INSTITUTO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
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2012
SUMÁRIO
1.1 Introdução 3
2 MALHAS DE CONTROLE 19
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 26
1.1 Introdução
Uma planta química é composta por unidades de processamento, tais como reatores,
trocadores de calor, bombas, colunas de destilação, absorvedores, evaporadores, etc., integradas
umas às outras de maneira sistemática e racional. O objetivo geral da planta é converter matérias-
primas em produtos usando fontes de energia disponíveis e da maneira mais econômica possível.
Plantas químicas não operam no estado estacionário. O estado estacionário, apesar de ser uma
condição de operação desejável, nem sempre é atingido ou mantido por muito tempo. Isso quer
dizer que em uma planta química real, as condições de operação estão sujeitas a mudanças ao longo
do tempo. Assim, existe a necessidade de se monitorar a operação destas plantas e intervir para
garantir a satisfação dos objetivos operacionais.
O principal objetivo do controle de processos é manter as variáveis de interesse nas condições
operacionais desejadas, de modo seguro e eficiente, satisfazendo as necessidades de qualidade do
produto e as exigências ambientais. O engenheiro de controle de processos deve ser capaz de saber
como atingir esses objetivos. Em plantas de processamento de grande porte e integradas, tais como
as refinarias de petróleo, centenas de variáveis de processo como composições, temperaturas e
pressões são medidas e devem ser controladas em tempo real. Por outro lado, há um grande número
de variáveis de processo (principalmente vazões) que podem ser manipuladas com este propósito.
Controlar um processo significa atuar sobre ele, ou sobre as condições a que o processo está
sujeito, de modo a atingir algum objetivo. Pode-se, por exemplo, achar necessário ou desejável
manter o processo sempre próximo de um determinado estado estacionário, mesmo que efeitos
externos tentem desviá-lo desta condição. Este estado estacionário pode ter sido escolhido por
atender melhor aos requisitos de qualidade e de segurança do processo.
O objetivo desse sistema de controle é manter a temperatura de saída do fluido que está sendo
aquecido na temperatura desejada através da manipulação da vazão de vapor que entra no trocador
de calor, de forma automática, sem intervenção humana. Este mesmo sistema pode ser representado
na forma de diagrama de blocos, conforme ilustrado na Figura 1.2.
a. Trocador de Calor: Um fluido de processo que escoa pelo lado do tubo é resfriado por água
de refrigeração que escoa pelo lado do casco. Tipicamente, a temperatura de saída do fluido
de processo é controlada através da manipulação da vazão da água de refrigeração. As
variáveis do tipo perturbação típicas que afetam a operação do trocador de calor são a
temperatura de entrada e a vazão do fluido de processo.
Como a planta sofre influências externas que estão sempre se modificando (perturbações), há
a necessidade de uma monitoração contínua da sua operação e de uma intervenção externa
(controle) para garantir a satisfação dos objetivos operacionais.
Porém, a operação do aquecedor é perturbada por fatores externos tais como mudanças na
temperatura e vazão de alimentação (Fi, Ti). Se nada variasse, quando o estado estacionário (TS, eVS)
fosse atingido, poderíamos deixar o sistema sem supervisão ou controle.
Como Ti e Fi estão sujeitos a mudanças frequentes, alguma ação de controle é necessária para
aliviar o impacto destas perturbações e manter T e V nos valores desejados.
Por outro lado, a variável y mostrada na Figura 1.7 não volta ao seu valor inicial após ser
perturbada por fatores externos. Processos cujas variáveis apresentam o comportamento de y
(curvas A, B e C da Figura 1.7) são chamados de instáveis e requerem controle externo para a sua
estabilização.
O calor requerido pela reação é fornecido pelo vapor que circula na jaqueta em torno do
reator. O produto desejado é B e C é um subproduto indesejado.
A única variável que se pode mudar livremente para maximizar o lucro é a vazão de vapor,
Q(t). A vazão de vapor, que pode variar com o tempo, afeta a temperatura no reator e esta afeta as
taxas das reações desejada e indesejada. A questão é como se deve variar Q(t) ao longo do tempo de
forma que o lucro seja maximizado. Vamos analisar algumas opções:
Se Q(t) for mantido no maior valor possível durante toda a reação, a temperatura da mistura
reacional terá o maior valor possível. Inicialmente, quando CA é alta, tem-se uma grande
produção de B, mas por outro lado, o custo do vapor será elevado. Conforme o tempo passa, a
concentração de B aumenta e a produção de C também aumenta. Consequentemente, no fim
da reação a temperatura da reação deve ser diminuída, o que leva a um decréscimo da vazão
de vapor.
Se a vazão de vapor for mantida no valor mais baixo durante toda a reação, Q(t) = 0, não
haverá custo de vapor, mas também não haverá produção de B.
Pode-se perceber claramente que para conseguirmos uma operação ótima, a vazão de vapor
deve variar entre estes dois extremos. Descobrir como ela deve variar para maximizar o lucro
implica em resolver um problema de otimização.
IT 359 – Controle de Processos
Exemplo 2: Considere o tanque de aquecimento da Figura 1.12. Um líquido entra no tanque com
uma vazão Fi (L/h) e a uma temperatura Ti (oC), onde é aquecido com vapor que passa por uma
serpentina a uma taxa de alimentação FST (kg/h). O tanque é perfeitamente agitado, o que significa
que a temperatura da corrente de saída é igual à temperatura do líquido no tanque. A corrente de
saída tem vazão F e temperatura T. Os objetivos operacionais do tanque são:
1. Manter a temperatura de saída, T, em um valor desejado, TS;
2. Manter o volume de líquido no tanque em um valor desejado, VS.
Se ε > 0, o que implica em TS > T, o controlador abre a válvula de vapor de forma que mais
calor seja fornecido ao sistema. Se, ao contrário, ε < 0, o que indica que TS < T, o controlador fecha
a válvula de vapor. Obviamente, se ε = 0, TS = T e o controlador não toma nenhuma ação de
controle. Este tipo de sistema de controle, que mede a variável a ser controlada (T, neste caso)
depois que uma perturbação a afeta, é chamado de controle feedback. O valor desejado, TS, é
chamado de set point e é especificado externamente pelo engenheiro responsável pela produção.
Por outro lado, pode-se usar um arranjo diferente para manter a temperatura T = TS quando Ti
muda: Mede-se a temperatura da corrente de entrada Ti e abre-se ou fecha-se a válvula de vapor
para fornecer mais ou menos calor. Se Ti aumentar, a temperatura do tanque T tende a aumentar,
logo a válvula de vapor deve ser fechada para fornecer menos calor e manter a temperatura em TS.
Ao contrário, se Ti diminuir, deve-se abrir a válvula de vapor. Este esquema de controle é chamado
de feedforward e é mostrado na Figura 1.14. Pode-se notar que o controle feedforward não espera
até que a perturbação seja sentida pelo sistema, mas age antecipadamente, prevendo qual será o
efeito da perturbação.
Exemplo 3: Suponha que a corrente de entrada do CSTR ilustrado na Figura 1.15 venha de uma
unidade sobre a qual não se tem nenhum controle. Então CAi, Fi, e Ti são perturbações. Se a vazão
de fluido refrigerante for controlada através de uma válvula de controle, FC é uma variável
manipulada, enquanto TCi é uma perturbação. Além disso, se a vazão de efluente for controlada por
uma válvula, F é uma variável manipulada, de outra forma é uma variável de saída.
Com respeito às variáveis de saída, temos o seguinte: T, F, TCo e V são saídas medidas, uma
vez que seus valores podem ser facilmente medidos. A concentração CA pode ser uma variável
medida se um analisador (cromatógrafo, espectrofotômetro, etc.) estiver ligado à corrente de
efluente. Em muitas plantas estes analisadores não estão presentes porque são caros e/ou pouco
confiáveis. Em tais casos, CA é uma variável de saída não medida. As perturbações também podem
ser classificadas como medidas ou não medidas. As perturbações não medidas geram problemas de
controle mais difíceis.
A Figura 1.16 mostra todas as classes de variáveis que aparecem em um processo.
2. Selecionar as Medidas: Quaisquer que sejam os objetivos de controle são necessários meios
para monitorar o desempenho do processo químico. Isto é feito medindo-se os valores de certas
variáveis de processo (temperaturas, pressões, concentrações, vazões, etc.). Logo, a segunda
questão é: Que variáveis devem ser medidas para monitorar o desempenho da planta? É fácil
concluir que seria desejável de medir diretamente as variáveis que representam os nossos
objetivos de controle e isso é o que é feito sempre que possível. Estas medidas são chamadas de
medidas primárias.
Para o tanque aquecedor do Exemplo 2 (Figura 1.12) os objetivos de controle eram manter o
volume e a temperatura do líquido no tanque em níveis desejados, ou seja, manter T = TS e
V = VS. Consequentemente, a primeira tentativa é instalar medidores para monitorar T e V
IT 359 – Controle de Processos
Esta estratégia permite determinar os valores das variáveis não medidas sempre que os valores
das medidas secundárias estiverem disponíveis. Estas relações matemáticas podem resultar de
considerações empíricas, experimentais ou teóricas.
A terceira classe de medidas que podem ser feitas para monitorar o comportamento do processo
inclui a medida direta de perturbações externas. Medir as perturbações antes que elas atinjam o
processo pode ser muito vantajoso, porque isto nos permite saber com antecedência qual vai ser
o comportamento do processo e tomar ações de controle para evitar qualquer consequência
indesejada.
Normalmente em um processo têm-se algumas variáveis de entrada que podem ser ajustadas.
Qual variável selecionar é uma questão importante e que afetará a qualidade das ações de
controle tomadas. A variável a ser manipulada tem que ter um efeito razoável sobre aquelas que
definem o objetivo desejado. Muita ou pouca sensibilidade geram inconvenientes que devem ser
evitados.
Pouca sensibilidade significa que seriam necessárias mudanças muito grandes na variável
manipulada para produzir um efeito na variável controlada. Neste caso, surgem problemas de
saturação de instrumentos, problemas de ruídos, etc. Muita sensibilidade também não é
desejável, pois apenas uma pequena mudança na variável manipulada já produz um efeito
exagerado na variável controlada. Surgem problemas com a resolução dos instrumentos e,
novamente, com o efeito de ruídos.
2 MALHAS DE CONTROLE
Um dos conceitos mais usados em controle de processos é o conceito de malha de controle.
Uma malha de controle é uma representação gráfica, na forma de diagrama de blocos, dos
elementos atuantes nas atividades de monitoramento e controle. Cada bloco comporta a
representação dinâmica do elemento que representa.
Considere o esquema de um processo genérico, representado na Figura 2.1, com uma saída, y,
uma perturbação aleatória, d, e uma variável manipulada, m.
Conforme visto na seção 1.2, os principais elementos presentes em uma malha de controle
(Figura 2.2 ou Figura 2.3) são:
1. Processo;
2. Equipamento de medida ou sensor;
3. Controlador;
4. Atuador ou elemento final de controle (normalmente uma válvula de controle);
5. Variáveis do tipo “carga” do processo (ou perturbações).
Existem duas situações nas quais o sistema de controle pode ser necessário. Na primeira, a
perturbação, d, também chamada de carga, muda de maneira imprevisível e o objetivo do controle é
manter a saída do processo, y, no valor desejado. Este é o chamado Problema de Controle
Regulatório. Na segunda, é feita uma mudança no valor do estado estacionário desejado (set point)
e o objetivo do controle é levar a saída do processo, y, ao novo estado estacionário. Este é o
chamado Problema de Controle Servo. Em ambos os casos a ação de um controlador feedback é a
seguinte:
Mede-se o valor da saída, y, usando um equipamento de medida adequado.
Compara-se o valor medido da saída, ym, ao valor do set-point, ysp. O erro é calculado por
ε = ysp – ym.
O valor do erro é alimentado ao controlador, que altera o valor da variável manipulada, m, de
forma a reduzir o desvio. O controlador geralmente não afeta a variável manipulada
diretamente, mas através de um elemento final de controle.
A Figura 2.2 mostra estes três passos. O sistema na Figura 2.1 é dito estar em malha aberta,
em contraste com o sistema controlado da Figura 2.2, que é dito estar em malha fechada. Diz-se
que um processo está em malha aberta quando a informação sobre a variável controlada não é usada
para ajustar nenhuma variável de entrada, enquanto que em malha fechada a informação sobre a
variável controlada é usada para manipular uma ou mais entradas.
70
malha aberta
65
60
y
55
50 com controle
setpoint
45
0 1 2 3
tempo (h)
Figura 2.4 – Comportamento dinâmico de um sistema submetido a uma perturbação do tipo degrau.
Pode-se observar que, quando o sistema está em malha aberta, o valor da variável de saída, y,
afasta-se do set point com o passar do tempo, conduzindo a valores de erro (ε = ysp – ym)
progressivamente maiores. Se o valor do erro não for aceitável, torna-se indispensável uma ação
corretiva, possível através da adoção de uma estratégia de controle. O comportamento do sistema
em malha fechada (sob a ação de um controlador) pode ser observado na mesma figura (linha
tracejada). Pode-se verificar que após certo período de tempo, o controlador foi capaz de trazer o
processo para o nível de operação desejado.
1. O nível é a variável mais importante do processo e deve ser mantido constante. Um exemplo é
o controle de nível em um reator, em que a reação depende do volume de líquido, como o
mostrado na Figura 2.8.
2. O nível é uma variável secundária, portanto deve ser mantido entre um valor máximo e um
valor mínimo. Um exemplo é um tambor de topo de uma coluna de destilação (Figura 2.9).
IT 359 – Controle de Processos
Será visto mais adiante neste curso que cada variável controlada terá especificações próprias
e, consequentemente, malhas de controle características.