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IFETE - INSTITUTO DE FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO TEOLÓGICA

CURSO: TEOLOGIA OFICIAL

AS CONCEPÇÕES E AS CONTRIBUIÇÕES DOS VALORES EDUCATIVOS


VIVENCIADOS NA DIMENSÃO FAMÍLIA E ESCOLA

FRANCISCO ANTÔNIO DE PAULA GREGÓRIO

JIJOCA DE JERICOACOARA/CE
2014
FRANCISCO ANTÔNIO DE PAULA GREGÓRIO

AS CONCEPÇÕES E AS CONTRIBUIÇÕES DOS VALORES EDUCATIVOS


VIVENCIADOS NA DIMENSÃO FAMÍLIA E ESCOLA

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de


Bacharelado no Curso de Teologia ao Instituto de Formação e Educação
Teológica – IFETE sob orientação do Prof. José Onélio Costa Marques.

JIJOCA DE JERICOACOARA/CE
2014
Monografia apresentada para obtenção do grau de Bacharel em Teologia.
Qualquer citação apresentada nesse trabalho, atende as normas da ética
científica.

FRANCISCO ANTÔNIO DE PAULA GREGÓRIO


Nome completo do autor

Aprovada em _____ de ___________________ de ________.

JOSÉ ONÉLIO COSTA MARQUES

Professor - orientador

______________________________________________________

1º examinador (a) prof. Me

______________________________________________________

2º examinador (a) prof. Me.

______________________________________________________

Coordenadora do curso - professora Me.


“O sonho de cada família é poder viver junta e feliz, num lar tranquilo e pacífico em
que os pais têm oportunidade de criar os filhos da melhor maneira possível ou de os
orientar e ajudar a escolher as suas carreiras, dando-lhes o amor e carinho que
desenvolverá neles um sentimento de segurança e de autoconfiança.”

(Nelson Mandela)
Dedico este manuscrito em primeiro lugar a minha mãe, pois ela foi meu ponto de
apoio, aos meus amigos que sempre me incentivaram e aos professores: Lilian
Maria, Iranildo Cássio e Geralda Rozi, que foram fundamentais na minha formação.
Agradeço primeiramente a Deus pela saúde e a coragem por eu ter ultrapassado
mais um desafio em minha vida, aos autores que me serviram de apoio, aos
materiais e fontes que me foram úteis para a conclusão desse trabalho, aos meus
amigos por mim motivarem e aos professores que ao longo do curso contribuíram
para a elaboração desse documento.
RESUMO

Esse trabalho objetiva saber os porquês da família ao longo da história vir perdendo
seus valores e princípios, bem como descobrir como esta vem se comportando
desde a antiguidade até a sociedade atual. Também saber como esta instituição,
base da sociedade, relacionava-se com a escola e vice-versa, e ainda como se dava
a parceria entre ambas. Assim, seria possível fazer um paralelo entre o que ela foi, o
que ela é, e fazer uma previsão, como será no futuro. Uma vez, o que está em jogo
é o aprendizado da criança, do jovem e do adolescente. E sabe-se que o grupo
familiar é o centro das atenções das crianças, é o ambiente de convívio, de partilha,
de troca de experiências e vivências. E a postura desta no início de vida da criança
conta-se muito na formação de seu caráter, personalidade e vivência social. A
ausência dos pais no ambiente escolar pode ser um indicativo de falta de boa
vontade para acompanhar a vida escolar dos filhos ou um excesso de confiança no
papel da escola na educação dos mesmos. A relação entre escola e família é
essencial, pois permeiam entre si a tomada de decisão, em relação as suas atitudes,
permitindo de forma gradativa, o respeito e sua posição diante de situações–
problemas. Ainda nesse manuscrito se analisa o papel da família na educação dos
filhos, observando como a escola está ajudando na construção dos valores que são
fundamentais para o desenvolvimento humano e a prática da cidadania. Após as
pesquisas, estudos e leituras, conclui-se que a sociedade necessita de parceria
entre escola e família para realizar uma educação de qualidade e assim promover o
bem estar social de todos. Sem esquecer que a família, a escola e a sociedade são
os elementos cruciais que contribuem para a formação de caráter, da personalidade
humana, pessoal e profissional. Desse modo através da pesquisa de caráter
qualitativa bibliográfica foi a maneira como esse trabalho monográfico foi
concretizado. Bem como os autores que deram suporte e fundamentação teórica a
esse documento, dentre eles sobressaem: Cury (2003), Freire (1996), Souza (2008),
Wallon (1995), Tiba (1996), Libâneo (2003), Vygotsky (1998), Piaget (1994),
Kaloustian (2004), Chalita (2001) e Brito (2009).

Palavras-chave: Valores educativos. Família. Escola.


ABSTRACT

This study aims to know the whys family throughout history come losing its values
and principles, as well as find out how this has been behaving since ancient times to
the present society. Also know how this institution, foundation of society, was related
to the school and vice versa and yet how was the partnership between both. Thus,
one could draw a parallel between what she was, what she is, and make a prediction,
as will be in the future. Since what is at stake is the learning of the child, youth and
adolescents. And it is known that the family unit is the center of attention of children,
is the atmosphere of conviviality, sharing, exchange of experiences and life. And this
approach in the early life of the child is counted much in their character, personality
and social life. The absence of parents in the school environment may be indicative
of a lack of willingness to follow the school lives of their children or an over-reliance
on the role of education in the same school. The relationship between school and
family is essential as permeate each other decision-making in relation to their
attitudes, allowing a gradual manner, and respect your position in situations -
problems. Although this manuscript we analyze the role of the family in the education
of children, observing how the school is helping to build the values that are
fundamental to human development and practice of citizenship. Following the
research, studies and readings, it is concluded that society needs partnership
between school and family to make a quality education and thus promote the social
welfare of all. Without forgetting that the family, school and society are the crucial
elements that contribute to the formation of character, human, personal and
professional personality. Thus by searching bibliographic qualitative character was
the way this monograph was achieved. Well as the authors who have provided
support and theoretical basis for this document, including stand: Cury (2003 ), Freire
(1996 ), Souza (2008 ), Wallon (1995 ), Tiba (1996 ), Libâneo (2003 ), Vygotsky (
1998), Piaget (1994), Kaloustian (2004), Chalita (2001) and Brito (2009).

Keywords: Educational Values. Family. School.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................10

2 A FAMÍLIA E AS TRANSFORMAÇÕES AO LONGO DA HISTÓRIA................. 12


2.1 ESTRUTURA FAMILIAR ..................................................................................14
2.2 RELAÇÕES FAMILIARES ................................................................................16
2.3 VALORES FAMILIARES .................................................................................. 20
2.4 RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA ..........................................................................24

3 A ESCOLA ONTEM E HOJE .................................................................................27


3.1 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA ......................................................................31
3.2 A ESCOLA COMO ESPAÇO PARA A PRÁTICA DE VALORES ........................32
3.3 FATORES ESCOLARES QUE INTERFEREM NO ENSINO/APRENDIZAGEM
DOS ALUNOS ...........................................................................................................34

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 40


10

1 INTRODUÇÃO

O presente tema deste referido trabalho tem como foco principal abordar os
valores educativos e a relação família e escola, este ainda dar ênfase as
concepções e as contribuições no meio social, dos ensinamentos sendo que dessas
duas instituições resultarão os traços culturais que passam de pais para filhos, esses
conhecimentos são as concepções transmitidas de geração a geração que foram
vividas por nossos ancestrais e até hoje continuam sendo ensinado por esses dois
núcleos: família e escola.
A família desde outrora procurou intensificar no âmbito comunitário o modo de
viver de cada membro familiar, tentou de certa forma preparar a criança para a
comunidade escolar. Ensinando, orientando mediante seus valores e princípios, com
esses ensinamentos resultariam na formação de um caráter pessoal, na conduta do
indivíduo e nas relações humanas. A escola como instituição formadora de
personalidades, simplesmente faria seu trabalho; a de educar, repassar
conhecimentos e formar para a vida em sociedade.
O tema supracitado sobressai das mudanças, substituições e perda de
valores que vem ocorrendo nas últimas décadas entre família e escola. É evidente
que cada uma dessas dimensões concebe valores educativos semelhantes, apenas
diferem no propósito que cada uma pretende atingir. O núcleo familiar por sua vez é
responsável pela educação dos filhos, uma vez que o lar onde a criança reside é o
primeiro lugar onde surgem as primeiras palavras. É aí, onde a criança começa a
aprender valores, costumes e regras. Essa herança cultural transmitida de pais para
filhos ocorre desde o nascimento do bebê, portanto, esse conjunto de pessoas que
convivem nesse grupo socializa entre si, apresentam técnicas de convivência,
comunicam e trazem consigo essa herança cultural, intelectual que são frutos de
relações humanas.
Já a escola, responsável pela instrução e formação de pessoas, ela é
detentora de bons modos, condutora de hábitos, cabe a ela no processo educativo
inserir o conhecimento cultural trazido pela criança e à medida que for processando-
o, vai contornando de modo que esse conhecimento torna essencial na formação do
caráter de cada indivíduo, da personalidade, de bons hábitos sociais que contribua
11

para a valorização cultural da sociedade. Não se deve esquecer que a mudança de


cultura ocorrida nos últimos tempos tem afetado o ensino/aprendizagem na
atualidade, uma vez que os ensinamentos adquiridos na família perpassam para a
escola, esta por sua vez os condiciona na formação, no caráter, na personalidade,
na vivência individual e social.
Em relação ao ensino no Brasil, vem se notando que o mesmo está defasado
se comparado com o que orientam os Parâmetros Curriculares Nacionais publicados
na década de 90, requerem dos professores e alunos, no entanto, a razão de ser da
escola, a de educá-los formalmente não é uma tarefa descartada pela sociedade,
apesar da influência da mídia eletrônica na formação cognitiva e de valores dos
alunos. Percebe-se que ainda não perdeu tanto espaço assim para a sociedade
informática. Não é uma tarefa fácil, abordar a questão dos valores na educação
escolar. A Pedagogia Tradicional levou-nos a acreditar por muitos séculos que a
principal tarefa da escola era a de transmitir conteúdos escolares, mas esse é um
modelo pedagógico que não se enquadra mais nas exigências do mundo moderno.
Faço uma ressalva aos padrões culturais vivenciados pela família e escola
que mudaram nas últimas décadas, papel de responsabilidade familiar passou a ser
assumido pela escola e vice-versa, mas vale apenas ressaltar que a família não
deve se manter dissociada da escola, pois, assim, os valores e os princípios da
família não entrarão em decadência. Só se nota que esses princípios familiares ao
longo da história vêm perdendo seu espaço na sociedade moderna, os valores
educativos vivenciados por essas dimensões estão sendo deixada de lado; a prática
ficando em desuso e isso sem dúvida acarretará um grande problema para a
sociedade.
Desde os tempos remotos houve a preocupação em aproximar família e
escola, pois estudos e pesquisas realizados comprovam que o vínculo dos pais ou
responsáveis com o processo de escolarização dos filhos, contribui para um maior
desempenho escolar de modo a alcançar níveis bem elevados, até mesmo chegar
ao ensino superior. No uso do material teórico se conhecerá as contribuições que o
núcleo familiar e o escolar vêm adicionar para compreendermos o porquê do desuso
dos valores, a distorção da cultura original, as novas práticas educacionais, o que
apontam cada pensador o rumo das políticas públicas, o que se pode fazer para
12

contornar essa problemática. E ainda esse tema será abordado em dois capítulos
com detalhamento mais aprofundado.
A realização deste trabalho será por meio de uma investigação qualitativa,
onde se trabalhará com os valores, crenças, hábitos, costumes, atitudes, opiniões e
representações, visa aprofundar com estudos de caráter bibliográficos com
processos particulares e específicos a indivíduos e grupos. Terá como referencial
teórico: LAHIRE (1997), PAIXÃO (2006), PORTES (2000), LAREAU (2007), entre
outros. Essa abordagem qualitativa é empregada para a compreensão de
fenômenos e de um alto grau de complexidade interna.
A metodologia usada nesse trabalho monográfico é uma pesquisa de caráter
qualitativa bibliográfica, o pesquisador investiga situações-problemas, procura
explorá-la, esclarecendo as razões pelas quais aconteceram. A nomenclatura
gramatical, o uso da língua padrão será obedecido no dissertar desse documento.
As normas da ABNT (Associação Brasileira Nacional de técnicas) serão observadas,
a fim de que esse documento de cunho investigativo seja de caráter para pesquisa e
fonte de trabalho para outras monografias.

2 A FAMÍLIA E AS TRANSFORMAÇÕES AO LONGO DA HISTÓRIA

Designa-se por família o conjunto de pessoas que possuem grau de


parentesco entre si e vivem na mesma casa formando um lar. Uma família
tradicional é normalmente formada pelo pai e mãe, unidos por matrimônio ou união
de fato, e por um ou mais filhos, compondo uma família nuclear ou elementar. Ela é
considerada uma instituição responsável por promover a educação dos filhos e
influenciar o comportamento dos mesmos no meio social. O papel da família no
desenvolvimento de cada indivíduo é de fundamental importância.
É no seio familiar que são transmitidos os valores morais e sociais que
servirão de base para o processo de socialização da criança, bem como as tradições
e os costumes perpetuados através de gerações. O ambiente familiar é um local
onde deve existir harmonia, afetos, proteção e todo o tipo de apoio necessário na
13

resolução de conflitos ou problemas de algum dos membros. As relações de


confiança, segurança, conforto e bem-estar proporcionam a unidade familiar.
Antes do século XVII, os valores e os conhecimentos relacionados às
profissões eram inseridos no seio dos grupos familiares. Os mais velhos repassavam
seus conhecimentos para os mais novos garantindo assim, o desenvolvimento das
atividades, a sobrevivência do grupo e a perpetuação da espécie. Nessa época, o
papel de instruir e educar os indivíduos não estava inserido em uma sociedade
complexa e evoluída. Segundo Cunha (2000), esses conhecimentos e valores que
eram transmitidos aos mais novos eram suficientes para a sobrevivência na
sociedade.
Com a revolução industrial esse conhecimento não atendia mais ao interesse
da sociedade, logo surgiu a divisão social do trabalho, precedida pelo capitalismo,
era preciso aprimorar esses conhecimentos de modo específico para atender as
novas demandas dessa nova era. A partir desse cenário, a escola ganhou força e
passou a ser vista como continuadora da educação familiar. Esta por sua vez, passa
a dividir a responsabilidade da educação que antes era só da família, assume agora
o compromisso pelos conhecimentos técnicos e científicos. Segundo Osório (1996,
p. 82) complementa a esse contexto dizendo o seguinte:
“costuma-se dizer que a família educa e a escola ensina, ou seja, à família
cabe oferecer à criança e ao adolescente a pauta ética para a vida em
sociedade e a escola instruí-lo, para que possam fazer frente às exigências
competitivas do mundo na luta pela sobrevivência.”

Com a transferência da educação familiar para a escolar, a parte discursiva


educacional mudou, novas temáticas e políticas surgiram. A função da família de
educar passou para a escola, evidente que uma nova Pedagogia apareceu, a família
ressurge com o intuito de colaborar com o ensino-aprendizagem dos filhos. Esta não
pode ficar ausente do processo educativo dos filhos. Foi graças ao movimento
escolanovista e higienista que a aproximação da escola com a família se destacou.
Após a mudança do ato de educar para o escolar, percebe-se que a família se
sente mais acomodada, porque aquela responsabilidade que era sua de “instruir” e
“civilizar”, agora em parte, é da escola. Denota-se um impacto parcial, esse impacto
é ocasionado pela ausência da família relacionada a vida escolar do filho. Percebe-
se também a perda dos valores e princípios, nessa corrida evolucional, é evidente
que as transformações surgirão na sociedade, mas não significa que se deve
esquecer de nossa cultura, daquilo que se acredita, pode-se mudar o
14

comportamento, “mas os valores deve se anexar as novas condutas, caso contrário


as consequências daquilo que se despreza pode ser percebida muito tarde.”
FREIRE(1996).
Ao focar nesse trabalho os valores educativos e a relação família e escola
dentro de um contexto sociocultural, observa-se o período histórico desde o século
XVII até o atual, levando-se em considerações práticas apreendidas por alguns
intelectuais como Paulo Freire, Içami Tiba, Augusto Cury, Henri Wallon, Carlos
Libâneo, Vygotsky e Jean Piaget. Percebe-se que as iniciativas destes é ajudar a
família e melhorar as práticas escolares para o desenvolvimento da sociedade e o
progresso do país. Assim afirma Cury (2003, p. 114 e 115), “buscar uma escola que
eduque os jovens para extraírem força da fragilidade, segurança da terra do medo,
esperança da desolação, sorriso das lágrimas e sabedoria dos fracassos.”

2.1 ESTRUTURA FAMILIAR

Reportando-se a figura da família para o judaísmo no tempo de Jesus,


vemos que a estrutura familiar era patriarcal, ou seja, o chefe da família era sempre
o pai, em sua falta o filho mais velho o substituía, sabendo que este devia ter mais
de 12 anos, pois, menor que esta idade, juntamente com a mulher (mãe), a
sociedade judaica os classificavam como uma categoria inferior como os surdos, os
cegos, os pagãos, etc. A Bíblia nos mostra também que ainda no tempo de Jesus, o
próprio mestre na cruz entrega sua mãe a João, o discípulo amado, dizendo: “Eis aí
tua mãe.” (João; 19, 27), conclui-se que uma nova família começa, ultrapassando os
laços sanguíneos. Significa que a evolução da família já vem desde a criação.
Mas essa mudança veio aumentar com o capitalismo moderno, que
introduziu um novo modelo de família, com uma organização econômica diferente, a
chamada família “estruturada”, tinha-se a visão de um casal unido pelo casamento e
morando na mesma casa com os filhos. Hoje, porém, é preciso ter um novo olhar
sobre essa organização. Uma família pode ser considerada harmônica e estruturada
independentemente de sua constituição; e pode ser desestruturada mesmo quando
formada por pai, mãe e filhos. Isso porque a estrutura não define necessariamente a
15

relação que existe entre as pessoas que formam a família. Nesse caso Bock (2004,
p. 249) acrescenta dizendo:
a família, do ponto de vista do indivíduo e da cultura, é um grupo tão
importante que, na sua ausência, dizemos que a criança ou o adolescente
precisa de uma “família substituta” ou devem ser abrigados em uma
instituição que cumpra suas funções materna e paterna, isto é, as funções
de cuidados para a posterior participação na coletividade.

Com as transformações ao longo da história, a família passou a ter nova


estrutura, valores e condutas; não se tem mais a figura da família tradicional e tão
pouco se fala em casamento para se obter uma família. Esta apresenta
características diferentes das anteriores, agora não existe modelo único de família,
podendo ser monoparental, substituta, tradicional ou um grupo de pessoas que
escolhem por razões afetivas conviver com outras pessoas em determinado local
tendo ou não criança, adolescentes, jovem ou idoso.
É evidente que, com este novo modelo de família vem junto os problemas
sociais, econômicos e psicológicos. A mulher precisa agora trabalhar fora de casa
para sustentar a família. O marido ou simplesmente o pai não tem mais aquela
responsabilidade que antes tinha o de sustentar a família. As crianças não são mais
criadas com as mães ou com os pais, podendo ter apenas a presença de um deles,
portanto, a família pode ser: aquela em que há uniões livres sem casamento civil ou
religioso; a tradicional, formada por pai, mãe e filhos, onde a sociedade julga não ter
problemas; aquelas chefiadas apenas por mulheres ou homens (monoparentais)
decorrentes de diversas situações; mulheres que decidem ter filhos sem saber quem
é o pai (produção independente); formadas por casais homossexuais; ou por
pessoas convivendo no mesmo espaço sem vínculo de aliança ou consanguinidade,
mas com ligações afetivas, assim na concepção de BRITO, este aborda que:
Os pais são os únicos que podem ajudar os filhos a adquirirem as
ferramentas necessárias para que possam ingressar na vida adulta, para
que os filhos possam tomar as próprias decisões e sejam capazes de traçar
quais caminhos desejam para suas vidas. (BRITO, 2009, p. 6)

Não importa o tipo de família em que a criança convive, o importante que os


pais contribuam com um ambiente saudável, afetuoso, onde cada pessoa tenha a
certeza de contar com a outra e a educação seja prevalecida no intuito de ajudar as
crianças e os jovens nas tomadas de decisões em prol de um caminho promissório
16

em favor da vida e de um desenvolvimento humano saudável. É o que assegura a


Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), n. 9394/96, em seu artigo 1º:
“A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida
familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais.”

Hoje, percebe-se que o modernismo é marcado pela ausência de um projeto


familiar, produzindo entre o homem e a mulher um relacionamento individualista,
evidenciado pela fragilidade e pela insegurança, não tendo entre ambos uma
preocupação com o futuro e tão pouco com uma felicidade estável, trazendo, porém,
grandes males à estrutura familiar. Também outra questão de grande importância é
o planejamento familiar essencial para a estrutura da família. Aquele difere
completamente do controle de natalidade, pois, planejamento familiar, refere-se a
decisão do casal com base no amor e nas suas capacidades humanas e
econômicas de receber e educar os filhos, frutos de seu relacionamento, sendo um
direito garantido ao casal pela Constituição Brasileira no seu artigo 226: “O
planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar
recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito”.
O casal, porém, necessita superar o egocentrismo, o egoísmo humano que
recusa a vida em busca de conforto e comodidade. Mas, a concepção indiscriminada
de filhos por certo não será um bem, caso não sejam criados com amor e
responsabilidade. Às vezes as pessoas tomam decisões totalmente opostas aos
seus valores, metas e aspirações. A verdade é que as obrigações de uma vida
conjugal precisam ser repartidas igualitariamente entre os cônjuges em todos os
níveis, focando com isso o planejamento familiar, a educação, a formação e o
cuidado com os filhos. Somente desta forma, o casal estará investindo numa
estrutura familiar saudável, baseada na felicidade e na harmonia de seu
relacionamento.

2.2 RELAÇÕES FAMILIARES

Em se tratando de família é um lugar de encontrar, conhecer, amar, cuidar e


educar, um centro educativo por excelência. É na família que a vida do filho é
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construída. Pai e mãe devem ser os orientadores, revelar um coração amoroso,


mostrar disponibilidade, oferecer a própria presença em sinal de amor. Cada
membro da família precisa se sentir aceito, conhecido e amado. Assim, SOUZA e
LOCK afirmam que:
“Ser pai, ser mãe. Ter uma família. Desejo que é próprio do ser humano.
Todos esperam nos seus lares a chegada de um filho.
Relação afetiva, maravilhosa, que se perpetua por toda a vida. Não há amor
maior entre os seres humanos que o amor pelos filhos.” (SOUZA E LOCK,
2008, p.3)

Segundo os autores acima, eles fazem uma menção em relação aos laços
familiares onde o amor pelos filhos é um dos valores indispensáveis no meio
familiar. Ser pai, ser mãe é um sonho de todo ser humano, é o que atrai o homem e
a mulher um pelo outro. Desde pequeno, o menino e a menina são motivados pelos
pais que diziam que um dia seriam papai e mamãe. E ambos crescem com esse
sentimento, com essa vocação, com esse laço paternal ou maternal.
Toda família tem sua história, mesmo que seja simples, ela é construída na
relação que se estabelece entre pais e filhos, que traz as marcas do viver e pensar
dos antepassados e que se perpetuará por meio dos seus descendentes. No início
da colonização, a família era entendida como uma instituição estabelecida pelos
laços sanguíneos, originada no casamento. A figura do pai era a principal (o
patriarca), ele era o chefe do lar, logo era o responsável pela família. Todos o
obedeciam, mesmo aquelas pessoas de famílias diferentes que moravam na casa.
Em relação aos filhos, somente aqueles gerados pela união estável, isto é, o
casamento, era considerado legítimo.
Em meados do século XX até pouco tempo atrás, predominou no Brasil a
chamada “família nuclear”, aquela formada por pai, mãe e filhos. Essa concepção de
família excluía outros membros que eventualmente fizesse parte desse grupo. Esse
quadro mudou com a Constituição Brasileira de 1998, nos artigos 5º, 7º, 201, 208 e
226 a 230, que representou avanço significativo ao trazer inovações como um novo
conceito de família:
 “união estável entre o homem e a mulher”;
 “comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”;
“os direitos e os deveres referentes a sociedade conjugal são exercidos igualmente
pelo homem e pela mulher”.
18

Já o Estatuto da Criança e do Adolescente conceitua família como sendo um


grupo de duas ou mais pessoas unidas por laços de afetividade. O ECA considera
como família não somente a família natural, mas também a família substituta, a
guarda e a tutela, ou seja, toda organização em que as pessoas convivam em
harmonia, protegendo, educando. Neste contexto, KALOUSTIAN reforça que:
O Brasil, cada vez mais urbano, vem sendo marcado por profundas
transformações sociais, econômicas, culturais, éticas e mesmo ao nível do
comportamento humano. Permanece, contudo, um consenso em torno da
família como espaço privilegiado para a prática de valores comunitários e o
aprofundamento de relações de solidariedade. Reitera-se também a
permanência de suas funções, consideradas insubstituíveis quanto à
assistência, promoção de valores, educação, proteção aos seus membros
e, sobretudo, lugar de encontro de gêneros e gerações. (KALOUSTIAN,
2004, p. 9)

A família é responsável pela alimentação e proteção da criança. A iniciação


das crianças na cultura, nos valores e nas normas de uma sociedade começa na
família. “Para um desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade, a
criança deve crescer num ambiente familiar, numa atmosfera de felicidade, amor e
compreensão”. (UNICEF, 1990)
Em 11 de janeiro de 2003, entrou em vigor o novo Código Civil Brasileiro
(CCB), este ampliou o conceito de família que passa a ser considerada como
qualquer união estável entre pessoas que se gostam e se respeitam. O juiz Juarez
Marques Luz (2005), titular da 2ª Vara da Família Alagoana, em sua reflexão sobre
esse conceito, faz a seguinte afirmação:
Ainda tem gente arraigada na história da colonização, mas a própria lei se
modernizou. Família pode ser constituída por casais que nunca legitimaram
a relação; por gente que nunca se casou nem no civil nem no religioso. É
convivência harmoniosa que começa a partir de duas pessoas livres, sem
comprometimento civil. Para desenvolver saudavelmente, com equilíbrio
emocional que favoreça a formação da personalidade, a criança precisa
acima de tudo de afeto. O lado material sozinho não basta. É preciso morar
num lar com pessoas amorosas. Esse vínculo de afetividade é o que pesa
perante a lei, quando se trata da abrangência familiar . (SOUZA, 2008, p.
10)

Para um relacionamento familiar saudável, é preciso que os filhos conheçam


suas origens, para que os mesmos respeitem os valores que identificam sua família,
busquem o sentimento de pertencimento para não buscarem uma identidade muitas
vezes inadequada existentes em outros ambientes. É importante que eles se sintam
orgulhosos de fazer parte dessa família. Não importando como essa família é
estruturada. Apenas faço uma ressalva que com a nova estruturação familiar
19

desencadeou novas condutas e comportamentos, sentimentos e formas de agir, não


só dos pais, como também dos filhos e de outras pessoas que fazem parte da
família.
O respeito e a valorização da família como célula-mãe da sociedade é papel
de cada um que faz parte desse grupo. Porque o importante é a relação e a boa
convivência entre os membros que a compõem. Segundo Cury (2003) “Os filhos não
precisam de pais gigantes, mas de seres humanos que falem a sua linguagem e
sejam capazes de penetrar-lhes o coração.”
Para que o grupo familiar apresente uma boa convivência precisa apenas que
os pais falem a língua dos filhos, os ouça, dialogue, divida suas emoções, palavras,
surpresas, conte histórias, divida seus problemas, mostre seus erros e faça com que
os erros deles sejam para eles ponto de partida até seu ponto de acerto. Assim a
criança cresce com esses ensinamentos e aos poucos vão amadurecendo com
esses princípios morais, levando assim um bom comportamento para a vida em
sociedade. Os pais não precisam ser super-heróis, basta serem seres humanos e
procurem no seu “eu” como se fosse seu filho.
De acordo com Wallon (1999), o aprendizado no começo da vida da criança
se dá na relação com quem cuida dessa criança, por meio da emoção. É por meio
desta que a criança se une ao ambiente familiar de forma íntima. Portanto, não é
exagero dizer que a afetividade desempenha papel fundamental em todos os
progressos que ocorrem nesse período de existência do ser humano. Já Vygotsky
(1998) afirma que o aprendizado, portanto, se dá pela interação entre os indivíduos
envolvidos no processo – aqui se inclui a família como grupo responsável pelo
desenvolvimento da criança. Não se pode esquecer que a relação afetiva saudável
dar aos pais o prazer de não somente ouvir o que o filho diz, mas perceber o que ele
sente. E saber ajudá-lo com esse sentimento, e como consequência, com suas
emoções. Assim:
Educar, pois, providamente a juventude é providenciar para que os espíritos
dos jovens sejam preservados das corruptelas do mundo e para que as
sementes de honestidade neles lançadas sejam, por meio de admoestações
e exemplos castos e contínuos, estimuladas para que germinem felizmente,
e, por fim, providenciar para que as suas mentes sejam imbuídas de um
verdadeiro conhecimento de Deus, de si mesmas e da multiplicidade das
coisas; para que se habituem a ver a luz de Deus, e a amar e a venerar,
acima de tudo, o Pai das luzes (COMÊNIO, 1957, p. 67).
20

Percebe-se que os jovens estavam habituados a conviver com bons e maus


exemplos, contudo, estes eram em maior número e faziam com que os bons
exemplos fossem ineficazes. Ao crescer sem a devida cultura e distante da virtude,
os jovens adquiriam costumes e hábitos grosseiros, depravados e confusos. Por
esses motivos, COMÊNIO (1957, p.178) defendeu que a educação da infância
norteasse os espíritos por toda a vida, pois, “o melhor momento para remediar as
deficiências e os excessos das inteligências, seria quando fossem novas”. E dentro
desse pensamento acrescento ainda, dizendo que para uma convivência eficaz é
necessário que os progenitores dos filhos utilizem estratégias de interação tais como
o diálogo, o afeto, o limite e a construção de regras. Pois da boa relação familiar
será o reflexo desta na escola e na sociedade.

2.3 VALORES FAMILIARES

Quando se trata dos valores da família não se pode esquecer que o lar é o
autêntico formador de pessoas. As crianças aprendem desde cedo com seus pais,
não só o que estes lhes contam, mas também, o que elas veem neles, como atuam
e sobressaem diante dos problemas que surgem. Os filhos procuram copiar seus
progenitores perante a vida, mas aos poucos vão compreendendo melhor sua forma
de atuar, mas guiando-se pelo que vê em casa. Dessa forma:
Sendo a família lugar de desenvolvimento humano, torna-se essencial que
nela ocorra o exercício de valores. Para que esse exercício aconteça de
forma efetiva, os pais ou adultos responsáveis pela educação das crianças
e jovens devem ter a clareza de que os valores servem como orientação
para conduzir nossas vidas e fazer nossas escolhas... como qualidades que
identificam o homem... (SOUZA, 2008, p.14)

A autora se refere no que diz respeito ao conhecimento do uso dos valores


pelos progenitores como meio de orientação e aprendizagem de vida pelos
componentes do grupo familiar. Levando o indivíduo a sua verdadeira identificação
como homem, e sua revelação por meio de suas ações.
Exercitar na família valores como dignidade, liberdade, responsabilidade,
solidariedade, justiça, criatividade, afetividade, entre tantos outros, vai plantando
atitudes que refletem amizade, bondade, compreensão, cortesia, fortaleza,
21

fidelidade, confiança, generosidade, lealdade, paciência, perseverança, respeito,


esperança, sociabilidade na história dos filhos. Assim:
Bons pais preparam os filhos para os aplausos, pais brilhantes preparam os
filhos para os fracassos. Este hábito dos pais brilhantes contribui para
desenvolver: motivação, ousadia, paciência, determinação, capacidade de
superação, habilidade para criar e aproveitar oportunidades. (CURY, 2003,
p. 37)

Aqui o autor faz uma comparação entre o bom pai e o pai brilhante, este por
sua vez prepara o filho para enfrentar as derrotas e não se decepcionar diante dos
obstáculos, também educa para a prática da sensibilidade. Enquanto que aquele
prepara seu filho para as vitórias e aplausos, nesse caso se o jovem não se sair
bem, evidente que não será perdoado, logo foi educado de forma insensível, ou
seja, de modo que não pode perder. Alguns pais por serem rígidos demais acabam
frustrando seus filhos e muitas vezes os tornando agressivos e egoístas. Portanto,
“os erros podem ser transformados em acertos quando as pessoas aprendem com
eles.” (TIBA, 2002)
Não esquecer que é na convivência familiar que os valores e os princípios se
revelam, nas relações diárias de pais e filhos, irmãos, primos, tios, avós, entre outros
membros. Para que os filhos se mantenham vivos dentro de si os valores que
identificam sua família, é preciso que tenham, a seu lado pai, mãe e adultos com
que possam compartilhar valores. Assim, Vasconcellos (2012), afirma que, “valor é
um fim, algo para o qual a ação humana pode e deve se dirigir, aquilo que “vale a
pena”; valor é o que dar sentido a atividade e, no limite, a vida.”
Bem se sabe que o futuro do filho é antecipado na família que ele convive.
Que esta não seja a única referência para a criança, para o adolescente ou para o
jovem, é nela que eles recebem o maior número de exemplos e estímulos para suas
escolhas, e os valores exercidos nesse espaço e tempo que estabelecem as bases
das decisões, das ações e das relações de vida. É importante dar as crianças
oportunidade de ouvir histórias de sua família: como ela é composta, suas tradições,
hábitos e cultura. Com isso elas compreenderão e respeitarão os valores humanos
presentes nesse grupo. É necessário que as crianças ouçam outras histórias de
outras famílias para considerar a diversidade e aprender a respeitar as diferenças.
Assim diz Lispector (1740), “sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa
ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar.”
22

Não se deve esquecer que a mesma família que ensina seus valores, também
influencia em diversos fatores negativos, eis um dos motivos por nossas crianças
está hoje nas escolas ocasionando problemas e deficiências de aprendizagem. Uma
vez que se sabe que a família é a base da sociedade, por isso é preciso saber muito
bem educar os membros que a compõem, desde pequeno até seu ingresso ao
escolar, e daí ambos caminharão juntos em parceria. Apesar de vivermos numa
sociedade caracterizada por situações de injustiça e desigualdade, faz com que as
famílias lutem mesmo com dificuldade para sobreviver.
Esses problemas atingem principalmente as crianças que enfrentam
dificuldades para aprender. Essas dificuldades devem ser compreendidas pelo
professor quando for diagnosticada. Esses problemas podem estar ligados a
estrutura familiar, ao número de irmãos e a posição do aluno entre eles e ao tipo de
educação dispensada pela família. Segundo afirma Tiba:
Quando os pais permitem que os filhos, por menores que sejam, façam tudo
o que desejam, não estão lhes ensinando noções do que podem ou não
podem fazer. Os pais usam diversos argumentos para isso: “eles não
sabem o que estão fazendo”; “são muito pequenos para aprender”; “vamos
ensinar quando forem maiores”; “sabemos que não devemos deixar... mas é
tão engraçadinho” etc. (TIBA, 1996, p. 15)

Em se tratando da estrutura familiar, nem todas as crianças pertencem a


famílias com pai e mãe, com recursos suficientes para uma vida digna. Na maioria
das vezes, verificam-se situações diversas: os pais estão separados e a criança vive
com um deles; o aluno é órfão, vive no lar desunido; a criança vive com algum
parente; etc. Muitas vezes, essas situações trazem obstáculos à aprendizagem, não
oferecem a criança um mínimo de recursos materiais, de carinho, compreensão,
amor. Apesar de muitas famílias se esforçarem para uma sobrevivência difícil, às
vezes gerando tensões e conflitos para a criança, de um lado uma família sem
recurso; de outro, uma escola que exige ordem e organização. Pode-se dizer que a
escola não está adaptada a realidade da maioria de seus alunos que, por isso
mesmo, não aprendem o que lhes é ensinado.
Além de todos os problemas, a criança quer aprender, vê na escola uma
possibilidade para mudar de vida. Entretanto, o modo como a escola o trata faz com
que ele desista, perca o gosto de estar naquele lugar, são poucos os que
conseguem vencer aquele ambiente hostil, de cem crianças que começam a
primeira série do primeiro grau, apenas dez conseguem chegar ao segundo grau. A
23

posição da criança entre os irmãos também pode afetar o rendimento escolar.


Quando a quantidade de irmãos é numerosa, torna-se difícil de dar a atenção de que
precisam. Crianças de famílias numerosas costumam ter maior experiência de
atitudes cooperativas e serem mais independentes. O professor deve estar atento
para que a falta de afeto não prejudiquem a aprendizagem e saiba valorizar os
aspectos positivos dessas crianças. Para tanto, necessita criar mecanismos para
que a família acompanhe a vida escolar de seus filhos. Assim Freitas (2006, p. 01)
confirma o seguinte:
Acredita-se que o diálogo, a compreensão, o compromisso são elementos
indispensáveis para que se consiga terra fértil. Assim faz-se necessário o
investimento no sentido de se construir boas relações, procurando
minimizar a indisciplina. Diante do exposto propõe-se a implantação de um
mecanismo de representatividade dos professores junto aos alunos e
comunidade escolar.

Há o caso do filho único, este tem todas as atenções dos pais, que
geralmente fazem suas vontades, na escola, este poderá desenvolver bloqueios à
aprendizagem, poderá desvalorizar a escola, querer abandoná-la, etc. Exige-se aqui
todo um trabalho de adaptação a vivência em grupo. O filho caçula poderá
desenvolver as mesmas dificuldades do filho único, logo os pais voltarão suas
atenções exclusivamente para ele. Outra situação que merece muita atenção é onde
numa família de muitos filhos, o aluno é o único de seu sexo: todos os outros são do
sexo oposto. O tipo de educação é outro fator ligado a família que afeta a
aprendizagem.
Outro problema que ocorre muito quando o pai educa o filho de um jeito e a
mãe de outro, isso ocasionará um sério problema para a criança na escola. Aquelas
crianças em que os pais mimam muito, tendem a se dedicar a aprendizagem
escolar, preferencialmente, quando esta constituir um meio para alcançar o mimo,
que costuma ter em casa. Nesse caso, para diminuir os efeitos negativos do mimo,
cabe ao professor fazer um trabalho com os pais, no sentido de que estes
substituam o excesso de mimo por uma educação mais equilibrada.
É importante ressaltar que os pais não devem cobrar demasiadamente dos
filhos, pois acabam se frustrando por não desenvolverem nos filhos, o que deixaram
de conseguir. A falta de amor pelos filhos ocorridas em muitas famílias pode gerar
defasagem na aprendizagem. Todos esses fatores gerados pela família irão de certo
24

modo afetar no desenvolvimento da aprendizagem da criança e no convívio em


sociedade. Souza (2008, p. 36) reafirma, dizendo:

Quando educados com amor, os filhos têm sua afetividade desenvolvida e


são seguros, se interessam pelo mundo, pelas pessoas, compreendem os
seus limites e os dos outros, apresentam melhor desenvolvimento
emocional e intelectual, sentem-se amados e prontos para amar. A
afetividade não se dá somente por contato físico, os gestos, as palavras e o
próprio silêncio afetam profundamente o outro, exigindo qualidade na
presença e doação.

A autora elenca quando a família educa com amor os filhos se tornam


seguros, apresentam sua afetividade ativa, aprendem a compreender melhor seus
limites sem desrespeitar os dos outros, são capazes de controlar suas emoções e se
desenvolver intelectualmente, além de proporcionar ao outro amor e esse ser
correspondido. Mas não se pode esquecer que o mundo, a sociedade, também
educa, somos marcados por eles, e podemos aprender a todo o momento. É preciso
a participação da família nesse aprendizado, a qual já se deu início a socialização.

2.4 RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA

Ao reportar a expressão “relação família-escola” subentende-se que estas


duas instituições caminham juntas em parceria, cada qual cumprindo seu papel, e
unidas cooperam uma com a outra, cada qual dentro de seu limite, ambas visando o
mesmo objetivo, o aprendizado da criança. Nos momentos de encontro entre a
escola e as famílias (reuniões de pais e mestres), a educação dos filhos precisa ser
abordada num clima de aproximação entre essas instituições, e o diálogo é o
elemento fundamental. Logo a escola e a família enfrentam problemas, pois suas
dificuldades diante da vida cotidiana de cada aluno ou filho é uma das questões a
ser debatida por essas instituições, uma vez que são atribuídos a fatores diversos,
inclusive os familiares. Segundo Maimoni e Bortone (2001, p. 68).
A interação família e escola, envolve a participação da família no processo
educacional tem sido intensamente explorada por estudiosos nas últimas
décadas. E muitos desses estudos tinham por finalidade apontar os
benefícios da relação família e escola, esclarecendo como pode ocorrer a
participação dos pais.
25

Os autores apenas confirmam o quanto melhorou as atitudes no processo


educacional depois da parceria entre família e escola e os meios que se tem
trabalhado para atingir os objetivos desejados. Ainda Maimoni e Bortone (2001, p.
68) informam que as pesquisas realizadas indicam que o envolvimento dos pais
pode ocorrer de diversas maneiras, como o que se segue:
Acompanhamento das tarefas e dos trabalhos escolares; estabelecimento
de horários de estudo; acompanhamento do rendimento escolar do aluno na
escola; encorajamento ao desenvolvimento por meio do reforço aos
esforços da própria criança; participação na programação da escola, como
atividades esportivas e extracurriculares; auxílio ao filho adolescente na
seleção de cursos entre outros. (MAIMONI; BORTONE, 2001, p. 68)

Muitos fatores ainda influenciam na aprendizagem da criança, muitas vezes


desconhecidos, exclui pais e delega à escola o poder de decisões sem a
participação ativa da família. Hoje é uma realidade, a falta de tempo dos familiares
para compartilhar assuntos de interesse comum, como por exemplo, questões
escolares. Pai e mãe passam a maior parte do dia envolvido com o trabalho fora de
casa para prover o sustento da família. Nas grandes cidades, ainda se agrava esse
aspecto em função da demora do retorno para casa, após a jornada de trabalho.
Apesar dessa realidade, é preciso enfatizar que a relação familiar precisa
ser alimentada. Os momentos de diálogo e participação nos assuntos
comum devem ser garantidos. “A família é o primeiro e principal contexto de
socialização dos seres humanos, é um entorno constante na vida das
pessoas; mesmo que ao longo do ciclo vital se cruze com outros contextos
como a escola e o trabalho. Essas pessoas vivem normalmente uma
relação afetiva.” (EVANGELISTA; GOMES, 2003, p. 203)

A maioria dos problemas enfrentados pela escola é ocasionada pelo


distanciamento da família, a instituição, esta precisa ouvir os pais para cumprir seus
projetos educacionais e conhecer como se dá a interação dos alunos com seus pais.
E estes, por sua vez, precisam ouvir a escola para dar continuidade e suporte em
casa, aos desafios que os filhos enfrentam. Os procedimentos podem ser diversos,
mas o vínculo entre esses dois parceiros deve ser consolidado, especialmente
quando os jovens chegam aos níveis mais elevados. Nota-se, “que quando os
alunos estão em uma fase mais atribulada da vida, a presença dos pais na escola
diminui.” (Revista Pátio, jun/ago 2013, nº 17).
Não se pode esquecer que até certa altura, os pais apresentam uma boa
frequência na escola, isso vai da Educação Infantil ao ensino Fundamental, já no
26

ensino Médio, essa frequência diminui. O Código Civil Brasileiro (CCB) elenca um rol
de deveres de competência dos pais. Em especial, os incisos I e II do artigo 1634,
que estabelecem a obrigação que tem o pai de cumprir com as responsabilidades
inerentes ao seu papel com destaque à criação, educação, guarda, companhia e
proteção dos filhos. E ainda a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB), n. 9394/96 afirma, em seu artigo 29:

“A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como


finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em
seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a
ação da família e da comunidade.” (BRASIL, 1996).

Com esse olhar sobre o desenvolvimento integral, é necessário levar em


conta os diversos contextos em que a criança se encontra. Atualmente, a criança é
vista:
“Como sujeito social ou, desde muito cedo, agente construtor de
conhecimento e sujeito de autodeterminação, ser ativo na busca do
conhecimento, da fantasia e da criatividade, que possui grande capacidade
cognitiva e de sociabilidade e escolhe com independência seus itinerários
de desenvolvimento.” (OLIVEIRA, 2005, p. 81)

A escola, porém, complementa a família nas questões educacionais e, como


tal, necessita ser um lugar agradável e que demonstre afetividade para a criança.
Assim sendo, a família e a escola podem promover situações complementares e
significativas de aprendizagem, mostrando com clareza que os papéis da escola e
da família são distintos, havendo responsabilidades e objetivos comuns entre elas.
Uma vez que estas atuam em parceria, quem ganha é a criança, embora os pais se
beneficiem, pois ganham autoconfiança e respeito do seu papel e, para que isso
aconteça, a comunicação entre família e escola deve ser aberta, permanente e
construtiva.
Hoje os pais e educadores sofrem com inquietude da incerteza: como melhor
educar? Muitas pessoas culpam que os adultos são permissivos, que os pais se
irritam, os filhos se revoltam, os professores se inquietam, os mais velhos se
lastimam da má educação da nova geração. Muitos comentam, mas poucos
apontam soluções. Há ainda pais que reclamam da escola, como também existem
escolas que reivindicam dos pais, professores que exigem dos alunos, assim
também, existem alunos que se opõem aos professores. Nesse contexto:
Essas inquietações confirmam a ideia de que educar é uma tarefa bastante
complicada, que exige reflexão, sensibilidade, determinação,
27

responsabilidade, consciência e atitude. Refletir sobre a tarefa de educar


nunca foi tão necessário como nos dias atuais, “pois a preparação para a
vida, a formação da pessoa, a construção do ser, são responsabilidade da
família.” (CHALITA, 2001, p. 21)

É importante que pais e professores desenvolvam ações educativas diante


dos desafios de educar as crianças. Fazem-se necessários que atuem juntos, ou
seja, reforce princípios básicos de boa convivência, estabeleça limites e oriente no
cumprimento das regras. A partir do momento em que eles conseguirem respeitar
regras sem imposição do adulto, conquistarão aos poucos sua liberdade e sua
autonomia. Uma vez que, queremos filhos que saibam tomar decisões, respeitando
o outro e fazendo valer as suas razões sempre de forma educada. Assim, o diálogo
e o exemplo são os melhores recursos para que a criança desenvolva sua
autonomia.

3 A ESCOLA ONTEM E HOJE

Ao reportar as origens da educação, denota que no princípio não havia


instituições escolares, a família era exclusivamente responsável por essa educação.
O pai e a mãe eram os mestres, cabiam a eles instruir e educar seus filhos conforme
a necessidade vigente daquela sociedade. É evidente que essa educação era
voltada mais para os ensinamentos de sua cultura, bem como seus hábitos,
comportamentos, crenças, valores morais e religiosos, regras de convivência, o
suficiente para a sobrevivência da sociedade. Assim, Gomide (2004) reafirma o
seguinte: “quando a família deixa de transmitir estes valores adequadamente, os
demais veículos formativos ocupam seu papel.”
Depois surge no campo educacional as ideias socráticas, voltada a uma
educação pensante e conhecedora do conhecimento, quebrando assim o gelo das
grandes famílias, até então detentora do conhecimento primitivo. Mas a partir do
século XIII, durante o período medieval, sobressai as ideias relativas a educação e
uma nova definição de pedagogia mediante Santo Tomás de Aquino apoiado nas
ideias aristotélicas, cujo, afirmou que a educação ou ensino não é simplesmente
comunicação ou infusão de ideias, mas, sobretudo solicitação, estimulação,
orientação para levar o indivíduo a desenvolver suas potências naturais por meios
28

normais e gradativos. Também não se pode esquecer que tanto Santo Agostinho
como Santo Tomás de Aquino contribuíram muito com suas ideias para as práticas
educacionais ao longo da História.
Com a revolução industrial, a educação passou por uma transformação mais
estratégica, isto é, antes era ministrada pela família, esse conhecimento agora não
objetivava as novas demandas, era necessário que outra instituição se encarregasse
de instruir e preparar os jovens com os conhecimentos técnicos e científicos para
atender as exigências da nova sociedade que se formava, a capitalista. Com o
capitalismo, surgiu a divisão do trabalho, que ambos, agora exercem funções
diferenciadas de acordo com a capacidade e a qualificação de cada indivíduo.
Freitas (2006, p. 20) vem complementar a esse contexto afirmando que:
“Historicamente, até o século XIX, havia uma separação das tarefas da
família e da escola: a escola cuidava do que se chamava “instrução”, ou
seja, a transmissão dos conhecimentos/conteúdos da educação formal e a
família se dedicava à educação informal: o que podia-se definir como o
ensinamento de valores, atitudes e hábitos. No mundo moderno, a
educação passa também a ser objeto de atenção das famílias, que, apesar
de se preocuparem com a qualidade do ensino, transferem à escola
competências que deveriam ser suas tão somente. Não veem a escola
como segunda etapa da educação, mas criam nela toda a expectativa de
que será responsável, a vida toda, pela educação de seus filhos. E, em
muitas vezes, esquecem de fazer sua parte.”

Até pouco tempo as escolas utilizavam o modelo pedagógico tradicional, onde


o professor era o detentor do conhecimento, o aluno era um mero absorvedor de
conteúdo, digeria tudo que a escola propusesse, não podia reivindicar nada, se
cometesse algum erro, era punido severamente. Mas a partir do século XX,
mediante aos conhecimentos pedagógicos do século XIX, permitiu que se chegasse
a um conceito bem mais pragmático da educação. Nesse período sobressaem Maria
Montessori, Lorenzo Luzuriaga, Lorenzo Filho e Anísio Teixeira, esses pedagogos
fizeram parte da escola ativa, onde a educação se baseava no trabalho da
autoeducação, ou seja, trabalhava o aluno por suas aptidões de acordo com o tipo
de inteligência que apresentavam.
Em seguida, em 1958 surge Paulo Freire, um grande educador que deixou
seu marco na história. Ele traz uma pedagogia educacional baseada no
construtivismo que a criança constrói seu conhecimento a partir de suas
experiências vividas, o professor não repassa conhecimentos, simplesmente ele
funciona como mediador entre o conhecimento e o aluno, mediante suas
29

experiências empíricas. O próprio Freire (1996) reafirma isso, dizendo, “ensinar não
é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção
ou a sua construção”.
A partir de 1549, foi lançado no Brasil um sistema de educação que se
expandiu por toda a colônia, isso no período colonial, os jesuítas instruíram os índios
a ler, escrever, contar e falar o português, aqui se incluíam também os filhos dos
colonos. Aqueles utilizaram uma educação de aculturação, isto é, acabou com a
cultura de um povo, induzindo ao conhecimento de outra cultura. Os jesuítas
contribuíram muito para o progresso da educação brasileira. O ensino começou a
ser organizado no Brasil por níveis, primário, médio e superior, somente no período
autoritário pela Lei 5.692. As disciplinas das séries nos determinados níveis,
deveriam dar sequência no nível seguinte. Mediante a esse contexto Paiva (1973, p.
53) reafirma, dizendo:
“a educação popular colonial é praticamente inexistente. Excetuada a ação
dos jesuítas e outros religiosos nos primeiros momentos, quase nenhuma
atenção é dada ao problema e, além disso, o incipiente sistema então
montado se desmorona a partir do século XVIII. A educação popular dos
primeiros tempos, utilizada como instrumento de cristianização e de
sedimentação do domínio português, não sobrevive à ação de Pombal. Já
no século XIX, a vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808
provocou a criação de escolas superiores e preocupações com o
desenvolvimento do ensino para as elites em geral.”

Se compararmos a escola hoje com o que ela foi ontem muita coisa mudou, a
escola se tornou um ambiente livre onde pode e deve ser abordado qualquer
assunto sem restrições políticas ou morais. É verdade que a família se tornou
ausente no ambiente escolar, Tiba (2002) reafirma isso, dizendo, “mãe e pai: duas
faces da mesma moeda. Numa reunião de pais de alunos, o pai comparece muito
menos que a mãe numa reunião de mãe, o pai nem chega perto!” Dizem que foi
culpa da mudança dos tempos. Mães que saem para trabalhar fora para ajudar no
orçamento doméstico e muitas vezes, são chefes de família.
Hoje a escola se tornou um ambiente não só para ensinar, mas também para
educar; acabou assumindo o lugar da família. Mas para a escola deve estar claro
qual o seu papel, qual a sua função. Pois a escola tem como função formar cidadão
com saberes indispensáveis para a sua inserção na sociedade. Freire (1996)
confirma isso quando diz, “ensinar exige respeito aos educandos,” é preciso que a
escola trabalhe com a realidade, com as tecnologias e etc. Que forme cidadãos que
30

contribuam ativamente da vida econômica e social do país. Assim, Gonh (2006, p.


29) vem confirmar isso, dizendo:

Na educação formal, entre outros objetivos destacam-se os objetivos ao


ensino e aprendizagem de conteúdos sistematizados, normatizados por leis,
dentre os quais se destacam o de formar o indivíduo como cidadão ativo,
desenvolver habilidades e competências várias, desenvolver a criatividade,
percepção, matricidade, etc.

A escola deve levar o aluno a compreender a realidade de que faz parte,


situar-se nela, interpretá-la e contribuir para essa transformação. Por razões
históricas, a escola sempre foi vista como um local para se aprender a ler, escrever
e contar. Mas hoje a escola faz mais que isso. Mas a escola não pode fazer tudo
sozinha, precisa de ajuda da comunidade escolar, do estado, ou seja, da sociedade
em geral.
É necessário que a escola seja agradável e prazerosa para que o processo
de ensino/aprendizagem aconteça; é preciso que professor, aluno e ambiente
estejam em sintonia. As aulas devem ser planejadas para chamar atenção do aluno,
pois diante de um mundo globalizado, elas precisam ser inovadoras, porque às
vezes nem tudo é novidade para eles, principalmente na era da internet, onde os
fatos circulam rapidamente. O professor deve dispor de meios acessíveis para
modernizar suas aulas, tornando-as bem atrativas. Cury (2003, p. 73) sugere que o
professor:
“seja um mestre fascinante. Inspire a inteligência dos seus alunos, leve-os a
enfrentar seus desafios e não apenas a ter cultura informativa. Estimule-os
a gerenciar seus pensamentos e a ter um caso de amor com a vida. Não se
cale sobre sua história, transmita suas experiências de vida. As informações
são arquivadas na memória, as experiências são cravadas no coração.”

É importante não esquecer que os alunos dessa época, educados dentro de


uma pluralidade cultural, o vínculo afetivo e a apropriação dos espaços físicos dentro
âmbito escolar é essencial para a socialização e a troca de experiências entre si,
além de favorecer no ensino-aprendizagem, contribuindo bastante na
compreensibilidade do educando. Porém, o mais impressionante é que os valores
transmitidos por esta cultura são fortes e ultrapassaram o passar dos anos e as
mudanças na sociedade e no ensino. Cury (2003) acrescenta dizendo “o tempo
pode passar e nos distanciar, mas jamais se esqueçam de que ninguém morre
quando se vive no coração de alguém. Levaremos por toda a nossa história um
31

pedaço do seu ser dentro do nosso próprio ser.”

3.1 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA

Quando se refere à função da escola não se pode esquecer que ela como
portadora da educação apresenta um processo e prática social constituída de
relações sociais amplas, ao mesmo tempo demonstra esse processo contínuo e
inalienável para todo cidadão. Essa prática educacional social deve ocorrer em
diferentes espaços e tempos pedagógicos para atender as diferentes demandas.
Outro ponto importante do papel social da escola é apresentar liderança e
uma gestão comprometida com a qualidade da educação e com as transformações
sociais que possibilite ao educando a avançar nos mais variados aspectos: políticos,
intelectuais, sociais e humanos. Seja a escola pública ou privada é indispensável a
socialização do saber sistematizado, o saber tem que ser apropriado pelo aluno,
somar o saber científico ao saber prévio do educando, ter uma gestão participativa
em seu interior e ainda contribuir para a construção de um país para todos, onde
haja igualdade, humanidade e justiça social. E acrescento ainda, a escola como uma
instituição social visa contribuir com sua verdade e obter o máximo de respeito e
participação dos membros da comunidade escolar e familiar.
Assim, a Constituição Brasileira de 1988 reafirma, em seu artigo 205:

“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho”. (BRASIL, 1988)

A participação é outro fator essencial, apesar de ter um significado amplo,


além de poder ser exercido em diferentes momentos da educação, como no
planejamento escolar, na execução e na avaliação, e ainda nos convites da
comunidade para eventos ou para contribuir na manutenção e conservação do
espaço físico.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) afirma em seu artigo
2º:
A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
32

desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e


sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988)

O artigo vem confirmar justamente que a família e o estado (este por meio da
escola) são responsáveis pela educação dos jovens, o estado com sua
obrigatoriedade, a família de forma necessária, mas espontânea em torno de um
ideal amigável, solidário; sendo que ambos visem o crescimento intelectual do aluno,
fornecendo subsídios essenciais para a prática da cidadania e de conhecimentos
sólidos para sua qualificação profissional.
A escola em sua essência tem que se preocupar em contemplar a formação
do sujeito de modo a dirigir seu desenvolvimento em definição com seu destino e
sua educação ir de encontro com a sociedade. Não se pode esquecer de trabalhar
com crianças e jovens a formação do ser cidadão e os conhecimentos dos valores
para a construção de suas atitudes perante o exercício da cidadania.
De uma forma geral, a função principal da escola é o compromisso com a
formação do cidadão e da cidadã com o fortalecimento dos valores de solidariedade,
compromisso com a transformação dessa sociedade e uma gestão que use seu
conhecimento técnico, científico e humanitário em prol da igualdade.

3.2 A ESCOLA COMO ESPAÇO PARA A PRÁTICA DE VOLRES

A escola por ser um espaço público recebe um aglomerado de pessoas,


vindo de todas as camadas sociais, trazendo diferentes tipos de cultura,
experiências, conceitos, leituras e representações de mundo, e ainda apresenta
forma de julgamento e comportamento distintos. Além de pensar, ser e agir
diferente; esses alunos trazem consigo um conhecimento prévio, não chega à escola
como folhas em branco, simplesmente para receberem uma formação moral que a
escola oferece. Ao contrário disso, são alunos que estão em processo de formação
e cabe a instituição escolar no que se refere à formação ética:

[...] criar condições para que ela, aos poucos, possa assumir-se como
autora de sua própria identidade, constituindo-se como sujeito moralmente
autônomo e capaz de tomar nas próprias mãos o seu destino no interior da
comunidade. (GOERGEN, 2007, p. 747)
33

Os valores funcionam para a educação como um elo que serve para


abrilhantar, nesse sentido, Zabalza (2000, p. 22) reafirma que são os valores que
refletem a particular sensibilidade que a escola deve ter em relação a certos
problemas. A instituição como escola tem o compromisso com uma educação que
estimule a autonomia dos alunos, os orientem para o respeito aos outros e a si
mesmo, para a solidariedade, para o cuidado com os mais frágeis, os preparem para
o respeito a natureza, ser sensíveis ao multiculturalismo, educá-los para a paz e
igualdade entre todas as pessoas.
Apesar da escola ser o espaço da diversidade, é importante que ela
desenvolva junto à comunidade escolar as virtudes que constituem valores, ao
passo que ela possa ajudar nesse processo de construção. Conforme afirma
Libâneo:
Num mundo globalizado, transnacional, nossos alunos precisam estar
preparados para uma leitura crítica das transformações que ocorrem em
escala mundial. Num mundo de intensas transformações científicas e
tecnológicas, precisam de uma formação geral sólida, capaz de ajudá-los na
sua capacidade de pensar cientificamente, de colocar cientificamente os
problemas humanos. Por outro lado, diante da crise de princípios e valores,
resultantes da definição do mercado e da tecnologia, do pragmatismo moral
ou relativismo ético, é preciso que a escola contribua para uma nova
postura ético-valorativa de recolocar valores humanos fundamentais como a
justiça, a solidariedade, o reconhecimento da diversidade e da diferença, o
respeito à vida e aos direitos humanos básicos, como suportes de
convicções democráticas. (LIBÂNEO, 2003, p. 8)

Sabe-se que o ser humano conduz sempre consigo seus hábitos, sua cultura,
seus valores, aquilo que aprendeu na vida. E essas experiências vividas quanto
mais estiverem ao seu alcance, maior será a possibilidade de aprender que os
valores são essenciais à vida. Veja o que afirma Biasutti em (Dicionário de Valores,
2012, p. 11)
A infância tem valor, não tanto como período de adestramento. Mas como
período que se pode experimentar livremente aquela maravilhosa sensação
de sermos nós mesmos, que predispõe a aceitar melhoras inevitáveis
limitações da vida adulta.

Os bens e as riquezas podem ser herdados, mas os sentimentos de respeito,


liberdade, honestidade e justiça precisam ser aprendidos e postos em prática. Nesse
caso, a família, é, portanto, “[...] uma mola essencial da vida social” (PIAGET, 1994,
p. 48), assim, ela é responsável em propiciar a criança os primeiros valores, o
respeito e a responsabilidade. Esses valores podem ser ensinados pela criança por
34

meio de simples gestos, como por exemplo, fazer os deveres do lar, dessa forma
contribui para o desenvolvimento de seus sentimentos. Sobre esse assunto, observa
– se que:
As sociedades são conduzidas por agitadores de sentimentos, não por
agitadores de ideias. Nenhum filósofo fez caminho senão porque serviu, em
todo ou em parte, uma religião, uma política ou outro qualquer modo social
do sentimento. Se a obra de investigação, em matéria social, é, portanto
socialmente inútil, salvo como arte e no que contiver de arte, mais vale
empregar o que em nós haja de esforço em fazer arte, do que em fazer
meia arte. (Https://www.google.com.br/#q=site+do+citador)

Entre todas as ambiências humanas, a escola tem sido historicamente, a


instituição escolhida pelo Estado e pela família como melhor espaço para o ensino-
aprendizagem dos valores, uma vez que a educação os trabalha para a vida e para
o convívio social. Objetivando o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o mundo do trabalho.
Assim, sintetizando, a escola é o lugar ideal para a prática de valores bem
como para a construção e renovação de conhecimentos, de convivência coletiva,
social e troca de experiências. É o resultado de uma educação em valores,
contribuindo com o crescimento dos alunos como pessoas humanas, apostando,
assim, numa sociedade justa com cidadãos diferenciados.

3.3 FATORES ESCOLARES QUE INTERFEREM NO ENSINO/APRENDIZAGEM


DOS ALUNOS

Já é comprovado que a escola e o sistema social da qual ela faz parte


prejudica mais na aprendizagem livre e criativa do educando. Uma que esse sistema
social não procura adequar a escola ao desenvolvimento da criança, mas o oposto,
tenta moldar esta as adequações da instituição, apesar desta ainda promover a
desigualdade social. Não focando a situação familiar de cada aluno, tratando a todos
com a mesma igualdade, desconhecendo as situações particulares, menosprezando
suas aspirações e seus problemas familiares. Assim, Cury (2003), “educar é ser um
artesão da personalidade, um poeta da inteligência, um semeador de ideias.”
Em tratando dos fatores que interferem na aprendizagem do educando, eles
podem ser de natureza escolar, familiar e individual. Aqui me reportarei apenas aos
35

fatores escolares. Que estes, entre outros são classificados como existentes na
escola e que tem contribuído muito para o insucesso da aprendizagem: o professor,
a relação entre os alunos, os métodos de ensino e o ambiente escolar.
O professor compromissado com a educação tem que desenvolver bons
hábitos, como: “conhecer a mente do aluno, ter sensibilidade, educar a emoção,
usar a memória como suporte a arte de pensar, ser mestre inesquecível, resolver
conflitos em sala de aula, educar para a vida” (CURY, 2003, p. 54-78), a fim de
conhecer seus alunos como um todo, proporcionando assim, uma aprendizagem
satisfatória. Ao invés de usar o autoritarismo, a inimizade e o desinteresse que leva
o aluno a desinteressar-se e não querer aprender. Conforme reafirma Tiba (1996, p.
18)
As instituições de ensino, cuja tarefa é introduzir as crianças nas normas da
sociedade, muitas vezes se omitem. O professor também perdeu a
autoridade inerente à sua função. Quanto maior a perda, mais anárquica
tornou-se a aula. Ao admitir um “príncipe escolar”, em vez de ajudar o aluno
a viver em sociedade, o professor acaba por prejudicar seu crescimento.

O segredo que difere o autoritarismo do comportamento de autoridade


adotado para que a outra pessoa (no caso, os alunos) torne-se mais educada ou
disciplinada e tenha interesse está no respeito à autoestima. Uma vez que o
autoritarismo e a inimizade geram antipatia por parte dos alunos, quando essa
antipatia está voltada ao professor, sem dúvida a matéria lecionada por ele ficará
comprometida negativamente.
É importante que o professor pense em sua grande responsabilidade em
relação aos alunos, uma vez que sua influência é enorme perante eles, o professor é
exemplo, e como exemplo tem que apresentar seus valores, suas atitudes, seu
entusiasmo em relação a matéria, ser de fato um educador, estimulando a todos,
mostrando que são capazes de atingir seus objetivos. Quando este se mostra
dominador e autoritário transpassam ao educando o comportamento de assumir e
dominar os outros colegas que sejam mais fracos.
Imagine só um ambiente onde o clima seja de hostilidade, desigualdade,
competição e luta, isso geraria efeitos horripilantes, negativos a aprendizagem. O
aluno para aprender, é preciso que o clima lhe favoreça confiança, respeito e a
colaboração de seus colegas, não tendo isso o aluno se volta para sua alta defesa
36

que é a agressão, a dominação dos outros colegas, frustrando-se assim, o interesse


e o gosto em aprender. Tiba (1996, p. 65) acrescenta a esse contexto o seguinte:

“Filhos folgados, mas internamente inseguros, fora de casa podem


submeter-se timidamente ao primeiro que lhes colocar um limite, um amigo
ou professor, por incapacidade de reagir. Entretanto, como as crianças
usam tudo a seu favor, às vezes acontece o inverso: em casa submetem-
se, para descontar depois na escola.”

É necessário que o professor evite não cometer certos erros perante ao


aluno como, “corrigir publicamente, expressar autoridade com agressividade, ser
excessivamente crítico, obstruir a infância da criança, punir quando estiver irado e
colocar limites sem dar explicações, ser impaciente e desistir de educar, não cumprir
com a palavra, destruir a esperança e os sonhos.” (CURY, 2003, p. 42-99), pois isso,
só gera mais revolta do aluno, antipatia pelo professor e desinteresse pela matéria.
Os métodos de ensino também podem afetar na aprendizagem dos alunos.
Quando o professor é autoritário, não permitindo a participação do educando na
construção do conhecimento, este por sua vez, torna-se dono do saber e repassará
esse saber de forma passiva, buscando mais tarde o conhecimento nos alunos
através de provas. Eis uma situação prejudicial à aprendizagem, pois Freire (1996,
p. 28 e 29) afirma que:
“uma de suas tarefas primordiais é trabalhar com os educandos a
rigorosidade metódica com que devem se “aproximar” dos objetos
cognoscíveis. E esta rigorosidade metódica não tem nada que ver com o
discurso “bancário” meramente transferidor do perfil do objeto ou do
conteúdo. É exatamente neste sentido que ensinar não se esgota no
“tratamento” do objeto ou do conteúdo, superficialmente feito, mas se a
longa a produção das condições em que aprender criticamente é possível.”

Por outro lado, os métodos didáticos usados pelo professor devem possibilitar
a participação do aluno, para que haja a troca de ideias, a construção do
conhecimento nas diversas matérias, a interação do educando versos conteúdos,
contribuindo assim de forma decisiva para a aprendizagem e o desenvolvimento da
personalidade dos educandos. Para Cury (2003, p.120-150) sugere dez novas
técnicas para que os professores conquistem seus alunos e os tornem apetitosos
por suas aulas, assim:
música ambiente em sala de aula; sentar em círculo ou em U; exposição
interrogada: a arte da interrogação; exposição dialogada: a arte da
pergunta; ser contador de histórias; humanizar o conhecimento; humanizar
o professor: cruzar sua história; educar a autoestima: elogiar antes de
criticar; gerenciar os pensamentos e as emoções; participar de projetos
sociais. (CURY, 2003, p. 120-150)
37

Por último, o ambiente escolar que exerce forte influência na aprendizagem


do educando. O espaço da sala de aula, a disposição das carteiras e a posição que
ficam os alunos, isso, por exemplo, são aspectos importantes. Imagine uma sala de
aula mal iluminada, sem ventilação, alunos sentados um atrás do outro, um
ambiente como esse proporciona desconforto, favorece a submissão, a passividade
e a dependência, mas não o trabalho livre e criativo. Assim, Tiba (1996, p.118)
confirma quando diz:
O ambiente também interfere na disciplina. Classes muito barulhentas, nas
quais ninguém ouve ninguém; salas muito quentes, escuras, alagadas ou
sem condições de acomodar todos os estudantes são locais pouco
prováveis de conseguir uma boa disciplina.

É importante considerar que o material de trabalho postos aos alunos do


fundamental I (do 1º ao 5º ano), percebe-se que eles aprendem, logo há a
manipulação desses objetos, invés de ficar ouvindo palavras e mais palavras, às
vezes nem sabem o que significam. Eles passam a agir, mexendo nas coisas,
pesquisando ambientes diferentes, que pode ser um jardim, uma horta, uma oficina
entre outros, isso são fatores que ajudam na aprendizagem.
O ambiente no qual a criança, o jovem ou adolescente está inserido, precisa
possibilitar que a informação recebida seja digerida em pedaços compreensíveis, a
ser incorporados ao corpo do conhecimento já existente. Logo Tiba (1996, p. 121 e
122) afirma:
“Aprender é alimentar a alma. Interação é a palavra da moda. Ensinar é um
dividir que soma, que enriquece professor e aluno. O abuso do poder pelo
saber é medíocre, já que a ignorância pode ser transitória. A verdadeira
sabedoria traz embutida em si a humildade. Ensinar passa a ser, assim, um
gesto de amor.”

Com esses conhecimentos, torna-se para o professor meio caminho andado.


Agora, cabe a ele tornar sua aula criativa e interessante, os elementos utilizados são
a alegria, o respeito humano, o bom humor e a disciplina. Provocar os alunos em
todo o momento da aula é importantíssimo, pois levantará sua autoestima, confiança
e a credibilidade de que ele é capaz. O uso dos valores é essencial para a
convivência coletiva, em grupo ou individual.
É interessante saber que a escola deve ser um espaço propício para o
ensino-aprendizagem, e não proporcionar fatores que venham interferir no
38

aprendizado das crianças, jovens ou adolescentes. Mas infelizmente esses fatores


existem, como foi mostrado no decorrer desse texto. Além dos fatores escolares há
outros como ambientais, sociais, econômicos, afetivos, emocionais, psicológicos,
familiares que também podem prejudicar na aprendizagem da criança.
As condições habitacionais, sanitárias, de higiene e de nutrição são
fundamentais para que a criança tenha a sua saúde preservada e mantenha a
energia necessária para o seu aprendizado. Quando a situação econômica da
família não permite que haja um maior cuidado e zelo em relação às crianças isto
pode provocar um baixo rendimento na aprendizagem, por conta da falta de
recursos, e até mesmo da falta de orientação. Isto inclui também o meio social em
que a criança vive a influência de comportamentos, um ambiente onde os seus
familiares e responsáveis não obtiveram a educação básica e fundamental, o que
pode ocasionar na não estimulação à aprendizagem. Mesmo que os responsáveis
não tenham adquirido na vida a educação básica, mas segundo Chalita (2001, p. 20)
vem afirmar que:
a família tem a responsabilidade de: “formar o caráter, de educar para os
desafios da vida, de perpetuar valores éticos e morais. A família é um
espaço em que as máscaras devem dar lugar à face transparente, sem
disfarces. O diálogo não tem preço”.

É certo também que a família e a escola devem ter um objetivo em comum


que é o estabelecimento de melhores condições que venham favorecer o
desenvolvimento integral das crianças. Ao constatar que o desempenho dos alunos
não corresponde ao esperado, o professor contata os pais para encaminhar o aluno
ao psicólogo. Algumas vezes, o professor submete a busca pelo atendimento
psicológico à continuidade da criança na escola. Os pais então, geralmente
representados pela mãe, saem à procura do psicólogo, para ver porque o filho "é
assim", porque ele não aprende, porque o aluno não lê, não escreve, é disperso, não
só aprende, não memoriza, não se concentra. É necessário que se ajude a criança
em suas deficiências, detectando o fator que está prejudicando e a partir daí ajudá-la
a construir um bom caráter e desenvolver sua consciência do erro e do acerto. É
importante que a escola dê sua contribuição na aprendizagem dos alunos
independentemente dos fatores que interferem nesse ensino-aprendizagem.
39

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo principal dessa pesquisa bibliográfica foi averiguar os porquês das


famílias vir perdendo seus valores e princípios ao longo da história e a relação entre
família e escola, e ainda analisar suas concepções e contribuições na vida social.
A partir do estudo realizado foi possível notar que a criança desde o
nascimento sofre a ação consciente ou não do grupo familiar na formação de seu
caráter e de sua personalidade de modo que as atitudes dos pais para com seus
filhos podem vir proporcionar um espaço familiar onde pode causar um choque
negativo na formação cultural dos futuros alunos.
Mediante essa constatação, pode-se prever que uma criança ao se
desenvolver num ambiente apresentando um autoconceito negativo vai sempre ter
dificuldade de aprendizagem por não acreditar que é capaz de realizar uma
atividade ou aprender algo novo, por ser menos capaz do que seus colegas. Uma
forma de ajudá-la, é quando estivermos fazendo um trabalho e atuando junto a ela
para sanar as dificuldades de aprendizagem.
Sabe-se que a família é o primeiro grupo social do qual ela participa, o
contato com essas pessoas e com outras pertencentes ao grupo vai servir de
exemplos durante a vida. Assim, as características individuais dos pais bem como
seu modo de ser, pensar e agir são repassadas na formação cultural dos filhos.
Como também a postura dos pais diante de situações, como por exemplo, concordar
e aceitar determinadas práticas e ações que sabemos que estão erradas em
contraste com as normas justas da moral e os bons costumes e o ato da autoridade
exagerada são vistas como determinantes na construção da personalidade das
crianças. Quando os pais são democráticos, eles conseguem diminuir a dosagem
desse exagero e a prática da permissividade, expressando-se aos filhos uma
personalidade equilibrada e mais adequada. E é importante lembrar que a cultura
ninguém desaprende, o indivíduo onde quer que vá, sempre leva.
Constatou-se também que diante das mudanças que a família vem passando
durante sua evolução histórica como o tipo de família, a estrutura, e suas relações,
tudo isso de uma forma direta ou indireta tem sido determinante para a perda de
muitos valores e princípios da família. E em contrapartida se notou também o
40

surgimento de muitos hábitos negativos vivenciados pelo grupo familiar. Diante de


situações como esta e entre outras, conclui-se que a família (base da sociedade)
hoje está vivendo um novo paradigma.
É importante lembrar que a mulher nessa sociedade moderna tende adentrar
muito mais ao mercado de trabalho para poder complementar o orçamento
doméstico, diante disso se vê que o tempo de lazer e o cultivo de relações com os
filhos foram reduzidos gradativamente. Sendo assim, os pais devem recuperar a
ausência que têm dos filhos, assumindo pelo menos as responsabilidades pela
formação escolar dos filhos, e não colocar essa responsabilidade que é sua para a
escola. Pois, se acredita que pais democráticos que geram a qualidade da relação
com seus filhos com base no diálogo, podem direcionar a formação do caráter e da
cidadania.
Hoje a relação família e escola se tornaram positiva em todo processo
educacional, pelo fato dos pais estarem mais próximos dos filhos, buscando reduzir
juntamente ao corpo docente as dificuldades de aprendizagem, como também
debatendo, discutindo e opinando de modo crítico a respeito de certos temas no
ambiente escolar. A presença dos pais com mais frequência se tornou notável e é
um fator contribuinte para o avanço da educação dos filhos. Isso só está sendo
possível graças às pesquisas e trabalho de muitos estudiosos que não cessaram e
ainda continuam seus estudos para cada vez mais aproximar família e escola.
Enfim, ao longo desse estudo percebi que são inúmeras as variáveis
envolvidas no desenvolvimento das dificuldades de aprendizagem, e acredito que os
pais quando perceberem que eles são fatores desse meio, tomem consciência e
procurem minimizar para que essa problemática diminua e a partir de então suas
atitudes sirvam para o crescimento e a intelectualidade dos filhos. E é necessário
que a escola proporcione aos pais oportunidades para se conscientizar da
importância relativa ao processo de aprendizagem de seus filhos. E o incentivo a
valorização dos valores para a formação dos cidadãos e por uma sociedade mais
justa.

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