ARACAJU - SE
ABRIL/2016
MATA ATLÂNTICA: IMPORTÂNCIA,
CARACTERIZAÇÃO E CONSERVAÇÃO
Ada Rebeca Ferreira da SILVA SIMÕES¹, Aline de Souza CORREIA GALVÃO²,
Danilo Fernandes VIANA³, Valter Ferreira ROCHA JUNIOR4
RESUMO
Presente em 17 estados brasileiros, a Mata Atlântica, apresenta atualmente cerca de 22%
de sua cobertura inicial, na qual 7% bem conservados com fragmentos acima de 100
hectares. Sua inigualável diversidade biológica, lhe classifica como pico (hotspot) de
biodiversidade no planeta, além de responsável por diversos serviços ambientais, como
regulação hídrica de mananciais e proteção de encostas. Competindo por espaço com
cerca de 70% da população, é alvo das mais diversas pressões antrópicas, sob pena de
comprometer a disponibilidade de água para a população, e afetar diretamente a
biodiversidade visa-se necessário a preservação e recuperação desse bioma. A lei da Mata
Atlântica, aprovada em 2006, veio com o intuito de regular o uso e ocupação de áreas
presentes no território da Mata Atlântica. Regulamentado em 2000, o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação é considerado uma das mais eficazes estratégias de proteção
de recursos naturais, sendo seu nível de preservação determinado por sua categorização.
Sergipe possui 15 Unidades de Conservação das mais diversas categorias e algumas
inseridas na Mata Atlântica. Diante da situação atual da Mata Atlântica visa-se necessário
a preservação e proteção da mesma, através da utilização racional dos recursos naturais
seguindo os parâmetros técnico-jurídicos existentes.
Palavras-Chave: bioma, preservação, recuperação
2. LEGISLAÇÃO
A Constituição Federal desde 1988 declara a Mata Atlântica como Patrimônio
Nacional, e em 1993, quando foi editado o Decreto Federal n.750/93, que definiu
legalmente os termos da proteção específica para os ecossistemas integrantes nesse
bioma. O Decreto Federal n.750/93 vigorou até a sua revogação, em 2008, pelo Decreto
n.6.660, ou seja, por quinze anos, durante os quais determinou práticas que nortearam a
atuação na sua proteção por todo o SISNAMA
Em 2006, foi aprovada a Lei 11.428, mais conhecida como Lei da Mata Atlântica.
No entanto, o texto do referido instrumento legal, bem como do Decreto Federal
n.6660/08, representa evidente retrocesso na proteção e flexibilização dos elementos
contidos no Decreto Federal n.750/93, sem que tenham ocorrido grandes alterações no
bioma (VARJABEDIAN, 2010).
Além da diretriz de que as áreas naturais remanescentes necessitam ser protegidas
e conectadas na paisagem, estudos indicam que evidenciar as causas e os efeitos da
fragmentação de ecossistemas são fundamentais e devem ser combatidos por políticas
públicas bem fundamentadas (RAMBALDI & SUÁREZ DE OLIVEIRA, 2003).
A grande dependência entre o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos e a
preservação dos ecossistemas terrestres que os margeiam ou contornam, fato que implica
a sobrevivência da população e de muitos organismos, como os anfíbios e os peixes, estão
cada vez mais ameaçados pelas ações antrópicas no bioma da Mata Atlântica (MENEZES
et al., 2007).
A Lei 11.428 de dezembro de 2006, a Lei da Mata Atlântica, traz também avanços
expressivos na conservação e recuperação da vegetação nativa da Mata Atlântica, abrindo
a possibilidade dos municípios, incluídos total ou parcialmente no bioma, atuarem pro
ativamente na sua defesa. A lei dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa
do Bioma Mata Atlântica e em seu art.38, instituindo o Plano Municipal de Conservação
e Recuperação da Mata Atlântica. Na qual deve ser elaborado e implementado em cada
município abrangido pela Mata Atlântica, regulamentado pelo o art. 43 do Decreto no
6.660, de 21 de novembro de 2008 (SANTOS, 2014).
As normas de grande abrangência e repercussão, tais como os do Novo Código
Florestal, deverão ser observados e cumpridos, bem como várias outras que se relacionam
ou orientam como o licenciamento ambiental de uma atividade ou empreendimento
realizado tanto pela União, pelo Estado ou pelo Município, sofrendo alterações
importantes, revelando graves vícios de ordem técnica e legal, bem como permissividades
e flexibilizações incompatíveis com o atual nível de ameaça.
3. ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO
Ecossistemas tropicais perturbados geralmente possuem alta capacidade de
regeneração natural, no entanto necessitam de fragmentos próximos para que realizam
como fonte de propágulos (GUARIGUATA & OSTERTAG, 2001).
A proteção legal de áreas naturais, através da criação de Unidades de Conservação
(UC) é considerada uma estratégia eficaz para garantir a manutenção, a longo prazo, dos
recursos naturais. As unidades são consideradas vitais para qualquer estratégia de
conservação da biodiversidade, funcionando como abrigo para as espécies quem não
conseguem sobreviver em ambientes alterados. Além disso, são áreas onde os processos
ecológicos ocorrem sem maiores intervenções antrópicas, possibilitando a manutenção
de serviços ambientais indispensáveis ao homem, e contribuindo para a preservação de
suas características culturais e históricas (OLIVEIRA, 2010).
A criação de unidades de conservação (SNUC-Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza) é regulamentada pela Lei nº 9.985/2000 e o Decreto
4.340/2002. No Brasil, as unidades de conservação foram divididas em dois grupos: o
primeiro pelas Unidades de Proteção Integral onde a proteção da natureza é o principal
objetivo, por isso as normas e regras são mais restritas, permitido apenas o uso indireto
dos recursos naturais. O segundo grupo, contempla as Unidades de Uso Sustentável, que
visam conciliar a conservação da natureza com o uso sustentável dos recursos naturais.
(MMA,2010).
Vale ressaltar que a criação de Unidades de Conservação deve ser delimitada por
critérios atuais e confiáveis, de forma a preservar as áreas de maior prioridade para a
conservação da diversidade biológica, suscetibilidade às ações do ser humano e com
recursos naturais ainda significativos, englobando características bióticas e abióticas
(OLIVEIRA, 2010).
Ao contrário do que se pensa, as unidades de conservação não são ambientes
intocáveis e se mostram comprovadamente vantajosas para os municípios, visto que a sua
manutenção pode diminuir ou evitar acidentes naturais ocasionados por enchentes e
desabamentos; possibilitar a manutenção da qualidade do ar, do solo e dos recursos
hídricos; permitir o incremento de atividades relacionadas ao turismo ecológico, e
proporcionar a geração de emprego e renda. Diversos municípios brasileiros se abastecem
de água oriunda de unidades de conservação, o que prova a importância socioambiental
destes locais. As UCs são exemplos de como é possível compatibilizar o desenvolvimento
econômico com preservação ambiental. (MMA,2010).
Após a criação de uma Unidade de Conservação (UC), deve-se compor um plano
de manejo, este deve ser elaborado no prazo máximo de cinco anos e elaborado em função
dos objetivos gerais pelos quais a UC foi criada. O plano de manejo é um documento
consistente, feito a partir de estudos que inclui diagnósticos biológicos, físicos e sociais.
O plano estabelece ações a serem desenvolvidas e manejo dos recursos naturais da UC,
seu entorno e, quando for o caso, os corredores ecológicos a ela associados, podendo
também incluir a implantação de estruturas físícas dentro da UC, visando minimizar os
impactos negativos sobre a UC, garantir a manutenção dos processos ecológicos e
prevenir a simplificação dos sistemas naturais. Uma das ferramentas mais importantes do
plano de manejo é o zoneamento da UC, que a organiza espacialmente em zonas sob
diferentes graus de proteção e regras de uso. (MMA, 2010).
Brooks & Rylands (2003) afirmam que inserir o entorno das áreas protegidas no
planejamento e manejo dos recursos naturais é fundamental, mesmo nas maiores UCs da
Mata Atlântica, a área é insuficiente para suportar a manutenção de predadores de topo e
grandes mamíferos, importantes para o equilíbrio da biota em qualquer ecossistema.
O uso e manejo dos recursos naturais permitidos dentro de cada UC variam
conforme sua categoria, que é definida a partir do objetivo da sua criação. Em outras
palavras, é importante que na escolha da categoria de uma UC seja levado em conta as
potencialidades e especificidades de uso que o espaço dispõe para que ela seja uma
oportunidade de efetivação de desenvolvimento local. (MMA, 2010).
3.1. Unidades de Conservação em Sergipe
JOPPA, L.N.; ROBERTS, D.L.; MYERS, N.; PIMM, S.L. Biodiversity hotspots house
most undiscovered plant species. PNAS 108. 2011.
MENEZES, N.A., WEITZMAN, S.H., OYAKAWA, O. T., LIMA, F.C.T. de, CASTRO,
R.M.C., & WEITZMAN, M.J. 2007. Peixes de água doce de Mata Atlântica: lista
preliminar das espécies e comentários sobre a conservação de peixes de água doce
neotropicais. Museu de Zoologia – Universidade de São Paulo.