vitruvius | pt|es|en
receba o informativo | contato | facebook Curtir 39 mil busca em vitruvius ok
160.03
sinopses
como citar
idiomas
original: português
compartilhe
160
160.00
Palcos e bastidores
Ainda sobre córregos
ocultos
Vladimir Bartalini
160.01 patrimônio
Teatro Oficina
Defender nosso
patrimônio histórico e
artístico é
alfabetização
Cecília Rodrigues dos
Avenida Icária, Barcelona. Arquiteto Enric Miralles Santos
Foto Andrés Passaro 160.02
1/3 Da integração das artes
ao desenho integral:
interfaces da
arquitetura no Brasil
moderno
Luís Henrique Haas
Luccas
“Una difusa heterogeneidad llena el mundo de objetos
arquitectónicos. Cada obra surge de um cruce de discursos, 160.04
parciales, fragmentários. Más que hallarnos ante una obra parece Seminário de
que lo que se nos presenta es un punto de cruce...” (1) Quitandinha e Q+50:
resultado, avaliação e
Um estudo sobre arquitetura dedicado ao tema “objetos” pode parecer, a desafios atuais
primeira vista, ter como objetivo focar a disciplina por sua atribuição Jorge Guilherme
mais intrínseca, a materialidade da obra. A obra, sua forma, inserção, Francisconi
métodos construtivos, contexto e programa constituiriam pautas de análise 160.05
nas quais o objeto arquitetônico é enredado, oferecendo acessos Ensaio sobre autoria no
inequívocos ao seu entendimento. O conhecimento deste objeto projeto: atualizando o
compreenderia então determinadas “etapas de verificação” em que todos debate
estes aspectos seriam abarcados. Haroldo Gallo
Em um olhar mais atento, porém, tal empreitada revela ser pouco rigorosa,
deixando transbordar tudo aquilo que escapasse, que fosse além da própria
materialidade da obra. Paradoxalmente, a abordagem do objeto
arquitetônico, sua crítica, é ela também uma “construção”, como bem nos
adverte Ignasi de Solà-Morales - e por que não, um “objeto” – produzido
deliberadamente para iluminar aquele ponto em que se produziu alguma
arquitetura. Elaborar um discurso que pretende dar conta, ou ao menos
iluminar determinados “objetos”, revela ser um trabalho que trata de
“construções” sobre “construções”, dando a entender que esta classe de
estudo se edifica também em sólidas - ainda que provisórias - estruturas.
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.160/4879 1/8
17/02/2018 arquitextos 160.03: Acerca da crítica aos objetos arquitetônicos | vitruvius
“fundo” da “figura” (2), esta sim, imaterial, provisória, contingente,
parece responder a tudo aquilo que hoje se espera da crítica em nosso
campo disciplinar. Deliberadamente, o crítico-autor dispõe as peças de
seu jogo para relativizar a ineludível presença da obra/projeto de
arquitetura.
Atualização crítica
Neste caso, o espaço público resultante desta operação não seria mais o
entendido como o resíduo do espaço livre entre objetos idealizados e sim
ele mesmo um ente de valor próprio, deliberadamente projetado para
articular a complexidade deste novo modo de ver a cidade. As estruturas
urbanas aí pensadas deveriam ser abertas, “capazes de crescer e hábeis
para integrar a natureza”
Neste último livro de 2008, Montaner oferece um olhar mais uma vez
diferenciado para a análise de um mesmo material: não mais objetos,
posturas e formas, e sim sistemas. Sistemas, que a exemplo de estudos
iniciados no campo da biologia e que com a adoção de maiores graus de
complexidade se estenderam até o campo da informática, configuram hoje a
possibilidade mais coerente para reescrever a história da arquitetura
contemporânea, superando a proclamada “crise do objeto”. Sob este
enfoque, rompe-se de vez a autonomia do objeto insinuada nas abordagens
críticas anteriores, enredando todo e qualquer gesto projetual auto-
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.160/4879 2/8
17/02/2018 arquitextos 160.03: Acerca da crítica aos objetos arquitetônicos | vitruvius
referente numa teia de relações. Assim, o protagonismo percebido nos
objetos da cidade moderna justifica-se e é redimido pelos espaços livres
(não mais “residuais”) que por sua vez avalizam a existência destes como
parte de um sistema.
Antecedentes
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.160/4879 3/8
17/02/2018 arquitextos 160.03: Acerca da crítica aos objetos arquitetônicos | vitruvius
caracterizado pela fragmentação e particularização no tratamento dos
temas urbanos. Em terceiro lugar, a questão do espaço público. É
verificada a transformação de sua condição anterior como “espaço
residual” para uma situação em que a dimensão pública dos espaços da
cidade passa a ser priorizada em detrimento do valor do objeto
arquitetônico como fato isolado. Como derivação deste ponto é dada ênfase
ao conceito de “lugar" para diferenciar da noção de espaço – abstrato,
inabarcável, amorfo – da cidade do urbanismo moderno. Por último,
destaca-se a questão figurativa. A utilização em maior ou menor grau de
algum recurso figurativo constitui outro visível ponto de mudança em
relação às práticas do Movimento Moderno. Verifica-se a reutilização de
códigos pertencentes ao repertório disciplinar e autônomo da arquitetura,
evidenciando uma crítica ao conceito de inovação e à noção de “forma
pura”.
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.160/4879 4/8
17/02/2018 arquitextos 160.03: Acerca da crítica aos objetos arquitetônicos | vitruvius
enfatizar a natureza sempre cambiante, provisória e parcial da abordagem
do objeto arquitetônico.
Desdobramentos
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.160/4879 5/8
17/02/2018 arquitextos 160.03: Acerca da crítica aos objetos arquitetônicos | vitruvius
reconhecimento. A estes aspectos soma-se também a característica de
paisagem, natural ou urbana, de incorporar, em seu espaço, as noções de
tempo e movimento (23).
Para o autor, já não se fazia mais possível ter uma apreensão objetiva,
estável, da cidade contemporânea, tal como a legibilidade da cidade
decimonônica, com sua clara ordenação de traçados e estruturas (ruas,
praças, avenidas). Tampouco a cidade do Movimento Moderno prescindia de
uma definição pré-estabelecida de sua estrutura e zonificações. Ambos
modelos estiveram pautados em formas pré-determinadas pelo planejamento e
desenho urbano.
De volta ao começo
notas
NA
Este artigo é parte do texto apresentado no II ENANPARQ (Encontro Nacional da
Associação de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura), na sessão temática
“Objetos 2”, Natal, setembro de 2012.
1
SOLÀ-MORALES, I. Topografía de la arquitectura contemporánea. In: Diferencias.
Topografía de la arquitectura contemporánea. Barcelona: Gustavo Gili, 1995, p.
14.
2
Aludimos aqui à análise gestaltica que Colin Rowe propõe em Collage City
(1981).
3
FOUCAULT, M. El orden del discurso. Buenos Aires: Fábula Tusquets, 2002, p. 53.
4
MONTANER, J.M. Sistemas arquitectónicos contemporâneos. Barcelona: Gustavo
Gili, 2008, p. 19.
5
Este texto se apropria e atualiza algumas questões expostas na resenha “O final
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.160/4879 6/8
17/02/2018 arquitextos 160.03: Acerca da crítica aos objetos arquitetônicos | vitruvius
da trilogia”. PASSARO, A.; BRONSTEIN L. O final da trilogia. novembro, 2003.
Em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/02.023/3203
6
MONTANER, J.M. Después del movimiento moderno. Arquitectura de La segunda mitad
del siglo XX. Barcelona: Gustavo Gili, 1993, p.7.
7
LANDAU, R. Notes on the concept of an architectural position. AA Files, nº 1,
1991.
8
MONTANER, J. M. As formas do século XX. Barcelona: Gustavo Gili, 2002, p. 8.
9
SOLÀ-MORALES, I. Topografía de la arquitectura contemporánea. In: Diferencias.
Topografía de la arquitectura contemporánea. Barcelona: Gustavo Gili, 1995, p.
15.
10
“Ao considerar a cidade moderna desde o ponto de vista da capacidade
perceptiva, segundo o critério da Gestalt, só cabe condená-la. Porque se se
supõe que a apreciação ou percepção do objeto ou figura requer a presença de
certo tipo de campo ou fundo, se o reconhecimento de certa classe de campo
delimitado de qualquer modo é um pré-requisito de toda experiência perceptiva,
e se a consciência de campo precede a consciência de figura, então, quando a
figura não está suportada por nenhum marco identificável de referência,
forçosamente há de debilitar-se e destruir-se a si mesma.” ROWE, C.; KOETTER,
F. Ciudad Colage. Barcelona: Gustavo Gili, 1978, p. 66.
11
TAFURI, M. Teorias e História da Arquitetura. Madrid: Celeste, 1997, pp. 11,
14.
12
MONTANER, J.M. La modernidad superada. Barcelona: Gustavo Gili, 1997, p. 32.
13
SOLÀ-MORALES, Ignasi. Presente y futuros. La arquitectura en las ciudades.
Catálogo do XIX Congresso da UIA, Barcelona, 1996, p. 10.
14
Idem, p. 11.
15
Totalizando 10 encontros realizados em diferentes cidades do planeta, os
congressos ANY sugeriam temas amplos para a discussão da problemática urbana a
partir de um curioso jogo de palavras. 1991 - “Anyone”, Los Angeles; 1992 -
“Anywhere”, Tokyo; 1993 – “Anyway”, Barcelona; 1994 – “Anyplace, Montreal”;
1995 – “Anywise”, Seul; 1996 – “Anybody”, Buenos Aires; 1997- “Anyhow”,
Rotterdam; 1998 – “Anytime”, Ankara; 1999 – “Anymore”, Paris; 2000 – “Anything”
– Nova Iorque. Os encontros foram organizados por Ignasi de Solà-Morales, Peter
Eisenman, Arata Isozaki, Rem Koolhaas.
16
SOLÀ-MORALES, I. De la autonomia a lo intempestivo. In: SOLÀ-MORALES, I.
Diferencias. Topografía de la arquitectura contemporánea. Barcelona: Gustavo
Gili, 1995, p. 101.
17
SOLÀ-MORALES, I. Topografía de la arquitectura contemporánea. In: Diferencias.
Topografía de la arquitectura contemporánea. Barcelona: Gustavo Gili, 1995, p.
101.
18
Já em 1992, ao analisar a obra recente de Rem Koolhaas , Alejandro Zaera Polo
identifica uma experiência de projeto que apenas pode ser entendida como uma
“série de geografias ou topografias cujo sentido é fundamentalmente operativo
(...) uma produção rizomática, construída fundamentalmente sobre sua
operatividade”. ZAERA POLO, A. OMA 1986-1991. Notas para um levantamiento
topográfico. El Croquis, n.53, 1992, p. 36.
19
SOLÀ-MORALES, I. De la autonomia a lo intempestivo. In: SOLÀ-MORALES, I.
Diferencias. Topografía de la arquitectura contemporánea. Barcelona: Gustavo
Gili, 1995, p. 101.
20
Sobre estes conceitos e a dissolução de um suposto “paradigma formal” que
sublinhava a arquitetura dos anos 70 e 80, ver: BRONSTEIN, L. Arquitetura e
cidade contemporânea: novos parâmetros. Desígnio, nº 6, setembro, 2006.
21
SOLÀ-MORALES, I. Territori. Lotus, nº 110, 2001.
22
SOLÀ-MORALES, I. Paisajes. Annals, n.07, julho, 2001.
23
Em seu estudo, “Paradigmas fin de siglo. Los 90 entre la compacidad y la
fragmentación”. Arquitectura Viva, n. 66, 1999. Rafael Moneo também se refere a
uma “arquitetura como paisagem” ao analisar as obras de Rem Koolhaas e seus
discípulos holandeses.
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.160/4879 7/8
17/02/2018 arquitextos 160.03: Acerca da crítica aos objetos arquitetônicos | vitruvius
24
MONTANER, J. M. As formas do século XX. Barcelona: Gustavo Gili, 2002.
25
Grifo nosso.
26
MONTANER, J.M. Sistemas arquitectónicos contemporâneos. Barcelona: Gustavo
Gili, 2008, pp. 10-12.
sobre a autora
comentários
Adicionar um comentário...
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.160/4879 8/8