mensuração de estoques, custos diretos e indiretos de produção.

Todos esses conceitos serão apresentados tendo como objetivo a


demonstração ao final do estudo, através da aplicação prática de tais conhecimentos
e técnicas contábeis e gerencias em uma empresa do ramo de concessionária de
veículos pesados localizada em Rondonópolis-MT. É importante ainda destacar que
esse mercado de venda de veículos vem sofrendo grandes quedas de demanda
devido a crise econômica que vem se alastrando no país desde meados de 2013, e
isso tem gerado em acúmulos de resultados negativos à produtoras de veículos e
consequentemente às concessionárias conveniadas. Diante disso, mostra-se de
suma importância e relevância esse estudo, uma vez que o mesmo visa aplicar e
demonstrar os benefícios que a gestão de custos e também gestão de estoques
6

para essas empresas como um todo, uma vez que o estudo de caso será realizado
em uma empresa desse mesmo setor de mercado.

1.1 Tema/Problema

É cada vez mais notória a importância que as organizações têm dado aos
números e informações contábeis geradas em suas empresas, uma vez que essas
são decisivas para definirem as ações estratégicas e melhorarem continuamente os
seus desempenhos.

Normalmente, essas informações estão sendo usadas basicamente com


duas finalidades: aumentar o lucro e diminuir despesas. Esta é a equação básica do
dia-a-dia de qualquer negócio que esteja em busca de crescimento.

Cada segmento empresarial tem suas peculiaridades, e esse é um fator que


será levado em consideração na elaboração deste estudo, o que será um
incremento a mais ao desafio de demonstrar a melhor forma de aplicar a ferramenta
de controle abordada pelo tema do trabalho.

Sendo assim, através deste estudo se buscará apresentar algumas


ferramentas que possam ser úteis no processo de análise dos custos, com foco no
controle do giro de estoque dentro de uma organização. Portanto, pretende-se
responder através deste estudo a seguinte problemática: como implantar um
controle de gestão do giro de estoque em uma concessionária de veículos linha
pesada localizada em Rondonópolis-MT?

1.2 Justificativa

Este estudo tem grande relevância do ponto de vista acadêmico e social, pois
compartilhará conhecimento de ferramentas práticas de controle de custos o que
pode garantir bons resultados para as organizações que o aplicarem. Do ponto de
vista acadêmico, será importante como mais um trabalho científico na área contábil,
7

em especial no tema de contabilidade de custos, contribuindo assim para o


crescimento de todos da academia que porventura venha apreciar este trabalho.

Já do ponto de vista social, tem a sua importância principalmente no


compartilhamento do conhecimento adquirido na academia pra sociedade e ainda no
apoio à gestores e empresários na busca por ferramentas de gestão úteis aos seus
negócios e eficientes na busca por melhoria de resultados.

Há ainda uma importante relevância para a empresa abordada no estudo de


caso, uma vez que a mesma poderá utilizar-se das informações levantadas e dos
resultados que podem ser alcançados pela aplicação das ferramentas apresentadas
nesse trabalho.

1.3 Objetivos da Pesquisa

Os objetivos da pesquisa dividem-se em objetivo geral e específico, conforme


se apresentam a seguir.

1.3.1 Objetivo geral

Segundo Lakatos e Marconi (2001, p. 102), “o objetivo geral está ligado a


uma visão global e abrangente do tema, relacionando-se com o conteúdo intrínseco,
quer dos fenômenos e eventos, quer das ideias estudadas”. Ou seja, demonstra de
forma ampla o que se pretende alcançar com o estudo.

Portanto, o objetivo geral desse trabalho é implantar um controle de gestão


de custos do giro de estoque aplicado em uma concessionária de veículos pesados.

1.3.2 Objetivos específicos

Neste trabalho serão apresentados os seguintes objetivos específicos:


8

 Descrever a importância da contabilidade e sistemas de controle de custos no


estoque;
 Apresentar as informações necessárias sobre a empresa e seu cenário atual
sobre o controle de custo do giro de estoque;
 Aplicar um controle de gestão do giro de estoque;

1.4 Hipótese do Estudo

A hipótese que será abordada neste estudo é baseada na possibilidade e


condição de implantar um controle de giro do estoque de forma eficiente e prática,
uma vez que não existe esse controle na empresa abordada no estudo de caso, e
alcançar resultados relevantes na redução de custos relacionados à gestão do
estoque.

1.5 Metodologia da Pesquisa

A metodologia científica é de suma importância ao desenvolvimento de um


estudo científico, pois irá delinear o caminho a ser seguido pelo pesquisador para
alcance dos resultados desejados. Beuren (2006) ressalta que a metodologia é
dividida quanto aos objetivos, quanto aos procedimentos e quanto à abordagem do
problema.

A metodologia de pesquisa quanto aos objetivos utilizada nesse estuda será


a descritiva.

Para (GIL, 2002, p. 131),

As pesquisas descritivas têm como objetivo básico descrever as


características de populações e de fenômenos. Muitos dos estudos de
campo, bem como de levantamentos, podem ser classificados nessa
categoria. Nos levantamentos, contudo, a preocupação do pesquisador é a
de descrever com precisão essas características, utilizando instrumentos
padronizados de coleta de dados, tais como questionários e formulários,
que conduzem a resultados de natureza quantitativa.
9

Quanto aos procedimentos, a pesquisa se classifica como sendo um estudo


de caso, pois terá como campo de estudo uma empresa concessionária de veículos
pesados, sobre o qual (YIN, 2005, p.33) diz:

[...] compreende um método que abrange tudo – tratando da lógica de


planejamento, das técnicas de coleta de dados e das abordagens
específicas à análise dos mesmos. Nesse sentido, o estudo de caso não é
nem uma tática para a coleta de dados nem meramente uma característica
do planejamento em si, mas uma estratégia de pesquisa abrangente. A
forma como a estratégia é definida e implementada constitui, na verdade, o
tópico do livro inteiro.

No estudo de caso será analisado o controle de estoque na empresa, a


aplicação do controle e gestão do giro do estoque, e os resultados obtidos através
dessa implantação.

Quanto à delimitação temporal teremos um estudo longitudinal, pois os


dados coletados serão sobre os mesmos sujeitos ao longo do tempo, para verificar
os efeitos relacionados com o desenvolvimento das variáveis abordadas neste
estudo, a saber, gestão do giro do estoque. Pesquisas longitudinais constituem-se de
técnicas, procedimentos, metodologias, que possibilitam classificar, descrever,
comparar fenômenos organizacionais empiricamente (MILLER; FRIESEN, 1982).

1.6 Delimitação do Campo de Estudo

Para fins de delimitação do campo de estudo, a presente pesquisa foi


desenvolvida no município de Rondonópolis, localizado no Estado de Mato Grosso,
nesta Federação, o qual informações do dossiê da Associação Comercial, Industrial
e Empresarial de Rondonópolis – ACIR (2015), está situada a uma distância de 210
km da capital Cuiabá e, localiza-se estrategicamente entre duas rodovias federais
(BR 364 e BR 163).

Rondonópolis vem apresentando um significativo aumento populacional e,


de acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
(2015) a população estimada do município em 2015 é de aproximadamente 215.320
habitantes, sendo que tal crescimento deve-se ao seu desenvolvimento econômico.
10

Segundo ainda o dossiê ACIR (2012, p. 62) “É uma das principais regiões
produtoras do estado, responsável por 41% da produção de algodão, 18% da
produção de soja e 19% da produção de milho do Mato Grosso”. Além do mais, a
sua localização estratégica, entre as duas rodovias federais é “rota de escoamento
de cerca de 30% da produção agrícola do Brasil”.

Outro segmento de crescimento expressivo é o industrial, o qual de acordo


com o dossiê ACIR (2012, p. 62-63):

Entre 2004 e 2012 a cidade recebeu investimentos de grandes empresas


como a Cervejaria Petrópolis, Dixie Toga, TBM Têxtil, a Nortox Agrotóxicos,
a Santana Textiles, ampliação das plantas da Bunge Alimentos e da ADM, e
mais recentemente, a empresa Noble, trading de commodities que irá
instalar uma das maiores indústrias de biodiesel do Brasil, com capacidade
produtiva de 200 mil toneladas de biodiesel ao ano, além de 1,3 milhão de
toneladas de soja esmagadas por ano.

Além da agropecuária e indústria, Rondonópolis destaca ainda na exportação,


que segundo o dossiê ACIR (2012) no ano de 2012 foi líder no ranking das
exportações de Mato Grosso com mais de 1,4 bilhões de dólares em diversos
produtos principalmente derivados da soja, algodão e carnes em geral.

Na área de transportes pode-se notar uma evolução crescente no número da


frota de veículos em Rondonópolis, conforme se observa no gráfico abaixo, e isso
denota um crescimento no setor de vendas de veículos.

Fonte:
Sistema DetranNet Mato Grosso, 2015.
11

Podemos analisar ainda alguns dados referentes à frota de veículos pesados


em Rondonópolis:

Frota Quantidade
Empresas de transporte rodoviário de cargas registradas 623
Caminhões emplacados 9.158
Fluxo diário de caminhões 10.000
Fonte: Associação de Transportadores de Cargas - ATC/Novembro 2014

Diante dessas informações, fica nítido que o setor de concessionária de


veículos é atuante nessa região e tem um importante mercado de atuação. Levando
isso em consideração, esse estudo utilizará como campo de pesquisa uma empresa
concessionária de veículos pesados localizada em Rondonópolis-MT.

1.7 Organização Lógica da Pesquisa

A organização deste estudo se dá basicamente em quatro partes.

No primeira parte (cap. 1) temos a introdução, em que se apresenta e


explica o tema/problema, a justificativa, os objetivos, a hipótese, a metodologia
utilizada na pesquisa e a delimitação do campo de trabalho.

A segunda parte (cap. 2) apresenta o referencial teórico, buscando


compreender melhor o assunto trazendo o que há publicado sobre o assunto dos
autores mais renomados de cada área do estudo.

Já na terceira parte (cap. 3) será realizada a aplicação do estudo de caso,


demonstrando passo a passo como implantar o controle do giro de estoque.

No quarta e última parte (cap. 4) serão expostas as conclusões obtidas com


o estudo realizado, permitindo constatar se a hipótese levantada foi realmente
comprovada.

1.8 Cronograma

A seguir apresenta-se o cronograma elaborado para a pesquisa:


12
13

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica é de suma importância para esse estudo, pois busca


na literatura especializada informações relevantes acerca da temática que está
sendo desenvolvida nessa pesquisa, sendo assim de grande importância para
auxiliar no alcance dos resultados desejados.

No conceito proposto por Büllau (2006, p. 19) “é um texto estruturado e


elaborado pelo pesquisador para apresentar as ideias e conceitos já existentes
sobre o assunto da pesquisa. É uma síntese dos melhores conceitos já publicados
sobre o tema da pesquisa”.

Sendo assim, este capítulo vem dar o embasamento teórico necessário


acerca do assunto abordado neste estudo.

2. 1 Contabilidade – Conceito

Ao se conceituar contabilidade não se pode deixar de observar a sua


abrangência e verificar a contribuição que a mesma exerce para o desenvolvimento
e permanência das empresas no acirrado mercado nos tempos atuais, tendo em
vista que é um de seus papéis principais fornecer informações relevantes aos seus
usuários, servindo como principal fonte de dados para o planejamento das
empresas. Por isso, é importante observar à ótica de autores renomados sobre o
assunto para ratificar essa constatação.

Beuren (1998, p. 30) afirma que “se a contabilidade tem como uma das suas
principais funções suprir de informações úteis aos gestores cabe a ela gerar
informações que deem o devido suporte ao processo de tomada de decisões em
todos os seus estágios”.

A maioria dos autores de livros contábeis conceitua esta disciplina como


sendo uma ciência e Franco (1997, p.21) escreve que:
14

A Contabilidade é a ciência que estuda os fenômenos ocorridos no


patrimônio das entidades, mediante o registro, a classificação, a
demonstração expositiva, a análise e a interpretação desses fatos, com o
fim de oferecer informações e orientação – necessárias à tomada de
decisões – sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado
econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial.

Ou seja, tem a contabilidade grande responsabilidade sobre as decisões


estratégicas, tendo em vista que seu objeto de estudo é o patrimônio das empresas,
conforme também define Orrú (1990, p. 12) dizendo que “a Contabilidade é a ciência
que estuda e controla o patrimônio das entidades”.

Sob uma ótica complementar, podemos destacar Jacinto (1990, p. 26) que
conceitua a “Contabilidade como o estudo do patrimônio, suas variações, pelos
efeitos das atividades desenvolvidas pela empresa”.

Sendo assim, fica claro que a contabilidade é a ciência que visa estudar a
formação e variação do patrimônio das entidades e fornecer aos usuários de suas
informações dados relevantes para a tomada de decisão .

2.1.1 Origem e Evolução da Contabilidade

A origem da contabilidade não tem uma data exata e específica, tendo em


vista que seu conceito foi se delineando ao longo do tempo.

Segundo Favero (FAVERO, 2009, p. 9),

“Não se pode precisar a época em que se iniciou a Contabilidade. Contudo,


acredita-se que ela seja tão antiga quanto a origem do homem. A partir do
momento em que o homem passou a possuir bens, houve
consequentemente a necessidade de controlar esses bens, surgindo assim
o inventário.”

No entanto, existem alguns estudos e relatos sobre qual seria a data mais
aproximada dos primeiros indícios da ciência contábil, e em relação a isso Favero
15

(2009, p. 9) diz que “alguns pesquisadores revelam que os primeiros sinais objetivos
da existência da Contabilidade datam de mais ou menos 4.000 anos a.C.”

Todavia, segundo Sá (2004) somente em 1494 um italiano Frade Franciscano


e professor de matemática Luca Pacioli, divulgou os princípios básicos do Método
das Partidas Dobradas que consiste em dar a cada Débito um Crédito
correspondente de igual valor. Outra grande contribuição de Luca Pacioli na área
contábil foi expor de forma simples e compreensível todos os detalhes do "método
de Veneza", que segundo ele implicava a utilização de três livros de contabilidade: o
memorial, o jornal e a razão. Frei Luca explica a preparação e realização desses
livros, como abrir e fechar (de preferência anualmente), como corrigir os erros,
mostrar formas de obter o equilíbrio, gravar o lucro ou o déficit e dicas de como
manter os arquivos preservados.

Com o passar dos anos, a contabilidade continuou sendo mais estudada e


mais aperfeiçoada e, depois dos anos 60, a Contabilidade começou a ser
informatizada, com computadores, o que deu suporte para que a contabilidade se
transformasse no que é hoje, visando da melhor maneira possível, atender a seus
usuários. Hendriksen e Van Breda (1999, p.51), citado por Siqueira (2007, pág. 03)
revelam, porém, que a Contabilidade encontra-se ainda muito defasada
tecnologicamente e que somente será possível um aumento real de conhecimento a
partir da instantaneidade das informações contábeis, e que isto sim, fará diferença a
todos os dependentes destas informações, desde que estas além de rápidas,
possam ser ainda mais precisas.

A globalização dos mercados repercutiu na contabilidade, primeiro tornando-


se urgente a padronização das normas internacionais de contabilidade,
possibilitando assim o entendimento nas transações realizadas pelas empresas
mundialmente de forma mais simples e ágil, segundo e como consequência do
primeiro aumentando a variedade de usuários das informações.

2.1.2 Objetivos da Contabilidade


16

Uma vez definido o conceito de contabilidade e conhecer sua história e


evolução, é importante delimitar e definir com clareza e de forma resumida o seu
principal objetivo enquanto ciência, conforme defende Iudícibus (1997), “o ponto de
partida para qualquer disciplina ou campo de estudo é estabelecer os limites de sua
atuação e seus objetivos”.

Sendo assim, é importante citar novamente Iudícibus (1997) ao afirmar que a


“função fundamental da Contabilidade (...) tem permanecido inalterada desde seus
primórdios, que é a de prover os usuários dos demonstrativos financeiros com
informações que os ajudarão a tomar decisões”. Disto isto, é importante destacar
que ao longo do tempo houveram mudanças nos usuários e na forma como utilizam
e necessitam da informação contábil, todavia permanece inalterada a função da
Contabilidade, que é a de prover a informação útil para tomada de decisão.

2.1.3 Usuários da Contabilidade

Os usuários da contabilidade podem ser classificados em dois grupos:


internos – representados pelos empregados, gerentes, diretores, chefes de unidades
produtivas, etc., e externos – representados pelos bancos, fornecedores, governo,
sindicatos, acionistas, agências, investidores, institutos, instituições de ensino e
estudantes, pessoas físicas, etc.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON) 1992, usuário


é “toda pessoa física ou jurídica que tenha interesse na avaliação e do progresso de
determinada entidade, seja tal entidade empresa, ente de finalidades não lucrativas,
ou mesmo patrimônio familiar”.

Sendo assim, podemos dizer que os usuários da contabilidade são aqueles


que necessitarão dos dados fornecidos pela contabilidade para alguma finalidade.

2.1.4 Áreas da Contabilidade


17

Devido a sua grande complexidade, a contabilidade foi dividida em áreas ou


ramos, pois cada área possui suas necessidades e peculiaridades. Esta divisão tem
por objetivo o aperfeiçoamento das técnicas aplicadas a determinadas atividades e o
estudo de aspectos específicos da Contabilidade. Dentre esses campos de atuação
podemos destacar alguns, tais como:

 Contabilidade Financeira ou Geral, que elabora e consolida as


demonstrações contábeis para disponibilizar informações aos usuários
externos.

 Contabilidade Gerencial, que auxilia a administração na otimização dos


recursos disponíveis na entidade, através de um controle adequado do
patrimônio.

 Contabilidade de Custos, que gera informações sobre os custos de


uma organização e seus componente a fim de auxiliar na tomada de
decisões.

Essas são algumas das áreas de atuação da contabilidade, mas em


conceituação mais resumida e abrangente, podemos dividir seus principais campos
de atuação baseada no atendimento à dois tipos de usuários da contabilidade, são
eles os usuários internos (Contabilidade Gerencial) e usuários externos
(Contabilidade Financeira).

2.1.4.1 Contabilidade Financeira ou Geral

A Contabilidade Financeira é caracterizada, segundo Frezati (1989 apud


IASB) por “dar informações sobre a posição financeira, os resultados e as mudanças
na posição financeira de uma empresa que sejam úteis a um grande número de
usuários em suas tomadas de decisão”, facilitando a análise financeira para usuários
externos. Isso é feito através de relatórios que vão ajudar na tomada de decisão da
empresa por parte dos seus gestores e vão mostrar a real situação da empresa em
um aspecto geral.
18

De acordo com Hoji (2003) “as funções básicas da gestão financeira de uma
empresa compreendem a tomada de decisões de investimento, decisões de
financiamento, análise, planejamento e controle financeiro”.

A estrutura conceitual de Contabilidade Financeira deve ser entendida como


uma constituição para o processo de estabelecimento de normas ou padrões
contábeis, ou seja, deve servir como diretriz no estabelecimento das normas ou
padrões contábeis, além de formas um conjunto de referencias para solucionar
questões contábeis na ausência de uma norma ou padrão especifico, determinar
limites de julgamento na preparação das demonstrações contábeis, e aumentar
comparabilidade, diminuindo o numero de métodos contábeis alternativos.

Pode-se concluir, portanto, que a contabilidade financeira é de fundamental


importância para as empresas, pois através dela que se avalia a real situação do
seu caixa perante o mercado na qual atua.

2.1.4.2 Contabilidade Gerencial

A principal função da Contabilidade Gerencial é ser utilizada como ferramenta


no auxilio da tomada de decisões, assegurando que as informações chegaram às
pessoas certas no tempo certo. Além disso, é responsável pela criação de
planejamento com o objetivo de controlar de forma correta as atividades da entidade
e organizar o sistema de gerência, fazendo, assim, com que a administração tenha
conhecimento dos fatos ocorridos na instituição, e seus resultados.

Ricardino (RICARDINO, p. 56, 2005) afirma:

“O ponto fundamental da Contabilidade Gerencial é o uso de informação


contábil para a administração, pois os dados contidos em seus relatórios
propiciam fortes influências no planejamento estratégico empresarial,
portanto todo tipo de empresa deve utilizar a contabilidade gerencial para
direcionar seus negócios presentes e futuros e para que isso ocorra é
necessário um sistema gerencial eficaz. O profissional contábil que exerce a
função gerencial recebe o nome de controller, e este não se prende
totalmente aos princípios tradicionais aceitos pelos contadores.”
19

Com a competição no mercado cada vez mais acirrada, as empresas


precisam se adaptar rapidamente. Elas precisam tornar a mudança uma norma. A
organização precisa estar preparada para esse novo desafio, que antes de qualquer
coisa é uma mudança de mentalidade. Cada vez mais o sucesso pode durar pouco,
a vantagem conseguida pode ser dissipada em muito pouco tempo. A organização,
bem como as pessoas, tem que aprender a lidar com essa "nova mudança".

Essa mudança só pode ser acompanhada se abandonar os conceitos


tradicionais de administração e usar novos conceitos. Neste contexto Corbett (1997;
p.20) diz que "os processos de raciocínio são a base para uma organização de
aprendizagem, para se criar uma organização que causa mudanças e,
consequentemente, que entra num processo de otimização contínua".

A contabilidade gerencial para Corbett (1997; p.22) deve fazer a conexão


entre as ações locais dos gerentes e a lucratividade da empresa, para que estes
possam saber que direção tomar. Medindo corretamente o impacto de ações locais
no desempenho global, a contabilidade gerencial também serve como o agente
motivador, pois premia as pessoas que contribuem significativamente ao objetivo da
empresa. Ela tem como objetivo principal fornecer informações para que os gerentes
possam decidir qual o melhor caminho para a empresa.

2.2 Contabilidade de Custos

A Contabilidade de Custos teve sua evolução na Era Mercantilista, no século


XVIII, e utiliza como principal fonte de dados a Contabilidade Geral ou
Financeira.Com a chegada da Era Industrial, ficou mais difícil atribuir valor aos
Estoques; “seu valor de compras na empresa comercial estava agora substituído por
uma série de valores pagos pelos fatores de produção utilizados” (Martins, 2003, p.
19).Houve então a necessidade de adaptar os critérios de avaliação dos estoques
industriais, seguindo o mesmo raciocínio utilizado na empresa comercial.

Conforme Falk (2001, p.18), “a contabilidade de Custos é um elemento da


gerência financeira que gera informações sobre os custos de uma organização e
20

seus componentes. Como tal, a contabilidade de custos é um subconjunto da


Contabilidade geral”.

Entende-se por contabilidade de custos, portanto, o ramo da contabilidade


que se destina a produzir informações para diversos níveis gerenciais de uma
entidade, centra sua atenção no estudo da composição e no cálculo dos custos, e
também observa o resultado dos centros ou dos agentes do processo produtivos.

Segundo George Leone (2000), a contabilidade de custos é o:

"ramo da função financeira que acumula, organiza, analisa e interpreta os


custos dos produtos, dos estoques, dos serviços, dos componentes de
organização, dos planos operacionais e das atividades de distribuição, para
determinar o lucro, para controlar as operações e para auxiliar o
administrador no processo de tomada de decisões e de planejamento".

Em síntese podemos dizer que a contabilidade de custos é a apuração dos


custos dos produtos vendidos e o fornecimento de dados para o processo de
tomada de decisão e até mesmo como auxílio na formulação de estratégias.

2.2.1 Terminologias de Custos

Em se tratando de contabilidade de custos, a correta compreensão da


terminologia utilizada é fundamental para se conseguir apropriar e apurar
corretamente os custos da operação de cada empresa, e o conceito apresentado por
Martins (2003, p.19), traz custo como: todo gasto relativo a insumos de fabricação e
despesa diz respeito aos gastos relativo à administração, esforço de vendas e
financiamento.

A correta distinção desses termos não é tarefa simples, como bem destaca
Martins (2003, p.26):

Teoricamente, a separação é fácil: os gastos relativos ao processo de


produção são custos, e os relativos à administração, às vendas e aos
financiamentos são despesas. Na prática, entretanto, uma série de
problemas aparece pelo fato de não ser possível a separação de forma
21

clara e objetiva. Por exemplo, é comum encontrarmos uma única


administração, sem a separação da que realmente pertence à fábrica; surge
daí a prática de se ratear o gasto geral da administração, parte para
despesa e parte para custo, rateio esse sempre arbitrário, pela dificuldade
prática de uma divisão científica.

Portanto, é importante destacarmos alguns conceitos sobre a terminologia


utilizada em Contabilidade de Custos. Segundo Martins (2003, p. 17) gasto é a
“compra de um produto ou serviço qualquer, que gera sacrifício financeiro para a
entidade (desembolso), sacrifício esse representado por entrega ou promessa de
entrega de ativos (normalmente dinheiro)”.

Conceito extremamente amplo e que se aplica a todos os bens e serviços


adquiridos, assim, temos gastos com a compra de matérias- primas. Gastos com
mão-de-obra, tanto na produção como na distribuição. Gastos com honorários da
diretoria, Gastos na compra de um imobilizado etc. Só existe gasto no ato da
passagem para a propriedade da empresa do bem ou serviço, ou seja, no momento
em que existe o reconhecimento contábil da dívida assumida ou da redução do ativo
dado em pagamento.

Já o conceito de desembolso, é o pagamento resultante da aquisição do bem


ou serviço. Pode ocorrer antes, durante ou após a entrada da utilidade comprada,
portanto defasada ou não do momento do gasto. (MARTINS, 2003)

Desembolso é, portanto, o pagamento de parte ou do total adquirido, ou


elaborado ou comercializado, ou seja, a parcela ou o todo do gasto que foi pago.
Entrega de numerários antes, no momento ou depois da ocorrência do gasto.

Investimento é para Martins (2008, p. 25), “é o gasto ativado em função de


sua vida útil ou benefícios atribuíveis ao futuro.” Ou seja, é o gasto gerado com
aquisição de bens que visam a continuidade da empresa, bens ou serviços que são
estocados no ativo da empresa.

Em relação ao conceito de custos, temos segundo o autor Martins (MARTINS,


2003, p. 17):
22

“Gasto relativo à bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou


serviços. O Custo é também um gasto, só que reconhecido como tal, isto é,
como custo, no momento da utilização dos fatores de produção (bens e
serviços), para a fabricação de um produto ou execução de um serviço”.

Ou seja, a definição de custos é “o consumo de um fator de produção, medido


em termos monetários para a obtenção de um produto, de um serviço ou de uma
atividade que poderá ou não gerar renda” (LEONE, 2013).

Em relação à despesa, pode-se dizer que esta é bem ou serviço consumido


direta ou indiretamente para a obtenção de receitas. (MARTINS, 2003)

Conceitua-se perda como bem ou serviço consumidos de forma anormal e


involuntária. As perdas normais serão absorvidas pelos custos das operações. As
perdas representam a diminuição de um ativo sem que haja a contrapartida de uma
receita ou de um ganho. (MARTINS, 2003)

Acredita-se que o entendimento dessas principais terminologias envolvidas na


contabilidade de custos são suficientes para o entendimento de sua teoria e
aplicação.

2.2.2 Custeio por absorção

Há inúmeros sistemas de custo e critérios de avaliação da produção e dos


estoques, sendo que dentro dos princípios fundamentais de contabilidade,
consagrados pela lei nº 6.404/76, o método de custeio real por absorção é o
indicado.

Esse método foi derivado do sistema desenvolvido na Alemanha no início do


século 20 conhecido por RKW (Reichskuratorium für Wirtschaftlichtkeit).

Para MARTINS (2000, p.41) “[...] consiste na apropriação de todos os custos


de produção aos bens elaborados, e só os de produção; todos os gastos relativos ao
esforço de fabricação são distribuídos para todos os produtos feitos”.

Concordando com Martins, CREPALDI (1999, p.148) escreve que:


23

“(...) todos os custos de produção são apropriados aos produtos. Os custos


de produção podem ser apropriados diretamente, como é o caso do material
direto e mão-de-obra direta, ou indiretamente, como é o caso dos custos
indiretos de fabricação”.

Isto significa dizer que devem ser adicionados ao custo da produção o custo
real incorrido, obtidos através da contabilidade geral, e pelo sistema por absorção, o
que significa inclusão de todos os gastos relativos à produção, quer diretos, quer
indiretos com relação a cada produto.

Outra característica do Custeio por Absorção é a separação entre custos e


despesas. Tal característica, possivelmente, decorre mais do fato de esse método
ser adaptado às normas fiscais, financeiras e/ou contábeis do que pelo método em
si. Como os rateios nem sempre têm uma relação lógica ou real com os fatos, é
possível também o rateio das despesas aos produtos.

2.2.3 Custeio Variável

O Método de Custeio Direto, ou Variável, atribui para cada custo uma


classificação específica, na forma de custo fixo ou custo variável. O custo final do
produto (ou serviço) será a soma do custo variável, dividido pela produção
correspondente, sendo os custos fixos considerados diretamente no resultado do
exercício.

De acordo com MARTINS (2000, p.115) “[...] esse método significa


apropriação de todos os custos variáveis, quer diretos, quer indiretos, e tão somente
dos variáveis”.

Já para CREPALDI (CREPALDI 1999, p.150), diferentemente do custeio por


absorção, este método dá ênfase aos custos variáveis para somar aos produtos, e
conceitua:

“fundamenta-se na separação dos gastos em gastos variáveis e gastos


fixos, isto é, em gastos que oscilam proporcionalmente ao volume da
24

produção / venda e gastos que se mantém estáveis perante volumes de


produção / venda oscilantes dentro de certos limites.”

Para PADOVEZE (1997, p.223) custeio variável é “[...] método de custeio que
utiliza-se apenas os custos e despesas que têm relação proporcional e direta com a
quantidade de produtos.”

Gerencialmente, é um método muito utilizado, mas, por sua restrição


fiscal e legal, sua utilização implica na exigência de 2 sistemas de custos: – O
sistema de custo contábil (absorção ou integral) e – Uma sistemática de apuração
paralela, segregando-se custos fixos e variáveis.

Contabilmente, desde que o sistema de acumulação se faça somando-se


custos fixos e variáveis, não há que se opor a esta sistemática de separar os
valores, para utilização gerencial.

Porém, na prática, devido ao aumento da complexidade e cuidados especiais


na contabilização, as empresas desenvolvem sistemas próprios, que extraem da
contabilidade dados específicos para análise de custos variáveis. A contabilidade
segue seu padrão normal (utilizando o custo por absorção) e os sistemas de análise
extraem, das contas de custos, os valores classificados como diretos (como por
exemplo, as matérias primas, os materiais de embalagem, a mão de obra direta,
gastos com terceirização da produção, etc.).

O importante é que se preservem os dados, de forma integral e para atender


a legislação contábil e fiscal, nada impedindo que se utilizem tais dados em sistemas
de informação específicos.

2.2.4 Custeio Padrão

O custo-padrão é um custo previamente atribuído, utilizado como base para o


registro da produção antes da determinação do custo efetivo.

Segundo Sá apud Leone Custo (2000, p. 281) é um custo padrão o custo:


25

“[...] pré- determinado, e que fundamenta em princípios científicos e observa


cada componente de custos [...] dentro de suas medidas de verdadeira
participação no processo de produção, ou seja, o que se deve realizar em
dados racionais.”

O calculo e definição do custo padrão deve levar em consideração as


ineficiências e as eficiências de cada produto fabricado ou serviço prestado e deve
constituir-se em um desafio o seu atingimento, entretanto não deve ser impossível
de ser atingido, ou seja, o custo padrão é visto como um custo orçado e baseado na
previsão futura da apuração de custos, ou seja, o padrão deve ser estabelecido n
dentro das condições normais de eficiência em relação ao uso dos materiais, da
Mao de obra ou de qualquer outro recurso.

O custo padrão é utilizado para obter-se o melhor retorno do emprego da sua


metodologia, então se faz necessário efetuar análises regulares comparando o custo
padrão com o custo realmente incorrido, desta análise sai uma das principais
informações desse sistema de custeio, que são as variações do custeio padrão.

E é essa análise que indicará quais os processos, atividades ou produtos


apresentam-se com maiores eficiências ou ineficiências e que portando requerem
mais atenção por parte da gerencia para a gestão e controle de custos.

Conforme Leone afirma (LEONE 2000, p 281):

“O objetivo principal do custo padrão é estabelecer uma medida planejada


que será usada para compará-los com os custos reais ou históricos, com a
finalidade de revelar desvios que serão analisados e corrigidos, mantendo
assim, o desempenho operacional dentro dos rumos previamente previsto.”

Do ponto de vista gerencial, o custo-padrão indica um “custo ideal” que


deverá ser atingido, ou seja, deve servir como uma meta para todos os envolvidos,
servindo de base para a administração medir a eficiência da produção e conhecer as
variações de custo orçado.
26

2.2.5 Custeio Baseado em Atividades (ABC)

A metodologia ABC nasceu nos Estados Unidos (USA) em meados da década


de 80 e foi desenvolvida e criada basicamente pelos Profs. Cooper e Kaplan. No
método ABC (Activity Based Costing) as atividades são o foco do processo de
custeio.

Os custos são investigados, relacionando-se as atividades aos produtos, com


base na demanda por tais atividades pelo produto durante o processo de produção
ou o serviço em questão.

NAKAGAWA (1994, p.39) explica que:

“[...] no método de custeio baseado em atividades ou ABC, assume-se como


pressuposto que os recursos de uma empresa são consumidos por suas
atividades e não pelos produtos que ela fabrica. Os produtos surgem como
consequência das atividades consideradas estritamente necessárias para
fabricá-las e ou comercializa-los, e como forma de se atender a
necessidade, expectativas e anseios dos clientes.”

Já PADOVEZE (1997, p.249) entende que “(...) procura aprimorar o


custeamento dos produtos, através de mensurações corretas dos custos fixos
indiretos, em cima das atividades geradoras desses custos.”

Portanto, as bases de alocação usadas no custeio baseado na atividade são


medições das atividades executadas, que podem incluir horas do tempo de ajuste de
máquina ou número de vezes em que isso foi feito, ou demais maneira de
distribuição em função da atividade que está sendo analisada seja industrial, serviço
ou overhead.

Uma das importantes razões da crescente utilização e necessidade de uso


desta tecnologia é o aumento dos gastos de “Overhead” das empresas que nos
últimos anos tem se tornado muito significativo.
27

O método ABC demonstra a relação entre Recursos consumidos (o que foi


gasto: água, luz, salários, etc.), Atividades executadas (onde foi gasto: produção,
informática, vendas, etc.) e Objetos de Custo (para que foi gasto: produto A, Produto
B, Atividade X, etc.).

Para KAPLAN (2000, p.122) “os sistemas de custeio baseado na atividade


oferecem informações de custos mais precisas sobre atividades e processos de
negócios e sobre produtos, serviços e clientes servidos por esses processos”. Ou
seja, é um custeamento que permite apurar custos de forma mais precisa, ao
mesmo tempo em que auxilia no processo de controle dos custos das atividades.

2.3 Gestão de estoque

A gestão de estoques é um conceito que está presente em praticamente todo


o tipo de empresa, assim como na vida cotidiana das pessoas. Desde o inicio da sua
história que a tem usado estoques de variados recursos, de modo a suportar o seu
desenvolvimento e sobrevivência, tais como ferramentas e alimentos.

A relevância do gerenciamento de estoque surgiu para suprir uma


necessidade das empresas de controlar tudo que se passava com os materiais, o
período de cada um dentro dos armazéns, a quantidade mantida em cada
compartimento, quando requisitar novamente aquele produto.

De acordo com Viana (2002, p. 108), um dos primeiros livros que se conhece
tratando especialmente de problemas de estoque, na obra intitulada “Logística e
gerenciamento da cadeia de abastecimento”, o que se tem conhecimento sobre o
problema de estoque fora publicado por George Becquart, na França, em 1939. No
Brasil os estudos modernos de gerenciamento de estoque só começaram na década
de 50 e até hoje os resultados são muitos satisfatórios. Neste contexto, o mesmo
cita que, assim, em qualquer empresa, os estoques representam componentes
extremamente significativos, em seus aspectos econômicos financeiros ou
operacionais críticos. Isso já não acontece com as empresas prestadoras de
serviços públicos ou serviços em geral.
28

Os estoques recebem diferentes classificações, do ponto de vista do processo


produtivo:

Estoque de produtos em processo: Baseiam-se essencialmente em todos os


artigos solicitadas necessárias à fabricação ou montagem do produto final, que se
encontram nas várias fases de produção.

Estoque de matéria- prima e materiais auxiliares: Neste estoque encontramos


e materiais secundários, como componentes que irão integrar o produto final. São
materiais brutos destinados à transformação.

Estoque operacional: É um tipo de estoque destinado a evitar possíveis


interrupções na produção por defeito ou quebra de algum equipamento. São
constituídos por materiais destinados a manutenção, substituição ou reparos tais
como componentes ou peças sobressalentes.

Estoque de produtos acabados: É o estoque composto pelo produto que teve


seu processo de fabricação finalizado. Em empresas comerciais é chamado de
estoque de mercadorias.

Estoque de materiais administrativos: É formado de materiais destinados ao


desenvolvimento das atividades da empresa e utilizados nas áreas administrativas
da mesma, com, impressos, papel, formulários, etc.

Podemos destacar também como grande importância para a administração o


Estoque de segurança ou mínimo que são as quantidades guardadas para garantir o
andamento do processo produtivo caso ocorram aumento na demanda do item por
parte do processo ou atraso no abastecimento futuro.

Gerir estoques economicamente consiste essencialmente na procura da


racionalidade e equilíbrio com o consumo, de tal maneira que: a) as necessidades
efetivas de seus consumidores sejam satisfeitas com mínimo custo e menor risco de
falta possível; b) seja assegurada a seus consumidores e continuidade de
fornecimento; c) o valor obtido pela continuidade de fornecimento deve ser inferior a
sua própria falta (VIANA, 2002 p. 118).

De uma forma concisa, pode-se dizer que gerenciar estoque é fazer um total
planejamento de como controlar os materiais dentro da organização, trabalhando
29

exatamente em cima do que a empresa necessita para as determinadas áreas de


estocagem, objetivando manter o equilíbrio entre estoque e consumo.

O controle de estoque deve, portanto, minimizar o total de capital investido


sobre o estoque, devido ao seu custo que é elevado e aumenta continuamente,
porém, como a empresa não funciona sem estoque, é necessário que aja o estoque
para repor os produtos que foram vendidos na prateleira.

Toda política de controle de estoque deve controlar o difícil dilema entre


minimizar custos das mercadorias, e satisfazer e aumentar a demanda do cliente.
(PEIXOTO; PINTO, 2006)

A meta de uma empresa é, sem dúvida, maximizar a lucratividade sobre o


capital investido nas operações de transformação, em financiamentos das vendas,
em reserva de caixa e nos estoques. Para atingir e obter a maximização do
resultado em termo da lucratividade toda organização deve utilizar o capital
disponível para expansão de suas operações no mercado em que atua. Espera-se,
então, que o capital que está sendo investido em estoques permita elevar o nível de
serviço prestado pela empresa e o atendimento dos clientes.

2.3.1 Critérios de Avaliação de Estoques

Métodos de avaliação de estoques auxiliam na separação dos custos dos


produtos que foram vendidos e os que permanecem em estoque.

As entradas no estoque de determinada matéria-prima, normalmente a custos


diferentes entre si, vão influenciar o valor de saída desses estoques.

No processo de compra e venda de mercadorias, preços unitários se alteram


quase permanentemente. Ou seja, a empresa poderá adquirir os mesmos tipos de
mercadorias em datas diferentes, pagando por eles preços variados.

Assim, para determinar o custo dessas mercadorias estocadas e das


mercadorias que foram vendidas, precisamos adotar algum critério.
30

Segundo o CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO DE


SÃO PAULO (1992:81), "A produção pode ser valorizada pelos critérios: PEPS,
UEPS e Custo Médio”.

2.3.1.1 Primeiro que Entra, Primeiro que Sai - PEPS

Nesse critério, a empresa dá saída nos estoques dos produtos mais antigos,
ou seja, adquiridos primeiro, permanecendo estocados os produtos de aquisição
mais recente.

Existem várias desvantagens nessa metodologia, uma delas é que teremos


que controlar vários lotes para sabermos sempre o custo do mais antigo, na prática,
muitas vezes, pode ser inviável e ou de pouca praticidade!

A outra desvantagem do PEPS é que a tendência é de que sempre as


primeiras compras possuam um custo mais baixo e com o decorrer do tempo o valor
das compras aumentem em valor devido à inflação.

Nesse caso o PEPS provocará um estoque com valor mais alto, um custo
mais baixo e um lucro maior, fazendo com que a empresa pague mais impostos e
mais dividendos.

A vantagem de usar o PEPS é que ele é um dos critérios exigidos pela


legislação fiscal.

2.3.1.2 Último que Entra, Primeiro que Sai - UEPS

Adotando esse critério, a empresa dará baixa em primeiro lugar nos estoques
mais recentes ficando estocados sempre os produtos mais antigos.

O UEPS possui ainda outra desvantagem em relação ao PEPS, pois mesmo


que não se acabe de usar todo um lote, abandona-se este e começa-se a usar o
último mais recente.

Com isso teremos que controlar diversos lotes com saldos no qual usamos
parcialmente os custos. O UEPS provoca um efeito contábil inverso ao do PEPS, o
31

custo normalmente será maior, consequentemente os estoques e o lucro serão


menores.

2.3.1.2 Custo Médio ou Média Ponderável Móvel (MPM)

Os produtos serão avaliados pela média dos custos de aquisição, sendo estes
atualizados a cada compra efetuada.

Essa técnica é muito fácil de ser usada, pois custo médio será sempre a
divisão do saldo financeiro pelo saldo físico. A MPM é a técnica recomendada para a
elaboração dos cálculos de custos pela contabilidade.

Cada vez mais este método ganha espaço nas empresas por sua praticidade
na hora de se baixar os custos e controlar o estoque.

Este método é utilizado na maior parte das vezes com fins gerenciais, porém
não é aceito pela legislação fiscal, já que se entende que distorcem completamente
os resultados, apresentando custo maior, lucro menor e estoque final diverso do da
realidade.

2.3.2. Giro de Estoque

Os estoques desempenham papel importante na flexibilidade operacional da


empresa, são as entradas e saídas dos produtos nos processos de comercialização.
É necessário que nas organizações, a direção preocupe-se em todos os aspectos
que evolvem o negócio, desde a análise de sua viabilidade até a utilização de
instrumentos gerenciais adequados que possam fornecer a administração
informações que possibilitem o monitoramento ordenado dos resultados.

A contabilidade de Custos tem como uma de suas funções, avaliar


quantitativa e qualitativamente os valores em Estoque, demonstrando-os
periodicamente nas Demonstrações financeiras.

A Contabilidade Tributária traz dispositivos de avaliação de estoques,


aceitando tanto a forma integrada da contabilidade custos, como a forma
32

simplificada baseada em inventários periódicos (devidamente escriturado no livro


Registro de Inventários). Outro dado importante de se destacar, é que em empresas
comerciais ou de serviços, os materiais no estoque de produtos acabados chamam-
se mercadorias. Em empresas industriais, chamam-se produtos.

O giro de estoque é um dos indicadores mais significativos da eficiência para


as empresas sejam qual for o segmento de atuação. Através dele demonstra-se a
rotatividade do estoque, ou seja, quanto tempo cada item do estoque permanece na
empresa antes de ser vendido, e é um indicador que pode ser aplicado a qualquer
tipo de estoque, independente da sua complexidade ou tamanho.

E tão importante quanto ter produtos a serem vendidos, ou quanto se tenha


em estoque, é usar o giro de estoque para medir, de uma forma padronizada, a
qualidade de um estoque, pois ele demonstra quantas vezes a quantidade de itens
foi renovada, ou seja, quanto maior o valor do giro melhor será o resultado, pois ele
indica que o produto não venceu na prateleira, diminui-se a necessidade de grandes
espaços de armazenamento, necessita-se de menos compras juntos aos
fornecedores o que aumenta possibilidade de melhores negociação em relação a
prazos de pagamento, além de em casos fortuitos de roubo ou incêndio e se perca o
estoque, o prejuízo será menor, em virtude da menor quantidade de produtos
estocados.

A boa administração dos estoques é de vital importância para a saúde


financeira das empresas, uma vez que grande parte do capital das empresas está
nos materiais envolvidos na produção, sendo comum representarem um elevado
percentual de todo o seu capital. Assim redução no montante estocada se traduz na
liberação de grande volume do capital necessário ao andamento do negócio como
um todo, mais comumente conhecido como capital de giro.

2.4 Panorama do Setor de Concessionária de Veículos Pesados

O mercado de veículos em geral vem sofrendo muito desde 2013, ano que
começou a se retrair depois de uma sequência de nove anos seguidos de alta,
sendo o último ano (2012) um dos melhores da história, marcado por um recorde de
33

3,8 milhões de unidades vendidas. Porém, o recorde de vendas veio acompanhado


de um alto nível de inadimplência, o que acarretou em recuo no mercado a partir do
ano seguinte.

Com o agravo da crise econômica no país em 2015 e o aumento do


desemprego, o mercado sentiu ainda mais e as vendas caíram 26,5%, o maior
tombo em 27 anos. Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores (Anfavea), desde o início dessa queda de vendas no setor em
2013 temos uma retração de quase 50% em quatro anos.

Dentro desse contexto faremos destaque ao mercado de veículos pesados,


que no ano de vendas recordes do setor de veículos (2012), teve 172,9 mil veículos
vendidos, em 2015 já haviam caído para 71,6 mil unidades, e no ano seguinte
fechou com apenas 50,5 mil, o pior resultado desde 1996. Em janeiro de 2017 a
baixa perspectiva para o setor se concretizou, e o mês fechou com apenas 2,9 mil
veículos vendidos, uma queda superior a 33%, tanto em relação ao mês anterior
quanto em relação ao janeiro anterior, sendo assim o segundo pior mês da história,
perdendo apenas para janeiro de 1997. (Anfavea)

Considerando as marcas de maior volume, as piores quedas foram


registradas nessa ordem: MAN (-50,9%), Volvo (-42,5%), Iveco (-37,6%), Mercedes
(-26,8%), Ford (-14,1%) e Scania (-2,4%) (Fonte: Anfavea). Disto isto, os dados que
serão abordados nesse estudo terão por base uma empresa concessionária de
veículos pesados, autorizada MAN, localizada em Rondonópolis-MT. Sem muita
perspectiva em relação ao mercado interno para um futuro próximo, a indústria de
caminhões torce para que o agronegócio continue prosperando e volte a puxar suas
vendas, como tradicionalmente ocorre.

Diante desse cenário, que demonstra a situação difícil do setor em todo o


país e a baixa perspectiva de retomada do mercado, fica nítida a grande importância
de empresas que atuam nesse segmento do mercado, serem criativas e
dispensarem redobrada atenção sobre os custos de suas atividades, que é onde
poderão buscar trazer um pouco de equilíbrio à operação e ao resultado da
empresa, tentando reduzir ao máximo seus custos e assim mantê-los abaixo da
receita que obtiverem, uma vez que na área de vendas a recessão bloqueia
qualquer movimento positivo para crescimento da empresa.
34

REFERÊNCIAS

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estratégico no processo de gestão empresarial. São Paulo: Atlas, 1998.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de Contabilidade de custos.
São Paulo: Atlas, 1999.
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de acordo com a Teoria das restrições. São Paulo: Nobel, 1997.
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Disponível em: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,fenabrave-corta-
previsao-de-alta-na-venda-de-automoveis-em-2017,10000098043. Acesso em: 01
Ago. 2017

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35

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