JIJOCA DE JERICOACOARA/CE
2014
FRANCISCO ANTÔNIO DE PAULA GREGÓRIO
JIJOCA DE JERICOACOARA/CE
2014
Monografia apresentada para obtenção do grau de Bacharel em Teologia.
Qualquer citação apresentada nesse trabalho, atende as normas da ética
científica.
Professor - orientador
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(Nelson Mandela)
Dedico este manuscrito em primeiro lugar a minha mãe, pois ela foi meu ponto de
apoio, aos meus amigos que sempre me incentivaram e aos professores: Lilian
Maria, Iranildo Cássio e Geralda Rozi, que foram fundamentais na minha formação.
Agradeço primeiramente a Deus pela saúde e a coragem por eu ter ultrapassado
mais um desafio em minha vida, aos autores que me serviram de apoio, aos
materiais e fontes que me foram úteis para a conclusão desse trabalho, aos meus
amigos por mim motivarem e aos professores que ao longo do curso contribuíram
para a elaboração desse documento.
RESUMO
Esse trabalho objetiva saber os porquês da família ao longo da história vir perdendo
seus valores e princípios, bem como descobrir como esta vem se comportando
desde a antiguidade até a sociedade atual. Também saber como esta instituição,
base da sociedade, relacionava-se com a escola e vice-versa, e ainda como se dava
a parceria entre ambas. Assim, seria possível fazer um paralelo entre o que ela foi, o
que ela é, e fazer uma previsão, como será no futuro. Uma vez, o que está em jogo
é o aprendizado da criança, do jovem e do adolescente. E sabe-se que o grupo
familiar é o centro das atenções das crianças, é o ambiente de convívio, de partilha,
de troca de experiências e vivências. E a postura desta no início de vida da criança
conta-se muito na formação de seu caráter, personalidade e vivência social. A
ausência dos pais no ambiente escolar pode ser um indicativo de falta de boa
vontade para acompanhar a vida escolar dos filhos ou um excesso de confiança no
papel da escola na educação dos mesmos. A relação entre escola e família é
essencial, pois permeiam entre si a tomada de decisão, em relação as suas atitudes,
permitindo de forma gradativa, o respeito e sua posição diante de situações–
problemas. Ainda nesse manuscrito se analisa o papel da família na educação dos
filhos, observando como a escola está ajudando na construção dos valores que são
fundamentais para o desenvolvimento humano e a prática da cidadania. Após as
pesquisas, estudos e leituras, conclui-se que a sociedade necessita de parceria
entre escola e família para realizar uma educação de qualidade e assim promover o
bem estar social de todos. Sem esquecer que a família, a escola e a sociedade são
os elementos cruciais que contribuem para a formação de caráter, da personalidade
humana, pessoal e profissional. Desse modo através da pesquisa de caráter
qualitativa bibliográfica foi a maneira como esse trabalho monográfico foi
concretizado. Bem como os autores que deram suporte e fundamentação teórica a
esse documento, dentre eles sobressaem: Cury (2003), Freire (1996), Souza (2008),
Wallon (1995), Tiba (1996), Libâneo (2003), Vygotsky (1998), Piaget (1994),
Kaloustian (2004), Chalita (2001) e Brito (2009).
This study aims to know the whys family throughout history come losing its values
and principles, as well as find out how this has been behaving since ancient times to
the present society. Also know how this institution, foundation of society, was related
to the school and vice versa and yet how was the partnership between both. Thus,
one could draw a parallel between what she was, what she is, and make a prediction,
as will be in the future. Since what is at stake is the learning of the child, youth and
adolescents. And it is known that the family unit is the center of attention of children,
is the atmosphere of conviviality, sharing, exchange of experiences and life. And this
approach in the early life of the child is counted much in their character, personality
and social life. The absence of parents in the school environment may be indicative
of a lack of willingness to follow the school lives of their children or an over-reliance
on the role of education in the same school. The relationship between school and
family is essential as permeate each other decision-making in relation to their
attitudes, allowing a gradual manner, and respect your position in situations -
problems. Although this manuscript we analyze the role of the family in the education
of children, observing how the school is helping to build the values that are
fundamental to human development and practice of citizenship. Following the
research, studies and readings, it is concluded that society needs partnership
between school and family to make a quality education and thus promote the social
welfare of all. Without forgetting that the family, school and society are the crucial
elements that contribute to the formation of character, human, personal and
professional personality. Thus by searching bibliographic qualitative character was
the way this monograph was achieved. Well as the authors who have provided
support and theoretical basis for this document, including stand: Cury (2003 ), Freire
(1996 ), Souza (2008 ), Wallon (1995 ), Tiba (1996 ), Libâneo (2003 ), Vygotsky (
1998), Piaget (1994), Kaloustian (2004), Chalita (2001) and Brito (2009).
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................10
1 INTRODUÇÃO
O presente tema deste referido trabalho tem como foco principal abordar os
valores educativos e a relação família e escola, este ainda dar ênfase as
concepções e as contribuições no meio social, dos ensinamentos sendo que dessas
duas instituições resultarão os traços culturais que passam de pais para filhos, esses
conhecimentos são as concepções transmitidas de geração a geração que foram
vividas por nossos ancestrais e até hoje continuam sendo ensinado por esses dois
núcleos: família e escola.
A família desde outrora procurou intensificar no âmbito comunitário o modo de
viver de cada membro familiar, tentou de certa forma preparar a criança para a
comunidade escolar. Ensinando, orientando mediante seus valores e princípios, com
esses ensinamentos resultariam na formação de um caráter pessoal, na conduta do
indivíduo e nas relações humanas. A escola como instituição formadora de
personalidades, simplesmente faria seu trabalho; a de educar, repassar
conhecimentos e formar para a vida em sociedade.
O tema supracitado sobressai das mudanças, substituições e perda de
valores que vem ocorrendo nas últimas décadas entre família e escola. É evidente
que cada uma dessas dimensões concebe valores educativos semelhantes, apenas
diferem no propósito que cada uma pretende atingir. O núcleo familiar por sua vez é
responsável pela educação dos filhos, uma vez que o lar onde a criança reside é o
primeiro lugar onde surgem as primeiras palavras. É aí, onde a criança começa a
aprender valores, costumes e regras. Essa herança cultural transmitida de pais para
filhos ocorre desde o nascimento do bebê, portanto, esse conjunto de pessoas que
convivem nesse grupo socializa entre si, apresentam técnicas de convivência,
comunicam e trazem consigo essa herança cultural, intelectual que são frutos de
relações humanas.
Já a escola, responsável pela instrução e formação de pessoas, ela é
detentora de bons modos, condutora de hábitos, cabe a ela no processo educativo
inserir o conhecimento cultural trazido pela criança e à medida que for processando-
o, vai contornando de modo que esse conhecimento torna essencial na formação do
caráter de cada indivíduo, da personalidade, de bons hábitos sociais que contribua
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contornar essa problemática. E ainda esse tema será abordado em dois capítulos
com detalhamento mais aprofundado.
A realização deste trabalho será por meio de uma investigação qualitativa,
onde se trabalhará com os valores, crenças, hábitos, costumes, atitudes, opiniões e
representações, visa aprofundar com estudos de caráter bibliográficos com
processos particulares e específicos a indivíduos e grupos. Terá como referencial
teórico: LAHIRE (1997), PAIXÃO (2006), PORTES (2000), LAREAU (2007), entre
outros. Essa abordagem qualitativa é empregada para a compreensão de
fenômenos e de um alto grau de complexidade interna.
A metodologia usada nesse trabalho monográfico é uma pesquisa de caráter
qualitativa bibliográfica, o pesquisador investiga situações-problemas, procura
explorá-la, esclarecendo as razões pelas quais aconteceram. A nomenclatura
gramatical, o uso da língua padrão será obedecido no dissertar desse documento.
As normas da ABNT (Associação Brasileira Nacional de técnicas) serão observadas,
a fim de que esse documento de cunho investigativo seja de caráter para pesquisa e
fonte de trabalho para outras monografias.
relação que existe entre as pessoas que formam a família. Nesse caso Bock (2004,
p. 249) acrescenta dizendo:
a família, do ponto de vista do indivíduo e da cultura, é um grupo tão
importante que, na sua ausência, dizemos que a criança ou o adolescente
precisa de uma “família substituta” ou devem ser abrigados em uma
instituição que cumpra suas funções materna e paterna, isto é, as funções
de cuidados para a posterior participação na coletividade.
Segundo os autores acima, eles fazem uma menção em relação aos laços
familiares onde o amor pelos filhos é um dos valores indispensáveis no meio
familiar. Ser pai, ser mãe é um sonho de todo ser humano, é o que atrai o homem e
a mulher um pelo outro. Desde pequeno, o menino e a menina são motivados pelos
pais que diziam que um dia seriam papai e mamãe. E ambos crescem com esse
sentimento, com essa vocação, com esse laço paternal ou maternal.
Toda família tem sua história, mesmo que seja simples, ela é construída na
relação que se estabelece entre pais e filhos, que traz as marcas do viver e pensar
dos antepassados e que se perpetuará por meio dos seus descendentes. No início
da colonização, a família era entendida como uma instituição estabelecida pelos
laços sanguíneos, originada no casamento. A figura do pai era a principal (o
patriarca), ele era o chefe do lar, logo era o responsável pela família. Todos o
obedeciam, mesmo aquelas pessoas de famílias diferentes que moravam na casa.
Em relação aos filhos, somente aqueles gerados pela união estável, isto é, o
casamento, era considerado legítimo.
Em meados do século XX até pouco tempo atrás, predominou no Brasil a
chamada “família nuclear”, aquela formada por pai, mãe e filhos. Essa concepção de
família excluía outros membros que eventualmente fizesse parte desse grupo. Esse
quadro mudou com a Constituição Brasileira de 1998, nos artigos 5º, 7º, 201, 208 e
226 a 230, que representou avanço significativo ao trazer inovações como um novo
conceito de família:
“união estável entre o homem e a mulher”;
“comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”;
“os direitos e os deveres referentes a sociedade conjugal são exercidos igualmente
pelo homem e pela mulher”.
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Quando se trata dos valores da família não se pode esquecer que o lar é o
autêntico formador de pessoas. As crianças aprendem desde cedo com seus pais,
não só o que estes lhes contam, mas também, o que elas veem neles, como atuam
e sobressaem diante dos problemas que surgem. Os filhos procuram copiar seus
progenitores perante a vida, mas aos poucos vão compreendendo melhor sua forma
de atuar, mas guiando-se pelo que vê em casa. Dessa forma:
Sendo a família lugar de desenvolvimento humano, torna-se essencial que
nela ocorra o exercício de valores. Para que esse exercício aconteça de
forma efetiva, os pais ou adultos responsáveis pela educação das crianças
e jovens devem ter a clareza de que os valores servem como orientação
para conduzir nossas vidas e fazer nossas escolhas... como qualidades que
identificam o homem... (SOUZA, 2008, p.14)
Aqui o autor faz uma comparação entre o bom pai e o pai brilhante, este por
sua vez prepara o filho para enfrentar as derrotas e não se decepcionar diante dos
obstáculos, também educa para a prática da sensibilidade. Enquanto que aquele
prepara seu filho para as vitórias e aplausos, nesse caso se o jovem não se sair
bem, evidente que não será perdoado, logo foi educado de forma insensível, ou
seja, de modo que não pode perder. Alguns pais por serem rígidos demais acabam
frustrando seus filhos e muitas vezes os tornando agressivos e egoístas. Portanto,
“os erros podem ser transformados em acertos quando as pessoas aprendem com
eles.” (TIBA, 2002)
Não esquecer que é na convivência familiar que os valores e os princípios se
revelam, nas relações diárias de pais e filhos, irmãos, primos, tios, avós, entre outros
membros. Para que os filhos se mantenham vivos dentro de si os valores que
identificam sua família, é preciso que tenham, a seu lado pai, mãe e adultos com
que possam compartilhar valores. Assim, Vasconcellos (2012), afirma que, “valor é
um fim, algo para o qual a ação humana pode e deve se dirigir, aquilo que “vale a
pena”; valor é o que dar sentido a atividade e, no limite, a vida.”
Bem se sabe que o futuro do filho é antecipado na família que ele convive.
Que esta não seja a única referência para a criança, para o adolescente ou para o
jovem, é nela que eles recebem o maior número de exemplos e estímulos para suas
escolhas, e os valores exercidos nesse espaço e tempo que estabelecem as bases
das decisões, das ações e das relações de vida. É importante dar as crianças
oportunidade de ouvir histórias de sua família: como ela é composta, suas tradições,
hábitos e cultura. Com isso elas compreenderão e respeitarão os valores humanos
presentes nesse grupo. É necessário que as crianças ouçam outras histórias de
outras famílias para considerar a diversidade e aprender a respeitar as diferenças.
Assim diz Lispector (1740), “sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa
ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar.”
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Não se deve esquecer que a mesma família que ensina seus valores, também
influencia em diversos fatores negativos, eis um dos motivos por nossas crianças
está hoje nas escolas ocasionando problemas e deficiências de aprendizagem. Uma
vez que se sabe que a família é a base da sociedade, por isso é preciso saber muito
bem educar os membros que a compõem, desde pequeno até seu ingresso ao
escolar, e daí ambos caminharão juntos em parceria. Apesar de vivermos numa
sociedade caracterizada por situações de injustiça e desigualdade, faz com que as
famílias lutem mesmo com dificuldade para sobreviver.
Esses problemas atingem principalmente as crianças que enfrentam
dificuldades para aprender. Essas dificuldades devem ser compreendidas pelo
professor quando for diagnosticada. Esses problemas podem estar ligados a
estrutura familiar, ao número de irmãos e a posição do aluno entre eles e ao tipo de
educação dispensada pela família. Segundo afirma Tiba:
Quando os pais permitem que os filhos, por menores que sejam, façam tudo
o que desejam, não estão lhes ensinando noções do que podem ou não
podem fazer. Os pais usam diversos argumentos para isso: “eles não
sabem o que estão fazendo”; “são muito pequenos para aprender”; “vamos
ensinar quando forem maiores”; “sabemos que não devemos deixar... mas é
tão engraçadinho” etc. (TIBA, 1996, p. 15)
Há o caso do filho único, este tem todas as atenções dos pais, que
geralmente fazem suas vontades, na escola, este poderá desenvolver bloqueios à
aprendizagem, poderá desvalorizar a escola, querer abandoná-la, etc. Exige-se aqui
todo um trabalho de adaptação a vivência em grupo. O filho caçula poderá
desenvolver as mesmas dificuldades do filho único, logo os pais voltarão suas
atenções exclusivamente para ele. Outra situação que merece muita atenção é onde
numa família de muitos filhos, o aluno é o único de seu sexo: todos os outros são do
sexo oposto. O tipo de educação é outro fator ligado a família que afeta a
aprendizagem.
Outro problema que ocorre muito quando o pai educa o filho de um jeito e a
mãe de outro, isso ocasionará um sério problema para a criança na escola. Aquelas
crianças em que os pais mimam muito, tendem a se dedicar a aprendizagem
escolar, preferencialmente, quando esta constituir um meio para alcançar o mimo,
que costuma ter em casa. Nesse caso, para diminuir os efeitos negativos do mimo,
cabe ao professor fazer um trabalho com os pais, no sentido de que estes
substituam o excesso de mimo por uma educação mais equilibrada.
É importante ressaltar que os pais não devem cobrar demasiadamente dos
filhos, pois acabam se frustrando por não desenvolverem nos filhos, o que deixaram
de conseguir. A falta de amor pelos filhos ocorridas em muitas famílias pode gerar
defasagem na aprendizagem. Todos esses fatores gerados pela família irão de certo
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ensino Médio, essa frequência diminui. O Código Civil Brasileiro (CCB) elenca um rol
de deveres de competência dos pais. Em especial, os incisos I e II do artigo 1634,
que estabelecem a obrigação que tem o pai de cumprir com as responsabilidades
inerentes ao seu papel com destaque à criação, educação, guarda, companhia e
proteção dos filhos. E ainda a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB), n. 9394/96 afirma, em seu artigo 29:
normais e gradativos. Também não se pode esquecer que tanto Santo Agostinho
como Santo Tomás de Aquino contribuíram muito com suas ideias para as práticas
educacionais ao longo da História.
Com a revolução industrial, a educação passou por uma transformação mais
estratégica, isto é, antes era ministrada pela família, esse conhecimento agora não
objetivava as novas demandas, era necessário que outra instituição se encarregasse
de instruir e preparar os jovens com os conhecimentos técnicos e científicos para
atender as exigências da nova sociedade que se formava, a capitalista. Com o
capitalismo, surgiu a divisão do trabalho, que ambos, agora exercem funções
diferenciadas de acordo com a capacidade e a qualificação de cada indivíduo.
Freitas (2006, p. 20) vem complementar a esse contexto afirmando que:
“Historicamente, até o século XIX, havia uma separação das tarefas da
família e da escola: a escola cuidava do que se chamava “instrução”, ou
seja, a transmissão dos conhecimentos/conteúdos da educação formal e a
família se dedicava à educação informal: o que podia-se definir como o
ensinamento de valores, atitudes e hábitos. No mundo moderno, a
educação passa também a ser objeto de atenção das famílias, que, apesar
de se preocuparem com a qualidade do ensino, transferem à escola
competências que deveriam ser suas tão somente. Não veem a escola
como segunda etapa da educação, mas criam nela toda a expectativa de
que será responsável, a vida toda, pela educação de seus filhos. E, em
muitas vezes, esquecem de fazer sua parte.”
experiências empíricas. O próprio Freire (1996) reafirma isso, dizendo, “ensinar não
é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção
ou a sua construção”.
A partir de 1549, foi lançado no Brasil um sistema de educação que se
expandiu por toda a colônia, isso no período colonial, os jesuítas instruíram os índios
a ler, escrever, contar e falar o português, aqui se incluíam também os filhos dos
colonos. Aqueles utilizaram uma educação de aculturação, isto é, acabou com a
cultura de um povo, induzindo ao conhecimento de outra cultura. Os jesuítas
contribuíram muito para o progresso da educação brasileira. O ensino começou a
ser organizado no Brasil por níveis, primário, médio e superior, somente no período
autoritário pela Lei 5.692. As disciplinas das séries nos determinados níveis,
deveriam dar sequência no nível seguinte. Mediante a esse contexto Paiva (1973, p.
53) reafirma, dizendo:
“a educação popular colonial é praticamente inexistente. Excetuada a ação
dos jesuítas e outros religiosos nos primeiros momentos, quase nenhuma
atenção é dada ao problema e, além disso, o incipiente sistema então
montado se desmorona a partir do século XVIII. A educação popular dos
primeiros tempos, utilizada como instrumento de cristianização e de
sedimentação do domínio português, não sobrevive à ação de Pombal. Já
no século XIX, a vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808
provocou a criação de escolas superiores e preocupações com o
desenvolvimento do ensino para as elites em geral.”
Se compararmos a escola hoje com o que ela foi ontem muita coisa mudou, a
escola se tornou um ambiente livre onde pode e deve ser abordado qualquer
assunto sem restrições políticas ou morais. É verdade que a família se tornou
ausente no ambiente escolar, Tiba (2002) reafirma isso, dizendo, “mãe e pai: duas
faces da mesma moeda. Numa reunião de pais de alunos, o pai comparece muito
menos que a mãe numa reunião de mãe, o pai nem chega perto!” Dizem que foi
culpa da mudança dos tempos. Mães que saem para trabalhar fora para ajudar no
orçamento doméstico e muitas vezes, são chefes de família.
Hoje a escola se tornou um ambiente não só para ensinar, mas também para
educar; acabou assumindo o lugar da família. Mas para a escola deve estar claro
qual o seu papel, qual a sua função. Pois a escola tem como função formar cidadão
com saberes indispensáveis para a sua inserção na sociedade. Freire (1996)
confirma isso quando diz, “ensinar exige respeito aos educandos,” é preciso que a
escola trabalhe com a realidade, com as tecnologias e etc. Que forme cidadãos que
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Quando se refere à função da escola não se pode esquecer que ela como
portadora da educação apresenta um processo e prática social constituída de
relações sociais amplas, ao mesmo tempo demonstra esse processo contínuo e
inalienável para todo cidadão. Essa prática educacional social deve ocorrer em
diferentes espaços e tempos pedagógicos para atender as diferentes demandas.
Outro ponto importante do papel social da escola é apresentar liderança e
uma gestão comprometida com a qualidade da educação e com as transformações
sociais que possibilite ao educando a avançar nos mais variados aspectos: políticos,
intelectuais, sociais e humanos. Seja a escola pública ou privada é indispensável a
socialização do saber sistematizado, o saber tem que ser apropriado pelo aluno,
somar o saber científico ao saber prévio do educando, ter uma gestão participativa
em seu interior e ainda contribuir para a construção de um país para todos, onde
haja igualdade, humanidade e justiça social. E acrescento ainda, a escola como uma
instituição social visa contribuir com sua verdade e obter o máximo de respeito e
participação dos membros da comunidade escolar e familiar.
Assim, a Constituição Brasileira de 1988 reafirma, em seu artigo 205:
O artigo vem confirmar justamente que a família e o estado (este por meio da
escola) são responsáveis pela educação dos jovens, o estado com sua
obrigatoriedade, a família de forma necessária, mas espontânea em torno de um
ideal amigável, solidário; sendo que ambos visem o crescimento intelectual do aluno,
fornecendo subsídios essenciais para a prática da cidadania e de conhecimentos
sólidos para sua qualificação profissional.
A escola em sua essência tem que se preocupar em contemplar a formação
do sujeito de modo a dirigir seu desenvolvimento em definição com seu destino e
sua educação ir de encontro com a sociedade. Não se pode esquecer de trabalhar
com crianças e jovens a formação do ser cidadão e os conhecimentos dos valores
para a construção de suas atitudes perante o exercício da cidadania.
De uma forma geral, a função principal da escola é o compromisso com a
formação do cidadão e da cidadã com o fortalecimento dos valores de solidariedade,
compromisso com a transformação dessa sociedade e uma gestão que use seu
conhecimento técnico, científico e humanitário em prol da igualdade.
[...] criar condições para que ela, aos poucos, possa assumir-se como
autora de sua própria identidade, constituindo-se como sujeito moralmente
autônomo e capaz de tomar nas próprias mãos o seu destino no interior da
comunidade. (GOERGEN, 2007, p. 747)
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Sabe-se que o ser humano conduz sempre consigo seus hábitos, sua cultura,
seus valores, aquilo que aprendeu na vida. E essas experiências vividas quanto
mais estiverem ao seu alcance, maior será a possibilidade de aprender que os
valores são essenciais à vida. Veja o que afirma Biasutti em (Dicionário de Valores,
2012, p. 11)
A infância tem valor, não tanto como período de adestramento. Mas como
período que se pode experimentar livremente aquela maravilhosa sensação
de sermos nós mesmos, que predispõe a aceitar melhoras inevitáveis
limitações da vida adulta.
meio de simples gestos, como por exemplo, fazer os deveres do lar, dessa forma
contribui para o desenvolvimento de seus sentimentos. Sobre esse assunto, observa
– se que:
As sociedades são conduzidas por agitadores de sentimentos, não por
agitadores de ideias. Nenhum filósofo fez caminho senão porque serviu, em
todo ou em parte, uma religião, uma política ou outro qualquer modo social
do sentimento. Se a obra de investigação, em matéria social, é, portanto
socialmente inútil, salvo como arte e no que contiver de arte, mais vale
empregar o que em nós haja de esforço em fazer arte, do que em fazer
meia arte. (Https://www.google.com.br/#q=site+do+citador)
fatores escolares. Que estes, entre outros são classificados como existentes na
escola e que tem contribuído muito para o insucesso da aprendizagem: o professor,
a relação entre os alunos, os métodos de ensino e o ambiente escolar.
O professor compromissado com a educação tem que desenvolver bons
hábitos, como: “conhecer a mente do aluno, ter sensibilidade, educar a emoção,
usar a memória como suporte a arte de pensar, ser mestre inesquecível, resolver
conflitos em sala de aula, educar para a vida” (CURY, 2003, p. 54-78), a fim de
conhecer seus alunos como um todo, proporcionando assim, uma aprendizagem
satisfatória. Ao invés de usar o autoritarismo, a inimizade e o desinteresse que leva
o aluno a desinteressar-se e não querer aprender. Conforme reafirma Tiba (1996, p.
18)
As instituições de ensino, cuja tarefa é introduzir as crianças nas normas da
sociedade, muitas vezes se omitem. O professor também perdeu a
autoridade inerente à sua função. Quanto maior a perda, mais anárquica
tornou-se a aula. Ao admitir um “príncipe escolar”, em vez de ajudar o aluno
a viver em sociedade, o professor acaba por prejudicar seu crescimento.
Por outro lado, os métodos didáticos usados pelo professor devem possibilitar
a participação do aluno, para que haja a troca de ideias, a construção do
conhecimento nas diversas matérias, a interação do educando versos conteúdos,
contribuindo assim de forma decisiva para a aprendizagem e o desenvolvimento da
personalidade dos educandos. Para Cury (2003, p.120-150) sugere dez novas
técnicas para que os professores conquistem seus alunos e os tornem apetitosos
por suas aulas, assim:
música ambiente em sala de aula; sentar em círculo ou em U; exposição
interrogada: a arte da interrogação; exposição dialogada: a arte da
pergunta; ser contador de histórias; humanizar o conhecimento; humanizar
o professor: cruzar sua história; educar a autoestima: elogiar antes de
criticar; gerenciar os pensamentos e as emoções; participar de projetos
sociais. (CURY, 2003, p. 120-150)
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
41
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Ltda. 1ª ed. 2010. p.1035: João; 19, 27.
CHALITA, Gabriel. Educação: A solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2001.
CUNHA, Marcus Vinícius da. A escola contra a família. In: FARIA FILHO, Luciano
Mendes; LOPES, Eliane Marta Teixeira; VEIGA, Cynthia Greive (Org.). 500 anos de
Educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 447-468.
42
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Petrópolis. RJ: Vozes, 2004.
PACHECO, José. Dicionário de valores. 1ª ed. São Paulo: Edições SM, 2012.
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SOUZA, Oralda Adur de. Relações familiares. 1ª ed. Curitiba: Sefe, 2008.
____, Disciplina, limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1996 – 1ª ed.