Estereoscopia
Gavin Adams
Programa de Pós-Graduação da ECA/USP
Problemas da pesquisa
Buscas
Recorte temporal
4. R. H. Klumb, R. H.
Títulos básicos Fuhrman, G. Leuzinger,
Henschel e Benque. O
texto contém certos erros
factuais, como a grafia de
Este balanço bibliográfico inicia-se com dois títulos que se recomendam D. João VI (Dom Jogo) e a
como textos de referência, pois facilitam a tarefa da delimitação temporal e confusão entre Pedro I e
Pedro II, apontados como
geográfica geral da estereoscopia, ao oferecer um panorama amplo da produção a mesma pessoa.
estereoscópica no seu formato consagrado – os cartões estereoscópicos. Pela
abrangência e riqueza do material visual que encerram, Darrah (1997) e Wing
(1996) merecem destaque, ainda que com as reservas que se mencionam a
seguir.
Talvez o mais citado livro na bibliografia estereoscópica é o opus magnum
de W. C. Darrah, The World of Stereographs. Publicado pela primeira vez em
1977, este livro conheceu várias reedições que se estenderam até 1997. Os alcances
temporal e geográfico deste livro são admiráveis, assim como a quantidade colossal
de material que este autor coleta e organiza – centenas de estereogramas e uma
lista de outras centenas de estereógrafos em todo o mundo, inclusive o Brasil4.
Detalhes técnicos da fabricação de cartões são examinados de modo a servir de
guia para a datação de peças. Trata-se de um livro essencial à pesquisa
estereoscópica, um admirável panorama tanto da história e desenvolvimento da
estereoscopia quanto da variedade e alcance das imagens estereoscópicas. O
livro está dividido em quatro partes, mais apêndice, bibliografia e índice de temas.
A primeira parte, “Histórica”, traz uma periodização e caracteriza cada época do
desenvolvimento da fotografia estereoscópica. A segunda parte é intitulada
“Geográfica – vistas regionais”. A terceira parte apresenta um guia temático das 211
5. Estão listados Benque, imagens estereoscópicas, “arranjadas à maneira enciclopédica”. A quarta parte
Henschel e Benque, Marc
Ferrez, R. H. Fuhrman,
compreende duas listas de estereógrafos americanos, uma arranjada por ordem
Gutzlaff, R. H. Klumb, alfabética e a outra por data. O Apêndice demonstra um cálculo aproximado do
Leuzinger, Lopes, Photo- número de estereógrafos americanos, além de Bibliografia e Índice. Não obstante
graphia Brasileira.
sua abrangência, The World of Stereographs limita-se a ser um guia descritivo,
ainda que bastante completo e ricamente ilustrado. Se é um título essencial à pesquisa,
o é como um guia ou mapa geral, pois o pesquisador não encontrará análise
histórica mais sofisticada do que a caracterização de uma linha do tempo comentada.
Onde Darrah apresenta cartões estereoscópicos, Wing se atém aos
visores estereoscópicos. Ricamente ilustrado, Stereoscopes: the First Hundred Years
traz belos exemplares dos mais variados estereoscópios de todos os períodos e
formatos: os consagrados aparelhos portáteis de mão (Brewster e Holmes-Bates),
de mesa, de bolso, dobráveis, livros estereoscópios, tele-estereoscópios,
estereoscópios de múltiplas vistas (com mecanismo de troca), medalhões
estereoscópicos, o sistema Verascope, estereoscópios militares, além dos
estereografoscópios. O livro mostra também numerosas reproduções de material
publicitário e patentes dos séculos XIX e XX. A rivalidade entre Brewster e Wheatstone
é bem documentada, e a evolução e diversificação dos diferentes tipos de
estereoscópios são acompanhadas passo a passo. O livro é dividido em 10
capítulos e três apêndices, bibliografia e glossário de termos franceses. Os capítulos
são intitulados: Inglaterra e França, 1832-1855; Inglaterra e o Continente, 1856-
1890; Estados Unidos, 1854-1860; Visores-Caixa de daguerreótipos; O visor
Holmes-Bates; Estados Unidos, 1861-1890; Estereografoscópios; Estados Unidos,
1890-1930; O Continente, 1890-1940; Final. Os apêndices: o catálogo geral
Bernhard Wachtl de 1903; Patentes americanas de 1853-1902; A primeira patente
estereoscópica. O livro de P. Wing apóia-se no estudo de patentes e de aspectos
técnicos dos visores estereoscópicos, e tem um viés um tanto colecionista. Como
um guia para a identificação e datação de aparelhos, seu valor é inestimável.
Não obstante, a maior parte do texto é dedicada à descrição física dos
estereoscópios, sem maiores considerações pelos movimentos da história ou pelas
conseqüências culturais de diferentes tipos de modalidades estereoscópicas. A
exemplo de Darrah (1997), Stereoscopes: the First Hundred Years é útil como
guia, mas não trata da inserção da estereoscopia em desenvolvimentos mais
amplos da visualidade.
Treadwell e Darrah (1994) trazem, por sua vez, uma lista de mais de
13 mil fotógrafos estereoscopistas, categorizados por país ou estado, além de
bibliografia. A obra, em dois volumes, traz mais nomes americanos do que aqueles
estrangeiros aos Estados Unidos, inclusive o Brasil5. O valioso trabalho realizado
pelos autores deve ser avaliado à sombra do método adotado na seleção de
nomes, isto é, a cada nome não corresponde necessariamente uma imagem
estereoscópica examinada pelos autores. Os nomes foram colhidos de livros,
panfletos e outras fontes (conforme informam na p. 1).
REFERÊNCIAS
BATCHEN, Geoffrey. Enslaved sovereign: on Jonathan Crary, techniques of the observer. Continuum: The
Australian Journal of Media & Culture, v.6,n.2, 1991.Disponível em:<http://wwwmcc.murdoch.edu.au/
ReadingRoom/6.2/Batchen.html)>. Download no site do Photogenic Papers.
BENJAMIN, W. The arcades project. Cambridge: Belknap Press of the Harvard University Press,
1999.
BREWSTER, David. The stereoscope; it’s history, theory and construction. Hastings-on-Hudson,
Nova York: Morgan & Morgan, 1971. Edição fac-símile da edição da John Murray, Londres, 1856.
CHADWICK, William Isaac. How to make transparencies for lantern slides and stereoscopic slides.
Manchester: Mowson & Swan, 1890.
COSTA, Flavia Cesarino. O primeiro cinema: espetáculo, narração e domesticação. São Paulo: Escrita,
1995.
COUPÉ, A. Methode pratique porur l´obtention des diapositives. Paris: Gauthier-Villar, 1892.
CRARY, Jonathan. Techniques of the observer: on vision and modernity in the nineteenth century.
Cambridge: MIT Press, 1990. 221
CUNNINGHAM, D. J. The Edinburgh stereoscopic atlas of anatomy. Meadville: Keystone View,
1900.
DARRAH.,W. C. The world of stereographs. Nashville: Land Yatch Press, 1997. Disponível em: <http:/
/www.stereoview.org>. Disponível para compra do site da National Stereoscopic Association.
DEPARTMENT OF THE ARMY. Headquarters map reading. Washington: Exército Americano, 1960.
(Field manual 21-26).
DISDÉRI. The Universal Textbook of Photograpy. Leeds: Harney, Reynolds & Fowler, 1863.
DUBBINI, Renzo. Geography of the Gaze: urban and rural vision in early modern Europe. Chicago:
University of Chicago Press, 2002.
FIGUIER, Louis. La photographie au salon de 1859 e la photographie & le stereoscope. Nova York:
Arno Press, 1979. Reedição de Paris: Hachette, 1860.
GERNSHEIM, Helmut. The rise of photography: 1850-1880. Londres:Thames & Hudson, 1988.
GIOPPI, Luigi. La fotografia industriale: fotocalchi economici per le riproduzioni di disegni, piani.
Milão: Hoepli, 1898.
GOSSER, H. Mark. Selected attempts at stereoscopic moving pictures and their relationship to the
development of motion picture technology. Nova York: Arno Press, 1977.
GRAVY,Albert A. The labyrinth of animals, including mammals, birds, reptiles and amphibious.
Londres: A Churchill, 1907.
HANKINS,Thomas L.; SILVERMAN, Robert J. Instruments and the imagination. Princeton: Princeton
University Press, 1995.
222 HAYES, R. M. 3-D movies: a history and filmography of stereoscopic cinema. Londres: McFarland, 1989.
HOLMES, Oliver Wendell. Soundings from the Atlantic. Boston:Ticknor & Fields, 1864.
JAY, Martin. The denigration of vision in twentieth-century French thought. Berkeley: University
of California Press, 1993.
JENKINS, H. F. Two points of view – the history of the parlor stereoscope. Nova York: World of
Color, 1957.
JONES,T.Wharton. On the invention of stereoscopic glasses for single pictures and the physiology
of stereoscopic vision. Londres: John Churchill, 1860.
JOUART, J.Abel. Application de la photographie aux levées militaires. Paris: J. Dumaine, 1866.
KEYSTONE. Thew world in the stereocope. Nova York: Hart and Anderson, 1872.
LARDNER, Dionisius (Ed.). The museum of science and art. Londres:Walton & Maberly, 1856. v. X.
LONIE, William O. Prize essay on the stereoscope. Londres: London Stereoscopic, 1856.
MARDER,W. & E. Anthony, the man the company, the cameras. Florida: Pine Ridge Publishing, 1982.
MOIGNO, F. N. M. Stereoscope; ses effets merveilleux. Pseudoscope; ses effets etranges. Paris: [s.n.], 1852.
MONCKHOVEN, D. A popular treatise on photography. Also, a description of, and remarks on, the
stereoscope and photographic optics. Londres: Virtue Brothers, 1863. Disponível em: <http://
albumen.stanford.edu/library/monographs/monckh/>. Fac-símile disponível para download do site
Albumen photographs: history, science and preservation.
NEWHALL, Beaumont. History of photography. Nova York:The Museum of Modern Art, 1982.
ORVELL, Miles. The real thing: imitation and authenticity in american culture 1880-1940. Chapel
Hill:The University of North Carolina Press, 1989. 223
OSBORNE,Albert E. The stereograph and the stereoscope with special maps and books forming
a travel system and what they mean for individual development, with their promise for the
spread of civilization. Nova York: Underwood & Underwood, 1909.
______. Why man has used pictures, and a comparison between the telephone and the stereoscope.
Nova York: Underwood & Underwood, 1904.
PARENTE, José Inácio. A estereoscopia no Brasil. Rio de Janeiro: Sextante/Dresdner Bank Brasil, 1999.
PESSANHA, Maria Edith de Araujo. A estereoscopia: o mundo em terceira dimensão. Rio de Janeiro:
M. E. A. Pessanha, 1991.
RAYFIELD. Double dating: courtship ritual and the radical potential of stereographic viewing.
Iconomania: studies in visual culture, 1998. Disponível em: <http://www.humnet.ucla.edu/Icono/
IMhome.htm)> Disponível para download do site do Departamento de História da Arte da
Universidade da California, Los Angeles.
REYNAUD, F.; TABRUN, C.; TIMBY, K. (Ed.). Paris in 3-D: from stereoscopy to virtual reality 1850-
2000. Paris-Musées. Paris: Booth-Clibborn, 2000.
RICHARDSON, John. Double vision is but perfect vision, 1999. Disponível em: <http://
wwwmcc.murdoch.edu.au/ReadingRoom/stereo/pres/index.htm>. Disponível para download do
Reading Room da Murdoch University.
RIO DE JANEIRO: 1862-1927: álbum fotográfico da formação da cidade Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro: IMS, 1998.
ROSS, E. R. A specimen canvass and other help in the sale of Underwood & Underwood
stereographic tours. Londres: Underwood & Underwood, 1904.
______. The Underwood travel system and how to sell it. Londres: Underwood & Underwood, 1905.
SALVESSEN, B. “The Most Magnificent, Useful and Interesting Souvenir”: Representations of the
International Exhibition of 1862. Visual Resources, v. XIII, p. 1-32, 1997.
SMEE, Alfred. The eye in health and disease; with an account of the optometer, for the adaptation
of glasses, for impaired, aged, or defective sight; being the substance of lectures delivered at the
Central London ophthalmic hospital: to which is appended, a paper on the stereoscope and
224 binocular perspective. 2nd. ed. Londres: Longman, 1854.
SMITH, Lindsay. The Elusive Depth of Field: Stereoscopy and the Pre-Raphaelites. In: POINTON, Marcia
(Ed.). Pre-raphaelites re-viewed. Manchester: Manchester University Press, 1989. p. 83-99.
TOWLER, J. The silver beam (fac-símile 1864). Nova York: Morgan & Morgan, 1974.
TURAZZI, Maria. Inez Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo. Rio de
Janeiro: Funarte/Rocco 1995.
______. Artes do ofício: fotografia e memória da engenharia no século XIX. 1997. 306.Tese (Doutorado)
– Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1997.
VASQUEZ, Pedro. Dom Pedro II e a fotografia no Brasil. Rio de Janeiro: Index/CIS/Roberto Marinho, 1988.
VIRILIO, Paul. War and cinema: the logistics of perception. Londres:Verso, 1989.
WADE, Nicholas. Brewster and Wheatstone on vision. Londres: Academic Press, 1983.
WESTELL, Perceval. Nature stalking for boys: through the field glass, stereoscope and camera.
Londres: J. M. Dent, 1909.
WHEATSTONE, Charles. Contributions to the physiology of vision. Part the first. On some
remarkable, and hitherto unobserved, phenomena of binocular vision, 1838. Disponível em: <http:/
/www.wehner.org/3d/first/p371.htm>. Fac símile.
WING, Paul. Stereoscopes: the first hundred years Nashua. New Hampshire:Transition Publishing,
1996. Disponível em: <http://www.stereoview.org>. Disponível para compra no site da National
Stereoscopic Association.
ZELLER, Bob. The civil war in depth: history in 3-D. São Francisco: Chronicle Books, 1997.
225
Restauração da fotopintura em tamanho natural de Santos Dumont por Giovanni Sarracino
Ricardo Mendes
The essay examines the constitution of Brazil´s photography research field, with prominence to the
segment of History of Photography, starting from the decade of 1970. The analysis tries to identify the
main agents (researchers, entities and institutional programs) and detect their interactions according
to a first periodization proposal on the subject.
KEYWORDS: Photography, History of Photography, Brazilian Photography, historiography.
Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Sér. v. 6/7. p. 183-205 (1998-1999). Editado em 2003.
231