Porém, a inclusão econômica ainda é uma meta distante pois existem bilhões de pessoas
vivendo com menos de US$ 5 por dia, outros bilhões vivendo no desemprego ou subemprego e
uma grande crise migratória, com milhões de pessoas vivendo em condições precárias em
campos de refugiados como na Líbia, no Quênia e os Rohingya expulsos de Myanmar e
amontoados em Bangladesh. Até mesmo um país premiado em jazidas de petróleo, como a
Venezuela (que já foi um dos países mais ricos da América Latina), tem gerado uma crise
humanitária na América do Sul.
A meta de uma sociedade justa está cada vez mais distante. Embora o mundo tenha conseguido
reduzir a extrema pobreza e diminuir as taxas de mortalidade infantil nos últimos 200 anos, a
apropriação da riqueza tem acontecido de maneira cada vez mais desigual. O relatório sobre a
riqueza global 2017, do banco Credit Suisse, mostra que 8,6% dos adultos do topo da pirâmide
de riqueza detêm 86% do patrimônio global. Segundo a Oxfam, os oito homens mais ricos do
mundo possuem a mesma riqueza que a metade mais pobre da humanidade.
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e da redução da biodiversidade. Enquanto a humanidade aumentou a esperança de vida ao
nascer de cerca de 25 anos em 1800 para mais de 70 anos em 2017, as demais espécies vivas do
Planeta entraram em uma espiral de declínio e estão a caminho da 6ª extinção em massa.
O que fazer?
A Agenda 2030 da ONU planeja enfrentar todos estes problemas com a noção de
desenvolvimento sustentável, que significa aumentar ainda mais a produção de bens e serviços
(para resolver os problemas de inclusão econômica e de injustiça social), só que fazendo o
desacoplamento entre o crescimento econômico e a demanda por recursos naturais e uma
menor poluição. Os ODS querem viabilizar o crescimento econômico desacoplado do aumento
do uso de recursos. Querem produzir “mais com menos”, reciclar e diminuir as emissões de
gases de efeito estufa. Mas há diversas indicações que o desenvolvimento sustentável é um
oximoro.
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Por exemplo, o artigo “Is Decoupling GDP Growth from Environmental Impact Possible?” mostra
que, embora a sociedade esteja ficando cada vez mais eficiente na produção de bens e serviços,
não está perto de conseguir a meta do crescimento econômico sem o uso crescente de recursos
(WARD et. al. 2017). Nas conclusões os autores deixam claro a impossibilidade de um
desacoplamento absoluto:
“O crescimento do PIB, em última análise, não pode ser desacoplado do crescimento do uso de
materiais e energia. Por conseguinte, é enganador desenvolver uma política orientada para o
crescimento em torno da expectativa de que a dissociação seja possível. Observamos também
que o PIB é cada vez mais visto como uma fraca procuração para o bem-estar social. O
crescimento do PIB é, portanto, um objetivo social questionável. A sociedade pode melhorar de
forma sustentável o bem-estar, incluindo o bem-estar de seus recursos naturais, mas apenas
descartando o crescimento do PIB como objetivo em favor de medidas mais abrangentes de
bem-estar social” (p. 12).
Referências:
ALVES, JED. O trilema da sustentabilidade e o decrescimento demoeconômico, 22º Congresso
Brasileiro de Economia, BH, 08/09/2017
https://pt.scribd.com/document/358390999/O-trilema-da-sustentabilidade-e-decrescimento-
demoeconomico
MARTINE, G. ALVES, JED. Economia, sociedade e meio ambiente no século 21: tripé ou trilema
da sustentabilidade? R. bras. Est. Pop. Rebep, n. 32, v. 3, Rio de Janeiro, 2015 (português e inglês)
http://www.scielo.br/pdf/rbepop/2015nahead/0102-3098-rbepop-S0102-
3098201500000027P.pdf
CAVALCANTI, Clóvis. Sustentabilidade: mantra ou escolha moral? Uma abordagem ecológico-
econômica. SP, Estudos avançados 26 (74), 2012
http://www.scielo.br/pdf/ea/v26n74/a04v26n74.pdf
Nuño Domínguez. A humanidade já destruiu a metade de todas as árvores do planeta, El País,
02/09/2015 https://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/02/ciencia/1441206399_772262.html
WARD, J.D. et. al. Is Decoupling GDP Growth from Environmental Impact Possible? Plos One,
October, 2016 http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0164733