2009
Docente:
a
Autor e Instrutor
Willy Ank de Morais
Páginas:
http://willyank.sites.uol.com.br e
http://cursos.unisanta.br/mecanica/prof/willy.html
E-mails: willyank@unisanta.br e
willymorais@cosipa.com.br
PROFESSOR
Departamento de Engenharia Mecânica (Sala M117)
UNISANTA - Universidade Santa Cecília
Rua Oswaldo Cruz, 226 - Boqueirão
11045-100 - Santos - SP - BR
Fone: +13-3202-7132
Fax: +13-3222-8037
b
FUNDAMENTOS
Capítulo Um:
Tensões e Deformações
1. Introdução
2. Conceito de tensão
3. Representação matemática
4. Representação gráfica: o círculo de Mohr
5. Conceito de deformação
6. Relação entre tensão e deformação no
regime elástico
7. Ensaio de tração
8. Critérios de escoamento
9. Relações entre tensão e deformação: regime
plástico
10. Limite máximo de deformação
11. Bibliografia
12. Lista de exercícios
2
Capítulo Um: Tensões e deformações
Neste capítulo inicial, pretende-se repassar alguns conceitos fundamentais
que serão necessários para a compreensão das metodologias de cálculo e as suas
respectivas aplicações. Trata-se de informações já vistas pelo aluno, em outras
disciplinas, especialmente resistência dos materiais. Antes disso, porém, será
repassado o conceito de conformação mecânica.
1.1 – Introdução
A disciplina “Conformação Plástica dos Metais” ou MEC 0864 trata da
descrição metalúrgico-mecânica (matemática) dos processos de conformação
plástica dos metais. O objetivo primordial desta disciplina é a obtenção da carga de
conformação para uma determinada peça e/ou as condições de aplicação desta
carga por meio da descrição matemática do problema de conformação. Também é
do interesse a prevenção de eventualidades que podem ocorrer no processo de
conformação que degradem a qualidade do material após a conformação (trincas,
rasgos, rugosidades).
Assim, considerando o conceito de conformação plástica dos metais, que
pode ser, por exemplo:
3
convidados a realizarem exercícios de projeto e verificação de casos de
conformação plástica, obtendo-se dados da literatura cruzando-os pelos
equacionamentos para poderem dimensionar um processo de conformação,
prevendo as cargas e as possíveis alterações neste processo devido ao efeito de
diversas variáveis (temperatura, taxa de deformação, grau de redução, etc.).
F
σ= (1.1)
A
Figura 1.1 –
Distribuição
de esforços
nas
vizinhanças
de um ponto
“ O” .
4
r
r P
σ = lim
∆A → 0 ∆ A
(1.2)
r r
No caso genérico, a força P (ou a tensão σ ) faz um ângulo qualquer
(oblíquo) com a superfície do material na área ∆A. Esta tensão pode ser subdividida
em um componente de força normal (perpendicular) à superfície ou tangente a esta.
Denomina-se a tensão normal àquela oriunda de uma força perpendicular a esta
superfície e quando a força é tangente, denomina-se tensão cisalhante. A figura 1.2,
abaixo, ilustra este cálculo e as equações 1.3 a 1.5 como fazê-lo.
P
σZ = ⋅ cos θ (1.3)
∆A
P
τ ZY = ⋅ senθ ⋅ cos φ (1.4)
∆A
P
τ ZX = ⋅ senθ ⋅ senφ (1.5)
∆A
5
Figura 1.3 – Variação do
vetor de tensão com o tipo
de seção reta tomada como
referência para seu cálculo.
Apesar da figura 1.4 mostrar três componentes de tensão (σxx, σyy e σzz)
normal e seis componentes de tensão de cisalhamento (τxy, τyx, τxz, τzx, τyz e τzy), por
considerações de equilíbrio pode-se afirmar que somente três componentes de
cisalhamento são independentes, sendo as simétricas iguais (ou então haveria
rotação do corpo): τxy=τyx, τxz=τzx, τyz=τzy.
6
Interessante que o aluno perceba que as tensões e o estado de tensões de
um corpo podem variar ponto-a-ponto, de acordo como as forças são aplicadas.
Realmente, na prática, as tensões não são homogeneamente distribuídas, pelas
seguintes razões principais:
7
1.3 – Representação matemática
Já foi visto que um estado de tensões (cuja definição é auxiliada por meio de
um cubo infinitesinal) necessita de 3×3=9 componentes de tensão. Além disso as
condições de equilíbrio fazem que os 6 (seis) componentes de tensão de
cisalhamento devem ser iguais dois-a-dois para que o corpo permaneça em repouso
(sem movimentos de rotação, devido ao torque que seria gerado por componentes
cisalhantes assimétricos). Assim temos:
8
1.3.1 – Tensões principais
Pode-se provar matematicamente que existe uma única orientação destes
eixos que oferecerá uma matriz de tensões, na qual as tensões de cisalhamento são
nulas. Neste caso, as tensões normais são conhecidas como tensões principais do
estado de tensões. As raízes oriundas da resolução da equação 1.6, que é do
terceiro grau, oferece os valores das 3 tensões normais para esta situação:
(1.6)
σ1 ≥ σ2 ≥ σ3 (1.7)
Assim, é possível que estas tensões (σ1, σ2 e σ3) fiquem em uma das seis
possíveis posições na representação matricial:
⎡σ 1 0 0⎤ ⎡σ 1 0 0 ⎤ ⎡σ 2 0 0 ⎤
⎢0 σ ⎢0 σ 0 ⎥⎥
⎢0 σ
⎢ 2 0 ⎥⎥
⎢ 3 0 ⎥⎥ ⎢ 1
⎢⎣ 0 0 σ 3 ⎥⎦ ⎢⎣ 0 0 σ 2 ⎥⎦ ⎢⎣ 0 0 σ 3 ⎥⎦
⎡σ 2 0 0 ⎤ ⎡σ 3 0 0 ⎤ ⎡σ 3 0 0 ⎤
⎢0 σ 0 ⎥⎥ ⎢0 σ 0 ⎥⎥ ⎢0 σ 0 ⎥⎥
⎢ 3 ⎢ 1 ⎢ 2
⎢⎣ 0 0 σ 1 ⎥⎦ ⎢⎣ 0 0 σ 2 ⎥⎦ ⎢⎣ 0 0 σ 1 ⎥⎦
9
1.3.2 – Componente Hidrostático e Desviatório
A matriz (tensor) de tensões pode ser decomposta matematicamente em duas
componentes, segundo mostrado pela equação 1.8 e pela figura 1.7.
⎡σ xx τ yx τ zx ⎤ ⎡σ m 0 0 ⎤ ⎡σ xx − σ m τ yx τ zx ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢τ xy σ yy τ zy ⎥ = ⎢ 0 σ m 0 ⎥ + ⎢ τ xy σ yy − σ m τ zy ⎥ (1.8)
⎢ τ xz τ yz σ zz ⎥ ⎢⎣ 0 0 σ m ⎥⎦ ⎢⎣ τ xz τ yz σ zz − σ m ⎥⎦
⎣ ⎦
onde σm é a tensão normal média, definida pela equação 1.9:
σ xx + σ yy + σ zz σ1 + σ 2 + σ 3
σm = = (1.9)
3 3
Figura 1.7 –
Decomposição do
estado de tensões em
componente
hidrostático e
desviatório a partir do
tensor de tensões
principais.
10
A intercessão do círculo com o eixo horizontal (de tensões normais) oferece
as duas tensões principais e a altura oferece a máxima tensão de cisalhamento do
estado de tensões. Esta última informação é importante porque representa a
capacidade que o estado de tensões tem de induzir deformação plástica.
O cálculo das tensões principais pode ser feito de várias formas, o próprio
Prof. disponibiliza uma planilha que faz este cálculo. Os resultados obtidos desta
planilha estão mostrados na figura 1.10. Nota-se que na figura 1.9 as tensões
máxima de cisalhamento são: τ1=(σ2-σ3)/2 ; τ2=(σ1-σ3)/2 ; τ3=(σ1-σ2)/2. Nota-se que a
máxima tensão de cisalhamento, neste caso, seria τ2. A figura 1.11 ilustra como
traçar o círculo de Mohr para o caso geral de tensões, empregando-se as tensões
principais em vários exemplos.
11
200 50 -30
Tensor de tensões 50 150 20
-30 20 30
Sigma Sigma
1 Sigma 2 3
232,07 129,65 18,28
Tensões principais
Figura 1.10 – A esquerda exemplo de planilha de introdução (fundo amarelo) e resultados calculados
(escrito em vermelho) do estado de tensão representado pelo círculo de lado (Planilha feita pelo Prof.)
Figura 1.11 – Vários exemplos de círculos de Mohr e o respectivo estado de tensões associado
(DIETER 1986).
(1.8)
12
Figura 1.11 – Definição infinitesimal de
deformação normal.
13
Figura 1.12 – Definição infinitesinal de um tensor de deformações.
∂u ∂v
γ xy = + = exy + eyx (1.9)
∂y ∂x
∂w ∂u
γ xz = + = exz + ezx (1.10)
∂x ∂z
∂w ∂v
γ yz = + = eyz + ezy (1.11)
∂y ∂z
Altura (cm) 10 5 1
Deformação
0 (LM – LI)/LI =5/10 = 50% (LF – LM)/LM =4/5 = 80%
(e=∆L/L0)
Deformação
– 0+50 = 50% 0+ 50+80=130%
acumulada
Deformação
– – (LF – LI)/LI =9/10 = 90%
total
14
calculada diretamente do passo inicial para o passo final (0→F), que resultou em
90%.
Neste caso, utiliza-se o conceito de tensão real na definição de valores de
deformação obtidos nos processos de conformação mecânica, principalmente para
maiores deformações. Considerando-se o caso anterior, porém com decréscimos
infinitesimais de deformação “dl” (dl<0), conforme ilustra a tabela I.2, pode-se afirmar
que, ao final de todos os processos infinitesimais de deformação i→(i+1), a
deformação total será oferecida pela equação 1.12.
0-
Etapa 1 2 ... i ... N
Inicial
1 0 +d l o u
Altura (cm) 10 ou L0 L0+2⋅dl ... L0+i⋅dl ... L0+n⋅dl
L0+dl
Deformação dl/[L0+ dl/[L0+
0 d l /L 0 dl/(L0+dl) ... ...
(e=∆L/L0) (i-1)*dl] (n-1)*dl]
Deformação 0+ dl/ L0+ Σ [L0+ Equação
– 0 + d l / L0 ... ...
acumulada dl/(L0+dl) (i-1)*dl] 1 .1 2
lF Lf
n
dl dl dl
∑
i = 0 L0 + i ⋅ dl
=l im ∑ = ∫
→
L0 l L0 l
dl 0
ou (1.12)
LF
ε = ln
L0
⎡εX ε XY ε XZ ⎤
⎢ε εY ε YZ ⎥⎥
⎢ YX
⎢⎣ε ZX ε ZY ε Z ⎥⎦
15
deformação elástica, como as deformações envolvidas são muito pequenas, pode-se
adotar esta aproximação (e = ε).
σ = E⋅ε (1.13)
onde E é o módulo de elasticidade do material.
Esta relação é válida sob certas circunstâncias simplificadoras (por exemplo:
material isotrópico1 e homogêneo). A lei de Hooke mais geral é muito semelhante a
equação 1.14, porém relacionando o tensor de tensões (σij), mostrado no item 1.3,
com o tensor de deformações, mostrado na página anterior. A expressão geral da lei
de Hooke é:
Tabela I.4 – Resumo das relações entre tensões e deformações no regime elástico.
1
Quando as propriedades que o material apresenta independem da direção em que as mesmas são
consideradas.
16
Tensão Deformação Deformação Deformação
na direção X na direção Y na direção Z
Tabela 1.5 – Valores dos coeficientes elásticos de alguns metais, Moura Branco
(1994).
17
1.7 – Ensaio de Tração
Não existe ensaio mecânico que preveja completamente o real desempenho mecânico
de um material, seja na etapa de produção (conformação, usinagem, etc.), seja na etapa de
utilização (como elemento estrutural, peça automobilística, painel, etc.).
No entanto, o ensaio de tração é considerado o teste mecânico que apresenta a melhor
relação entre informações obtidas e custo/complexidade de ensaio. Apesar deste teste possa
ser realizado em condições bem distintas daquelas nas quais o material será requisitado, os
parâmetros obtidos deste ensaio são o ponto de partida para a caracterização e especificação.
Isto pode ser visto, esquematicamente, pelo gráfico contido na figura 1.13.
18
σ
E= (1.15)
ε
Onde σ é a tensão na qual se obtém a deformação real ε. Esta deformação deve ser medida
por meio de extensômetros para se evitar que a deformação do sistema de testes altere os
valores do módulo de elasticidade medidos.
τ
G= (1.16)
γ
Onde τ e γ são as tensão e a respectiva deformação
cisalhante que sofre o CP.
ε2 ε
ν =− =− 3 (1.17)
ε1 ε1
19
No segundo caso, quando é mais difícil determinar o exato limite de escoamento, as
normas de execução dos ensaios sugerem defini-lo como sendo a tensão para uma deformação
entre e=0,2% a até e=0,5% para materiais excessivamente dúcteis. Em ambos os casos, a
deformação elástica do CP é praticamente desprezível e a área real do material é
aproximadamente igual à sua área inicial (Ays ≈ A0), o que leva à definição de limite de
escoamento como sendo igual ao expresso pela equação 1.18.
Fys Fys
σ ys (= LE ) = ≅ (1.18)
Ays A0
onde Fys é a força exercida pelo sistema de testes sobre o CP de área inicial A0.
Fi Fi A0 Fi A0 A
σi = = ⋅ = ⋅ = Si ⋅ 0 (1.19)
Ai Ai A0 A0 Ai Ai
onde Fi é a força atual sobre o CP de tração que apresenta uma área instantânea Ai, menor do
que a área inicial A0. Porém da definição de deformação convencional, dada pela equação 1.8:
20
e = ∆L/L0 = (Li-L0)/L0 = (Li/L0)-1
(1.20)
(Li/L0) = 1+e
Da mesma maneira, pode ser descrita a relação entre a deformação rela e convencional (ou de
engenharia) a partir da equação (1.12):
= ln (1 + e )
Li
ε = ln (1.23)
L0
O aluno deve notar que as duas equações para transformar tensão e deformação de
engenharia (S e e), baseadas nas dimensões iniciais do CP (L0 e A0), para as respectivas
tensões e deformações verdadeiras (σ e ε) somente são válidas quando têm-se distribuição
homogênea de deformações e constância de volume.
Uma curva tensão-deformação verdadeira pode ser construída ponto a ponto a partir
das equações (1.22) e (1.23) até a estricção, a partir deste ponto a determinação da tensão e
deformação verdadeiras deve ser feita experimentalmente. A figura 1.16 mostra a comparação
entre curvas tensão-deformação real e convencional de um aço AISI 4140, laminado a quente.
Figura 1.16 – Curvas tensão-deformação convencional (de engenharia) e real para um aço AISI 1020,
Dowling (1993) e AISI 4140, Boyer (1990).
21
As figuras a seguir mostram a aparência das curvas tesão-deformação de um aço baixo
carbono como obtidas diretamente de um ensaio de tração (figura 1.17), na região onde ocorre
o escoamento do material (figura 1.18) e a respectiva curva real (figura 1.19).
Equações para descrever a curva tensão-deformação real têm sido propostas por vários
autores, sendo, no entanto apenas equações empíricas, apenas para ajuste dos dados obtidos
Figura 1.17
– Curva
tensão-
deformação
convencional
(o u d e
engenharia)
para um aço
baixo
carbono,
Boyer
( 1 9 9 0 ).
22
Figura 1.19 – Curva tensão-deformação real de um aço baixo carbono, Boyer (1990).
• equação de Hollomon
σ = Kεn (1.24)
• equação de Swift
σ = K(ε0 + ε)n (1.25)
• equação de Ludwink
σ = σ0 +Kεn (1.26)
• equação de Voce
σ = a + (b-a) [1-exp(-nε)] (1.27)
o aluno deve notar que todas as equações estão relacionando tensões reais (σ) com
deformações reais (ε).
log σ 1 − log σ 2
n= (1.28)
logε 1− log ε 2
que também pode ser escrita de outra forma, utilizando-se as equações (1.19), (1.20) e (1.23),
23
⎛F l ⎞
log⎜ 2 2 ⎟
⎝ F1 l1 ⎠
n=
⎡ ⎛ l2 ⎞ ⎤
⎢ log⎜ ⎟ ⎥ (1.29)
⎝ l0 ⎠ ⎥
log ⎢
⎢ ⎛l ⎞⎥
⎢ log⎜ 1 ⎟ ⎥
⎢⎣ ⎝ l0 ⎠ ⎥⎦
n = εUTS (1.30)
24
dσ/dε = n σ / ε
O valor de K também pode ser calculado com base em uma fórmula facilmente
deduzível, conforme abaixo:
σ = S⋅(1+e) ;
ε = ln(1+e) ou exp(ε) = (1+e) (1.38)
σ = S ⋅ exp(ε)
Porém:
σ = K εn (1.39)
Substituindo (1.38) em (1.39),
S ⋅ exp(ε) = K εn
(1.40)
K = S ⋅ exp(ε) ⋅ ε-n
no ponto de carregamento máximo no ensaio de tração S=Suts=LR e εuts=n (1.37), assim:
R=
(R0o
+ 2 ⋅ R45 o + R90 o )
, anisotropia normal. (1.43)
4
∆R =
(R 0o
− 2 ⋅ R45 + R90
o o ) , anisotropia planar. (1.44)
, anisotropia planar.
2
Maiores detalhes sobre o ensaio de tração podem ser obtidos no anexo I desta apostila.
Na lista de exercícios (item 1.11) estão dispostas algumas tabelas com valores das variáveis
aqui discutidas para alguns materiais testados em tração.
25
1.8 – Critérios de Escoamento
Visto como se obter o limite de escoamento de um material (σys), segundo o ensaio de
tração, agora será discutido como determinar se um componente ou peça deverá entrar ou não
em escoamento. A idéia é utilizar um critério, que possua fundamentação mecânica e que
possa ser aplicado para o caso simplificado do ensaio de tração de modo a se obter parâmetros
para sua aplicação. Serão vistos os três critérios descritos a seguir.
1. Critério de máxima tensão normal ou de Rankine.
2. Critério de máxima tensão cisalhante ou de Tresca.
3. Critério de máxima energia de distorção ou de von Mises
σ1 ≥ σys (1.45)
σ1 − σ 3
τ 2 = τ máx ≥ (1.46)
2
Onde σ1 é a maior tensão principal e σ3 é a menor.
Observando as condições de escoamento de um ensaio de tração têm-se:
• σ1≠0 (=σys)
• σ2=σ3=0
o que oferece o critério de escoamento, conforme a equação 1.47:
σ ys
τ 2 = τ máx ≥ , ou (1.47)
2
(σ1 - σ3) ≥σ ys ou (σmáx - σmín) ≥ σ ys (1.48)
26
Ponto interessante é que o parâmetro de comparação deste critério é a máxima tensão
de cialhamento, que por acaso define, matematicamente, o valor do raio de um círculo de
Mohr. Assim, quanto maior for o círculo de Mohr, maior a probabilidade de ocorrer
escoameneto.
dU = F⋅dl (1.49)
li = l0(1+e1) ∴ dl = l0de1
(1.50)
σ = F/A ∴ F=σ1⋅A0
Neste caso utiliza-se A0, pois a alteração da área da secção reta é muito pequena para
considerar as correções citadas no item 1.7. Agrupando os termos da equação (1.50) e
integrando-a, por unidade de volume, obtêm-se:
εf
lf
U Total = ∫l F ⋅ dl = A0l0 ∫ σ 1de1 (1.51)
0
0
considerando o cálculo da equação (1.51) por unidade de volume (dividi-se por A0⋅l0) e
considera-se válida a lei de Hooke (equação 1.13), faz-se a integração, obtendo-se:
εf
1
U Total = ∫ σ 1de1 = σ 1e f (1.52)
0 2
Somando as respectivas energias nos outros dois eixos, considerando que estas não
causem interferência mútua, pode-se obter:
εf
Pode-se demonstrar, matematicamente que a equação acima (1.53) pode ser expressa
como sendo a soma de um termo correlacionado somente com as tensões hidrostáticas e outro
termo correlacionado com as tensões desviatórias (vide figura 1.8).
27
• Energia desviatória (UoD):
U 0D =
1 +ν
6E
[
(σ 1 − σ 2 )2 + (σ 1 − σ 3 )2 + (σ 2 − σ 3 )2 ] (1.55)
O critério elaborado por von Mises, admite que o material inicie deformação plástica
quando a energia elástica de distorção por unidade de volume (UoD – equação 1.55) atinge um
valor limite que é característico do material. Considerando o ensaio de tração e aplicando-se
os valores de tensão de escoamento na equação (1.55), vêm:
1 +ν
U 0D =(σ ys )2 (1.56)
6E
Igualando esta equação à expressão da energia de distorção, obtêm-se a expressão para o
critério de escoamento de von Mises:
1
(σ 1 − σ 2 )2 + (σ 3 − σ 1 )2 + (σ 2 − σ 3 )2 ≥ σ ys (1.57)
2
Os reais valores de tensão, onde ocorre o escoamento dos materiais metálicos, situam-
se, em média, entre as regiões definidas pelos critérios de Tresca e de von Mises, de acordo
com o gráfico apresentado por Dowling (figura 1.21) e por Meyers e Chawla (figura 1.22).
28
Figura 1.21.a –
Previsão de
escoamento no
estado plano de
tensão para várias
classes de
materiais
metálicos,
Dowling (1993).
Figura 1.21.b –
Comportamento sob
escoamento de alguns
materiais comparando
com os três critérios de
escoamento deste item,
Meyers & Chawla (1984).
O aluno deve perceber que os critérios de escoamento são todos baseados nos valores
de tensões, conforme conceito de estado de tensões em um ponto apresentado no item 1.2.
Portanto, é possível que um material possua uma distribuição de tensões que causa
escoamento (deformação plástica) somente em algumas regiões ou pontos de seu volume.
29
1.8.4 – Tensão e Deformação efetivas
Dois estados de tensão são mecanicamente equivalentes quando produzem o mesmo
efeito em um material, com relação à deformação ou conformação plástica deste. A maneira
mais simples de comparar dois estados de tensão é pelos critérios de escoamento. Se dois
estados de tensão diferentes, por exemplo àqueles representados pelos respectivos tensores de
tensão (1) e (2) abaixo, são suficientes para iniciar a deformação plástica, segundo um critério
de escoamento, então estes estados são semelhantes. Deve-se notar que é possível que dois
estados produzam o mesmo efeito, no caso início de deformação plástica, mesmo que os
valores de tensões foram todos diferentes entre si (σi1≠σi2 e τij1≠τij2).
(1) (2)
Neste caso, como o efeito de ambos os estados (no caso o limiar de deformação
plástica) é mecanicamente igual, então se diz que estes estados são mecanicamente similares
ou efetivamente iguais. A definição mais usual para a tensões e deformações efetivas é a
fornecida com base nas considerações de energia de distorção oferecida por von Mises e
expressa pelas equações (1.59) e (1.60).
σe =
1
(σ 1 − σ 2 )2 + (σ 3 − σ 1 )2 + (σ 2 − σ 3 )2 (1.59)
2
dε e =
2
(dε1 − dε 2 )2 + (dε 3 − dε1 )2 + (dε 2 − dε 3 )2 (1.60)
3
a equação acima (1.60) pode ser simplificada, admitindo-se que o produto entre deformações
pode ser desprezado, para a seguinte forma:
2
dε e =
3
2
(
dε 1 + dε 2 + dε 3
2 2
) (1.61)
εe =
2 2
3
(
ε1 + ε 2 2 + ε 3 2 ) (1.62)
30
1.9 – Relações entre tensão e deformação no regime plástico
As relações entre tensão e deformação no regime plástico são semelhantes àquelas
para o regime elástico, mas com duas grandes distinções:
• as deformações envolvidas sempre devem ser calculadas pela definição de deformação
verdadeira – equação (1.12), feita por meio do logaritmo da diferença entre a
dimensão final e inicial (ε=ln li/l0), no regime plástico não vale a aproximação de que
a deformação real é praticamente igual à deformação convencional (ε≠e);
• a deformação plástica final depende da história do carregamento mecânico a que foi
submetido a peça/componente.
= 0,2513 + (− 0,2513) = 0
dh dh 4,5 3,5
ε 0→ f = ∫ + ∫ = ln − ln
3, 5
h 4,5
h 3,5 4,5
Porém, considerando todo o processo como um somatório de incrementos e
considerando que a deformação em cada etapa gera um consumo de energia, ou seja,
processos que necessitam de força para ocorrer, então o real valor de deformação a ser
considerado seria 0,5:
4,5 3, 5
31
As seguintes equações, devidas à Levy-Mises, correlacionam tensões e deformações
plásticas:
32
movimento de internos de defeitos (discordâncias nos metais) que aumenta o
esforço de conformação e, conseqüentemente, a dificuldade de deformação.
1.11 – Bibliografia
Os livros destacados com um ponto (•) são recomendados como livros-texto deste
capítulo da disciplina.
BOYER, H.; Atlas of stress-strain curves. ASM International, 2nd printing, Materials
Park, 1990.
DALLY, J.W.; RILEY, W.F.; Experimental Stress Analysis. McGraw-Hill,
International Edition, Sigapore, 1991.
• DIETER, G. E.; Mechanical Metallurgy. SI Metric edition. McGraw Hill, Singapore,
1988. (existe uma versão anterior que foi traduzida para o português)
DOWLING, N.E.; Mechanical Behavior of Materials. Prentice-Hall Inc., Englewood
Cliffs, 1993.
HELMAN, H.; CETLIN, P.R.; Fundamentos da Conformação Mecânica dos
Metais. Editora Guanabara Dois, 1983.
MOURA BRANCO, C.A.G; Mecânica dos Materiais. Fundação Caloustre
Gulbenkian, 2a edição, Porto, 1994.
MEYERS, M.A.; CHAWLA, K.K.; Principles of Mechanical Metallurgy. Prentice-
Hall Inc., Englewood Cliffs, 1984.
• SCHAEFFER, L.; Conformação Mecânica. Imprensa Livre Editora, Porto Alegre,
1999.
33
1.11 – Lista de exercícios
Para os exercícios a seguir, podem ser considerados os seguintes gráficos/tabelas a
seguir.
32
Tabela I.2 – Propriedades mecânicas segundo obtidas em ensaios de tração para alguns
metais, Downling (1993).
33
1. Qual o valor das tensões principais para os tensores de tensão dados, segundo a
simbologia utilizada na disciplina (vide matrizes abaixo) ?
2. A tabela 1.5 apresenta valores de coeficientes elásticos para alguns metais. A tabela
abaixo ilustra coeficientes de dilatação linear para estes mesmos metais. Ambas as tabelas
foram obtidas de referências bibliográficas confiáveis. Qual seria a deformação esperada,
para cada material quando há um aquecimento de 50oC ? Qual a maior deformação
elástica possível de ser obtida ? Qual é a diferença percentual entre uma deformação e
outra ? Com base nestes dados V.Sa. acredita ser possível deformar plasticamente um
metal apenas pela dilatação térmica ?
Tabela de propriedades dos metais listados na tabela 1.5, ASM Metals Reference Book (1993)
∝ σys* ε ε (ε∆T-εelas) Qual a
Material
(µm/(moC)) (MPa) ∆T=50oC Elástica máx /εelas maior ε ?
Alumínio 23,6 100
Latão 20,3 300
Cobre 16,5 200
Ferro fundido 10,5 250
Aço carbono 11,7 300
Aço inox 16,5 500
Titânio 8,41 350
Tungstênio 4,6 600
* Os valores do limite de escoamento variam muito com a composição química, os valores
listados aqui podem ser considerados típicos.
34
3. Extensômetros, posicionados em um dado ponto da superfície de uma chapa de aço
sofrendo estampagem, indicam que as deformações principais (ε1=εxx ; ε2=εyy e ε3=εzz –
vide equações da tabela 1.3) valem 0,4% e 0,1%. Considerar os dados da tabela 1.5
4. Um corpo de prova de tração cilíndrico de
12mm de diâmetro e base de medida de
50mm apresentou, sob teste, uma carga
máxima de 8,1t e fraturou-se a 6,8t. O
diâmetro mínimo da fratura (como a
mostrada ao lado) foi de 8mm. Qual foi o
limite de resistência obtido para o material
e qual seria a máxima tensão de fratura
real do material ? Qual a deformação real
do material neste ensaio ? Qual seria a
relação entre as áreas ?
35
9. Em um ensaio de tração, realizado em
uma Universidade, utilizou-se um CP
ASTM E8M de um aço SAE 4340
temperado e revenido com 12mm de
diâmetro da região útil e L0=50mm. A
carga máxima registrada durante o ensaio
foi de 11,2t e a carga durante a ruptura
final foi de aproximadamente 7,1t. A
curva apresentada foi traçada diretamente
dos dados do ensaio. A região de ruptura
final possuía um diâmetro de 9mm.
9.a)Calcule a tensão de máxima de engenharia
e a tensão de ruptura real e compare os
resultados.
9.b)Calcule a tensão de escoamento do
material.
9.c)A deformação mostrada é real ou
convencional ? Estaria sendo levado em
consideração a rigidez da máquina de
ensaios ?
9.d)As tensões calculadas são reais ou
convencionais, porquê ?
36
11.e) Em qual metal é mais fácil de alterar o volume por meio de um carregamento mecânico
(elástico): o aço ou o bronze ? Porquê ?
12. Trace os respectivos círculos de Mohr para as situações abaixo ilustradas, no caso do
corpo de prova à direita (CP de Mecânica de Fratura, segundo norma ASTM E1820-99),
considerar os pontos numerados de 1 a 4 e o carregamento axial nos orifícios, segundo
indicado pelas setas.
13. Qual seria o método que utilizaria o menor valor de σ para conformar uma chapa
metálica?
σ 0 0 σ 0 0 σ 0 0 σ 1 σ 0
2
0 0 0 0 −σ 0 0 −1 σ 0 1 σ −1 σ 0
2 2 3
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
(tração e ½
(tração simples) (torção simples) (tração e cisalhamento)
compressão)
13.a) Monte o círculo de Mohr para cada caso e repare em uma possível correlação entre a
geometria do círculo com a sua resposta anterior.
13.b) Todos os estados de tensões acima não possuem o componente σ3, seria possível a
utilização de um componente de tensão deste tipo para facilitar o processo de
conformação da chapa metálica ? Como deveria ser este valor ?
13.c) Considerando um cilindro de metal dúctil, qual seria o valor prático de σ para se
conformar o metal, no caso de σ1 = σ2 = σ3 ?
14. Qual seria o valor de X, nos estados de tensão a seguir, para provocar escoamento
(deformação plástica) em uma barra de aço SAE 1006 (σYS=LE=165MPa)) laminado a
quente e em uma barra de aço SAE 1020 (σYS=LE=350MPa)) laminada a frio ?
14.a) Qual seria o valor de tensão que influenciaria mais a condição de escoamento do
material: tensão normal ou cisalhante ? Porquê ?
14.b) Seria razoável conceber um processo de conformação de chapas finas cujos estados de
tensão sejam representados pelos tensores acima ? Porquê ?
37
100 X 0 75 0 X 0 0 X 0 0 0
σ ij = X 75 0 σ ij = 0 0 0 σ ij = 0 − 100 0 σ ij = 0 0 X
0 0 50 X 0 − 60 X 0 100 0 X 150
X 100 75 0 75 − 60 0 − 100 0 0 0 0
σ ij = 100 0 50 σ ij = 75 0 0 σ ij = − 100 X 100 σ ij = 0 0 150
75 50 0 − 60 0 X 0 100 0 0 150 X
15.c) O quê V.Sa. poderia descrever a respeito dos valores calculadas para as deformações ?
15.d) Em sua opinião, qual fórmula consegue descrever melhor a deformação de um material?
Porquê ?
38
FUNDAMENTOS
Capítulo Dois:
Variáveis metalúrgicas
1. Teoria da deformação plástica dos metais:
encruamento
2. Conformabilidade dos metais
3. Taxa de deformação
4. Influência da velocidade de conformação
5. Transferência de Calor
6. Influência da temperatura na conformação
7. Atrito e Lubrificação
8. Bibliografia
9. Lista de exercícios
40
Capítulo Dois: Variáveis metalúrgicas
Na conformação plástica dos metais, não basta somente considerar os efeitos
mecânicos das forças atuantes, os efeitos metalúrgicos dos materiais sendo conformados
também constitui importante condição a ser levada em consideração. Os materiais metálicos
podem responder diferentemente a uma mesma solicitação mecânica (tensor de tensões) de
acordo com:
• o histórico de carregamento mecânico sofrido pelo metal;
• a temperatura onde esta solicitação ocorre;
• a velocidade na qual este carregamento é imposto;
• as condições de contato entre o metal e os moldes ou atuadores de carga;
• a capacidade de dissipação de calor presente no meio.
Neste capítulo serão vistas as influências destas variáveis na conformação plástica dos
metais e apresentados alguns métodos para quantificar os seus efeitos e reduzir suas
conseqüências degradativas.
Figura 2.1 – Representação dos possíveis defeitos presentes na estrutura cristalina dos materiais
metálicos, Engel and Klingele, 1981.
41
Os defeitos existentes, representados na figura 2.1, podem ser classificados como
sendo defeitos pontuais (átomos de solução sólida substitucional ou intersticial), planares
(contornos de grão) ou lineares (discordâncias).
As discordâncias são as arestas de
superfícies onde existe um deslocamento
relativo dos planos atômicos do metal,
conforme ilustrado pela figura 2.2 ao
lado. A discordância normalmente é
representada por meio da linha de sua
aresta.
Pode-se provar, por meio de
cálculos matemáticos ou mesmo através
de analogia, que a movimentação das
discordâncias é feita a um nível de
energia muito menor do que àquela
necessária à ruptura dos metais. Além
disso, cada discordância que se move, Figura 2.2 – Representação simples de uma
produz uma pequena deformação discordância, Callister (1997)
irreversível no metal (deformação plástica)
conforme mostrado na figura 2.3. Com a intensa movimentação de discordâncias, maior a
deformação plástica experimentada pelo metal. Assim sendo, a capacidade de um metal se
deformar plasticamente depende diretamente da mobilidade das suas discordâncias.
( a) (b)
Figura 2.3 – (a) Esquema mostrando a origem da deformação plástica através do movimento de uma
discordância sob tensão de cisalhamento, Dieter (1988). (b) Esquema mostrando com o somatório das
pequenas deformações produzidas pela movimentação das discordâncias pode produzir grandes
valores de deformação plástica, Dieter (1988).
42
Metais puros, que apresentam tamanhos de grão grandes e que contenham apenas
algumas discordâncias deverão possuir um limite elástico muito baixo. Nestes casos, as
discordâncias presentes movimentam-se facilmente pelo material, pois não encontram
obstáculos em seu percurso, dotando o material de grande capacidade de deformação plástica.
Nos materiais estruturais, deseja-se que a mobilidade das discordâncias seja
restringida de modo a se evitar a deformação plástica, ou seja, aumentar-se o limite de
escoamento. A tabela 2.1 mostra as propriedades mecânicas de dois aços que apresentam
propriedades mecânicas distintas devido ao projeto feito nos materiais para permitir maior
movimentação de discordâncias (NBR 5906 EPA) e restringir a movimentação destas (NBR
6656 LNE 50).
* - As curvas tensão vs deformação da tabela estão na mesma escala e devem ser consideradas curvas tensão vs
deformação convencionais, sem levar em consideração a rigidez do sistema de testes (vide I.4.3).
43
Em termos práticos, o encruamento se dá
por meio de uma severa deformação plástica do
metal a “frio"1. Esta deformação aumenta a
quantidade (densidade) de discordâncias presentes,
desordenando a estrutura cristalina, aumentando a
resistência e diminuindo a ductilidade do metal. A
figura 2.4 ao lado, esquematiza o que ocorre com as
propriedades mecânicas do níquel submetido a
diferentes graus de redução durante uma laminação
a frio.
Importante notar que a variação das
propriedades mecânicas dependerá das tensões e
deformações efetivas submetidas ao mesmo. Neste
caso, diferentes condições de tensão/deformação
efetivas provocarão diferentes graus de
encruamento, que não necessariamente são iguais Figura 2.4 – Alteração nas propriedades
ao encruamento provocado por um ensaio de tração. mecânicas de um metal com a presença de
Os efeitos do encruamento podem ser conformação plástica a frio (encruamento),
parcialmente ou completamente revertidos pelo Callister (199&).
aquecimento do metal a uma temperatura
suficientemente alta.
Neste caso são produzidos novos cristais no metal (no estado sólido), através de um
processo conhecido como recozimento (annealed). A figura 2.5.b ilustra o efeito do
recozimento em determinadas temperaturas na recuperação das propriedades mecânicas do
níquel, anteriormente deformado a frio em 80% por laminação.
( a) (b)
Figura 2.5 – (a) Variação nas propriedades mecânicas, segundo reveladas por um ensaio de tração, do
níquel com quantidades cada vez maiores de deformação por laminação. (b) Recuperação das
propriedades mecânicas de acordo com ciclos de recozimento de 1 hora nas temperaturas indicadas,
Meyers & Chawla (1999).
1
Conforme será visto, uma temperatura “fria” é aquela temperatura, em graus kelvin, cuja razão com o ponto de
fusão do material, em kelvins, é menor que 0,5.
44
2.2 – Conformabilidade dos metais
Os metais possuem grande capacidade de conformação plástica, no entanto seu grau
de conformação tem limites, como já visto no item 1.10. Estes limites são definidos pela
formação de estricções, flambagem ou falha da peça em conformação.
Em um ensaio de tração, o CP2 inevitavelmente apresentará uma estricção em uma
região de menor resistência e conseqüentemente irá fraturar nesta região pela concentração de
tensões que surgirá. Uma maneira de evitar este inconveniente é a utilização de componentes
de tensões compressivas, no tensor de tensões atuante: as tensões de compressão tendem a
regularizar a formação da estricção e impedir a sua ocorrência localizada. O valor destes
componentes de compressão, assim como a sua localização deve ser conveniente para evitar
efetivamente a ocorrência de estricções.
( a)
(b)
Figura 2.6 – (a) Dois corpos de prova de material laminado a frio testados em tração até a ruptura e
um corpo de prova não testado. (b) Dois corpos de prova de material laminado a quente. Um dos CP´s
ainda não havia sido testado. A escala inferior está em cm. Notar a região de estricção do material.
2
Neste caso está sendo considerado material que apresente comportamento dúctil (plástico).
45
A flambagem é uma questão que deve ser considerada quando são conformadas peças
de seção fina (delgadas). Este tipo de deformação impede a correta conformação da peça e
pode provocar inconvenientes na linha de produção. Neste caso, a solução é relativamente
simples: deve-se buscar conformar peças diminuindo-se o comprimento sob compressão ou
aumentando-se a espessura das mesmas.
A ocorrência de falhas é o grande limitante da conformação plástica dos metais. Neste
caso, “falha” é considerada no seu sentido mais geral, não sendo necessária a ocorrência de
uma fratura completa no material, basta o surgimento de defeitos ou irregularidades
superficiais para que a peça seja considerada inapta para seu uso final. Existem vários
exemplos de falhas em conformação, inclusive àquele ilustrado na figura 2.7.
Figura 2.7 – Tentativa frustrada de se conformar uma longarina com aço de alta resistência. O detalhe
à direita ilustra as trincas formadas na superfície da peça. Esta peça não é adequada ao serviço.
46
Figura 2.8 – Sistemas de ensaios de conformabilidade (de cima para baixo e da esquerda para a
direita): dobramento simples, dobramento livre, embutimento (copo), embutimento Olsen ou Erichsen,
máquina de embutimento Erichsen e vista em detalhe.
∂ε
ε& = (2.1)
∂t
47
Pela equação (1.8), sabe-se que:
εx = ∂u/∂x (1.8)
Y = σ YS 0 ε& m (2.8)
48
Figura 2.9 – Variação no
limite de escoamento de
uma liga de alumínio e do
cobre puro com a variação
na taxa de deformação e
temperatura de teste para
uma liga de alumínio,
Dieter (1988), e para o
cobre puro, Dowling
(1 9 9 3 ).
49
0 200 400 600 800 1000 1200
0,21 0,21
Ferro
Sensibilidade à taxa de deformação (m, adim.)
Cobre
0,18 0,18
Alumínio
0,15 0,15
0,12 0,12
0,09 0,09
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
550 550
Limite de escoamento referência (σYS0, MPa)
Def10
500 500
Def20
450 Def30 450
Def40
400 400
Def50
350 350
300 300
150 150
50 50
0 0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
0
Temperatura (T, C) (b)
Figura 2.10 – Valores dos parâmetros (a) m e (b) σYS0 da equação (2.8) para três
metais obtidos em ensaios de compressão, adaptado de Helman e Cetlin (1983).
50
Pode-se obter o valor de m através da mudança na taxa de deformação, durante um
ensaio mecânico, desde que se registre as variações no limite de escoamento instantâneo para
cada uma das taxas de deformação, tal como mostrado nos gráficos da figura 2.11.
Para obter os valores do limite de escoamento dos metais deve-se tomar cuidado com a
aplicação dos dados coletados. No caso de se utilizar ensaio de tração, a deformação obtida
nestes ensaios é muito limitada, o que limita a aplicação dos valores encontrados a situações
de pequenas deformações. Como as operações de conformação mecânica normalmente
ocorrem com maiores deformações, deve-se utilizar ensaios mecânicos, como os ensaios de
compressão ou torção, que permitem medir os valores de resistência em largas deformações.
Além disso deve-se tomar cuidado com a aplicação dos resultados obtidos, nos ensaios
mecânicos realizados em altas temperaturas. Normalmente a taxa de carregamento, ou de
deformação, dos ensaios é menor do que a utilizada na prática. Como em altas temperaturas
existe uma maior dependência entre as propriedades mecânicas e a taxa de deformação, os
valores medidos nos ensaios podem subestimar excessivamente os reais valores de resistência
encontrados nas operações de conformação.
Esta tendência ser observada para o cobre, através do gráfico da figura 2.10. Neste
caso, a sensibilidade à taxa de deformação é praticamente nula até a temperatura de 500oC,
acima desta temperatura a resistência do cobre torna-se bastante sensível às variações na taxa
de carregamento. Neste caso, qualquer ensaio mecânico, realizado a baixas taxas de
deformação e em temperaturas acima de 500oC, subestimará a verdadeira resistência do cobre
em operações de conformação a taxas de deformação maiores. A tabela 2.1 demonstra as
taxas de deformação que podem ser obtidas em ensaios mecânicos.
51
alterar o seu comportamento mecânico e conseqüentemente influenciar nos cálculos dos
esforços de conformação.
Algumas estimativas simples do efeito das trocas térmicas podem ser feitas com base
em modelos simples utilizando-se algumas propriedades dos materiais e coeficientes de
transferência de calor do meio. As tabelas 2.2 e 2.3 ilustram o valor de alguns destes
parâmetros.
52
A determinação exata dos efeitos das trocas térmicas geralmente é feita por modelos
matemáticos implementados por computadores. Nestes casos a geometria, as condições de
transferência de calor, o material e as temperaturas envolvidas são relacionados por meio
destes modelos e uma solução é obtida de modo a estabelecer as condições do processo.
( a) (b)
Figura 2.12 – Variação nas curvas tensão versus deformação para (a) ferro puro, Callister (1997) e (b)
aço baixo carbono, adap. de Dieter (1988).
53
Além disso, já foi visto no item 2.1 que temperaturas suficientemente altas podem
produzir uma recuperação da estrutura do material, quando o material perde o encruamento
induzido pelo processo de conformação mecânica. Admite-se que isto ocorra para
temperaturas maiores do que a metade da temperatura de fusão do material na escala absoluta
ou utilizando-se a “temperatura homóloga” (Th), definida pela equação 2.10:
T
Th = (2.10)
Tf
onde Tf é a temperatura de fusão do material em questão na escala absoluta (Kelvin).
Figura 2.13 –
Alteração da
estrutura de grãos
de um material
metálico devido à
conformação
mecânica a frio,
Callister (1997).
54
Figura 2.14 – Esquema das alterações
microestruturais que podem ocorrer
devido a conformação plástica a frio e a
quente nos processos de laminação e
extrusão, Plaut (1984).
Figura 2.15 –
Evolução do
processo de
recuperação das
propriedades
mecânicas de um
material encruado
sofrendo tratamento
de recozimentode
recristalização,
Callister (1997).
55
2.7 – Atrito e Lubrificação
Atrito é o mecanismo pelo qual se desenvolvem forças de resistência superficiais ao
deslizamento de dois corpos em contato. A causa primordial para o atrito entre materiais
metálicos correlaciona-se com o contato entre pequenas regiões ao longo das superfícies
delizantes, conforme mostrado na figura 2.16. Estas superfícies apresentam irregularidades
microscópicas que podem soldar-se pela intensa deformação plástica localizada.
Figura 2.16 –
Representação
esquemática das
regiões de contato
verdadeiro entre
duas superfícies
deslizantes,
Helman (1988).
Aparentemente, Helman e Cetlin (1983) apontam que as forças de atrito parecem ter
sua origem na resistência ao cisalhamento destas uniões. Estas forças podem também se
originar como resultado de um processo de “arar” o metal mais duro sobre a superfície do
mais macio. A figura 2.17 mostra um esquema deste processo, assim como um exemplo
prático obtido para o caso da trefilação de tubos para a indústria automobilística.
56
concluí que o atrito deverá estar sempre presente, em maior ou menor grau. As principais
características que o atrito causa no processo são as seguintes:
• alteração, geralmente desfavorável, dos estados de tensão presentes durante a
deformação;
• produção de fluxos irregulares (por ex.: limalhas) de metal durante o processo
de conformação;
• criação de tensões residuais no produto;
• influência sobre a qualidade superficial (podendo ser benéfica, inclusive);
• elevação da temperatura a níveis capazes de comprometer-lhe as propriedades
mecânicas;
• aumento do desgaste de ferramentas;·
• facilitar o “agarramento” das ferramentas de conformação com o metal a ser
conformado;
• aumento do consumo de energia necessária à deformação, diminuindo a
eficiência.
F
µ= (2.11)
R
onde µ é o coeficiente de atrito estático, que é um número adimensional.
Observou-se (Helman e Cetlin, 1984) que, uma vez iniciado o deslizamento do corpo,
a força H para manter o corpo em movimento uniforme é menor do que a força necessária
para iniciar este movimento. Em conseqüência pode-se definir uma fórmula semelhante à
(2.11). Em conseqüência a força de atrito F´ será:
57
F = k·AS (2.13)
onde k representa a resistência ao cisalhamento das superfícies unidas.
Considerando que o material aumenta a área de contato linearmente (As = P·tag α) até
um limite An, quando ocorre limitação devido ao encruamento. Assim:
As = P·tag α
(2.14)
k tag α = constante = µ
ou divindo-se pela área nominal An, obtém-se a expressão para a lei de Amontons:
τ=µp (2.16)
Entretanto, nas situações reais não existe uma superfície de contato perfeita onde a
resistência ao cisalhamento vale k, nestes casos admiti-se que esta tensão tenha que ser
multiplicada por um fator m, menor do que 1:
τ=mk (2.17)
O valor máximo possível para m é 1 (por definição) e o valor mínimo para a tensão p
vale o limite de escoamento geral do material, Y, segundo definido pela equação (2.8).
Substituindo estes valores na equação (2.17), verifica-se que o máximo valor do coeficiente
de atrito para a condição de aderência total é:
k 1
µ máx = = ≈ 0,58 (2.19)
Y 3
onde a relação entre k e Y é calculada com base no critério de von Mises.
As tabelas 2.3 e 2.4 ilustram valores de coeficiente de atrito para alguns materiais e
condições de uso. Devido à complexidade do atrito torna-se muito difícil determinar valores
de coeficiente de atrito para um processo de conformação específico, para um certo material e
condição de conformação.
Um método bastante difundido para a determinação do coeficiente de atrito é o
chamado teste do anel (ver Dieter ou Schaeffer), no qual um anel é forçado a se expandir,
apoiado sobre uma superfície, e os diâmetros inicial e final são medidos e correlacionados
com o coeficiente de atrito presente. Alternativamente podem ser empregados processos de
conformação mecânica, por exemplo a trefilação, nos quais se conheçam e/ou meçam todas as
variáveis de menos o coeficiente de atrito, o qual pode ser obtido facilmente.
58
Tabela 2.3 – Valores do coeficiente de atrito m (equação 2.17) para diferentes processos de
conformação mecânica, Schaeffer (1999).
59
2.7.1 – Lubrificantes
O recobrimento das superfícies dos materiais em contato com um terceiro material de
baixa resistência ao cisalhamento irá induzir o atrito a se concentrar neste material, afetando
apenas parcialmente os corpos em contato. A este material que pode ser sólido, líquido ou
gasoso, denomina-se lubrificante. As forças de atrito a serem geradas estão diretamente
vinculadas às características da película lubrificante. A figura 2.19 ilustra o efeito do uso de
lubrificante (óleo) sobre o perfil de deformação obtido em uma experiência de simulação de
extrusão realizado em sala de aula.
Figura 2.19 – Diferentes perfis de deformação com o emprego de uma matriz de extrusão com muito
lubrificante (esquerda), média quantidade (centro) e pouco (direita).
Neste curso não cabe discutir quais são os diferentes tipos de lubrificantes, a tabela 2.3
ilustra as características de um lubrificante ideal, segundo Helman e Cetlin (1984):
1. manter inalteradas as condições de lubrificação hidrodinâmicas ou lubrificação
limite a altas pressões e temperaturas;
2. diminuir o atrito superficial até valores compatíveis com o processo;
3. dissipar eficazmente o calor gerado durante o processo de deformação;
4. impedir a adesão metálica entre a matriz e o metal processado;
5. reduzir a transferência de metal entre a superfície da peça e a ferramenta;
6. eliminar partículas abrasivas da superfície de trabalho;
7. manter condições aceitáveis de acabamento superficial e características
metalúrgicas dos produtos acabados;
8. não deixar resíduos ao ser tratado termicamente o material processado;
9. ser de fácil remoção da superfície do produto nas operações de acabamento;
10. não apresentar características tóxicas;
11. possuir condutividade elétrica aceitável para assegurar o desaparecimento de
cargas elétricas estáticas produzidas pelo atrito;
12. possuir propriedades físico-químicas que permitam sua adesão á superfície do
metal processado e da matriz;
13. ter grande estabilidade química em alta temperatura.
14. possui baixa reatividade e não interagir com outros lubrificantes ou aditivos.
60
61
2.8 – Bibliografia
Os livros destacados com um ponto (•) são recomendados como livros-texto deste
capítulo da disciplina.
BOYER, H.; Atlas of stress-strain curves. ASM International, 2nd printing, Materials
Park, 1990.
CALLISTER, W.D.; Materials science and engineering: an introduction. John
Wiley & Sons Inc., 4th edition, 1997 (existe uma versão traduzida para o
português).
• DIETER, G. E.; Mechanical Metallurgy. SI Metric edition. McGraw Hill, Singapore,
1988 (existe uma versão anterior que foi traduzida para o português).
DOWLING, N.E.; Mechanical Behavior of Materials. Prentice-Hall Inc., Englewood
Cliffs, 1993.
ENGEL, L.; KLINGELE, H.; An atlas of metal damage. Wolfe Publishing, London,
1981.
• HELMAN, H.; CETLIN, P.R.; Fundamentos da Conformação Mecânica dos
Metais. Editora Guanabara Dois, 1983.
HELMAN, H.; Curso: Fundamentos da Laminação - Produtos Planos, ABM, 1988.
MOURA BRANCO, C.A.G; Mecânica dos Materiais. Fundação Caloustre
Gulbenkian, 2a edição, Porto, 1994.
MEYERS, M.A.; CHAWLA, K.K.; Principles of Mechanical Metallurgy. Prentice-
Hall Inc., Englewood Cliffs, 1984.
PLAUT, R.L.; Laminação dos aços: tópicos avançados. Associação Brasileira de
Metais, São Paulo, 1984.
• SCHAEFFER, L.; Conformação Mecânica. Imprensa Livre Editora, Porto Alegre,
1999.
62
2.9 – Lista de exercícios
1) Um cilindro de metal sofrendo compressão apresenta a seguinte configuração de
deformações, conforme mostrado abaixo:
a) porque existem regiões de “fluxo” metálico restringido, para este cilindro, conforme
mostrado acima ?
b) esquematize o mesmo caso de um outro processo de conformação plástica.
2) O que é tensão e deformação efetivas (σe , εe) e o que significam (ver item 1.8.4) ? Como
os valores destas variáveis podem afetar a quantidade de encruamento que é introduzido
em um material devido a um determinado processo de deformação plástica ?
3) Observe a figura ao lado como
referência.
a) Como se manifesta o encruamento em
um curva tensão-deformação obtida, por
exemplo, a partir de um ensaio de
tração ?
b) O encruamento é um fenômeno
reversível ? Como poderia ser revertido
?
c) É possível um processo de conformação
plástica que deforme o material sem
provacar um encruamento prático ?
63
se locomovem, provocando assim a deformação plástica, por causa de componentes de
tensão cisalhante presente no estado de tensões atuante.
a) Desenhe os respectivos círculos de Mohr para um CP de tração e para um CP de
torção, onde as tensões principais nas superfícies destes CP são (respectivamente):
σ1>0; σ2=σ3=0 e σ1=-σ3>0; σ2=0
b) Quais são as direções onde incidem
as maiores componentes de
cisalhamento nas condições do
ensaio de tração e no de torção ?
c) Quais seriam as direções que
deveriam apresentar uma maior
deformação plástica ?
d) Explique a geometria para a fratura
do CP de tração, produzido a partir
de um metal muito dúctil, mostrado Figura 2.21 – Aspecto de um CP de tração
na figura ao lado. após sua ruptura.
5) A figura ao lado
ilustra um processo
de estampagem. De
maneira semelhante
ao exercício 4, faça
um esboço dos
círculos de Mohr e
defina qual das duas
regiões deveria
escoar mais
facilmente.
6) O que é encruamento de um metal ? Qual a influência que este fenômeno pode ter sobre
os cálculos das tensões e deformações na conformação plástica dos metais ?
7) Meça o alongamento em três bases de medidas (cada qual com metade do tamanho da
anterior) para o CP mostrado na figura 2.6.b (espessura de 5,35mm). Todas as bases de
medida devem estar centradas no centro do CP (região de fratura). Existe diferença nos
valores medidos nas bases de medição ? É possível correlacioná-los com a fórmula da
norma a ISO 2566/1 ?
8) Porque, mecanicamente, a fratura da figura 2.7 está localizada na superfície externa da
longarina ?
9) O efeito da taxa de conformação é mais intenso a partir de qual valor do trabalho da taxa
de deformação ? Faça um esboço da variação do limite de escoamento com a temperatura
do cobre comercialmente puro (vide figura 2.9).
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10) Calcule a sobrecarga originada quando se duplica a velocidade de tratamento (de 1s-1 para
10s-1) para o alumínio e o cobre em uma temperatura de 300oC. Em ambos os casos,
considera-se uma deformação de 25%.
11) Durante um ensaio de tração a quente aumentou-se a taxa de deformação em 50, 100 e
200%. Qual seria o aumento esperado no limite de escoamento do material, considerando
ferro a 1100oC (faixa de 35%).
12) Aumentando-se a temperatura, diminui-se o limite de escoamento e, conseqüentemente,
aumenta-se a conformabildade do material. Esta prática, porém, nem sempre é possível de
ser aplicada ? Dê um motivo prático e outro numérico.
13) Cite três metais que se conformariam a quente somente acima de 500oC, três que se
conformariam a quente somente a 1000oC e três que se conformariam a quente somente a
partir de 1500oC. Existe algum metal que poderia ser conformado a quente na temperatura
ambiente ? Qual (ais).
14) Definir os valores de temperatura para o trabalho a frio ou a quente dos materiais listados
na figura 2.10.
15) O encruamento ocorre com deformação mecânica a frio ou a quente ? O que oorre com as
propriedades mecânicas no encruamento ?
16) A figura ao lado representa
comportamento mecânico, em
deformação plástica, de três
metais sob compressão.
(a) Calcule ou estime os
parâmetros “A” (ou “K”) e
“n” para cada metal.
(b) (b) Com base na curva ao
lado, qual seria o metal com
maior capacidade de
deformação plástica ?
( c) Esta sua análise coincide com os valores de “n” calculados no item “a” deste exercício e
com a interpretação que V.Sa. forneceu no item “a” do exercício anterior;
(d) Aplicando uma tensão uniaxial de 50kgf/mm2, qual seria a máxima deformação
obtenível no metal representado pela curva superior ?
17) (a) Quais são os tipos básicos de lubrificantes ? (b) Quais as principais características,
daquelas listadas na tabela II.1, que deve ter um lubrificante sob o ponto de vista dos
cálculos dos esforços de conformação ?
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18) Com base nos dados da tabela 2.5, o que V.Sa. poderia dizer a respeito da influência do
tipo de material sobre o coeficiente de atrito e, conseqüentemente, acabamento superficial
do material ?
19) Uma chapa de aço baixo carbono (vide págs. 20 e 21), com 5mm de espessura foi recebida
e testada em tração obtendo-se um valor de apenas 10% para o alongamento (ln lf/l0) antes
da fratura. Considerando que este metal apresenta, no estado não encruado, o
comportamento ilustrado pelas curvas da página 20 e 21, qual seria uma estimativa para a
deformação efetiva aplicada anteriormente a este metal? Qual tipo de deformação
(engenharia ou real) V.Sa. considerou na sua resposta ? Por quê ?
20) Uma chapa de cobre com 1,5 polegada de espessura apresenta somente 20% de
alongamento (ln lf/l0) antes da fratura. O alongamento percentual apresentado pela chapa
de cobre após a redução na espessura de ∆e (=e0 – ef), a partir de um estado não encruado
e o seu limite de escoamento são dados por:
(a) Qual seria o valor inicial de espessura deste material, com apenas 20% de
alongamento, antes de ter sido encruado ?
(b) Qual seria o esquema de passes e número de ciclos de recozimento (retirada do
encruamento) mais adequado para obter um material com ¼ de polegada e pelo
menos 20% de alongamento residual ? (considere, para facilitar os cálculos, que a
deformação efetiva seja igual à deformação no processamento)
21) Calcular (estimar) as deformações cisalhantes das regiões de contato matriz-material para
as três diferentes condições de deformação mostradas na figura 2.19. Comparar os
resultados.
22) Citar quatro importantes características dos lubrificantes para os processos de
conformação plástica dos metais.
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