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SEÇÃO DO LEITOR

Mecatrônica no Amazonas
Linguagem Faço Engenharia Mecânica na grande sucesso (pelo menos por
Ladder Escola Superior de Engenharia da aqui). Desde já agradeço e um forte
U.E.A e Técnico em Produção Mecâ- abraço a todos.
Parabéns pelo artigo “A lin- nica do CEFET-AM, na cidade de Jarison Alan F. Maciel
guagem de Programação Manaus, e há algum tempo venho pro-
Ladder” publicada na edição curando alguma revista especializada Prezado Jarison,
no. 5 da revista “Mecatrônica”, na área. Quando vi pela primeira vez Que bom que finalmente você
que dá ao leitor uma visão esta revista fiquei tão alegre e satis- achou o que procurava. De fato, seus
bastante clara desta lingua- feito que nem acreditei que estaria conhecimentos serão bastante ampli-
gem utilizada também em nos- com uma revista de mecânica em mi- ados, pois o nosso objetivo é trazer
sos produtos. Atenciosamen- nhas mãos, pude ver logo de cara que informações úteis vindas de profissi-
te ampliaria meus conhecimentos. Gos- onais que atuam na indústria e, evi-
Luciano de Oliveira - Di- taria de parabenizá-los por essa inici- dentemente, conhecem os principais
retor de Tecnologia e Mar- ativa e agradecer a todos que contri- problemas e suas respectivas solu-
keting - Atos Automação In- buem para a publicação desta revista ções. Obrigado pelo seu incentivo e
dustr ial Ltda e dizer que logo estará fazendo um continue colaborando conosco.

Prezado Luciano, Motor Trifásico


Ficamos muito felizes em Quero parabenizá-los pelos ex- Thalis Mazzarino
saber que nossas matérias es- celentes artigos publicados! Solici-
tão dentro do contexto indus- to que fosse publicado um artigo ou Caro Thalis,
trial e que as informações aqui informações sobre como controlar Consulte o artigo “Inversores
contidas servem para que o a velocidade de um motor trifásico, de Freqüência” na revista
leitor saiba lidar melhor com sem perdas de rendimento (torque Mecatrônica Atual nº 2. Acredi-
os diversos produtos existen- em baixas rotações...); cálculos da tamos que você poderá encon-
tes no mercado. potencia-aplicação, acoplamentos... trar informações valiosas sobre
Desde já agradeço! o assunto.

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SEÇÃO DO LEITOR

6 MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002


PROBLEMAS
. . . S O L UNOTÍCIAS
Ç ÕE...
ES

Torno CNC "matava peça" após usinar algumas


dezenas de peças
Paulo César de Carvalho
ste problema ocorreu em uma grande empresa serviço (Eng. Gilberto Coster) verificou que o siste-
E metalúrgica do interior de São Paulo. O proble-
ma aparecia quando o torno CNC, após usinar algu-
ma de fixação da ferramenta era a única diferença
entre as máquinas. Solicitamos ao cliente que mu-
mas dezenas de peças, provocava um “risco” na dasse o sistema de fixação da ferramenta para o
peça quando estava executando um desbaste. Não mesmo que era utilizado nas outras máquinas.
havia uma lógica no problema, uma vez que, a cada Resultado: O problema não ocorreu mais.
hora ele ocorria em uma fase diferente da usinagem
da peça e o intervalo entre problemas variava mui- CONCLUSÃO
to. Após serem descartadas todas as possibilida-
des de problemas no hardware do CNC e do siste- O CNC considera a posição do eixo para seus
ma de medição, começamos um processo de ten- movimentos e também que a ferramenta não se move
tativas: em relação ao sistema de fixação. O problema ocor-
ria porque durante a usinagem a ferramenta se movi-
1 ª tentativa: mentava em relação ao suporte de fixação provo-
Pensei em problemas de EMI e fizemos um tes- cando o “risco” na peça. Esse movimento não é me-
te modificando o caminho dos cabos de medição, dido pelo CNC que, portanto, não sabe da ocorrência
afastando os cabos de possíveis fontes de EMI. do problema. Na figura a seguir, está ilustrado o pro-
Resultado: O problema voltou a ocorrer e a pres- blema.
são do cliente aumentou, pois as peças eram para
exportação e o prazo de entrega era fator funda-
mental.

2ª tentativa:
Como o aterramento da máquina não estava bem
feito, decidi melhorar o aterramento. Foi feito novo
aterramento e refizemos os testes.
Resultado: O problema voltou a surgir e pela
freqüência aleatória do mesmo constatei que o
aterramento não havia colaborado para a solução
do problema.

3a Tentativa:
Na fábrica do cliente havia outros comandos nu-
méricos e observando as outras máquinas e fazen-
do comparações entre ambas, meu colega neste

MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 5


...SOLUÇÕES

Sistema de lubrificação inoperante no


torno CNC Romi 20RV
Alexandre Capelli
torno 20RV, assim como outros da mesma li- na” (via IHM) de diagnósticos e constatei que o
O nha, possui um sistema de autolubrificação
das guias lineares e dos fusos de esferas.
CNC estava enviando o sinal.
Como o CNC, aparentemente, estava OK, li-
Nesse modelo, o CNC envia um sinal ordenan- guei a bomba diretamente à rede. Ela funcionou
do o acionamento da bomba de lubrificação. Esse perfeitamente.
sinal passa por uma placa I/O, e ativa um relé O único elo, portanto, que restava entre essas
que liga o motor da bomba diretamente a rede partes era o interface I/O. Uma vez trocada, o equi-
elétrica. pamento voltou a operar normalmente.
Como o sistema não operava, entrei na “pági- Vide figura abaixo:

O cliente alega que em uma máquina, ao fazer um determinado


movimento esporádico, a rede Interbus cai e com isso a
máquina pára
Juliano Matias
o chegar no cliente constatei o fato, isto é, eu vi do com isso que a rede perdesse o sinal de comu-
A acontecer o problema descrito após algumas ten-
tativas, e o problema era exatamente o relatado.
nicação.
Isso ocorreu porque o cabo foi especificado erra-
A partir de então, comecei a análise do proble- damente pelo fabricante do equipamento, pois para
ma colocando o notebook com o software de diag- trabalhar em uma lagarta teria que ter sido colocado
nóstico para a rede Interbus na placa controladora o cabo flexível ao invés do standard.
da rede no CLP S5-115U 945 da Siemens, e pedi
para o operador repetir o movimento* no qual a rede SOLUÇÃO ADOTADA
parava. Com ajuda do software de diagnóstico veri-
fiquei qual era o o módulo que entrava em falha e o Como a máquina precisava funcionar, e não tí-
real motivo da falha. O motivo da falha indicado pelo nhamos o cabo com a metragem disponível na hora,
software era a suspensão dos dados de transmis- colocamos um outro cabo similar temporariamente
são para a rede Interbus que chegava até o módulo por fora da lagarta, tomando o cuidado para que o
em que dava o erro. cabo não se rompesse durante a movimentação da
O percurso deste cabo era feito através de uma mesma. E a empresa providenciou a compra de um
lagarta. Desconectei as duas pontas do cabo e novo.
movimentamos a máquina manualmente medin- * Sempre quando for realizar a manutenção em
do com um multímetro a condutividade dos fios alguma máquina ou processo que você não conhe-
do cabo, sendo que a medição era entre todos os ça, nunca faça algum tipo de ajuste, parametrização
fios e entre os fios e a blindagem do cabo. Ao na máquina ou até mesmo sua operação (no nosso
movimentar a máquina algumas vezes, constatei caso movimentos manuais), pois a responsabilida-
que o fio DI entrava em curto com o terra fazen- de no caso de algum dano será sempre sua.

6 MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002


A UE
TOSP
MEACÇIÃ
AOL

Seleção de
acionamentos
Augusto Ottoboni

O
desenvolvimento desta
Os servo-acionamentos ainda são uma incógnita para muitos tecnologia ocorreu duran-
profissionais de diferentes segmentos do mercado, trazendo a te a Segunda Guerra
estes profissionais que se deparam com os mesmos, certa inse- Mundial. O pós-guerra
trouxe aumento da qualidade e mai-
gurança e desconfiança na sua utilização. Foi pensando princi-
or expectativa de vida, uma cres-
palmente nestes profissionais que esta matéria foi elaborada, pois, cente preocupação com a saúde e
assim como vocês, este também foi um entrave em certos mo- a ecologia, uma maior competição
entre as empresas, novos produtos
mentos de minha carreira profissional.
e serviços. Todos estes fatores, é
Esta matéria tem por objetivo demonstrar de forma bem sim- claro que no momento mencionado
ples e didática, como são os componentes de um servo- ainda em evolução, trouxeram uma
acionamento (o Servomotor e o Servoconversor - veja figura 1), demanda cada vez maior de produ-
tos e serviços que no passado não
suas aplicações, especificações técnicas e parametrização. eram oferecidos ou até não eram
realizados.
Esta demanda cada vez maior
de produtos e serviços, criou uma
crescente necessidade de aumen-
to da produção industrial, manten-
do-se e, se possível, aumentando-
se os níveis de qualidade, cada vez
maiores, nos produtos.
Estas solicitações de incremento
de produção em todos os segmen-
tos do mercado exigiram o desenvol-
vimento de um novo produto, mais
dinâmico, robusto e preciso.
Vamos imaginar a seguinte si-
tuação: você, profissional respon-
sável pela produção de uma deter-
minada empresa, por motivos de
concorrência, demanda ou por re-
dução de custos apenas, deseja
incrementar sua capacidade produ-
tiva, basicamente agilizando seus
processos produtivos. Como proce-
Figura 1 - Servomotor síncrono SEW-EURODRIVE e servoconversores
SEW-EURODRIVE. der? Uma das alternativas seria re-

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AUTOMAÇÃO
novar seu As características mais dese- O Torque máximo (Mmáx) é 3 x
maquinário jadas nos servomotores são o Mo do motor. Em função da potência
substituindo torque constante em larga faixa de do servoconversor utilizado , o
as máquinas rotação (até 4500 rpm), uma larga Torque máximo que se pode alcan-
antigas por ou- faixa de controle da rotação e vari- çar também poderá ser menor.
tras mais novas ação (até 1:3000) e alta capacida- Os servomotores devem possuir
e mais rápidas, de de sobrecarga (3 x Mo). Estas momento de inércia da massa do
mas, com custo características são facilmente ob- rotor, menor do que em relação aos
altíssimo esta alter- tidas através do modo de controle motores assíncronos trifásicos, de-
nativa pode ser fa- CFC (Current Flux Control), espe- vido às grandes solicitações de di-
cilmente descar ta- cialmente desenvolvido para a oti- nâmica.
da; outra alternativa mização de servomotores nos Um dos artifícios mais utilizados
seria utilizar algumas servoconversores da linha são os cortes transversais no rotor,
técnicas de Retrofitting MOVIDRIVE® , MOVIDRIVE® Com- através destes cortes é reduzida a
nas máquinas atuais, o pact e MOVIDYN ® , da SEW- massa de inércia do rotor.
que, além de mais barato, EURODRIVE. Atente para a figu- Na tabela 1 é dado um quadro
permite a utilização das mais mo- ra 3. comparativo para um servomotor.
dernas tecnologias em a- O Torque nominal (Mo) de um
cionamentos para a solução de in- Como funciona um
motor é determinado pelas seguin-
cremento de produção com quali- servomotor?
tes características construtivas do
dade.
motor.
Nestes Retrofittings , umas das Os servomotores são máquinas
tecnologias mais utilizadas é o síncronas, compostas de seis pó-
servo-acionamento, composto los no estator, de alimentação
por servomotor mais servocon- trifásica, ímãs permanentes Ter-
versor.

O QUE
É UM SERVOMOTOR?

O Servomotor é uma máquina


síncrona composta por uma parte fixa
(o estator) e outra móvel (o rotor), até
aqui nenhuma novidade.
O estator é bobinado como no
motor elétrico convencional, po-
rém, apesar de utilizar alimenta-
ção trifásica, não pode ser ligado
diretamente à rede, pois utiliza
uma bobinagem especialmente Figura 2 - Servomotor.
confeccionada para proporcionar
alta dinâmica ao sistema.
O rotor é composto por ímãs
permanentes dispostos linearmen-
te sobre o mesmo e com um gera-
dor de sinais chamado “RESOL-
VER” instalado para fornecer sinais
de velocidade e posição. Observe
a figura 2.

Quais as
características de um
servomotor?

De um servomotor são exigidos,


entre outros, dinâmica, controle de
rotação, torque constante e precisão
Figura 3 - Características requeridas do servomotor.
de posicionamento.

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ras-Raras dispostos linearmente
sobre a face do rotor e um sensor
analógico chamado resolver para
realimentação de posicionamento e
velocidade.
Sua alimentação, apesar de
trifásica, não pode ser efetuada
através da rede convencional, pois
possui um bobinamento totalmen-
te especial, confeccionado para
proporcionar uma alta dinâmica ao
motor através de um fluxo eletro-
magnético totalmente diferente do
proporcionado pela rede. Este flu-
xo eletromagnético só pode ser for-
necido pelo servoconversor atra-
vés de um modelamento matemá-
tico que leva em consideração to-
das as características do Tabela 1 - Comparação entre motores para servomotor.
servomotor, esta é a razão de ape-
nas ser possível a utilização de
servomotores e servoconversores
de mesma marca. Só assim é pos-
sível fornecer o fluxo mais apropria-
do para o servomotor ter a melhor
dinâmica.

Outro importante ponto é a se-


qüência de fase adotada: em al-
guns servomotores, a seqüência
SERVOMOTOR - SERVOCONVER-
SOR deve ser observada com aten-
ção, pois a sua inversão causa fa-
lha no servoconversor de
Monitoração de rotação. Veja a
figura 5.
Devido a estarmos trabalhando
Figura 4 - Cortes transversais no rotor.
em malha fechada, quando da in-
versão o servoconversor detecta
a incompatibilidade entre os sinais específico para servomotores por um estator e um rotor, mas seu
do campo girante do servomotor síncronos, os dados dos funcionamento é oposto ao do mo-
com os sinais gerados pelo resol- servomotores necessários para tor, ou seja, funciona como um ge-
ver. este modo operacional (SERVO) rador. Seu rotor gira através da ação
Desta forma, o servoconversor estão memorizados nos servo- do eixo do rotor do servomotor e faz
entende que o campo girante do conversores, e só assim é possí- com que a ação do campo eletromag-
servomotor está em um sentido e vel obter a melhor performance atra- nético do rotor exerça influência di-
o resolver no sentido oposto, por- vés do modelamento matemático reta sobre o bobinamento do estator
tanto, a seqüência U/V/W do do servomotor. do resolver, este subdividido em dois
servomotor deve ser a mesma U/ estatores defasados 90° graus entre
V/W do servoconversor. O que é o si, gerando sinais senoidais que fun-
Atente-se também para a utili- Resolver? cionam como realimentação de po-
zação de servomotores e servo- sição e velocidade para o
conversores de mesmo fabricante, O resolver é um sistema de re- servoconversor. Observe as figuras
pois no modo operacional SERVO, alimentação analógico composto 6 e 7.

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AUTOMAÇÃO

Outro
ponto a
se ressal-
tar é o
fato do
alinhamento
do resolver . Por se
tratar de um sensor
de alta resolução e
precisão, o seu ali-
nhamento é algo fun-
damental para seu
perfeito funcionamento,
por tanto, é aconselhável não
mexer em seu sistema de fixação
devido à sua complexidade de
montagem. Na figura 8, o alinha-
mento.
Quando comparado a outros sis-
temas de realimentação disponí-
veis no mercado (encoder
incremental e encoder absoluto), o
resolver tem suas características
ressaltadas, principalmente quan-
to à sua robustez e insensibilidade
às vibrações e altas temperaturas.
Observe a tabela 2. Na figura 9, o
Figura 5 - Sequência de fase.
encoder incremental.

Figura 6 - "Resolver" Figura 7 - Ação do campo eletromagnético de "resolver".

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Figura 10 - Servoconversores.

Figura 8 - Manutenção do alinhamento. O SERVOCONVERSOR...

A mais recente tecnologia


embarcada faz dos servoconver-
sores os equipamentos mais ver-
sáteis disponíveis no mercado. Pos-
sibilidade de comunicação direta
com controladores externos, comu-
nicação nos mais variados meios
Fieldbus e possibilidade de asso-
ciação de múltiplos eixos numa
mesma fonte de alimentação, en-
tre outras características, fazem
dos servoconversores uma exce-
lente opção no Upgrade de máqui-
nas e equipamentos em geral. Na
figura 10, exemplar de ser-
voconversor
Assim como nos conversores
de freqüência, o diagrama de blo-
cos do servoconversor figura 11
possui as mesmas característi-
cas construtivas. Diferenciado
Tabela 2 - Quadro comparativo "resolver" x "encoder".
apenas em seu modo operacional
S E RVO e s p e c í f i c o p a r a s e r -
vo m o t o r e s s í n c r o n o s S E W-
EURODRIVE. Os dados dos
servomotores SEW necessários
para o modo operacional SERVO,
estão memorizados nos ser-

Figura 9 - Encoder incremental

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AUTOMAÇÃO

vo c o n ve r s o r e s M OV I D R I V E ® ,
M OV I D R I V E ® C o m p a c t e M O -
VIDYN ® .
Este modo operacional permite o
controle direto do torque do
servomotor em toda a extensão de
rotação.
O torque Mo é determinado pelo
servomotor. Figura 11 - Diagramação de blocos do servoconversor.
O torque máximo M MÁX é 3 x
Mo do servomotor. Em função do
ser voconversor (MOVIDRIVE ® ,
M OV I D R I V E ® Compact e
MOVIDYN ®) utilizado, o M MÁX que
se pode alcançar também pode-
rá ser menor, devido à exigência
de corrente solicitada pelo
servomotor e a corrente fornecida
pelo servoconversor. Veja a figu-
ra 12.
A seleção da melhor relação
(servomotor x servoconversor),
pode ser selecionada conforme o
torque e rotação do servomotor,
pela corrente nominal do ser-
voconversor.Veja a tabela 3.
A melhor combinação entre
servomotor e servoconversor é
aquela que satisfaz a condição de
3 x Mo.
Nas condições em que ocorrem
a indicação de um * , a combina- Figura 12 - Curvas torque x Rotação do servomotor.
ção é possível, porém não com 3
x Mo.
Nas situações em que há soli-
citação de torque muito elevado,
existe ainda a possibilidade da
combinação dos servomotores so-
mados aos redutores planetários
de baixa folga angular, especial-
mente projetados para atender às
mais exigentes solicitações de
carga.
Estes redutores além de baixa
folga angular (1 estágio: < 3’ ou <
6’e 2 estágios: < 5’ ou < 10’), pos-
suem reduções exatas que facili-
tam a precisão de posicionamento,
além de suportarem altos choques.
A composição servomotor + Figura 13 - Servo-acionamento = servomotor + redutor planetário.
redutor planetário é utilizada nas

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Tabela 3 - Características (torque x rotação do servomotor x Corrente nominal do


servoconversor).

mais diversas aplicações, devido PARAMETRIZAÇÃO


à sua excelente performance. Fi- E PROGRAMAÇÃO
gura 13.
Transelevadores, máquinas o- A principal vantagem dos
peratrizes e máquinas em geral servoconversores é a sua rápida
com alta solicitação de dinâmica e e simples parametrização, possi-
precisão de posicionamento são o bilitada através de seu controle
principal segmento de atuação dos manual ou através dos progra-
servo-acionamentos. Observe a fi- mas MX_SHELL® ou MO-
gura 14. VITOOLS ® .

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AUTOMAÇÃO

Figura 15 - Tela de programação IPOS® (Sistema de posicionamento


e seqüência), em Assembler.

Figura 14 - Transelevador com servo-acionamento Sew. Figura 16 - MOVITOOLS® via CD ou Internet.

Tanto os programas quanto o con- cionamento, e sua limitação é deter-


trole manual, permitem selecionar o minada pelo número de entradas e
modelo específico do servomotor saídas disponíveis no equipamento
utilizado, sua tensão de alimentação, (figura 15).
sua rotação nominal e rapidamente Outro programa disponível nos
fornecem ao usuário uma otimização servo-acionamentos SEW-EURO-
das melhores características do DRIVE é o SCOPE® , um programa
servomotor utilizado. de visualização gráfica , onde é pos-
O programa de posicionamento e sível apurar as verdadeiras condi-
seqüenciamento IPOS®, já está dis- ções de trabalho dos servo-
ponível internamente acionamentos em tempo real. O pro-
nos servo-a- grama SCOPE é mais uma opção
cionamentos existente e disponível nos programas
SEW-EURO- MX_SHELL ® e MOVITOOLS ® da
DRIVE tirar es- SEW-EURODRIVE.
paço. Este pro-
grama tem um CONCLUSÃO
funcionamento
muito similar a Máquinas e equipamentos em
um CLP , ou geral com alta solicitação de dinâ-
seja, comanda mica e precisão de posicionamento
as funções de são os ideais para a utilização dos
Figura 17 - Servo-acionamentos aplicados a
seqüência e po- desbobinadores e bobinadores através do servo-acionamentos. Veja a figura
sição do servo-a- programa IPOS® plus. l 17

14 MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002


ELETRÔNICA

Juliano Matias

Abordaremos neste artigo uma tecnologia que está sendo cada vez mais utilizada na área
industrial, que é a das Fibras Ópticas.
Os vários tipos de fibras, seus conectores e técnicas de montagem estão sendo apresenta-
mos neste artigo que, com o seu conteúdo, visa cobrir uma lacuna ainda existente nas nossas
literaturas técnicas.

Boa leitura!

A
s Fibras Ópticas (vamos chamá-las de F.O.) Isolar equipamentos eletricamente
servem para o trafegar dados de um ponto
ao outro utilizando a luz como forma de Esse é o segundo maior motivo de se utilizar F.O.
transporte dos mesmos, ao invés dos ca- em automação industrial. Muitas vezes, temos equi-
bos elétricos convencionais. pamentos da mesma rede Fieldbus sendo utilizados
Normalmente, elas são utilizadas em telecomuni- em prédios diferentes, ou até mesmo dentro de um
cações, telemetria e também em Automação Indus- mesmo prédio, porém em distâncias muito grandes.
trial, que é onde iremos abordar. Nesse caso precisamos
Em Automação Industrial, elas são basicamente isolá-los eletricamen-
empregadas quando há a necessidade de : te, pois no caso de
1. Imunidade contra Interferência Eletromagnética uma eventual di-
(EMI); ferença de po-
2. Para isolar equipamentos eletricamente; tencial entre os
3. Aumento de distância entre os equipamentos. dois equipa-
mentos evita-
Imunidade contra Interferência Eletromagnética mos a sua da-
nificação.
Esse é o maior motivo para se utilizar F.O. em am-
biente industrial. Normalmente, o ambiente industrial Aumento de
é um muito propício para o aparecimento de EMI e distância
algumas vezes, por mais que o cabo de dados (elétri- entre os
co) seja blindado, aterrado e com todas as condições equipamentos
teóricas de isolamento da EMI, nem sempre é sufici-
ente para evitar esse tipo de problema, e a solução Quando utili-
disso é a utilização de F.O. para a interligação dos zamos o meio físico
equipamentos. “cabo elétrico”, quanto maior for a

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ELETRÔNICA

Figura 1 - Eletrônica de um circuito ponto a ponto entre duas Tabela 1 - Dados técnicos do módulo.
estações em F.O..

distância entre os equipamentos maior será a resis-


tência do condutor elétrico dentro do cabo, aumentan-
do com isso a queda de tensão dentro do cabo. Para
evitarmos esse tipo de problema, utilizamos a F.O.
(não que a F.O. não tenha atenuação, na verdade ela
tem, algumas com mais atenuação e outras menos,
mas de qualquer forma as que possuem menos ate-
nuação permitem distâncias maiores do que o cabo
de cobre). onde:
Sft - Sensibilidade do fototransistor;
COMUNICAÇÃO ENTRE DOIS PONTOS ILED - Intensidade do LED;
M - Margem.
A figura 1 mostra como é fisicamente a eletrônica de
um circuito ponto a ponto entre duas estações em F.O.. Essa margem de segurança serve para prever fu-
Nela, podemos verificar que em um sistema full- turas atenuações devido a perdas no sinal durante a
duplex temos um par de cabos para a troca dos da- fase de instalação (perda prevista de 2 dBm na insta-
dos, sendo um o receptor e o outro o transmissor. lação) e no decorrer dos anos (perda prevista de 0,1d
A distância entre os dois equipamentos é determi- Bm por ano), com isso temos um tempo de vida útil
nada pela atenuação do cabo, pela intensidade de luz previsto de aproximadamante 10 anos em sua dis-
que o LED pode transmitir e pela sensibilidade do tância máxima.
fototransistor. Esse tipo de cálculo serve para qualquer tipo de
Todas estas variáveis são dados de catálogo do módulo e para qualquer tipo de Fibra Óptica.
módulo eletrônico em questão. Vamos tomar um exem- E, como saber qual é a distância do cabo que es-
plo. Na figura 2 vemos um módulo eletrônico da em- tou utilizando, se o cabo passa por tantas canaletas,
presa Phoenix Contact, esse módulo tem a função de eletrocalhas, curvas,...?
fazer a conver- Essa resposta é bem simples tendo em vista que
são de um sinal o cabo vem marcado de fábrica com metragem
em RS-232 para indicada de metro em metro do cabo, conforme é mos-
F.O., e vemos na trado na figura 3. Então, é só verificar a marcação
tabela 1 os da- mais próxima do primeiro equipamento e subtrair da
dos técnicos do distância mais próxima marcada no segundo equipa-
módulo. mento. Simples, não?
Vamos fazer
algumas contas
imaginando que
c on e c ta r e m o s Figura 2 - Módulo eletrônico da empresa
dois desses Phoenix Contact
módulos:
Atenuação de um cabo de Fibra Polimérica – 230
dB/km ou 230 dB/1000m
Figura 3 - Marcação da metragem.
Margem de segurança – 3 dBm

MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 17


ELETRÔNICA

Figura 4 - Dimensões da F.O. polimérica. Figura 5 - Fibra HCS.

TIPOS DE FIBRAS ÓPTICAS Vidro Multimodo: é utilizada em ambiente indus-


trial quando queremos trafegar os dados a muita dis-
Existem várias tecnologias de tância, onde nem mesmo o cabo
F.O., e vamos citar algumas delas: de cobre é capaz, pois com ela po-
Polimérica: também conheci- demos chegar aproximadamente a
da como fibra plástica, esta é a 3300 m (dependendo da atenuação
mais amplamente utilizada em am- da F.O. nesse caso de 3,0 dB/km).
biente industrial, pois é de uma Seu núcleo é todo de vidro e seus
tecnologia barata, de fácil diâmetros variam de acordo com
conectorização e fácil manuten- a F.O., mas o normal é 50/125 µm
ção. Porém, como tudo, também e 62,5/125 µm.
tem seu lado negativo, o dela é a Vidro Monomodo: quase nun-
alta atenuação do sinal em seu ca é utilizada em ambiente indus-
cabo, cerca de 230 dB/km, isto é, Figura 6 - Conector F-SMA. trial (já ouvi falar, mas pessoalmen-
em 1000 m de cabo ela atenua te nunca vi), ela é a melhor fibra
230 dB, com isso a distância má- quando falamos em distância, pois
xima dela chega a 70 m. Veremos sua atenuação é mínima tenden-
mais a frente como se calcula essa do à ideal. É muito utilizada em te-
distância. Temos na figura 4 as di- lecomunicações e a mais cara
mensões da F.O. polimérica, essa entre todas.
notação é dada por 980/1000 µm..
HCS: é a segunda mais utiliza- TIPOS DE CONECTORES
da, ela é constituída por um nú-
cleo de vidro coberto por um ma- F-SMA é o tipo mais prático de
terial polímero, como vemos na ser montado, pois existem kits de
figura 5. Figura 7 - Conector B-FOC ou ST. confecção para esse tipo de
A atenuação dela é de 9 dB/ conector. É mais utilizado em Fi-
km, nesse valor vemos sua baixa bras Poliméricas e HCS. Veja o
atenuação por quilômetro. conector na figura 6.
É muito empregada quando B-FOC ou ST é o padrão mais
precisamos aliar imunidade eletro- conhecido do mercado, pois está
magnética com distância, pois presente na maioria das F.O. de
com essa fibra conseguimos al- vidro, porém é pouco utilizado em
cançar aproximadamente 400 m. área industrial. Veja o conector na
A escolha dessa fibra é somen- figura 7.
te pela imunidade contra EMI e A capa protetora dos
isolação elétrica , mas não pela conectores das F.O. é de extrema
distância, pois distância igual con- importância, pois, previne que a fi-
seguimos utilizando cabo de co- Figura 8 - Os dois conectores com as bra propriamente dita engordure,
correspondentes capas de proteção.
bre em RS-485. arranhe ou até mesmo lasque, o

18 MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002


ELETRÔNICA

valete ou uma base, deixando o seu centro girar livre-


mente, evitando com isso a torção no cabo, como mos-
trado na figura 9.
• Não torcer nunca o cabo (figura 10). O cabo de
fibra óptica não foi feito para trabalhar e nem ser ma-
nuseado nessa condição. Alguns tipos de cabos es-
peciais podem trabalhar movimentando-se linearmen-
te, por exemplo, em uma lagarta, mas como disse,
são cabos específicos para esse fim.
• Não pisar nunca em um cabo de Fibra Óptica –
imaginem uma placa de acrílico se dobrando: ela não
fica esbranquiçada no seu centro com várias fissuras?
Pois é isso o que acontece quando pisamos ou es-
Figura 9 - Como desenrolar. magamos um cabo de fibra polimérica. E com o pas-
sar do tempo essas fissuras vão aumentando, ocasio-
nando com isso o aumento da atenuação do cabo,
até uma hora em que a luz que chega no fototransistor
não é suficiente para ele entrar em ponto de satura-
ção. E essa condição torna-se ainda pior quando o
cabo é do tipo HCS ou vidro, pois uma pisada pode
quebrá-la na hora, interrompendo a passagem de luz.
• Normalmente, as sobras dos cabos elétricos em
canaletas, são escondidas nas mesmas apenas dobran-
do-os no seu leito. Esse procedimento é proibido ao uti-
Figura 10 - Não torcer nunca o cabo.
lizar F.O., pois ao dobrar o cabo em um ângulo acentua-
do as características de atenuação mudam, podendo

Figura 13 - Instalar os cabos de F.O. em canaletas separadas ou


Figura 11 - Não dobrar os cabos na prória canaleta. em conduítes diferentes

que prejudicaria (e muito) a performance da fibra. Veja fazer com isso que na condição do cabo dobrado ele
na figura 8 os dois conectores com as corresponden- não funcione mais. Observe as figuras 11 e 12.
tes capas de proteção. • Instalar os cabos de F.O. em canaletas separa-
das ou em conduítes diferentes (figura 13). Esse pro-
CUIDADOS AO SE TRABALHAR cedimento deve-se ao fato de que,
COM UMA F.O. se qualquer manutenção for feita
nos cabos de potências ou nos
Essa, eu diria, é a parte mais outros cabos que estiverem na
importante do artigo, pois se a Fi- mesma canaleta, ao serem remo-
bra Óptica for mal instalada toda a vidos não transmitam tensão me-
instalação fica comprometida. Ci- cânica para os cabos de Fibra
taremos alguns tópicos importan- Óptica, pois eles poderiam sofrer
tes que sempre devem ser obser- sérios danos. Caso isso seja ine-
vados em uma instalação. vitável, aconselha-se:
• Desenrolar sempre o cabo da Figura12 - Cabos dobrados na canaleta. - Remova primeiramente os cabos
Procedimento errado.
bobina com a bobina sobre um ca- de F.O.

MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 19


ELETRÔNICA

braçadeiras para
garantir um raio
mínimo de cur-
vatura da fibra
que deve ser de
no máximo de 5
cm, ver figura
15. Na verdade,
esse raio de cur-
vatura deve ser
Figura 17 - Cabos com protetor de
mantido sob curva.
qualquer hipóte-
se, até mesmo
ele entrando em
módulos eletrô-
nicos, conforme
Figura 14 - Proteger a F.O. contra cantos vivos e rebarbas. ilustra a figura
16.
• Utilizar pro-
teção para cur-
vas quando o
cabo for entrar
ou sair de um
painel elétrico,
pois normalmen-
te o cabo pode Figura 18 - Cabo com proteção de
curva conectado.
sofrer esforços
e, com isso, ser
forçado em um raio de curvatura menor que 5 cm;
observe as figuras 17 e 18.
• Ao instalar o cabo de F.O. em portas de painéis
ou em partes móveis, utilizar sempre um tubo prote-
tor para evitar que o raio mínimo de curvatura seja
ultrapassado, conforme mostra a figura 19.
Figura 15 - Raio mínimo de curvatura da fibra.

- Instale ou repare os cabos de cobre.


- Reinstale os cabos de F.O.
- Faça a medição do cabo e certifique-se de que ele
está bom.
• Proteja a
F.O. contra can-
tos vivos e
rebarbas para
evitar o seu cor-
te, para isso in-
sira um protetor
ou lime ou retire
os cantos vivos,
atente para a fi-
gura 14.
• Na necessi-
dade de curvas
em uma F.O. uti- Figura 16 - O raio de curvatura deve ser
mantido sob qualquer hipótese. Figura 19 - Utilizando um tubo protetor.
lizar para isso

20 MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002


ELETRÔNICA

MONTANDO UM CONECTOR EM UMA FIBRA


POLIMÉRICA

Para se montar um conector F-SMA em uma F.O.


Polimérica necessita-se das seguintes ferramentas
mostradas no Kit da figura 21.

Decapar o cabo
1. O cabo deve ser decapado longitudinalmente.
• Posicione a faca do decapador a aproxima-
damente 10 cm do final do cabo (figura 22).
• Mantenha a lâmina do decapador longitudi-
Figura 20 - Não apertar as braçadeiras.
nalmente ao cabo, e puxe-a cortando-o até a sua ex-
tremidade.
• Quando utilizar braçadeiras, nunca apertá-las de- 2. Remova as fibras de aramida do interior da
mais, pois com isso provoca no local microfissuras, ate- fibra, estas fibras servem para dar sustentação
nuando assim o cabo e provocando em um curto espa- mecânica ao cabo e ajuda na isolação térmica do
ço de tempo a inutilização do mesmo; veja a figura 20. mesmo.

Figura 24 - Cortando com alicate de corte


Figura 21 - Ferramentas. diagonal. Figura 27 -Excesso cortado.

Figura 22 - Posicionando a faca do Figura 28 - Conector na base para


decapador. Figura 25 - Decapando a fibra. lixamento.

Figura 23 - Rasgando a capa do cabo. Figura 26 - Cortando o excesso. Figura 29 - Lixando.

MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 21


ELETRÔNICA

3. Enrole uma ponta da fibra em uma chave de 3. Comece a lixar fazendo movimentos de oitos
fenda e rasgue a capa por mais 15 cm no sentido da até sentir que a base de lixamento começa a girar.
outra extremidade (figura 23). Nesse processo, os dois 4. Troque a lixa por uma outra ainda mais fina para
condutores não podem ser danificados. dar o polimento e repita o movimento de oitos duran-
4. Corte a capa de proteção com as fibras de te 20 vezes (figura 30).
aramida e corte também as duas F.O. a uma distân-
cia de aproximadamente 12 cm do começo do cabo, Limpe a ponta da fibra com um pano extrema-
esse corte deve ser realizado com um alicate de cor- mente limpo (figura 31), e coloque a capa protetora.
te diagonal para evitar danos nas fibras (figura 24). Com isso o conector está pronto (figura 32).

Decapar a fibra e colocar o conector MONTANDO UM CONECTOR EM


1. Decape a fibra aproximadamente 10 mm em am- UMA FIBRA HCS
bos os condutores (figura 25).
2. Insira o conector F-SMA. Para se montar um conector F-SMA em uma F.O.
3. Rosqueie o conector com uma pressão de 0,1 HCS necessita-se das seguintes ferramentas mos-
Nm (não muito forte). tradas no Kit da figura 33.
4. Corte o excesso da fibra exposta no conector
com um alicate de corte diagonal, deixando somente Removendo a capa externa
1 mm para fora do conector (figu- 1. A capa externa deve ser re-
ras 26 e 27). movida em aproximadamente 200
mm. Um estilete normal pode ser
Polimento da fibra utilizado para este fim, veja figu-
Para minimizar a atenuação da ra 34.
F.O., ela precisa ser polida como 2. E com um alicate decapador
descrito nos passos abaixo: de fios remova a capa interna de
1. Inserir o conector na base proteção da fibra, como mostra a
para lixamento (figura 28). figura 35.
2. Colocar uma lixa abrasiva 3. Agora que a F.O. esta a mos-
(1500) sobre uma superfície regu- tra, corte as fibras de aramida com
lar (figura 29). Figura 32 - O conector pronto. uma tesoura especial (figura 36),

Figura 30 - Usando uma lixa mais fina. Figura 33 - Ferramentas. Figura 35 - Removendo a capa interna.

Figura 31 - Limpando a ponta. Figura 34 - Removendo a capa. Figura 36 - Cortando as fibras de aramida.

22 MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002


ELETRÔNICA

Tabela 2 - Quadro comparativo.

e após isso retire a camada de polímero que envol- A tabela 2 mostra um quadro comparativo entre
ve a fibra utilizando um decapador de 0,3 mm dei- os diversos tipos de fibras ópticas.
xando cerca de 70 mm da fibra de vidro exposta
(figura 37). CONCLUSÃO
4. A fibra ficará a mostra conforme a figura 38.
Tentamos passar com este artigo um pouco das
Conectando a fibra novas tecnologias de Fibra Óptica em Automação
1. Insira o conector e fixe-o na F.O., mas muito Industrial. Notem que as F.O. utilizadas em Automação
cuidado, pois a F.O. pode quebrar com qualquer força Industrial quase não são utilizadas em Telecomuni-
maior imposta nela (figura 39). cações. São de tecnologias diferentes, porém com a
2. Com um equipamento especial (figura 40), en- mesma finalidade.
caixe o conector e “quebre” o excesso de fibra com a Em edições futuras estaremos discorrendo sobre
ajuda deste equipamento. Fibras Ópticas de vidros e suas técnicas de medição
e diagnóstico, bem como os conceitos teóricos a elas
Com isso a F.O. está pronta para ser utilizada (fi- relacionados.
gura 41). E vale lembrar que em um sistema de automação,
Para ambos os tipos de F.O. existe um instrumen- quanto mais fa cilmente o pessoal de manutenção
to muito útil que serve para verificar as condições da conseguir consertar um defeito, menos dinheiro é per-
fibra depois de montada no conector, é um tipo de dido, e esse é um dos motivos do uso da tecnologia
microscópio específico para esta finalidade, veja a de F.O. polimérica e HCS, pois sua conectorização é
figura 42. muito simples, e rápida para dar manutenção. l

Figura 37 - Retirando a camada de


polímero. Figura 39 - Inserindo o conector. Figura 41 - F.O. pronta para ser utilizada.

Figura 42 - Verificando as condições da


Figura 38 - Fibra a mostra. Figura 40 - Equipamento especial. fibra.

MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 23


AUTOMAÇÃO

CLP
Contr olador Lógico
Pr ogramável
4ª par te
parte
Paulo Cesar de Carvalho

Neste artigo vamos continuar o estudo da Linguagem Ladder


INSTRUÇÃO: BOBINA LIGA E
BOBINA DESLIGA
para programação de CLPs, apresentando as intruções “Bobi-

C
ada instrução deste tipo ocu-
na Liga” e “Bobina Desliga”, além da instrução “Temporizador pa uma célula de uma lógica
na Energização”, e daremos novos exemplos de aplicações e só pode ser inserida na úl-
práticas para fornecer subsídios para o leitor conhecer os con- tima coluna da direita, conforme
mostrado na figura 1. O operando
ceitos básicos desta linguagem, que é uma importante ferra-
poderá ser uma saída digital física
menta utilizada na automação industrial para programação de ou um operando auxiliar. No caso de
CLPs. um operando de saída física a ins-
trução quando ligada irá energizar

24 M E C AT R Ô N I C A AT U A L N º 6 - OUTUBRO/2002
AUTOMAÇÃO
o ponto de saída física, dando co-
mando nos equipamentos
conectados ao CLP . Na figura 01
quando a entrada digital “START” for
energizada, a saída “MOTOR1” será
energizada. Mesmo depois que a
entrada “START” for desenergizada,
o MOTOR 1 continuará ligado. Para
desligar esta saída será necessá-
rio energizar a “bobina desliga” as-
sociada. No caso do exemplo isso
pode ser feito ligando a entrada
“STOP”. Figura 1 – Instrução bobina liga e bobina desliga.

A principal diferença entre a bobi-


na simples e a “bobina liga” é que esta
última é retentiva, não necessitando
fazer um “selo” no programa para
manter a saída ligada independente-
mente de comando.

Exemplo de
aplicação

Lógica de alarme: Elaborar um


programa em Linguagem Ladder
para executar a função de aquisitar
quatro entradas digitais de defeito.
Quando pelo menos uma entrada
de defeito for energizada ( mesmo
que por um curto intervalo de tem-
po ) deverá ser acionada uma saí-
da digital de resumo de falha. Esta
saída digital deverá permanecer
energizada até que seja pressiona-
do o botão de reconhecimento de
alarme e nenhuma das entradas de
defeito esteja energizada.
A solução é ilustrada na figura
2. Com a utilização da “bobina liga”, Figura 2 – Lógica de alarmes utilizando Bobina Liga e Bobina Desliga.
qualquer uma das entradas de de-
feito que ligar, acionará a saída A instrução TEE possui dois
“RES_DEF” que será o resumo de operandos. O primeiro OPER1 espe-
defeito. Esta saída permanecerá li- cifica a memória acumuladora da con-
gada até que seja pressionado o tagem de tempo. O segundo operan-
botão associado à entrada do OPER2 indica o tempo máximo a
“REC_DEF” (reconhece defeito) e ser acumulado. A contagem de tempo
nenhuma das entradas de defeito é realizada normalmente em décimos
esteja ligada. de segundo e esta será a unidade que
utilizaremos , ou seja, cada unidade
INSTRUÇÃO: TEMPORIZADOR incrementada em OPER1 corresponde
NA ENERGIZAÇÃO a 0,1 segundo. Figura 3 - Instrução Temporizador na
Enquanto as entradas Libera e Ati- Energização.
A figura 3 exibe a instrução Tem- va estiverem simultaneamente
porizador na Energização ( TEE ) : energizadas, o operando OPER1 é
OPER1 com o mesmo valor de
Esta instrução realiza contagens incrementado a cada décimo de se-
OPER2.
de tempo com a energização das gundo. Quando OPER1 for maior ou
Desacionando-se a entrada libera,
suas entradas de acionamento ( Li- igual a OPER2, a saída Q é energizada
há a interrupção na contagem do tem-
bera e Ativa ) . e Q desenergizada, permanecendo

M E C AT R Ô N I C A AT U A L N º 6 - OUTUBRO/2002 25
AUTOMAÇÃO

Figura 4 – Exemplo de aplicação da instrução temporizador. Figura 5 – DIagrama de tempo.

po, permanecendo OPER1 com o


mesmo valor. Desacionando-se a en-
trada Ativa, o valor em OPER1 é
zerado.
O estado lógico da saída Q é exa-
tamente o oposto da saída Q, mesmo
estando a instrução desativada.

Atenção:
Com a entrada ativa desativada, a
saída Q permanece sempre ener-
gizada.
A seguir, na figura 4, apresenta-
mos um exemplo de utilização da ins-
trução temporizador. O diagrama de
tempo da instrução está mostrado na
figura 5.
Na figura 5 mostramos o diagra-
ma de tempo de um temporizador na
energização. Quando as entradas
%E000.0 e %E000.1 estão ligadas
a memória %M000 acumula uma
unidade a cada 0,1 segundos e, nes-
te caso, o limite será 500 décimos
de segundo ou 50 segundos. Após
este tempo a saída % S0002.1 liga
e a saída % S0002.2 desliga ( saída
complementar ) . Após isso, se a
entrada ativa ( % E000.1 ) for desli-
gada , o temporizador é zerado e a
saída %S0002.1 será desligada, en-
quanto a saída complementar
%S0002.2 será ligada.
Figura 6 – Programa Ladder do exemplo 1.

Exemplos de
aplicação porizadores em entradas digitais ções. Considere então duas chaves
para garantir que a situação de de- de nível tipo bóia, que estão liga-
EXEMPLO 1 – Evitando falsas in- feito permaneceu por um determi- das em duas entradas digitais de
dicações de alarmes associados a en- nado intervalo de tempo para en- um CLP . Estes sinais indicam : ní-
tradas digitais: tão acionar o alarme corresponden- vel muito alto no tanque e nível mui-
É comum empregar mos tem- te, evitando assim falsas indica- to baixo no tanque. Para ocorrer a

26 M E C AT R Ô N I C A AT U A L N º 6 - OUTUBRO/2002
AUTOMAÇÃO
indicação de alarme a entrada de- dois botões de acionamento da possível acionar a prensa se o in-
verá permanecer ligada por pelo prensa . tervalo de tempo entre acionar o pri-
menos 4 segundos. Para reconhe- LIG-PRE – a Saída digital que acio- meiro botão e o segundo for inferi-
cer o alarme considere um botão na o motor da prensa . FC-1 é a entra- or a 0,2 segundos..
conectado a uma entrada do CLP. da que recebe o fim-de-curso que des- Solução : O programa ladder
Solução : Na figura 6 apre- liga o motor da prensa retornando-a à deste exemplo é apresentado na fi-
sentamos o programa em Lingua- posição original. gura 7.
gem Ladder do exemplo. Neste Na lógica 002 observe que só é
programa LHH é a entrada digital possível acionar a prensa se forem EXEMPLO 3 – Utilizando tempo-
de nível muito alto , LLL - é a en- acionados os dois botões e os dois rizadores, desenvolver um progra-
trada digital de nível muito baixo e contatos auxiliares (AUX1 e AUX2) ma em Linguagem Ladder para aci-
REC_ALM é a entrada para reco- estiverem desligados, ou seja, só é onar um pistão pneumático com re-
nhecimento de alarmes. Observe
que as entradas de Libera e Ativa
do temporizador estão interligadas
e serão energizadas simultanea-
mente com a energização da en-
trada do CLP. Assim, quando a en-
trada do CLP é ligada, o
temporizador inicia a temporização
e só irá ligar a saída de alarme se
a entrada permanecer ligada por
no mínimo 4 segundos. Como a
bobina de alar me é retentiva, o
alarme permanecerá ligado mes-
mo que a entrada de alarme seja
desligada. Para resetar o alarme
d eve r á s e r l i g a d a a e n t ra d a
REC_ALM (figura 6).

EXEMPLO 2 – Considere uma


prensa que possui dois botões que
devem ser acionados simultanea-
mente para que ela seja atuada e
um fim-de-curso, que é ao ser atua-
do, retorna à mesma a posição de
repouso. Este tipo de acionamento
simultâneo de dois botões é conhe-
cido por bi-manual e é uma segu-
rança para evitar que a prensa atin-
ja uma mão do operador . Como
sabemos, é praticamente impossí-
vel que o operador consiga acionar
Figura 7 – Programa Ladder do exemplo 2.
os dois botões exatamente ao mes-
mo tempo, e por este motivo consi-
dere uma diferença de tempo máxi-
ma entre acionar o primeiro botão e
o segundo de 0,2 segundos para
que a prensa seja acionada. Se o
operador travar um botão, ele não
conseguirá acionar a prensa, pois,
passados 0,2 segundos é necessá-
rio desligar os dois botões e acio-
nar novamente os mesmos para
tentar um novo acionamento .
Neste exemplo, teremos :
BO-01 e BO-02: as entradas do
Figura 8 – Diagrama de tempo do exemplo 3
CLP onde estão conectados os

M E C AT R Ô N I C A AT U A L N º 6 - OUTUBRO/2002 27
AUTOMAÇÃO
torno por mola de forma que ele fi-
que 20 segundos avançado e 60 se-
gundos recuado.Este movimento
deve ser iniciado após o operador
pressionar o botão de START e será
cíclico, só devendo ser interrompi-
do se o operador pressionar o bo-
tão de STOP. Nesta situação, recu-
ar o pistão. Considere que a saída
digital que aciona o pistão será de-
nominada de PST-01 ( quando esta
saída estiver ligada o pistão avan-
ça, e quando desligada o pistão re-
cua ) .
Solução: Considerando a base de
tempo do temporizador em décimos
de segundo precisaremos de dois
temporizadores, um de 200 décimos (
KM200 – valor constante de 200 ) e
outro de 600 ( KM 600 ) décimos de
segundos. A saída digital que aciona
o pistão ( PST-01 ) está representada
no diagrama de tempo fornecido na
figura 8.
1- Instante em que o botão de
START foi acionado
2- Instante em que o botão de
STOP foi acionado
A=C= 20 segundos - Intervalo de
tempo com pistão avançado
B=D= 60 segundos - Intervalo de
tempo com pistão recuado
E – Durou menos que 20 segun-
dos em função do acionamento do
botão STOP, e a seqüência parou de
ser executada desligando a saída PST- Figura 7 – Programa ladder do exemplo 3.
01 e retornando o pistão.

Na figura 9 temos o programa Na lógica 001 o temporizador garantindo que a saída que acio-
TEMP2 temporizará 60 segundos na o pistão ficará desligada e os
ladder do exemplo.
para ligar novamente AUX1. Assim, temporizadores resetados . O sis-
Na lógica 000 a instrução “bobina
AUX1 totalizará 60 segundos des- tema estará pronto para iniciar no-
liga” de AUX1 garante que este ope-
ligado. Quando AUX1 ligar nova- vamente após o operador pressi-
rando será ligado após o operador
pressionar o botão START a partir da mente, ele reiniciará o processo onar o botão de START.
condição inicial ( AUX1 e 2 desliga- iniciando a temporização TEMP1 e
este ciclo permanecerá indefinida-
dos ). Como a bobina é retentiva, este CONCLUSÃO
mente até que o operador pressio-
operando continuará ligado mesmo
ne STOP.
após o operador soltar o botão de Vimos neste artigo as instru-
Na lógica 002 o operando AUX1
START. O temporizador TEMP1 inicia- ções Bobina Liga e Desliga e a
rá uma temporização de 20 segun- foi copiado para PST01 para acio-
nar a saída . Observe que o com- instrução Temporizador. Estas
dos e ligará o operando retentivo instruções são muito utilizadas
portamento de AUX1 é exatamente
AUX2, e desligará o operando em programas de CLPs .
o que era solicitado para o pistão. É
retentivo AUX1. Note que é neces-
comum utilizarmos operandos auxi- Na próxima edição vamos
sário desligar AUX1 para garantir
liares durante a lógica e, no final, co- continuar nosso estudo sobre a
uma operação cíclica do pistão. Du-
piarmos para as saída reais do CLP linguagem LADDER .
rante os 20 segundos da
para acionar as cargas. O botão de l lá.
Até
temporização AUX1 permaneceu li-
STOP desligará os dois auxiliares,
gado.

28 M E C AT R Ô N I C A AT U A L N º 6 - OUTUBRO/2002
ES
EE
S SP
P PE
E EC
C ICAIIA
A
L LL

Retr ofitting
O CNC
administrando
os eixos das
máquinas
Paulo Eduardo Pansiera

o número de eixos e o preço do CNC. Pode ter certe-


Em extensão aos conceitos apresentados za, inclusive, de que a margem de lucro é maior para
no último artigo, outros aspectos devem ser os CNCs de maior número de eixos. Quem paga esse
levados em consideração para a correta lucro é você que, na maioria das vezes, não usa
toda a capacidade.
seleção do CNC visando seu retrofitting . Para que se tenha uma idéia quantitativa desse
Neste, estarei enfocando a quantidade/ha- mercado, saiba que 80% das máquinas CNC produ-
bilidade de controle de eixos que o CNC pode zidas no mundo utilizam equipamentos de até 6 ei-
xos e, nesse nicho, a diferença em preço de uma
administrar, as funções de alto nível aplicá-
marca para outra é inferior à 10%.
veis a eixos geométricos, e ainda mais, o Já nos outros 20%, para máquinas com 7 ou mais
que são eixos geométricos em comparação eixos a diferença no preço do CNC pode variar mui-
to, pois existem outros aditivos além do número de
com eixos de máquina.
eixos. São funções de inter polação, medição,
processamento simultâneo, enfim, uma série de fer-
ramentas adicionais que são necessárias para a pro-
e você realmente vai se utilizar de um CNC gramação de processos complexos e que só estão

S para o seu retrofitting, além dos conceitos


anteriormente abordados, um outro impres-
cindível é o número de eixos que este CNC
controla. Na verdade, é mais o menos esse requi-
sito que elege um CNC como adequado à sua apli-
presentes em CNCs desse porte.
Às vezes, pela complexidade do processo, ne-
cessitamos escolher um CNC apto a controlar mais
eixos mesmo que não precisemos dos mesmos,
então levamos ferramentas tecnológicas e durante a
cação. configuração da máquina – entenda: "posta em mar-
Quando dizemos que um CNC controla 4 eixos, cha" – é que eliminamos esses eixos “extras”.
8 eixos, 10 eixos ou 30 eixos, na verdade a grande Até cerca do ano 2000, os CNCs eram fabrica-
maioria têm apenas um idéia do que é isso, mas dos com um hardware dedicado àquele número es-
com certeza existe alguma confusão também aqui, pecífico de eixos, em números. Assim, você en-
que às vezes pode levá-lo a comprar um equipa- contrava modelos de 1 eixo, de 2, 4, 5, 6, 9, 15 e
mento dispendioso enquanto que uma melhor aná- 31 eixos. Veja que se existe algum fabricante que
lise poderia induzi-lo a uma compra mais acertada, possui um número diferente de eixos, por favor,
que otimiza o CNC levando àquilo que realmente não interprete que estou intencionalmente
vai usar, e não capacidade de sobra. desconsiderando-o, mas o que vale aqui é lembrar
Para o vendedor do CNC, o melhor é que você que as opções são várias e cobrem sem exceção
compre realmente aquele CNC que controla mais ei- todos os casos de retrofitting que já vi ou ouvi
xos, pois nesse ramo existe uma relação direta entre falar. Veja a figura 1.

M E C AT R Ô N I ATUAL
MECATRÔNICA
MECATRÔNICA C A ATUAL
AT UNº
A L Nº
5N º- 6AGOSTO/2002
6- -OUTUBRO/2002
OUTUBRO/2002 2 9 2299
ESPECIAL

grande vantagem, pois se o


hardware é sempre o mesmo, dá
para realizar uma boa previsão de
custos na elaboração do orçamen-
to, ao mesmo tempo que os recur-
sos de manuais de operação e pro-
gramação seriam os mesmos uma
vez que o CNC é o mesmo.
Uma outra vantagem dos CNCs
de arquitetura aber ta está no
Firmware ser também expansível no
que diz respeito às funções de pro-
gramação. Com um mesmo
hardware podemos ter um CNC de
funções simples, a saber:
interpolações cartesianas de pares
Figura 1 - Número de eixos.
de eixos, funções Miscelâneas e
alguns ciclos fixos ou no mesmo
Após o ano 2000 surgiu uma outra família de CNCs, hardware e somente habilitando funções do firmware,
considerando como de arquitetura aberta, onde o chegar a interpolações simultâneas de 5 eixos, si-
hardware é o mesmo, porém as características de mulação gráfica sólida 3D com sombra, mais canais,
software permitem incluir tantos eixos quanto o e mais funções síncronas.
processador possa suportar. Ou seja, você compra Por último, e reforçando o conceito que venho des-
um CNC que vem com um número mínimo de eixos, tacando nos últimos dois artigos, há um enfoque no
em geral são 4, 5 ou 6 eixos e através de habilitações firmware porque existe uma forte tendência de
por software, você conta ao CNC que ele deve con- homogeneização do hardware. Eu diria que uma evo-
trolar então, digamos 12 eixos, e ele o faz. lução sensível de hardware ocorre a cada 5 anos nes-
Ou seja, você comprou um CNC de, digamos, 5 te ramo, enquanto que versões de firmware são
eixos, na versão básica, e opcionalmente compra 7 lançadas a praticamente cada 6 meses.
licenças de uso de expansão de eixos, de forma que, Seguimos com o escopo do artigo e voltaremos à
no final, o CNC controle 12 eixos. Esses equipamen- discussão sobre atualizações de firmware mais adi-
tos são conhecidos como CNCs de arquitetura aberta ante.
ou: “open architecture” (do inglês). Obser-
ve a figura 2. NÚMERO DE EIXOS
Isso é uma grande vantagem para você,
usuário e reformador, que anteriormente, A noção mais básica de eixo
se sua máquina exigisse, digamos 7 ei- em máquinas CNC é de um siste-
xos, teria que comprar um de 10, porque a ma com um servomotor diretamen-
opção ora disponível ía até 6 eixos, e se te acoplado a um fuso. Quando o
seus orçamentos encarecessem às vezes motor gira uma volta, a porca do
para um valor 20% maior que o anterior e, fuso desloca-se do passo. Para um
por tanto, o cliente final desistia do motor girando a 3000 rpm e em um
retrofitting. Você lamentava que precisava fuso de passo 10 mm, se o motor
de apenas mais um eixo e não de quatro e girar nessa velocidade por 6 segun-
por isso não estaria disposto a pagar uns dos, haverá um deslocamento de 3
25% a mais. Mas o quê fazer naquela épo- metros para a porca.
ca? Hoje, a solução está aí. Um eixo desse tipo é dito como
Os CNCs de arquitetura aberta estão linear, mas não é só esse que pode-
se tornando uma tendência para o mos ter em máquinas CNC. Na ver-
retrofitting. Se a máquina demanda pou- dade, em raríssimos casos teremos
cos eixos, então, o usuário ou o reformador uma máquina sem eixos lineares.
não compra licenças e expansão adicio- Imagine um fresadora não CNC
nais. Já se a complexidade é maior, o em sua concepção mais simples.
hardware pode ser o mesmo, porém a alte- Figura 2 - CNC arquitetura Para a movimentação dos carros da
aberta 840Di.
ração fica apenas no software. Isso é uma mesa, temos um volante para cada

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fuso e um terceiro para levantar ou abaixar a mesa. Quando dois eixos lineares de avanço são per-
Ao todo são 3 eixos lineares. Se fossemos retrofitar pendiculares entre si, estes são ditos como eixos
esta máquina para CNC, deveríamos escolher um geométricos. Nos exemplos acima, em todos os ca-
equipamento capaz de controlar 3 eixos. sos o leitor poderia dizer que os eixos são geométri-
Outras máquinas possuem também um número de cos, mas se a retificadora cilíndrica possuir eixos
eixos lineares muito fácil de se identificar. A tabela a inclinados, daí quando se desloca o rebolo em dire-
seguir (1), mostra alguns casos: ção da peça, na verdade, o que temos é um desloca-
E por ai seguem outros casos, onde até a carga e mento combinado da face de corte do rebolo em dois
descarga de peças é automatizada com o CNC e são eixos. Ou seja, movemos um eixo e o display atuali-
consumidos em geral mais 2 eixos lineares. za a cota de 2 eixos. Portanto, este eixo inclinado
A programação desses eixos lineares no CNC se não é dito como eixo geométrico.
dá através da inserção das cotas absolutas de desti- Outros tipos de eixo são os rotativos. Aqui o exem-
no até onde o eixo deve se deslocar e com que velo- plo é do volante do carro. Ao girar o volante você
cidade. Atente para a figura 3. está inconscientemente pensando no giro da roda,
Os nomes destes eixos seguem um convenção e ou seja em determinar que ângulo a roda deverá fa-
não um padrão. Para eixos longitudinais, usa-se a le- zer para que a curva seja completada.
tra X, para os tranversais a letra Y e para o eixo onde Ao manipular o volante do carro, você pensa
ocorre penetração da ferramenta na peça, dizemos em frações de uma volta completa quando tenta
que é o Z. Isso não é uma exigência e sim uma con- seguir a curvatura da estrada. Se pudesse visualizar
venção. Você pode batizar o eixo da sua máquina da uma cota de giro, veria um valor em graus, sendo
melhor forma que convier. Existem CNCs que lhe per- para o caso do carro um universo de valores que
mitem a inserção de uma string para batizar o eixo, iriam de –90°(esquerda) até +90°(direita) e o valor
porém verifique antes com seu cliente se ele utilizará 0(zero) seria a direção aprumada perfeitamente
uma ferramenta de CAM para interligar esta máquina, para a frente.
porque muitos sistemas ainda não aceitam nomes Assim também são os eixos rotativos. A defini-
quaisquer para eixos. ção rotativo é a de um eixo onde sua posição é pro-
Na dúvida, siga a convenção que lhe traga menos gramada em graus, podendo ser superior a 360°, o
dor de cabeça e ainda aproveite o manual de progra- que significa que mais de uma volta será dada (figu-
mação que acompanha o CNC. ra 4).

Modelo da máquina Número de eixo lineares


Torno paralelo ou com barramento inclinado, 2 eixos, sendo um para o carro longitudinal e outro
e uma placa para o transversal

Torno duplo, com duas placas opostas 3 eixos, sendo um para o carro longitudinal, um para o
transversal e um último para a movimentação da placa
secundária em direção à principal de forma a trocar a peça.

Fresadora ferramenteira 3 eixos, dois para a mesa cartesiana e um terceiro para o


movimento da ferramenta perpendicular a mesa

Retificadora plana – ferramentaria e moldes Na maioria são 2 eixos lineares, pois a mesa é hidráulica.

Retificadora para crep-feed. 3 eixos lineares, sendo um para o movimento longitudinal


da mesa, um para movimento transversal do porta-rebolo
e um para o vertical do porta-rebolo.

Retificadora cilíndrica 2 eixos lineares.

Torno vertical São em geral 2 eixos controlados pelo CNC, uma vez que
o ajuste grosso do travessão é feito pelo operador. Quan-
do se deseja automatizar também o ajuste do travessão,
então ao todo são 3 eixos lineares.

Tabela 1 - Eixos lineares em máquinas.

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ESPECIAL

Uma característica de configuração de


eixos rotativos, disponível na maioria dos
CNCs, é a do trajeto pelo caminho mais
curto, ou seja, o CNC escolhe o sentido
de giro de forma que o deslocamento en-
tre a posição atual e a programada seja o
mais curto. Note na figura 5.
Se o eixo estiver na posição angular,
digamos 10°, e desejarmos ir para 350°, o
deslocamento total será de -20°. Isso é uma
economia de tempo, porém só será vanta-
Figura 3 - Programação de cotas lineares.
gem se a mecânica da máquina garantir
que não ocorrerão colisões e que este mo-
vimento, diz-se “cruzando o zero”, é permitido.Ao se
deparar com eixos rotativos em seu retrofitting, ob-
serve se eles primeiro podem ser movimentados pelo
caminho mais curto e então escolha um CNC com
essa capacidade.
Esses dois tipos de eixos até agora exibidos, são
conhecidos como “eixos de avanço”; Em inglês, a no-
menclatura é de “feed-axis”. Este nome provém do
nome da velocidade com que estes eixos são coman-
dados em máquinas convencionais.
Diz-se que este ou aquele eixo em combinação
com determinada ferramenta permite velocidades
de avanço de tantos metros por minuto, ou na in-
dústria de fabricação de moldes e estampos, dize-
mos que uma fresadora está trabalhando com de-
terminado avanço (velocidade = mm/min). Daí, a
razão de este eixos serem nomeados como eixos
de avanço.
Outros eixos são os eixos ditos como Principais
ou “Main-axis”, do Inglês. Neles, apenas a sua veloci-
dade é programada e não uma posição. Figura 4 - Programação em cotas angulares.
Numa fresadora, o eixo principal é o eixo de
giro da ferramenta. Em um torno, o giro da placa.
Numa retificadora cilíndrica, o giro do rebolo ou É absolutamente
da peça. Numa retificadora plana, será o eixo por- possível que uma
ta-rebolo. máquina possua
A definição é de um eixo onde o parâmetro de con- mais de 2 fusos,
trole é sua velocidade e não sua posição. Não está deve-se verificar
descartada a sua comutação momentânea para eixo que tipo de acio-
de avanço rotativo coordenado, porém esta não é sua namento está em
função principal na máquina. uso e se a rotação
Assim como os eixos de avanço, os eixos princi- de todos não é sem-
pais possuem também um nome que os caracteriza pre a mesma. Se o
no meio industrial que é o de “fuso” ou de “Spindle”. ciclo de cada fuso Figura 5 - Caminho mais curto
é exatamente o para eixos rotativos.
Esse nome dado é tão forte que, mesmo não sendo o
indicado na norma, vou usá-lo aqui, ainda mais por- mesmo, existe uma
que eu trabalhei ouvindo sempre “fuso” e não “eixo- boa chance de se parametrizar o CNC como de um
principal”. Na figura 6, um exemplo de eixo-fuso. único fuso. Mas observe que este caso requer uma
Máquinas com vários fusos são chamadas de análise da simultaneidade dos ciclos de cada fuso.
multifuso. Exemplos disso são tornos duplos, com fuso O quarto e último tipo de eixo é o controlado pelo
principal para torneamento de um lado da peça e fuso CLP da máquina. Por definição, um eixo CLP é aque-
secundário para o torneamento do outro. le onde o controle de malha fechada de posição não

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é feito pelo firmware do CNC. Na verdade, ainda exis-


tem poucas marcas de CNC onde há uma área do
firmware reservada para controle de posição de eixos
CLP, mas isso está desaparecendo, porque já temos
servo-acionamentos externos com controle de posi-
ção cujo preço caiu muito nos últimos 4 anos.
Exemplos de eixos CLP são magazines automáti-
cos de ferramenta ou torres, e eixos de carga e des-
carga automática de peça na máquina.
Na troca de ferramenta em torres o operador es-
creve uma instrução T seguida do número da ferra-
menta e isso já basta para o motor que está acionan-
do a torre entende que rumo tomar e em que posição
ele deve se posicionar para que tal ferramenta co-
Figura 6 - Foto de um eixo-fuso.
mandada seja a próxima disponível para trabalho.
Se tivéssemos definido o eixo como avanço, tería-
mos que programar o ângulo de destino desta torre, Essencialmente, o que lhe interessa é o número
mas na prática não o fazemos. Ao contrário, apenas de eixos CNC, e se houver capacidade adicional para
informamos ao CLP que ferramenta desejamos ter na comando de eixos CLP, será ainda melhor, mas isso
posição de trabalho, e este se encarrega de se comu- está se tornando cada vez menos uma exigência.
nicar com o acionamento externo para atingir esta
posição e numa velocidade já definida. FUNÇÕES DO CNC
Até mesmo a decisão de tomar ou não o caminho
mais curto é, nesse caso, tratada via CLP. As funções do CNC são muitas e cada uma tem
Os eixos assim chamados são conhecidos alter- suas peculiaridades. O que pretendo ressaltar aqui é
nativamente como eixos auxiliares. Memorize o con- aquilo que será decisivo para a sua escolha do me-
ceito de que eixos auxiliares não consomem lhor equipamento para o retrofitting. Na verdade, existe
processamento do CNC e daí não necessitam estar uma grande quantidade de comandos que são co-
incluídos na especificação do número máximo de ei- muns em todos os CNCs, e então de nada adianta
xos controlados por um CNC. Veja a figura 7. exibi-los, pois essa informação não o ajudará na se-
Como há diferentes hardwares, é possível que leção.
por uma condição comercial favorável, você encon- Vou procurar iniciar com funções relacionadas à
tre um CNC que controle até eixos auxiliares por configuração e agrupamento de eixos CNC, conside-
uma relação de custo e facilidade de programação rando que acabamos de fazer uma abordagem sobre
mais vantajosa que a de um CNC de menos eixos eixos.
ligado a um acionamento externo para eixo auxiliar. De acordo com o universo das máquinas que já
Neste caso, vale a pena questionar o vendedor so- retrofitei e daquelas cujas experiências são de cole-
bre uma comparação de configurações, e você po- gas do ramo, são quatro as funções de destaque: de-
derá lucrar com isso. finição de eixos como agrupados por trajetória, defi-
Se você tiver um caso onde 5 eixos são de avan- nição de eixos gantry, definição de eixos inclinados
ço, 1 é fuso e 1 é auxiliar, fique com um CNC de seis para retificadoras e transformação para interpolação
eixos, pois o auxiliar permite usar a interface de CLP simultânea de 5 eixos.
para o controle. O agrupamento por trajetória é uma função do CNC
Neste ponto, creio que o conceito de número de que exige que o programador defina primeiramente
eixos já foi bem entendido. Alguns fabricantes de CNC uma trajetória, que pode ser através de segmentos
mencionam número de eixos como o total de de reta, segmentos curvos ou combinação de am-
fuso+avanço, já outros dizem claramente quantos são bos. Uma vez definida a trajetória, também os eixos
de avanço e quantos são de fuso. envolvidos aí estarão definidos.
Pergunte sempre quantos de cada tipo podem A função é tal que, ao mover um único eixo, os
ser configurados na sua máquina e observe se existe demais envolvidos seguem o primeiro, de forma a
espaço para eixos auxiliares. Junte esse conceito não fugir da trajetória anteriormente definida. Essa
com o número de canais e bags que vimos na edi- função é chamada de agrupamento eletrônico de ei-
ção passada, e você já terá metade da definição xos.
pronta para a melhor escolha do CNC que será usado Um exemplo clássico de agrupamento de eixos
no retrofitting . está nas fresadoras de engrenagens. Os eixos de-

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ESPECIAL

vem estar acoplados de este eixo como Gantry indicando qual


maneira que, independente outro eixo é o mestre. Sempre que
do modo de operação, quan- um eixo é descrito como Gantry, ele
do um se aproxima da ferra- não será programado, sua coordena-
menta, os demais o seguem, da não aparecerá no vídeo, porém
com uma relação de trans- todo o comando destinado ao eixo
missão “eletrônica” já defini- mestre, o escravo também o recebe-
da e respeitando o ângulo de rá. Com isso, praticamente fica elimi-
entrada do gerador helicoidal nada a torção do travessão.
(figura 8). Mais uma função é a interpreta-
Um outro caso é aquele ção por parte do CNC de que uma
onde pode haver colisão de retificadora cilíndrica possui eixo do
um carro contra outro ou con- cabeçote porta-rebolo inclinado em
tra um dispositivo. Daí então relação à mesa. Atente para a figura
faz-se uma definição de uma 10.
região onde, quando um eixo A operação típica desta máqui-
entra, ele passa a seguir o na é a retífica simultânea de face e
outro através de uma traje- diâmetro. Assim, se desejarmos re-
tória pré-estabelecida, garan- tificar mais de uma seção por peça,
tindo que não haja colisão. deveremos deslocar a mesa para a
Quando fazemos um posição da nova seção de forma
retrofitting , às vezes nos que já esteja sendo considerada a
deparamos com caixas de Figura 7 - CNC e acionamento de cota longitudinal de mergulho que o
posicionamento externo.
redução e trens de engrena- rebolo terá quando mover-se para a
gens geradores de trajetóri- peça.
as em máquinas que possuem originalmente um úni- Apenas como curiosidade, um ângulo muito uti-
co motor e o restante das transmissões segue via lizado para a inclinação deste eixo é o 26°34’, cuja
engrenamentos. Pois bem, com esse recurso, você tangente é exatamente ½, ou seja, toda vez que
elimina a mecânica e seus inconvenientes, que são eixo transversal estiver aproximando-se da mesa
geração de calor, manutenção e ruído. por 2 mm, o eixo longitudinal será compensado de
O segundo recurso é a definição de eixo como eixo 1 mm. Para quem é do ramo de retífica como eu,
Gantry. Um eixo Gantry (do inglês, pórtico) é um eixo esse ângulo é semelhante ao travesseiro: dorme-
escravo de um eixo motor de uma perna do pórtico. se com ele, acorda-se com ele.
Fresadoras-portal ou qualquer outra máquina se- Se sua máquina for uma retificadora cilíndrica an-
melhante possuem um travessão central onde estão gular, não há outra saída que não seja a do CNC com-
um ou mais cabeçotes de usinagem e esse traves- pensar o deslocamento longitudinal do cabeçote para
são desloca-se longitudinalmente pela direção da as coordenadas da mesa. Analise isso na seleção de
mesa. seu CNC.Para finalizar este artigo, abordaremos um
Devido à rigidez deste pórtico, quando submetido tipo de aplicação que surgiu há alguns anos e tem
a acelerações e de-
sacelerações em espaços
curtos de tempo, no caso de
uma usinagem de um deta-
lhe de pequenas proporções,
certamente a perna não mo-
torizada do pórtico iria se des-
locar depois da outra, provo-
cando uma torção na estru-
tura e, por conseguinte, a per-
da de qualidade da peça.
Observe a figura 9.
A única forma de corrigir
isso é usando um segundo
motor para o eixo escravo, e
Figura 8 - Eletronic gear box.
um CNC capaz de configurar

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Figura 9 - Eixo gantry. Figura10 - Eixo inclinado.

seu maior campo de emprego na fabricação de pás algoritmo faz isso, ele transforma superfícies 3D
para turbinas e perfis para a indústria aeronáutica. em 2D e aplica ao cabeçote rotativo de 2 eixos a
Essa aplicação é conhecida como interpolação simul- matriz de transformação (figura 11).
tânea de 5 eixos. A matemática é vasta aqui. Mas quem precisa sa-
As interpolações simultâneas de 5 eixos são o má- ber disso é o CNC, portanto consulte os recursos dele
ximo que a capacidade de processamento atual pode se a sua aplicação exige transformação de 5 eixos.
oferecer em termos de complexidade de algoritmo. O Observe que não basta a máquina ser apta a controlar
conceito é simples, porém o algoritmo é complexo. 5 eixos, ela deve conseguir executar a transformação
Vou me ater ao conceito. de maneira que você programe apenas os três eixos
Quando usinamos uma superfície 3D com uma geométricos e, automaticamente, o CNC controla os
fresadora vertical, não temos sempre a ponta da fer- deslocamento dos dois eixos angulares do cabeçote.
ramenta normal à superfície da peça. Se quisésse- Há outras transformações interessantes que cer-
mos inclinar o cabeçote ainda poderíamos fazê-lo; tamente auxiliam na programação do CNC e que se-
contudo até há alguns anos atrás o CNC não compre- rão abordadas no próximo artigo, assim como a
endia essa inclinação. l
tecnologia de interrupção por I/O de CNC.
Hoje, o CNC além de compreender a inclina-
ção, ainda inclina o cabeçote para você, e o me-
lhor, mantém a ponta da ferramenta sempre per-
pendicular à superfície da peça. O ganho disso é
imediatamente sentido quando o acabamento da
peça é uniforme, independente do ângulo da su-
perfície. Isso porque o CNC, em seu pro -
cessamento, inclinou o cabeçote, o sistema de co-
ordenadas e de velocidades de avanço de tal for-
Figura 11 - Interpolação 5 eixos.
ma que planificou uma superfície 3D. De fato, o

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MECÂNICA INDUSTRIAL

Douglas Ribeiro
dos Santos

No artigo passado dissertamos sobre


o resto da estrutura através da caixa de mancal, ou
vários assuntos ligados ao tema rolamen- seja, se a caixa de mancal será inteiriça, fabricada a
to. No que diz respeito ao conceito, dife- partir de uma única peça ou bipartida, desmontável
renciamos e exemplificamos mancais de em basicamente duas peças (vide figura 1). O tipo de
construção da caixa de mancal pode facilitar e muito a
rolamentos e mancais de deslizamento, manutenção, a montagem e a desmontagem do eixo.
abordamos os tipos principais de rolamen- O mancal pode fazer parte da própria estrutura da
tos, descrevemos a aplicação de cada tipo máquina ou então ser introduzido na estrutura.
As principais empresas fabricantes de rolamen-
de rolamento, apresentamos uma inicia- tos fornecem caixas de mancal padronizadas junta-
ção ao cálculo para seleção de rolamento mente com componentes para vedação, lubrificação
e também tecemos comentários sobre a e fixação para aplicações especificas, mais adiante
apresentaremos estes mancais.
codificação dos rolamentos, entre outros.
É muito importante calcular, no caso de projeto,
Neste artigo queremos nos aprofundar quais as forças que estarão atuando sobre a caixa
um pouco mais no assunto, e para isto va- de mancal, pois como foi dito no artigo passado, o
mos descrever os principais componentes mancal recebe todos os esforços que de alguma for-
ma estão atuando no eixo, e por isso atenção espe-
de uma caixa de mancal e entender qual cial deve ser dada à forma de fixação para que se
a importância de cada um e saber porque possa garantir rigidez e impedir vibração indesejável.
estes são dispostos de uma forma espe- Dito isto, podemos descrever os principais com-
ponentes que uma caixa de mancal deve ter para
cífica. que os rolamentos possam funcionar de maneira
satisfatória, são eles vedadores, ponto de lubrifica-

A
caixa de mancal é o lugar onde o mancal ção e elementos de fixação.
estará alojado. Aqui devemos lembrar que Para melhor entendimento do assunto, iremos mon-
uma caixa de mancal pode ser de rolamento tar um eixo aos seus mancais, aproveitaremos a figu-
ou deslizamento, radial ou axial, neste arti- ra para entender as forças que estão atuando sobre o
go estamos abordando particularmente os mancais de eixo e quais os possíveis rolamentos para instalação.
rolamentos, embora alguns conceitos de caixa de Imaginemos um eixo (vide figura 2), ao qual está
mancal sejam os mesmos para os dois casos. acoplada uma engrenagem movida, uma outra en-
Quando se fala em caixa de mancal muitos já pen- grenagem denominada motora (pois está montada a
sam nos componentes de vedação, lubrificação e fi- um eixo acoplado a um motor), que não aparece no
xação, porém é importante destacar que ao se proje- desenho, transmite a força F indicada na figura.
tar uma máquina deve-se ter em mente como serão A força F se decompõe em três forças de acordo
feitas as conexões entre os conjuntos girantes e todo com os eixos cartesianos ortogonais, são elas a for-

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MECATRÔNICAATUAL
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MECÂNICA INDUSTRIAL

Figura 1 - Mancal Inteiriço e


bipartido.

ça axial Fa, a força radial ho-


rizontal Frh e a força radial
vertical Frv.
Podemos perceber que a
única força que transmite mo-
vimento é a força radial hori-
zontal Frh, que multiplicada
Figura 2 - Eixo de transmissão.
pela distância R (que é o raio
da engrenagem) produz um
momento torsor; a força radial vertical Frv produz uma
flexão no eixo; enquanto que a força axial Fa impõe um
empuxo axial que deve ser previsto na configuração da
caixa de mancal; o apoio Ap descarrega o empuxo axial
sobre o mancal, e a outra extremidade do eixo é livre
para permitir dilatação e compensar esforços de flexão.
Sabendo que o eixo vai sofrer flexão, seleciona-
mos um rolamento autocompensador para a caixa de
mancal livre de apoios laterais, o que permite a dilata-
ção do eixo, e para a caixa de mancal que sofre a
ação de uma força axial, vamos montar um rolamen-
to de contato angular de esferas, que anula o empuxo
axial principal e alguma força de reação que possa
aparecer, ficando o eixo com a configuração apresen-
tada na figura 3.
Mas por onde será feita a lubrificação? E como
será mantida? Como os rolamentos serão protegidos
de poeira e ataque de agentes externos?
Para estas perguntas temos dois componentes,
um chamado elemento de vedaçã e outro, que é o
elemento de lubrificação.
Os vedadores são usados justamente para segu-
rar o lubrificante no interior da caixa de mancal, con-
seqüentemente dentro do rolamento. É preciso, no
entanto, atentar para o melhor ponto de aplicação do
lubrificante, isto veremos mais adiante.Outra função
importante dos vedadores é impedir a entrada de im-
purezas do ambiente externo para dentro da caixa de
mancal, existem diversos tipos construtivos e materi-
Figura 3 - Eixo com mancais.
ais para vedadores, porém, para um melhor entendi-

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MECÂNICA INDUSTRIAL

mento podemos classificar os lábio axial, também conhecido


vedadores em vedadores de como vedador de anel-V por ser
contato, ou seja, que atritam no um anel de borracha inteiriço
eixo e os vedadores de não com formato em V.
contato, aqueles que não atritam Os elementos de vedação
com o eixo. mola prato ou discos de vedação
são geralmente aplicados quan-
VEDADORES DE CONTATO do o lubrificante é graxa, vide fi-
gura 6.
Estes se ajustam com uma
certa pressão sobre o eixo, po- VEDADORES DE
rém ela não pode ser excessiva Figura 4 - Vedador. NÃO CONTATO
a ponto de desgastar muito o
eixo e produzir um calor exces- Os vedadores sem atrito
sivo sobre o vedador, mas tam- são adequados para funcionar
bém não pode ser suave a pon- por um longo período de tem-
to de não impedir a entrada de po ou um alto número de rota-
impurezas ou umidade; os anéis ções em ambientes não muito
de feltro são elementos de agressivos. Pode-se usar uma
vedação que não geram muito fenda estreita entre o eixo e a
desgaste sobre o eixo, no entan- caixa, mas em ambientes mais
to, às vezes são necessários agressivos os vedadores tipo
dois anéis para produzir o efeito labirinto são mais indicados,
desejado, estes elementos de- este tipo de vedador é bastan-
vem ser embebidos em óleo an- te conhecido, porém requer
tes da montagem. Figura 5 - Detalhe do vedador. mais espaço e para uma me-
Os discos radiais de lhor eficiência deve-se manter
vedação, também conhecidos como vedadores de lá- o labirinto prenchido com graxa.Comentamos que
bio radial são fabricados de borracha nitrílica (NBR), a vedação tipo labirinto requer um pouco mais de
estes vedadores são guarnições que possuem um tipo espaço na lateral, costuma-se usar em projetos
de lábio que, através da ação de uma mola, fica em onde o espaço na lateral é reduzido os anéis
contato com a superfície do eixo,vide figuras 4 e 5. lamelares de aço, que tensionam o diâmetro ex-
Quando o eixo sofre pequenas inclinações, ou no terno ou interno, isto em relação ao lugar onde o
caso de deslocamentos radiais, usa-se o vedador de anel será alojado, veja figura 7.

Figura 6 - Exemplos de vedadores de contato.

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MECÂNICA INDUSTRIAL

Figura 7 - Exemplos de montagem de vedadores de não contato.

LUBRIFICAÇÃO demais pode aquecer excessivamente a caixa de


mancal, e por isso devemos sempre colocar a quanti-
Já falamos em outros artigos sobre a importância dade de lubrificante indicada pelo fabricante do equi-
da lubrificação, de modo que não iremos abordar com pamento ou do rolamento.
profundidade os tipos de lubrificantes, sistemas de O outro componente que citamos anteriormen-
lubrificação ou os elementos-base de um lubrificante, te é justamente usado para possibilitar a lubrifica-
porém, é importante frisar que o lubrificante forma ção, mais conhecido como engraxadeira (vide fi-
uma película entre os elementos rolantes e as pistas gura 9 e 10). Aqui o cuidado deve ser, no caso de
dos rolamentos, evitando o contato metal/metal mes- projeto, de instalar a engraxadeira na posição cor-
mo quando cargas altas estão atuando sobre o eixo, reta de maneira que realmente o lubrificante pene-
reduzindo o atrito e desgaste excessivos, e impe- tre no rolamento e não apenas chegue ao lado dele.
dindo a contaminação do rolamento por agentes ex-
ternos e evitando a corrosão. TIPOS DE DISPOSIÇÃO DE MANCAIS
A lubrificação pode ser realizada com graxa ou
óleo, a grande maioria dos rolamentos hoje é No artigo passado abordamos os tipos de mon-
lubrificada com graxa, mesmo nos diferentes seg- tagem de rolamentos, citando as montagens com
mentos da indústria, a graxa é uti- disposição em “O”, disposição
lizada nos casos onde o rolamen- em “X” e disposição tipo “TAN-
to trabalha em condições normais DEM”, e agora aproveitamos
de temperatura e velocidade, já este ar tigo (cujo tema é
a lubrificação com óleo é mais mancais) para acrescentarmos
aplicada quando as condições de um pouco mais de conceito téc-
trabalho impossibilitam usar a gra- nico a estes tipos de monta-
xa ou quando for necessário re- gem, discorrendo sobre os ti-
duzir a temperatura do mancal, pos de disposição de mancais.
por exemplo, em mancais de bom- Voltando ao eixo onde aplica-
bas centrífugas horizontais mos as forças, percebemos que
bipartidas, vide figura 8. ele pôde ser montado com um
A quantidade de lubrificante tam- rolamento em uma extremidade
Figura 8 - Mancal de bomba.
bém é importante, pois lubrificante e um rolamento na outra extre-

MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 39


MECÂNICA INDUSTRIAL

midade na caixa de mancal de dentro, o apoio dos rolamentos


maneira que um lado esteja se dá pelo anel interno, enquan-
fixo(bloqueado) e o outro livre. A to o ajuste é realizado pelo anel
este tipo de disposição chama-se externo. Na montagem em “O”
Mancal fixo-livre, vide figura 11. (vide figura 12), ocorre o inver-
Para o caso em que os dois so, ficando, portanto, definida a
rolamentos são bloqueados (ne- forma de fixação do rolamento,
nhum é livre), alguns chamam de quando determinado o tipo de
montagem com rolamentos blo- montagem; entendemos tam-
queados bilateralmente, basea- bém que não podemos desmon-
da na condição de montagem tar uma máquina e alterar o tipo
dos dois rolamentos; outros se Figura 9 - Engraxadeira. de fixação do mancal ou o ajus-
referenciam pelos mancais e de- te de pré-carga, sem analisar os
nominam de disposição de rolamento com mancal arranjos na montagem dos rolamentos.
ajustado, pois durante a montagem um dos anéis do O Mancal flutuante apresenta um custo baixo,
rolamento é deslocado de maneira que se possa ajus- isto quando é permitido um jogo axial do eixo. A fixa-
tar a folga ou pré-carga sobre os rolamentos. Os rola- ção é parecida com o mancal ajustado, só que neste
mentos que possibilitam este tipo de montagem são o eixo pode se deslocar por causa da folga axial “f ”,
os de rolos cônicos ou os rolamentos de contato an- (vide figura 13), a folga é dimensionada para que
gular de esferas. mesmo sob efeito de dilatação térmica o eixo não
Na disposição em “X”, o vértice do ângulo decor- fique tensionado axialmente.
rente das linhas que passam pelos pontos de contato Os rolamentos apropriados para este tipo de mon-
entre as esferas e as pistas de rolagem aponta para tagem são os autocompensadores de rolos ou esfe-
ras e também os fixos de esferas.

FIXAÇÃO AXIAL DE ROLAMENTO

Os rolamentos são montados com ajuste, geral-


mente com interferência, porém é necessário que o
rolamento seja de alguma forma fixado também
axialmente, e dependendo do tipo de disposição utili-
zada na montagem é possível determinar qual anel

Figura 10 - Engraxadeira em corte.

Figura 11 - Mancal fixo-livre. Figura 12 - Mancal ajustado.

40 MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002


MECÂNICA INDUSTRIAL

Figura 13 - Mancal flutuante.

Figura 14 - Mancais FAG - tipo S. (cortesia da FAG). Figura 15 - Fixação do mancal. (cortesia da FAG).

deverá ser apoiado, ou então o projetista determina A empresa SKF está apresentando as novas cai-
qual a melhor maneira para executar a fixação, sendo xas de mancal bipartidas do tipo SNL, as quais repre-
que nesta fixação existem diversas possibilidades. sentam um desenvolvimento adicional dos conheci-
dos alojamentos do tipo SNH, estas caixas combi-
MANCAIS PADRONIZADOS nam elevada capacidade de carga e qualidade de
usinagem, bem como uma grande variedade de alter-
Dissemos anteriormente que as principais empre- nativas de vedação, um dos assuntos abordados
sas fabricantes de rolamentos também disponibilizam durante a apresentação deste tema, veja um mancal
caixas de mancais para aplicações específicas, pa- SKF-SNL na abertura deste artigo (cortesia da SKF).
dronizadas e arranjos simplificados, isto é muito im- A empresa FAG dispõe de uma “caixa” de
por tante para os novos projetistas da área de mancal, na verdade são unidades em ferro fundido
Automação, pois é possível realizar vários projetos ou aço estampado projetadas para trabalhar com
pequenos a um custo reduzido, com ganho de tempo um tipo de rolamento de esferas também desen-
e sem ter que conhecer ou se aprofundar muito nos volvido como solução econômica em aplicações
detalhes da caixa de mancal que, como vimos até relativamente simples na montagem de rolamentos.
aqui, possui muitas particularidades. Vide figura 14.

MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 41


MECÂNICA INDUSTRIAL

Figura 16 - Superfície esférica (cortesia da FAG).

Estas unidades são fáceis de montar; o tipo de


ajuste aplicado, com folga, permite posicionar e fixar
o rolamento com facilidade através da montagem do
excêntrico autotravável (vide figura 15).
O rolamento é projetado para absorver
desalinhamentos estáticos, isto é possível graças a
superfície esférica do anel externo (vide figura 16).
O rolamento já vem lubrificado com graxa e é se-
lado de ambos os lados, a graxa atende por completo
a vida nominal do rolamento, no entanto, para os ca-
Figura 17 - Lubrificação (cortesia da FAG).
sos onde o rolamento seja montado em alojamento
de ferro fundido, a relubrificação é possível, pois o
rolamento possui orifícios próprios para este fim (vide sentamos os mancais padronizados, uma possibili-
figura 17). dade interessante que temos no mercado.
A seqüência de montagem abaixo ilustra como é Com certeza, não apresentamos todo o conteúdo
fácil montar este tipo de rolamento na caixa de mancal da matéria rolamentos e nem foi nossa pretensão,
padronizada. Observe as figuras de 18 a 25. apenas tentamos abordar de uma forma simples con-
ceitos importantes para quem atua de alguma forma
CONCLUSÃO com esses componentes.
l
Até a próxima...
A intenção neste artigo foi
apresentar a caixa de mancal,
seus principais componentes, a
forma construtiva, passar uma
noção de como as forças atuam
nesses pontos e as possibilida-
des de montagem a partir do con-
ceito de disposição dos mancais,
se fixo-livre, mancal ajustado ou
mancal flutuante.
Apresentamos os componen- Figura 19 - Gire o rolamento para a
tes de vedação e os diferentes posição certa, endireitando-o. Para
isto, use um tarugo de plástico para
tipos, principalmente se são de Figura 18 - Insira o rolamento dentro do não danificar o rolamento, esta
contato ou de não contato, e tam- canal, removendo antes o colar operação é mais fácil quando se usa
bém tecemos comentários sobre excêntrico autotravável. uma morsa para prender o mancal.
(cortesia da FAG). (cortesia da FAG).
a lubrificação e, finalmente, apre-

42 MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002


MECÂNICA INDUSTRIAL

Figura 20 - Coloque o eixo dentro do Figura 22 - Gire o colar excêntrico auto-


anel interno do rolamento e posterior- Figura 21 -Aperte o parafuso de fixação da tratável com firmeza, no sentido de
mente posicione o colar excêntrico auto- caixa (ou alojamento) no equipamento ou rotação do eixo até que ele trave
travável (cortesia da FAG). máquina (cortesia da FAG). (cortesia da FAG).

Figura 23 - Localize o ponto certo para Figura 25 - Para a série 562: aperte
acoplar o anel excêntrico autotratável. Figura 24 - Aperte o parafuso tipo allen ambos os parafusos
(cortesia da FAG). (cortesia da FAG). (cortesia da FAG).

MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002 43


ROBÓTICA

Julio Cesar de Almeida Freitas

Abordaremos neste trabalho a programação off-line, que é


um método de ensino que vem ganhando novos impulsos com
o desenvolvimento da tecnologia, bem como uma tendência
suscetível de tornar-se popular no uso da programação de
robôs, aumentando de fato a flexibilidade e habilidade de se
arranjar para novas produções com uma variedade ilimitada
de cenários e movimentos.
A programação off-line deve ser considerada como o pro-
cesso através do qual programas de robô são desenvolvidos,
parcial ou completamente, sem a necessidade do uso do pró-
prio robô. Os dados de coordenadas dos pontos são gerados,
como também os dados de função e o ciclo lógico. Desenvolvi-
mentos na tecnologia de robô, tanto de hardware quanto de
software, estão fazendo da programação off-line um método
mais possível. Estes desenvolvimentos incluem grandes sofis-
ticações no controle dos robôs melhorando precisões de
posicionamento e com adoção de tecnologias de sensores. Há,
atualmente, atividades consideráveis no método de progra-
mação off-line e estas técnicas estão sendo melhoradas nas
indústrias de manufatura, proporcionando uma forma efetiva
de utilização desta prática.

orna-se quase que inevi- clara das alternativas de en-


tável uma comparação sinamento.
entre os processos de Na programação on-line pegam-
ensinamento do robô. É se e colocam-se os objetos (peça- Programação on-line com as van-
interessante, para um entendimen- produto, Jigs de fixação e posicio- tagens e desvantagens em relação à
to inicial, compararmos os méto- namento, robôs, periféricos, etc...) programação off-line. (tabela 1)
dos de programação por intermé- ao redor da própria produção, envol- A mais significativa vantagem
dio de uma tabela que contemple vendo-os na célula de trabalho. O ro- da programação on-line é que o robô
as vantagens e desvantagens, se bô e todo o sistema (célula de traba- é programado em concordância com
assim podemos dizer, possibilitan- lho) são integrados e programados a atual posição dos equipamentos,
do desta forma uma visão mais com o auxílio de um “Teach Box”. Jigs e peças. Contrariamente, a

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R
ROOB
BÓÓTTIIC
CAA
mais significativa desvantagem é
que ela fica na posse, ou seja, utili-
zando-se dos equipamentos valio-
sos.
Na programação off-line, pegam-
se e colocam-se os objetos (peça-pro-
duto, Jigs de fixação e posi-
cionamento, robôs, periféricos, etc...)
dentro de um computador e são usa-
dos modelos da célula de trabalho
com robô, peças e ambientes. Os
programas de robôs podem, em mui-
tos casos, serem criados pela
reutilização de dados de CAD (dese-
nhos eletrônicos) existentes de for-
ma que a programação seja rápida e
efetiva; nas figuras 1 e 2 podemos
observar um exemplo de uma célula
de trabalho . Os programas de robô
são verificados dentro de simulações
e qualquer erro é corrigido (tabela 2).
A grande vantagem da programa-
ção off-line é que não é necessário
ter disponíveis os equipamentos para
realizar a programação, o investimen-
to em equipamento será feito depois
de realizado o programa e o estudo
de processo, por exemplo. De outra
forma a vantagem é que não se ocu-
pa equipamento de produção, e den-
tro deste modo a produção pode con-
tinuar durante o processo de progra-
mação. Sem dúvida, a maioria dos
robôs hoje, estão sendo programados
on-line, isto é devido principalmente
ao fato de que a programação off-line
tem tido uma forte razão e demanda
a necessidade de usuários especia-
listas.
Avançadas ferramentas de pro-
gramação off-line contêm facilidades programação possa ser vultoso, off-line como uma ferramenta a
para depurar e isto assiste efetiva- um sistema de programação off- mais, para orientar um cliente em
mente a programação. A ferramenta line torna-se essencial. potencial da necessidade de uma
de programação admite utilização de Existe um enquadramento determinada solução auto ma -
ferramentas suportes para o proces- sensível de forma contundente tizada robotizada, culminando para
so de programação, por exemplo do mercado brasileiro neste con- uma tomada de decisão em cima
otimização dos processos de texto, de forma discreta as utili- de fatos vir tuais muito próximos
soldagem, montagem, pintura e zações de robôs vêm crescen- do real. A realidade do mercado
etc... do e o aumento da complexida- nacional ainda é muito tímida, pois
Muitas aplicações de robôs, en- de da aplicação robótica, parti- todos os processos que envolvem
volvem processo de produção em cularmente com respeito aos tra- robótica possuem uma expectati-
massas como, por exemplo, sol - balhos de montagem e soldagem va muito alta, agregando um cus-
dagem em linhas automotivas, onde vêm fazendo das vantagens da to também elevado. Nos mercados
o tempo de reprogramação exigido programação off-line atrativas. europeus, asiáticos e nor te-ame-
é ausente ou mínimo. Contudo, para Uma outra vertente significativa ricano, o processo de programa-
a aplicação robótica ser possível no no mercado nacional é a utiliza- ção off-line e simulação é signifi-
campo de pequenos e médios gru- ção da simulação, que é uma cativo em virtude da relação cus-
pos de produção, onde o tempo de conseqüência da programação to beneficio.

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OUTUBRO/2002 45
ROBÓTICA
- Integração com sistemas exis-
tentes de CAD/CAM:
- Simplificação de atividades com-
plexas;
- Verificação de programas de
robô:
- Softwares de simulação po-
dem ser usados para demonstrar
tarefas livres de colisão antes da
geração do programa do robô.
Conforme ilustram as figuras 3 e
4.
É possível enumerar outras
possibilidades de utilização da
ferramenta de programação off-
line e simulação, além das descri-
tas acima, que fogem do contex-
to, mas que é interessante a sua
menção:
- Planejamento da produção;
Figura 1 - Exemplo de uma célula de trabalho virtual. - Projeto e otimização de dispo-
sições “lay-outs”;
- Projeto de produto e otimização;
- Supervisionando e coletando
dados;
- Construção de Robôs;
- Educação;

De uma forma mais abrangente,


podemos alternar os métodos de
programação em on-line e off-line,
conforme a melhor utilização de
suas vantagens otimizando as téc-
nicas de programação de acordo
com as necessidades e facilidades
de desenvolvimento. Essa varian-
te de programação é denominado
de “Programação Híbrida” , segun-
do (E.Trostman), um programa de
robô consiste principalmente de
duas partes:
Localização (posição e orienta-
ção) e lógica de programação (es-
trutura de controle, comunicação,
cálculos).
Figura 2 - Célula de trabalho real. O programa lógico pode ser de-
senvolvido off-line com a efetiva fa-
A programação off-line e a simu- se o tempo durante o qual o opera- cilidade de depuração e simulação.
lação atuam de forma expressiva e dor está na área de risco junto ao equi- As principais partes de comandos
podemos resumi-las: pamento. de movimentos podem ser criadas
- Redução do ciclo de paradas do - Um único sistema de progra- off-line pela reutilização dos dados
robô; mar: de CAD (desenhos eletrônicos) e
- Remoção do programador de - O sistema pode ser usado para pela interação do programador. Co-
meios potencialmente perigosos: programar uma variedade de robôs mandos de movimentos para loca-
- No momento em que a maioria sem a necessidade de se conhecer lização e colocação de peças den-
dos desenvolvimentos dos progra- a sintaxe da linguagem de cada con- tro de células robotizadas podem
mas são feitos longe do robô, reduz- trole de robô. ser programados on-line, se for

46 MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002


R
ROOB
BÓÓTTIIC
CAA
necessário. Dentro desta ótica am-
bos os métodos podem ter vanta-
gens e ser utilizados propiciando
uma melhora de flexibilidade na
produção.
Após a verificação do progra-
ma do robô na simulação, o pro-
grama é descarregado na unidade
de controle do robô (processo tra-
tado como “download”).
A correta combinação de pro-
gramação on-line e programação
off-line leva principalmente à re-
dução de custo dentro dos ajus-
tes de produção.

CONCLUSÃO

Diante das incertezas no merca-


Figura 3 – Identificando uma colisão
do nacional, tal tecnologia pode ser
ajustada conforme o grau de domí-
nio que cada usuário dispõe. Embo-
ra, nos dias atuais, essa ferramen-
ta de programação no mercado na-
cional seja totalmente tímida e por-
que não dizer desconhecida pela
maioria dos usuários. Cria-se uma
barreira muito grande, em primeiro
lugar pelo investimento na
capacitação do profissional para
desenvolver a potencialidade de tra-
balho no software, no investimento
de aquisição da ferramenta e, em
seguida, pela credibilidade de uso
na integração dos processos.
Algumas entidades de ensino,
tal como SENAI “Armando de
Arruda Pereira” (São Caetano do
Sul - SP), Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS), Uni- Figura 4 – Ambiente sem colisão.
versidade Estadual de Campinas
(UNICAMP) e Universidade Fede-
ral de Minas Gerais, buscam dis-
Bibliografia
seminar a tecnologia disponi-
bilizando treinamento e adequação - Handbook of industrial otm_iv_4.html ,Osha techni-
ao contexto, somado aos esforços robotics, NOF, Shimon Y. 2a. Ed. cal manual – section IV: chapter
dos fabricantes de robôs que im- New York, John Wiley; 4
portam soluções de seus países
de origem para atendimento dos - Como usar de maneira corre- - http:// www.camelot.dk/
clientes. Este cenário tem uma ten- ta os robôs industriais, english/introsimu.htm , Univer-
dência forte de evolução que vem SUGIMORO, Noboru. SCSul, Esco- sidade da Dinamarca introdução
de encontro ao desenvolvimento tec- la SENAI Armando de Arruda Pe- a simulação.
nológico que nosso parque industri- reira;
al almeja, corroborando com uma - Manual de treinamento,
utilização flexível e eficiente dos ro- - http://www.osha_slc.gov/ Workspace 4.0 by Flow software
bôs no piso fabril, especialmente, dts/osta/otm/otm_iv/ company
neste contexto, do processo de
ensinamento.l

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I N S T R U M E N TA Ç Ã O I N S T R U M E N TA Ç Ã O

Instr umentação
industrial

2ª par te
parte
par te
parte
José Carlos Amadeo

E
m nossa última edição dei-
Em nossa última edição, abordamos den- xamos de mencionar alguns
tro do tema “Instrumentação Industrial” as termos que, aparentemente,
parecem “gíria” utilizada pe-
definições mais utilizadas em sistemas de los instrumentistas, mas são termos
controles. Neste artigo iremos mostrar como tão evidentes que aparecem nos li-
os instrumentos são identificados, segundo vros de “símbolos e identificação de
instrumentação” – tal como o termo:
as áreas em que estão instalados. Atrás do Painel , que aparentemen-
Queremos enfatizar que o que estamos te significa algo que se encontra
apresentando são normas usadas pelos ins- atrás do painel. “Atrás do Painel” é
aplicado a um local que está dentro
trumentistas, porém existem outras formas
de uma área que contém o painel
de identificação que poderão ser seguidas. de instrumentação, suas bandejas
Como o assunto é muito amplo, daremos e cartões eletrônicos associados, ou
apenas um resumo do sistema de identifi- está situado dentro do painel. Dis-
positivos atrás do painel não são
cação através de “Tag’s”, especificadas acessíveis para uso normal do ope-
pela ISA – The Instrumentation, Systems, rador e não são designados como
and Automation Society, para a correta i- locais ou montados atrás do painel.
Em um sentido amplo, “ atrás do
dentificação. painel “ é equivalente a “ não nor-
Esperamos que este artigo venha ajudar malmente acessível ao operador”.
nossos leitores, atuais e/ou futuros Um outro termo utilizado, que po-
derá ter sentidos diferentes é o “ lo-
instrumentistas, em suas atividades profis-
cal” – que significa : a localização
sionais. de um instrumento que não está
Boa leitura! nem dentro de, nem sobre um pai-
nel ou console, nem é montado em

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I N S T R U MREEOSNB
PTA
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ETCÇIIC
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L
uma sala de controle. Instrumen- Cada instrumento poder ser repre- lada. Portanto, uma válvula de con-
tos locais estão comumente nas sentado em diagramas por um sím- trole que varia a vazão de acordo
proximidades de um elemento pri- bolo. O símbolo pode ser acompa- com o sinal recebido de um
mário ou um elemento final de con- nhado por um número de “ tag” . controlador de nível é uma L V, e
trole. A palavra “campo” é freqüen- não uma F V.
temente usada como sinônimo de SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO As letras subseqüentes da iden-
local . FUNCIONAL tificação funcional designam uma ou
Painel local – é um painel local mais funções de apresentação (ou
que não é um painel principal ou cen- A identificação funcional de um passivas) e/ou funções de saída.
tral. Painéis locais estão comumente instrumento ou seu equivalente fun- Uma letra modificadora pode ser usa-
nas proximidades de subsistemas ou cional consiste na formação de le- da, se necessário, além de uma ou
sub-áreas da fábrica. O termo “ ins- tras – conforme tabela 1 – e inclui mais outras letras subseqüentes.
trumento de painel local” não deve uma primeira letra, que irá desig- Letras modificadoras podem modifi-
ser confundido com “ instrumento nar a variável medida ou inicial, e car a primeira letra ou letras subse-
local”. uma ou mais letras subseqüentes, qüentes, conforme aplicável.
Outro termo que nos chama a identificando as funções executa- Complicado ?..... Vamos tentar
atenção é “ montado em painel ” – das. esclarecer..
Termo aplicado a um instrumento Note que essa identificação é feita
que é montado em um painel ou de acordo com a função do instru- Exemplo: T D A L – contém dois
console e é acessível para o uso mento e não de acordo com a sua modificadores. A letra D altera a va-
normal de um operador. Uma fun- construção. riável medida T, resultando numa
ção que é normalmente acessível Exemplo: um registrador de pres- nova variável – temperatura diferen-
a um operador em um sistema de são diferencial usado para medição cial – A letra L restringe a função de
display compartilhado é o equiva- de vazão é identificado por FR; um apresentação A, alarme, para repre-
lente a um dispositivo discreto indicador de pressão e uma chave sentar somente um alarme de baixa.
montado em painel. atuada por pressão conectada à saí- A seqüência de letras de identifi-
Como podem notar, alguns ter- da de um transmissor pneumático de cação começa com uma primeira le-
mos poderão ter duplo sentido para nível são identificados por LI e LS, tra selecionada de acordo com a ta-
os iniciantes neta área. respectivamente. bela 1. Letras funcionais de apresen-
Vamos tentar passar algumas Nas malhas de instrumentação, tação ou passivas seguem em qual-
informações sobre a Descrição do a primeira letra de identificação fun- quer ordem, e letras funcionais de
Sistema de Identificação: cional é selecionada de acordo com saída seguem as mesmas em qual-
Cada instrumento ou função a ser a variável medida ou inicial, e não quer seqüência , exceto que a letra
identificado são designados por um de acordo com a variável manipu- de saída C ( controle ) precede a le-
código alfanumérico ou número de tra de saída V ( válvula ) quando
“tag”, conforme demonstrado no box ambas existirem.
ao lado. Número de “Tag” típico
A parte referente a identificação Vamos dar outro exemplo para
da malha no “tag” geralmente é co- T I C 103 - identificação “ clarear” essa identificação:
mum a todos os instrumentos ou fun- do instrumento ou número do P C V – uma válvula de controle
ções na malha. Pode ser adicionado “tag” auto-operada.. Entretanto, letras
um sufixo ou prefixo para completar T 103 - identificação da ma- modificadoras, se usadas, são inter-
a identificação. Uma identificação tí- lha postas de maneira que elas são co-
pica também está demonstrada nes- 103 - número da malha locadas imediatamente em seguida
sa figura. às letras que elas modificam.
Obs.: Hífens são opcionais como T I C - identificação funcio- Um dispositivo de funções múlti-
separadores. nal plas pode ser simbolizado em um
T - primeira letra diagrama por tantas “bolhas” (*) quan-
O número da malha do instrumen- I C - letras subseqüentes tas forem as variáveis medidas, as
to pode incluir informações codifica- saídas e/ou funções.
das tais como a designação da área Número de “Tag” Exemplo: Um controlador de
da fábrica. É também possível reser- expandido temperatura com uma chave pode
var séries específicas de números ser identificado por duas “ bolhas”
para designar funções especiais. Por 10 – PAH-5 A – número tangentes – uma marcada TIC – 3
exemplo: a série 900 a 999 poderia do “tag” e a outra TSH-3. Neste caso, o ins-
ser usada para malhas cuja função 10 - prefixo opcional trumento seria designado TIC/TSH-
principal está relacionada a sistemas A - sufixo opcional 3 para todos usos na forma escrita
de segurança. ou referência. Se for necessário, a

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I N S T R U M E N TA Ç Ã O
abreviatura TIC-3 pode servir para A numeração em série envolve o - Os acessórios de instrumentos,
identificação geral ou para compra, uso de uma única seqüência de nú- tais como medidores de purga, vál-
enquanto que TSH-3 pode ser utili- meros para um projeto ou para se- vulas reguladoras com filtro de ar e
zada para diagramas de circuitos ções grandes de um projeto, indepen- potes de selagem que não são indi-
elétricos . dentemente da primeira letra da iden- cados especificamente em um dia-
(*) “bolhas – Símbolo circular tificação da malha – Outro exemplo grama, mas que necessitam uma
usado para designar e identificar a de numeração em série: designação para outras finalidades,
finalidade de um instrumento ou TIC-100 , FRC-101, LIC-102, AI- devem receber um “tag” individual-
função. Pode conter um número de” 103, etc. Uma seqüência de nume- mente de acordo com suas funções
“tag” – seu sinônimo é “balão”. ração de malha pode iniciar com um e precisam usar a mesma identifica-
ou qualquer número conveniente tal ção de malha do instrumento que
Observe que o número de le- como 001, 301, 1201. O número pode eles servem diretamente. – Exem-
tras funcionais agrupadas para um incorporar informações codificadas, plo: um conjunto de flanges de orifí-
instrumento deve ser mantido em entretanto, recomenda-se simplicida- cios associados com uma placa de
um valor mínimo, de acordo com de. orifícios FE-7 deve receber o “tag”
o bom senso do usuário. O núme- Se uma determinada malha ti- FX-7, porém pode ser designado FE-
ro total de letras dentro de um gru- ver mais que um instrumento com 7 FLANGES – um medidor de purga
po não deve exceder a quatro. O a mesma identificação funcional, associado com um manômetro PI-8
número dentro de um grupo pode poderá ser anexado um sufixo ao pode receber o “tag” PI-8 PURGA –
ser mantido em um mínimo atra- número da malha, como por exem- um poço termométrico empregado
vés de: plo: FV-2 A, FV-2 B, FV- 2 C... etc, com o termômetro TI-9 deve rece-
- Disposição das letras funcionais ou TE-25-1, TE-25-2...etc. Em cer- ber o “ tag” W-9, que também pode
em subgrupos . Esta prática está tos casos pode ser mais conveni- ser identificado TI-9 POÇO
mencionada acima – dispositivos de ente ou lógico designar um par de TERMOMÉTRICO”.
funções múltiplas - para instrumen- transmissores de vazão – por - Note que a regra para identifica-
tos que têm mais que uma variável exemplo: FT-2 e FT-3 ao invés de ção de malhas não precisa ser apli-
medida ou entrada, porém pode tam- FT-2 A e FT- 2 B – os sufixos po- cada a instrumentos e acessórios
bém ser usada para outros instrumen- dem ser aplicados de acordo com que são adquiridos em grandes quan-
tos. as seguintes diretrizes: tidades, se for prática do usuário
- Omissão do I ( indicar ) se um - uma letra de sufixo maiúscula especificar esses itens por outros
instrumento indicar e registrar a mes- deve ser usada, isto é , A, B, C..etc. métodos .
ma variável medida. - Para um instr umento , por
- Todas as letras da identificação exemplo, um registrador de tempe- TABELAS
funcional são maiúsculas. ratura multipontos que imprime nú-
meros para identificação dos pon- A finalidade da tabela a seguir,
IDENTIFICAÇÃO DA MALHA tos, os elementos primários podem será a de demonstrar a definição de
DE CONTROLE ser numerados como sendo : TE- diversos blocos construtivos do sis-
25-1, TE-25-2, TE-25-3..., cor- tema de identificação e representa-
Consiste de uma primeira letra e respondendo ao número de identifi- ção simbólica usados nesta norma
de um número. Cada instrumento em cação do ponto. de uma maneira concisa e de fácil
malha recebe como designação o - Outras subdivisões de uma ma- referência.
mesmo número de malha e, no caso lha podem ser designadas alterando As letras de identificação, em
de numeração em paralelo, a mes- em série de letras de sufixos e nú- conjunto com as notas, definem
ma primeira letra. Cada malha de meros e explicam as designações de le-
instrumentação tem uma identifica- - Instrumentos que executam tras individuais utilizadas como i-
ção de malha diferente. Um instru- duas ou mais funções podem ser de- dentificadores funcionais de acor-
mento comum a duas ou mais ma- signados por todas as suas funções do com as regras mencionadas no
lhas deve receber a identificação – exemplo: um registrador de vazão capítulo – Identificação Funcio-
daquela que é considerada predomi- FR-2 com uma pena de pressão PR- nal.
nante. 4 pode ser designado FR-2/PR-4 – Nota: Vide a seguir notas
A numeração de malhas pode ser um registrador de pressão com suas explicativas dos números entre pa-
em paralelo ou em série. A numera- penas pode ser PR-7/8, e uma jane- rênteses:
ção em paralelo envolve iniciar uma la de anunciador comum para alar- (1) - Uma letra tipo “escolha do
seqüência numérica para cada nova me de temperatura alta e baixa pode usuário” é própria para cobrir signifi-
primeira letra: ser TAHL-21. Observe que a barra cados não listados que serão usa-
não é necessária se não estiverem dos repetitivamente em um projeto
Exemplo: TIC –100, FRC-100, presentes dispositivos distintamen- particular. Se empregada, a letra pode
LIC – 100... etc. te separados. ter um significado como uma primei-

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Tabela 1 - Letras de identificação

PRIMEIRA LETRA (4) LETRAS SUBSEQÜENTES (3)

Variável inicial ou Apresentação ou Função de


Modificador Modificador
medida fração passiva saída
A Análise (5, 19) Alarme

B Queimador, combustão Escolha do Escolha do Escolha do


usuário (1) usuário (1) usuário (1)

C Escolha do usuário (1) Controle (13)

D Escolha do usuário (1) Diferencial

E Voltagem Sensor
(elemento primário)

F Vazão Relação
(fração) (4)

G Escolha do usuário (1) Visor


dispositivo
mostrador (9)

H Manual Alto (7, 15,16)

I Corrente (elétrica) indicar (10)

J Potência Varrer (7)

K Tempo, Taxa de Estação de


escala de tempo variação no controle (22)
tempo (4, 21)

L Nível Luz (11) Baixo


lâmpada (7, 15, 16)
piloto

M Escolha do usuário (1) Momentâneo Médio


(4) intermediário
(7, 15)

N Escolha do usuário (1) Escolha do Escolha do Escolha do


usuário (1) usuário (1) usuário (1)

O Escolha do usuário (1) Orifício,


restrição

P Pressão, vácuo Ponto (de teste)


conexão

Q Quantidade Integrar,
totalizar (4)

R Radiação Registro (17)

S Velocidade, freqüência Segurança (8) Chave (13)

Nº 54
MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 -- AGOSTO/2002
JUNHO/2002
OUTUBRO/2002 51
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Tabela 1 - Letras de identificação (continuação)


PRIMEIRA LETRA (4) LETRAS SUBSEQÜENTES (3)

Variável inicial ou Apresentação ou Função de


Modificador Modificador
medida fração passiva saída

T Temperatura Transmitir (18)

U Multivariável (6) Multifunção (12) Multifunção (12) Multifunção (12)

V Vibração. Válvula,
Análise mecânica Damper (13)
"Louver"

W Peso, força Poço

X Não classificado (2) Eixo X Não Não Não


classificado classificado classificado
(2) (2) (2)

Y Evento estado ou Eixo Y Relé, cálculo,


presença conversão
(13, 14, 18)

Z Posição, dimensão Eixo Y Acionamento,


atuador,
elemento final não
classificado

ra letra e outro significado como uma cessário – por exemplo: “indicar” (6) - O uso da primeira letra U para
letra subseqüente. Os significados pode ser aplicado como “indicador” “multivariável” no lugar de uma com-
precisam ser definidos uma só vez ou de “indicação”; “transmitir” como binação de primeiras letras é
na legenda ou outro lugar, para este “transmissor ou de “ transmissão”, opcional. Recomenda-se que
projeto. – Exemplo: a letra “N” pode etc. designadores não específicos de
ser definida como “módulo de elasti- (4) - Qualquer primeira letra, se variáveis tais com U sejam usados
cidade” – como primeira letra e usada em combinação com letras com parcimônia – (com moderação).
“osciloscópio” como letra subseqüen- modificadoras D (diferencial), F (7) - O uso de termos modi-
te. (razão), M ( manômetro), K ( taxa ficadores tais como “alto”, “ baixo”, “
(2) - A letra não classificada X é de variação no tempo) Q (integrar médio” ou “ intermediário”, e “ varre-
própria para cobrir significados não ou totalizar) ou qualquer combina- dura” é opcional.
listados que serão usados somente ção das mesmas, deve represen- (8) - O termo “segurança” se apli-
uma vez ou utilizados de forma li- tar uma nova e independente vari- ca somente a elementos primários
mitada. Se colocada, a letra pode ável medida, e a combinação é tra- de proteção de emergência e ele-
ter diversos significados como uma tada como uma entidade de primei- mentos finais de controle de prote-
primeira letra e diversos significa- ra letra. Assim, os instrumentos ção de emergência. Portanto, uma
dos como uma letra subseqüente, TDI e TI indicam duas variáveis válvula auto-operada que impede a
exceto quanto a seu uso com sím- diferentes, ou seja temperatura di- operação de um sistema de fluido a
bolos distintivos, os significados se- ferencial e temperatura. Letras uma pressão maior que a desejada
rão normalmente definidos do lado modificadoras são utilizadas quan- aliviando o fluido do sistema, é uma
de fora de uma bolha de identifica- do aplicável. PCV do tipo de contrapressão, mes-
ção em um fluxograma. – Por exem- (5) - A primeira letra A ( análi- mo se a válvula não for usada nor-
plo: XR-2 pode ser um registrador se) cobre todas as análises não malmente. Entretanto, esta válvula é
de esforços e XX-4 pode ser um descritas por uma letra tipo “es- designada como uma PSV se ela
osciloscópio de esforços. colha do usuário”. Espera-se que proteger contra condições de emer-
(3) - A forma gramatical dos sig- o tipo de análise seja definido do gência, isto é, condições que são
nificados de letras subseqüentes lado de fora de uma bolha de iden- perigosas para pessoal e/ou equi-
pode ser modificada conforme ne- tificação. pamentos e, que se espera, não ocor-

52 MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002


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ram normalmente. – A designação funcionais, é opcional. Esta desig- dem ser empregados em combina-
PSV se aplica a todas as válvulas nação não especifica que função ções conforme adequado ( existem
que devem proteger contra condições deve ser usada com parcimônia. normas específicas ).
de pressão de emergência, indepen- (13) - Um dispositivo que conecta, (16) - Os termos “alto” e “baixo”,
dentemente do fato de a construção desconecta ou transfere um ou mais quando aplicados a posições de vál-
e modo de operação da válvula colo- circuitos pode ser uma chave, um vula e outros dispositivos abre-fecha,
carem a mesma na categoria de relé , um controlador “liga-desliga”, são definidos como segue: * “alto”
válvula de segurança, válvula de alí- ou uma válvula de controle, depen- denota que a válvula está ou se apro-
vio, ou válvula de alívio-segurança. dendo da aplicação. – Se o disposi- xima da posição completamente
Um disco de ruptura é designado tivo manipular uma corrente fluida do aberta, e “baixo” mostra que ela está
como PSE. processo e não for uma válvula de ou se aproxima da posição
(9) - A função passiva G se apli- bloqueio atuada manualmente, ela é complemente fechada.
ca a instrumentos ou dispositivos designada como sendo uma válvula (17) - A palavra “registro” se apli-
que oferecem uma visão não cali- de controle. É incorreto usar as le- ca a qualquer forma de armazenagem
brada, tais como visores de vidro e tras subseqüentes CV para qualquer permanente de informações que per-
monitores de televisão. coisa que não seja uma válvula de mite recuperação por qualquer meio.
(10) - “Indicar” normalmente se controle auto-operada. Para todas as (18) - Para uso do termo “trans-
aplica à apresentação analógica ou aplicações que não sejam correntes missor” versus “conversor” - existem
digital de uma medição real. No caso fluidos de processo, o dispositivo é definições apropriadas, conforme já
de um carregador manual, ele pode designado como segue: * Uma cha- mencionadas em nossa edição ante-
ser empregado para a indicação do ve, se for atuada manualmente * rior.
dial ou ajuste, isto é, para o valor da Uma chave ou um controlador “liga- (19) - A primeira letra V, “vibra-
variável original. desliga” se for automático e se for o ção” ou “análise mecânica”, deve
(11) - Um lâmpada piloto que é primeiro dispositivo deste tipo em executar as funções em monitoração
par te de uma malha de instru- uma malha. O termo “chave” é ge- de máquinas que a letra A executa
mentação deve ser designada por ralmente empregado se o disposi- em análises mais gerais. Exceto
uma primeira letra seguida pela letra tivo for usado para alarme, lâmpa- quanto à vibração, espera-se que a
subseqüente L – por exemplo: uma da piloto, seleção, intertravamento, variável de interesse seja definida do
lâmpada piloto que indica um perío- ou segurança. O termo “con- lado de fora da bolha (ou balão) de
do de tempo transcorrido deve ser trolador” é geralmente utilizado se identificação.
identificada por KQL. Se desejar o dispositivo for usado para ope- (20) - A primeira letra Y deve ser
identificar uma lâmpada piloto que ração normal de controle – Um usada quando as respostas do con-
não é par te de uma malha de relé, se for automático e não for o trole ou monitoração forem geradas
instrumentação, ela é designada da primeiro dispositivo deste tipo em por eventos, ao invés de tempo ou
mesma maneira – por exemplo: uma uma malha, isto é, se for atuado programação de tempo. A letra Y nesta
lâmpada de indicação de funciona- por uma chave ou um controlador posição pode também significar pre-
mento de um motor elétrico pode ser “liga-desliga”. sença ou estado.
identificada por EL, supondo-se que (14) - Espera-se que as funções (21) - A letra modificadora K, em
a tensão seja a variável medida apro- associadas com o uso da letra sub- combinação com uma primeira letra
priada, ou YL, caso esteja sendo seqüente Y sejam definidas fora do tal como L, T ou W, significa uma taxa
monitorado o estado de operação. A balão ( bolha) no diagrama, se for de variação da variável medida ou
variável não classificada X deve ser considerada necessária uma defini- inicial. A variável WKIC, por exem-
usada somente para aplicações de ção adicional. Esta definição não pre- plo, pode representar um controlador
extensão limitada. A designação XL cisa ser feita se a função for eviden- de taxa de perda de peso.
não deve ser utilizada para lâmpa- te por si só, como no caso de uma (22) - Como letra subseqüente, K
das de funcionamento de motores, válvula solenóide em uma linha de é uma opção do usuário para desig-
visto que as mesmas em geral são fluido de sinal. nar uma estação de controle, enquan-
numerosas. É permitido empregar as (15) - Os termos modificadores to que C como letra subseqüente é
letras indefinidas M, N ou O para uma “alto” e “baixo”, e “médio” ou “ inter- utilizada para descrever controladores
lâmpada de funcionamento de motor mediário” correspondem a valores da automáticos ou manuais ( vide “defi-
quando o significado for previamen- variável medida, não a valores do nições” na edição anterior).
te definido. Se for usado M, deve sinal, a não ser que indicado de ou-
estar claro que a letra não se refere tra maneira – por exemplo: um alar- Gente, na próxima edição iremos
à palavra “motor”, mas sim a um es- me de nível alto derivado de um si- dar continuidade ao assunto, publican-
tado monitorado. nal de transmissor de nível de ação do tabela e os símbolos mais utiliza-
(12) - O uso de uma letra subse- inversa deve ser um LAH, embora o dos em linhas de instrumentos, que
qüente U para “multifunção” ao invés alarme seja atuado quando o sinal irão demonstrar combinações típicas
de uma combinação de outras letras cai a um valor baixo. Os termos po- de letras.... Até lá... l

Nº 54
MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 -- AGOSTO/2002
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OUTUBRO/2002 53
AUTOMAÇÃO

Comando
Numérico
Computarizado
3ª parte Osmar Brune

N
este artigo, descreveremos um sistema de posicionamento ou um
Nos ar tigos anteriores os dados de máquina mais CNC.
importantes que normal- Passemos à descrição destes da-
desta série sobre CNCs, ci-
mente se encontram em qualquer dos de máquina.
tamos dados de máquina em CNC. Os nomes empregados para
diversos momentos. Dados estes dados de máquina podem dife- VELOCIDADE MÁXIMA
rir entre um modelo de CNC e outro,
de máquina são importantes
mas o importante é compreender os Deve ser informado para cada
parâmetros que devem ser conceitos envolvidos. A compreensão eixo, em mm/min (milímetros por mi-
configurados no CNC duran- destes conceitos é extremamente nuto). O CNC utiliza este dado de
te o comissionamento importante para diversos objetivos, máquina para diversos propósitos,
alguns mais simples como o “setup” tais como:
(“setup”) da máquina- ferra- de uma máquina-ferramenta, outros - evitar que o eixo se desloque aci-
menta. mais complexos como desenvolver ma desta velocidade

54 MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002


AUTOMAÇÃO
- calcular o fator de conversão en-
tre tensão e velocidade, juntamente
com o dado de máquina TENSÃO
PARA VELOCIDADE MÁXIMA, des-
crito logo a seguir.
- associar uma velocidade para o
deslocamento rápido de eixos em pro-
gramas de usinagem, quando se utili-
za a função G0. A função G0 faz com
que a velocidade máxima seja assu-
mida automaticamente para determi-
nado bloco de posicionamento, fazen-
do com que a velocidade anterior (F
= feedrate) seja temporariamente ig-
norada, e só volte a ser considerada
quando uma função de velocidade
programada (como G1, G2 ou G3)
aparecer num bloco posterior do pro-
grama de usinagem.

TENSÃO PARA VELOCIDADE


MÁXIMA

Deve ser informado para cada


eixo, em mV (milésimos de Volt). O
CNC utiliza este dado de máquina Figura 1 – Conceitos ligados ao laço de posição.
para calcular o fator de conversão
entre tensão e velocidade, juntamen-
Como a TENSÃO PARA VELOCI- mandado para se deslocar na VE-
te com o dado de máquina VELOCI-
DADE MÁXIMA corresponde à VELO- LOCIDADE MÁXIMA, será necessá-
DADE MÁXIMA. Conforme foi visto foi
CIDADE MÁXIMA, pode parecer es- rio comandar uma tensão maior do
no primeiro artigo desta série, o laço
tranho gerar uma tensão que que a TENSÃO PARA VELOCIDA-
de posição calcula a velocidade em
corresponda a um valor maior do que DE MÁXIMA para permitir que o
mm/min. Em seguida, deve colocar
a máxima velocidade permitida. atraso seja recuperado. Do contrá-
uma tensão correspondente na saída
de um conversor D/A, e para obter o Para entender a explicação que se rio, o atraso nunca poderá ser recu-
valor correto de tensão, multiplica a segue, observe novamente a figura perado. No entanto, deve existir um
velocidade pelo fator: 1. limite para que a tensão não aumen-
tensão p/ velocidade máxima Deve-se perceber que nem sem- te indefinidamente, e este limite é o
velocidade máxima pre a “velocidade desejada” LIMITE DE TENSÃO. Este dado de
corresponde à velocidade real. A ve- máquina é tipicamente ajustado
A figura 1 relembra alguns concei- locidade real é controlada pelo laço 10% acima da TENSÃO PARA VE-
tos e o funcionamento do laço de posi- de controle de velocidade, que fica LOCIDADE MÁXIMA, o que normal-
ção, e ilustra como estes dois dados fora do CNC, no servo-acionamento. mente permite a recuperação dos
de máquina são utilizados. Esta figura Em alguns casos, pode ocorrer que atrasos da posição real.
será utilizada, adiante, também para o eixo esteja com velocidade me-
explicar outros dados de máquina. nor do que a velocidade desejada TENSÃO PARA ALARME
pelo CNC, o que conseqüentemen-
LIMITE DE TENSÃO te causa um aumento do erro de Deve ser informado para cada
acompanhamento (a posição real se eixo, em mV. Informa a máxima ten-
Deve ser informado para cada atrasa em relação à posição dese- são que pode ser calculada antes
eixo, em mV. Este dado de máquina jada). Desta maneira, a velocidade de causar um alarme e interromper
informa uma tensão limite que pode desejada (erro de acompanhamen- o posicionamento, bloqueando o
ser colocada na saída do conversor to * KV) também aumenta para com- eixo e o programa de usinagem. Ti-
D/A pelo laço de posição. Esta ten- pensar o atraso da posição real e, picamente, deve ser ajustado cerca
são, tipicamente, é ajustada em torno portanto, aumenta a tensão gerada de 30% acima da TENSÃO PARA
de 10% acima do valor do dado de pelo conversor D/A. Se, por exem- VELOCIDADE MÁXIMA, ou seja, é
máquina TENSÃO PARA VELOCIDA- plo, no momento em que o eixo co- um pouco superior ao LIMITE DE
DE MÁXIMA. meçou a se “atrasar”, ele estava co- TENSÃO.

MECATRÔNICA ATUAL Nº 5
6 -- AGOSTO/2002
OUTUBRO/2002 55
AUTOMAÇÃO
Se o eixo começa a se atrasar, mentado, esta velocidade tende a po entre cálculos sucessivos da ten-
conforme discutido anteriormente ao ser atingida. Seja qual for o fator KV, são do D/A.
descrever o dado de máquina LIMITE portanto, a velocidade final será a
DE TENSÃO, a tensão calculada pode mesma. Portanto, se o fator KV for Utilizar um KV muito baixo, embo-
resultar num valor maior do que TEN- aumentado, será verificada, em ra resulte num sistema estável, pro-
SÃO PARA VELOCIDADE MÁXIMA. compensação, uma diminuição do voca erros de acompanhamentos al-
Após o cálculo, avalia-se esta tensão, erro de acompanhamento, ou seja, tos e uma resposta mais lenta nos
e toma-se uma das seguintes deci- a posição real ficará mais próxima posicionamentos. Outro efeito indese-
sões: da posição desejada. Este é um jável é que, quando o eixo estiver pa-
- se for menor do que LIMITE DE comportamento altamente desejá- rado, o erro de acompanhamento de-
TENSÃO, comanda-se esta tensão na vel, contudo, há limites para o cres- vido ao “drift” também ficará muito alto,
saída do conversor D/A. cimento do fator KV. o que poderá causar um po-
- se for maior ou igual do que LI- Estes limites são estabelecidos sicionamento final bastante impreci-
MITE DE TENSÃO, e menor do que pela teoria de controle de laços so (adiante descreveremos este fenô-
TENSÃO PARA ALARME, comanda- realimentados, por exemplo, laços de meno e um dado de máquina para
se LIMITE DE TENSÃO na saída do controle PID (proporcional, integral, compensação de “drift”).
conversor D/A. derivativo). O laço de controle Utilizar um KV exageradamente
- se for maior ou igual do que TEN- implementado no CNC (neste exem- alto, por outro lado, leva o sistema à
SÃO PARA ALARME, bloqueia-se o plo) é meramente proporcional (P), não instabilidade e, freqüentemente, ao
eixo e o programa de usinagem, cau- possuindo componentes integral e de- desarme através de alarmes, tais
sando um alarme para o operador. rivativa. No entanto, deve-se observar como aquele provocado pelo dado de
que existe um outro laço de controle máquina TENSÃO PARA ALARME. O
Esta última situação pode ocorrer, externo, o servo-acionamento, que gráfico da figura 3 ilustra um exem-
por exemplo, se um obstáculo está normalmente tem as 3 componentes plo do que pode acontecer com a ten-
obstruindo o avanço do eixo, o que (P, I, D), e está em série (cascata) com são do D/A e velocidade real quando
causa um aumento drástico do erro o controle de posição do CNC. o KV é muito alto, num processo de
de acompanhamento. O máximo valor suportado para o aceleração do eixo. Observa-se que
O gráfico da figura 2 mostra três fator KV depende geralmente de di- a velocidade não consegue se esta-
situações em que o eixo está progra- versos fatores, tais como: bilizar e que o sistema oscila, causan-
mado para se deslocar com VELOCI- - qualidade do servo-acionamento do um efeito altamente indesejável
DADE MÁXIMA: na regulação da velocidade denominado “overshoot”.
a) um situação em que existem - qualidade do conjunto mecânico Como se vê, é necessário estabe-
atrasos (e também adiantamentos) da (baixo atrito, ausência de folgas, lecer um valor adequado para o fator
posição real em relação a posição linearidade, etc). KV, não tão baixo a ponto de permitir
desejada, embora de pequena mag- - atraso entre um efeito na saída altos erros de acompanhamento, nem
nitude, de forma que o LIMITE DE (variação da tensão do D/A) e a cor- tão alto a fim de permitir oscilações.
TENSÃO não é alcançado. respondente verificação do efeito Uma maneira de ajustar o KV é
b) um situação em que um atraso provocado na entrada (realimenta- aumentá-lo gradualmente, até que se
maior se acumulou de forma que o ção de posição). Este atraso depen- iniciem leves oscilações, o que pode
LIMITE DE TENSÃO foi alcançado. de, inclusive, do tempo de ciclo do ser observado monitorando-se a saí-
c) uma situação em que um atra- CNC, ou seja, do intervalo de tem- da de tensão com um osciloscópio,
so tão grande se acumulou de forma
que a TENSÃO PARA ALARME foi
alcançada, bloqueando o eixo e ge-
rando alarme.

FATOR KV

Deve ser informado para cada


eixo, em (mm/min)/mm. A figura 1
mostra que trata-se de um ganho, que
multiplica o erro de acompanhamen-
to (mm) transformando-o em veloci-
dade desejada (mm/min).
O sistema interpolador calcula,
ciclicamente, a posição desejada de
acordo com uma velocidade progra-
mada. Sendo um sistema reali- Figura 2 – Limites e Alarmes de Tensão.

56 MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002


AUTOMAÇÃO
conforme exibe a figura 4. No momen-
to em que se iniciar a observação des-
tas leves oscilações, deve-se diminuir
o KV gradualmente até que as oscila-
ções desapareçam.

COMPENSAÇÃO DE DRIFT

Deve ser informado para cada


eixo, em mV. Mesmo quando o eixo
está parado em determinada posição,
o laço de posição ilustrado na figura
1 continua controlando este eixo, ten-
tando mantê-lo na posição fixa (posi- Figura 3 - Overshoot com KV muito alto.
ção desejada). Como a tensão é pro-
porcional à velocidade, e a velocida-
de é zero, espera-se que a tensão na
saída do D/A também seja nula.
Entretanto, normalmente existe um
efeito determinado “drift”, também
conhecido como “offset”, que pode
fazer com que o eixo não fique para-
do quando o CNC estiver comandan-
do uma tensão nula. Isto ocorre por-
que:
- nem sempre quando o CNC está
comandando o valor zero na entrada
digital do D/A, este realmente coloca
0 V na sua saída analógica. Geralmen- Figura 4 - Ajuste do fator KV.
te existe uma tensão residual da or-
dem de poucos mV, que pode provo- tentar levar o KV a um valor máximo alguns CNCs criou-se um mecanismo
car movimento no eixo. Além disso, que não produza oscilações. onde o CNC recalcula a COMPENSA-
esta tensão tende a se modificar com Um dado de máquina, denomina- ÇÃO DE DRIFT automaticamente,
variações de temperatura. do COMPENSAÇÃO DE DRIFT, pode mas somente quando existe certeza
- nem sempre quando o servo- ser utilizado como uma parcela cons- de que o eixo está parado. Este cál-
acionamento recebe uma tensão nula tante a somar na equação de tensão culo é muito simples. Se o eixo está
em sua entrada, ele realmente irá man- vista anteriormente. Se este dado de parado, e o erro de acompanhamen-
ter o motor parado. Da mesma manei- máquina for corretamente estabeleci- to é não nulo, o CNC copia sobre a
ra que ocorre com o conversor D/A, ele do, é possível manter a máquina pa- COMPENSAÇÃO DE DRIFT a tensão
poderá criar uma corrente residual que rada com erro de acompanhamento que está colocando em seu conversor
movimenta o motor, e isto também ten- nulo. Para tanto, a COMPENSAÇÃO D/A para manter o eixo parado. Isto
de a variar com a temperatura. DE DRIFT deve ser igual à tensão re- fará com que o erro de acompanha-
sidual que mantém o eixo parado. mento se reduza praticamente a zero.
Na prática, observa-se que o eixo Entretanto, como se comentou
pára quando uma tensão residual não anteriormente, esta tensão residual TOLERÂNCIA DE
nula for comandada na entrada digi- pode se modificar com a temperatu- POSICIONAMENTO
tal do conversor D/A. Para que uma ra. Sendo assim, seria necessário re-
tensão residual seja comandada, en- ajustar este dado de máquina Deve ser informado para cada
tretanto, é necessário que um erro de freqüentemente. Por este motivo, em eixo, em µm (micra). Informa se o po-
acompanhamento não nulo exista, vis- sicionamento de um eixo está termi-
to que esta tensão é calculada pela nado, e o eixo pode ser considerado
equação (ver equação 1). Equação 1
“em posição”. Por exemplo, um bloco
Esta equação também demons- erro de acompanhamento * KV * de programa de usinagem que co-
tra que este erro de acompanhamen- manda o posicionamento de um eixo
to é inversamente proporcional ao fa- TENSÃO PARA VELOCIDADE só pode ser considerado como con-
tor KV, conforme discutido anterior- MÁXIMA cluído, e portanto liberando a execu-
mente (dado de máquina “fator KV”). VELOCIDADE MÁXIMA ção do próximo bloco, quando o eixo
Portanto, este é mais um motivo para estiver “em posição”.

MECATRÔNICA ATUAL Nº 5
6 -- AGOSTO/2002
OUTUBRO/2002 57
AUTOMAÇÃO
Quando o eixo está parado, e o a instalação, o instalador pode se dar A figura 5 ilustra os dois tipos de
erro de acompanhamento é maior do conta de que o eixo está se movendo sistema.
que a TOLERÂNCIA DE POSI- para o lado oposto ao esperado. Por Quando existe uma folga no
CIONAMENTO, uma mensagem “fora exemplo, ao comandar um movimen- acoplamento entre o fuso e o eixo, e
de posição” é exibida para o eixo. Esta to para o sentido positivo, o eixo se ocorre uma reversão no sentido de
mensagem não chega a causar o de- desloca para o sentido negativo. Nes- movimento, o fuso (e o ROD a ele
sarme da máquina, mas impede, por te caso, seria necessário inverter dois acoplado) giram sem que o eixo se
exemplo, a execução ou o prossegui- fios da entrada diferencial de tensão mova. Desta maneira, surge um erro
mento da execução de um programa do servo-acionamento. Outra possibi- no cálculo da posição real. Este erro
de usinagem. Se isto ocorre, é tipica- lidade, mais simples, é inverter o dado acaba se corrigindo quando uma
mente um sinal de que uma compen- de máquina POLARIDADE DA TEN- nova reversão ocorre. Todavia, pode-
sação de “drift” pode ser necessária, SÃO. se dizer que em qualquer momento
conforme se discutiu anteriormente. pode existir um erro na posição real,
POLARIDADE DA POSIÇÃO com a dimensão da folga. Para cor-
LIMITE DE PARADA rigir este erro, pode-se medir a fol-
Deve ser informado para cada ga e introduzi-la no dado de máqui-
Deve ser informado para cada eixo, com valor + ou -. Após execu- na COMPENSAÇÃO DE FOLGA.
eixo, em µm (micra). Informa o máxi- tar a instalação, o instalador pode Toda vez que o sentido de movimen-
mo erro de acompanhamento tolerá- perceber que a posição do eixo to for revertido, a compensação será
vel em um eixo que se encontra para- incrementa quando o eixo se des- somada (em reversões do sentido
do. Se este limite for excedido, a má- loca para o sentido negativo, ou positivo para negativo) ou subtraí-
quina é desarmada e um alarme de vice-versa. Isto pode ser soluciona- da (em reversões do sentido nega-
“limite de parada” é exibido. Tipica- do, novamente, invertendo fiação no tivo para positivo).
mente, o LIMITE DE PARADA é ajus- ROD ou régua ótica. Ou de maneira
tado com um valor que é o dobro da mais simples, pode-se inverter o ATIVAÇÃO DA COMPENSAÇÃO
TOLERÂNCIA DE POSICIONA- dado de máquina POLARIDADE DA DE ERRO DE PASSO DE FUSO
MENTO. Potenciais causas para este POSIÇÃO.
alarme de limite de parada são as Deve ser informada para cada
seguintes: COMPENSAÇÃO DE FOLGA eixo, com o valor SIM ou NÃO. Caso
- “drift” excessivamente alto, sen- o valor seja SIM, ativa-se tal compen-
do necessário compensá-lo Deve ser informado para cada sação, que será descrita a seguir.
- problema de hardware ou mecâ- eixo, em µm. Este dado pode ser útil
nico da máquina (exemplo: falha no para compensar folgas em sistemas COMPENSAÇÃO DE ERRO DE
sistema de leitura de posição, movi- de “medição indireta” da posição. Por PASSO DO FUSO
mento inesperado do motor, etc). exemplo, quando um ROD está
acoplado no eixo do motor, e o motor Trata-se de uma tabela que deve
ACELERAÇÃO aciona um fuso, e este aciona um eixo, ser informada para cada eixo, conten-
temos um sistema de medição indire- do valores em µm correspondentes a
Deve ser informado para cada ta. Por outro lado, uma régua ótica diversas posições do eixo. Na figura
eixo, em mm/s2. É utilizado pelo siste- colocada ao longo do eixo, é um sis- 5, mostra-se que um sistema de me-
ma interpolador para calcular a varia- tema de medição direta. dição indireta confia que, a cada rota-
ção da velocidade nas rampas de ace-
leração e desaceleração.

RESOLUÇÃO

Deve ser informado para cada


eixo, em µm/pulso. É utilizado pelo
sistema de cálculo de posição real.
Através dele, este sistema sabe o des-
locamento em mm correspondente a
cada pulso recebido de um ROD ou
régua ótica.

POLARIDADE DA TENSÃO

Deve ser informado para cada


Figura 5 - Medições indireta (ROD) e direta (régua ótica).
eixo, com valor + ou -. Após executar

58 MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002


AUTOMAÇÃO
ção do motor, o eixo se deslocará ainda deve percorrer depois de detectar de de movimentação do eixo em
de um valor uniforme. Para que isto a primeira marca de zero do ROD, após modo manual (JOG), nos modos rá-
seja verdadeiro, assume-se que o ter cruzado pelo came de refe- pido e lento. Para movimentar um
fuso seja perfeito, ou seja, que o renciamento. eixo em manual, deve-se selecioná-
“passo do parafuso” seja constan- - COORDENADA DE REFEREN- lo e, em seguida, apertar um botão
te ao longo de todo seu comprimen- CIAMENTO (µ µm): coordenada absolu- (+ ou -) para indicar o sentido do mo-
to. Isto, infelizmente, não é verda- ta que o eixo deve assumir quando atin- vimento. Um outro botão pode ser
de, e em certos casos o erro pode gir a posição final do referenciamento. apertado simultaneamente para in-
ser significativo e demandar uma dicar que o movimento deve ser em
correção. FINS-DE-CURSO DE SOFTWARE modo rápido.
Através de medidas com algum (POSITIVO E NEGATIVO)
sistema preciso, tal como um VELOCIDADE EM
interferômetro laser, pode-se levan- Devem ser informados para cada INCREMENTAL
tar uma curva de erros de posição eixo, em µm. Depois que o eixo está
real do eixo, em função de erros no referenciado (posição real conhecida), Deve ser informado para cada
passo do fuso. o CNC impede que o eixo cruze estes eixo, em mm/min. Define a veloci-
A partir dos dados levantados limites positivo e negativo, que enfim dade de movimentação do eixo em
nesta curva, pode-se criar uma ta- definem o curso do eixo. Se o eixo está modo incremental. Para movimentar
bela de correções de posição, que sendo comandado em modo manual e um eixo em incremental, deve-se
podem ser somadas no eixo toda cruzar um destes limites, o eixo é blo- selecioná-lo, selecionar o incremen-
vez que ele cruzar por determina- queado e um alarme ocorre. to (normalmente 1 µm , 10 µm, 100
da posição absoluta. Os fins-de-curso de software não µm , 1000 µm e 10000 µm) e, em
podem ser a única proteção contra a ten- seguida, apertar um botão (+ ou -)
DADOS DE MÁQUINA tativa de um eixo sair de seu curso. De- para indicar o sentido do movimen-
ASSOCIADOS AO vem também existir fins-de-curso de to.
REFERENCIAMENTO hardware que bloqueiam o eixo automa-
ticamente, sem intervenção do CNC. Tais CONCLUSÕES
No artigo anterior desta série, fins-de-curso de hardware normalmente
o processo de referenciamento foi se implementam através de cames, que Neste artigo foram examinados
examinado com detalhes. Obser- provocam a desativação do eixo. apenas alguns dos dados de máqui-
vando o artigo, verifica-se diver- A figura 6 mostra os fins-de-curso nas, mas os mais importantes. Conhe-
sos dados de máquina associa- de software e hardware. Observar que cer os conceitos de dados de máqui-
dos a este processo, que serão o curso definido pelos fins-de-curso de nas é um importante passo para quem
descritos sucintamente neste ar- software está contido dentro do curso deseja trabalhar na tecnologia de
tigo, uma vez que já foram des- definido pelos fins-de-curso de CNCs, seja na sua aplicação ou con-
critos detalhadamente no artigo hardware. figuração, seja com objetivos mais
anterior: ousados tais como desenvolver um
- SENTIDO DE REFERENCIA- VELOCIDADES EM MANUAL sistema de posicionamento (motion-
MENTO (+ ou -): informa se o eixo (RÁPIDA E LENTA) control) ou até mesmo um CNC. Es-
deve se referenciar deslocando-se peramos que o artigo tenha sido valio-
para o sentido positivo (+) ou ne- Devem ser informados para cada so para ajudá-los a dar esse passo
gativo (-), a partir da posição em eixo, em mm/min. Definem a velocida- l
adiante.
que o referenciamento foi coman-
dado.
- VELOCIDADE DE REFE-
RENCIAMENTO ALTA (mm/
min): velocidade com que o re-
ferenciamento do eixo se inicia,
antes de atingir o came de refe-
renciamento.
- VELOCIDADE DE REFEREN-
CIAMENTO BAIXA (mm/min): ve-
locidade com que o referen-
ciamento do eixo é concluído, de-
pois de atingir o came de refe-
renciamento.
- DESLOCAMENTO DA REFE-
RÊNCIA (µ µm): distância que o eixo Figura 6 - Fins-de-curso de software e hardware.

MECATRÔNICA ATUAL Nº 5
6 -- AGOSTO/2002
OUTUBRO/2002 59
S O F T WA R E

Manipulando entidades e
trabalhando com super fícies
superfícies
AutoCAD 3D - 2 a Par te
Parte
Sérgio Eduardo Macedo Rezende

a primeira parte da série de

N 3D começamos a entender
como trabalhar no ambien-
te tridimensional em termos
de posicionamento e coordenadas.
Além disso, pudemos exercitar a
construção de estruturas em
wireframe e faceamento baseado em
três ou quatro pontos. Nesta edição
vamos estudar comandos fundamen-
tais para rodar objetos, copiá-los em
série e espelhá-los em três dimen-
sões. Ademais, saberemos como
construir superfícies baseadas em
curvas de borda além de suavizá-las
conforme desejado. Aprenderemos
também a criar superfícies de revo-
lução em torno de um eixo. Estes
mesmos recursos serão utilizados
para obter superfícies de extrusão.
Veja ao lado.

Rotate3d

Em duas dimensões costuma-


mos girar objetos em torno de um
ponto, em 3D isto corresponde a
rodá-los em torno de um eixo parale-
lo ao eixo z. Para fazer o mesmo em
torno dos eixos x, y ou outro qual- Regenerating model.
quer, utilizamos o comando rotate3d. Command: rotate3d
Para aplicar este comando construí- Current positive angle:
mos primeiro um bloco como na fi- ANGDIR=counterclockwise
gura 1 usando arestas e o comando ANGBASE=0
3dface. Select objects: (Selecione todas
Agora, siga os passos abaixo para as partes do bloco) 1 found
rodar o desenho e veja os resulta- Select objects: (Dê Enter)
dos na figura 2: Specify first point on axis or defi-
ne axis by
Command: vpoint [Object/Last/View/Xaxis/Yaxis/
Current view direction: Zaxis/2points]: x (Para rodar em tor-
VIEWDIR=0.0000,0.0000,1.0000 no do eixo x)
Specify a view point or [Rotate] Specify a point on the X axis
<display compass and tripod>: -1, <0,0,0>: (Clique em um ponto da
-1,1 tela) Figura 1 – Bloco para exemplo.

60 MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002


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Figura 2 – Resultado da rotação. Figura 3 – Linha de referência no bloco. Figura 4 – Resultado do Mirror3d.

Specify rotation angle or Command: mirror3d Select objects: (Dê Enter)


[Reference]: 90 (90 graus em relação Select objects: (Selecione o blo- Enter the type of array
ao eixo x) co) [Rectangular/Polar] <R>:r
Select objects: (Dê Enter) Enter the number of rows (—) <1>:
Se, ao invés de digitar x, Specify first point of mirror plane 4 (Número de linhas)
digitarmos 2p ( 2points), devemos (3 points) or Enter the number of columns (|||)
selecionar dois pontos que formarão [Object/Last/Zaxis/View/XY/YZ/ <1>: 3 (Número de colunas)
um eixo imaginário em torno do qual ZX/3points] <3points>: yz (Plano yz) Enter the number of levels (...)
o desenho será rodado. Specify point on YZ plane <1>: 2 (Número de níveis)
<0,0,0>: end (Clique no final da li- Specify the distance between
Mirror3d nha de referência) rows (—): 10 (Distância entre as li-
Delete source objects? [Yes/No] nhas)
Nos desenhos com simetria bila- <N>: (Dê Enter para não apagar a fi- Specify the distance between
teral utilizávamos o comando mirror gura original) columns (|||): 35 (Distância entre as
com o objetivo de “espelhar” a figu- colunas)
ra, e para isto escolhíamos 2 pontos 3darray Specify the distance between
para servir de referência ao espelho levels (...): 25 (Distância entre os ní-
imaginário. No mirror3d precisamos Este comando também é bas- veis)
definir uma superfície de referência, tante semelhante ao corresponden-
ela pode ser paralela ao plano xy, xz, te array em duas dimensões e fá- Se no ambiente 2D havia o array
yz ou a um plano definido por três cil de aplicar. O objetivo é transfor- polar para copiar objetos em torno
pontos quaisquer. A fim de aplicar mar um objeto em vários, dispos- de um ponto, há também o coman-
este comando utilizaremos o mes- tos em seqüência seguindo linhas do array3d polar cuja diferença é
mo bloco da figura 1. Vamos e colunas (rectangular) ou em tor- que, agora, utilizaremos um eixo
espelhar este bloco com base em um no de um eixo. No array rectangular imaginário como referência bastan-
plano paralelo ao plano yz, no entan- tínhamos que definir o número de do determinar 2 pontos. Próximo ao
to precisamos de um ponto por onde linhas, colunas e a distância entre
este plano passará. Construiremos elas; como no ambiente 3D temos
uma linha para servir de guia como é o eixo z, precisamos agora definir
mostrado na figura 3. Siga as ins- o número de níveis e a distância
truções para obter a figura 4: entre eles. Para praticarmos este
comando utilizaremos novamente
Command: l (Ativando o coman- o bloco da figura 2, siga os coman-
do line) dos abaixo para ficar mais claro o
LINE Specify first point: mid (Es- uso do 3darray e chegar nos resul-
colha o meio da aresta mostrada na tados ilustrados na figura 5:
figura 4)
Specify next point or [Undo]: @- Command: 3darray
5,0 Initializing... 3DARRAY loaded.
Specify next point or [Undo]: (Dê Select objects: (Selecione o blo-
Enter) co) Figura 5 – Array rectangular.

MECATRÔNICA ATUAL Nº 56 -- AGOSTO/2002


OUTUBRO/2002 61
S O F T WA R E
bloco anterior faremos uma linha
como a exibida na figura 6.

Command: l (Acionando o coman-


do line)
LINE Specify first point: mid (Se-
lecione o meio da aresta indicada na
figura 7)
of
Specify next point or [Undo]:
@0,0,-10
Specify next point or [Undo]:
@10,0,0
Specify next point or [Close/
Undo]: (Dê Enter) Figura6 – Pontos para o eixo de rotação. Figura 8 – Array sem rodar as entidades.

Agora, vamos utilizar o array po-


lar para chegar nos resultados da fi-
gura 7:

Command: 3darray
Select objects: (Selecione o bloco)
Select objects: (Dê Enter)
Enter the type of array
[Rectangular/Polar] <R>:p
Enter the number of items in the
Figura 9 – Turbina de avião modelada
array: 10 com superfícies.
Specify the angle to fill (+=ccw, -
=cw) <360>: (Ângulo de aplicação,
dê Enter)
Rotate arrayed objects? [Yes/No] Figura 7 – Array polar em 360º e em 180º.
<Y>: y (Para rodar as entidades
selecionadas)
Specify center point of array: (Se- Em muitos casos nos deparamos
lecione o primeiro ponto mostrado na com um par de linhas curvas que
figura 7) desejamos unir por meio de uma
Specify second point on axis of superfície. Verificamos que, pelo
rotation: (Selecione o segundo ponto fato de serem linhas curvas, não
mostrado na figura 6) é possível utilizar o comando
Command: hide 3dface .
-Para treinarmos o rulesurf em três
Neste exemplo aplicamos o array dimensões vamos fazer um exem- Figura 10 – Arcos para aplicar o rolesurf.
polar preenchendo os objetos copia- plo simples com dois arcos de ta-
dos dentro de um ângulo de 360º. No manhos diferentes e em planos dis-
tintos. Para facilitar a visualização Specify end point of arc or
entanto, se digitássemos 180º, as có- [Angle/chord Length]: 0,20 (Ponto
pias do bloco seriam dispostas em configure o vpoint para as coordena-
das -1,-1,1 e veja os resultados na final)
meia volta, veja os exemplos na fi-
gura 7. figura 10.
Construindo o arco maior
Perceba que uma das perguntas
feitas no comando foi se as entida- Construindo o arco menor
Command: arc
des deveriam ser rodadas na cópia.
Command: arc Specify star t point of arc or
Se digitássemos n, o resultado seria
Specify star t point of arc or [Center]: 0,5
o mostrado na figura 8.
[CEnter]: 0,0 (Ponto inicial) Specify second point of arc or
Specify second point of arc or [CEnter/ENd]: c
Rulesurf
[CEnter/ENd]: c (O próximo ponto é Specify center point of arc: 0,10
Com este comando iniciamos o centro do arco) Specify end point of arc or [Angle/
o estudo de superfícies (figura 9). Specify center point of arc: 0,10 chord Length]: 0,15

62 MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002


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Figura 11 – Rulersurf correto. Figura 12 – Interseção de superfícies. Figura 14 – Arcos para exemplo.

Movendo o arco menor para


outro nível

Command: m
MOVE
Select objects: (Clique no arco
menor) 1 found
Select objects: (Dê Enter)
Specify base point or
displacement: 0,0
Specify second point of
Figura 13 – Edgesurf. Figura 15 – Resultado do edgesurf.
displacement or <use first point as
displacement>:
@0,0,20 unidas por retas. Para termos super- Select object 4 for surface edge:
fícies ainda mais complexas e com (Clique no quarto arco)
Command: rulesurf mais curvaturas, temos o comando Command: hide
Current wire frame density: edgesurf que utiliza quatro linhas para
SURFTAB1=6 traçar a superfície (figura 13). Surftab1 e Surftab2
Select first defining curve: (Clique Para treinarmos este comando
no primeiro arco) vamos fazer uma superfície com um Pudemos observar com o
Select second defining curve: orifício, para isso construa os arcos edgesurf e o rulesurf que o
(Clique no segundo arco) mostrados na figura 14. Note que AutoCAD não cria uma superfície
os arcos A e B estão contidos no constante, mas ele cria diversas
Aplicar o comando rulesurf é mesmo plano e os arcos C e D es- faces, uma ao lado da outra para
simples, mas é necessário ter cui- tão contidos em planos perpendicu- dar a impressão de superfície.
dado ao selecionar as linhas. Ao lares aos de A e B. Para os arcos C Portanto, para termos uma super-
clicar na primeira curva faça-o na e D ficarem perpendiculares aos A fície mais suave, é necessário
outra curva em um ponto próximo e B, utilize o comando rotate3d. Ago- aumentar este número de faces,
ao primeiro como mostrado na fi- ra, siga os seguintes comandos para principalmente quando as curvas
gura 10 para chegar no resultado criar a superfície e chegar no resul- das bordas são mais acentuadas.
da figura 11; caso contrário pode tado da figura 15: Veja na figura 16 exemplos desta
ocorrer o problema de interseção situação.
de superfícies mostrado na figura Command: edgesurf O comando surftab1 suaviza as
12. Current wire frame density: superfícies criadas com base no pri-
SURFTAB1=6 SURFTAB2=6 meiro par de curvas selecionadas,
Edgesurf Select object 1 for surface edge: principalmente no comando
(Clique no primeiro arco) rulesurf. Para o comando edgesurf
Percebemos que pelo comando Select object 2 for surface edge: há também o surftab2 para as sua-
rulesurf nos baseamos apenas em (Clique no segundo arco) vizar superfícies do outro par de
duas linhas para fazer a superfície, Select object 3 for surface edge: curvas de borda. Aplique os seguin-
sendo as extremidades das linhas (Clique no terceiro arco) tes passos:

MECATRÔNICA ATUAL Nº 56 -- AGOSTO/2002


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S O F T WA R E

Figura 16 – Superfícies. Figura 17 – Superfície mais suave. Figura 19 – Tabsurf.

Command: surftab1
Enter new value for SURFTAB1
<6>: 20 (Serão criadas 20 faces para
o primeiro par de curvas)
Command: surftab2
Enter new value for SURFTAB2
<6>: 20 (Serão criadas 20 faces para
o segundo par de curvas)

Agora, para ver o efeito, apague


a superfície criada na figura 16 e uti-
lize novamente o edgesurf para atin-
gir o resultado da figura 17. Figura 18 – Circunferência e uma linha
inclinada. Figura 20 – Revsurf.
Tabsurf
Select object for direction vector: Specify next point or [Undo]: (Dê
Há muitos casos em que temos (Selecione a reta inclinada) Enter)
um desenho complexo em duas di-
mensões e queremos fazer sua Perceba que a circunferência foi Aplique o revsurf para chegar no
extrusão para o formato tridi- extrudada no sentido oposto ao da resultado mostrado na figura 20.
mensional. Para este comando é pre-
linha, isto é devido a linha ser um
ciso definir a curva a ser extrudada
vetor onde o primeiro ponto é a pon- Command: revsurf
e um eixo vetor para servir de guia.
ta da seta e o segundo ponto seu fi- Current wire frame density:
Construa o exemplo da figura 18 e
nal. SURFTAB1=20 SURFTAB2=20
aplique o tabsurf para obter a su-
Select object to revolve: (Seleci-
perfície da figura 19.
Revsurf one a circunferência criada)
Select object that defines the axis
Command: circle
Assim como podemos fazer of revolution (Selecione a linha de
Specify center point for circle or
extrusão, também é possível criar revolução)
[3P/2P/Ttr (tan tan radius)]: (Clique
uma superfície de revolução. Nes- Specify star t angle <0>: (Dê
em um ponto da tela)
te caso precisamos da superfície Enter)
Specify radius of circle or
de revolução, um eixo e um ângulo Specify included angle (+=ccw, -
[Diameter]: 10
de revolução. Faça o exemplo abai- =cw) <360>: 180 (Ângulo de revolu-
Command: l
xo ção)
LINE Specify first point: cen (Se-
lecione o centro da circunferência) Command: hide
Command: circle
of
Specify center point for circle or Estudamos comandos funda-
Specify next point or [Undo]:
@20<0<45 [3P/2P/Ttr (tan tan radius)]: 0,0 mentais para criar superfícies sim-
Specify next point or [Undo]: (Dê Specify radius of circle or ples. Na próxima parte aprendere-
Enter) [Diameter] <10.0000>: 10 mos a unir arcos e linhas em uma
Command: tabsurf Command: l entidade para criar superfícies com-
Select object for path curve: (Se- LINE Specify first point: 15,15 plexas e introduziremos o estudo
lecione a circunferência) Specify next point or [Undo]: 15,-15 l
de sólidos. Até lá.

64 MECATRÔNICA ATUAL Nº 6 - OUTUBRO/2002

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