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EXPLIKAMUS – Explicações Individuais

FICHA DE APOIO AO ESTUDO


PORTUGUÊS
GIL VICENTE – FARSA DE INÊS PEREIRA

1. Gil Vicente: vida e obra

 São incertas as informações sobre Gil Vicente;


 Terá nascido provavelmente em Guimarães;
 O ano de 1465 é apontado como sendo o do seu nascimento;
 Viveu em Lisboa e frequentava a corte;
 Nasce durante o reinado de D. Afonso V e percorre os reinados de D. João
II, D. Manuel e morre durante o reinado de D. João III;
 Na primeira década do século XVI, era "mestre da balança" da Casa da
Moeda de Lisboa;
 Em 1520, estava incumbido pelo rei D. Manuel I de escrever, organizar e
ensaiar os autos para a corte;
 Casou duas vezes e teve várias atividades profissionais:
o Ourives (é-lhe atribuída a autoria da famosa Custódia de Belém);
o Escritor, encenador e ator.
 É justamente considerado o pai do teatro português;
 Produziu mais de quarenta peças de teatro, chegando a publicar em vida
algumas delas;
 Colaborou no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende com algumas
composições poéticas;
 Em 1562, o seu filho, Luís Vicente, publicou toda a sua obra com o título
Compilaçam de todalas obras de Gil Vicente, a qual se reparte em cinco livros.

Principais temas vicentinos

Gil Vicente é considerado um poeta-dramaturgo. Dramaturgo por ser o criador


do teatro e poeta porque toda a sua obra é escrita em verso.

Nas suas obras critica a sociedade do seu tempo, pondo a descoberto muitos dos
vícios e hábitos das várias classes sociais. Por isso se considera a sua obra um
espelho, porque reflete fielmente a sociedade do século XVI. Criticava,
nomeadamente:

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 A justiça;
 O novo-rico;
 Os escudeiros;
 As alcoviteiras;
 A atuação do rei;
 O povo;
 A Igreja – por causa da vida desregrada, da imoralidade nos conventos,
do comércio de almas e pecados (bulas e indulgências).

Gil Vicente satirizava a sociedade sem atacar diretamente qualquer pessoa em


particular.

Na obra de Gil Vicente encontramos o princípio latino: “ ridendo castigat mores”


(“é a rir que se castigam os costumes”). Assim, Gil Vicente, provocando o riso no
público, denuncia os erros de cada classe social, procurando que o mesmo
público reflita sobre o seu riso.

Classificação da sua obra

Normalmente, o autor divide a sua obra em:

 Comédias;
 Farsas;
 Moralidades.

Autor de transição

Vive entre a Idade Média e o começo , em Portugal, do Renascimento. A sua obra


reflete valores sociais, religiosos e culturais muito diversificados.

Gil Vicente tem mantido bastante da sua atualidade uma vez que, dominado por
um espírito reformador e satírico, observava a sociedade e o comportamento de
típicos grupos humanos que ainda hoje persistem.

Vejamos o que há em Gil Vicente de medieval e de clássico:

A. Características medievais:
a. Linguagem popular e arcaica;
b. Linguagem individualizada – própria da categoria das
personagens que falam;

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c. Desleixo sintático;
d. Versos predominantes de 7 sílabas;
e. Exagero do espírito de cruzada;
f. Relativa incultura que mostra ou aparenta;
g. Ausência de problemas de natureza psicológica e de interiorização;
h. Ausência de indivíduos ou individualidades, com caráter e
personalidade bem vincadas. Criação e personagens-tipo.

B. Características clássicas:
a. Sátira irreverente, mas moralizadora;
b. Entusiasmo nacionalista;
c. Crítica alheia a superstições, em particular:
i. À questão das indulgências;
ii. À classe sacerdotal (a caça, a mancebia, o desleixo no
cumprimento das suas obrigações).
d. Compreensão dos problemas sociais, insurgindo-se contra a
materialização da época;
e. Pelas referências mitológicas e clássicas;
f. Por algumas tentativas formais: a divisão em quadros; o prólogo
em algumas peças.

Contexto sociocultural da Farsa Inês Pereira

Representada em 1523, no Mosteiro de Tomar, a pedido de D. João III.

A Farsa de Inês Pereira é considerada a mais complexa peça de Gil Vicente e é


uma encenação do provérbio: Mais vale asno que me leve que cavalo que me
derrube.

Estrutura

A Farsa de Inês Pereira é uma das peças de Gil Vicente melhor estruturadas, uma
das suas obras-primas, que podemos dividir em sete momentos:

1. A vida de Inês Pereira em solteira, com sua mãe;


2. Conselhos de Lianor Vaz para que case;
3. Apresentação de Pêro Marques;

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4. Apresentação do Escudeiro;
5. Vida de Inês, casada com o Escudeiro;
6. Vida de Inês, viúva;
7. Vida de Inês casada com Pêro Marques.

Nestes sete momentos podemos considerar três sequências principais:

1. Corresponde aos três primeiros momentos (a apresentação e recusa do


casamento com Pêro Marques): Inês solteira;
2. Corresponde aos momentos 4 e 5 (a apresentação e o casamento falhado
com o Escudeiro): Inês mal-maridada;
3. Corresponde aos momentos 6 e 7 (o casamento com Pêro Marques): Inês
quite e desforrada.

Desta forma, na intriga encontramos a divisão clássica da ação:

 Exposição - desejo de libertação de Inês através do casamento;


 Conflito - proposta de Pero Marques, casamento com o Escudeiro e
casamento com Pero Marques;
 Desenlace - concretização das aspirações de Inês.

Personagens

Inês Pereira

A protagonista, Inês Pereira, é uma típica rapariga, leviana, ociosa, namoradeira,


que passa o tempo todo diante do espelho, a se enfeitar, tendo em vista um
casamento nobre. Através desta personagem, Gil Vicente critica as jovens
burguesas, ambiciosas e insensatas.

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 Primeira Inês (Inês solteira) – preguiçosa, alegre, amiga de divertir-se, um
pouco leviana e opinosa. Não exige luxos nem riquezas. Quer um homem
que lhe proporcione uma vida alegre, ainda que pobre e faminta;
 Segunda Inês (Inês casada com o Escudeiro) – estranha as imposições de
marido, mas está pronta a obedecer-lhe e ser-lhe fiel;
 Terceira Inês (Inês casada com Pero Marques) – é o resultado de uma
transformação profunda provocada pelo comportamento desumano,
desleal e cínico do Escudeiro. É uma mulher que já não acredita no amor
nem nos homens. O seu desejo de vingança transforma Pêro Marques num
superasno quase irreal. Torna-se materialista, calculista, vingativa.

Esta personagem permite, pois, dividir a farsa em três momentos:

1. Inês fantasiosa - mostra Inês, os seus desejos e ambições, e o momento em


que é apresentada pela alcoviteira a Pero Marques. Esta parte retrata o
quotidiano da protagonista e a situação da mulher na sociedade
portuguesa da época, por meio das falas de Inês, da mãe e da alcoviteira
Lianor Vaz;
2. Inês mal-maridada - mostra as agruras do primeiro casamento de Inês.
Nesta parte, o autor aborda o comércio casamenteiro, por meio das figuras
dos judeus comerciantes e do arranjo matrimonial-mercantil, e o despertar
de Inês para a realidade, abandonando as fantasias alimentadas até então;
3. Inês quite e desforrada - a protagonista casa-se pela segunda vez e trai o
marido com um antigo admirador. Experiente e vivida, Inês tira todo o
proveito possível da situação que vive.

Pêro Marques

É um camponês rústico, provinciano, bronco, ingénuo, trabalhador, mas honesto


e com boas intenções.

Com a sua estupidez não só é um ser feliz, mas espalha felicidade à sua volta.
Representa na peça o papel de «asno» que leva a mulher às costas, de visita a um
antigo pretendente. Através do seu trabalho conseguiu amealhar alguns bens.
Proveniente do universo rural e desconhecedor das regras de convivência, cai no
ridículo, não só pelo modo como se veste, mas também pela maneira de falar e
agir (senta-se na cadeira ao contrário e de costas para Inês e sua mãe). É a
personagem cómica da peça.

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Escudeiro, Brás da Mata

É uma figura muito importante na peça, que contrasta com Pêro Marques. É fácil
concluir da elegância, da cultura, da astúcia e finura do Escudeiro em contraste
com a simplicidade bronca, a ignorância e a inadaptação de Pêro Marques.

É uma personagem que tem grande influência no desenrolar da intriga, pois o


seu comportamento tirânico vai fazer com que Inês venha finalmente a aceitar
Pêro Marques para se vingar das frustrações do primeiro casamento.

O Escudeiro, pobre e cobarde, ostenta perante Inês qualidades que não tem.
Antes de casar, apresenta-se como um grande senhor, rico, culto e bem falante.
Depois de casar revela-se um tirano mesquinho que deixa a esposa à guarda do
criado e parte para África com o objetivo de ser armado cavaleiro. O Escudeiro,
candidato a cavaleiro em África, acaba por ser morto por um mouro pastor,
quando fugia. O candidato a cavaleiro deserta do campo de batalha, morrendo
às mãos de um pastor e não em combate, como seria normal.

Lianor Vaz

É ela a emissária de Pêro Marques, que traz a sua carta de apresentação a Inês,
dotada de grande capacidade de persuasão, experiência e oportunidade no
desempenho do seu papelo de comadre casamenteira. Faz também um pouco o
papel de confidente e ajuda-nos a conhecer os sentimentos e intrenções de Inês e
de Pêro. Lianor é uma figura de apreciável valor moral, com bons e subtis
conhecimentos da sua «arte».

Mãe

Intimamente relacionada com Inês Pereira, a Mãe é uma personagem secundária


que apresenta o contraponto da sua fantasia e ambição. Moderada, prudente e
pragmática, a Mãe manifesta a sua descrença em relação ao casamento com o
Escudeiro. Luta quanto pode pela felicidade da filha iludida. Extremamente
compreensiva, acaba por aceitar corajosamente a derrota e animar o primeiro
casamento da filha com uma pequena festa. Depois deste primeiro casamento,
afasta-se discretamente para não tornar a aparecer, semdiscussões, censuras ou
vinganças. Inês há de aprender à sua custa.

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Judeus casamenteiros, Latão e Vidal

Enquanto Pêro Marques é apresentado a Inês por Lianor Vaz, uma comadre
casamenteira de características populares, conhecida da mãe da protagonista, o
Escudeiro chega à presença de Inês pela mão dos judeus casamenteiros, que são
talvez as figuras psicologicamente mais bem tratadas da farsa. Não são imorais,
mas amorais. Conheciam bem os defeitos do Escudeiro, mas também não
ignoravam que Inês era preguiçosa, vaidosa e leviana. Por isso zombam dos dois,
jogando com os seus defeitos. As suas palavras, proferidas umas atrás das outras,
elogiam e depreciam ao mesmo tempo, revelando um pessimismo consciente
sobre os homens. Têm externamente uma atitude bajuladora, mas na verdade as
suas afirmações podem ser entendidas como críticas severas e justas. Inteligentes
e voluntariosos, adaptam-se a todas as atividades e vingam-se, de forma discreta,
de séculos de perseguição. Na sua versatilidade estão mais próximos da
alcoviteira típica do que Lianor Vaz.

São, portanto, personagens psicologicamente muito bem caracterizadas:


desonestos, falsos, argutos, materialistas e maquiavélicos.

No fundo, são apenas uma personagem, constituindo o seu desdobramento em


duas um fator cómico. Este desdobramento dá-se através dos seguintes
processos:

 repetição por um da frase inicialmente dita pelo outro, com alteração da


ordem dos elementos: «Este e eu/ Eu e este»;
 repetição por um das ideias enunciadas pelo outro: «não sabeis quão longe
fomos/ corremos a iramá»;
 continuação por um da frase iniciada pelo outro: «Senhora fomos…/ que
fomos que ias/ buscá-lo»;
 hesitação sobre quem há de falar: «agora falo/ ou falas tu?»;
 mandando-se calar um ao outro: «Leixa-me falar/ Já calo»;
 identificação de um com o outro: «tu e eu nam somos eu?».

Estas hesitações, interrupções e comentários desviam constantemente o discurso


do seu fio condutor, criando suspense em quem está a ouvir. A organização do
discurso, no sentido da criação de uma grande expectativa, predispõe Inês
Pereira para a aceitação do pretendente, fascinada pelo exagero das saus
qualidades, habilmente coincidentes com os seus ideais: falar e tanger bem, ser
discreto e avisado.

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Essa aceitação e o casamento irão constituir o grande engano de Inês e serão o
castigo da sua ambição desmedida.

O Moço

O Moço é cópia em plebeu do Escudeiro. É uma personagem que contribui, em


grande parte, para a denúncia da duplicidade do Escudeiro, seu amo. É por ele
que sabemos a situação de penúria, os sentimentos e os planos do Escudeiro: é
como que um confidente. Quando o Escudeiro parte para África, fica
encarregado de vigiar Inês e fá-lo com tal rigor que, recebida a notícia do
falecimento do marido, Inês despede-o de imediato.

Fernando e Luzia

São uma espécie de ideal de vida: simples, amigos, sem ambições, sem maldade.
As suas palavras são de amizade e de esperança, mas as suas canções são de
desencanto e morte.

Ermitão

O Ermitão é uma personagem secundária, perfeitamente dispensável no contexto


da farsa.

O eremita era uma pessoa de profundos sentimentos religiosos que vivia num
ermo para se dedicar exclusivamente ao serviço de Deus e à salvação das almas.
Porém, muitos falsos eremitas se aproveitaram da fé e da ingenuidade dos
crentes, sendo, por isso, falsos religiosos, parasitas e mentirosos. Tudo leva a crer
que o nosso Eremitão pertence a este tipo.

A sátira de Gil Vicente atinge pois a sociedade e não a religião.

Relações entre as personagens

Na Farsa de Inês Pereira há uma intriga, isto é, a ação desenrola-se lentamente,


vai-se tornando cada vez mais complexa devido a um adensamento das relações
e da interdependência das personagens, terminando num desenlace:

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O espaço e o tempo

A – O espaço:

Na farsa espaço e tempo são secundarizados. No que se refere ao espaço,


apercebemo-nos que a ação se desenrola em casa de Inês, com exceção do
episódio final da visita do Ermitão, que se desenrola em espaço exterior.

B – O tempo:

Por outro lado, só uma vez há referência concreta ao tempo, quando Inês recebe
uma carta de Arzila anunciando a morte do Escudeiro e o Moço lhe diz que o seu
amo partira para África há três meses.

 Passagem do tempo:
o Inês solteira / fantasiosa a ascensão;
o Inês malcasada a queda;
o Inês viúva a libertação;
o Inês casada a vingança.
 Tempo histórico: finais da Idade Média;
 Tempo narrativo: desencontro com o tempo cronológico
(a passagem de três meses não é explicitamente percebida);
 Desconhecimento e/ou desprezo da lei das três unidades (unidade de
espaço; unidade de tempo e unidade de ação).

A intenção do autor: a crítica

Para além da simples ilustração de um provérbio destinado a esclarecer as


dúvidas dos detratores, a Farsa de Inês Pereira é, sobretudo, uma visão crítica de

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tipos e fenómenos da época. A crítica da sociedade do seu tempo é feita, nesta
como noutras obras, com recurso à ironia, à criação de tipos e ao cómico.

A – A ironia:

Alguns exemplos:

 no diálogo inicial entre Inês e a Mãe, especialmente quando esta se refere


à preguiça da filha;
 na reação de Inês à carta de Pêro Marques trazida por Lianor Vaz;
 em algumas falas dos judeus.
 …

B – A criação de tipos:

 Inês Pereira – o tipo de moça casadoira leviana que representa a ambição


sem escrúpulos, a ponto de pretender usar o casamento como trampolim
para um salto na escala social;
 a Mãe, pragmática, materialista, que quer ver a filha bem «arrumada»,
com um marido proprietário, que lhe garanta estabilidade económica,
desprezando ideais de amor, sonhos ou caprichos;
 a Alcoveita Lianor Vaz e os Judeus casamenteiros, que, cada qual à sua
maneira, fazem de intermediários entre Inês e os pretendentes;
 Pêro Marques, com a sua ingenuidade bronca, objeto da vingança de Inês
enganada pelos Judeus e frustrada pelo falhanço do casamento com o seu
ideal de marido.

Lançando mão de personagens que representavam estratos sociais (Escudeiro,


Pêro Marques, judeus e alcoviteira) ou tendências na evolução da sociedade
(Inês), Gil Vicente dá-nos um panorama crítico da sociedade do seu tempo. Na
Farsa de Inês Pereira acontece ainda que, havendo uma personagem (o Ermitão),
cujo procedimento aponta para uma crítica aos falsos frades e dos seus vícios, a
crítica ao clero é feita de um modo indireto e contundente.

C – O cómico (Ridendo castigat mores)

Os processos habituais do cómico estão amplamente representados na Farsa de


Inês pereira e têm dois objetivos fundamentais:

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 o primeiro, e muito importante numa farsa, é provocar o riso através do
qual se «castigam» os vícios;
 o segundo é a marcação do contraste nítido entre personagens e situações:
Pêro Marques e o Escudeiro; Lianor Vaz e os Judeus casamenteiros, por
exemplo.

C1 – Cómico de caráter (decorrendo da maneira de ser e da apresentação da


própria personagem) surge praticamente ao longo de toda a peça, concretizado
nas figuras de Pêro Marques (um lavrador provinciano e bronco, desconhecedor
da cultura cortesã e ingénuo, nos contactos com Inês e a Mãe) e do Escudeiro
pobre e cobarde, mas dissimulado, na elegância do seu discurso, na variedade
das suas prendas (tocar e cantar) e na fanfarronice que apresenta.

C2 – Cómico de situação (resulta das situações ridículas criadas pelo


comportamento das personagens):

 quando P~erro Marques se senta na cadeira ao contrário e de costas para


Inês e a Mãe;
 na fala dos Judeus casamenteiros, que na sua sofregidão e calculismo para
conseguirem casar Inês com o Escudeiro, se interrompem, repetem e
atropelam constantemente.
 no episódio final, quando Pêro Marques, descalço, transporta Inês às
costas, e mais duas lousas que lhe agradam e, para cúmulo, porque o
caminho era longo e a viagem monótona, ainda aceita cantar uma cantiga
que o apelida de «marido cuco»:
o «Marido cuco me levades / E mais duas lousas» (vv. 1115 - 1116)
o «Bem sabedes vós marido / quanto vos amo / sempre fostes
percebido / pera gano. / Carregado ides, noss’amo, / com duas
lousas.» (vv. 1125 - 1130).

C3 – Cómico de linguagem:

 quando Pêro Marques entra, com a sua linguagem recheada de termos e


expressões provincianas, dada a sua condição de rural, e sobretudo, com
a sua pronúncia, que imediatamente o desdignifica e ridiculariza;
 quando os Judeus casamenteiros produzem o seu discurso repetitivo e
arrastado;
 quando Inês se refere a Pêro Marques dizendo: «Ei-lo se vem penteado:
será com algum ancinho?»;
 na ironia do Moço desmascarando a pelintrice do Escudeiro.

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D - A crítica:

 A ânsia de libertação da mulher de condição burguesa, através do


casamento (Inês);
 A ruína da baixa nobreza, decorrente da centralização das riquezas,
provindas da expansão, na corte (Escudeiro);
 Os velhos costumes morais de uma sociedade medieval e feudal, em vias
de extinção (Pero Marques);
 Degradação moral da conceção de família;
 O êxodo dos campos, o desenvolvimento das cidades e a atração pela
riqueza fácil.

A linguagem

 As falas das diversas figuras desta farsa acentuam a rusticidade das


personagens e realçam a importância do saber popular;
 A linguagem de cada personagem adequa-se ao seu estatuto social e nível
etário;
 A peça é bilingue;
 A linguagem contribui para os efeitos de cómico.

Recursos expressivos

 Comparação: Moça de vila será ela/com sinalzinho postiço, / e sarnosa


no toutiço, / como burra de Castela (vv. 498 - 501);
 Interrogação retórica: ou sam algum caramujo / oue não sai senão à
porta? (vv. 32 - 33);
 Ironia: Logo eu adivinhei / lá na missa onde eu estava, / como a minha
Inês lavrava (vv. 39 -41);
 Metáfora: Deos vos salve, fresca rosa, / e vos dê por minha esposa (vv.
543 - 544);
 Metonímia (uso de uma palavra no lugar de outra que tem com ela
alguma proximidade de sentido): Não sei se me vá a el rei, / se me vá ao
Cardeal (vv. 80 - 81).

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Considerações finais

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