“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
AVALIAÇÃO DE CONFORMIDADE DA
NR-6 E NR-35 EM ÁREAS DE VIVÊNCIA
NA CONSTRUÇÃO CIVIL
avançadas de produção”
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1. Introdução
Toda vez que o setor da construção civil cresce em todo o país, infelizmente aumenta o
número de acidentes no ambiente de trabalho, causados por fatores como: quedas, choques
elétricos, soterramentos, amputações. Esta realidade necessita de um acompanhamento por
parte dos responsáveis pela segurança no trabalho na construção civil, e principalmente na
garantia do cumprimento de normas, com intenção de minimizar estas situações (MENDES e
CAMPOS, 2004).
Responsável por grande parte dos acidentes na construção civil, o trabalho em altura necessita
de requisitos mínimos e medidas de proteção que sejam planejadas com antecedência a
execução do serviço. Pode ser considerado trabalho em altura qualquer atividade que ocorra
acima de dois metros do nível inferior, do referido risco de queda (BRASIL, 2012).
O presente estudo pretende simular uma fiscalização do Ministério do Trabalho, avaliando por
meio de check list, as conformidades e não conformidades da NR-6 e NR-35 em um canteiro
de obras de construção civil, estimando o custo com multas, adequações e manutenção dos
equipamentos de segurança.
2. Revisão bibliográfica
Segundo a Lei nº 8.213/91 de 1991 pode-se definir acidente do trabalho "o que ocorre pelo
exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados
referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade
para o trabalho". (BRASIL, 2016).
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A prevenção dos riscos, a informação e o treinamento dos operários podem ajudar a reduzir as
chances dos acidentes e reduzir suas consequências quando são produzidos, e prioriza as
questões voltadas ao projeto e aos métodos de execução da obra (SAMPAIO, 1998).
De acordo com as estatísticas, os acidentes de trabalho são causados pela falta de treinamento
adequado oferecido pela empresa, a não utilização de EPI, postura inadequada do funcionário
durante a atividade, além de fatores psicológicos dos colaboradores, como a personalidade.
Dos quatro fatores citados, o treinamento pode evitar ao menos três deles, evidenciando assim
a sua importância (TAVARES, 2010).
Oliveira (2009) afirma que o acidente de trabalho pode ser fato gerador de sérias
consequências jurídicas que se refletem no contexto do trabalho, seja na esfera criminal, nos
benefícios acidentários, nas ações regressivas, e nas indenizações por responsabilidade civil.
Tavares (2010) destaca que na União Européia, a taxa de lesões que causaram ausência no
trabalho, com mais de três dias, superaram 6.000 a cada 100.000 funcionários. A Suécia ainda
posiciona a indústria da construção entre os 10 setores que mais geram acidentes no país. Os
fatores que geram esses acidentes são muitos, passando desde a cultura organizacional até
questões relacionadas aos custos.
Cada Norma Regulamentadora brasileira possui requisitos mínimos a serem cumpridos, caso
os Agentes de Inspeção do Trabalho identifiquem o descumprimento de preceitos legais, estes
podem notificar os empregadores concedendo prazos para sua regularização, ou até mesmo
lavrar multa (TORTORELLO, 2014). A NR-28 estabelece os critérios de fiscalização e
penalidades. Segundo item 28.2.1 da NR citada, em caso de constatação de situação de grave
e iminente risco à saúde e/ou integridade física do trabalhador, o Agente de Inspeção do
Trabalho deve propor a autoridade regional competente a imediata interdição ou embargo do
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setor/ serviço ou até estabelecimento (BITTAR et al., 2013). A gradação das multas é
encontrada no ANEXO I da NR-28 (BRASIL, 2017c).
Outro aspecto importante são os acidentes provocados devido ao trabalho em altura, atrelados
a perda de equilíbrio, falta de proteção nos guarda-corpos, método incorreto de trabalho,
contato com fios de alta tensão e a inaptidão do trabalhador à atividade (MENEZES e
SERRA, 2003)
A NR 35, alterada pela Portaria nº 593 de 28 de abril de 2014, prevê a proteção e prevenção
nas atividades executadas acima de 2,00 m (dois metros) do nível inferior, onde haja risco de
queda (FREITAS, 2016)
Segundo esta norma, cabe ao empregador entre outras providências, assegurar a realização da
Análise de Risco e, quando aplicável, a emissão da Permissão de Trabalho; desenvolver
procedimento operacional para as atividades rotineiras de trabalho em altura e assegurar a
realização de avaliação prévia das condições no local do trabalho em altura, pelo estudo,
planejamento e implementação das ações e das medidas complementares de segurança
aplicáveis (BRASIL, 2017b).
Por outro lado, cabe aos trabalhadores colaborar com o empregador na implementação das
disposições contidas nesta Norma, possuindo o direito de interromper suas atividades sempre
que constatarem evidências de riscos graves e iminentes para a sua segurança e saúde ou a de
outras pessoas, devendo comunicar imediatamente o fato a seu superior hierárquico, que
diligenciará as medidas cabíveis (JOMAA, 2012).
3. Metodologia
Foi realizado um estudo de caso com intuito de avaliar por meio de checklist, o nível de
cumprimento da NR-6 (BRASIL, 2017a) e NR-35 (BRASIl, 2017b) em um canteiro de obras,
de uma construção de médio porte no sul do Brasil.
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O questionário foi realizado no mês de fevereiro do ano de 2016, nesta época foi iniciada a
fase de acabamento da obra. Os checklist’s utilizados foram elaborados contendo os itens
aplicáveis a consumidores de EPI (excluindo itens referente a fabricantes), e todos os itens da
NR-35.
As perguntas foram aplicadas sem aviso prévio aos 16 (dezesseis) funcionários que
trabalhavam na obra. Após a aplicação dos checklist’s foi possível identificar as não
conformidades em relação aos requisitos exigidos pela NR-6 e NR-35. Em posse destes dados
foi apurado o custo com multas, simulando uma fiscalização do Ministério do Trabalho. Foi
levantado o custo para adequação dos itens não conformes e manutenção dos itens conformes.
4. Resultados e discussões
O critério utilizado para avaliações foi “sim” para itens conformes; “não” para itens não
conformes. Alguns itens de verificação da NR-6 e da NR-35 não eram aplicáveis a obra
avaliada, portanto foram removidas dos checklist's.
A edificação avaliada possuía dois pavimentos, portanto não se fazia necessário a construção
de plataformas de proteção. A construção de guarda corpo na periferia da construção seria o
suficiente para atender os requisitos da norma, o que não foi verificado.
Foram atendidos apenas três dos onze requisitos com relação ao trabalho em altura e
responsabilidade do empregador conforme apresentado no Quadro 1.
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É possível verificar segundo o Quadro 1 que a Construtora foi omissa em diversos pontos de
sua responsabilidade quanto às medidas de proteção contra queda em altura.
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O Quadro 3 demonstra que a preocupação com planejamento e execução das tarefas fica a
cargo dos funcionários, isto é, a avaliação ocorre devido ao produto final, não há
planejamento durante a execução.
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Não foram observados na obra os EPI's como cinto de segurança, linhas de vida ou quaisquer
medidas de proteção quanto ao trabalho em altura, como pode ser observado na Figura 1.
A empresa responsável pela obra não tem uma política rigorosa quanto a utilização destes
equipamentos de segurança. Poucos EPI's foram encontrados na obra, muitos deles com
nenhum sinal de uso.
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Três itens verificados não estavam de acordo com os requisitos exigidos pela norma
regulamentadora, conforme demonstra o Quadro 4.
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Como critério para a definição das multas a serem aplicadas, adotou-se o a média ponderada
dos valores da faixa de infração, considerando a quantidade de trabalhadores na obra e o grau
atribuído a cada infração.
Com base no último valor do índice UFIR, extinta no ano 2000, em decorrência do §3º do
Art. 29 da Medida Provisória 2095-76, correspondendo a R$1,0641. O Quadro 6 apresenta o
valor das multas.
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Infração I1 I2 I3 I4
Segurança do trabalho R$ 814,79 R$ 1.585,97 R$ 2.379,25 R$ 3.177,63
Medicina do trabalho R$ 482,72 R$ 955,41 R$ 1.428,55 R$ 1.909,22
Todo o custo com multas, adequações e custo de manutenção das não conformidades
apontadas nas NR-6 e NR-35 foram tabeladas e são apresentadas nos Quadros 7 a 11.
Quadro 7 – Valor dos custos das multas referentes as não conformidades da NR-6 equipamento de proteção
individual - EPI.
Quadro 8 – Valor dos custos das multas referentes as não conformidades da NR-35, responsabilidade do
empregador.
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Quadro 9 – Valor dos custos das multas referentes as não conformidades da NR-35, capacitação e treinamento.
Nº Item Sim Não Custo da Multa Custo da adequação Custo de Manutenção
35.3.1 X R$ 1.585,97 R$ 2.000,00 -
35.3.2 X R$ 3.177,63 R$ 0,00 -
R$ 4.763,60 R$ 2.000,00 R$ 0,00
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Quadro 10 – Valor dos custos das multas referentes as não conformidades da NR-35, planejamento, execução,
organização.
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Quadro 11 – Valor dos custos das multas referentes as não conformidades da NR-35, equipamentos de proteção
individual, acessórios e sistemas de ancoragem.
Caso houvesse uma fiscalização do Ministério do trabalho, o valor estimado das multas
devido às não conformidades seria de R$ 116.624,25. O valor total estimado para
regularização dos itens pendentes é de R$ 15.870,00. Por fim, o valor estimado pela
construtora para manutenção dos itens já conformes é de R$ 8.200,00.
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Em relação a NR-35, as não conformidades foram mais alarmantes, uma vez que 71 dos 88
itens apresentam não conformidades, conforme apresentado no Quadro 13.
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Analisando as duas NR's simultaneamente obtêm o índice de 82% para as não conformidades
no canteiro de obras analisado. A Figura 2 representa graficamente os dados obtidos.
O quesito que mais apresenta não conformidades na obra é a segurança no trabalho em altura.
Onde 71 itens apresentam não conformidades em um total de 88 analisados.
5. Conclusão
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Quanto a NR-35, o resultado foi desastroso. Foi constatado que os andaimes em questão
estavam em péssimo estado de conservação, muitas vezes apoiados sob madeira, com falta de
pontos de ancoragem e plataformas para os trabalhadores. Nenhum dos funcionários recebeu
qualquer tipo de treinamento antes da execução destes serviços em altura, conforme
estipulado na NR-35. Questionando a construtora sobre este assunto, a mesma alegou alto
custo para renovação de peças de andaime, treinamento de funcionários e alto nível de
burocracia da norma.
Verificou-se que o custo das multas aplicáveis a obra é mais do que sete vezes maior do que o
custo estimado para adequação, sem citar ainda no mais importante: a saúde e vida dos
trabalhadores.
Por fim conclui-se que nesta obra analisada a vida e segurança apresenta-se em segundo
plano, não há preocupação com a integridade física do trabalhador. O foco da Construtora
atualmente é a redução de custos e consequentemente o incremento do lucro.
REFERÊNCIAS
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trabalhador. Revista de Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente. v.4, n.3, 2009.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 35 – Trabalho em Altura. Brasília: MTE. Disponível em:
<http://www.mte.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR35.pdf>. Acesso em: 3 mar. 2017b.
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FREITAS, Luís Conceição. Segurança e Saúde do Trabalho. 3.ª Edição. Edições Sílabo. Lisboa, 2016.
JOMAA, Suzana Mohamad Hussein. Estudo de aplicabilidade da NR-35 na construção civil com ênfase na
proteção coletiva contra acidentes em altura. Paraná: UTFPR, 2012. 96 f. Monografia (especialização).
Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Medianeira, 2012.
MENDES, René; CAMPOS, Ana Cristina Castro. Saúde e Segurança no Trabalho Informal: Desafios e
Oportunidades para a Indústria Brasileira. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, v. 2, n. 3, 2004.
MENEZES, G. S.; SERRA, S. M. B. Análise das áreas de vivência em canteiros de obra. III Simpósio
Brasileiro de Gestão e Economia da Construção – III SIBRAGEC. UFScar, São Carlos, SP, 16 a 19 de setembro
de 2003. Disponível em: <www.deciv.ufscar.br/sibragec/trabalhos/artigos/119.pdf>Acesso em: 01.fev.2016.
OLIVEIRA, Cláudio A. Dias de. Segurança e Medicina do Trabalho. São Caetano do Sul: Yendis, 2009.
RAGASSON, Carla Adriane Pires. Proposta de modelo para o estudo das condições de trabalho baseada na
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Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.
SAMPAIO, J.C.A. Manual de aplicação da NR 18. São Paulo: PINI, 1998, 529p.
TAVARES. J. C.. Noções de Prevenção e controle de perdas em Segurança do Trabalho. São Paulo: Senac,
2010.
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